Odilei Kuehl
Reinhold Eberhardt Stortz2
Fabiano Pires de Oliveira3
RESUMO
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Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Engenharia de Produção da Faculdade Capivari
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Acadêmicos do curso de Engenharia de Produção da Faculdade Capivari. E-mail: odileikuehl@hotmail.com;
reinholdstortz@gmail.com
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Orientador. Docente do curso de Engenharia de Produção da Faculdade Capivari. E-mail:
fabianopo76@hotmail.com
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1. Introdução
O desgaste do equipamento depende muito do produto que está sendo transportado, pois
alguns são mais agressivos e nocivos ao metal. De acordo com CARDINES, define-se como
desgaste a perda do material de composição da superfície de um corpo sólido devido ao contato
e movimento relativo com outro corpo, sendo este corpo sólido, líquido ou gasoso. No caso
específico, o produto transportado é o carvão mineral (composição química do carvão: carbono,
oxigênio, hidrogênio, enxofre e cinzas). A conservação do equipamento de transporte do
mesmo é muito importante, devido aos custos elevados da manutenção ou da aquisição dos
caminhões caçamba, pois quanto maior a durabilidade da superfície interna, melhor.
As carrocerias (caçambas) dos caminhões novos, quando fabricadas, são revestidas
internamente com uma tinta automotiva sintética (Figura 1). Após algum tempo de uso, as
mesmas começam a apresentar imperfeições, causadas pelo desgaste (Figura 2). Muitas
empresas e proprietários de caminhões de carga reclamam que o desgaste é muito frequente,
ocasionando no aumento do custo da manutenção, fazendo com que se opte pela compra de
uma nova carroceria.
Com base neste problema no interior das caçambas, se avalia a possibilidade no emprego
de uma tinta mais resistente à corrosão. Neste caso podemos fazer a comparação de custos da
manutenção, o tempo da resistência com o revestimento e a vida útil mesmo após a pintura.
Com a análise de custos, pode-se chegar a uma técnica economicamente mais viável, ou seja,
com o objetivo de aumentar a resistência ao desgaste da carroceria.
2. Fundamentação Teórica
2.1 Corrosão
existe uma fresta no metal, este fica exposto ao meio corrosivo, assim, ocorrendo
a corrosão.
Corrosão por aeração diferencial: mais comum no uso de parafusos ou rebites
para junção de peças metálicas. Neste processo existem pequenas frestas (nas
ligações dos metais), permitindo o contato com o meio corrosivo, assim,
ocorrendo a corrosão.
2.2 Proteção
A aplicação das camadas de revestimento garante uma melhor proteção contra corrosão,
além de terem um bom custo/benefício. Uma boa alternativa para prolongar a durabilidade das
carrocerias de caminhões que transportam carvão mineral, é o revestimento com tintas
anticorrosivas. Em um livro de KUMAR, A. et al (2006), foi estudado a aplicação de capsulas
contendo inibidores de corrosão e agentes reparadores em um sistema de revestimento epóxi
sobre o aço carbono. Foram feitos testes e o material revestido com esses inibidores
apresentaram boa resistência.
Segundo o trabalho de GERRA F. B. e AIRES M. (2014), as tintas são compostas por
várias partes:
A resina, que constitui a parte não volátil da tinta e que aglomera os pigmentos. A
natureza química da cadeia polimérica da resina que forma o revestimento define o tipo
de tinta (acrílica, alquídica, epoxídica...) e, assim, as principais propriedades da mesma
em termos de aplicabilidade, secagem e cura, durabilidade, adesão, resistências
químicas, resistências à abrasão e flexibilidade [...];
O pigmento, ou seja, um sólido orgânico ou inorgânico, incorporado em partículas finas
não solúveis na tinta, que confere ao filme seco tanto a cor desejada como opacidade,
consistência, estabilidade à luz e ao calor [...];
O aditivo que confere à tinta propriedades específicas a aplicações, tais como um poder
secante ou um poder dispersante. Portanto, ele melhora as características das tintas;
O solvente líquido volátil, que dissolve a resina, facilita a aplicação da tinta, reduzindo
a viscosidade e homogeneizando a película. Ele se evapora no processo de secagem da
camada [...];
As tintas alquídicas ou esmaltes sintéticos, são constituídas de uma resina de tipo
poliéster modificado com ácidos graxos. Elas são obtidas por reação de álcoois poliídricos com
poliácidos ou seus anidridos. A resistência dessas tintas é superior à resistência das tintas à base
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de óleo secativo. Elas são aconselhadas para uso rural, urbano e industrial leve. Porém, elas
tendem a saponificar-se em condições alcalinas, o que limita o uso das tintas alquídicas na
indústria (DHRA SOLUÇÕES TÉCNICAS E ANTICORROSIVAS,2018).
Sendo mais resistente que as tintas alquídicas, as tintas epoxídicas apresentam melhores
performances com uma alta resistência química, forte dureza e boa resistência à abrasão e ao
impacto. No entanto, elas se caracterizam por uma baixa resistência à radiação solar,
especialmente aos raios ultravioletas. Elas são constituídas de resina epóxi, produzida por
reação entre a epicloridrina e o bisfenol. Elas oferecem principalmente uma proteção por
barreira, porém, algumas permitem uma proteção por passivação ou inibição anódica ou uma
proteção catódica. No mercado, encontra-se uma ampla variedade de tintas epóxis, com
características especificas, dentro delas existe a tinta epóxi poliamida, que apresenta uma alta
resistência à água e flexibilidade, ou a tinta possui uma grande capacidade de aderência. Elas
são frequentemente vendidas em duas partes: o componente “A” contendo o pré-polímero e a
segunda, o componente “B” contendo o endurecedor, ou seja, o agente de cura. Elas são
frequentemente usadas em ambientes quimicamente agressivos como, por exemplo, na vida
quotidiana e na proteção de tanques e tubulações nas indústrias (DHRA SOLUÇÕES
TÉCNICAS E ANTICORROSIVAS,2018).
3. Procedimentos Metodológicos
Método científico pode ser definido como um conjunto de etapas e instrumentos pelo
qual o pesquisador científico, direciona seu projeto de trabalho com critérios de caráter
científico para alcançar dados que suportam ou não sua teoria inicial (CIRIBELLI, 2003).
O presente estudo terá abordagem quantitativa para o seu desenvolvimento, tendo assim
como objetivo analisar a viabilidade entre dois tipos de revestimento para caçambas através de
testes e comparações utilizando métodos estatísticos. A pesquisa quantitativa é caracterizada
pelo emprego da quantificação, tanto nas modalidades de coleta de informações quanto no
tratamento delas por meio de técnicas estatísticas (RICHARDSON,1999).
Os dados levantados para a análise se deram através da Pesquisa de campo, que segundo
Lakatos e Marconi (2003), é aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou
conhecimentos acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma
hipótese, que se queira comprovar, ou, ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações entre
eles. Também não deixa de ser considerada como uma pesquisa explicativa, pois os fatos serão
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3.1 Desenvolvimento
Para chegar a solução desejada, foi realizado uma coleta de dados através de testes de
campo. Existem duas classes de tintas que foram analisadas e testadas como alternativas para
revestimento anticorrosivo, que são as tintas alquídicas e as tintas epoxídicas.
Os dados analisados foram agrupados em planilhas na ferramenta Microsoft Excel e
também selecionados como amostras físicas das caçambas de implementos rodoviários.
Realizaram-se testes práticos para analisar a espessura das camadas de revestimento de pintura
e o comportamento da tinta após a aplicação. A análise de espessura da tinta após ser aplicada,
foi realizada com o medidor de camada (Figura 5).
A quantidade de tinta (por m²) utilizada para revestir a caçamba internamente depende
da espessura da camada (em micros) aplicada e do tipo de tinta que é utilizada. Portanto
observou-se alguns requisitos técnicos dos fabricantes das tintas, principalmente na quantidade
de micros por camada e o tempo de cura das mesmas.
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O custo da tinta varia conforme a fórmula e a quantidade a ser utilizada quando aplicada.
Antes de aplicar a tinta, sempre é necessário realizar a limpeza da parte interna da caçamba,
devido a oxidação da mesma. Esta oxidação é provinda do longo tempo de uso, e dos tipos de
materiais que são transportados, porém, nem sempre é possível restaurá-la. A limpeza da chapa
realizou-se com o jateamento, com o qual foram removidas as partículas de oxidação existentes
na mesma.
Em seguida foi aplicada a tinta, fazendo testes no revestimento com as tintas alquídicas
(tinta sintética) e as tintas Epoxídicas (alcatrão de Hulha). Foram coletados dados por meio do
medidor de camada para comparar a espessura da camada de tinta aplicada. Os dados foram
compilados em planilhas no Microsoft Excel para melhor análise.
Com a aplicação dos dois tipos de tintas no revestimento da chapa metálica, foi
determinada qual delas obteve a melhor performance em relação a resistência ao desgaste e
corrosão e qual apresentou o melhor custo/benefício.
4. Análises e Resultados
Após os testes serem finalizados com os dois tipos de tinta, com acompanhamento de 6
meses, notou-se algumas imperfeições na estrutura interna da caçamba, devido às reações
causadas pelo material transportado (carvão mineral). Na aplicação da tinta sintética
(alquídica), com uma camada entre 80µ a 120µ (conforme o padrão de fábrica – Figura 8) e na
tinta epóxi aplicada com uma camada entre 160µ a 200µ (Figura 9). Após a aplicação, seguida
de uma secagem, foram feitas as medições em 10 pontos diferentes (conforme representação
no desenho das Figuras 10 e 11) na parte interna do implemento, verificando a uniformidade
das camadas, conforme a Tabela 1. Este controle de qualidade é necessário, pois trata-se de um
revestimento com função de dificultar o contato direto entre o carvão mineral e o metal na parte
interna do implemento. Além disso, a tinta evita que restos de carvão mineral “grudem” na
chapa.
representam a comparação das medições da camada de tinta de antes e depois dos 6 meses de
uso.
40
20
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Pontos de medição
200 198
190 190
184 185 187 186 184
180 182 182 179
178 176 178 175
170 169 172 169
165 170 168
160
150
140
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Pontos de medição
Sabendo que a camada (antes da viagem) de revestimento com tinta epóxi foi maior que
a camada de tinta sintética, analisou-se as diferenças percentuais do desgaste comparando
ambas. Na Tabela 3 podem ser observados os resultados da diferença percentual do desgaste
nos 10 pontos de medição (após 6 meses de viagens), em ambas as alternativas de revestimento.
Tabela 5 – Comparação dos custos de restauração com cada tipo de tinta em dois semestres.
Gráfico 5 – Economia anual optando pelo revestimento com tinta epóxi, por caminhão
(período de 4 anos).
No caso desta empresa, há uma frota com pelo menos 100 implementos rodoviários,
gerando uma economia em torno de R$178000,00 anuais. Em quatro anos, economizam-se
R$712000,00, podendo ser utilizada para amentar ainda mais a frota na compra de mais
implementos rodoviários, conforme o Gráfico 6.
Gráfico 6 - Economia anual optando pelo revestimento com tinta epóxi, frota de 100
caminhões (período de 4 anos).
5. Considerações Finais
Após a análise dos resultados obtidos através dos testes, concluiu-se que o desgaste
sempre existirá, devido ao contato do equipamento com os produtos transportados. No caso do
transporte do carvão mineral, a caçamba apresenta um alto nível de desgaste. Portanto, as
manutenções sempre serão necessárias para que o metal não se deteriore por completo. O estudo
mostra que enquanto houver revestimento, impossibilitando o contato direto do carvão mineral
com a chapa, a caçamba resistirá por muito mais tempo.
Quanto a restauração com a tinta sintética (alquídica), o custo “aparenta” ser menor,
porém, com uma vida útil menor com relação ao processo de restauração com tinta epóxi. O
revestimento com tinta epóxi, por outro lado, “aparenta” ter um custo mais elevado, porém, a
longo prazo, torna-se a melhor opção, considerando a economia obtida e a qualidade da
caçamba ao longo do tempo de uso.
A restauração com tinta epóxi, além de ser mais resistente, necessita de menos
restaurações anuais e tem menor custo em relação ao revestimento com tinta sintética ao longo
do tempo. A economia obtida com a utilização da tinta epóxi é considerável, economizando-se
em torno de R$ 1780,00 em cada ano, ou seja, é a opção mais viável.
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Referências