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MATERIAL DE APOIO – AGRAVO EM REsp e/ou RE

1 – CABIMENTO DO AGRAVO
PREVISÃO ARTIGO 1.042 DO CPC - Cabe agravo contra decisão do presidente
ou do vice-presidente do tribunal que inadmitir recurso extraordinário ou recurso especial.
O juízo de admissibilidade dos recursos especial e/ou extraordinário é realizado pelo
Presidente ou Vice-Presidente dos Tribunais Estaduais ou Regionais Federais.
É sabido que além dos requisitos de índole constitucional previstos nos artigos 102,
III e 105, III da Constituição federal, os recursos excepcionais devem observar os
pressupostos intrínsecos (cabimento, legitimidade, interesse e inexistência de fato
impedititivo ou extintivo do poder de recorrer) e extrínsecos (tempestividade,
regularidade formal e preparo)1.
Em regra, não são os requisitos gerais que impedem a admissibilidade dos recursos
especial e/ou extraordinário pelos Tribunais Estaduais ou Regionais Federais, mas a
dificuldade em superar as súmulas impeditivas de seguimento como ocorre quando se
pretende reexaminar o conjunto fático probatório (Súmula 7/STJ), debater algum tema
que não tenha sido enfrentado na origem (Súmula 211/STJ, 282 e 356/STF, discutir
matéria do acórdão recorrido que está em conformidade com a jurisprudência da Corte
(Súmula 83/STJ), entre outros.
Exemplificando: Na hipótese de interposição de recurso especial, ao verificar o
cabimento, o Tribunal de origem poderá admiti-lo – devendo remetê-lo ao Superior
Tribunal de Justiça para o juízo definitivo de admissibilidade – ou negar-lhe seguimento.
Caso não seja admitido, caberá a interposição de agravo ao STJ cuja finalidade é o
seguimento/destrancamento do recurso especial para análise do mérito.
Dessa forma, o mérito recursal do agravo é o seguimento ou admissibilidade do
recurso especial e/ou recurso extraordinário, ou seja, seu provimento possibilita a análise
do mérito do recurso especial e/ou extraordinário.

2 - PRAZO DO AGRAVO
Nos termos do art. 28 da Lei n. 8.038/1990, o prazo para a interposição de agravo era
de 5 dias. Porém, esse artigo foi revogado pelo novo Código de Processo Civil e, em razão
da aplicação subsidiária do diploma processual civil, nos termos do art. 3º do Código de

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Nos termos da Lei n. 11.636/07 o preparo recursal não se aplica aos recursos criminais, salvo ação penal
privada.
Processo Penal, o prazo para a interposição de recurso especial em matéria criminal
passou a ser de 15 dias, no entanto, agora com fundamento no art. 1.042 de Processo
Civil.
Por outro lado, a aplicação subsidiária do CPC ao rito criminal ocorre apenas quando
há omissão de previsão específica. Assim, a contagem em dias úteis prevista no art. 219,
caput, do CPC não se aplica aos processos criminais em razão da disposição específica
do art. 798 do CPP, ou seja, nos processos e recursos que tratam de
matéria penal, o prazo continua a ser contado em dias corridos, mesmo em recurso
especial e agravo em recurso especial e demais incidentes e recursos neles interpostos.
Nas ações que tratam de matéria penal ou processual penal não incidem as regras do
artigo 219 do novo Código de Processo Civil, referente à contagem dos prazos em dias
úteis, porquanto o Código de Processo Penal, em seu artigo 798, possui disposição
específica a respeito da contagem dos prazos ao afirmar que: "Todos os prazos SÃO
contínuos e peremptórios, não se interrompendo por férias, domingo ou dia feriado".

3 - FORMALIDADE
O juízo de admissibilidade do recurso especial é bifásico. A decisão proferida pelo
Tribunal de origem não vincula o Superior Tribunal de Justiça na aferição dos
pressupostos de admissibilidade do recurso especial. Isso porque compete ao STJ, órgão
destinatário do recurso especial, o juízo definitivo de admissibilidade.
Na hipótese de interposição simultânea de recurso especial e extraordinário deverá ser
interposto um agravo para cada recurso inadmitido.
No caso de admissibilidade parcial dos recursos excepcionais, é desnecessária e inútil
a interposição de agravo contra a decisão de admissão parcial. Afinal, o juízo de
admissibilidade desse recurso de natureza extraordinária está sujeito a duplo controle, e
a aferição da regularidade formal do apelo extremo feita pelo Tribunal a quo não vincula
o Superior Tribunal de Justiça. Respeitados os limites legais, haverá nova análise quanto
à admissibilidade recursal, mesmo quanto à parte inadmitida na origem.
Ademais, em homenagem ao princípio da dialeticidade, os fundamentos do agravo não
podem ser os mesmos do recurso especial e/ou extraordinário.
O princípio da dialeticidade, positivado no art. 932, inciso III, do Código de Processo
Civil, aplicável por força do art. 3.º do Código de Processo Penal, impõe ao recorrente o
ônus de demonstrar o desacerto da decisão agravada, impugnando todos os fundamentos
nela lançados para obstar sua pretensão.
É inviável conhecer do agravo em recurso especial que deixa de impugnar, de
maneira específica, um dos fundamentos suficientes da decisão agravada (art. 932, III, do
CPC/2015).
Exemplo: Negado o seguimento ao recurso especial sob o fundamento de que a
matéria não foi prequestionada, bem como por demandar reexame do conjunto fático
probatório, não adianta impugnar somente a inadmissibilidade pela incidência da Súmula
7/STJ.

Referências Bibliográficas
MANCUSO, Rodolfo de Camargo. Recurso Extraordinário e Recurso Especial. São
Paulo: Revista dos Tribunais.
CÂMARA, Bernardo Ribeiro. Recurso Especial e Extraordinário. Da teoria à prática.
Salvador: Juspodivm.

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