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Resumo
A utilização de lajes formadas por elementos pré-fabricados em estruturas de pavimentos, principalmente as
vigotas treliçadas, torna-se cada vez mais difundida no mercado brasileiro. Este trabalho tem como objetivo
analisar os custos envolvidos no processo de produção de vigotas treliçadas, no transporte, na montagem e
na concretagem de lajes pré-fabricadas. A função custo obtida foi analisada em alguns exemplos de cálculo
de lajes com várias dimensões. O custo de algumas lajes foi também avaliado pelo método de otimização
de gradiente reduzido genérico (GRG2), disponível no programa Microsoft Excel. As variáveis de projeto
consideradas para a minimização da função custo foram a altura, a resistência da capa de concreto e a
distância entre as vigotas treliçadas (intereixo). Os resultados dos custos obtidos utilizando o método de
otimização confirmam a importância de investir em valores mais econômicos.
Palavras-Chave: Lajes pré-fabricadas; vigotas treliçadas; custo.
Abstract
The use of slabs formed by prefabricated elements in structures of pavements becomes more and more
spread in the Brazilian market, mainly lattice reinforced joists. This work purposes to analyze the costs
involved in the production process of lattice reinforced joists, during transport, assembly and slab casting.
The cost expression obtained was analyzed in some numerical examples of concrete slabs with several
dimensions. The cost was also evaluated by the method of optimization of generic gradient (GRG2),
available in the Microsoft Excel Software. The design variables considered for cost minimization were the
height and the resistance of the concrete layer and the distance between lattice reinforcement joists. The
results from the optimization method confirms the importance of searching more economical values.
1 Introdução
Observa-se, nos dias atuais, a necessidade de ampliação dos estudos na área de
pré-fabricados, especialmente quando os elementos assumem uma produção de ritmo
industrial.
Neste contexto, o fator custo é de primordial importância. Ao estudar os custos dos
processos que envolvem os elementos pré-fabricados, como as vigotas treliçadas,
estudam-se maneiras de aprimorar o controle e a composição dos mesmos, com o
objetivo de reduzi-los.
O desenvolvimento da concepção de laje pré-fabricada nasceu na Europa, visando
apresentar uma melhor relação custo X benefício e uma maior competitividade frente à
laje maciça.
Hoje, a laje treliçada tem sido utilizada amplamente na construção civil, devido ao fato
de possibilitar adequabilidade a inúmeras situações, superar grandes vãos, além de
reduzir a mão-de-obra, gerando maior rapidez e limpeza na montagem.
Ao utilizar a laje treliçada, pode-se citar as seguintes vantagens.
§ o trabalho dos operários torna-se mais seguro;
§ faz-se um menor uso de escoras;
§ o escoramento pode ser retirado em menos tempo;
§ possibilita um processo produtivo de qualidade e competitivo.
Todas estas características fazem da laje pré-fabricada um elemento importante e de
larga utilização em edificações. Os custos que envolvem estes elementos representam
uma parcela significativa dos custos envolvidos na obra como um todo.
As indústrias de elementos pré-fabricados podem ter prejuízos por não dominarem os
seus próprios custos e por não terem profissionais habilitados que obtenham resultados
mais coerentes e realistas, frente a composição dos custos que estão trabalhando. O
estudo e o domínio dos custos nas diversas etapas são fundamentais para empresas e
construtoras que pretendem se manter no mercado competitivo.
Com o intuito de melhor descrever a composição dos custos, algumas variáveis auxiliares
estão discriminadas, a seguir.
Pls = percentual de Leis Sociais (%);
§
Ptm = peso por metro da treliça metálica (kg);
§
Pad = peso por metro da armadura adicional utilizada (kg);
§
Pep
§ = peso por metro da armadura do “estribo de ponta” - ø 4,2 mm Aço CA 60 (kg);
§ BDI = benefício de despesas indiretas (de 10 à 30%);
1 o . Encontro Nacional de Pesquisa-Projeto-Produção em Concreto pré-moldado. 3
a ⋅ Cons
Brita C3 = (Q3 ⋅ P3 ) Q3 = 3 ⋅ bv ⋅ hv m³/m
5 ⋅ 10
8
C6 = (Q6 ⋅ P6 ⋅ Q10 ) ⋅ 1 + ls
P
Mão-de-obra
Q6 / 10 = Entrada de dados unidades / h/m
Pedreiro 100
C7 = (Q7 ⋅ P7 ⋅ Q10 ) ⋅ 1 + ls
P
Mão-de-obra
Q7 / 10 = Entrada de dados unidades / h/m
Ferreiro 100
Treliça metálica C8 = Ptm ⋅ P8 - -
Armadura adicional C9 = Q8 ⋅ Pad ⋅ P9 Q8 = Entrada de dados unidades
b + hv
Estribo de ponta C10 = Q9 ⋅ 2 ⋅ v ⋅ Pep ⋅ P9 Q9 = Entrada de dados unidades
100
T
Ca =
PL (1)
onde:
Ca = custos administrativos no referido período (R$/m²);
T = total dos custos administrativos somados (mensal ou anual) (R$);
PL = produção de laje em metros quadrados no referido período (m²).
Ao final desta composição cada fabricante deve prescrever os percentuais
despendidos com impostos, comissão e lucro que se deseja obter em porcentagem,
caracterizando assim a variável BDI ( das porcentagens de impostos, comissão e lucro).
Assim, a Equação 2 representa os custos do processo produtivo.
10
2
Q11 ⋅ ∑ Ci ⋅ 10 Q ⋅ P ⋅ 104 Q13 ⋅ P11 ⋅ 104 T BDI −1
F ( prod) = + 12 10 +
l x . ⋅ l y + PL ⋅ 1 − 100
i =1
(2)
l x ⋅ .l y lx ⋅l y
2.2 Função de transporte
O transporte é um grande medidor de viabilidade. Em certas ocasiões a distância é o
fator limitador dos custos. Geralmente utiliza-se o transporte por frete para pequenas
distâncias, dentro de um mesmo município. Para tal, compreendem-se as seguintes
variáveis:
Qv = quantidade de viagens necessárias para o transporte;
§
§ P12 = preço do frete (R$);
§ Tt = total a transportar (m²);
§ Ccarga = capacidade de carga do veículo transportador (m²);
§ inta = inteiro imediatamente acima de um número qualquer.
A composição de custos de transporte por frete (C 14) é dada pela Equação (3) e (4).
Q ⋅ P
C14 = v 12
Tt (3)
onde:
T
Qv = int a t
C c arg a
(4)
2.3 Função de Montagem e Concretagem da Laje Pré-fabricada
Os custos descritos a seguir referem-se àqueles relacionados com a montagem e a
concretagem da laje, imediatamente após a chegada das vigotas treliçadas.
Q ⋅ P ⋅ 10 4
Armadura transversal C18 = 15 16 Q15 = Entrada de dados kg/laje
lx ⋅ly
Q ⋅ P ⋅ 10 4
Armadura longitudinal C19 = 16 17 Q16 = Entrada de dados kg/laje
l x ⋅ .l y
Q ⋅ P ⋅ 10 4
Concreto C 21 = 18 19 (*) m³/laje
lx ⋅ly
Mão-de-obra de pedreiro C22 = (Q19 ⋅ P20 ⋅ Q21) Q19 / 21 = Entrada de dados unidades / h/m²
{( ) }
(*) Q18 = l x ⋅ l y ⋅ H l − (Q11 ⋅ b v ⋅ hv ) − (Q12 ⋅ h e ⋅ b e ⋅ c ) − [Q13 ⋅ (bc ⋅ e c 2 ⋅ b e + 2 ⋅ (hc − e c 2 ) ⋅ e c1 ⋅ b e )] ⋅ 10 − 6
As linhas de tendência para as lajes com o vão lx fixo são apresentadas pela Figura 2
e identificadas na Tabela 5. Essas equações correspondem ao comportamento da função
custo em função da área da laje.
Tabela 4 – Custos totais e por categorias.
45,00%
40,00%
% NO CUSTO FINAL
35,00%
Concreto
30,00% Armadura
Cerâmica
25,00%
Escoramento
20,00% Mão-de-obra
Administração
15,00% Transporte
10,00%
5,00%
0,00%
01
03
05
07
09
11
13
15
17
19
21
23
25
27
29
31
33
L2
L2
L2
L2
L2
L2
L2
L2
L2
L2
L2
L2
L2
L2
L2
L2
L2
LAJES
Figura 1 - Percentuais de representatividade.
CUSTO X ÁREA
Laje unidirecional - h=12 cm
55
lx = 1m
53 lx = 2m
51 lx = 3m
CUSTO (R$/m²)
lx = 4m
49
lx = 5m
47
45
43
41
39
0 5 10 15 20 25 30
ÁREA (m²)
Figura 2 - Linhas de tendência.
55
B12
50
Custo (R$/m²)
45
40
2
y = 0,0228x - 0,1208x + 40,237
35
0 5 10 15 20 25 30
Área (m²)
Figura 3 – Relação custo x área para as lajes bidirecionais
1 o . Encontro Nacional de Pesquisa-Projeto-Produção em Concreto pré-moldado. 10
minimizar F (X)
sujeita a: onde Lj e Uj são os limites inferiores e
gi (X) = 0, i=1, neq superiores da variável xj.
Lj < Xj < Uj, j=1,n
Figura 4. Algoritmo típico de otimização.
A fim de avaliar a minimização da função custo por meio do Microsoft Excel Solver
foram analisadas as lajes L105, L110, L115 e L119 utilizando como material de
enchimento tanto o EPS (Espuma de Poliuretano Expandido) quanto a cerâmica. O
problema de minimização da função custo de vigotas treliçadas se resume ao problema
de minimização da função custo F(custo), respeitando os estados limites último e de
serviço. As restrições seguem as recomendações das normas NBR 6118 (2003) e NBR
14859-1 (2002). O problema pode ser equacionado conforme apresentado pela Figura 5.
minimizar F (X)
sujeita a:
restrições dos ELU e ELS
2,0 kN/cm² fck 53,0 kN/cm²
4 h capa 6 cm
40 cm Intereixo 65 cm
Figura 5. Algoritmo de otimização.
1 o . Encontro Nacional de Pesquisa-Projeto-Produção em Concreto pré-moldado. 11
4 CONCLUSÕES
Este trabalho investigou os custos envolvidos no processo de produção, transporte,
montagem e concretagem de lajes com vigotas treliçadas. A função custo foi analisada
para lajes uni e bidirecionais de altura 12cm. Com o intuito de verificar o desempenho da
função custo foi realizado um estudo utilizando um método de otimização convencional.
A partir dos resultados obtidos da função custo no caso de vigota treliçadas, pode-se
concluir que:
• de uma forma geral observa-se que o insumo que mais influência nas variações dos
custos é o aço sendo responsável por até 45,5% do custo total em alguns casos;
• constata-se que as lajes quadradas calculadas como bidirecionais são mais
econômicas, podendo chegar a 11,2%, além de apresentar uma distribuição de cargas
mais homogênea, para as vigas de borda;
• no método de otimização, observa-se que em lajes de vão pequenos que não
necessitam de armadura adicional, os resultados obtidos são praticamente os mesmos
que os da aplicação da Função Custo. Já para lajes de médios vãos observa-se que
ao utilizar o Microsoft Excel Solver, pode-se obter uma melhor combinação dos
quantitativos dos insumos, aumentando a resistência do concreto da capa e o intereixo
entre vigotas e diminuindo a altura da capa, de tal modo que se obtenha o menor
custo.
5 REFERÊNCIAS