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As 

Propriedades das Misturas (Aulas 18 a 21) 
 

 
I ‐ Introdução 
 
Em Química, solução é o nome dado a dispersões cujo tamanho das moléculas 
dispersas  é  menor  que  1  nanometro  (10  Angstrons).  A  solução  ainda  pode  ser 
caracterizada por formar um sistema homogêneo (a olho nu e ao microscópio), por ser 
impossível separar o disperso do dispersante por processos físicos. 
As soluções compostas por moléculas ou íons comuns. Podem envolver sólidos, 
líquidos  ou  gases  como  dispersantes  (chamados  de  solventes  –  existentes  em  maior 
quantidade  na  solução)  e  como  dispersos  (solutos).  A  solução  também  pode 
apresentar‐se nesses três estados da matéria. 
É importante destacar que soluções gasosas são formadas apenas por solvente 
e soluto gasosos. 
 

II – Classificação 
 

1. Quanto à condutividade elétrica:  

 Eletrolíticas ou iônicas ( As substâncias se dissolvem fornecendo íons à solução, 
Ex.:  NaCl.) 

   Não‐eletrolíticas ou moleculares ( Não libera íons na  solução à  medida que se 
dissolve, as partículas dispersas  na solução são descarregadas, Etanol.) 


 
2 De acord
2. do com o esstado da matéria: 

Tipos dee soluções Exeemplo

Gás
Gás dissolv
vido em gáss O
Oxigênio dissolvido em
m nitrogênio
o
Líquido disssolvido em
m gás C
Clorofórmio
o dissolvido
o em nitrogêênio
(vaporizad
do)
Sólido dissolvido em gás
g G seco diissolvido em
Gelo m nitrogêniio
Líquido
vido em líqu
Gás dissolv uido D
Dióxido de carbono
c disssolvido em
m água
Líquido disssolvido em
m líquido Etanol
E (álco
ool de cereais) dissolvid
do em águaa
Sólido dissolvido em líquido
l A
Açúcar disso
olvido em água
á

Sólido
Gás dissolv
vido em sólido H
Hidrogênio dissolvido em paládio
Líquido disssolvido em
m sólido M
Mercúrio disssolvido em
m ouro
Sólido dissolvido em sólido
s C
Cobre dissollvido em nííquel

 
 


 
3 De acord
3. do com as q
quantidades proporcio
onais de solluto e solveente:  

 
Diluíída: Apresenta uma concentração o de soluto b
bem menorr do que a d
de uma solução 
saturrada, se aprroxima de u
uma solução
o ideal.  

Conccentrada: A
Apresenta um
ma concenttração de so
oluto meno
or do que a d
de uma solu
ução 
saturrada.  

III ‐ SSoluções saturadass, insaturaas e superrsaturadass 
 

Para  enttendermos  esses  concceitos,  prim


meiramente  precisamos  saber  o  que 
q é 
Coefficiente  Solu
ubilidade.  Ele 
E é  definido  como  a  máxima  quantidade  de  soluto  que 
q é 
possíível  dissolvver  de  um
ma  quantid
dade  fixa  de  solven ma  determinada 
nte,  a  um
temp
peratura. 
A  saturaação  é  umaa  propriedaade  das  so
oluções  quee  indica  a  capacidade
e  das 
mesm
mas  em  suportar  quan
ntidades  crrescentes  de  solutos,  mantendo‐s
m se  homogê
êneas. 
Uma solução é  dita insatura se aindaa tem capaccidade de d
diluir soluto
o, sem preccipitar 
excessos. A solu
ução saturada é aquelaa em que o ntidade máxima: 
o soluto cheegou à quan
qualq
quer adição
o de soluto vvai ser preccipitada, não
o‐dissolvidaa. 
Porém,  em  algunss  casos  esspeciais  é  possível  manter 
m ma  solução  com 
um
quan
ntidade  de  soluto  acim
ma  daquela  que  pode  ser  dissolvida  em  con
ndições  norrmais. 
Nessse  caso  falaa‐se  em  solução  superrsaturada,  que 
q é  instáável:  com  aalterações  físicas 
f
mínim
mas a quan
ntidade extrra de soluto
o pode ser p
precipitada.
 


 
 
 
Soluçção  Insaturrada  (ou  nãão  saturadaa)  ‐  É  quan
ndo  a  quan
ntidade  de  soluto  usad
do  se 
disso
olve  totalmente,  ou  seja,  a  quan
ntidade  adicionada  é  inferior  ao
o  coeficientte  de 
solub
bilidade. 
Soluçção  Saturaada  ‐  É  qu
uando  o  solvente 
s (o
ou  dispersaante)  já  diissolveu  to
oda  a 
quan
ntidade possível de soluto (ou disp oda a quantiidade agoraa adicionada não 
perso), e to
será dissolvida ee ficará no ffundo do reecipiente. 
 
Soluçção Supersaturada ‐ Isto só acon
ntece quando o solven
nte e soluto
o estão em
m uma 
temp
peratura  em
m  que  seu  coeficientee  de  solubilidade  (solvvente)  é  maior,  e  dep
pois  a 
soluçção  é  resfrriada  ou  aq
quecida,  dee  modo  a  reduzir 
r o  coeficiente  de  solubilid
dade. 
Quan
ndo isso é ffeito de modo cuidadoso, o soluto o, mas a solução 
o permanecce dissolvido
se  to
orna  extrem
mamente  in
nstável.  Qu
ualquer  vibração  faz  precipitar 
p aa  quantidad
de  de 
solutto em excessso dissolvid
da. 
 

Obseervação:  Deenomina‐see  dissolução o  endotérm


mica  aquelaa  em  que  q
quanto  ma aior  a 
temp peratura,  maior 
m o  coeficiente 
c de  solubillidade  do  solvente  (temperatu ura  e 
solubbilidade sãoo diretamennte proporciionais). Tammbém há a  dissolução  exotérmica a, que 
o  menor  a  temperatura,  maior  o
é  o  inverso  da  endotérmiica,  quanto o  coeficiente  de 
solubbilidade do solvente (teemperaturaa e solubilida
ade são invversamente proporcionais). 
 

IV – Medidas de Conce
entração
N estudo  das  soluçções  vamos  empregaar  essenciaalmente  três  medidaas  de 
No 
conccentração: 
 


 
1. Concentração Molar, [J] ou cj: É o número de moles do soluto J dividido pelo 
volume da solução. 
ú
çã
 
Exemplo: Para preparar uma solução 1,0 M (mol/L) de C6H12O6(aq), devemos dissolver 
180g de glicose em água suficiente para produzir  1 L de solução. 
 
2. Molalidade,  bj:  É  o  número  de  moles  do  soluto  J  dividido  pela  massa  do 
solvente usado para preparar a solução. 

 
Exemplo: Para preparar uma solução 1 m (mol/kg) de C6H12O6(aq), devemos dissolver 
180g de glicose em 1,0 kg de água. 
Uma  distinção  entre  concentração  molar  e  molalidade  é  que  a  primeira  varia 
com a temperatura devido à expansão ou contração do volume da solução, enquanto a 
molalidade é independente da temperatura. 
3. Fração  Molar,  xj:  É  uma  medida  de  concentração  intimamente  relacionada  à 
molalidade e está associada às misturas de gases: 
 

ú
ú
 
V ‐ Grandezas parciais molares 
 
Uma  grandeza  parcial molar  é  a  contribuição  (por  mol)  que  uma  substância  faz  a 
uma propriedade total da mistura. A grandeza parcial molar mais fácil de visualização é 
o volume parcial molar, Vj, de uma substância J. Ele representa a contribuição que J 
faz ao volume total da mistura. 
Temos que atentar para o fato de que, apesar de 1 mol de uma substância, quando 
pura,  ter  um  volume  característico,  1  mol  da  mesma  substância  pode  contribuir 
diferentemente para o volume total de uma mistura, pois as moléculas interagem de 
forma diferente nas substâncias puras e nas misturas. 


 
 

   
 

Entretanto,  a  grandeza  parcial  molar  mais  importante  do  ponto  de  vista 
termodinâmico é a energia de Gibbs parcial molar, GJ, de uma substância J, que é a 
contribuição (por mol) de J para a energia de Gibbs de uma mistura.  
 
   
A  energia  de  Gibbs  parcial  molar  tem  exatamente  o  mesmo  significado  que  o 
volume parcial molar. Por exemplo, o etanol tem um determinado valor da energia de 
Gibbs molar quando puro (com cada molécula envolvida apenas por outras moléculas 
de etanol), e tem um valor da energia de Gibbs parcial molar diferente numa solução 
aquosa  de  uma  certa  composição  (onde  cada  molécula  de  etanol  está  envolvida  por 
uma mistura de moléculas de etanol e por moléculas de água). 
A energia de Gibbs parcial molar é tão importante em química que a ela foi dado 
um  nome  e  um  símbolo  especial.  Passaremos,  de  agora  em  diante,  a  chamá‐la  de 
potencial  químico,  e  a  representaremos  por  µ.  Então  a  equação  anterior  pode  ser 
reescrita da seguinte forma: 
μ   μ  
 
onde  µA  é  o  potencial  químico  de  A  na  mistura  e  µB  é  o  potencial  químico  de  B  na 
mistura. 
  O nome “potencial químico” é muito apropriado, pois µJ mede a potencialidade 
de J em produzir transformações físicas e/ou químicas. Uma substância com elevado 
valor  do  potencial  químico  tem  uma  grande  capacidade  de  impulsionar  uma  reação 
química ou outro processo físico qualquer. 
  Precisamos,  agora,  de  uma  fórmula  explícita  para  a  variação  do  potencial 
químico  de  uma  substância  com  a  composição  da  mistura.  Após  uma  série  de 
deduções simples chegamos à seguinte equação: 
 

   
onde   é o potencial químico padrão do gás J, que é idêntico à sua energia de Gibbs 
molar padrão, ou seja, o valor de Gm para o gás puro à pressão de 1 bar. 


 
 
VI ‐ Formação espontânea de misturas 
 

Todos  os  gases  se  misturam  espontaneamente,  pois  as  moléculas  de  um  gás 
podem se misturar com as moléculas de um outro gás. Mas, como podemos mostrar 
que o processo de mistura dos gases é termodinamicamente espontâneo? Precisamos 
mostrar que, a temperatura e pressão constantes, ΔG < 0. 
Deduzindo  a  fórmula  para  o  cálculo  da  energia  de  Gibbs  de  uma  mistura 
chegaremos à seguinte equação: 
 
∆  

∆  

A equação acima nos dá a variação de energia de Gibbs quando dois gases se 
misturam numa data temperatura e pressão. O ponto crucial é que, como xA e xB são 
ambas menores que 1, os dois logarítimos são negativos ( lnx < 0 se x < 1), o que torna 
ΔG  <  0  para  todas  as  composições.  Portanto,  gases  ideais  se  misturam 
espontaneamente em todas as proporções. 

VII ‐ Soluções Ideais 
 

Em  química,  estamos  interessados  tanto  em  líquidos  como  em  gases.  Assim, 
precisamos  de  uma  expressão  para  o  potencial  químico  de  uma  substância  numa 
solução líquida. 
A  base  para  a  obtenção  de  uma  expressão  para  o  potencial  químico  de  um 
soluto é o trabalho realizado pelo químico francês François Raoult (1830 – 1901). Ele 
mediu a pressão parcial de vapor, pj, de cada componente da mistura, que é a pressão 
parcial  do  vapor  de  cada  componente  em  equilíbrio  dinâmico  com  a  solução,  e 
estabeleceu o que hoje se conhece como a lei de Raoult: 
“A pressão parcial do vapor de uma substância numa mistura é proporcional à 
sua fração molar na solução e à sua pressão de vapor quando pura”  


 
 
Em termos matemáticos:  pj = xjpj* 
 
A origem molecular da lei de Raoult é o efeito do soluto na entropia da solução. 
No  solvente  puro,  as  moléculas  têm  uma  certa  desordem  e  uma  entropia 
correspondente;  a pressão de vapor representa uma tendência do sistema e de suas 
vizinhanças  em  alcançar  uma  entropia  maior.  Quando  um  soluto  está  presente,  a 
solução  tem  uma  desordem  maior  do  que  a  do  solvente  puro,  pois  não  podemos 
garantir que uma molécula escolhida ao acaso será a do solvente (ver figura abaixo).  
 

 
Sendo  a  entropia  da  solução  maior  do  que  a  do  solvente  puro,  a  solução 
apresenta  uma  tendência  menor  de  aumentar  a  sua  entropia  pela  vaporização  do 
solvente. Em outras palavras, a pressão de vapor do solvente na solução é menor do 
que a pressão de vapor do solvente puro. 
Uma  solução  hipotética  que  obedece  a  lei  de  Raoult  em  toda  a  faixa  de 
composição, de A puro até B puro, é chamada de solução ideal. 
Nenhuma solução é perfeitamente ideal e as soluções reais apresentam desvios 
em  relação à  lei  de Raoult.  Entretanto,  os  desvios  são  pequenos  para o  componente 
que  está  em  grande  excesso  (o  solvente)  e  se  tornam  menores  à  medida  que  a 
concentração do soluto diminui. 
A importância teórica da lei de Raoult é que, como ela relaciona a pressão de 
vapor com a composição e como sabemos relacionar a pressão ao potencial químico, 
podemos usá‐la para relacionar o potencial químico à composição de uma solução. 


 
Assim,  para  calcular  o  potencial  químico  de  um  solvente  podemos  utilizar  a 
seguinte equação:  
       
 
VIII – Soluções Diluídas Ideais 
 
A lei de Raoult  fornece  uma  boa  descrição  da  pressão  de  vapor  do  solvente 
numa  solução  muito  diluída.  Entretanto,  não  podemos  esperar  que  ela  forneça  uma 
boa descrição da pressão de vapor do soluto,  pois o mesmo está muito longe de ser 
puro  numa  solução  diluída.  Numa  solução  diluída,  cada  molécula  do  soluto  está 
envolvida  pelo  solvente  quase  puro,  o  que  torna  o  seu  ambiente  químico  bastante 
diferente  daquele  onde  o  soluto  está  puro.  Porém,  verificou‐se  experimentalmente 
que, em soluções diluídas, a pressão de vapor do soluto é, de fato, proporcional a sua 
fração molar em solução, tal como para o caso do solvente. Essa dependência linear foi 
descoberta  pelo  químico  inglês  Willian  Henry  (1775  –  1836)  e  se  traduz  na  lei  de 
Henry: 
“A pressão de vapor de um soluto volátil B é proporcional à sua fração molar na 
solução.” 
 

Em termos matemáticos:  pB = xBKB 
 
onde KB é chamada de constante da lei de Henry e é característica de cada soluto. 
 
  A lei de Henry é normalmente obedecida apenas em concentrações baixas do 
soluto  (próximas  de  xB  =  0).  Soluções  que  estão  suficientemente  diluídas  para  que  o 
soluto obedeça a lei de Henry são chamadas de soluções diluídas ideais. 
  A tabela abaixo apresenta as constantes da lei de Henry de alguns gases. Essas 
constantes são utilizadas, freqüentemente, no cálculo da solubilidade de gases, como 
na estimativa da concentração de dióxido de carbono no plasma sanguíneo. 
 
 
 


 
Tabela 1. Constantes da lei de Henry a 25 oC, (K/Torr) 
  Solvente 
  Água  Benzeno 
Metano, CH4  3,14 x 105 4,27 x 105 
Dióxido de Carbono, CO2  1,25 x 106  8,57 x 104 
Hidrogênio, H2  5,34 x 107  2,75 x 106 
Nitrogênio, N2  6,51 x 107  1,79 x 106 
Oxigênio, O2  3,30 x 107   
 
A lei de Henry nos permite escrever uma expressão para o potencial químico de 
um soluto em solução: 
     
 
Essa  expressão  se  aplica  quando  a  é  de  Henry  é  válida,  ou  seja,  em  soluções 
muito diluídas. 
É comum exprimir a concentração de uma solução em termos da concentração 
molar do soluto, [B], em vez da fração molar. A fração molar e a concentração molar 
são proporcionais em soluções diluídas, o que nos permite escrever: 
  
    xB = constante x [B] 
 
Desse modo, a equação anterior pode ser reescrita da seguinte forma: 
 

       
Podemos  combinar  os  dois  primeiros  termos  dessa  expressão  numa  única 
constante, que também representaremos por  , de modo que: 
 
         
 
 
 

10 
 
IX – Soluções Reais: Atividades 
 
Nenhuma  solução  é,  na  realidade,  ideal,  e  muitas  soluções  se  desviam  do 
comportamento de solução diluída ideal quando a concentração do soluto atinge um 
pequeno valor. 
A  atividade,  aj,  de  uma  substância  é  definida  de  forma  que  a  expressão: 
    é  sempre  verdadeira  em  qualquer  concentração,  tanto  para  o 
solvente quanto para o soluto. 
Para  soluções  ideais,  aA  =  xA,  a  atividade  de  cada  componente  é  igual  à  sua 
fração molar. Para soluções diluídas ideais, aA = [B], e a atividade do soluto é igual ao 
valor numérico de sua concentração molar. Para soluções não ideais escrevemos: 
 

                       
 

onde   é o chamado coeficiente de atividade. 
 
  Observe  que  o  solvente  tende  a  seguir  a  lei  de  Raoult  à  medida  que  se  torna 
puro,  1    1. 
Como o soluto tende a seguir a lei de Henry à medida que a solução torna‐se 
mais diluída,  1      0. 
Como  um  líquido  ou  um  sólido  puros  estão  em  seus  estados  padrões,  a 
atividade de um líquido ou um sólido puro é 1, e temos que  .  
 
X – Propriedades Coligativas 
 
Um  Soluto  ideal  não  produz  nenhum  efeito  na  entalpia  de  uma  solução.  Entretanto, 
ele  afeta  a  entropia  da  solução,  induzindo  um  grau  de  desordem  que  não  está  presente  no 
solvente puro. Podemos, portanto, esperar que um soluto modifique as propriedades físicas da 
solução.  Além  de  baixar  a  pressão  de  vapor  do  solvente,  um  soluto  não‐volátil  produz  três 
efeitos principais:  
(i) eleva o ponto de ebulição de uma solução;  
(ii) abaixa o ponto de congelamento da solução 
(iii) dá origem a pressão osmótica. 

11 
 
 
Uma vez que as propriedades surgem de variações na desordem do solvente, e sendo 
o aumento da desordem independente da natureza da espécie química do soluto, esses efeitos 
dependem apenas do número de partículas presentes e não da sua natureza química. Por essa 
razão, são chamadas de propriedades coligativas. 
 
1. Elevação Ebulioscópica e Abaixamento Crioscópico 
O efeito de um soluto é o de elevar o ponto de ebulição de um solvente e de baixar o 
seu ponto de congelamento. A elevação do ponto de ebulição, ΔTeb, e o abaixamento do ponto 
de congelamento,  ΔTf ,são ambos proporcionais à molalidade, beb , do soluto: 
 
ΔTeb  = Kebbeb    ΔTf  = Kfbeb 
 

onde  Keb  é  a  constante  ebulioscópica  e  Kf  é  a  constante  crioscópica  do  solvente.  As  duas 
constantes  podem  ser  calculadas  a  partir  de  outras  propriedades  do  solvente,  mas  é  melhor 
considerá‐las como constantes empíricas (ver tabela abaixo).  
 

 
A origem das propriedades coligativas é a diminuição do potencial químico do solvente 
devido  à  presença  do  soluto.  Como  sabemos  os  pontos  de  congelamento  e  de  ebulição 
correspondem  à  temperaturas  nas  quais  a  curva  da  energia  de  Gibbs  molar  do  líquido 
intercepta  as  curvas  da  energias  de  Gibbs  molares  da  fase  sólida  e  gasosa.  Como  estamos 
agora tratando de misturas, devemos raciocinar em termos da energia de Gibbs parcial molar 
(potencial químico) do solvente. 
A  elevação  do  ponto  de  ebulição  é  muito  pequena  para  ter  um  significado  prático. 
Uma  conseqüência  prática  do  abaixamento  do  ponto  de  congelamento,  portanto  do 
abaixamento do ponto de fusão do sólido puro, é o seu uso em química orgânica para avaliar a 
pureza de uma amostra, pois qualquer impureza diminui o ponto de fusão de uma substância 

12 
 
em  relação  ao  seu  valor  tabelado.  A  água  salgada  dos  oceanos  congela  numa  temperatura 
inferior  à  da  água  doce;  em  países  de  clima  muito  frio,  espalha‐se  sal  nas  rodovias  para 
retardar o início do congelamento das pistas. 
 
2. Osmose 
 
 Consideremos um sistema constituído por uma solução separada do solvente puro por 
uma membrana semipermeável. O fenômeno da osmose é a passagem do solvente puro para 
a solução através da membrana semipermeável. Essa membrana é permeável ao solvente mais 
não ao soluto. 
A pressão osmótica, Π (letra pi maiúscula), é a pressão que deve ser aplicada à solução 
para  interromper  o  fluxo  de  entrada  do  solvente.  Um  dos  mais  importantes  exemplos  de 
osmose é o transporte de fluídos através de membranas celulares, mas a osmose também é a 
base da técnica denominada osmometria, através da qual a massa molar, principalmente  de 
macromoléculas, é determinada pela medição da pressão osmótica. 
A pressão osmótica de uma solução é proporcional à concentração do soluto. Pode‐se 
demonstrar  que  a  expressão  da  pressão  osmótica  (equação  de  Van’t  Hoff)  de  uma  solução 
ideal tem uma semelhança inesperada com a expressão da pressão de um gás perfeito, como 
pode ser observado abaixo: 
Equação de Van’t Hoff:    Π V = nBRT 
Equação do gás perfeito:   pV = nRT 
 
Como nB/V = [B] podemos reescrever a equação de Van’t Hoff da seguinte forma: Π = [B]RT 
Essa  equação  aplica‐se  somente  apenas  a  soluções  que  são  suficientemente  diluídas  para 
apresentar comportamento ideal. 

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