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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9

Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE


NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO
PRODUÇÃO DIDÁTICO – PEDAGÓGICO
TURMA – PDE/2013

TÍTULO: “Adubação Orgânica – reaproveitamento de resíduos animais e vegetais mediante uso


da compostagem”.
Autor: EDI OSTROSHI
Escola de Atuação CEEP. LYSÍMACO FERREIRA DA COSTA
Município da Escola RIO NEGRO - PR
Núcleo Regional de Educação Área Metropolitana Sul
Orientadora Dr. Eng. Denise Elizabeth Hey David
Instituição de Ensino Superior UTFPR – Campus de Curitiba
Disciplina/Área (ingresso no PDE) Educação Profissional e Formação de Docentes
Formato do Material Didático Caderno Pedagógico
Relação Interdisciplinar Zootecnia, Administração Rural, Sociologia, Geografia,
Agricultura
Escola de Implementação do CEEP. LYSÍMACO FERREIRA DA COSTA/ RIO NEGRO
Projeto e Localização
Público Alvo Alunos e Professores
Resumo Este caderno pedagógico pertence às atividades do Curso de
Capacitação em Compostagem Doméstica que será ministrado aos
docentes e discentes do CEEP Lysimaco Ferreira da Costa. O uso
da compostagem para adubação orgânica é uma prática que pode
ser disseminada no meio rural e urbano. Na compostagem utiliza-
se resíduos orgânicos, tanto de origem animal como o vegetal,
formando o composto orgânico, que é incorporado ao solo,
objetivando melhorar suas propriedades físicas, químicas e
biológicas em busca de melhores produções. De uma maneira
geral o material para compostagem pode incluir todos os tipos de
estercos de animais, os restos de cozinha, os materiais capinados,
as aparas de grama e os restos de palhadas. É uma prática
simples que aproveita os resíduos orgânicos, não havendo a
necessidade do uso de adubos químicos e agrotóxicos. Deve-se,
entretanto, ter o cuidado onde fazer a compostagem, quais os
materiais usados, teor de umidade, temperatura e revolvimento da
pilha, para a garantia de um excelente composto. Ao término do
curso espera-se que o participante esteja apto a iniciar a
separação correta do seu lixo, executar sua composteira, produzir
um composto de qualidade, obtendo assim alimentos mais
saudáveis e isentos de agrotóxicos. Os professores serão
capacitados para orientar seus alunos sobre como separar o lixo e
reaproveitá-lo, e estes, a conscientização sobre a importância do
cuidado do nosso ambiente, além do incentivo da geração de
renda a partir da produção do composto orgânico e de seus usos.

Palavras - chave Agricultura Orgânica e Convencional; Reciclagem;


Compostagem.
CADERNO PEDAGÓGICO

ADUBAÇÃO ORGÂNICA
Reaproveitamento de resíduos animais e vegetais
mediante uso da compostagem

EDI OSTROSHI
CADERNO PEDAGÓGICO

“Adubação Orgânica – reaproveitamento de resíduos animais e vegetais mediante


uso da compostagem”.

Prezados cursistas: é uma grande satisfação contar com sua


participação e colaboração neste estudo. Minha visão, en-
quanto professor, é perceber as dificuldades que vocês tem
acerca da produção vegetal orgânica e levar um curso de
capacitação em compostagem. Vocês os educandos de
hoje e educadores do amanhã, serão os responsáveis
pela produção de alimentos saudáveis, nutritivos e isentos
de agrotóxicos.

Para início de conversa: O que é compostagem?


Dá-se o nome de compostagem ao processo
biológico de decomposição da matéria orgânica
contida em restos de origem animal e/ou vegetal.
Este processo tem como resultado um produto que
pode ser aplicado ao solo, para melhorar suas
características físicas, químicas e biológicas
(PENTEADO, 2003).
Cursistas fiquem atentos a estes posicionamentos!

“Não existem soluções


Cuidar da reciclagem de resíduos mágicas ou
orgânicos é certo e vantajoso”. soluções prontas”
(Christopher Wells) (Nilza S. Jardim)

“Há problemas que não se resolvem sozinhos. Há


soluções que precisam ser criteriosamente avaliadas e
embasadas na interdisciplinaridade. Há, aqueles, que escrevem
livros, plantam árvores e adotam intelectualmente
crianças para que possam enfileirar-se junto com
aqueles que tiveram um berço privilegiado, para
aprenderem a reciclar.”
(Prof. Cézar Castro de Paulo)

“Criar, conservar, recriar e


“Todo o conjunto de alternativas
acreditar, é o nosso lema. É
deverá ser analisado por pessoas que
um serviço prestado a Deus
sabem que a Ciência da
e a natureza”. (Pe. Egydio
Compostagem é
E. Schneider)
uma ciência diferente”.
(Golueke C. G.)
APRESENTAÇÃO
Enquanto cidadão, agrônomo e professor de agricultura, venho tomar uma posição a favor
da compostagem do lixo orgânico. Acredito que todo professor e aluno com consciência ecológica
devem insistir na prática da compostagem.
Existem alguns problemas que não se resolvem sozinhos, onde soluções precisam ser
criteriosamente avaliadas. Se os resíduos orgânicos é um dos problemas, é necessário então que
toda população seja conscientizada a fazer a separação e aproveitamento destes resíduos quer sejam
como recicláveis ou adubos caseiros. Somente assim, existirá a contribuição para a melhoria das
condições ambientais e da saúde da população.
Segundo Peixoto (2006) a compostagem não é uma prática nova, pois vem sendo aplicada
há alguns séculos no Oriente, principalmente na China. Essa técnica foi conhecida pelo Ocidente a
partir de observações feitas por F. H. King professor do Departamento de Agricultura dos Estados
Unidos, em 1909, e pelos experimentos de Albert Howard considerado Pai da Compostagem, inglês
que trabalhou vários anos na Índia, nas primeiras décadas do século XX.
De acordo com Peixoto (2006) compostagem é o processo biológico de decomposição da
matéria orgânica contida em resíduos de origem animal e/ou vegetal, que resulta num produto final
chamado composto que pode ser aplicado ao solo, para melhorar suas características físicas,
químicas e biológicas, servindo de nutrientes para as plantas.
Este curso “Adubação Orgânica – reaproveitamento de resíduos animais e vegetais
mediante o uso da compostagem” corresponde a um projeto de intervenção pedagógico, envolvido
com a Educação Ambiental que será realizado numa escola pública de ensino médio
profissionalizante denominado CEEP. Lysímaco Ferreira da Costa – Colégio Agrícola de Rio
Negro. Ele será ministrado aos professores da instituição de ensino e aos alunos internos e semi-
internos do curso Técnico em Agropecuária. Este curso de compostagem terá início no primeiro
semestre de 2014 e acontecerá nas sextas-feiras no período vespertino. Estará sendo desenvolvido
com o intuito de envolver os cursistas nas questões ambientais, principalmente na problemática que
envolve a inadequada disposição de resíduos sólidos de origem animal e vegetal, bem como os
resíduos produzidos na cozinha da escola. O curso de compostagem será apresentado aos
professores e alunos, como alternativa que possibilitará o tratamento dos resíduos sólidos gerados
na escola, o qual resultará num produto chamado composto que irá fertilizar as plantas cultivadas na
escola, desviando estes de irem para um local indesejado ou para aterro sanitário. Vai ser possível
implementar o curso de compostagem dentro dos espaços da própria escola, quer seja, na sala de
aula e no setor de horticultura, e também como atividade individualizada na propriedade do cursista.
O curso oportunizará um envolvimento dos participantes proporcionando aos alunos e professores
um trabalho em conjunto. O trabalho a ser desenvolvido junto aos professores vai ser de
fundamental importância, devido ao seu comprometimento com a unidade de ensino, levando
orientações e sensibilizando seus alunos dos cursos Técnico em Agropecuária e de Meio Ambiente
para que ações ambientais aconteçam na comunidade escolar. Aos alunos, além da capacitação estes
irão ter o conhecimento de que é possível produzir alimentos saudáveis, nutritivos, isentos da
adubação química e do uso dos agrotóxicos.
Prezado leitor:
O presente material didático pedagógico “Caderno Pedagógico” - Adubação Orgânica
reaproveitamento de resíduos animais e vegetais mediante o uso da compostagem, foi desenvolvido
para atender o PDE – Programa de Desenvolvimento Educacional do ano de 2013.
Este trabalho tem a intenção de capacitar e incentivar os professores e os alunos a fazerem
uso da tecnologia da compostagem, quer seja, na sua prática pedagógica ou na propriedade como
adubo caseiro.
As leituras dos textos e a realização das atividades complementares no grupo ou
individualizada são fundamentais para que aconteça à aprendizagem da compostagem.
Ele é composto por quatro unidades assim distribuídas:

1 – Conhecendo as espécies vegetais e suas exigências


2 – A adubação química e a dependência dos agrotóxicos
3 – Você escolhe, você decide
4 – Tecnologia da compostagem

Este material elaborado servirá como referencial pedagógico teórico e prático para ser
aplicado como projeto de intervenção no CEEP. Lysímaco Ferreira da Costa – Colégio Agrícola de
Rio Negro no município de Rio Negro no estado do Paraná no início do ano letivo de 2014.

Edi Ostroshi
Professor PDE - 2013
INFORMAÇÕES RELEVANTES AO PROJETO DE INTERVENÇÃO

De acordo com o projeto de intervenção, o objetivo geral deste trabalho é desenvolver uma
prática pedagógica conforme as concepções metodológicas da organização curricular da educação
do campo que venha a capacitar e sensibilizar os professores e alunos do Colégio Agrícola de Rio
Negro da importância do uso da tecnologia da compostagem quanto alternativa para o
aproveitamento dos resíduos orgânicos animais e vegetais que tem sua origem na escola. O produto
formado, chamado de composto será utilizado como adubo orgânico que servirá para fertilizar os
canteiros onde serão semeados rabanete e salsa.
Foi organizado um Caderno Pedagógico, onde será ministrado um curso de compostagem. A
metodologia a ser utilizada é a da sensibilização cognitiva a qual está descrita no anexo deste
trabalho.
Informações complementares podem ser encontradas no Apêndice B.
As atividades serão desenvolvidas em espaços distintos, nas dependências do Colégio
Agrícola de Rio Negro e na propriedade urbana e/ou agrícola dos cursistas.
O curso “Adubação Orgânica – reaproveitamento de resíduos animais e vegetais mediante
o uso da compostagem”, está dividido em unidades temáticas, a primeira unidade, “ Conhecendo as
espécies vegetais e suas exigências”, aborda alguns conceitos sobre anatomia e morfologia dos vegetais,
além de trazer informações inerentes à nutrição das plantas; a segunda, “A adubação química e a
dependência dos agrotóxicos”, aqui os cursistas terão o conhecimento referente ao método tradicional de
nutrir as plantas e o porquê dele ser tão dependente do uso dos agrotóxicos; na terceira, “Você escolhe,
você decide”, esta unidade fará com que os cursistas pensem, analisem e tomem atitude acerca do
método de produção que irá implantar na propriedade; e nesta última “Tecnologia da compostagem”, os
professores e alunos estarão sendo capacitados para que possam fazer uso da tecnologia da
compostagem. Os professores orientando seus alunos sobre como separar o lixo e reaproveitá-lo.
Quanto aos alunos, trará a conscientização dos cuidados a serem adotados com relação ao meio
ambiente.

O quadro1 apresenta as informações gerais do Curso Adubação Orgânica –


reaproveitamento de resíduos animais e vegetais mediante o uso da compostagem, o qual será
ministrado pelo professor PDE, servindo como projeto de intervenção pedagógica na escola.
Nome do curso: Adubação Orgânica – Reaproveitamento de resíduos animais e vegetais
mediante o uso da compostagem
Supervisor do curso: Profº PDE – Edi Ostroshi
Local de realização: CEEP. Lysímaco Ferreira da Costa
Município: Rio Negro
Estado: Paraná
Público-alvo: docentes e discentes do CEEP. Lysímaco Ferreira da Costa
Data de realização: fevereiro à abril de 2014
Carga horária: 35 horas
Horário: 13:30 – 17:30 horas
Período de inscrição: fevereiro de 2014
Inscrições: ceeppedagogico@gmail.com ou pelo telefone (47) 3645-2144
Escolaridade mínima: estar cursando o Ensino Médio
Número de participantes: mínimo 8 e máximo 20 participantes
Observações: certificação pelo CEEP. Lysímaco Ferreira da Costa
QUADRO 1 – INFORMAÇÕES GERAIS DO CURSO ADUBAÇÃO ORGÂNICA – REAPROVEITAMENTO
DE RESÍDUOS ANIMAIS E VEGETAIS MEDIANTE O USO DA COMPOSTAGEM.
O quadro 2 apresenta o período de desenvolvimento do projeto de intervenção pedagógica
na escola, de fevereiro a abril de 2014.

Atividades/Unidades Período de realização Duração


Abertura do curso, divisão dos
participantes no grupo e Fevereiro 3:00 h
respostas ao pré-questionário, o
questionário encontra-se no
Apêndice B.
Atividade prática do grupo:
confecção de composteira Fevereiro 4:00 h
doméstica na escola.
Exibição e discussão de vídeo Fevereiro 2:00 h
sobre compostagem.
Atividade prática individual:
confecção de composteira Março 4:00 h
doméstica.
Conhecendo as espécies Março 2:00 h
vegetais e suas exigências.
A adubação química e a Março 2:00 h
dependência dos agrotóxicos.
Você escolhe, você decide. Abril 2:00 h
Atividade prática do grupo:
preparo do canteiro e Abril 3:00 h
semeadura de salsa e rabanete.
Tecnologia da compostagem. Abril 8:00 h
Plenária: discussão do assunto
proposto, respostas ao pós- Abril 3:00 h
questionário e encerramento do
curso.
QUADRO 2 – CRONOGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO
PEDAGÓGICO NA ESCOLA.
RECOMENDAÇÕES AOS CURSISTAS

Atenção! O curso “Adubação


Orgânica – reaproveitamento de
resíduos animais e vegetais
mediante o uso da compostagem”
requer disciplina, organização do
tempo e dos estudos dos
conteúdos nos textos. É necessário
buscar informações e conhecimento
nas atividades complementares e
bibliografia sugeridas, as quais
complementam e enriquecem a
aprendizagem sobre a compostagem.
O cursista precisa ter atitude proativa!
Portanto: organize seu tempo; realize
as leituras dos textos; participe das
atividades no seu grupo e na forma
individualizada e, em caso de dúvidas,
consulte o professor tutor.
UNIDADE 1: CONHECENDO AS ESPÉCIES VEGETAIS E SUAS EXIGÊNCIAS

Prezado cursista, quando você optou pela adubação orgânica como sistema de cultivo,
você imaginou obter uma espécie vegetal desenvolvida, sadia e produtiva. Porém, é necessário que
você tenha o conhecimento do que significa uma planta no que tange às partes que a compõe, qual
aproveitamento e onde são empregadas, quais são os fatores essenciais para conferir sanidade e
produtividade, além de ter o conhecimento prévio dos nutrientes e nutrição. Mesmo porque, haverá
o momento prático do curso “Adubação Orgânica – reaproveitamento de resíduos animais e vegetais
mediante o uso da compostagem”, onde você terá que realizar a prática individualizada na sua
propriedade ou no setor de horticultura do Colégio Agrícola de Rio Negro, onde pra fertilizar os
canteiros, nos quais serão semeados salsa e rabanete você necessitará destes conceitos.
As plantas, também chamadas de vegetais, são seres vivos, já que nascem, crescem e
morrem. Além disso, possuem capacidade de reprodução, ou seja, de dar origem a novas plantas
(POPIA, 2007).
Os vegetais podem ser encontrados no solo (terrestres), na água (aquáticos), ou presos nos
galhos de outras plantas ou cercas (aéreos). Quanto ao tipo de clima, podem ser encontradas desde
os desertos até em regiões do planeta ricas em gelo (FERRI, 1987).
Segundo Winter (1996), algumas plantas nascem naturalmente (espontâneas), pois suas
sementes são levadas para outros lugares pelo vento, pela água das chuvas, ou mesmo junto com
estercos de alguns animais. Outras plantas nascem porque o ser humano cultiva, semeando
definitivamente num canteiro como é o caso da salsa, rabanete, cenoura e outras, ou utilizando da
semeadura e transplantio como é o caso da alface, tomate, eucalipto, pinus e outras mais, seja em
jardins, hortas ou em grandes áreas, nesses casos dizemos que são cultivadas.
Para Souza (1999) as partes que compõem uma planta são: raiz, caule, folha, flor, semente
e fruto. Como o projeto de intervenção pedagógica irá tratar da adubação orgânica, será necessário
dar ênfase como as plantas se nutrem. A nutrição das plantas se dá por duas formas, uma pelo
sistema folhar, onde existem pequenas aberturas (estômatos) por onde são absorvidos os nutrientes,
e a outra forma se dá pelo sistema radicular, onde os pelos radiculares absorvem a seiva bruta (água,
nutrientes), posteriormente ela é transformada pelo xilema em seiva elaborada indo até os vasos
condutores, chamados de floema e dali é translocada para todas as partes da planta.
As plantas podem ser consumidas inteiras ou partes delas na alimentação, assim têm as
folhosas (alface, agrião, salsa), as inflorescências (couve-flor, alcachofra, brócolis), as hortaliças
frutos (morango, tomate, pepino), as tuberosas (batata, cebola, rabanete) e por último as raízes
(mandioca, cenoura). Também partes de plantas são usadas por nós para outras coisas, como
construção de objetos de madeira, fabricação de papel e remédios. Além disso, plantas inteiras ou
suas flores são usadas para embelezar jardins, canteiros e praças (PENTEADO 2003).
Peixoto (2006) ilustra na figura 1 que as plantas de um modo geral necessitam de vários
fatores para o seu crescimento e desenvolvimento. Entre estes citam-se: solo, água, sanidade, ar,
temperatura, luz, espaçamento e nutrição. Qualquer fator deste em desajuste com as necessidades
das plantas pode limitar a produtividade e consequentemente a produção. As plantas dependem do
solo, pelo menos em parte para a obtenção de todos estes fatores, exceto da luz.
O solo é o meio no qual as plantas desenvolvem-se para alimentar e abrigar o mundo.

Figura 1 – Como aumentar a produção e a produtividade das culturas


Fonte: Peixoto, 2006

Entender a fertilidade do solo é compreender a necessidade básica para a produção vegetal.


A fertilidade dos solos pode ser natural, quando este solo é formado pelas rochas, e artificial quando
o homem intervem praticando as adubações. Um solo é rico em nutrientes quando ele é originado de
rochas vulcânicas, magmáticas ou eruptivas básica, pois nestas os nutrientes que as plantas
necessitam estão no basalto, meláfero, diabásio e gabro. Um solo é pobre quando tem a sua origem
nas rochas sedimentares e metamórficas, onde os nutrientes estão no arenito, granito, feldspato e
nica. Porém o homem pode interferir a favor ou contrário à fertilidade. De forma contrária
usufruindo desta riqueza mediante os cultivos sem fazer o manejo adequado, não adotando as
práticas agronômicas corretas (práticas conservacionistas mecânicas e vegetativas). A favor, quando
maneja os solos de forma racional, tendo a consciência que os solos é o maior patrimônio do
agricultor e que estes devem ser conservados para esta e outras gerações que virão. A fertilidade é
vital para a produtividade, mas um solo fértil não é necessariamente um solo produtivo, isto porque,
a má drenagem, os insetos, a seca e outros fatores podem limitar a produção, como pode ser
observado na figura 2, mesmo quando a fertilidade é adequada (LOPES, 2005).
Figura 2 – Sanidade da Planta
Fonte: Lopes, 2005

Para compreender a produtividade do solo Barreto, (1986) é preciso reconhecer as relações


solo – água – ar e plantas existentes. Uma vez que a água e o ar ocupam os espaços porosos do solo,
os fatores que afetam as relações hídricas necessariamente influenciam o arejamento. Isto faz com
que as mudanças no teor de umidade afetem a temperatura do solo. A disponibilidade de nutrientes é
influenciada pelo balanço entre solo e água, assim como pela temperatura do solo. O crescimento
das raízes também é influenciado pela temperatura do solo, bem como pela quantidade de água e
pela aeração.
Subentende-se que todos os fatores citados estão adequados às necessidades das plantas.
Portanto é importante citar a nutrição vegetal com maior ênfase, haja visto que o projeto de
intervenção pedagógico está diretamente ligado a este assunto.
Os nutrientes necessários às plantas podem estar nos solos formados, no processo
fotossintético e nas adubações química e orgânica fornecidas pelo homem (PRIMAVESI, 1992).
Segundo Winter (1996) dezesseis elementos químicos são chamados essenciais para o
crescimento das plantas. Eles são divididos em dois grupos principais: os não minerais e os minerais.
Os nutrientes não minerais são o carbono (C), o hidrogênio (H) e o oxigênio (O). Estes nutrientes
são encontrados na atmosfera e na água e participam no processo da fotossíntese da seguinte
maneira:
6 CO + 12H2 O luz e clorofila C6 H12 O6 + 6 O2 + H2 O
carbono

FIGURA 3 – Esquema da Fotossíntese


FONTE: WINTER, 1996
Para Kiehl (1995) os produtos da fotossíntese como na figura 4 são responsáveis pela
maior parte do crescimento das plantas. Quantidades insuficientes de dióxido de carbono, água ou
luz reduzem o crescimento. Os treze nutrientes minerais que são fornecidos pelo solo ou colocados
no solo e nas plantas (mediante adubação foliar) pelo homem estão divididos em três grupos:
 nutrientes primários: nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K);
 nutrientes secundários: cálcio (Ca), magnésio (Mg) e enxofre (S);
 micronutrientes: boro (B), cloro (Cl), cobre (Cu), ferro (Fe), manganês (Mn),
molibdênio (Mo) e zinco (Zn).

FIGURA 4 – Nutrientes Essenciais para os Vegetais


FONTE: KIEHL, 1996

Os nutrientes primários geralmente tornam-se deficientes no solo antes dos demais porque
as plantas os usam em quantidades relativamente grandes. Já os nutrientes secundários e os
micronutrientes são menos deficientes nos solos, pois são usados em quantidades menores. Mas eles
são tão importantes quanto os nutrientes primários para uma adequada fertilidade do solo. As
plantas precisam tê-los, os dezesseis, à disposição quando e onde necessário (KIEHL, 1995).
O rendimento de uma colheita é limitado (Figura 5) pela ausência de qualquer um dos
nutrientes essenciais, mesmo que todos os demais estejam disponíveis em quantidades adequadas
(SOUZA, 1999).
Figura 5 - Fatores que podem comprometer o rendimento de uma colheita
Fonte: Souza, 1999

Popia (2007) comenta que a nutrição vegetal é importantíssimo saber a função dos
nutrientes, haja visto que a falta denota aquilo que chamamos de deficiência nutricional e o excesso
de fitotoxidez. Em ambos os casos, as figuras 6, 7, 8 e 9, demonstram que pode ocorrer a
diminuição da produtividade e esta comprometer a lucratividade do agricultor. Assim, as funções
são:
a) Nitrogênio: todas as enzimas das plantas são proteínas. Assim sendo, o nitrogênio é
necessário para todas as reações enzimáticas nos vegetais. Como uma parte da molécula de clorofila,
está diretamente envolvido na fotossíntese. Ajuda a planta a produzir e usar carboidratos, além de
afetar as reações energéticas. É o nutriente responsável pelo crescimento das plantas.

Figura 6 – O contrutor das proteínas


Fonte: Popia, 2007
b) Fósforo: atua na fotossíntese, respiração, armazenamento e na transferência de energia,
na divisão celular, no crescimento das células, melhora a qualidade de muitas frutas, verduras e
culturas graníferas, sendo vital para a formação das sementes.

Figura 7 – Nutriente que faz a ligação química com cálcio e ferro


Fonte: Popia, 2007

c) Potássio: é importante na formação dos frutos, na translocação de metais pesados, ativa


as enzimas, melhora a qualidade dos produtos e consequentemente seu valor comercial.

Figura 8: Dinâmica entre as várias formas de potássio no solo


Fonte: Popia, 2007

d) Micronutrientes: age como um ativador das enzimas, logo, a “máquina” do metabolismo


não funciona sem a presença dos micronutrientes.
Figura 9 – Nutrientes ativadores das enzimas
Fonte: Popia, 2007

Porém, prezado aluno, é necessário citar que outros nutrientes são tanto quanto
importantes para a nutrição das plantas. Mas, os citados aqui são vitais à nutrição vegetal, chegando
inclusive a casos de senescência prematura do vegetal.
Existe um velho ditado que diz “O Senhor ajuda aqueles que ajudam a si mesmos”. Em
nenhum lugar isto está tão claro quanto na relação entre o homem e as plantas. A figura 10 mostra
como a planta usa a água, os nutrientes do solo e o oxigênio do ar para fabricar carboidratos,
gorduras e proteínas. Quanto mais ela puder fabricar, mais alimentos ou fibras ela irá produzir. O
homem ajuda a natureza neste processo de três maneiras: pelo fornecimento dos nutrientes
necessários para assegurar o suprimento adequado para a obtenção de produções ótimas; pelo
controle da umidade através da irrigação ou drenagem e, por meio do preparo adequado de solos e
de práticas de manejo que deixem o meio ambiente o melhor possível para o crescimento das
plantas (BARROS, 2006).
Figura 10 – Modelo demonstrativo como a planta usa os recursos do meio para fabricar
carboidratos, gorduras e proteínas.
Fonte: BARROS, 2006

SSSUGESTÃO: sugiro a você aluno, como atividade complementar desta unidade que
consulte a bibliografia citada nela. Você obterá mais conhecimentos sobre a morfologia das
plantas.

BoBotânica: morfologia externa das plantas (organografia)/ Mário Guimarães Ferri. – 15. Ed. -
São Paulo: Nobel. 1983
UNIDADE 2: A ADUBAÇÃO QUÍMICA E A DEPENDÊNCIA DOS AGROTÓXICOS

Prezado aluno, à medida que se cultiva o solo, os nutrientes se escasseiam devido às


colheitas sucessivas. As produções ficam prejudicadas pela desnutrição e enfraquecimento das
plantas. Para que as plantas voltem a produzir é necessário devolver ou fornecer ao solo os
nutrientes que lhe faltam. Estes nutrientes, que podem ser de origem mineral ou orgânica, ficam a
disposição da planta e quando assimilados aumentam a produção. A estes nutrientes com o papel de
aumentar a colheita, chamamos de “adubos”, e a prática de incorporá-los ao solo de “adubação”.
Portanto, adubo é toda e qualquer substância natural (estercos) ou preparada pela indústria (artificial)
que contem um ou mais elementos para a nutrição das plantas. Já, adubação é o ato de colocar os
nutrientes no solo visando uma maior nutrição às plantas.
Posteriormente você irá fazer a opção entre a escolha da fertilização química e a orgânica.
Para isto é importante que você conheça os dois métodos de adubação, bem como a necessidade ou
não dos agrotóxicos.
Para Penteado (1999) a adubação química ou mineral, como nos exemplos das figuras 11,
12 e 13 é aquela resultante da incorporação do adubo químico na terra. A fonte mineral (nutrientes)
normalmente provem de jazidas minerais contidas em rochas. Estas são submetidas a processos na
agroindústria culminando na fabricação dos adubos artificiais (químicos).

Figura 11 - Adubos Figura 12 - Adubos Figura 13 – Adubos


Fonte: PENTEADO, 1999 Fonte: PENTEADO, 1999 Fonte: PENTEADO, 1999

A quantidade a ser colocada no solo depende da análise do solo e da exigência da cultura.


A análise do solo é um procedimento técnico que tem por objetivo informar quais são os nutrientes e
a quantidade presente nos solos, além de informar o pH do mesmo (ácido, neutro ou alcalino) para
cálculo da calagem. Quanto a exigência da planta, é importante saber qual o nutriente mais exigido
por ela, bem como a fase em que ela se encontra (vegetativa ou reprodutiva). Aqui surge o primeiro
desafio para vocês educandos. Será que vocês já têm o conhecimento para fazerem os cálculos da
quantidade e formulação básica daquele adubo químico que será adicionado ao solo? Caso errem,
trazem os seguintes problemas: salinidade e acidificação para os solos; a subdosagem trará
deficiência nutricional; já superdosagem ocasionará fitotoxidez para as plantas; além do
comprometimento da fauna dos solos principalmente com relação aos organismos benéficos;
também acarretará a poluição hídrica e acima de tudo prejuízos aos agricultores. Outros
conhecimentos que você aluno deve dispor antes do uso dos adubos químicos: absorção e adsorção,
lixiviação, solubilidade, higroscopicidade, umidade ideal de solo, propriedades físicas – químicas e
biológicas dos solos, percolação, volatilidade, teoria da trofobiose, nitrificação e desnitrificação,
mobilização e imobilização dos nutrientes nos solos. Além destes citados é importante que você
saiba como manusear e aplicar os fertilizantes químicos, pois os mesmos, conforme as figuras 14 e
15, podem trazer riscos à saúde e acidentes aos trabalhadores (KIEHL, 1993).
Figura 14 – Riscos e Acidentes Figura 15– Riscos e Acidentes
Fonte: KIEHL, 1993 Fonte: KIEHL, 1993

ALGUMAS SUGESTÕES
 Durante a mistura ou distribuição dos adubos, não deixe de usar os equipamentos de
proteção individual (EPI's), evitando assim os riscos de contaminação.
 Caso ocorra respingo acidental de amônia nos olhos e na pele, procure lavar com
água limpa durante uns 15 minutos e encaminhar o trabalhador ao médico.
 Nunca permita que pessoas alérgicas ou portadoras de algum ferimento participem
das atividades de manipulação ou aplicação dos adubos.
 Para quebrar os torrões de nitrato de amônia, procure utilizar um martelo de madeira
ou borracha e nunca a enxada ou outras ferramentas metálicas que possam produzir faíscas,
lembrando que este fertilizante químico é altamente explosivo.
 Na falta de conhecimento técnico sugiro buscar maiores informações sobre
manipulação e tecnologia de aplicação com profissional devidamente capacitado.

Prezados alunos, chegou o momento de comentarmos sobre os agrotóxicos também


chamados de defensivos agrícolas e venenos.
Para Galli (1978) normalmente o sistema de produção convencional, ou seja, aquele que
utiliza da adubação química é dependente dos agrotóxicos. As causas disto são o manejo errôneo
dos fertilizantes químicos no que tange a quantidade e o momento de uso dos mesmos. Esta forma
de adubação propicia o desequilíbrio ambiental, acarretando com isto o aumento de pragas e
doenças vegetais. As pragas normalmente são visíveis aos olhos, tais como: vaquinhas, lagartas,
ácaros, lesmas e outras, elas comem, raspam e perfuram as partes das plantas, depreciando as
hortaliças para o comércio e diminuindo as produções. Já as doenças vegetais são causadas por
micro-organismos, os quais chamamos de agentes fitopatogênicos, estes são os fungos, as bactérias
e os vírus, eles são invisíveis, e o que vemos são os danos causados às plantas. Para combater as
pragas e doenças é necessário utilizar um conjunto de medidas para que as plantas fiquem fortes e
sadias, aumentando assim a produção e melhorando a qualidade do produto final.
Uma das medidas mais empregadas é o uso dos agrotóxicos. Os agrotóxicos, conforme
pode-se ilustra a figura 16, são substâncias tóxicas, ou seja, são venenos que dependendo da
quantidade absorvida podem causar desde uma leve intoxicação até a morte de pessoas e animais.

Figura 16 - Rótulo ou bula de agrotóxico


Fonte: GALLI, 1978

Caso você aluno tenha conhecimento dos agrotóxicos quanto à: receituário agronômico, de
acordo com a figura 17, significado de rótulo e bula, tipos de agrotóxicos, riscos no uso,
classificação toxicológica, EPI's, causas - sintomas e como evitar intoxicações, quais os primeiros
socorros à adotar, cuidados no armazenamento e aplicação de agrotóxico tríplice lavagem e descarte
de embalagens, você poderá fazer uso dos mesmos, caso contrário você responderá legalmente por
fazer uso daquilo que desconhece.. (GALLI, 1978)

Figura 17 – Informações técnicas do uso e manuseio dos agrotóxicos - receituário agronômico


Fonte: GALLI, 1978

SUGESTÃO: como existe uma legislação própria para a comercialização e uso dos agrotóxicos, o
melhor é consultar um técnico especializado nesta área.
UNIDADE 3: VOCÊ ESCOLHE, VOCÊ DECIDE

Agora aluno, nesta unidade de estudo você terá informações sobre os métodos de
produção vegetal. Estas farão você refletir e tomar atitudes acerca do sistema de cultivo que será
adotado na sua propriedade. Este texto irá fazer algumas comparações importantes entre aquilo que
é produzido convencionalmente mediante uso de adubos químicos dependente dos agrotóxicos e o
método orgânico que se baseia no aproveitamento dos resíduos orgânicos de origem animal e
vegetal.
Na unidade anterior você obteve algumas informações sobre a fertilização
química e os agrotóxicos. Agora você irá conhecer os métodos de produção vegetal convencional e
orgânica.
Aluno atente para isto. Segundo Kiehl (1993, p. 91-96), se o agricultor durante
séculos conseguiu produzir alimentos causando impactos negativos de pequenas proporções, isto foi
modificado quando se desenvolveu uma nova proposta para a agricultura, principalmente para os
países em desenvolvimento, conhecida como Revolução Verde. Esse modelo, que valoriza a
indústria química e mecânica, foi apresentado como a solução do problema da fome mundial,
visando o aumento da produção de alimentos, baseando-se no uso intensivo de insumos químicos,
agrotóxicos, sementes “melhoradas” e mecanização intensiva das lavouras. Não tem como discordar,
ela aumentou a produção nas últimas décadas, porém, este modelo degrada os recursos naturais dos
quais a agricultura depende quer sejam: o solo reserva de água e a diversidade genética natural.
Preste bem atenção nisto caro aluno. A nossa atual agricultura convencional está
construída em seis práticas básicas, que são: cultivo intensivo do solo, monocultura, irrigação,
aplicação de fertilizantes químicos, controle químico de pragas e doenças e manipulação genética de
plantas. Cada uma é usada por sua contribuição individual à produtividade, mas, formam um
“pacote” no qual cada prática depende da outra e o seu uso reforça a necessidade da utilização das
outras práticas, isto nada mais é do que chamam de interdependência entre uma e outra. Aqui, a
produção de alimentos é tratada como um processo industrial na qual as plantas assumem o papel de
fábricas em miniatura (PASCHOAL, 1994).
Cabe ressaltar aqui, prezado aluno, que todas essas práticas da agricultura
convencional vem ocasionando o que posso chamar de efeitos colaterais, que são os impactos
ambientais e sociais. Para que você tenha um entendimento melhor Garcia (1996) comenta alguns:
 A degradação do solo, que pode envolver a salinização, alagamento, compactação,
contaminação por agrotóxicos, declínio da estrutura física, perda da fertilidade e erosão.
 Desperdício e uso exagerado de água, fatores pelos quais a agricultura convencional
é responsável por dois terços do uso global.
 Poluição e desequilíbrio ambiental, com a intensificação das pragas existentes,
desenvolvimento de novas pragas, eliminação de insetos benéficos, redução das populações de aves
e de outros animais, desmatamento indiscriminado, contaminação das águas superficiais e dos
lençóis subterrâneos, contaminação atmosférica pelos gases liberados dos fertilizantes nitrogenados
e pelos motores de tratores e automotrizes.
 Perda da diversidade genética, um exemplo, apenas seis híbridos (não confunda com
variedade) de milho respondem por mais de 70% da produção mundial, causando uma maior
vulnerabilidade às pragas, doenças e a fatores ambientais, já que com a uniformidade genética das
plantas perde-se a capacidade de encontrar plantas com genes resistentes ou adaptativos.
 Perda do controle local sobre a produção agrícola, pelo crescimento da agricultura
convencional de larga escala para exportação, na qual o agricultor familiar é empurrado para fora da
terra, migra para as cidades e se torna dependente para sua alimentação. Já que a maior parte do
alimento produzido é destinada à exportação, quantidades crescentes de alimentos devem ser
importadas, ameaçando a segurança alimentar.
 Desigualdade global, embora haja aumentos na produtividade, a fome persiste em
todo o mundo. Com frequência, as nações em desenvolvimento como é o caso do Brasil produzem
principalmente para exportação para países desenvolvidos, usando adubos químicos e agrotóxicos
comprados destes. Enquanto os lucros da exportação agrícola enriquecem uma pequena elite, muitas
pessoas no Brasil passam fome. A de se concordar que a desigualdade sempre existiu, porém, a
modernização da agricultura convencional acentuou o problema, porque seus benefícios não são
distribuídos igualmente.
 Efeitos sobre a saúde humana, quando os agricultores manipulam agrotóxicos
sofrem intoxicações constantes, sendo algumas fatais. Pesquisas revelam que ocorrem por ano, pelo
menos, três milhões de casos de envenenamento agudo e vinte mil mortes por agrotóxicos em todo o
mundo. A contaminação dos alimentos por produtos químicos atinge todos os consumidores e em
muitos casos o efeito é acumulativo, podendo se manifestar na forma de doenças, como o câncer, e
desequilíbrios hormonais. Outro problema é a diminuição do valor nutritivo dos alimentos
produzidos de forma convencional, acarretando problemas sérios de desnutrição na população em
geral.
Portanto prezado aluno, é urgente que se perceba que a agricultura convencional é
insustentável, não podendo continuar a produzir comida suficiente para a população global, a longo
prazo, porque deteriora as condições que a tornam possível.
Convém ressaltar que o uso indiscriminado dos adubos químicos e agrotóxicos,
segundo dados vinculados na imprensa nos trazem as seguintes informações:
 os Estados Unidos estão deixando de importar suco concentrado de laranja da região
de Limeira – SP devido o uso de determinado fungicida na cultura;
 que nos EUA e Inglaterra o uso do fungicida captan no tratamento de sementes é
proibido por ser altamente tóxico e cancerígeno, mas que no Brasil é amplamente utilizado;
 na Assembleia Legislativa do Paraná está tramitando um decreto-lei restringindo o
uso abusivo e indiscriminado dos agrotóxicos no Paraná;
 que somente na última década 9000 pessoas tiveram algum tipo de intoxicação,
aguda ou crônica e 3000 pessoas entraram em óbito no Paraná devido manipulação incorreta dos
agrotóxicos;
 regiões do Paraná vem sofrendo o processo da desertificação devido o uso
indiscriminado de fertilizantes químicos, os quais promovem acidificação e salinização dos solos;
 que estão utilizando nitrato de sódio nas carnes de alguns supermercados para realçar
o vermelho intenso;
 em 160 amostras de morango, onde destas 34% apresentaram resíduos de pesticidas
não autorizados para a cultura e 4% delas contaminadas com resíduos acima do limite;
 no pimentão, mamão, tomate e alface, foi constatado resíduos significativos do
fungicida clorotalonil que não é recomendado para estas culturas;
 em leite de bovinos da raça girolanda foi constatado a presença de 0,390 mg/kg do
piretróide deltametrina, sendo que o máximo permitido é de apenas 0,02 mg/kg;
 que o custo de produção dos grãos no Paraná para a safra 2013 terá um incremento de
13% devido o uso da fertilização química;
 nos EUA e Continente Europeu existem restrições severas à entrada e consumo de
produtos transgênicos.
Segundo Ehlers (1996, p.47) a agricultura orgânica é um sistema de produção que
evita ou exclui amplamente o uso de fertilizantes químicos, agrotóxicos, reguladores de crescimento
e aditivos para a produção vegetal e alimentação animal, elaborados sinteticamente.
Para Primavesi (2003) tanto quanto possível, os sistemas agrícolas orgânicos
dependem de alguns fatores: rotações de culturas, de restos de culturas, estercos animais, de
leguminosas, de adubos verdes e de resíduos orgânicos de fora das fazendas, bem como de cultivo
mecânico, rochas e minerais e aspectos de controle biológico de pragas e patógenos, para manter a
produtividade e a estrutura do solo, fornecer nutrientes para as plantas e controlar insetos, ervas
invasoras e outras pragas.
Há a falsa crença de que ela representa retrocesso econômico e incentiva a produção
de subsistência de pequena escala, usando métodos agronômicos já superados. A realidade, porém, é
outra, os métodos alternativos orgânicos são modernos, desenvolvidos em complexo sistema de
técnicas agronômicas, cujo objetivo principal não é a exploração econômica imediatista e
inconsequente, mas sim, a exploração econômica por longo prazo, mantendo o agroecossistema
estável e autosustentável. As questões sociais são prioritárias, procurando-se preservar métodos
agrícolas tradicionais apropriados, ou aperfeiçoá-los. Uma das justificativas mais consistentes sobre
a necessidade de se empregar este modelo agrícola, usando-se de recursos naturais (sem emprego de
adubos químicos e agrotóxicos), é a proteção da saúde do consumidor e do agricultor que mais tem
sofrido com problemas de contaminação e em alguns casos, até a morte pelo uso de venenos nas
lavouras (COSTA, 2002).
Ehlers (1996) nos diz que com as mudanças recentes no cenário econômico mundial, a
escassez de insumos devido ao elevado custo de importação e/ou produção, a adubação orgânica
passou a constituir-se novamente em uma alternativa necessária como forma de substituição parcial
ou total de adubos químicos, além da diminuição de custos. Além disso, conforme figuras 18 e 19, a
adubação orgânica começa a fazer parte de um contexto maior, dentro de um esquema de
recuperação da produtividade, melhorando as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo.
Acopla-se também ao controle ambiental, dando um destino apropriado aos resíduos ou poluentes
indesejáveis como: estercos, lixos, esgoto urbano e resíduos industriais. Portanto a adubação
orgânica como forma de reciclagem e aproveitamento de resíduos torna-se uma opção altamente
desejável.

Figura 18 – Lavouras orgânicas Figura 19: Lavouras orgânicas


Fonte: EHLERS, 1996 Fonte: EHLERS, 1996

Para Medeiros (1998) a adubação orgânica pode ser entendida como a incorporação de
resíduos orgânicos de diferentes origens, visando a melhoria na produtividade do solo. No entanto,
prezado aluno, existem inúmeras vantagens da adubação orgânica e você ciente delas, poderá fazer
opção quando da introdução do melhor sistema de produção a ser adotado naquela propriedade.
Medeiros (1998) cita algumas vantagens do uso da adubação orgânica:
* aumenta o teor de matéria orgânica no solo;
* melhora a estrutura do solo;
* aumenta a infiltração das águas da chuva e diminui a enxurrada;
* diminui a compactação, promove maior aeração e enraizamento;
* aumenta a capacidade de troca de cátions;
* fornece elementos essenciais como nitrogênio. fósforo, potássio, enxofre e alguns
micronutrientes;
* diminui efeitos tóxicos do alumínio;
* aumenta a atividade microbiana do solo, pelo aumento na população da flora e fauna;
* elimina ou diminui doenças do solo através da ativação de micro-organismos benéficos às
plantas específicas;
* modifica a composição das ervas daninhas.
Segundo Lopes (2005), na Figura 20, são encontradas outras vantagens do uso da matéria orgânica
na produção vegetal orgânica.

Figura 20 – Outras vantagens do cultivo orgânico


Fonte: LOPES, 2005
Caro aluno, nas vantagens citadas na Figura 20 apareceu o termo matéria orgânica.
Você sabe algo sobre ela, ou mesmo a importância que a mesma representa para a produção
orgânica ou para os solos?

... matéria orgânica nada mais é do que o


resultado da decomposição de resíduos
orgânicos de origem animal e vegetal e, que
uma vez incorporada aos solos irá nutrir as
plantas, tornando-as saudáveis, nutritivas,
produtivas e resistentes contra as pragas e
doenças.
(Popia, 2007).

Além destas, Lopes (2005) cita que a matéria orgânica contribui no ciclo do
nitrogênio e fósforo que são nutrientes essenciais para as plantas (Figura 21).

Figura 21 – Importância da matéria orgânica no Figura 22 – Importância da matéria orgânica no


Ciclo do Fósforo (P) ciclo do Nitrogênio (N)
Agora aluno, preste bem atenção ao Quadro 3, ele irá contribuir para que você faça a opção
racional e segura do método de produção a ser seguido na propriedade onde irá atuar.

DIFERENÇA ENTRE DOIS TIPOS DE AGRICULTURA


ORGÂNICA QUÍMICA
Tecnologia de processo Tecnologia de produtos dependente
(Solo – Planta – Ambiente) de recursos externos

Equilíbrio do solo/ambiente Erosão do solo, empobrecimento em


Vida microbiana – matéria orgânica húmus e microorganismos,
minerais essenciais balanceados desequilíbrio mineral

Plantas equilibradas e resistentes Plantas desiquilibradas com baixa


Produtos sadios resistência. Uso de pesticidas
agressivos, produtos contaminados

Ecossistema equilibrado Poluição e deterioração do


Auto-sustentável ecossistema.
Descapitalização
Quadro 3 – Agricultura orgânica e química
Fonte: PENTEADO, 2003

ATIVIDADE COMPLEMENTAR DE ESTUDO: sugiro a leitura do livro abaixo

Introdução à Agricultura Orgânica de Silvio Roberto Penteado-Viçosa: Aprenda Fácil, 2003.

Ele traz informações sobre o potencial do mercado orgânico no Brasil e no mundo; dos métodos
de comercialização; das vantagens dos orgânicos sobre os produtos convencionais; além da
cotação dos produtos orgânicos.
UNIDADE 4: TECNOLOGIA DA COMPOSTAGEM

Inicialmente sugiro a leitura dos dois textos citados abaixo. Os mesmos servirão de
embasamento teórico para o curso de Adubação Orgânica – reaproveitamento de resíduos animais
e vegetais mediante o uso da compostagem, que será ministrado nas dependências do Colégio
Agrícola de Rio Negro.
Ao término da leitura de cada texto, sugiro ao aluno que realize a atividade proposta, pois
esta servirá como um dos critérios de avaliação para fins de certificação do cursista.

Texto para leitura: Compostagem – transformando matéria orgânica em adubo.


Edi Ostroshi

O uso da matéria orgânica como adubo é bem antigo. A observação do processo natural de
formação de uma camada de húmus sobre o solo pela decomposição de folhas e galhos caídos
sobre a terra permite reproduzi-lo de forma organizada, planejada e controlada para se obter adubo.
O que move o processo não é o produto, mas o fato de que a matéria orgânica presente no lixo
pode ser transformada e reaproveitada, desviando resíduos que normalmente teriam que ser
aterrados.
Embora a decomposição da matéria orgânica presente nos resíduos de origem animal e
vegetal possa ser feita por processos aeróbicos e anaeróbicos, a compostagem é o processo de
decomposição da matéria orgânica por meio da digestão aeróbia. Portanto a matéria orgânica
presente nos resíduos, na presença de ar e água é digerida por micro-organismos e se transforma
em composto para melhorar a qualidade do solo.
Por se tratar de processo biológico, requer um balanceamento adequado da relação C/N e
determinadas condições de temperatura, umidade e aeração em seus diversos estágios. No início do
processo, que dura em torno de 30 dias, ocorre a degradação da matéria orgânica pela ação de
micro-organismos com diferentes metabolismos, há elevação da temperatura do material em
decomposição, que pode variar de 40ºC até 60ºC. Na fase seguinte, em que a celulose e materiais
similares são degradados pela ação de micro-organismos, as temperaturas baixam para a faixa de
30ºC a 45ºC, e há uma fase de maturação ou humificação em que as temperaturas se situam entre
20ºC e 35ºC. Por esta razão, a temperatura é um dos principais elementos para controlar o processo
de compostagem.
Ao final das duas primeiras fases ocorre à estabilização da matéria orgânica, sendo este
período conhecido como bioestabilização, estima-se que dure entre 60 e 90 dias, e o processo total
até que o composto atinja a humificação pode levar de 90 a 120 dias.
Os nutrientes, principalmente carbono, como fonte de energia e nitrogênio, para síntese de
proteínas, são fundamentais para os micro-organismos presentes. Um balanceamento adequado de
carbono e nitrogênio melhora o desempenho da degradação biológica, ele é mais lento e pode
inclusive ser interrompido em materiais ricos em carbono, como palhas, serragem e resíduos de
podas e mais rápido em resíduos ricos em nitrogênio, como nos resíduos orgânicos domiciliares e
de animais. A relação C/N deve ser de 30/1 no início do processo.

ATIVIDADE: O grupo deve realizar uma síntese do texto em cinco linhas comentando o
que entenderam por decomposição de resíduos orgânicos.
GRUPO A GRUPO B
Texto para leitura: Emprego da Compostagem
Edi Ostroshi

A compostagem é um processo microbiano aeróbico (isto é, para que se realize é


necessária a presença de oxigênio) que transforma os resíduos em adubo orgânico. Portanto, dá-se
o nome de compostagem ao processo biológico de decomposição da matéria orgânica contida em
resíduos de origem animal e vegetal. Este processo tem como resultado final um produto que pode
ser aplicado ao solo.
Segundo Penteado (2003, p.87), o Brasil produz 241614 toneladas de lixo por dia, onde
76% são depositados a céu aberto, em lixões, 13% são depositados em aterros controlados, 10%
em usinas de reciclagem e 0,1% são incinerados. Do total do lixo urbano, 60% são formados por
resíduos orgânicos que podem se transformar em excelentes fontes de nutrientes para as plantas.
A compostagem é um processo que pode ser utilizado para transformar diferentes tipos de
resíduos orgânicos em adubo que, quando adicionado ao solo, melhora as características físicas,
químicas e biológicas. Consequentemente os adubos orgânicos fornecidos às plantas,
proporcionam mais vida aos solos, que apresenta produção por mais tempo e com mais qualidade.
Portanto, a redução do uso de fertilizantes químicos na agricultura, a proteção que a matéria
orgânica proporciona ao solo contra a degradação e a redução do lixo depositado em aterros
sanitários pelo uso dos resíduos orgânicos para a compostagem, contribuem para a melhoria das
condições ambientais e da saúde da população. Por isto, uma pilha de composto não é apenas um
monte de lixo empilhado ou acondicionado em um compartimento. É um modo de fornecer
condições adequadas aos micro-organismos para que esses degradem a matéria orgânica e
disponibilizem nutrientes para as plantas. O composto possui nutrientes minerais tais como
nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio e enxofre que são assimilados em maior quantidade
pelas raízes, (os macronutrientes), além de ferro, zinco, cobre, manganês e boro que são absorvidos
em quantidades menores e por isto, denominados de micronutrientes. Tanto os macros, quanto os
micronutrientes são essenciais para o desenvolvimento e produtividade das plantas. Quanto mais
diversificados os materiais com os quais o composto é feito, maior será a variedade de nutrientes
que poderá suprir as plantas.
Os nutrientes do composto, ao contrário do que ocorre com os adubos sintéticos, são
liberados lentamente, realizando a tão desejada “adubação de disponibilidade controlada”. Em
outras palavras, fornecer composto às plantas é permitir que elas retirem os nutrientes de que
precisam de acordo com suas necessidades ao longo de um tempo maior de que teriam para
aproveitar um adubo sintético (químico) e altamente solúvel, que é arrastado pelas águas das
chuvas. Outra importante contribuição do composto é que ele melhora a “saúde” do solo. A matéria
orgânica compostada se liga as partículas de areia, silte e argila (fração granulométrica), formando
pequenos grânulos que ajudam na retenção e drenagem da água e melhoram a aeração. Além disso,
a presença de matéria orgânica no solo aumenta o número de minhocas, insetos e micro-
organismos desejáveis, o que reduz a incidência de pragas e doenças de plantas, colaborando
significativamente na redução dos agrotóxicos.
Preparar o composto de forma correta significa proporcionar aos organismos
responsáveis pela degradação, condições favoráveis de desenvolvimento e reprodução, ou seja, a
pilha de composto deve possuir resíduos orgânicos animais e vegetais, umidade e oxigênio em
condições adequadas.
A técnica da compostagem foi desenvolvida com a finalidade de acelerar com qualidade a
estabilização, também conhecida como humificação da matéria orgânica. Na natureza a
humificação ocorre sem prazo definido, dependendo das condições ambientais e da qualidade dos
resíduos orgânicos.
ATIVIDADE: O grupo irá pesquisar e trazer para o próximo encontro os conceitos de:
características físicas, químicas e biológicas dos solos.

CARACTERÍSTICAS DOS SOLOS


Químicas Físicas Biológicas

METODOLOGIA DA COMPOSTAGEM
Na produção do composto orgânico vários passos devem ser seguidos, onde diversos
questionamentos vão surgindo e para cada um deles existem as respostas.
Dando sequência ao projeto de intervenção pedagógica na escola, o professor PDE irá
expor a metodologia da compostagem de resíduos animais e vegetais, de forma simples e de fácil
aplicabilidade, a partir de perguntas e respostas.

1- Quais materiais são considerados resíduos orgânicos?


Os resíduos orgânicos constituem todo material de origem animal ou vegetal e cujo
acúmulo no ambiente não é desejado. Por exemplo, estercos de animais (cavalo, porco, galinha,
vaca, e outros), bagaço de cana-de-açúcar, as “camas” dos animais, restos de capina, aparas de
grama, restos de folhas de jardim, palhadas de milho e de outras graníferas, restos de frutíferas e
olerícolas. Também podem ser utilizados resíduos de agroindústrias como: restos de abatedouro,
tortas e farinha. Estão incluídos também os restos de alimentos de cozinha, crus ou cozidos, como
cascas de frutas e de vegetais e restos de comida.
Atenção: resíduos que contenham metais pesados (chumbo, estanho, mercúrio e outros)
não devem ser utilizados, pois contaminam os alimentos produzidos.

2 – Quais materiais orgânicos são necessários para fazer o composto orgânico?


São necessários os resíduos orgânicos rico em nitrogênio (N), que é um nutriente
importante para que o processo bioquímico da compostagem aconteça. E restos de capim ou
qualquer outro material rico em carbono (C) como palhadas de milho, de banana, folhas de jardim e
restos de grama. Também é importante a disponibilidade de estercos de animais, como aves, suínos,
caprinos, ovinos, bovinos e outros, estes além de conterem nutrientes essenciais para as plantas,
auxiliam a flora microbiana a decomporem rapidamente os resíduos acelerando a formação do
composto. A proporção de carbono e nitrogênio é quem regula a ação de micro-organismos para
transformar os resíduos em adubo, devendo a mistura de resíduos orgânicos terem uma relação C/N
inicial em torno de trinta, ou seja, os micro-organismos precisam de 30 partes de carbono para cada
parte de nitrogênio consumida por eles, caso contrário a decomposição será mais lenta.
Atenção: cuidado quando for utilizar as “camas” dos animais nas camadas, quando em
excesso, dificultam a formação do composto, por serem ricas em celulose, hemicelulose e lignina.
Sugestão: a cada quinze dias pulverize a pilha ou camada com uma mistura de urina de
animais e água, esta auxiliará no balanceamento C/N, além de deixar o composto mais rico em
nutrientes. Evite encharcar a pilha, pois poderá contaminar o lençol freático.

3 – Quais materiais não devem ser misturados na compostagem?


Não devem ser utilizados materiais tratados contra cupins ou envernizados, vidro, metal,
óleo, tinta, couro e resíduos de curtume, plástico, fezes de animais domésticos e esterco de animais
alimentados com pastagem que recebeu herbicida.
Atenção: material que vem de fora da propriedade deve ser utilizado com muito cuidado,
eles podem vir contaminados e certificadores não liberará como produto orgânico.

4 – O que se deve evitar no lixo orgânico doméstico para compostagem?


Devem-se evitar as gorduras, pois são de difícil decomposição, como também restos de
carne, por atrair animais domésticos, e revistas e jornais, que são de decomposição mais lenta.
Sugestão: utilize gorduras na fabricação de sabão caseiro, jornais e revistas podem ser
reciclados.

5 – Como separar e armazenar os resíduos para compostagem?


Os resíduos dos animais inicialmente devem ser levados para um local que
denominamos de esterqueira. Posteriormente este material é levado para a área da composteira. Já
os resíduos vegetais, uma vez coletados vão diretamente para a área da composteira formando
aquilo que denominamos de “montes”.
Atenção: é importante que estes resíduos, sejam cobertos com a finalidade de não atrair
animais domésticos e moscas.
Sugestão: para o lixo orgânico doméstico, utilize duas latas de lixo com capacidade de 50
ou mais litros. Em um dos recipientes coloque o lixo seco (jornais, revistas, vidro, metal e plástico).
Na outra lixeira coloque o resíduo orgânico. Após encher a lixeira, leve os resíduos para o local
destinado ao preparo do composto.

6 – Qual o melhor local e que materiais se necessita para preparar a compostagem?


O local para se fazer a compostagem deve ser reservado. Atendendo ao projeto de
intervenção pedagógico será utilizado o setor de horticultura do Colégio Agrícola de Rio Negro, e
um espaço físico apropriado na propriedade do cursista. Deverá ser próximo a um ponto de água,
com espaço suficiente para o reviramento da pilha, com terreno de boa drenagem e baixa
declividade. Deve-se dispor como materiais básicos de uma pá, carrinho de mão, mangueira d'água,
ancinho, enxada e um vergalhão de ferro. Além destes citados, quando necessário, uma carreta
acoplada a um micro trator e pulverizador costal.
Atenção: locais de baixada, suscetíveis a encharcamento devem ser evitados.

7 – Como é feito o composto?


O composto é feito sobrepondo os resíduos orgânicos, formando-se pilhas ou leiras. A
montagem da leira é realizada alternando-se diferentes tipos de resíduos em camadas com espessura
em torno de 20 cm (Anexos).

8 – Qual o tamanho e formato da leira?


A pilha necessita de dimensão e forma específicas para garantir as condições ótimas aos
micro-organismos que irão promover a decomposição do material. O tamanho da pilha é importante
para se criar as condições adequadas de temperatura, acelerar a compostagem e facilitar o manejo.
Atenção: uma pilha com base muito estreita dificultará a sobreposição das camadas até a
altura desejada. Já uma pilha muito larga terá rapidamente um baixo nível de oxigênio no centro da
pilha, diminuindo a atividade microbiana e atrasando o processo da compostagem.
Sugestão: fazer a pilha em forma de trapézio, assim, evita a penetração de água da chuva,
possibilita seu escorrimento e contribui para o aumento da temperatura.

9 – Como construo a pilha?


 Distribua a primeira camada. Ela é feita com material palhoso (restos vegetais), para
diminuir a perda de nitrogênio e outros nutrientes para o solo, e deve ter de 20 cm a 40 cm de altura
(Anexos).
 Distribua a segunda camada. Esta será de material rico em nitrogênio (resíduos
animais) e sua altura está relacionada com volume adotado na primeira camada.
 Construa a terceira camada. Adote o mesmo procedimento da construção da primeira
camada. Caso seja utilizado algum material de enriquecimento (cinzas, calcário e restos da
agroindústria), ele será adicionado ao composto após a terceira camada numa altura de no máximo 2
cm.
 Repita a sequência de camadas até atingir a altura desejada. A última camada deverá
ser de material palhoso para permitir uma proteção à perda de nitrogênio.
Atenção: a quantidade de água deve ser suficiente para molhar uniformemente cada
camada, sem provocar escorrimento.
Sugestão: em épocas muito chuvosas cubra a pilha com folhas de bananeira ou de
palmeira ou ainda com lona plástica para proteger das chuvas, que podem interferir na
decomposição dos resíduos. Não se esqueça de retirar estas coberturas após a chuva.

10 – Qual a temperatura ideal do composto?


O ideal é que no processo inicial de decomposição a temperatura fique em torno de
60ºC. Com a decomposição dos resíduos orgânicos a temperatura vai decrescendo girando em torno
de 40ºC.
Sugestão: para controlar a temperatura pode-se usar termômetro apropriado ou, de uma
maneira mais rústica, introduz-se uma barra de ferro (vergalhão) até o centro do composto. Essa
deve ser tocada periodicamente com a palma da mão, caso o calor seja suportável ao toque
provavelmente se tem a temperatura ideal. Caso a mão não suportar o toque então é necessário
revirar a leira. Caso o vergalhão esteja frio, não está ocorrendo a compostagem, daí revira o
composto para promover aeração e reativação do processo de compostagem.
Atenção: antes de fazer o reviramento, principalmente na fase de maturação do composto,
retire as ervas que surgirem na superfície para não se ter infestação no adubo.
Alerta ecológico: durante o reviramento aproveite para retirar materiais indesejáveis que
estejam entre os materiais utilizados no composto, como: plásticos, papéis, vidros, latas e outros.

11 – Quando o composto está pronto?


Aproximadamente após 90 ou 120 dias o composto deverá estar pronto, ou seja, a pilha
não esquenta mais ficando em temperatura ambiente.
Dica: você não irá distinguir o que é material palhoso de esterco e, também quando
pressionado entre os dedos não estará excessivamente seco e nem escorrendo umidade.

12 – Existe um meio de acelerar a compostagem?


Quanto menor o tamanho dos resíduos orgânicos e mais variada a sua composição, mais
rápida é a compostagem. Portanto, picar os materiais antes de formar as leiras e usar diferentes
materiais acelera a decomposição.
Sugestão: utilize triturador e/ou enxada para cortar os resíduos vegetais ou faça uma “pasta
aguada” contendo esterco fresco de curral mais farinha de trigo e açúcar, molhando bem a leira.
Fazendo assim um concentrado capaz de iniciar o processo de decomposição.
Receitinha: use para cada 1kg de esterco fresco, 100gr de farinha de trigo, 50g de açúcar e
5 litros de água, misturando bem os ingredientes e umedecer as pilhas a serem decompostas.

13 – Pode-se usar o composto imaturo na adubação?


Não se deve usar o composto imaturo na adubação orgânica das plantas. O composto
imaturo ao ser adicionado ao solo continua o processo de decomposição, que pode afetar
negativamente as plantas, podendo inclusive levar as mesmas à senescência prematura.
Dica: se for necessário utilizar o composto imaturo, este deve ser adicionado e incorporado
ao solo 60 dias antes do plantio.

14 – Quais as vantagens do uso do composto?


O composto melhora a qualidade do solo e reduz a contaminação e poluição ambiental,
estimula o exercício à cidadania pela contribuição na diminuição do lixo destinado aos aterros
sanitários, melhora a eficiência dos fertilizantes químicos quando usados, recicla os nutrientes e
elimina agentes patogênicos dos resíduos rurais e domésticos, além de auxiliar na produção de
alimentos mais saudáveis isentos de fertilizantes químicos e agrotóxicos.

15 – Como o composto melhora o solo?


Além de ser uma fonte de macro e micronutrientes essenciais para as plantas, a adição
de matéria orgânica do composto melhora a estrutura física do solo, proporcionando aos solos
arenosos maiores retenção de água e nutrientes, enquanto nos solos argilosos aumenta a porosidade,
melhorando a sua aeração. Aumenta também a população de micro-organismos benéficos como
bactérias e fungos que disponibilizam os nutrientes minerais do solo para as plantas.
Sugestão: utilize composto para melhorar as características físicas, químicas e biológicas
dos solos em detrimento dos fertilizantes químicos que são caros, a maioria insolúvel e facilmente
lixiviados para o lençol freático.

16 – Onde e quanto de composto pode ser utilizado?


O composto orgânico pode ser utilizado em todos os cultivos e plantas.
Normalmente, utilizam-se doses entre 10 a 50 t/ha dependendo do tempo de cultivo orgânico e das
exigências das culturas. Não existem limitações de dosagens, desde que o composto esteja pronto
para uso, o que não acontece com todos os fertilizantes químicos.
Sugestão: utilize nos sulcos de transplantio ou semeadura de 1,0 a 1,5 kg, na
metragem linear 15 t/ha e nos canteiros onde você vai semear salsa e rabanete 3 kg/m².

17 – Posso comercializar o composto orgânico?


Preferencialmente utilize na sua propriedade devido às inúmeras vantagens que traz.
Para se comercializar o produto existem alguns padrões exigidos por lei, como: granulometria e
composição química, porém, assim mesmo é uma atividade lucrativa.
Sugestão: transforme seu composto em húmus utilizando a técnica da vermi-compostagem.
REFERÊNCIAS

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1986, 195 p.

BARROS, Geraldo S. de Camargo. Agricultura familar. São Paulo, Universidade de São


Paulo, Escola Superior de Agricultura de Queiroz, texto para discussão, n 621, jul 2006.

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Ver. Ampl. Guaíba: Agropecuária, 1996, 157p.

FERRI, Mario Guimarães. Botanica: morfologia externa das plantas (organografia). 15 ed.
São Paulo: Nobel, 1987. 148p

GALBI. Fernandino. Manual da Fitopatologia. São Paulo: Agronômica Ceres, 373p.

GALLO, Domingos. Manual de Entomologia agrícola. São Paulo: Agronômica Ceres,


649p.

GOOGLE. Imagens compostagem. Disponível em:


https://www.google.com/search?q=imagens+de+compostagem&tbm=isch&tbo=u&source=
univ&sa=X&ei=PiGRUrGCEIjrkAe-
9IG4DA&ved=0CCkQsAQ&biw=1280&bih=684#q=imagens+de+compostagem+organica&
tbm=isch&facrc=_&imgdii=_&imgrc=az5AcN5fcsOG0M%3A%3BYzjM6vZ3-
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KIEHL, E.J. Manual de Compostagem. Piracicaba, 1985. 171 p.

LOPES, Alfredo. Manual de fertilidade do solo. Grafica Nagy Ltda, São Paulo, 2005

PEIXOTO, Ricardo. Compostagem: opção para manejo organico do solo. Londrina,


IAPAR, 1998. 48 p.

PENTEADO, Silvio Roberto. Defensivos alternativos e naturais para a agricultura


saudável. Campinas, 1999. 79 p.

PRIMAVESI, A. Agricultura sustentável, S. Paulo,Editora Nobel, 1992. 141 p.

POPIA, Alexandre. Manual de olericultura orgânica. Emater SEAB, 2007. 128p.

SILVA, Enoch da. Luz e sombras. Internatos do Brasil, revistas de estudos de Educação.
Universidade de Sorocaba. Sorocaba, n. 1, p. 93-98, maio, 2002.

SOUZA, Jacimar Luiz. Cultivo orgânico de hortaliças – sistema de produção. CPT –


Centor de Produções Técnicas, 1999, 154 p.

WINTER, Eric James. A água, o solo e a planta. 2 ed. São Paulo: Nobel, 1996. 170p.
APÊNDICE – A

Pré – Questionário

Prezado aluno, neste momento você irá responder um pré–questionário onde constam
perguntas relacionadas ao projeto de intervenção pedagógico a ser implementado na escola.

Questões
1 – Que tipo de lixo é produzido em sua casa e na sua propriedade?

2 – Como o lixo é acondicionado em sua propriedade e na sua casa?

3 – Na sua casa e/ou propriedade o lixo é separado para coleta seletiva?

4 - Qual o melhor local para destinação do lixo produzido?

5 – O que você entende por Resíduos Sólidos Orgânicos?

6 – O lixo orgânico pode ser reaproveitado?

7 – Quais os principais problemas causados pela destinação incorreta do lixo orgânico?

8 – Você sabe o que é compostagem? Explique como ela funciona.

9 – Como você pode contribuir para diminuir esses problemas?


APÊNDICE – B

Informações Complementares do Projeto de Intervenção a ser Aplicado na Escola

Partindo do pressuposto, que o projeto de intervenção pedagógico surgiu na perspectiva


de poder contribuir para a superação das dificuldades encontradas no emprego da adubação
orgânica, procurou-se buscar uma sólida sustentação, a partir dos estudos e das reflexões
possibilitadas mediante orientações recebidas onde, propusemos como título de nosso estudo
“Adubação Orgânica: desafios e obstáculos no processo ensino – aprendizagem”.
As novas perspectivas educacionais, surgidas no século XXI, apontam para que a
formação profissional perpasse pelos novos recursos tecnológicos (MARCELO, 2002; MEIRINHO,
2006). Desta forma, agregado ao título, vem o objeto de ligação o tema, que se apresenta como:
“Adubação Orgânica – reaproveitamento de resíduos animais e vegetais mediante o uso da
compostagem”.
Muitos são os jovens que necessitam o mais cedo possível buscar um emprego ou atuar
em diferentes formas de atividades econômicas que gerem a sua subsistência, portanto, que se
faculte aos mesmos a realização de um Ensino Médio que, ao mesmo tempo em que preserva a sua
qualidade de educação básica, como direito social e subjetivo, possa situá-lo mais especificamente
em uma área técnica ou tecnológica (ABRAMOVAY, 1999).
Segundo Camarano (2011) a educação mediante as noções de capital humano, sociedade
do conhecimento e pedagogia das competências para a empregabilidade tem sido utilizada em
contextos históricos diferenciados, como suportes ideológicos. Passe-se a ideia de que os países,
regiões e grupos sociais pobres, assim o são porque investem pouco em educação.
Para Frigotto, Ciavatta e Ramos (2005) a educação profissional no Brasil implica em
três desafios: desconstruir, primeiramente, do imaginário das classes populares as ideias dominantes
da teoria do capital, da pedagogia das competências, da empregabilidade e da ideia de que cursinhos
curtos profissionalizantes, sem uma educação básica de qualidade, os conduzem rápido ao emprego.
O segundo desafio é a mudança da organização escolar, envolvendo a formação dos educadores,
suas condições de trabalho e mudanças na concepção curricular pedagógica. Já o terceiro desafio é
o envolvimento da sociedade civil e política para criar condições de viabilizar uma nova proposta
de educação profissional, que venha de fato, diminuir as desigualdades sociais e contribua para
assegurar os direitos básicos, entre eles, a educação básica, gratuita, laica, unitária, politécnica e
universal.
Barros (2006) comenta que em nossa sociedade, a função da escola é proporcionar aos
educandos o desenvolvimento de competências genéricas e flexíveis adaptáveis à instabilidade da
vida e, não mais ao acesso aos conhecimentos sistematizados. No caso da formação profissional,
não seria a fundamentação científica das atividades profissionais, o mais importante, e sim o
desenvolvimento de competências adequadas à operação de processos automatizados que requerem
pouco do conhecimento especializado do trabalhador e, mais uma capacidade de agir diante dos
imprevistos. Ainda segundo o autor, há de se ter como objetivo a formação de Técnicos em
Agropecuária, mais do que indivíduos que compreendem a realidade e, que possam também atuar
como profissionais. A presença da profissionalização no Ensino Médio deve ser compreendida, por
um lado, como uma necessidade social e, por outro, como um meio pelo qual a categoria do
trabalho encontra espaço na formação como princípio educativo.
De acordo com o projeto de intervenção pedagógico, o objetivo geral deste trabalho é o
de desenvolver uma prática pedagógica conforme as concepções metodológicas, culminando na
superação das barreiras impostas daquele processo ensino – aprendizado voltado exclusivamente à
produção vegetal, onde se utiliza adubos químicos e agrotóxicos.
Vale ressaltar a importância do professor interventor PDE para que aconteça o sucesso
desta implementação pedagógica. Caberá a ele transmitir todo o conteúdo necessário para que o seu
público-alvo se torne um profissional crítico, proativo, participativo, ético e humano capaz de atuar
no mundo do trabalho, articulando, mobilizando e colocando em ação os conhecimentos e
habilidades adquiridos, da importância da utilização da adubação orgânica; na produção de
alimentos mais saudáveis, isentos da fertilização química e uso de agrotóxicos.
Porém, este conteúdo Adubação Orgânica, poderá encontrar algumas dificuldades
quando trazido à tona no ensino profissionalizante, tais como:
* Alunos, cujos familiares praticam por várias gerações o modelo da produção vegetal
dependente dos fertilizantes químicos e agrotóxicos;
* Mídia ressaltando somente vantagens e sucesso do cultivo convencional em detrimento do
orgânico;
* Educadores: aqueles citados popularmente como “químicos e veneneiros”, os quais
conseguem mediante argumentação convencerem seus educandos de empregarem adubos químicos
e agrotóxicos.

Metodologia Geral do Projeto de Intervenção a ser Implantado na Escola

Este Caderno Pedagógico será utilizado durante a fase de implementação do projeto de


intervenção na escola. Constam desse material, textos diversos tendo a produção orgânica como
foco principal, situações socioambientais desafiadoras, onde o conteúdo proposto será tratado de
forma não convencional, onde o público-alvo desenvolverá sua capacidade de escolher entre aquilo
que é produzido convencional, mediante a utilização de agroquímicos ou, fazendo uso de uma
tecnologia agro sustentável que é o da produção orgânica.
Este caderno pedagógico é composto por quatro unidades assim distribuídas:
1: Conhecendo as espécies vegetais e suas exigências;
2: A adubação química e a dependência dos agrotóxicos;
3: Você escolhe, você decide;
4: Tecnologia da compostagem.
As atividades serão desenvolvidas em espaços distintos, nas dependências do Colégio
Agrícola de Rio Negro e na propriedade do público-alvo, constituído por alunos e professores desta
instituição de ensino.
A metodologia do projeto apoia-se no modelo do Planejamento Estratégico do
Desenvolvimento Sustentável (PEDS) desenvolvido por Silva, (2004). Segundo o autor, o PEDS
necessita ser compreendido e incorporado ao mundo que cada pessoa constrói, em seu domínio de
condutas, com as demais pessoas com quem convive. Isto leva a uma necessidade de qualificação
das pessoas e isto nada mais é do que um processo educacional. A Educação Ambiental surge,
então como um esforço pedagógico de articular conhecimentos, metodologias e práticas ditadas
pelo paradigma da sustentabilidade. A Educação Ambiental pode ser vista como a estratégia
inicial do PEDS através da qual as pessoas não só se qualificam, mas se sensibilizam para
reencontrar suas pertinências e afinidades com a natureza e o Universo.
Será utilizada a metodologia da sensibilização, dividida em abordagens: cooperativa
social, abordagem estética e abordagem cooperativa (SILVA, 2004).
Na abordagem estética procura-se encontrar um caminho de sensibilização das pessoas,
no qual a beleza da natureza pode ser vista, reconhecida e aprendida como uma legítima estética,
podendo conviver e auxiliar a construção coletiva de padrões sociais de experiência estética. Neste
sentido a estética pode ser entendida como algo construído e reproduzido em meio à cultura e à
sociedade e interagindo com a ciência e a ética e associando o ato da criação à responsabilidade
sobre a coisa criada. Com isto, esta abordagem estética gera uma oportunidade de aprendizagem a
partir das emoções que o belo provoca nas pessoas. A beleza é uma experiência de alegria e paz,
mediada pela emoção. O objetivo pedagógico desta abordagem é levar o público-alvo a
desenvolverem um senso estético a partir da comparação de seu ambiente, que é o seu domínio de
experiência estético, com a estética da natureza que ocupam e a do próprio Universo. Aqui o
público-alvo, na atividade isolada ou no grupo, se depara com sua criação que é a composteira
doméstica. Neste momento ele visualiza o formato, altura, largura e disposição das pilhas de
composteiras onde foram previamente construídas.
Outro fator relevante é a certeza de estar fazendo algo certo no que diz respeito ao
reaproveitamento dos resíduos sólidos de origem animal ou vegetal, transformando-os em adubo
orgânico para ser utilizado na agricultura, propiciando alimentos saudáveis.
A abordagem cooperativa tem o objetivo de despertar as pessoas para uma lógica
cooperativa da humanidade com a natureza, levando em conta que é na cooperação com os outros
que construímos o mundo que trazemos à nossa mão. Está relacionada com a emoção da descoberta
de sua própria capacidade de criar. Nesta abordagem cooperativa, o cognitivo está relacionado com
a emoção despertada pelo sentimento de efetividade com o outro. Esta abordagem será trabalhada
em dois momentos o da afinidade e da solidariedade. Espera-se aqui que o público-alvo colabore
participando efetivamente na atividade individualizada e naquela a ser exercida no seu grupo e,
também nos questionamentos no desenrolar do curso de compostagem.
A abordagem cooperativa social objetiva garantir aos participantes do curso de
“Adubação Orgânica – reaproveitamento de resíduos animais e vegetais mediante o uso da
compostagem”, gera um aprendizado com o seu próprio operador na construção dos conceitos e
formulação das estratégias. A metodologia desta abordagem irá acontecer em quatro momentos:

a) Momento 1 – Revelação da Subjetividade:


– Atividade individual, onde cada participante irá escrever sua opinião sobre a
compostagem, o ponto de partida será a realidade cognitiva e social das pessoas. Neste
momento da intervenção pedagógica, cada participante irá responder um pré - questionário com
perguntas inerente à compostagem.

b) Momento 2 – Contribuição da Diversidade:


– Atividade individual, onde o participante do curso procederá à leitura e a reflexão do
material apostilado que lhe será entregue;
– Atividade expositiva, aqui, o professor PDE, irá exibir um vídeo sobre compostagem
doméstica.

Em cada encontro teórico, conteúdos da apostila serão abordados. Cabe ressaltar


que ao término de cada uma das unidades, o cursista realizará atividade complementar.

c) Momento 3 – Construção da Intersubjetividade:


- Trabalho individual, na propriedade, cada cursista terá como atividade proposta a
execução de uma composteira doméstica. Esta deverá ser fotografada, servindo como subsídio na
avaliação para fins de certificação;
- Trabalho coletivo em pequenos grupos (A e B), o curso “Adubação Orgânica –
reaproveitamento de resíduos animais e vegetais mediante o uso da compostagem”, terá seu
público-alvo, constituído por professores e alunos do Colégio Agrícola de Rio Negro dividido em
dois grupos, os quais foram denominados de: grupo A e grupo B. Esta divisão acontecerá de tal
forma que os participantes escolherão seus pares por afinidade. A sugestão feita pelo professor PDE
será de que em cada grupo haja professor (es) cursista (s) para que aconteça a interação entre estes e
os alunos. Uma vez constituídos os grupos (A e B) estes terão algumas atividades propostas.
Inicialmente irão se reunir num momento oportuno, previsto por eles, onde irão realizar a leitura do
material apostilado. Para cada grupo será sugerido que realize a construção de uma composteira
doméstica, esta deverá ser realizada numa determinada área do setor de horticultura do Colégio
Agrícola de Rio Negro. Também como atividade proposta vai ser sugerida a confecção de canteiros,
nos quais serão incorporados o material orgânico pronto, para em seguida ser semeados rabanete e
salsa. Busca-se neste momento a reflexão individualizada e no grupo, dos conceitos iniciais de cada
um e o conhecimento heterônomo. Aqui se trata de aprender com a força da autonomia do grupo e
com o próprio processo de aprendizagem.

d) Momento 4 – Construção do Domínio Linguístico:


- Atividade individual, será sugerido que o público-alvo responda a um pós–
questionário . As perguntas abordarão os conteúdos ministrados durante a realização do curso de
compostagem;
- Trabalho de síntese, no qual cada pequeno grupo apresentará sua proposição ao
grande grupo, ouve-se as críticas e por aproximações sucessivas constrói-se o conceito – síntese do
grande grupo (A e B ). Chamo este momento de plenária, onde acontecerão as discussões sobre o
curso de compostagem entre todos os envolvidos. Aqui serão sanadas as possíveis dificuldades
encontradas ao longo da aplicabilidade teórica e prática do curso realizado. Neste momento o
professor PDE irá se colocar como guia e mediador das discussões, incentivando a participação
organizada de todos. Mediante as respostas do pós – questionário sugerido e deste momento dos
questionamentos conferidos na plenária, chegar-se-à ao resultado esperado da aplicabilidade do
curso de “Adubação Orgânica – reaproveitamento de resíduos animais e vegetais mediante o uso
da compostagem” que acontecerá no Colégio Agrícola de Rio Negro.

A capacitação dos professores e alunos se dará mediante um curso de compostagem. Irá


ser utilizada a metodologia pedagógica de abordagem cognitiva, explicitada anteriormente, durante
os encontros presenciais. Serão também produzidos e utilizados materiais pedagógicos, como
apostila e vídeo que trata da compostagem doméstica.
A aplicação da tecnologia social de compostagem doméstica será feita através de oficinas
de capacitação, da produção de material específico, da confecção de uma composteira doméstica na
escola e individualizada na propriedade do cursista e, de canteiros no setor de horticultura onde o
adubo orgânico será incorporado para posterior semeadura de rabanete e salsa, que ficarão
disponíveis no espaço de educação ambiental da unidade de ensino. A criação deste espaço será
feita com a alocação dos espaços existentes na escola, com instalação de uma placa com o nome do
local, composteira, mobília adequada para disposição de materiais pedagógicos de educação
ambiental, lousa e cadeiras, configurando o espaço como centro de educação ambiental para
resíduos sólidos.
ANEXO 1 – FIGURAS COMPLEMENTARES

Compostagem – figuras ilustrativas

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