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Cadernos PDE
ADUBAÇÃO ORGÂNICA
Reaproveitamento de resíduos animais e vegetais
mediante uso da compostagem
EDI OSTROSHI
CADERNO PEDAGÓGICO
Este material elaborado servirá como referencial pedagógico teórico e prático para ser
aplicado como projeto de intervenção no CEEP. Lysímaco Ferreira da Costa – Colégio Agrícola de
Rio Negro no município de Rio Negro no estado do Paraná no início do ano letivo de 2014.
Edi Ostroshi
Professor PDE - 2013
INFORMAÇÕES RELEVANTES AO PROJETO DE INTERVENÇÃO
De acordo com o projeto de intervenção, o objetivo geral deste trabalho é desenvolver uma
prática pedagógica conforme as concepções metodológicas da organização curricular da educação
do campo que venha a capacitar e sensibilizar os professores e alunos do Colégio Agrícola de Rio
Negro da importância do uso da tecnologia da compostagem quanto alternativa para o
aproveitamento dos resíduos orgânicos animais e vegetais que tem sua origem na escola. O produto
formado, chamado de composto será utilizado como adubo orgânico que servirá para fertilizar os
canteiros onde serão semeados rabanete e salsa.
Foi organizado um Caderno Pedagógico, onde será ministrado um curso de compostagem. A
metodologia a ser utilizada é a da sensibilização cognitiva a qual está descrita no anexo deste
trabalho.
Informações complementares podem ser encontradas no Apêndice B.
As atividades serão desenvolvidas em espaços distintos, nas dependências do Colégio
Agrícola de Rio Negro e na propriedade urbana e/ou agrícola dos cursistas.
O curso “Adubação Orgânica – reaproveitamento de resíduos animais e vegetais mediante
o uso da compostagem”, está dividido em unidades temáticas, a primeira unidade, “ Conhecendo as
espécies vegetais e suas exigências”, aborda alguns conceitos sobre anatomia e morfologia dos vegetais,
além de trazer informações inerentes à nutrição das plantas; a segunda, “A adubação química e a
dependência dos agrotóxicos”, aqui os cursistas terão o conhecimento referente ao método tradicional de
nutrir as plantas e o porquê dele ser tão dependente do uso dos agrotóxicos; na terceira, “Você escolhe,
você decide”, esta unidade fará com que os cursistas pensem, analisem e tomem atitude acerca do
método de produção que irá implantar na propriedade; e nesta última “Tecnologia da compostagem”, os
professores e alunos estarão sendo capacitados para que possam fazer uso da tecnologia da
compostagem. Os professores orientando seus alunos sobre como separar o lixo e reaproveitá-lo.
Quanto aos alunos, trará a conscientização dos cuidados a serem adotados com relação ao meio
ambiente.
Prezado cursista, quando você optou pela adubação orgânica como sistema de cultivo,
você imaginou obter uma espécie vegetal desenvolvida, sadia e produtiva. Porém, é necessário que
você tenha o conhecimento do que significa uma planta no que tange às partes que a compõe, qual
aproveitamento e onde são empregadas, quais são os fatores essenciais para conferir sanidade e
produtividade, além de ter o conhecimento prévio dos nutrientes e nutrição. Mesmo porque, haverá
o momento prático do curso “Adubação Orgânica – reaproveitamento de resíduos animais e vegetais
mediante o uso da compostagem”, onde você terá que realizar a prática individualizada na sua
propriedade ou no setor de horticultura do Colégio Agrícola de Rio Negro, onde pra fertilizar os
canteiros, nos quais serão semeados salsa e rabanete você necessitará destes conceitos.
As plantas, também chamadas de vegetais, são seres vivos, já que nascem, crescem e
morrem. Além disso, possuem capacidade de reprodução, ou seja, de dar origem a novas plantas
(POPIA, 2007).
Os vegetais podem ser encontrados no solo (terrestres), na água (aquáticos), ou presos nos
galhos de outras plantas ou cercas (aéreos). Quanto ao tipo de clima, podem ser encontradas desde
os desertos até em regiões do planeta ricas em gelo (FERRI, 1987).
Segundo Winter (1996), algumas plantas nascem naturalmente (espontâneas), pois suas
sementes são levadas para outros lugares pelo vento, pela água das chuvas, ou mesmo junto com
estercos de alguns animais. Outras plantas nascem porque o ser humano cultiva, semeando
definitivamente num canteiro como é o caso da salsa, rabanete, cenoura e outras, ou utilizando da
semeadura e transplantio como é o caso da alface, tomate, eucalipto, pinus e outras mais, seja em
jardins, hortas ou em grandes áreas, nesses casos dizemos que são cultivadas.
Para Souza (1999) as partes que compõem uma planta são: raiz, caule, folha, flor, semente
e fruto. Como o projeto de intervenção pedagógica irá tratar da adubação orgânica, será necessário
dar ênfase como as plantas se nutrem. A nutrição das plantas se dá por duas formas, uma pelo
sistema folhar, onde existem pequenas aberturas (estômatos) por onde são absorvidos os nutrientes,
e a outra forma se dá pelo sistema radicular, onde os pelos radiculares absorvem a seiva bruta (água,
nutrientes), posteriormente ela é transformada pelo xilema em seiva elaborada indo até os vasos
condutores, chamados de floema e dali é translocada para todas as partes da planta.
As plantas podem ser consumidas inteiras ou partes delas na alimentação, assim têm as
folhosas (alface, agrião, salsa), as inflorescências (couve-flor, alcachofra, brócolis), as hortaliças
frutos (morango, tomate, pepino), as tuberosas (batata, cebola, rabanete) e por último as raízes
(mandioca, cenoura). Também partes de plantas são usadas por nós para outras coisas, como
construção de objetos de madeira, fabricação de papel e remédios. Além disso, plantas inteiras ou
suas flores são usadas para embelezar jardins, canteiros e praças (PENTEADO 2003).
Peixoto (2006) ilustra na figura 1 que as plantas de um modo geral necessitam de vários
fatores para o seu crescimento e desenvolvimento. Entre estes citam-se: solo, água, sanidade, ar,
temperatura, luz, espaçamento e nutrição. Qualquer fator deste em desajuste com as necessidades
das plantas pode limitar a produtividade e consequentemente a produção. As plantas dependem do
solo, pelo menos em parte para a obtenção de todos estes fatores, exceto da luz.
O solo é o meio no qual as plantas desenvolvem-se para alimentar e abrigar o mundo.
Os nutrientes primários geralmente tornam-se deficientes no solo antes dos demais porque
as plantas os usam em quantidades relativamente grandes. Já os nutrientes secundários e os
micronutrientes são menos deficientes nos solos, pois são usados em quantidades menores. Mas eles
são tão importantes quanto os nutrientes primários para uma adequada fertilidade do solo. As
plantas precisam tê-los, os dezesseis, à disposição quando e onde necessário (KIEHL, 1995).
O rendimento de uma colheita é limitado (Figura 5) pela ausência de qualquer um dos
nutrientes essenciais, mesmo que todos os demais estejam disponíveis em quantidades adequadas
(SOUZA, 1999).
Figura 5 - Fatores que podem comprometer o rendimento de uma colheita
Fonte: Souza, 1999
Popia (2007) comenta que a nutrição vegetal é importantíssimo saber a função dos
nutrientes, haja visto que a falta denota aquilo que chamamos de deficiência nutricional e o excesso
de fitotoxidez. Em ambos os casos, as figuras 6, 7, 8 e 9, demonstram que pode ocorrer a
diminuição da produtividade e esta comprometer a lucratividade do agricultor. Assim, as funções
são:
a) Nitrogênio: todas as enzimas das plantas são proteínas. Assim sendo, o nitrogênio é
necessário para todas as reações enzimáticas nos vegetais. Como uma parte da molécula de clorofila,
está diretamente envolvido na fotossíntese. Ajuda a planta a produzir e usar carboidratos, além de
afetar as reações energéticas. É o nutriente responsável pelo crescimento das plantas.
Porém, prezado aluno, é necessário citar que outros nutrientes são tanto quanto
importantes para a nutrição das plantas. Mas, os citados aqui são vitais à nutrição vegetal, chegando
inclusive a casos de senescência prematura do vegetal.
Existe um velho ditado que diz “O Senhor ajuda aqueles que ajudam a si mesmos”. Em
nenhum lugar isto está tão claro quanto na relação entre o homem e as plantas. A figura 10 mostra
como a planta usa a água, os nutrientes do solo e o oxigênio do ar para fabricar carboidratos,
gorduras e proteínas. Quanto mais ela puder fabricar, mais alimentos ou fibras ela irá produzir. O
homem ajuda a natureza neste processo de três maneiras: pelo fornecimento dos nutrientes
necessários para assegurar o suprimento adequado para a obtenção de produções ótimas; pelo
controle da umidade através da irrigação ou drenagem e, por meio do preparo adequado de solos e
de práticas de manejo que deixem o meio ambiente o melhor possível para o crescimento das
plantas (BARROS, 2006).
Figura 10 – Modelo demonstrativo como a planta usa os recursos do meio para fabricar
carboidratos, gorduras e proteínas.
Fonte: BARROS, 2006
SSSUGESTÃO: sugiro a você aluno, como atividade complementar desta unidade que
consulte a bibliografia citada nela. Você obterá mais conhecimentos sobre a morfologia das
plantas.
BoBotânica: morfologia externa das plantas (organografia)/ Mário Guimarães Ferri. – 15. Ed. -
São Paulo: Nobel. 1983
UNIDADE 2: A ADUBAÇÃO QUÍMICA E A DEPENDÊNCIA DOS AGROTÓXICOS
ALGUMAS SUGESTÕES
Durante a mistura ou distribuição dos adubos, não deixe de usar os equipamentos de
proteção individual (EPI's), evitando assim os riscos de contaminação.
Caso ocorra respingo acidental de amônia nos olhos e na pele, procure lavar com
água limpa durante uns 15 minutos e encaminhar o trabalhador ao médico.
Nunca permita que pessoas alérgicas ou portadoras de algum ferimento participem
das atividades de manipulação ou aplicação dos adubos.
Para quebrar os torrões de nitrato de amônia, procure utilizar um martelo de madeira
ou borracha e nunca a enxada ou outras ferramentas metálicas que possam produzir faíscas,
lembrando que este fertilizante químico é altamente explosivo.
Na falta de conhecimento técnico sugiro buscar maiores informações sobre
manipulação e tecnologia de aplicação com profissional devidamente capacitado.
Caso você aluno tenha conhecimento dos agrotóxicos quanto à: receituário agronômico, de
acordo com a figura 17, significado de rótulo e bula, tipos de agrotóxicos, riscos no uso,
classificação toxicológica, EPI's, causas - sintomas e como evitar intoxicações, quais os primeiros
socorros à adotar, cuidados no armazenamento e aplicação de agrotóxico tríplice lavagem e descarte
de embalagens, você poderá fazer uso dos mesmos, caso contrário você responderá legalmente por
fazer uso daquilo que desconhece.. (GALLI, 1978)
SUGESTÃO: como existe uma legislação própria para a comercialização e uso dos agrotóxicos, o
melhor é consultar um técnico especializado nesta área.
UNIDADE 3: VOCÊ ESCOLHE, VOCÊ DECIDE
Agora aluno, nesta unidade de estudo você terá informações sobre os métodos de
produção vegetal. Estas farão você refletir e tomar atitudes acerca do sistema de cultivo que será
adotado na sua propriedade. Este texto irá fazer algumas comparações importantes entre aquilo que
é produzido convencionalmente mediante uso de adubos químicos dependente dos agrotóxicos e o
método orgânico que se baseia no aproveitamento dos resíduos orgânicos de origem animal e
vegetal.
Na unidade anterior você obteve algumas informações sobre a fertilização
química e os agrotóxicos. Agora você irá conhecer os métodos de produção vegetal convencional e
orgânica.
Aluno atente para isto. Segundo Kiehl (1993, p. 91-96), se o agricultor durante
séculos conseguiu produzir alimentos causando impactos negativos de pequenas proporções, isto foi
modificado quando se desenvolveu uma nova proposta para a agricultura, principalmente para os
países em desenvolvimento, conhecida como Revolução Verde. Esse modelo, que valoriza a
indústria química e mecânica, foi apresentado como a solução do problema da fome mundial,
visando o aumento da produção de alimentos, baseando-se no uso intensivo de insumos químicos,
agrotóxicos, sementes “melhoradas” e mecanização intensiva das lavouras. Não tem como discordar,
ela aumentou a produção nas últimas décadas, porém, este modelo degrada os recursos naturais dos
quais a agricultura depende quer sejam: o solo reserva de água e a diversidade genética natural.
Preste bem atenção nisto caro aluno. A nossa atual agricultura convencional está
construída em seis práticas básicas, que são: cultivo intensivo do solo, monocultura, irrigação,
aplicação de fertilizantes químicos, controle químico de pragas e doenças e manipulação genética de
plantas. Cada uma é usada por sua contribuição individual à produtividade, mas, formam um
“pacote” no qual cada prática depende da outra e o seu uso reforça a necessidade da utilização das
outras práticas, isto nada mais é do que chamam de interdependência entre uma e outra. Aqui, a
produção de alimentos é tratada como um processo industrial na qual as plantas assumem o papel de
fábricas em miniatura (PASCHOAL, 1994).
Cabe ressaltar aqui, prezado aluno, que todas essas práticas da agricultura
convencional vem ocasionando o que posso chamar de efeitos colaterais, que são os impactos
ambientais e sociais. Para que você tenha um entendimento melhor Garcia (1996) comenta alguns:
A degradação do solo, que pode envolver a salinização, alagamento, compactação,
contaminação por agrotóxicos, declínio da estrutura física, perda da fertilidade e erosão.
Desperdício e uso exagerado de água, fatores pelos quais a agricultura convencional
é responsável por dois terços do uso global.
Poluição e desequilíbrio ambiental, com a intensificação das pragas existentes,
desenvolvimento de novas pragas, eliminação de insetos benéficos, redução das populações de aves
e de outros animais, desmatamento indiscriminado, contaminação das águas superficiais e dos
lençóis subterrâneos, contaminação atmosférica pelos gases liberados dos fertilizantes nitrogenados
e pelos motores de tratores e automotrizes.
Perda da diversidade genética, um exemplo, apenas seis híbridos (não confunda com
variedade) de milho respondem por mais de 70% da produção mundial, causando uma maior
vulnerabilidade às pragas, doenças e a fatores ambientais, já que com a uniformidade genética das
plantas perde-se a capacidade de encontrar plantas com genes resistentes ou adaptativos.
Perda do controle local sobre a produção agrícola, pelo crescimento da agricultura
convencional de larga escala para exportação, na qual o agricultor familiar é empurrado para fora da
terra, migra para as cidades e se torna dependente para sua alimentação. Já que a maior parte do
alimento produzido é destinada à exportação, quantidades crescentes de alimentos devem ser
importadas, ameaçando a segurança alimentar.
Desigualdade global, embora haja aumentos na produtividade, a fome persiste em
todo o mundo. Com frequência, as nações em desenvolvimento como é o caso do Brasil produzem
principalmente para exportação para países desenvolvidos, usando adubos químicos e agrotóxicos
comprados destes. Enquanto os lucros da exportação agrícola enriquecem uma pequena elite, muitas
pessoas no Brasil passam fome. A de se concordar que a desigualdade sempre existiu, porém, a
modernização da agricultura convencional acentuou o problema, porque seus benefícios não são
distribuídos igualmente.
Efeitos sobre a saúde humana, quando os agricultores manipulam agrotóxicos
sofrem intoxicações constantes, sendo algumas fatais. Pesquisas revelam que ocorrem por ano, pelo
menos, três milhões de casos de envenenamento agudo e vinte mil mortes por agrotóxicos em todo o
mundo. A contaminação dos alimentos por produtos químicos atinge todos os consumidores e em
muitos casos o efeito é acumulativo, podendo se manifestar na forma de doenças, como o câncer, e
desequilíbrios hormonais. Outro problema é a diminuição do valor nutritivo dos alimentos
produzidos de forma convencional, acarretando problemas sérios de desnutrição na população em
geral.
Portanto prezado aluno, é urgente que se perceba que a agricultura convencional é
insustentável, não podendo continuar a produzir comida suficiente para a população global, a longo
prazo, porque deteriora as condições que a tornam possível.
Convém ressaltar que o uso indiscriminado dos adubos químicos e agrotóxicos,
segundo dados vinculados na imprensa nos trazem as seguintes informações:
os Estados Unidos estão deixando de importar suco concentrado de laranja da região
de Limeira – SP devido o uso de determinado fungicida na cultura;
que nos EUA e Inglaterra o uso do fungicida captan no tratamento de sementes é
proibido por ser altamente tóxico e cancerígeno, mas que no Brasil é amplamente utilizado;
na Assembleia Legislativa do Paraná está tramitando um decreto-lei restringindo o
uso abusivo e indiscriminado dos agrotóxicos no Paraná;
que somente na última década 9000 pessoas tiveram algum tipo de intoxicação,
aguda ou crônica e 3000 pessoas entraram em óbito no Paraná devido manipulação incorreta dos
agrotóxicos;
regiões do Paraná vem sofrendo o processo da desertificação devido o uso
indiscriminado de fertilizantes químicos, os quais promovem acidificação e salinização dos solos;
que estão utilizando nitrato de sódio nas carnes de alguns supermercados para realçar
o vermelho intenso;
em 160 amostras de morango, onde destas 34% apresentaram resíduos de pesticidas
não autorizados para a cultura e 4% delas contaminadas com resíduos acima do limite;
no pimentão, mamão, tomate e alface, foi constatado resíduos significativos do
fungicida clorotalonil que não é recomendado para estas culturas;
em leite de bovinos da raça girolanda foi constatado a presença de 0,390 mg/kg do
piretróide deltametrina, sendo que o máximo permitido é de apenas 0,02 mg/kg;
que o custo de produção dos grãos no Paraná para a safra 2013 terá um incremento de
13% devido o uso da fertilização química;
nos EUA e Continente Europeu existem restrições severas à entrada e consumo de
produtos transgênicos.
Segundo Ehlers (1996, p.47) a agricultura orgânica é um sistema de produção que
evita ou exclui amplamente o uso de fertilizantes químicos, agrotóxicos, reguladores de crescimento
e aditivos para a produção vegetal e alimentação animal, elaborados sinteticamente.
Para Primavesi (2003) tanto quanto possível, os sistemas agrícolas orgânicos
dependem de alguns fatores: rotações de culturas, de restos de culturas, estercos animais, de
leguminosas, de adubos verdes e de resíduos orgânicos de fora das fazendas, bem como de cultivo
mecânico, rochas e minerais e aspectos de controle biológico de pragas e patógenos, para manter a
produtividade e a estrutura do solo, fornecer nutrientes para as plantas e controlar insetos, ervas
invasoras e outras pragas.
Há a falsa crença de que ela representa retrocesso econômico e incentiva a produção
de subsistência de pequena escala, usando métodos agronômicos já superados. A realidade, porém, é
outra, os métodos alternativos orgânicos são modernos, desenvolvidos em complexo sistema de
técnicas agronômicas, cujo objetivo principal não é a exploração econômica imediatista e
inconsequente, mas sim, a exploração econômica por longo prazo, mantendo o agroecossistema
estável e autosustentável. As questões sociais são prioritárias, procurando-se preservar métodos
agrícolas tradicionais apropriados, ou aperfeiçoá-los. Uma das justificativas mais consistentes sobre
a necessidade de se empregar este modelo agrícola, usando-se de recursos naturais (sem emprego de
adubos químicos e agrotóxicos), é a proteção da saúde do consumidor e do agricultor que mais tem
sofrido com problemas de contaminação e em alguns casos, até a morte pelo uso de venenos nas
lavouras (COSTA, 2002).
Ehlers (1996) nos diz que com as mudanças recentes no cenário econômico mundial, a
escassez de insumos devido ao elevado custo de importação e/ou produção, a adubação orgânica
passou a constituir-se novamente em uma alternativa necessária como forma de substituição parcial
ou total de adubos químicos, além da diminuição de custos. Além disso, conforme figuras 18 e 19, a
adubação orgânica começa a fazer parte de um contexto maior, dentro de um esquema de
recuperação da produtividade, melhorando as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo.
Acopla-se também ao controle ambiental, dando um destino apropriado aos resíduos ou poluentes
indesejáveis como: estercos, lixos, esgoto urbano e resíduos industriais. Portanto a adubação
orgânica como forma de reciclagem e aproveitamento de resíduos torna-se uma opção altamente
desejável.
Para Medeiros (1998) a adubação orgânica pode ser entendida como a incorporação de
resíduos orgânicos de diferentes origens, visando a melhoria na produtividade do solo. No entanto,
prezado aluno, existem inúmeras vantagens da adubação orgânica e você ciente delas, poderá fazer
opção quando da introdução do melhor sistema de produção a ser adotado naquela propriedade.
Medeiros (1998) cita algumas vantagens do uso da adubação orgânica:
* aumenta o teor de matéria orgânica no solo;
* melhora a estrutura do solo;
* aumenta a infiltração das águas da chuva e diminui a enxurrada;
* diminui a compactação, promove maior aeração e enraizamento;
* aumenta a capacidade de troca de cátions;
* fornece elementos essenciais como nitrogênio. fósforo, potássio, enxofre e alguns
micronutrientes;
* diminui efeitos tóxicos do alumínio;
* aumenta a atividade microbiana do solo, pelo aumento na população da flora e fauna;
* elimina ou diminui doenças do solo através da ativação de micro-organismos benéficos às
plantas específicas;
* modifica a composição das ervas daninhas.
Segundo Lopes (2005), na Figura 20, são encontradas outras vantagens do uso da matéria orgânica
na produção vegetal orgânica.
Além destas, Lopes (2005) cita que a matéria orgânica contribui no ciclo do
nitrogênio e fósforo que são nutrientes essenciais para as plantas (Figura 21).
Ele traz informações sobre o potencial do mercado orgânico no Brasil e no mundo; dos métodos
de comercialização; das vantagens dos orgânicos sobre os produtos convencionais; além da
cotação dos produtos orgânicos.
UNIDADE 4: TECNOLOGIA DA COMPOSTAGEM
Inicialmente sugiro a leitura dos dois textos citados abaixo. Os mesmos servirão de
embasamento teórico para o curso de Adubação Orgânica – reaproveitamento de resíduos animais
e vegetais mediante o uso da compostagem, que será ministrado nas dependências do Colégio
Agrícola de Rio Negro.
Ao término da leitura de cada texto, sugiro ao aluno que realize a atividade proposta, pois
esta servirá como um dos critérios de avaliação para fins de certificação do cursista.
O uso da matéria orgânica como adubo é bem antigo. A observação do processo natural de
formação de uma camada de húmus sobre o solo pela decomposição de folhas e galhos caídos
sobre a terra permite reproduzi-lo de forma organizada, planejada e controlada para se obter adubo.
O que move o processo não é o produto, mas o fato de que a matéria orgânica presente no lixo
pode ser transformada e reaproveitada, desviando resíduos que normalmente teriam que ser
aterrados.
Embora a decomposição da matéria orgânica presente nos resíduos de origem animal e
vegetal possa ser feita por processos aeróbicos e anaeróbicos, a compostagem é o processo de
decomposição da matéria orgânica por meio da digestão aeróbia. Portanto a matéria orgânica
presente nos resíduos, na presença de ar e água é digerida por micro-organismos e se transforma
em composto para melhorar a qualidade do solo.
Por se tratar de processo biológico, requer um balanceamento adequado da relação C/N e
determinadas condições de temperatura, umidade e aeração em seus diversos estágios. No início do
processo, que dura em torno de 30 dias, ocorre a degradação da matéria orgânica pela ação de
micro-organismos com diferentes metabolismos, há elevação da temperatura do material em
decomposição, que pode variar de 40ºC até 60ºC. Na fase seguinte, em que a celulose e materiais
similares são degradados pela ação de micro-organismos, as temperaturas baixam para a faixa de
30ºC a 45ºC, e há uma fase de maturação ou humificação em que as temperaturas se situam entre
20ºC e 35ºC. Por esta razão, a temperatura é um dos principais elementos para controlar o processo
de compostagem.
Ao final das duas primeiras fases ocorre à estabilização da matéria orgânica, sendo este
período conhecido como bioestabilização, estima-se que dure entre 60 e 90 dias, e o processo total
até que o composto atinja a humificação pode levar de 90 a 120 dias.
Os nutrientes, principalmente carbono, como fonte de energia e nitrogênio, para síntese de
proteínas, são fundamentais para os micro-organismos presentes. Um balanceamento adequado de
carbono e nitrogênio melhora o desempenho da degradação biológica, ele é mais lento e pode
inclusive ser interrompido em materiais ricos em carbono, como palhas, serragem e resíduos de
podas e mais rápido em resíduos ricos em nitrogênio, como nos resíduos orgânicos domiciliares e
de animais. A relação C/N deve ser de 30/1 no início do processo.
ATIVIDADE: O grupo deve realizar uma síntese do texto em cinco linhas comentando o
que entenderam por decomposição de resíduos orgânicos.
GRUPO A GRUPO B
Texto para leitura: Emprego da Compostagem
Edi Ostroshi
METODOLOGIA DA COMPOSTAGEM
Na produção do composto orgânico vários passos devem ser seguidos, onde diversos
questionamentos vão surgindo e para cada um deles existem as respostas.
Dando sequência ao projeto de intervenção pedagógica na escola, o professor PDE irá
expor a metodologia da compostagem de resíduos animais e vegetais, de forma simples e de fácil
aplicabilidade, a partir de perguntas e respostas.
BARRETO, Celso X. Prática em agricultura orgânica. 2 ed., Editora Icone: São Paulo,
1986, 195 p.
FERRI, Mario Guimarães. Botanica: morfologia externa das plantas (organografia). 15 ed.
São Paulo: Nobel, 1987. 148p
LOPES, Alfredo. Manual de fertilidade do solo. Grafica Nagy Ltda, São Paulo, 2005
SILVA, Enoch da. Luz e sombras. Internatos do Brasil, revistas de estudos de Educação.
Universidade de Sorocaba. Sorocaba, n. 1, p. 93-98, maio, 2002.
WINTER, Eric James. A água, o solo e a planta. 2 ed. São Paulo: Nobel, 1996. 170p.
APÊNDICE – A
Pré – Questionário
Prezado aluno, neste momento você irá responder um pré–questionário onde constam
perguntas relacionadas ao projeto de intervenção pedagógico a ser implementado na escola.
Questões
1 – Que tipo de lixo é produzido em sua casa e na sua propriedade?