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UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP

SISTEMAS ESTRUTURAIS – CONCRETO


AULA 01

Profa. Dra. Maria Alice A. G. Venturini


Na concepção da
estrutura, uma
das principais
preocupações do
engenheiro
estrutural deverá
ser a interação
com as demais
projetos, em
especial com o
arquitetônico, o
qual direcionará
grande parte das
decisões tomadas.
Elementos Estruturais Básicos
Na concepção estrutural, é importante considerar o comportamento
primário dos elementos estruturais. Eles podem ser resumidos como se
indica a seguir:

Laje: Elemento plano bidimensional, apoiado em seu contorno nas


vigas, constituindo os pisos dos compartimentos; recebe as cargas
(ações gravitacionais) do piso transferindo-as para as vigas de apoio;
submetida predominantemente à flexão nas duas direções ortogonais.

Viga: Elemento de barra sujeito predominantemente à flexão, apoiada


em pilares e, geralmente, embutida nas paredes; transfere para os
pilares o peso da parede apoiada diretamente sobre ela e as reações
das lajes.

Pilares: Elementos de barra sujeitos predominantemente à flexo-


compressão, fornecendo apoio às vigas; transferem as cargas para as
fundações.
Normalmente, a primeira
tarefa da concepção
estrutural é o lançamento dos
pilares do andar-tipo,
verificando suas possíveis
interferências no térreo e
também nos subsolos, com as
vagas de garagem e circulação
de veículos.

A integração entre projeto


estrutural e arquitetônico é
indispensável para o
melhor aproveitamento das
garagens: maior número de
vagas e espaço adequado
para manobras.
Pilares: Elementos de barra sujeitos predominantemente à
flexo-compressão, fornecendo apoio às vigas; transferem as
cargas para as fundações.
Principais elementos de um edifício
Elementos Estruturais de Fundações
As ações atuantes na edificação devem ser transmitidas à camada
resistente do solo por meio dos elementos estruturais de fundação.

Fundações profundas – Os tipos mais comuns são as estacas e os


tubulões. As fundações profundas são utilizadas quando não é
viável economicamente o emprego de fundações diretas. Em uma
fundação profunda, a carga pode ser transmitida
predominantemente pela base ou por atrito lateral ou ainda por
estas duas formas.
Fundações superficiais – Constituída essencialmente pelas sapatas
e radiers. São empregadas quando o terreno apresenta um solo
superficial com resistência relativamente elevada e baixa
compressibilidade. Nestes tipos de fundações, também conhecidas
por fundações diretas ou rasas, as ações são transmitidas ao solo
predominantemente pela base
Lançamento dos elementos estruturais
As recomendações que se seguem são aplicáveis a edificações em
concreto armado com concepção estrutural usual (sistema estrutural
com laje, viga e pilar) e com pequenas sobrecargas de utilização, tais
como os edifícios comerciais e residenciais:

1) Posicionar os pilares, de preferência, nos cantos das edificações e


nos encontros das vigas.

2) Procurar distanciar os pilares entre 2,5 e 6 m.

3) Escolher regiões não muito nobres no pavimento tipo da


edificação para o posicionamento dos pilares (cantos dos armários
embutidos, atrás das portas, etc.) evitando que os mesmos fiquem
aparentes em salas e dormitórios.
4) Verificar se as posições lançadas no pavimento tipo são aceitáveis
ao térreo e nas garagens (subsolos). Por sua vez, essa preocupação
de cunho estético é menos importante para o térreo, uma vez que a
sua arquitetura pode ficar um pouco prejudicada em favor de um
melhor posicionamento dos pilares no pavimento tipo. Quanto às
garagens, verifica-se que é mais difícil compatibilizar as melhores
posições estruturais dos pilares com a melhor distribuição dos boxes
(espaços reservados para os automóveis), sendo primordial, nesta
etapa, o entendimento entre calculistas e arquitetos na busca da
melhor posição estrutural para os pilares.

5) Procurar, sempre que possível, o posicionamento das vigas de tal


forma que as mesmas formem pórticos com os pilares, a fim de
enrijecer a estrutura frente às ações horizontais (vento),
principalmente na direção da menor dimensão em planta do
edifício.
6) Procurar lançar vigas onde existam paredes, evitando que as
mesmas fiquem aparentes, contribuindo para o aspecto estético.
Entretanto, não é obrigatório lançar vigas sob todas as paredes.
Eventualmente, uma parede poderá apoiar-se diretamente na laje,
devendo-se fazer as devidas verificações na laje em virtude do
carregamento introduzido pela parede. Quando existirem paredes
leves, como por exemplo paredes de gesso acartonado e divisórias,
a tarefa do lançamento de vigas torna-se mais flexível.

7) Verificar a real necessidade de rebaixamento de uma laje em


relação à outra. Às vezes o rebaixamento é necessário quando se
tem que embutir as tubulações de esgoto nas lajes (lajes de
banheiro ou das áreas de serviço). Atualmente, para esconder as
tubulações de esgoto, há a preferência pela utilização de forros
falsos em contrapartida à opção pelo rebaixamento (figura 10). Isso
se deve principalmente à facilidade de eventuais consertos nas
tubulações.
Quanto aos limites dos vãos das lajes de concreto armado,
apresentam-se as seguintes recomendações:

8) Em geral, pode-se adotar:


a) 2 a 5 m para o menor vão de lajes armadas em uma direção;
b) 3 a 6 m para o maior vão de lajes armadas em duas direções.

9) Lajes de vãos muito pequenos resultam em grande quantidade


de vigas, tornando elevado o custo com as fôrmas.

10) Lajes com vãos muito grandes podem requer espessuras


elevadas e grande quantidade de armaduras. Além disso, a
verificação do estado limite de deformações excessivas pode ser
crítico. Para vencer grandes vãos, torna-se mais viável a utilização
da protensão.
Lajes

A espessura da laje (h) pode ser estimada por:


Lx
h =
40
onde Lx é o menor vão da laje.

Vãos das lajes para o pré-dimensionamento da espessura h


Cabe ressaltar que devem ser respeitadas as espessuras mínimas em
função do uso da laje, conforme prescreve a NBR 6118:2014 em seu
item 13.2.4. Para as lajes maciças, citam-se alguns limites mínimos de
espessura prescritos pela norma brasileira:

• 7 cm para lajes de cobertura (forro) que não estejam em balanço;


• 8 cm para lajes de piso ou lajes de cobertura em balanço;
• 10 cm para lajes que suportem veículos de peso total inferior ou igual
a 30kN;
• 12 cm para lajes que suportem veículos de peso total maior que 30kN;
• 16 cm para lajes lisas e 14 cm para lajes-cogumelo.

Deve-se frisar ainda que as lajes dos edifícios necessitam de espessuras


adequadas para garantir um isolamento acústico mínimo entre
pavimentos e evitar deformações indesejáveis. BATLOUNI NETO (2005)
recomenda espessuras mínimas maiores que 10cm para as lajes, na
tentativa de minimizar efeitos negativos com a falta de isolamento
acústico e com as deformações excessivas.
Exemplos de alternativas usuais para pavimentos

1) Convencional – lajes maciças


apoiadas em vigas
3) Laje nervurada - pilar

Lajes moldadas no local


Montagem da laje com os
caixotes plásticos.

Retirada dos
caixotes plásticos.
Lajes nervuradas
com vigas-faixa

Armaduras do cruzamento
de duas vigas-faixa
Vigas

Em geral, a altura da seção transversal da viga (h) pode ser estimada


por:
L L
h≅ a
10 12

onde L é o vão da viga. Para fins de pré-dimensionamento, L pode


ser tomado como sendo a distância entre os eixos dos pilares em
que a viga se apoia.

Algumas considerações adicionais sobre a escolha das dimensões


devem ser destacadas:
No caso de vigas contínuas com vãos comparáveis (relação entre
vãos adjacentes entre 2/3 a 3/2), costuma-se adotar uma altura
única estimada a partir da média dos vãos. No caso de vãos muito
diferentes entre si, deve-se adotar uma altura própria para cada vão
como se fossem independentes.
No caso de apoios indiretos (viga apoiada em outra viga), recomenda-
se que a viga de apoio tenha uma altura maior ou no mínimo igual à
viga apoiada.

Costuma-se adotar alturas de seção múltiplas de 5 cm, com um


mínimo de 25 cm. Tal critério de altura mínima induz a utilização de
vãos maiores ou iguais a 2,5 m. A altura máxima está condicionada ao
espaço disponível para a viga e para as aberturas de portas. Logo, as
alturas das vigas dos pavimentos não devem ultrapassar a distância de
piso a piso menos a altura das portas e caixilhos. Dessa, forma não
devem ser utilizados, em geral, vãos de vigas superiores a 6 m, face
aos valores usuais de pé-direito (em torno de 2,8 m).
Seção transversal da viga

As vigas podem ser normais ou invertidas, conforme a posição da sua


alma em relação à laje. As vigas invertidas são utilizadas em situações
nas quais se deseja que a viga não apareça na face inferior da laje,
geralmente por questões de estética. As semi-invertidas são
empregadas em situações nas quais o pé-direito ou as esquadrias
limitem a altura útil da viga e o projeto estrutural exija uma viga alta.
Vigas em relação à laje:

a) Viga normal. b) Viga semi-invertida. c) Viga invertida


Montagem de viga invertida

Em corte: Viga invertida em


laje pré- moldada.
Trilho em treliça e lajota em EPS

Viga normal com lajotas em EPS e trilho em treliça


A largura da viga é, em geral, definida pelo projeto arquitetônico e
pelos materiais e técnicas utilizados pela construtora. Desta forma,
quando a viga ficar embutida em paredes de alvenaria, sua largura
deve levar em conta o tipo de tijolo, o revestimento utilizado e a
espessura final definida pelo arquiteto. Normalmente, os tijolos
cerâmicos e os blocos de concreto têm espessuras de 9 cm, 14 cm e
19 cm.

Como recomendação prática para definir a largura das vigas, pode-se


considerar uma espessura de 3 cm para o revestimento (em cada
face da parede) em paredes de 25 cm de espessura e 1,5 cm de
espessura de revestimento em paredes de 15 cm de espessura.
Segundo a NBR 6118, a largura mínima para vigas é de 12cm e para
vigas-parede 15cm. No também, é importante frisar que a mínima
largura permitida para a viga também está condicionada ao bom
alojamento das armaduras, devendo-se respeitar o espaçamento
mínimo livre (ah) entre as barras e o cobrimento mínimo (c) em
função da classe de agressividade ambiental prescritos pela NBR
6118.

Dimensões envolvidas na determinação da mínima largura possível


para a viga
Pilares
Os pilares de concreto armado são normalmente de seção retangular,
sendo posicionados nos cruzamentos das vigas (permitindo apoio direto
das mesmas) e nos cantos da estrutura da edificação. Os espaçamentos
dos pilares definem os vãos das vigas, resultando em geral
espaçamentos entre 2,5 a 6 m.

Nos pilares de seção retangular, recomenda-se que a menor dimensão


não seja inferior a 20cm, embora a norma brasileira de projeto permita
dimensões de até no mínimo 12 cm em troca de uma majoração
adicional das solicitações. As seções dos pilares também podem ser
compostas por retângulos, em forma de “L”, “T”, etc.

Em edifícios pode ocorrer uma incompatibilidade entre a posição dos


pilares em dois pavimentos diferentes. Essa situação pode existir em
função de diferenças no layout dos pavimentos, como no caso nos
edifícios residenciais, que possuem garagem e pavimento tipo. Nesses
casos, utiliza-se uma estrutura de transição como a mostrada a seguir.
Vigas de transição.
As estruturas de transição, na grande maioria das vezes, são caras e de
grande responsabilidade estrutural. Dessa forma, deve-se procurar
compatibilizar o posicionamento dos pilares nos diversos pisos,
mantendo a continuidade vertical dos mesmos até a fundação, de
modo a se evitar, o quanto possível, a utilização de vigas de transição
(pilar apoiado em viga).
Viga de transição

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