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Manual UFCD 0806 - Princípios

metodológicos de programação (VBA)


Fernando Mesquita
14-12-2020
Este manual tem como objectivo apoiar o ensino das técnicas de programação de
computadores, utilizando, como ambiente de aplicação, programas como o gestor
de folhas de cálculo Excel.
Destina-se assim aos alunos que já possuem alguns conhecimentos da
utilização e funcionamento desta aplicação. Concretamente, presume-se que estão
já familiarizados com os conceitos de folha de cálculo, de livro de trabalho, de
fórmulas e funções standard. A linguagem de programação que vai ser utilizada
será o VBA (Visual Basic for Applications). É uma linguagem que permite
acrescentar capacidades adicionais a certo tipo de aplicações informáticas,
concretamente as pertencentes ao Microsoft Office, entre as quais o Excel e o
Word. Permite ainda automatizar a realização de muitas tarefas rotineiras nessas
aplicações.
Como o próprio nome indica, trata-se duma adaptação da linguagem genérica
de programação Visual Basic de modo a poder ser utilizada no ambiente específico
das aplicações Office.
Índice
Índice ............................................................................................................................................. 2
1 Conceitos Básicos.................................................................................................................. 4
1.1 O que é um Macro? ...................................................................................................... 4
1.2 Técnicas de construção dum Macro ............................................................................. 4
1.3 Gravação de um Macro ................................................................................................. 5
1.4 A escrita de um Macro ................................................................................................. 6
1.5 O editor de VBA ............................................................................................................ 6
1.6 Criação de um Macro .................................................................................................... 8
2 Variáveis e Tipos de Dados .................................................................................................... 9
2.1 Conceito de variável ....................................................................................................... 9
2.2 Criação das variáveis .................................................................................................... 10
2.3 Tipos de Dados ............................................................................................................ 12
2.4 A operação de Atribuição............................................................................................ 13
2.5 O uso de constantes .................................................................................................... 14
3 Como trabalhar com Objectos ........................................................................................... 14
3.1 Propriedades, Métodos e Eventos ............................................................................... 16
4.1.1 Propriedades ...................................................................................................... 16
4.1.2 Métodos.............................................................................................................. 17
4.1.3 Eventos ............................................................................................................... 17
3.2 Os objectos do Excel mais comuns ........................................................................... 19
4.2.1 Como trabalhar com as propriedades dos objectos Excel........................... 20
4.2.2 Como aplicar métodos aos objectos ................................................................ 20
3.3 Objectos gráficos ........................................................................................................ 21
4.3.1 MsgBox ............................................................................................................... 21
4.3.2 InputBox ............................................................................................................. 23
4.3.3 Forms .................................................................................................................. 24
4.3.4 Botões de Comando ........................................................................................... 25
4.3.5 Rótulos ................................................................................................................ 25
4.3.6 Caixas de Texto................................................................................................... 25
4.3.7 Botões de Opção ................................................................................................ 26
4.3.8 Caixas de Verificação .......................................................................................... 27
4.3.10 Caixas de Listagem ............................................................................................. 28
4 Estruturas de controlo do programa ................................................................................... 30
4.1 Estruturas de controlo condicional ............................................................................. 30
5.1.1 If...Then...Else .................................................................................................... 30
5.1.2 If...Then ............................................................................................................... 32
5.1.3 Estruturas condicionais embutidas ................................................................... 33
4.2 Estruturas de controlo repetitivo ................................................................................ 35
5.2.1 Estruturas de Controlo Do...Loop ..................................................................... 35
5.2.2 Ciclos controlados por contador....................................................................... 37
5.2.3 Ciclos controlados por sentinela ...................................................................... 39
5.2.4 Estrutura de Controlo For..To..Next................................................................. 40
5.2.5 Estruturas de controlo repetitivo imbricadas ................................................. 42
4.3 Variáveis indexadas - vectores e matrizes ................................................................... 43
5.3.1 Declaração de vectores ...................................................................................... 45
5.3.2 Processamento de vectores .............................................................................. 46
5 Funções e Procedimentos .................................................................................................... 49
5.1 Exemplo de função criada pelo programador ............................................................. 50
5.2 Como aceder às funções standard do Excel .............................................................. 51
6 Programação do Excel usando VBA .................................................................................... 51
6.3 Trabalhar com objectos Range...................................................................................... 54
7 Adicionando uma interface gráfica ...................................................................................... 56
7.2 Instalação dos Controlos.............................................................................................. 57
7.3 Incorporação da Form na sub-rotina........................................................................... 58
Como visualizar e terminar uma Form .......................................................................... 58
Como recolher os resultados de uma Form ................................................................. 59
Exemplo de aplicação ........................................................................................................ 60
7.4 Exemplo de aplicação mais elaborado ........................................................................ 61
8 Notas finais ......................................................................................................................... 63
Referências .................................................................................................................................. 63
1 Conceitos Básicos

O VBA constitui uma ferramenta poderosa nas mãos de programadores experientes, mas
pode, ao mesmo tempo, ser muito útil a qualquer utilizador, mesmo inexperiente.
De facto, no dia a dia da utilização destas aplicações, defrontamo-nos com a
necessidade de repetir a mesma tarefa várias vezes ao dia ou, de em certas ocasiões, ter
que repetir uma determinada tarefa uma série de vezes de seguida. Seja escrever ou
formatar um certo texto, seja executar uma série de comandos ou escolher opções de
menus, seja ainda realizar a formatação complexa de um documento, são inúmeras as
ocasiões em que dava jeito poder automatizar essas tarefas repetitivas.
É aqui que entra o VBA, permitindo a construção daquilo que se designa vulgarmente
por macros.

1.1 O que é um Macro?


Um macro contém uma lista das instruções a realizar para executar uma
determinada tarefa. No fundo, é um programa escrito em VBA, que indica a uma
aplicação como o Excel quais os passos a dar para atingir um objectivo específico.
Pode-se dizer que um macro não é mais que uma descrição formalizada das tarefas que
se pretende automatizar. Os macros incluem instruções que interagem com elementos
da aplicação. Por exemplo, quando, numa aplicação Office se pretende fechar uma
janela, pode-se seleccionar a opção de menu Close. Um macro escrito em VBA, usará a
seguinte instrução para obter
o mesmo efeito:
ActiveWindow.Close
Existem duas formas alternativas de criar um macro mas a forma como ele é criado
não muda o seu conteúdo, continuando a ser um contentor de uma lista de instruções
a realizar pela aplicação em que está instalado.

1.2 Técnicas de construção dum Macro


Se bem que um macro seja um programa em VBA, nem sempre é necessário escrevê-lo de
forma explícita, ou seja, escrevendo especificamente as instruções VBA que o compõem.
Sobretudo quando os macros são simples, é muitas vezes mais prático criá-los de forma
automática, gravando a sequência de passos que ele deverá executar na aplicação.
Esta forma de criar um macro corresponde a mostrar ao computador o que fazer para
conseguir obter o resultado pretendido. O utilizador indica ao programa que se vai entrar
num modo de gravação do macro e inicia a execução da sequência de acções que
normalmente teria que executar. Quando chega ao fim dessa sequência, indica ao
programa que a gravação terminou. Após ter atribuído a essa sequência uma combinação
de teclas especial, esse macro estará pronto a ser executado, substituindo assim o conjunto
de acções que anteriormente seriam necessárias. Tudo se passa como se estivéssemos a
ensinar a aplicação pelo exemplo.
Se se investigar, no entanto, o conteúdo desse macro, verificar-se-á que ele é composto
precisamente por instruções escritas em VBA, sendo que a cada acção ou comando da
aplicação corresponderá uma instrução (ou conjunto de instruções) específica do macro. A
forma alternativa de construir um macro será assim introduzir essas instruções num editor
de texto apropriado. É essa, de facto, a forma de criar um macro quando o seu âmbito é
algo não trivial.

1.3 Gravação de um Macro


Quando uma dada operação envolvendo uma série de acções deva ser utilizada
frequentemente faz sentido tentar automatizar a sua execução.
Para gravar um macro que seja capaz de efectuar essas acções, haverá que invocar o modo
de gravação de macros, mediante o Menu "Tools/Macros/Record a New Macro" (em Excel),
o que fará aparecer a janela descrita da Figura 1. Nela se pode especificar o nome do
macro, a localização em que será armazenado, uma descrição das suas funções e ainda a
combinação de teclas (Shortcut key) que será utilizada para arrancar com o macro, uma vez
este construído.

Figura 1: Janela de invocação do ambiente de Gravação de Macros

Figura 2: Janela de Gestão de Macros


Após se premir a tecla OK, aparecerá uma pequena janela que permitirá controlar o
processo de gravação e dever-se-á dar início à execução das acções que o macro vai
substituir. Quando se tiver executado a última acção a incluir no macro, basta dar a
indicação de que a gravação terminou.
Uma vez tal realizado, esse macro passará a estar disponível mediante a invocação da
combinação de teclas especificada anteriormente (no caso da Figura 1 na página pre-
cedente, seria Ctrl+Shft+M) e realizará, de forma automática, exactamente a mesma
sequência de acções que tínhamos realizado manualmente.
Em alternativa, mediante a combinação de teclas ALT-F8, pode ser accionada a
janela de Gestão de Macros (Figura 2), onde, entre outras acções, pode ser escolhido o
macro a ser executado.
Para facilitar o acesso às facilidades de gravação e edição de macros, será conveniente
tornar visível de forma permanente a barra de ferramentas de Visual Basic (Figura 3). No
Excel, isto poderá fazer-se mediante a opção de Menu "View/Toolbars/Visual Basic".

Figura 3: Barra de Ferramentas de VBA

1.4 A escrita de um Macro


Ensinar pelo exemplo ao Excel como fazer as coisas é um método expedito de
construir um macro, mas tem as suas limitações. Já que um macro não é mais que um
programa escrito em VBA, porque não tratá-lo como tal e aceder ao seu código,
alterando-o de forma a melhorar a sua eficiência ou a corrigir problemas. E já agora,
porque não criá-los de raiz, aproveitando todo o poder duma linguagem como o
VBA?

1.5 O editor de VBA


Para aceder ao editor especializado de Visual Basic (Figura 4), que se encontra integrado no
próprio Excel, basta utilizar o icone adequado na barra de ferramentas ou usar direc-
tamente a combinação de teclas ALT-F11. Tornando a premir esta combinação de teclas,
voltaremos à nossa folha de cálculo. A este editor especializado é também dado o nome de
Integrated Development Environment (IDE) ou Ambiente de Desenvolvimento Integrado e
é semelhante à aplicação autónoma usada para o desenvolvimento de programas em
Visual Basic.
Figura 4: Editor integrado do VBA

Do lado esquerdo na Figura 4 podem-se ver duas janelas, a primeira das quais é
designada por Explorador de Projectos e que serve para mostrar o conteúdo do projecto
VBA actual. Um projecto em VBA inclui um ficheiro duma aplicação Office (como, por
exemplo, uma folha de cálculo do Excel) e todos os ficheiros VBA associados, incluindo os
próprios macros e eventuais user forms (janelas de interface próprias utilizadas pelos

Figura 5: Criação de novo Módulo macros1).


Para poder começar a escrever macros usando o VBA é necessário criar um módulo
que o possa albergar, o que é conseguido usando a opção de menu "Insert/Module". Como
consequência, para além do novo módulo aparecer referido na janela do Explora- dor de
Projectos, será criada uma janela nova onde será possível escrever o código que constitui o
novo macro. Se já existir algum módulo criado, bastará seleccionar o módulo pretendido no
explorador de projectos, posicionar o cursor na janela correspondente a esse módulo,
numa área fora de qualquer macro já existente, e seleccionar a opção de menu
"Insert/Procedure". Aparecerá uma janela própria (Figura 5) onde será possível dar o nome
ao novo procedimento (o conjunto de instruções que constituirá o macro), especificar o
tipo de macro que vai ser construído (função ou procedimento2) e qual o âmbito da sua
utilização (privada ou pública, ou seja, limitada ou não ao ficheiro actual).

1.6 Criação de um Macro


Está na hora de construir o primeiro macro em VBA. Suponhamos que se pretende
criar um macro que verifique se o valor presente numa determinada célula é superior a
um dado limite e que, caso seja, disso notifique o utilizador. A sub-rotina em que esse
macro deverá assentar poderá ter o seguinte conteúdo:
Listing 1: VerificaValor - exemplo de função definida pelo utilizador

1 Public Sub v e r i f i c a V a l o r ()

2 I f Ce l l s ( 2 , 2 ) > 100 Then

3 MsgBox " Valor ¸maximo¸ exce d id o ! "

End I f
1Sobre o assunto, ver Secção 8.
2A distinção entre funções e procedimentos (ou sub-rotinas) será abordada mais à frente.

Não nos vamos de momento preocupar com os detalhes do código que constitui o
macro. Basta verificar que, em 1o lugar, é constituído por uma linha de cabeçalho que
especifica o tipo de macro (neste caso, uma sub-rotina (Sub) ou procedimento) e o seu
nome (verificaValor). O corpo do macro é composto pela estrutura de controle
condicional (If...Then3) que vai verificar se o conteúdo da célula B24 é ou não maior
que o valor 200. Caso essa condição seja verdadeira, o macro apresentará uma mensagem
no ecran dizendo que o valor máximo foi excedido. Finalmente, o macro é terminado com
uma linha contendo "End Sub".
O que este simples macro faz, portanto, é verificar o conteúdo de uma célula específica
da folha de cálculo e avisar o utilizador caso o valor nela contido ultrapassar um valor pré-
determinado. Sempre que for necessário fazer esta verificação, bastará invocar a
combinação de teclas que tenha sido associada a este macro.
É verdade que esta verificação poderia ter sido realizada colocando numa célula uma
fórmula contendo a função standard do Excel IF. Mas suponhamos agora que se pretende
algo mais complicado, por exemplo, fazer essa verificação num conjunto de células e
apenas desencadear o alarme caso mais do que duas dessas células ultrapassem o limite
estabelecido. A sub-rotina modificada poderia ser algo como:
Listing 2: verificaGama - exemplo de função definida pelo utilizador

1 Public Sub verifica Gama ()

2 Dim i As Integer , c As Integer

3 c=0

4 For i = 1 To 5

5 I f Ce l l s ( i , 3 ) > 100 Then

6 c=c+ 1
7 End I f

8 Next

A verificação é agora repetida em todas as células de C1 a C5 graças aos serviços da


estrutura de controlo repetitivo For...To...Next 5 que executará 5 vezes as instruções
contidas nas linhas 5 a 7. Para além de verificar o conteúdo da célula em análise, é
ainda actualizado um contador, baseado na variável c (ver linha 6), sempre que o valor
contido nessa célula ultrapasse o limite. Só quando o valor desse contador for maior
que 2 será gerada a mensagem de alarme.
Estaremos já em posição de perceber a utilidade de construir os macros usando
directamente o VBA. Não seria trivial resolver este problema usando apenas fórmulas e
certamente impossível executando comandos e seleccionando menus do Excel.
A um macro criado usando directamente o VBA pode também ser associada uma
combinação de teclas que facilite o seu acesso. Isso pode ser feito através do botão
3Ver Secção 5.1.2 na página 35.
4Cells(2,2) refere-se à célula B2 (2a coluna, 2a linha)
5
Ver Secção 5.2.4 na página 43.

Options na Janela de Gestão de Macros, invocada mediante ALT-F8.

2 Variáveis e Tipos de Dados


A informação processada por um macro pode ser de diferente natureza e existir em
diferentes formatos. Genericamente um programa pode utilizar, entre outras,
informação numérica e informação chamada alfanumérica, ou seja texto. A linguagem
VBA consegue lidar com informação de diversos tipos, que detalharemos adiante na
Secção 3.3 na página 16.

2.1 Conceito de variável


Uma variável é uma localização de memória em que a informação pode ser guardada
de modo a ser usada por um macro. Cada variável é caracterizada pelo seu nome e pelo
seu tipo, ou seja, o tipo de dados que pode armazenar. O conteúdo de uma variável
pode mudar durante a execução do macro. Existem algumas regras governando a
escolha do nome duma variável:

1. Deve obrigatoriamente começar por uma letra;

2. Não pode conter espaços nem caracteres como vírgulas ou pontos;

3. Não pode exceder 255 caracteres;

4. Não pode ser igual a uma palavra reservada para o VBA.


O tipo da variável especifica qual o tipo de dados que pode conter. Uma variável de um
determinado tipo não está preparada para armazenar dados de um tipo diferente. A razão
para este facto é que o espaço necessário para armazenar diferentes tipos de dados não é
o mesmo. Enquanto um inteiro simples pode ser guardado em 2 bytes de memória 6, para
guardar um número real podem ser necessários 8 bytes (ou mesmo mais, dependendo da
precisão requerida). A Figura 6 na página seguinte ilustra graficamente esta realidade.

2.2 Criação das variáveis


Ao acto de criação de variáveis chama-se declaração. Criar uma variável envolve dar-lhe
um nome e reservar em memória o espaço necessário para que ela possa guardar o tipo
de dados para o qual está a ser criada. O acto de declarar a variável informa o VBA
àcerca do nome pelo qual ela será conhecida assim como qual o tipo de dados que ela
deverá estar preparada para receber.
Como é óbvio, nenhuma variável pode ser utilizada antes de ser criada. A declaração
deve, pois, preceder a sua utilização. Desde que se siga esta regra, é possível inserir
declarações em qualquer ponto do macro. No entanto, é boa prática agrupar todas as
6Para armazenar números que podem variar entre -32768 e 32767, ou seja 65536 valores
diferentes, há necessidade de dispor de 16 unidades básicas de informação (bits), ou seja dois bytes
(1 byte = 8 bits). De facto, se cada bit apenas pode representar um valor binário (0 ou 1), 16 bits
poderão representar até 216 = 65536 valores diferentes.
Figura 6: Diferentes tipos de dados e o seu armazenamento em memória

declarações necessárias num bloco a colocar no início, para mais fácil manutenção do
programa.
Em VBA, existem duas formas de declaração de variáveis: explícita e implícita. A
declaração explícita exige a utilização da instrução específica
Dim ... As (Dimensionar ...
Como). Por exemplo, a
instrução

Dim Preço As Integer

cria (declara) uma variável com o nome Preço e do tipo Integer, ou seja, dimensio-
nada para receber dados do tipo integer (inteiro simples7).
A declaração implícita resume-se a utilizar pela primeira vez uma variável sem qual-
quer declaração explícita prévia, dando-lhe um nome e atribuindo-lhe um valor. O VBA
criará automaticamente a variável do tipo pretendido.
Esta segunda forma de declarar variáveis tem, a despeito da sua simplicidade, um
problema grave: é possível, por distracção, criar uma variável nova indesejada, quando
o que se pretendia era apenas escrever o nome de uma variável já existente. Suponha,
por exemplo, que havia criado uma variável "Distancia" mediante a instrução8:
7
A discussão dos vários tipos de dados suportados pelo VBA será feita na Secção 3.3 na
próxima página.
8Como se verá na secção 3.4 na página 17, esta instrução guarda na variável "Distancia"o valor
1260
Distancia=1260

Como é a primeira vez que o VBA encontra esta palavra ("Distancia"), partirá do
princípio que se trata de uma variável ainda por declarar e tratará de a criar, substituindo-
se ao programador. Dar-lhe-á o nome "Distancia" e dimensiona-la-á de forma a poder
guardar inteiros simples, já que é essa a utilização sugerida na instrução.
Agora suponha que adiante no programa, por engano, escrevia "Distncia" ao referir-se
à variável em causa. O VBA não emitirá nenhum alerta, já que aceitou tranquilamente
"Distncia" como uma nova variável. A forma mais prudente de lidar com declarações de
variáveis é, pois, utilizar apenas declarações explícitas, e instruir o VBA para não aceitar
declarações implícitas, gerando uma mensagem de erro apropriada. Para tal, deverá ser
acrescentada a instrução Option Explicit no início do módulo contendo o macro.

Figura 7: Como forçar a declaração explícita automaticamente

Se se pretender que seja esse o comportamento automático do VBA em todos


os módulos, deverá seleccionar-se no Editor do VBA a opção "Require Variable
Declaration"no sub-menu Options do menu Tools.

2.3 Tipos de Dados


Como já vimos, um macro deverá poder lidar com diferentes tipos de dados. A lingua-
gem VBA suporta, entre outros, o tratamento dos seguintes tipos de dados descritos
na Tabela 1 na próxima página
Quando declaramos variáveis dever-se-á, em princípio, especificar qual o tipo de dados
que ela irá suportar. No entanto, em VBA é possível omitir a especificação do tipo de dados
na declaração de variáveis. O VBA criará uma variável do tipo Variant capaz de armazenar
qualquer tipo de dados. O que, à partida, parece uma boa ideia acaba por não o ser
porque, entre outros motivos, implica um gasto excessivo de memória e torna a execução
dos macros mais lenta. Será, portanto, de evitar, na medida do possível.
Tipo Descrição
Integer Inteiro simples, usado para representar inteiros entre -32768 e 32767
Long Inteiro longo, ou seja, compreendido entre -2.147.483.648 e
2.147.483.647
Single Real representado com precisão simples, com valores negativos compre-
endidos entre cerca de -3,4E38 e -1,4E-45 e valores positivos entre cerca
de 1,4E-45 e 3,4E38
Double Real representado com precisão dupla, usado para representar números
reais muito maiores ou muito mais pequenos que com o tipo single
String Usado para representar texto (informação alfanumérica como letras,
algarismos e símbolos especiais); strings são representadas entre aspas
Boolean Usado para representar valores lógicos (True ou False)
Date Usado para representar datas ou valores de tempo; são representados
entre caracteres #
Object Serve para guardar referências a objectos
Tabela 1: Tipos de dados suportados pelo VBA

2.4 A operação de Atribuição


A operação de Atribuição permite guardar um dado numa variável, ou seja, atribuir-lhe
um valor. A sintaxe utilizada por esta operação é a seguinte:

Variável = Valor

O resultado da operação será, portanto, o de guardar Valor em Variável. Valor


pode ser um valor constante ou o conteúdo de outra variável. Neste caso, a atribuição
consistirá na cópia do conteúdo de uma variável para outra do mesmo tipo. A instrução
seguinte copia o valor contido na variável idade para a variável temp (partimos do
princípio que ambas são do tipo integer ):

temp = idade

Pode ainda ser atribuído a um variável o resultado de uma expressão ou o valor


devolvido por uma função. Atente-se nos seguintes exemplos:

total = peso1 + peso2


resultado =
sqrt(2+peso)

No 1o exemplo, o VBA resolverá em primeiro lugar a expressão à direita do


operador de atribuição (=), somando os conteúdos das variáveis peso1 e peso2, após o
que copiará esse resultado para a variável total.
No 2o exemplo, a expressão à direita é composta por uma função standard do VBA
(sqrt()). Esta função calcula a raiz quadrada do valor ou expressão que se encontrar
dentro dos seus parêntesis. Assim sendo, o VBA calculará em 1o lugar o resultado da
expressão 2 + peso, fornecerá esse valor à função sqrt(), após o que copiará o valor
fornecido por essa função para a variável resultado.
É importante que se perceba que a operação de atribuição é uma operação
destrutiva. Se a variável contiver já um valor, uma operação subsequente de
atribuição sobre essa
variável, substituirá o valor nela contido pelo novo valor. Convém, assim, lembrar que nesta
operação o fluxo da informação se faz sempre da direita para a esquerda e não o
contrário.
Há ainda que ter em atenção o facto de que não é normalmente aconselhável atribuir
um valor de um dado tipo a uma variável de tipo diferente. Os resultados podem ser a
perda de informação ou o mau funcionamento do programa. O VBA poderá gerar uma
mensagem de erro mas tal nem sempre acontece, podendo produzir-se comportamentos
anómalos difíceis de detectar e corrigir.

2.5 O uso de constantes


Uma constante consiste num nome que é dado a um valor numérico ou a uma cadeia de
caracteres, e que pode ser usado dentro do programa na vez desses valores. Funciona
como uma espécie de sinónimo. A utilização de constantes em substituição dos valores que
representa justifica-se pelo seguinte facto: se um dado valor constante fôr utilizado muitas
vezes ao longo dum programa, caso ocorra a necessidade de o modificar, seremos forçados
a corrigir manualmente todas as ocorrências desse valor, correndo, além disso, o risco de
nos enganarmos. Se, ao invés, for definida uma constante com esse valor, bastará modificar
essa definição inicial para que tal mudança automaticamente se repercuta em todas as
ocorrências dessa constante no decurso do programa. A sintaxe da definição de constantes
é a seguinte:
Const Nome As tipo = expressão

Por expressão entende-se um valor numérico, uma cadeia de caracteres, ou uma ex-
pressão cujo resultado seja um destes tipos de valores.
Caso, por exemplo, seja necessário usar ao longo de um macro um mesmo factor em
vários cálculos, faz sentido definir esse factor como constante e usar o seu nome em vez
dele:

Const Factor as Single = 1.347

Sempre que seja subsequentemente necessário utilizar este factor numa expressão,
usar-se-á Factor em vez de 1.347.

3 Como trabalhar com Objectos


Para que uma macro possa manipular o ambiente da aplicação, seja modificando a
formatação de um documento, modificando opções da aplicação ou introduzindo dados
numa gama de células, vai ser preciso interagir com Objectos. Genericamente, pode dizer-
se que um objecto é algo que pode ser visto, tocado, sentido. Em VBA, considera-se um
objecto tudo aquilo que pode ser visto e que pode ser manipulado de alguma forma.
Quer o documento, quer uma célula ou gama de células, quer a própria aplicação são
considerados, para os efeitos de programação em VBA, como sendo objectos. Mas podem
ainda existir outros objectos, nomeadamente aqueles que permitem construir uma
interface gráfica específica do macro. A esses objectos gráficos chamamos controlos e são
colocados em janelas especiais chamadas forms.
Na Figura 8 podem ser observados vários objectos instalados numa form: uma caixa de
texto, dois botões de comando, vários rótulos ou etiquetas e uma caixa de verificação.
Através deles é possível o macro interagir com o utilizador. Veremos em detalhe mais à
frente para que servem e como utilizar estes diferentes objectos.

Figura 8: Uma Form e vários Controlos

Os objectos podem ser manipulados de várias formas:

 podemos mudar as suas propriedades, que traduzem características próprias dos



objectos;

 podemos aplicar um método a um objecto, ou seja, executar uma acção


sobre ele; podemos especificar uma sub-rotina que será executada sempre
• que um determinado

 evento ocorra nesse objecto.


Vamos agora utilizar a analogia para introduzir estes conceitos. Consideremos um
automóvel:
 As suas "propriedades" são características físicas como o modelo, o peso
• ou a cilindrada;

•  Os seus "métodos" especificam o que pode ser feito com ele: acelerar, travar,
mudar de direcção, etc;

 Os seus "eventos" são ocorrências que provocarão respostas automáticas por


• parte do automóvel, como seja, um alarme que dispara (resposta) caso
desliguemos o carro com as luzes ligadas (evento).
3.1 Propriedades, Métodos e Eventos
Vamos, de seguida, aprofundar estes conceitos de propriedades, métodos e eventos.

4.1.1 Propriedades
As propriedades de um objecto são as suas características físicas. Como na vida real, cada
objecto possui características próprias ou propriedades, que podem ser quantificadas ou
especificadas, como sejam as suas dimensões ou o tipo de letra que usa. A cada objecto
está associada uma lista de propriedades a que é possível atribuir valores, determinando a
sua aparência, localização e outros detalhes. Pode-se então dizer que as propriedades de
um objecto definem a forma como ele se apresenta ou se comporta.
Diversos objectos podem partilhar a mesma propriedade. Essa propriedade, no
entanto, pode afectar esses objectos de forma diferente.

Caption Define o texto a afixar na barra de título das forms, da legenda


(“caption”) dos botões de comando, ou nos rótulos (“label”)
Name Define o nome pelo qual o objecto é identificado
Left Define o afastamento entre uma “form” e o limite esquerdo do ecrã
ou entre um controlo e o limite esquerdo da form
Top Define o afastamento entre uma “form” e o topo do ecrã ou entre um
controlo e o topo da “form”
Height Define a altura do objecto
Width Define a largura do objecto
Font Especifica qual o tipo de letra a usar nos controlos
Visible Permite controlar o aparecimento de um dado objecto
Tabela 2: Propriedades mais comuns dos objectos gráficos VBA

Já vimos que quer os elementos do Excel como folhas de cálculo ou próprio


documento, quer elementos constituintes de interfaces gráficas que os macros possam
utilizar, são considerados objectos. Na Tabela 2 são descritas algumas das propriedades
mais importantes e que são comuns à maior parte dos objectos gráficos.
Os valores que as propriedades de um dado objecto tomam podem ser consultados ou
modificados usando a janela de propriedades (Figura 9 na página seguinte). Nessa janela
aparece a lista de propriedades do objecto que estiver nesse momento seleccionado . Nela
pode observar, entre outras, algumas das propriedades referidas na lista acima (Caption,
Height e Font ) e os respectivos valores no momento.
Figura 9: Janela de Propriedades

4.1.2 Métodos
Os métodos traduzem acções que um macro pode realizar sobre os objectos. Por exemplo,
aplicar o método Save ao objecto ActiveDocument implica desencadear o processo de
salvaguardar o conteúdo do documento activo num determinado ficheiro. Aplicar o
método Clear a um objecto da classe ListBox terá como consequência a eliminação de
todas as linhas nele contidas. A cada classe de objectos é possível aplicar um determinado
conjunto de métodos.
Para vermos como um método é aplicado a um objecto, vamos considerar o objecto
Worksheet, que representa uma folha de cálculo do Excel. Se pretendermos que o nosso
macro mova essa folha para uma nova posição dentro do Livro de Trabalho (Workbook ), ele
deverá aplicar o método Move a esse objecto, usando a seguinte sintaxe:

Worksheet.Move([Before][, After])

Exemplificando, se quisermos que o macro desloque a folha de cálculo "Dados


2009"para a posição imediatamente a seguir à folha "Dados 2008", o comando a inserir no
macro será:

Worksheets("Dados 2009").Move Before:=Worksheets("Dados


2008")

Como veremos mais à frente, o objecto Worksheet é definido como um elemento do


conjunto de folhas de cálculo contidas no Livro de Trabalho. Este conjunto de folhas é
representado por Worksheets(). Assim sendo, Worksheets("Dados 2009") refere-se à folha
de cálculo com o nome "Dados 2009".

4.1.3 Eventos
Os eventos são acções que, uma vez exercidas sobre um objecto, implicam a
possibilidade de ocorrer uma resposta automática por parte dele. Basicamente, um
evento é algo que acontece a um objecto. Por exemplo, a abertura de uma folha de um
livro de trabalho (workbook ) em Excel é um evento. A inserção de uma nova folha no
livro de trabalho é
outro exemplo de evento.
Para que um objecto possa reagir a um dado evento deverá existir, previamente pro-
gramado, um procedimento especial, chamado event handler, que vai especificar o que
fazer caso esse evento ocorra. Sem isso, o objecto detectará esse acontecimento mas não
saberá o que fazer. Nenhuma resposta será produzida.

Figura 10: Lista de eventos disponíveis

Na Figura 10 pode ver-se a janela de escrita de código de macros. Na parte de cima, à


direita, pode ser acedida a lista de eventos disponíveis para o objecto Worksheet 9.
Seleccionando um dos eventos, será possível construir o procedimento event handler que
permita ao objecto Worksheet reagir a esse evento. O cabeçalho e o delimitador final são
criados automaticamente pelo editor do VBA, sendo da responsabilidade do programador a
inclusão das instruções necessárias. Na figura são referidos vários eventos que podem
ocorrer no objecto Worksheet, tais como o Activate que ocorre sempre que uma folha de
cálculo se torna activa, ou o Change que é desencadeado por qualquer alteração ao seu
conteúdo. Assim sendo, um mesmo objecto, por exemplo, a Worksheet pode estar
preparada para reagir a diferentes eventos, desde que possua event handlers específicos
para esses eventos.
Para tentar esclarecer melhor o conceito de evento e a questão de como organizar a
resposta do objecto a um evento, vamos apresentar um exemplo utilizando apenas objectos
gráficos dispostos numa form. Repare-se na Figura 11 na página seguinte: o que se
pretende aqui é um macro capaz de verificar se um dado número inteiro, introduzido pelo
utilizador usando a interface descrita na figura, é ou não um número primo. Parte- se do
princípio que todos sabem o que é um número primo e não nos vamos agora debruçar
sobre os detalhes do código que o event handler deverá conter para produzir o efeito
desejado. Preocupemo-nos, de momento, apenas com as interacções entre as várias
entidades que intervêm no processo.
Como é visível na Figura 11 na próxima página, existem vários objectos (chamados
controlos) na interface. Entre eles, têm particular interesse para esta discussão a caixa de
texto txt1, o rótulo lbl2 e o botão de comando command1. Quando o utilizador pretende
utilizar o macro, uma vez este invocado, deverá introduzir o número a testar em txt1 e
pressionar ("clicar") o botão command1. Quando isso acontece, diz-se que ocorreu um
evento click no botão command1. Se esse botão não dispuser de nenhum event handler
para lidar com esse tipo de evento, nada se passará. No entanto, se se tiver
previamente
9Isto porque as diferentes classes de objectos não são necessariamente sensíveis aos mesmos
tipos de eventos.

Figura 11: Objectos e Eventos

associado a esse objecto (command1 ) um event handler adequado, o objecto será já capaz
de responder ao evento e produzir o resultado desejado. Neste caso, esse resultado deverá
ser efectuar os cálculos necessários para concluir se o número introduzido é ou não primo
e apresentar essa conclusão no rótulo lbl2.

3.2 Os objectos do Excel mais comuns


Já vimos que um documento Word ou Excel é, em si mesmo, um objecto. Se bem que não
lhe possamos tocar, podemos claramente vê-lo e interagir com ele de múltiplas formas,
seja alterando o conteúdo de células (no caso do Excel), seja mudando formatos ou
inserindo linhas e colunas. Por sua vez, todos estes elementos são, eles também, objectos.
Nas aplicações Office, os objectos estão organizados de forma hierárquica. O objecto mais
geral é o Application, e dentro dele existem múltiplos objectos de nível progressivamente
inferior.
4.2.1 Como trabalhar com as propriedades dos objectos Excel
Como já vimos, os objectos possuem características próprias, chamadas propriedades.
A sintaxe genérica para nos referirmos a uma propriedade de um objecto é a seguinte:
Objecto.Propriedade

Se nos quisermos referir, por exemplo, à propriedade ActiveWindow do objecto


Ap- plication, procederemos do seguinte modo:

Application.ActiveWindow

A propriedade ActiveWindow refere-se à janela da aplicação com que estamos, de


momento, a trabalhar. No caso do Excel, podemos ainda referirmo-nos, por exemplo, à
propriedade ActiveSheet para designar a folha de cálculo em que se está a trabalhar ou a
ActiveCell para nos referirmos à célula actualmente seleccionada.
Se pretendermos, por exemplo, especificar o tipo de letra da célula activa, usaremos a
seguinte descrição de objecto:

Application.ActiveWindow.ActiveCell.Font.Name

Na prática, quando nos estamos a referir a uma propriedade da janela activa da


aplicação como seja a ActiveCell, não precisamos de referir que pertence à ActiveWindow
e à Application. Podemos omitir esses detalhes e apenas escrever:

ActiveCell.Font.Name

Se quisermos utilizar esta propriedade para mudar o tipo de letra da célula activa,
utilizaremos então uma instrução como a seguinte10:

ActiveCell.Font.Name = "Helvetica"

Se, ao contrário, quisermos obter o valor de uma dada propriedade, a instrução a usar
será do tipo:

variavel = Objecto.Propriedade

Para obtermos, por exemplo, o conteúdo da célula activa da folha de cálculo, a ins-
trução correcta seria:

conteudo = ActiveCell.Value

Estaremos, assim, a usar a propriedade Value do objecto ActiveCell. Nessa proprie-


dade encontra-se armazenado o conteúdo da célula.

4.2.2 Como aplicar métodos aos objectos


Vimos na Secção 4.1.2 na página 21, que os métodos de uma classe de objectos descrevem
as acções que podemos executar sobre eles ou, por outras palavras, aquilo que podemos
fazer com eles. A sintaxe usada para aplicar um método a um objecto é similar à usada para
trabalhar com as suas prorpiedades:
Objecto.Método

Um exemplo da aplicação de um método a um objecto, usando esta sintaxe, é o


seguinte:

10Trata-se de uma operação de atribuição, descrita na Secção 3.4 na página 17

Worksheets("Leituras").Activate

Estamos aqui a aplicar o método Activate ao objecto Worksheets("Leituras"),


o que tem como consequência que essa folha de cálculo se tornará activa.
No entanto, muitas vezes, os métodos exigem informação adicional para poderem
executar o seu trabalho. Essa informação adicional será fornecida através de argumentos,
inseridos a seguir ao nome do método aplicado:

Objecto.Método (argumento1, argumento2. ... )

O seguinte exemplo abre um Livro de Trabalho pré-existente com o nome "Dados.xls":

Workbooks.Open("Dados.xls")

Muitas vezes, os argumentos que se podem fornecer a um método são opcionais. Por
exemplo, a instrução abaixo adiciona (insere) uma nova folha de cálculo imediatamente
antes da folha com o nome "Dados_Jan":

Worksheets.Add Before:=Worksheets("Dados_Jan")

No entanto, caso seja omitido o argumento Before, a nova folha será inserida antes
da folha de cálculo activa. É esse o comportamento por defeito do método Add.

3.3 Objectos gráficos


Vão agora ser apresentados de forma mais sistemática alguns dos objectos e facilidades
necessários para realizar interfaces gráficas simples. Essas interfaces vão permitir que os
macros tenham uma interacção directa com o utilizador, requerendo e fornecendo
informação.
A forma mais simples de o macro interagir com o utilizador é através de duas funções:
MsgBox e InputBox.

4.3.1 MsgBox
A função MsgBox permite apresentar no ecran uma Caixa de Mensagem (Msg Box ). Trata-
se de uma pequena janela contendo um mensagem, pelo menos um botão de co- mando e
eventualmente um pequeno desenho (ícone) ilustrativo do tipo de mensagem. Na Figura
12 encontra-se um exemplo de uma destas janelas.
Figura 12: Exemplo de MsgBox

Uma Caixa de Mensagem destina-se a apresentar ao utilizador uma mensagem com


informação relevante, sejam avisos, resultados, perguntas ou sugestões. Uma janela deste
tipo tem um comportamento peculiar: enquanto não for premido um botão, não será
possível qualquer outra interacção com o computador, já que essa janela tomou o controlo.
O utilizador é assim obrigado a atender à mensagem apresentada.
A sintaxe da função MsgBox é a seguinte:
MsgBox(Mensagem, Características,
Título) Em que os argumentos são:

Mensagem Texto a apresentar (máximo de 1024 caracteres)


Características Valor numérico que especifica o número de botões, o tipo do
ícone e o botão de defeito (com o “focus”), obtido pela
soma de três valores parciais.
Título Conteúdo da barra de título da janela
(opcional) O 2o argumento será calculado usando os valores da
Tabela 3:

Botões de Comando Ícone Botão com o “focus”


0 - OK 0 - Nenhum 0 - 1o Botão
1 - OK, Cancel 16 - Mensagem Crítica 256 - 2o Botão
2 - Abort, Retry, Ignore 32 - Mensagem de Aviso 1 512 - 3a Botão
3 - Yes, No, Cancel 48 - Mensagem de Aviso 2
4 - Yes, No 64 - Mensagem de Informação
5 - Retry, Cancel

Tabela 3: Valores de configuração das características de uma Caixa de Mensagem

Assim, para obter a MsBox da Figura 12 na página anterior o valor a utilizar para
o parâmetro características seria obtido somando 3 valores, um de cada coluna da Tabela
3, cada um deles especificando uma das características (Botões de Comando, Ícone e qual
o botão com o "focus"11):
1 + 16 + 0 = 17

A MsgBox serve então para apresentar uma mensagem ao utilizador. No entanto,


permite também recolher informação. Quando a caixa de mensagem apresenta mais do
que um botão, está-se a pedir ao utilizador que escolha uma de entre duas ou três
alternativas. Dependendo de qual o botão premido pelo utilizador, assim o valor numérico
devolvido pela função MsgBox será um de entre 7 valores possíveis, descritos na Tabela 4
na página seguinte.
De notar que caso a tecla ESC (Escape) seja premida o valor devolvido será 2, a que
corresponde o botão Cancel (o que indica que as duas acções são equivalentes).
Claro que quando se pretende aproveitar o valor devolvido pela função MsgBox será
necessário usá-la com a seguinte sintaxe:
11O botão com o "focus" ou botão de defeito é aquele que será accionado automáticamente

caso o utilizador prima a tecla Enter ou Return.

Constante Valor Botão seleccionado


vbOK 1 OK
vbCancel 2 Cancel
vbAbort 3 Abort
vbRetry 4 Retry
vbIgnore 5 Ignore
vbYes 6 Yes
vbNo 7 No
Tabela 4: Valores devolvidos por uma Caixa de Mensagem

Variável = MsgBox(Mensagem, Características, Título)

Desta maneira, o valor devolvido pela função será guardado (atribuído) em Variável,
podendo depois ser avaliado por instruções seguintes.

4.3.2 InputBox
A função InputBox permite apresentar ao utilizador uma mensagem com uma questão,
recolhendo ao mesmo tempo uma string contendo a sua resposta. Assim, ao contrário da
função MsgBox (Secção 4.3.1 na página 25), esta função produz um resultado do tipo string
e não do tipo integer.

Figura 13: Exemplo de InputBox


Como pode ser visto na Figura 13, esta função cria um objecto composto (uma
Caixa de Entrada) incluindo um caixa de texto, dois botões12 e um rótulo dentro de
uma pequena janela.
A sua sintaxe é

Variável = InputBox (mensagem, título, valor_de_defeito, xpos,


ypos)

Em que os argumentos são:

12
Ao contrário da MsgBox, neste caso os dois botões são fixos. Por outro lado, a tecla ESC
tem o mesmo comportamento.

Mensagem Texto da mensagem a afixar na Caixa de Entrada


(máximo de 1024 caracteres)
Título Conteúdo da barra de título da janela (opcional)
valor_de_defeito Texto a colocar à partida na caixa de texto da Caixa de
Entrada (opcional)
xpos e ypos Coordenadas da “Input Box” relativamente aos bordos
esquerdo e superior do ecrã (opcionais)

4.3.3 Forms
Como vimos no início da Secção 4 na página 19, uma interface gráfica (em terminologia
VBA, uma DialogBox ) é construída dispondo os objectos adequados (genericamente
designados por controlos) sobre uma janela especial, a form. Efectivamente uma form é
utilizada como um contentor para outros objectos gráficos. Um objecto da classe User-
Form pode ser criado no Editor do VBA através do Menu "Insert/User Form". Esse
processo será visto em detalhe na Secção 8 na página 56.
A seguir são apresentadas algumas das principais propriedades que podem ser
configuradas numa Form:

• Name - especifica o nome pelo qual a Form será identificada

• Caption - especifica o título que figura no topo da Form

• BackColor - permite seleccionar a cor do fundo


• Enabled - controla a utilização da Form pelo utilizador

• ShowModal - permite alterar o comportamento da Form de modo a controlar o


acesso à aplicação enquanto a Form estiver activa

• Font - controla o tipo e tamanho da letra utilizada


• Height - especifica a altura da Form
• Width - especifica a largura da Form

Nas próximas secções, referiremos com algum detalhe os controlos de uso mais comum
na construção de dialogBoxes em VBA. Estes são os objectos que mais frequentemente são
colocados numa form.

4.3.4 Botões de Comando


Um botão de comando (objecto commandButton), como o próprio nome sugere, é utilizado
para permitir ao utilizador dar ordens (comandos) ao programa. Como se pode verificar na
Figura 11 na página 23, é a este tipo de controlos que normalmente se asso- ciam as sub-
rotinas que permitem responder a eventos como o clicar de um rato.
As propriedades normalmente referidas em relação a esta classe de objectos são as
que controlam as dimensões (Height e Width) e a propriedade Caption que permite
especificar o texto afixado.
A instrução seguinte serve de exemplo de como alterar programaticamente o estado de
um botão de comando:

cmdArranque.Enabled = True

O que fizemos com a instrução acima foi atribuir o valor booleano (lógico) True à
pro- priedade Enabled 13 do botão de comando cmdArranque. Estamos, assim, a
tratar uma propriedade como sendo uma variável. De facto, uma propriedade pode ser
considerada como uma variável especial.

4.3.5 Rótulos
Os rótulos, também designados por etiquetas (label ) são usados para apresentar texto na
interface. Mais uma vez, a propriedade mais utilizada é a propriedade Caption, que
permite especificar o texto a apresentar. Este controlo é usado não só para apresentar
informação estática, que é escolhida na fase de concepção da interface, como também
informação dinâmica, como seja a apresentação de resultados:

lblResultado.Caption = "O valor total é 235 metros"

A instrução acima atribui à propriedade Caption do rótulo lblResultado a string "O


valor total é 235 metros", o que vai ter como consequência a sua afixação na interface.

4.3.6 Caixas de Texto


As caixas de texto (objecto TextBox ) são uma classe de controlos muito versáteis que
permitem a introdução pelo utilizador de diversos tipos de informação: texto, valores
numéricos e, no caso do Excel, referências a células e mesmo fórmulas.
Algumas das suas propriedades mais importantes são:

• Text - Permite obter ou alterar o texto contido no objecto.


MaxLenght - Especifica o tamanho máximo do texto (em caracteres) que o utili-
• zador pode introduzir.

• MultiLine - Permite escolher entre autorizar ou não a inserção de várias


linhas.

Enquanto que os rótulos (Label ) são utilizados pelo programa para aparesentar
informação ao utilizador, já as caixas de texto (Text Box ) são maioritariamente usadas
para permitir a leitura de informação pelo programa.
13Esta propriedade permite controlar o acesso do utilizador ao botão de comando.

Funções Val e Str


A linguagem Visual Basic dispõe de um grande número de funções pré-definidas. Duas
delas, relacionadas com "strings", são particularmente úteis para lidar com objectos da
classeTextBox :
Função Descrição

Val() Retorna como valor numérico um número contido dentro duma string
Str() Retorna uma string representando um número
Vamos supor que um macro precisa de calcular o peso total à custa de dois valores
introduzidos pelo utilizador através de duas TextBox. A tentação seria usar a instrução:

pesoTotal = txt1.Text + txt2.Text

No entanto, o que a propriedade Text das TextBox contem é apenas texto, ainda que contendo
algarismos. Para extrair a informação numérica de dentro do texto, haverá que utilizar a função
Val():

pesoTotal = Val(txt1.Text) + Val(txt2.Text)

4.3.7 Botões de Opção


Estes objectos permitem ao utilizador efectuar escolhas entre diversas alternativas. São
compostos pelo botão propriamente dito (de forma circular) e um pequeno texto que o
acompanha, controlado pela propriedade Caption do objecto.

Figura 14: Vários optionButton agrupados numa frame


Os botões de opção são geralmente agrupados em conjuntos de dois ou mais, estando
interligados entre si, já que, ao mesmo tempo, só é possível existir um botão seleccionado
dentro do mesmo grupo de botões de opção. Encontram-se muitas vezes inseridos em
frames (Secção 4.3.9 na página seguinte).
Para além da propriedade Caption, outra propriedade importante dos botões de opção
é a propriedade Value, que pode assumir o valor “True” ou “False” conforme o botão se
encontre ou não seleccionado.
4.3.8 Caixas de Verificação
Estes objectos comportam-se de forma semelhante à dos botões de opção mas, neste caso,
é possível encontrar vários controlos deste tipo activados simultaneamente na mesma
form, visto que tais objectos funcionam de forma independente (isto é, não se encontram
relacionados entre si).

Figura 15: Vários checkBox agrupadas numa frame

Possuem também uma propriedade Value que, neste caso, pode apresentar os seguintes
valores:
0 não activada
1 activada
2 não disponível
O texto a inserir junto de cada caixa de verificação deve ser especificado mediante a
propriedade Caption.

4.3.9 Quadros (Frames)


Tais objectos destinam-se a agrupar outros objectos (controlos). São usados muitas vezes
para organizar um dado conjunto de botões de opção (Secção 4.3.7 na página precedente),
tornando-os independentes de outros botões de opção eventualmente existentes na
mesma form.
Figura 16: Uma Frame agrupando três botões de comando

É importante criar o quadro antes de aí inserir os controlos. Se o controlo fôr criado


antes do quadro, não será possível deslocá-lo para dentro do quadro após este ter sido
criado.
Uma vez inserido um objecto dentro do quadro, esse quadro passa a constituir o
“contentor” desse objecto. Quer isto dizer que a sua localização passa a ser definida não
em relação à form mas em relação ao quadro que o contem.
Outra utilidade dos quadros é servir de “moldura” a um dado conjunto de controlos, de
modo a melhorar a aparência e a organização da form em que estão inseridos, agrupando
os diversos controlos de acordo com as suas funcionalidades.

4.3.10 Caixas de Listagem


Este objecto serve para apresentar listas e permite que o utilizador escolha uma ou mais
opções dentro de uma dada lista. Esta lista é apresentada numa caixa própria (com uma
barra de deslocamento vertical à direita, no caso de a lista ser mais extensa que o número
de linhas disponível na caixa).

Figura 17: Exemplo de listBox

Os elementos da lista podem ser especificados à partida usando a propriedade List, ou


ser acrescentados durante a execução do programa mediante o método AddItem:

listbox.AddItem elemento

ou

listbox.AddItem elemento, posição


em que

elemento é o novo elemento a acrescentar à lista


posição refere-se à posição na lista em o elemento vai ser inserido
Na primeira variante acima o elemento será inserido a seguir à última linha
preenchida.
A remoção de um elemento da lista pode ser feita mediante o método RemoveItem:

Listbox.RemoveItem posição

As propriedades mais relevantes desta classe de objectos são:

ListCount permite conhecer em qualquer momento o número de


elementos contidos na lista
Sorted permite especificar se a lista é ou não apresentada de
maneira ordenada
ColumnCount especifica qual o número de colunas em que a lista é
apresentada
ColumnHeads controla os cabeçalhos das colunas
MultiSelect permite controlar a forma de selecção de elementos na
lista: 0 - só é possível seleccionar um elemento
1 - é possível seleccionar vários elementos
simultaneamente, pressionando cada elemento
2 - é possível seleccionar vários elementos
simultaneamente, usando a tecla Ctrl
ListIndex fornece ou especifica qual o índice do item
actualmente seleccionado (ou –1 caso nenhum esteja).
Sintaxe: objecto.ListIndex [= indice]
List permite aceder aos elementos duma lista, quer para os ler,
quer para os modificar. Sintaxe:
objecto.List(indice) [= string]

Text permite obter o elemento actualmente seleccionado. Sintaxe:


variavel = objecto.Text
RowSource no Excel, especifica qual a gama de células onde estará a in-
formação a incluir na lista, ou seja, a fonte dos dados a
apre- sentar.
Na especificação de sintaxe, os parêntesis rectos indicam que o seu conteúdo é
opcional. No caso das propriedades ListIndex e List descritas acima, a versão curta
destina-se a ser usada do lado direito de uma operação de atribuição, enquanto que na
versão completa o que se pretende é atribuir um valor à propriedade.
Existe uma variante da ListBox, chamada ComboBox, que combina uma TextBox
com uma ListBox. O utilizador pode introduzir um item na TextBox ou seleccioná-lo na
lista que, estando normalmente escondida, só aparecerá quando se clica num ícone
próprio. É normalmente utilizado quando se pretende dar a possibilidade de escolher
um elemento de uma lista mas sem ocupar muito espaço na form.

3.4 Interface gráfica sem uma Form


É possível criar uma interface gráfica para um macro sem ter que usar um form onde
se instalem os diferentes controlos. Nesse caso, os controlos serão instalados
directamente na própria folha de cálculo, numa área reservada para o efeito. Um
exemplo pode ser observado na Figura ?? na página ??.

4 Estruturas de controlo do programa


Um macro é um programa escrito na linguagem VBA. Vamos agora começar a analizar mais
em detalhe a estrutura de um programa. Um programa é composto por um conjunto de
instruções, cada uma delas executando uma tarefa específica. A sequência de instruções
levará à solução do problema que o programa se propõe resolver. Mas essa sequência não
tem que ser necessariamente linear, i.e., composta por uma lista de instruções que serão
realizadas uma após outra, de forma imutável. Isso tornaria o programa inflexível, incapaz
de se adaptar às circunstâncias ou aos diferentes desejos do utilizador.
Já foi introduzida na Secção 3.4 na página 17 a noção de operação de atribuição.
Com essa operação podemos criar instruções simples, mediante as quais é possível copiar
valores entre variáveis, ou armazenar resultados do cálculo de expressões. Mas um
programa flexível não poderá ser construído apenas com instruções desse tipo. É
preciso dispor de instruções que permitam alterar o fluxo do programa. Para tal vamos
introduzir estruturas de controlo que possibilitam a alteração desse fluxo.

4.1 Estruturas de controlo condicional


Uma estrutura de controlo fundamental é a estrutura condicional, ou de selecção. Usando
esta estrutura, as instruções podem ser executadas condicionalmente. Se uma dada con-
dição fôr verdadeira, será executada uma dada sequência de instruções. Se fôr falsa, uma
sequência diferente será escolhida.

5.1.1 If...Then...Else
Figura 18: Estrutura de controlo condicional If...Then...Else

A Figura 18 na página 34 descreve a estrutura condicional If...Then...Else. Como o seu


nome sugere, esta estrutura está baseada no teste de uma condição. Se essa condição fôr
verdadeira, desencadeará a execução das instruções representadas na figura por Bloco de
Instruções1. Em caso contrário, será executada o Bloco de Instruções 2.
A sintaxe desta estrutura é:

1 I f condicao Then

2 [ in s t r u c o e s ]
3 Else

4 [ in s t r u c o e s alternativas ]
5 End I f

Quando a condição é verdadeira serão executadas as instruções delimitadas por Then


e Else. Em caso contrário, será executado o bloco alternativo de instruções.
A condição pode consistir numa comparação ou outra operação lógica, ou ainda em
qualquer expressão de que resulte um valor numérico: um valor não nulo será interpretado
como Verdadeiro, enquanto um valor nulo será considerado como Falso.
A condição é, portanto, uma expressão booleana (lógica). Uma expressão booleana
representa um valor booleano, TRUE (verdadeiro) ou FALSE (falso) e pode ser
constituída por uma variável, uma função ou uma combinação destas entidades
através de operadores.
5.1.2 If...Then

Figura 19: Estrutura de controlo condicional If...Then

Quando numa estrutura condicional não existe qualquer acção a executar quando a

condição seja falsa, usa-se uma variante simplificada, a If...Then. O seu diagrama está
descrito na Figura 19 na página 35. A sua sintaxe será então:
1 I f condicao Then

2 [ in s t r u c o e s ]
3 End I f

Nesta 2a variante, quando a acção a realizar no caso a condição ser verdadeira puder
ser executada com apenas uma instrução, é possível utilizar a seguinte sintaxe
simplificada, sem o delimitador End If :

If condicao Then instrucao


Maior que

Dos primeiros seis operadores não haverá muito a dizer. Já do And e do Or haverá
alguns detalhes a esclarecer:

Se Expr1 e Expr2 forem ambas verdadeiras, a expressão será verdadeira

Basta que quer Expr1 quer Expr2 seja falsa, para a expressão ser falsa
Basta que quer Expr1 quer Expr2 seja verdadeira, para a expressão ser ver-
dadeira

5.1.3 Estruturas condicionais embutidas


É possível imbricar estruturas condicionais dentro de outras estruturas condicionais,
permitindo, assim, a construção de estruturas de controlo mais complexas. Para inserir
uma estrutura condicional dentro de outra, é utilizada a palavra reservada ElseIf.
A sintaxe desta estrutura é:
1 I f condicao 1 Then

2 Accao1

3 Else If condicao 2 Then

4 Accao2
5 Else If condicao 3 Then

6 ...

7 Else

8 AccaoN

9 End If
Esta estrutura condicional permite a selecção de uma entre várias alternativas mu-
tuamente exclusivas. As instruções que se seguem à palavra reservada Else (aqui re-
presentadas por "AcçãoN") serão executadas apenas se nenhuma das condições se tiver
verificado.

Figura 20: Estruturas de controlo condicional imbricadas

Na Figura 20 na página anterior pode-se ver o fluxograma de uma estrutura


imbricada com quatro vias alternativas. A Acção 1 é executada caso a 1a condição seja
verdadeira. A Acção 3 será executada caso a Condição 3 for verdadeira e as duas
anteriores falsas. A Acção 4 será executada caso todas as quatro condições se
tiverem verificado falsas.
Chama-se a esta acção, a acção por defeito, ou seja, aquilo que se faz quando todo o resto
falha.
É muito importante que se compreenda que estamos aqui a tratar de verdadeiras
alter- nativas, i.e., mútuamente exclusivas. Cada vez que uma estrutura deste tipo é
executada, só uma das acções será efectuada.
O exemplo seguinte traduz uma situação em que o programa, confrontado com a
necessidade de classificar uma nota numérica, pode escolher uma de entre seis notas
qualitativas diferentes. Só uma estrutura condicional imbricada lhe permitirá resolver o
problema.

Else If

5 Else If

9
Else If
Else If
10
11 Else

Listing 3: Exemplo de aplicação de If..Then..Else imbricados

É possível imbricar um qualquer número de blocos ElseIf dentro de uma dada estru-
tura condicional.

4.2 Estruturas de controlo repetitivo


Como vimos, as estruturas de controlo condicional permitem alterar o fluxo do pro-
grama, ou seja, executar diferentes sequências de instruções conforme as
circunstâncias do momento. As estruturas de controlo repetitivo (também conhecidas
por ciclos) permitem repetir um dado conjunto de instruções o número de vezes que
for necessário. Existem diversas variantes de ciclos, diferindo umas das outras pela forma
como é controlada a execução das instruções contidas no corpo do ciclo. Genericamente,
pode-se dizer que uma estrutura de controlo repetitiva (ou ciclo) assegura a execução
repetida de um dado conjunto de instruções dependendo do resultado do teste de uma
determinada condição de funcionamento. De facto, como veremos, também os ciclos
dependem da verificação de uma condição, normalmente de forma explícita, noutros
casos implicitamente.

5.2.1 Estruturas de Controlo Do...Loop


Estão disponíveis quatro variantes deste ciclo: Do...While e Do...Until, ambas com teste da
condição no princípio ou no fim. Vejamos em detalhe as diversas variantes. O fluxograma
da primeira encontra-se na Figura 21:
Figura 21: Estrutura de controlo repetitivo Do...While

Analizando esse fluxograma, pode-se observar que tudo roda à volta do teste a uma
condição, descrita como condição de funcionamento. Se a condição for verdadeira na
altura em que o teste é realizado, as instruções que compõem o chamado corpo do ciclo
serão executadas, após o que novo teste à condição será efectuado. Enquanto a condição
se verificar ser verdadeira, o programa não sairá deste ciclo. Na 1a vez em que a condição
se mostrar falsa, o ciclo terminará e o programa poderá continuar com as instruções
seguintes.
Chama-se corpo do ciclo ao conjunto de instruções que serão executadas em cada
iteração (repetição) do ciclo. Esse conjunto pode incluir qualquer número de instruções e
de qualquer tipo, mesmo outras estruturas repetitivas. Neste último caso, estaremos
perante o que se designa por ciclos imbricados ou embutidos, que serão tratados em
detalhe na Secção 5.2.5 na página 44.
A sintaxe em VBA desta estrutura de controle é a seguinte:
1 Do While condicao

2 [ in s t r u c o e s ]
3 Loop
A segunda variante é muito semelhante à primeira. A grande diferença diz respeito à
condição de controle. Neste caso, temos a chamada condição de termo (ou de fim) o que
faz com que o ciclo funcione enquanto a condição for falsa ou, por outras palavras, até que
a condição de termo seja verdadeira (Figura 22).
A sintaxe da variante Do...Until será então:

1 Do

2 [ in s t r u c o e s ]
3 Loop Until condicao
Como se pode deduzir do atrás dito, é possível transformar uma estrutura Do...While
numa Do...Until desde que se substitua a palavra While pela Until e se negue a condição
de controlo. Escolher uma ou outra estrutura de controlo depende, no fundo, do
jeito

Figura 22: Estrutura de controlo repetitivo Do...Until

do programador e, sobretudo quando se usam condições múltiplas, da forma como a


expressão lógica traduz com maior ou menor facilidade a condição em linguagem corrente.

5.2.2 Ciclos controlados por contador


Usando como base estas duas estruturas de controlo repetitivo é possível construir dois
tipos de ciclos: ciclos controlados por um contador e ciclos controlados por aquilo que se
designa como sentinela. Comecemos pelos primeiro.
Um ciclo controlado por contador baseado na estrutura Do..While pode assumir a
seguinte forma genérica:
1 co ntador = v a l o r _ i n i c i a l
2 Do While co ntador <= va l o r _ f in a l

3 ’ Corpo do Cic lo

4 co ntador = co ntador + 1
5 Loop
Decorrendo do que vimos na secção anterior, torna-se claro que é igualmente possível
construir este ciclo usando a estrutura Do..Until.
Há que ter em conta as seguintes questões na construção de um ciclo controlado por
contador usando as estruturas de controlo Do...While ou Do...Until :
• Inicializar a variável contadora

• Especificar a condição de funcionamento do ciclo

• Incluir no corpo do ciclo uma instrução que incremente ou decremente a variável


contadora.

Quando se usam estas estruturas, ao contrário do que se passa com a estrutura de


controlo repetitivo For...To...Next, a analizar na Secção 5.2.4 na página 43, é da respon-
sabilidade do programador assegurar-se de que tais acções são correctamente executadas

Figura 23: Ciclos controlados por contador

conforme está espelhado no diagrama de fluxo representado na Figura 23 na página pre-


cedente.
Um último aspecto a observar é o seguinte: só é viável construir um ciclo controlado
por contador quando é possível conhecer à partida o número de vezes que ele vai funcionar
ou, por outras palavras, o número de repetições necessárias. Isso nem sempre é possível.
Nesses casos, a alternativa será usar ciclos controlados por sentinela.
5.2.3 Ciclos controlados por sentinela
Quando não é possível conhecer antecipadamente o número de vezes que o ciclo deverá
ser executado é necessário usar uma técnica diferente: ciclos controlados por sentinela.
Por sentinela deve entender-se um valor limite que assinala o fim de uma dada sequência
de valores, mas que não esteja incluído nesse conjunto de valores.

Exemplo

Se o utilizador estiver a introduzir os dados referentes a um conjunto de alunos


identificados pelos seus números de matrícula, a introdução de um número com menos
de 6 dígitos (no caso do ISEP) como, por exemplo, o valor 1, permitirá indicar ao
programa que a presente sequência de introdução de dados deve terminar. Seria
esse, neste caso, o valor sentinela escolhido.

Figura 24: Ciclos controlados por sentinela


A selecção do valor sentinela é da responsabilidade do programador, devendo ser
escolhido fora do intervalo possível de valores a introduzir, podendo ainda, ter-se em
atenção a eventual ocorrência de valores fora desse intervalo que possam resultar de algum
eventual erro de digitação. O valor sentinela escolhido não deve pois ser passível de
facilmente ocorrer por mero acidente.
Conforme pode ser observado na Figura 24 na página anterior um ciclo controlado por
sentinela deverá ser precedido da leitura de um elemento da sequência de valores a
introduzir. As leituras dos restantes valores dessa sequência serão efectuadas dentro do
corpo do ciclo, um em cada iteração. Essa leitura deverá, no entanto, ser feita no fim do
corpo do ciclo, após o processameento do valor anteriormente lido. Neste tipo de ciclos, a
leitura e o processamento de cada valor lido andam desfasados de uma iteração do ciclo.
No caso de se usar a estrutura Do..While, o ciclo funcionará enquanto o valor lido for
diferente do valor sentinela escolhido.
O exemplo apresentado acima, poderia ser codificado pelo segmento de programa
seguinte:
1 num = InputBox ( " Dig i te ¸o¸numero" , "ISEP¸ ¸ M a t r i c ul a s " )

2 Do While numero <> 1

3 I f numero <> 1 Then l s tbo x 1 . AddItem num

4 num = InputBox ( " Dig i te ¸o¸numero" , "ISEP¸ ¸−M a tr i c ul a s " )


5 Loop
Geralmente o valor sentinela é um valor preciso. Existem casos, porém, em que a
sentinela pode ser qualquer valor dentro de uma determinada gama, por exemplo,
todos os números negativos. Um exemplo de um ciclo controlado por uma sentinela
com estas características é apresentado na Secção 5.2.5 na próxima página.

5.2.4 Estrutura de Controlo For..To..Next


Este ciclo permite repetir um dado conjunto de instruções um número pré-determinado de
vezes. Como vimos na secção anterior, nem sempre é possível saber de antemão quantas
vezes as instruções contidas no corpo do ciclo devem ser repetidas. Nesse caso, deverão
ser utilizadas as estruturas de controlo repetitivo estudadas na Secção 5.2.1 na página
38.
A sintaxe da estrutura For..To..Next é:

1 For co ntador = v a l o r _ i n i c i a l To va l o r _ f in a l
2 [ in s t r u c o e s ]
3 Next

Esta estrutura baseia-se na existência dum contador que incrementa


automaticamente o conteúdo da variável contador, chamada variável de controlo
do ciclo, cada vez que o ciclo funciona, isto é, cada vez que as instruções contidas
no corpo do ciclo são executadas. No início, contador vai conter o valor inicial e
após valorfinal - valor inicial iterações atingirá o valor final. Nesse momento
o ciclo terminará.
A inicialização da variável contadora, o seu incremento/decremento e a verificação da
condição de funcionamento do ciclo (contador <= fim) é da responsabilidade da própria
estrutura de controlo. O programador deve, apenas, especificar qual o valor de início e de
fim (ou, de forma indirecta, o número de vezes que o ciclo vai funcionar) e quais as
instruções que o ciclo vai repetir (o corpo do ciclo).
O conteúdo da variável de controlo do ciclo pode ser utilizado por instruções contidas
no corpo do ciclo, mas não deve, sob pretexto algum, ser modificado por estas instruções,
sob pena de se perder o controlo do funcionamento do ciclo.
A estrutura de controlo verifica no início de cada iteração (repetição) do ciclo se a
condição de funcionamento do ciclo é ainda verdadeira. Caso seja falsa, o ciclo terminará, e
o programa passará a executar as instruções que se lhe seguem.
Pode ainda ser utilizada a seguinte sintaxe alternativa:
1 For co ntador = v a l o r _ i n i c i a l To va l o r _ f in a l Step passo
2 [ in s t r u c o e s ]
3 Next
A diferença está na utilização da palavra Step após a especificação do valor final. A sua
inclusão é opcional: caso se pretenda que o conteúdo da variável de controlo seja
incrementada uma unidade de cada vez, é desnecessário especificar o passo. Em caso
contrário, Step passo permitirá incrementar o valor de variável de um valor diferente da
unidade (positivo ou negativo).
Caso o valor de passo seja positivo a variável contadora será incrementada. Se pre-
tendermos, no entanto, efectuar um decremento, deverá ser utilizado um valor negativo
para passo. Obviamente, nesse caso, a condição implícita de funcionamento do ciclo
passará a ser contador >= fim.
Repara-se que nesta estrutura de controlo, ao contrário das estudadas anteriormente,
o incremento ou decremento da variável de controle do ciclo é automático. Outro aspecto
interessante é que a condição de funcionamento do ciclo é implícita. Ela existe e é
verificada mas não é especificada de forma explícita pelo programador, apenas de forma
indirecta ao fixarem-se os valores inicial e final da variável de contagem.
Existe ainda em VBA uma estrutura de controlo que é uma variante da For..To..Next e
que opera numa colecção de objectos. Uma colecção é um conjunto de objectos idênticos,
pertencentes à mesma classe, e que são referenciáveis mediante um índice. Por exemplo,
um Workbook é constituído por um conjunto de objectos da classe Worksheet 14.
A sintaxe desta estrutura é a seguinte:
1 For Each elemento In Coleccao
2 [ in s t r u c o e s ]
3 Next
O bloco de instruções será aplicada a cada elemento da colecção de objectos em causa. A
seguir é apresentado um exemplo de sub-rotina, utilizando esta estrutura de controlo:
Listing 4: FormataBordo - exemplo de sub-rotina usando For..Next

É criada a variável cellObject para guardar um objecto do tipo Range (que


representa uma gama de células - assunto tratado na Secção 7.3). O ciclo For
Each...Next aplica o método BorderAround a cada uma das células contidas na gama
representada por cellObject. Com os argumentos fornecidos no exemplo, este método
formata o bordo dessas células a vermelho e uma linha grossa.

14Por sua vez, um workbook é também um objecto. Um objecto pode assim ser ele próprio uma
colecção de objectos.

5.2.5 Estruturas de controlo repetitivo imbricadas


Foi dito anteriormente que o corpo de um ciclo era constituído pelo conjunto de instruções
que o ciclo irá executar repetidamente. Foi também dito que nesse conjunto de instruções
se poderia incluir qualquer tipo de instruções, mesmo constituindo outras estruturas de
controlo repetitivo. Destes ciclos se diz que se encontram imbricados um dentro do outro.
Considere-se o problema de calcular uma série de factoriais de números inteiros. O
cálculo de um factorial é realizado efectuando uma sucessão de multiplicações. Será
necessário usar um ciclo para o efeito. Por sua vez, se pretendermos repetir esse
cálculo um certo número de vezes, teremos também que usar um ciclo. Teremos assim
um ciclo, chamemos-lhe exterior, que se encarrega de produzir uma sequência de
factoriais e cujo corpo inclui por sua vez um ciclo, dito interior, que é responsável pelo
cálculo de cada factorial. O diagrama de fluxo da Figura 25 na página precedente
representa esta realidade. O código necessário para traduzir esse diagrama é o
seguinte:
Listing 5: Exemplo usando Ciclos Imbricados

O ciclo exterior é controlado por uma sentinela, no caso qualquer valor inteiro não
positivo. É um exemplo de sentinela constituído não por um valor específico mas por
uma gama de valores possíveis. O ciclo interior é claramente controlado por contador,
funcionando tantas vezes quantas o valor do inteiro cujo factorial se pretende calcular.

4.3 Variáveis indexadas - vectores e matrizes


Até agora, temos trabalhado essencialmente com variáveis que podemos classificar
como individuais (isto é, cada variável podendo conter ao mesmo tempo apenas um só
valor). Como essas variáveis não podem conter simultaneamente mais que um dado, a
atribuição de um novo valor a essa variável implica a destruição do valor anteriormente
nela contido. Mediante a utilização de um novo tipo de variáveis, as variáveis do tipo
Array (Vector), passa a ser possível armazenar na mesma variável múltiplos valores
desde que sejam do mesmo tipo. Estamos, portanto, a utilizar agora variáveis que se
podem classificar como variáveis múltiplas. Na Figura 26 na página anterior podemos
observar representações de uma variável simples do tipo integer e de uma variável
múltipla (um vector unidimensional) contendo valores inteiros. Cada elemento do
vector é identificado por um valor numérico específico.

Figura 25: Exemplo de Ciclos Imbricados


Um vector é uma lista ordenada de variáveis simples do mesmo tipo. Pode também
ser visto como um conjunto de variáveis simples agrupadas. Todos as variáveis membros
desse vector partilham o mesmo nome (o nome do vector). São identificadas
individualmente mediante o valor dum índice, que determina qual a sua posição
dentro do vector. É por isso que estas variáveis são conhecidas por variáveis
indexadas.
Os valores do índice devem obrigatoriamente ser do tipo Integer. O primeiro valor do
índice é zero15.
Um elemento de um vector é identificado utilizando o nome do vector seguido do valor
do índice dentro de parêntesis

nome_vector
(indice)
Exemplos:

var_Multipla(3) 4o elemento do vector ‘var_Multipla’


var_Multipla(7) 8o e último elemento do vector
‘var_Multipla’ notas(14) 15o elemento do vector ‘notas’
nomes(0) 1o elemento do vector ‘nomes’

15Épossível forçar que os índices dos vectores comecem do valor 1 usando a directiva Option
Base 1.

Figura 26: Um vector é uma variável múltipla


Figura 27: Um exemplo de vector de strings

Os elementos de um vector não têm que ser inteiros, nem sequer valores numéricos.
Na Figura 27 na página precedente é representado um vector contendo strings (texto).
Considerando o vector como armazenado os nomes dos membros de uma equipa de
futebol, os sucessivos valores do índice podem ser vistos como os correspondentes
números das suas camisolas. Note-se que estamos, neste caso, a forçar os valores do índice
a iniciar em 1.

5.3.1 Declaração de vectores


Como qualquer outra variável, uma variável do tipo Array deve também ser declarada
(criada) antes de poder ser usada. Para tal, deve ser usada a instrução Dim, que reserva
espaço em memória suficiente para armazenar o número previsto de elementos do vector
16
. Uma das formas de utilizar a instrução Dim para declarar vectores é a seguinte:
Dim nome_vector(num_elementos) As Tipo

Exemplos:

Dim var_Multipla(8) As Integer

16
Adicionalmente, a instrução Dim atribui valores iniciais a todos os elementos do vector
(zeros no caso de vectores numéricos e strings nulas no caso de vectores alfa-numéricos).

Dim notas(30) As
Single Dim
nomes(100) As
String
Nota: num_elementos não se refere ao valor máximo que a variável índice pode
assumir (7, no caso do vector var_Multipla) mas sim ao número de elementos do vector
(8, neste caso). Por este processo, a declaração do limite inferior faz-se de forma implícita:
por defeito assume-se como limite inferior do índice o valor zero (ou 1 se tal for
especificado mediante a instrução Option Base 1 ).
Uma forma alternativa de utilizar a instrução Dim para declarar vectores implica a
utilização da palavra reservada To, permitindo especificar o menor e o maior valor que o
índice pode assumir:
Dim nome_vector(menorIndice To maiorIndice) As Tipo

Exemplos:

Dim numeros(100 To 200) As


Double Dim valores(-100 to
100) As Single

5.3.2 Processamento de vectores


Sendo um vector uma variável múltipla composta de elementos do mesmo tipo agrupados
na mesma estrutura, a forma mais adequada de executar uma mesma acção sobre uma
parte ou a totalidade dos seus elementos é utilizar uma estrutura de controlo repetitivo ou
ciclo.
Para perceber de forma mais clara o porquê da afirmação contida no parágrafo an-
terior, observe-se o problema descrito na Figura 28 na página anterior e atente-se nas
diferentes soluções propostas.
Quando confrontado com o problema de armazenar e actualizar a informação relativa
ao preço de 100 produtos, um programador poderia ser tentado a criar 100 variáveis
individuais para guardar cada um desses preços. Isso, no entanto, obrigá-lo-ia a incluir no
seu programa 100 instruções Dim para criar outras tantas variáveis individuais. Por outro
lado, quando necessitasse de actualizar os preços em, por exemplo, 5%, teria que inserir
100 instruções do tipo preçoN = preçoN * 1,05.
Do atrás exposto facilmente se verificará que esta solução não tem qualquer
exequibilidade prática. Analizemos então a solução alternativa usando uma variável
indexada: em vez de 100 variáveis individuais teremos apenas um vector de 100
elementos, cada ele- mento capaz de armazenar o preço de um produto.
Consequentemente, teremos apenas uma instrução Dim, no caso, algo como Dim
preços As single. E quando necessitar de actualizar os preços, como o vector é uma
variável múltipla indexada, haverá apenas que construir um ciclo que percorra
automáticamente o vector, actualizando cada um dos seus elementos.

Listing 6: Exemplo de processamento de um vector


Figura 28: Porquê usar ciclos para processar vectores?

O programa descrito na Listagem 6 na página precedente permite calcular e apresentar


sob a forma de uma tabela as raízes quadradas de todos os números inteiros
compreendidos entre 0 e um dado limite superior a especificar pelo utilizador na TextBox
txtMaior (a largura do intervalo não deve exceder 100, visto ser esta a dimensão do
vector). Os valores calculados são armazenados num vector para eventual futura
utilização.
Listing 7: Outro exemplo de processamento de um vector

12

Na variante desta sub-rotina, contida no exemplo descrito na Listagem 7 na página


anterior, é possível especificar também o limite inferior do intervalo, para além de se
demonstrarem algumas técnicas de formatação da saída de dados.
De notar que na primeira versão do programa se usou a mesma variável i para
controlar o ciclo For e para armazenar os valores dos índices do vector. Tal aconteceu
porque foi possível estabelecer naquele caso uma correspondência directa entre os valores
da variável de controlo do ciclo i e os valores do índice que controla as posições dos
elementos do vector.
Já na segunda variante do programa tal não era possível, visto que a variável de controlo
do ciclo iria conter valores (desde o limite inferior ao limite superior do intervalo) que não
deveriam corresponder às posições do vector em que o armazenamento dos resultados se
iria efectuar.
Em qualquer das variantes apresentadas, o processamento dos elementos do
vector consistiu em operações de escrita (de atribuição) que modificaram o seu valor. É
igual- mente possível efectuar operações de leitura sobre todos ou parte dos
elementos dum vector. Neste caso, como é óbvio, a variável do tipo Array deverá
encontrar-se do lado direito de uma operação de atribuição:

var = vector(indice)

A instrução acima copia o conteúdo de vector na posição índice para a


variável var.
5 Funções e Procedimentos
As sub-rotinas descritas nos exemplos que têm sido apresentados destinam-se a executar
tarefas. Por exemplo, as rotinas descritas na Secção 2.6 na página 12 têm como objectivo a
monitorização dos valores contidos em determinadas células da folha de cálculo. Este tipo
de sub-rotinas é designado por procedimentos. Destinam-se a realizar tarefas e não
devolvem qualquer resultado.
No entanto, não é possível utilizar estes procedimentos em fórmulas duma folha de
cálculo, ao contrário do que acontece com as funções standard disponíveis no Excel, como
seja a função If referida atrás, ou a função Sum, que calcula a soma do conteúdo numérico
das várias células contidas numa dada gama. Isso acontece porque, para poderem ser
utilizadas em fórmulas, elas terão que ser estruturadas como funções, e comportarem-se
de maneira idêntica à das funções standard.
Uma função, seja ela pré-existente no Excel, ou criada pelo utilizador, deve poder

receber a informação de que necessita, e de conseguir devolver o resultado do seu


trabalho, de modo a esse resultado poder ser utilizado na fórmula ou expressão que a
utilize. Para tal, tem que possuir uma estrutura definida pela sintaxe seguinte:
1 Function Nome ( argumento1 , argumento2 , . . . )

2 ’ L i st a de i n s t r u c o e s

3 Nome = r e s u l ta d o
4 End Function
Repare-se que para além das diferenças óbvias no cabeçalho e no delimitador final em
relação às sub-rotinas estudadas atrás, verifica-se o seguinte:
1. A seguir ao nome da função e entre parênteses encontra-se uma lista de
argumentos, através dos quais a função vai receber as informações essenciais à
realização do seu trabalho.
2. O resultado dos cálculos efectuados será entregue à fórmula ou expressão
que invocou a função, depositando-o no seu próprio nome, como se este fosse
uma variável.
Atentemos na seguinte fórmula:

= 10 * sin(angulo)

Para calcular a fórmula, ir-se-á multiplicar por 10 o resultado fornecido pela função
standard sin. Esta, por sua vez, para poder fornecer o resultado deverá ter recebido a
informação de qual o ângulo (neste caso em radianos) de que se quer calcular o seno.
Quando a função termina o seu trabalho, deixará o resultado do seu cálculo no lugar que
ocupava na fórmula.
Figura 29: Funções como caixas pretas

Para o utilizador da função, não interessa conhecer o seu funcionamento interno, mas
apenas qual a informação que lhe tem que fornecer e qual o tipo de resultado esperado.
Assim sendo, pode dizer-se que do ponto de vista do utilizador da função, ela se comporta
como uma caixa preta, à qual é fornecida informação e que, com base nela, produz um
resultado (Figura 29 na página anterior).

5.1 Exemplo de função criada pelo programador


Vamos agora criar uma função que permita calcular a margem de lucro percentual de um
determinado produto sabendo o seu custo e o seu preço de venda. Supõe-se que esses
dados se encontrarão previamente armazenados em duas células da folha de cálculo. Uma
solução possível será a seguinte:
Listing 8: Função margemLucro

Observe-se que esta função possui dois parâmetros de entrada, venda e custo,
através dos quais receberá os dados correspondentes. Note-se ainda que o resultado da
expressão que calcula a margem de lucro é atribuído directamente ao próprio nome da
função. É esse o processo pelo qual uma função consegue fornecer o resultado do seu
trabalho à entidade que a invocou.
Esta função poderá ser utilizada em qualquer fórmula contida numa célula da folha de
cálculo, das mesma maneira que qualquer das funções pré-existentes o seria. Um exemplo
de uma fórmula utilizando esta função seria a descrita na Figura 30.
Figura 30: Utilização da função margemLucro numa fórmula

A fórmula, que pode ser consultada na barra de fórmulas da imagem apresentada na


Figura 30 na página 52, contem referências às células D3 e D2, em que estão contidos,
respectivamente, o preço de venda e o custo do produto. Quando a função é invocada,
cópias do conteúdo destas duas células são passadas à função. Esta recebe-os através dos
parâmetros de entrada respectivos, venda e custo. O resultado do seu cálculo será deixado
na fórmula, quando a função termina o seu trabalho.

5.2 Como aceder às funções standard do Excel


Se bem que o VBA possua várias dezenas de funções pré-definidas, é muito
conveniente poder utilizar num macro qualquer uma das centenas de funções standard
oferecidas pelo Excel. Para poder aceder a elas a partir do VBA é necessário utilizar a
propriedade WorsheetFunction do objecto Application17. Por exemplo, para, num

macro, calcular o
17
Claro que só as funções do Excel que não se encontram duplicadas no VBA podem ser
acedidas por meio da propriedade WorsheetFunction.

valor médio de uma gama de células (identificada pelo nome "Dados") poderia ser
usada a seguinte instrução:

med =
Application.WorksheetFunction.Average(Range("Dados"))

Esta instrução permite aceder à função standard Average do Excel, à qual é fornecido
um objecto do tipo Range, representando a gama de células descritas sob o nome
"Dados".

6 Programação do Excel usando VBA


Nesta secção vamos aprender a trabalhar com os objectos do Excel mais comuns: o
Work- book (Livro de trabalho), a Worksheet (Folha de cálculo) e o Range (gama de
células). São objectos que pertencem, por sua vez, ao objecto principal que é a
Application (Aplicação, neste caso, o próprio Excel).

6.1 Trabalhar com objectos Workbook


Usando estes objectos, o VBA pode criar novos livros de trabalho, abrir ou fechar exis-
tentes, entre outras acções possíveis. Para especificar qual o livro de trabalho com que
queremos trabalhar podemos fazê-lo de três maneiras diferentes:
 Usando o objecto Workbooks que representa o conjunto dos ficheiros Excel
• abertos naquele momento (Workbooks(Nome));
 Usando o objecto ActiveWorkbook que representa o ficheiro com que se está de
• momento a trabalhar;
 Usando o objecto ThisWorkbook que representa o ficheiro em que o próprio pro-
• grama em VBA (e não o utilizador) está a operar.

Para abrir um Livro de Trabalho aplica-se o método Open ao objecto Workbooks:

Sintaxe:
Workbooks.Open Nome_do_ficheiro

Exemplo:
Workbooks.Open "C : \Documentos\Excel\Dados.xls"
Os métodos Save e Close são utilizados de forma similar para salvaguardar o conteúdo
dum ficheiro e para o fechar, respectivamente.

6.2 Trabalhar com objectos Worksheet


Normalmente um livro de trabalho possui mais do que uma folha de cálculo (é normal-
mente criado logo à partida com três). Para escolher qual a folha de cálculo com que se
pretende trabalhar usa-se o objecto Worksheets especificando um índice ou o nome da
folha de cálculo em causa, conforme se exemplifica a seguir:

Worksheets(2)

Worksheets("Custos")

7.2.1 Propriedades de Worksheet


Nesta secção são referidas algumas das suas propriedades mais úteis:

Worksheet.Name - permite mudar ou obter o nome da folha de cálculo. O


• exemplo abaixo muda o nome de "Folha 1" para "Medidas":
Worksheets("Folha 1").Name = "Medidas"

• Worksheet.StandardWidth - permite especificar a largura standard das


colunas duma folha de cálculo.

7.2.2 Métodos de Worksheet


Eis alguns dos métodos normalmente aplicados a este tipo de objectos:

Worksheet.Activate - torna activa a folha de cálculo especificada18. O exemplo


• seguinte torna activa a folha de cálculo "Custos" do livro de trabalho "Dados
2007":

Workbook("Dados 2007").Worksheets("Custos").Activate

• Worksheet.Copy - copia a folha de cálculo especificada para outra posição dentro


do livro de trabalho.

Sintaxe:

Worksheet.Copy [Position]

O argumento Position é opcional e pode ter o valor Before ou After indicando a


posição onde a cópia será inserida. Caso o argumento não seja incluído, a cópia será
inserida num novo livro de trabalho.

Exemplo:

Worksheets(2).Copy After:=Worksheets(3)

O exemplo anterior faz uma cópia da 2a folha de cálculo e insere-a a seguir à 3a.

O método Move usa uma sintaxe idêntica para mover uma determinada folha de
cálculo para outra posição.

• Worksheet.Delete - permite eliminar a folha de cálculo especificada.


18A folha de cálculo activa é aquela que está visível no momento.

• Worksheet.Add - permite acrescentar uma nova folha de cálculo ao livro de


trabalho.

Sintaxe:

Worksheet.Add [Position]
Também aqui o argumento Position é opcional. Se for omitido, a nova folha de
cálculo será inserida imediatamente antes da folha activa.
Exemplo:

Worksheets.Add After:=Worksheets("Medidas")

6.3 Trabalhar com objectos Range


Um objecto do tipo Range pode representar uma simples célula, um conjunto de células,
uma linha ou uma coluna. Não existe em VBA um objecto específico para representar uma
célula individual.
Para nos referirmos a uma célula ou gama de células podemos aplicar o método Range
ao objecto Worksheet usando uma de duas sintaxes possíveis:

Sintaxe 1:
Worksheet.Range(Nome)

Sintaxe 2:
Worksheet.Range(Celula1, Celula2)

A 1a sintaxe usa nomes de gamas pré-definidos19, enquanto que a 2a utiliza as re-


ferências das células que definem os dois vértices opostos da área rectangular contendo as
células que se quer especificar. Caso se omita Worksheet em qualquer das sintaxes
anteriores, o VBA pressupõe que se trata da folha de cálculo activa naquele momento.

Exemplos:
Range("C5").Value = 100

Range("D1","D10").Value = 0
Worksheets(3).Range("Dados").ClearContents

O 1o exemplo guarda o valor 100 na célula C5. O 2o exemplo atribui o valor zero a
todas as células da gama D1 a D10. Nestes dois exemplos é utilizada a propriedade
Value dos objectos Range que permite conhecer ou modificar o seu valor. No 3o
exemplo limpa-se o conteúdo das células da gama "Dados" da 3a folha de cálculo,
mediante a aplicação do método ClearContents.
Caso queiramos identificar apenas uma célula podemos também utilizar o método
Cells.

Sintaxe:
Objecto.Cells(Linha,Coluna)
19Atribuídos em Excel usando o Menu "Insert/Name/Define".

Na sintaxe acima, a entidadeObjecto pode ser um objecto Worksheet ou Range. A sua


omissão, leva o VBA a partir do princípio que se trata da folha de cálculo activa. Linha e
Coluna são valores numéricos indicando qual a linha e qual a coluna na intersecção das
quais a célula se encontra20. Veja-se o seguinte exemplo:
1 For coluna = 2 To 13

2 Ce l l s ( 2 , Coluna ) . Value = "Mes¸" & coluna −


1
3 Next
O exemplo acima usa um ciclo For...To para preencher todas as células da gama C2
a C13 com o texto "Mês X" em que X é o no do mês. É usado o operador de
concatenação de strings & para efectuar a colagem.
Caso se pretenda identificar uma linha ou coluna completa, podem ser utilizados os
métodos Rows e Columns.

Sintaxe:
Objecto.Rows(Indice)
Objecto.Columns(Indice)

Para ilustrar a utilização do método Rows atente-se no seguinte exemplo de sub-


rotina21:
Listing 9: Sub-rotina InsereLinhas

1 Sub Ins e re Linha s ( gama As Range , num As Integer )

2 Dim num_linhas As Integer , ultima_ l inha As Integer

3 Dim i As Integer

4 With gama

5 num_linhas = . Rows . Count

6 ultima_ l inha = . Rows( num_linhas ) . Row


7 For i = 1 To num

Esta sub-rotina recebe como argumentos uma gama de células (um objecto do tipo
Range) e um inteiro especificando o número de linhas a inserir abaixo da última linha
dessa gama. A estrutura With...End...With é muito prática porque permite executar
um conjunto de instruções sobre um determinado objecto, neste caso qualquer
objecto Range que a sub-rotina receba como argumento. Dentro da estrutura
With...End...With omite-se qualquer referência a esse objecto, usando-se apenas os
seus métodos e propri- edades. Assim, .Rows.Count refere-se ao número total de
linhas da gama especificada e .Rows(num_linhas).Row fornece-nos o índice da última
linha dessa gama. O ciclo For...To repete num vezes a aplicação do método Insert à
ultima linha da gama.
Para testar a sub-rotina InsereLinhas, use-se a seguinte rotina de teste:
20Se
o objecto for do tipo Range, os argumentos Linha e Coluna referir-se-ão à linha e à coluna
dentro da gama de células especificada.
21Adaptado de um exemplo contido em [1].

1 Sub in s e r e Te s te ()

2 Ins e re L i n h a s Worksheets ( 3 ) . Range ( "Dados" ) , 3


3 End Sub
Apresentamos outro exemplo, agora referido ao método Columns:

Columns(5).ColumnWidth = 15

Aplicando o método Columns ao objecto Columns(5) (a coluna de índice 5, ou


seja, a coluna E) o efeito obtido é a mudança da sua largura para 15.

7 Adicionando uma interface gráfica


O acesso aos macros faz-se, conforme referido na Secção 2.3, mediante a combinação
de teclas ALT-F8. Pode ainda associar-se a um macro uma combinação de teclas
especial que permite accioná-lo directamente. No entanto, em muitos casos, é mais
conveniente poder interagir com o macro através de uma interface própria, concebida
especialmente para ele. Usam-se para o efeito objectos gráficos como Dialog Boxes
(Caixas de Diálogo) desenhadas à medida, que são versões mais desenvolvidas das já
conhecidas Input Boxes e Message Boxes.
Vamos nesta secção ver como construir as nossas próprias Dialog Boxes usando
ob- jectos da classe UserForm e como as integrar numa aplicação em VBA.

7.1 Instalação da Form


Uma Form é uma janela, em si mesma um objecto, utilizada como um contentor para
outros objectos gráficos (ver Secção 4.3.3 na página 28). Pode-se criar um objecto da
classe UserForm no Editor do VBA através do Menu "Insert/User Form".
Na Figura 31 na página anterior pode-se ver uma Form vazia e uma caixa de
ferramentas (Toolbox ) contendo os vários controlos (objectos gráficos) disponíveis para
a construção da interface. Pode ainda ver-se no canto inferior esquerdo a Janela de
Propriedades, através da qual é possível manipular várias características da Form
(como, aliás, de qualquer controlo que esteja seleccionado). A seguir são apresentadas
algumas das principais propriedades que podem ser configuradas numa Form:
• Name - especifica o nome pelo qual a Form será identificada
• Caption - especifica o título que figura no topo da Form
• BackColor - permite seleccionar a cor do fundo
• Enabled - controla a utilização da Form pelo utilizador
ShowModal - permite alterar o comportamento da Form de modo a controlar o
• acesso à aplicação enquanto a Form estiver activa

• Font - controla o tipo e tamanho da letra utilizada


• Height - especifica a altura da Form
• Width - especifica a largura da Form

Figura 31: Criação de uma Form no VBA

7.2 Instalação dos Controlos


Usando a Caixa de Ferramentas Toolbox, é possível escolher e instalar os controlos na
Form. Para o efeito, basta accionar o símbolo do controlo pretendido e desenhá-lo com
o rato na Form. A seguir, quer agindo directamente sobre o controlo, quer utilizando a
Janela de Propriedades, podem-se fazer os ajustes necessários das suas características.
Se bem que cada classe de controlos possua a sua lista específica de propriedades,
existem algumas propriedades importantes que são comuns à maioria delas:

• Name - especifica o nome pelo qual o controlo será identificado no programa

• Caption - especifica o texto apresentado pelo controlo

• BackColor - permite seleccionar a cor do fundo


• Enabled - controla a utilização do objecto pelo utilizador da interface

• Height - especifica a altura do controlo

• Width - especifica a sua largura

• Visible - especifica se o controlo está ou não visível


Conforme referido na Secção 4.3 na página 25 no ambiente de desenvolvimento do
VBA encontram-se disponíveis diversos tipos de controlos: botões de comando
(Command Buttons), etiquetas (Labels), caixas de texto (Text Boxes), quadros (Frames),
botões de opção (Option Buttons), caixas de verificação (Check Boxes) e caixas de
listagem (List Boxes), entre outros.

7.3 Incorporação da Form na sub-rotina


Nesta fase há três aspectos a considerar:

1. Visualização da Form

2. Tratamento dos eventos que ocorram enquanto a Form estiver visível

3. Processamento dos resultados fornecidos pela Form

O 2o ponto, referente ao tratamento dos eventos, foi já discutido anteriormente. Os


restantes serão tratados nas secções seguintes.

Como visualizar e terminar uma Form


Para visualizar a UserForm usa-se o método Show :

1 Exemplo :
2 MinhaForm . Show
Se, em alternativa, se pretender arrancar com a Form mas sem a visualizar nesse
momento, usa-se a instrução Load :
1 Exemplo :
2 Load MinhaForm

Quando se pretender tornar a Form visível, aplicar-se-á então o método Show.


Após a sua utilização, quando uma Form deixar de ser necessária, deve-se utilizar a
instrução Unload para a desactivar:
1 Exemplo :
2 Unload Me
No entanto, desactivar uma Form através da instrução Unload não implica que esta
deixe de estar em memória. Para garantir a sua efectiva remoção, que se traduzirá na
geração do evento Terminate, haverá que se usar a seguinte técnica:
1 Exemplo :
2 Set MinhaForm = Nothing

Tratamento de eventos através de Event Handlers


Este tema foi já introduzido na Secção 4.1.3 na página 21. Pelo menos um Event Handler
deve ser associado a um controlo instalado na form. Vamos agora considerar o exemplo de
Event Handler utilizando a instrução Unload Me e associado a um controlo (normalmente
um botão de comando) presente na Form. Nesta instrução, a palavra Me indica ao VBA
que a Form a desactivar será aquela a que o Event Handler diz respeito.
Um exemplo de um Event Handler que termine uma Form pode
ser: Listing 10: Handler do objecto cmdFechar para o
1 evento
Private Sub cmdFechar_Click
click ()

2 Dim op As Integer

3 op = MsgBox( " Sa i r ?( Yes/No) " , vbYesNo + vb Question )


4 I f op = vbYes Then

5 Unload Me

A sub-rotina acima vai especificar a reacção do botão de comando cmdFechar ao evento


Click, neste caso apresentar uma Msg Box que confirme a intenção do utilizador de fechar
a Form. O tratamento de qualquer evento a ocorrer na Form, ou em qualquer dos controlos
nela presentes, deverá basear-se num Event Handler que defina a resposta adequada.
Outro evento importante é o Change que ocorre sempre que se altera o conteúdo de
objectos como as Text Box. Na Secção 8.4 na página 63 encontra-se um exemplo de um
Event Handler associado a este tipo de evento.

Como recolher os resultados de uma Form


Uma UserForm é muitas vezes utilizada para pedir informação ao utilizador. Nesse caso,
será necessário recolher os dados introduzidos ou as opções seleccionadas nos controlos
apropriados.
Para tal é preciso aceder às propriedades Value dos diversos controlos existentes na
Form e copiar os seus valores actuais para células da folha de cálculo.
O conteúdo da propriedade Value nas principais classes de controlos encontra-se
resumida na seguinte tabela:
Classe Conteúdo
CheckBox True ou False conforme esteja ou não activada
OptionButton True ou False conforme esteja ou não activada
ListBox A posição da linha seleccionada
TextBox O conteúdo da TextBox (pode-se também usar a propriedade
Text ) TabStrip Um inteiro indicando qual a Tab que está activa
Note-se que nas List Boxes em VBA a 1alinha tem a posição 1, ao contrário do que
se passa em Visual Basic, em que começa na posição 0.
Exemplo de aplicação
Vamos finalmente aplicar estes conceitos e técnicas na construção e integração de uma
UserForm (descrita na Figura 32 na página seguinte) que permita a introdução conjunta
dos dados de um aluno (Nome, Número e Curso) sem necessidade de recorrer a três Input
Boxes separadas.
Esta UserForm conterá duas Text Boxes para inserção do Nome e Número do aluno
e uma Combo Box para selecção do seu Curso. Uma Combo Box é um controlo
semelhante a uma List Box em que a lista está normalmente invisível, só aparecendo
quando o campo superior é activado. Aplicam-se-lhe os mesmos métodos da classe
ListBox.
Listing 11: Exemplo de sub-rotina de invocação de uma UserForm

1 Public Sub test User Form Input ()

2 usrFrmInput . Show

3 Set usrFrmInput = Nothing

O macro da Listagem 11 na página 60 chama a UserForm com o nome usrFrmInput e


remove-a de memória quando ela termine o seu trabalho. Para facilitar a sua invocação, é
conveniente associar ao macro uma combinação de teclas específica, usando uma das
técnicas já aprendidas (ver parte final da Secção 2.6).

Listing 12: Exemplo de sub-rotina de inicialização de uma UserForm


Figura 32: A UserForm para Entrada Múltipla de Dados

Esta sub-rotina especial, que é executada automaticamente quando a UserForm ar-


ranca, trata de inicializar a Combo Box "cmbCursos" com os nomes dos diferentes cursos da
escola.

Listing 13: Handler do objecto cmdFechar para o evento Click

Unload Me

Este Event Handler está associado ao botão cmdFechar e é chamado quando


sobre ele ocorre o evento Click. Antes de fechar a UserForm usando Unload, copia
o conteúdo das duas Text Box e o da linha seleccionada da Combo Box para três
células contíguas da folha de cálculo.

7.4 Exemplo de aplicação mais elaborado


Neste exemplo mais elaborado vamos introduzir o controlo Tabstrip existente no VBA. Este
objecto permite a apresentação de diferentes conjuntos de valores mediante a selecção de
diferentes separadores ("tabs"). Na Figura 33 na página 62 pode-se encontrar um exemplo
de um objecto deste tipo.
Figura 33: Objecto da classe Tabstrip

Numa Tabstrip é usual inserirem-se outros controlos, um pouco como se faria numa
mini-Form ou num quadro. No exemplo da figura, encontram-se três TextBox.
Conforme referido na Secção 4.1, para que um controlo possa reagir a acções
provocadas pelo utilizador, como o "clicar" do rato, é preciso que o programador crie sub-
programas especiais, chamados Event Handlers e que esses sub-programas sejam
associados aos controlos respectivos.
Vamos apresentar dois exemplos de Event Handlers, sub-programas que permitem
especificar o comportamento de controlos em face de certos eventos. Em 1o lugar,
apresentar-se-á o Event Handler da form "UserForm2" para o evento Initialize, que ocorre
quando a form é criada após o arranque do programa:

Listing 14: Sub-rotina de inicialização da UserForm

10

11

Este procedimento vai inicializar os dois separadores do controlo Tabstrip1 com que ele
é criado por defeito, mudando-lhe os nomes para "Civil" e "Informática". De seguida,
acrescenta um terceiro separador e dá-lhe o nome "Electrotecnia". Por fim, são atribuídos a
cada uma das TextBox contidas na Tabstrip1 os conteúdos das três células da folha de
cálculo referentes ao curso referente ao 1o separador.
O próximo procedimento é o Event Handler do controlo Tabstrip1 para o evento
Change que ocorre sempre que alguma alteração ocorre nesse controlo, concretamente,
uma mudança de separador activo.

Listing 15: Handler associado ao objecto Tabstrip1 para o evento Change

∗ 100

∗ 100

13

14

∗ 100
16

17

A propriedade Value dos objectos Tabstrip contem um valor numérico inteiro que
traduz qual o separador que está activo. Em função do valor recolhido na variável v, a
estrutura condicional imbricada If...Then...Else irá escolher o conjunto de valores corres-
pondente.

8 Notas finais
Parte da estrutura e alguns dos exemplos apresentados foram inspirados no livro de Paul
McFreddies[1]. Foram ainda reutilizados e adaptados materiais contidos na Sebenta de
Introdução à Computação da minha autoria[2].

Referências
[1] Paul McFredies. VBA for the Microsoft Office System, QUE.

[2] António Silva. Sebenta de Introdução à Computação - Visual Basic, ISEP.

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