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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
CURSO DE GRADUAÇÃO EM BIBLIOTECONOMIA

ALINE CRISTINA JEREMIAS DA SILVA

CLUBE DE LEITURA: dispositivo para literacia informacional e literária

NATAL/RN
2018.1
ALINE CRISTINA JEREMIAS DA SILVA

CLUBE DE LEITURA: dispositivo para literacia informacional e literária

Monografia apresentada ao Departamento de


Ciência da Informação da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, como
requisito para obtenção do grau de Bacharel
em Biblioteconomia.
Orientadora: Profª. Drª. Jacqueline Aparecida
de Souza

NATAL/RN
2018.1
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências Sociais Aplicadas - CCSA

Silva, Aline Cristina Jeremias da.


Clube de leitura: dispositivo para literacia informacional e
literária / Aline Cristina Jeremias da Silva. - 2018.
46f.: il.

Monografia (Graduação em Biblioteconomia) - Universidade Federal do


Rio Grande do Norte, Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Departamento
de Ciências da Informação. Natal, RN, 2018.
Orientador: Profª. Drª. Jacqueline Aparecida de Souza.

1. Literacia - Monografia. 2. Literacia Informacional - Monografia.


3. Literacia Literária - Monografia. 4. Clube de Leitura - Monografia.
5. Mediador Literário - Monografia. I. Souza, Jacqueline Aparecida de.
II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/UF/Biblioteca Setorial do CCSA CDU 028.4:023.5

Elaborado por Eliane Leal Duarte - CRB-15/355


ALINE CRISTINA JEREMIAS DA SILVA

CLUBE DE LEITURA: dispositivo para literacia informacional e literária

Monografia apresentada ao Departamento de


Ciência da Informação da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, como
requisito para obtenção do grau de Bacharel
em Biblioteconomia.

Aprovado em: ____/_____/_____

_____________________________________
Profª. Drª. Jacqueline Aparecida de Souza
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
Orientadora

_____________________________________
Profº. Me. Francisco de Assis Noberto Galdino de Araújo
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
Examinador

_____________________________________
Doutorando em Ciências da Linguagem Gustavo Tanus Cesário de Souza
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
Examinador
AGRADECIMENTOS

No decorrer da minha graduação passei por momentos de superação, aprendizagem,


crescimento profissional e pessoal. É impossível passar por essa trajetória sozinha, tive uma
rede de apoio de professores, amigos e familiares que eu não podia deixar de agradecer.
Meu muito obrigado a minha orientadora Jacqueline Aparecida de Souza, que não só
abraçou o meu tema como também, me mostrou como ele poderia ficar mais interessante e me
ajudou a adequá-lo a um viés acadêmico.
Aos docentes que fizeram parte da minha formação durante o curso de
Biblioteconomia, sobretudo aqueles que me fizeram acreditar na potencialidade da profissão.
A minha família, mãe e irmãos e principalmente a minha avó Terezinha que investiu
nos meus estudos e acreditou no meu potencial, e ao meu primo Anderson que foi meu porto
seguro e que estava sempre disposto a me ajudar independentemente de como.
A duas pessoas maravilhosas que tive o grande prazer de conhecer através de uma
bolsa de apoio técnico que participei na Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(UFRN), Noeli Vitorio e Dulce Vilela, que por mais de dois anos foram minhas conselheiras,
amigas e o modelo profissional que seguirei na minha vida.
A equipe do Serviço Social do Comércio (Sesc), local onde passei dez meses como
estagiária e apreendi muito com profissionais capacitados e de uma criatividade sem igual.
Aos funcionários da CRIL Empreendimentos Ambiental que me acolheram como
estagiária, na reta final da minha graduação.
Aos Bibliotecários e colaboradores da Biblioteca Central Zila Mamede (BCZM), lugar
onde cumpri meu período de estágio supervisionado, e tive a oportunidade de apreender na
prática a profissão do Bibliotecário.
Aos colegas do curso de Biblioteconomia no qual ao decorrer do curso criei uma
afinidade e sincera amizade.
As parceiras de estágio supervisionado Danielle e Jéssica, com quem dividi aflições,
risos, clube social e café todas as tardes no decorrer do estágio.
E principalmente a Erika e Lehi, amizade que ultrapassou os muros da UFRN, e que
eu espero que continue pelo resto das nossas vidas, obrigada por sempre me ajudarem a
segurar meu forninho.
E a todos aqueles que contribuíram de forma indireta, obrigada!
“Uma mente necessita de livros da mesma
forma que uma espada necessita de uma pedra
de amolar, se quisermos que se mantenha
afiada”.
(MARTIN, 2015, p. 90)
RESUMO

Este trabalho discorre acerca dos contributos do clube de leitura para a literacia
informacional e literária. Tem como objetivo geral verificar como o clube de leitura é um
dispositivo para literacia informacional e literária. Objetiva-se especificamente descrever o
papel ou ações do bibliotecário como mediador literário; reconhecer os contributos do
bibliotecário na perspectiva da literacia informacional; pontuar aspectos da literacia literária;
apontar as convergências entre as literacias informacional e da literária; estruturar um clube
de leitura literária. Utiliza-se como metodologia a revisão bibliográfica, uma vez que foi
realizada uma pesquisa que revela explicitamente o universo de contribuições científicas de
autores sobre um tema específico. O projeto clube de leitura evidenciará a importância da
atuação do profissional bibliotecário como mediador literário frente ao público juvenil
trazendo benefícios aos seus usuários com iniciativas educativo-culturais desenvolvidas na
instituição, colaborando igualmente com o desenvolvimento da cidadania e educação nas
comunidades onde estão inseridas. Conclui-se que o clube de leitura é de fato um dispositivo
para literacia informacional e literária, visto que por intermédio dele seus integrantes
desenvolverão competências informacionais que possibilitarão buscar, selecionar e avaliar as
informações em diferentes fontes, utilizando-as de modo crítico.

Palavras-chave: Literacia. Literacia Informacional. Literacia Literária. Clube de Leitura.


Mediador Literário.
ABSTRACT

This paper discusses the contributions of the reading club to informational and literary
literacy. Its main purpose is to verify how the reading club is a device for literary and literary
information. It specifically aims to describe the role or actions of the librarian as literary
mediator; recognize the contributions of the librarian in the perspective of information
literacy; to punctuate aspects of literary literacy; to point out the convergences between
informational and literary literacies; structure a literary reading club. It uses as a methodology
the bibliographic review, once a research that explicitly reveals the universe of scientific
contributions of authors on a specific theme. The reading club project will highlight the
importance of the professional librarian acting as a literary mediator in front of the youth
audience bringing benefits to its users with educational and cultural initiatives developed in
the institution, also collaborating with the development of citizenship and education in the
communities where they are inserted. It concludes that the reading club is in fact a device for
informational and literary literacy, since through it its members will develop informational
skills that will enable them to search, select and evaluate information in different sources,
using them critically.

Keyword: Literacy. Information Literacy. Literary Literacy. Reading Club. Literary


Mediator.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...................................................................................................... 10
2 A BIBLIOTECA E A PROMOÇÃO DA LEITURA LITERÁRIA.................. 15
2.1 Formação de leitores............................................................................................... 16
2.2 Práticas de promoção de leitura no âmbito nacional e internacional................ 21
2.3 Leitura literária: breves conceitos......................................................................... 25
3 CLUBE DE LEITURA.......................................................................................... 27
4 LITERACIA INFORMACIONAL E LITERÁRIA............................................ 31
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................. 39
REFERÊNCIAS...................................................................................................... 42
10

1 INTRODUÇÃO

A leitura, além de ser uma ferramenta pedagógica que contribui para formação
educacional do sujeito ao mesmo tempo em que auxilia seu desenvolvimento social e crítico,
permite também a oportunidade de uma compreensão de mundo e de obtenção de
conhecimento através do acesso aos livros e os demais materiais informacionais. Silva (2005,
p. 51) afirma que “a leitura crítica é a condição para a educação libertadora, é condição para
verdadeira ação social que deve ser implementada nas escolas e nas bibliotecas”. As escolas
não devem ser o único espaço de formação, a escola é um local da aprendizagem sistemática e
sistematizadora da leitura e de outros saberes e competências encontradas na sociedade.
(COSSON, 2014).
Segundo Andrade e Blattmann (2008), as ações que estimulam o hábito da leitura são
fatores que influenciam o aprendizado nos diversos momentos da vida e os serviços
bibliotecários de incentivo à leitura, associados ao processo de ensino aprendizagem,
favorecem o desenvolvimento e consolidação do hábito de leitura. As Bibliotecas além de
apresentarem um papel fundamental na promoção da literacia é um espaço de democratização
literária, onde o bibliotecário é o profissional adequado a realizar a mediação entre o usuário e
a informação, assim transformando-a em conhecimento.
Ler e escrever são fundamentais em qualquer sociedade tida como civilizada, pois a
leitura e a escrita estão presentes em todo e qualquer lugar, seja em documentos, avisos,
boletos, jornais, livros, entre outros. Apesar de ter diminuído o número de analfabetos no país,
ainda é alarmante o número de analfabetos funcionais, pessoas que sabem ler, mas por falta de
prática não conseguem assimilar o que está escrito.
No tocante às bibliotecas, considerando-as como dispositivos1 produtores de sentidos,
elas permitem o acesso à informação, no qual a construção de significados vivenciados
através da pesquisa, leitura, literatura, eventos culturais e artes. Deste modo, inseridas no
processo educacional, desempenha a função de estimular, seduzir e fomentar a leitura, para
que o usuário seja capaz de adquirir as informações desejadas e ampliar seus horizontes, no
sentindo de enriquecimento cultural, assim como para seu aprimoramento pessoal
Nesse âmbito um dos recursos que pode ser utilizado para abrandar tanto a quantidade
de analfabetos funcionais, quanto à desmotivação no que se refere às práticas de leitura são os

1
Dispositivo: mecanismos de mediação nos processos de significação. Ainda, dispositivo é considerado nas
dimensões de mediação material e simbólica (RASTELI; CAVALCANTE, 2014, p. 44).
11

círculos de leitura ou clube de leitura. Este dispositivo estimula a leitura coletiva, a formação
e a consolidação de uma comunidade de leitores, além de, agregar um caráter social à leitura.
O círculo de leitura é uma prática privilegiada de grupos de leitores que se reconhece
como parte integrante de uma comunidade leitora específica. Deste modo, apresenta três
questões relevantes da leitura em grupo: 1º “o caráter social da interpretação dos textos” e a
apropriação e manipulação do repertório “com um grau maior de consciência”. 2º “a leitura
em grupo estreita os laços sociais, reforça a identidade e a solidariedade entre as pessoas”. 3º
“os círculos de leitura possuem um caráter formativo” (COSSON, 2014, p. 139).
Deste modo, os círculos de leitura são tão importantes para os seus participantes como
também para os mediadores do círculo, além de ser uma troca de saberes é também um
momento de construção social e de estímulo ao senso crítico e analítico de todos os
envolvidos.
De alguma maneira associada aos aspectos da leitura e formação de leitores,
recentemente no cenário da Ciência da Informação tem sido recorrente o termo Information
Literacy ou literacia informacional. Se o conceito de alfabetização traduz o ato de ensinar e de
aprender, a literacia, corresponde a capacidade de utilizar as competências lecionadas e
desenvolvidas de leitura, de escrita e de cálculo. Esta capacidade resiste, assim, a
especificações dicotómicas, como “analfabeto” e “alfabetizado” (BENAVENTE et al., 1996).
Existem diversos tipos de literacia: mediática, familiar, cultural, estatística, científica,
em saúde, digital, acadêmica, informacional, literária etc. A mediática, que consiste na
capacidade de analisar, avaliar, produzir e difundir mensagens mediatizadas de diferentes
formas, seja elas impressas ou digitais. A familiar, que fundamenta-se no envolvimento dos
pais, família e ou comunidade no processo da leitura e da escrita dos seus filhos, através de
divergentes atividades e práticas. A cultural é uma forma de olhar para as questões sociais e
culturais através do viés literário, pensando, empregando comunicação, comparação e crítica
em uma escala além da de uma linguagem ou um estado-nação, evitando a concepção. A
estatística é a capacidade de interpretar, avaliar e discutir informações estatísticas e os
argumentos fundamentados em dados difundidos por órgãos de comunicação social. A
literacia científica surgiu diante da necessidade de criar condições para que os cidadãos
pudessem entender e colaborar em projetos em ciência e tecnologia. A literacia em saúde que
está relacionada à cientifica, pois ambas têm em comum o papel fundamental na educação dos
alunos, e tem como objetivo torna-los cidadãos livres e responsáveis. A literacia acadêmica
está relacionada às competências ou capacidades que os alunos do ensino superior precisam
adquirir no decorrer do curso para facilitar seus estudos e auxilia-lo em suas pesquisas. A
12

literacia informacional atualmente fundamenta-se a uma série de habilidades e competências


que incluem desde o saber localizar a informação a utiliza-la para a resolução de problemas e
tomadas de decisões, seja no âmbito profissional ou pessoal. A literacia literária ou da leitura
literária auxilia o sujeito a desenvolver seu senso crítico, cultural e operacional, além de
proporcionar o aprendizado de forma mais leve e descontraída.
Pode-se observar as literacias seriam o decodificar dos códigos, não apenas traduzi-
los, mas compreende-los e utiliza-los também.
Pelo exposto, questiona-se quais os contributos do clube de leitura para a literacia
informacional e literária?
Para responder esta questão, este trabalho tem como objetivo geral verificar como o
clube de leitura é um dispositivo para literacia informacional e literária.
Objetivos específicos:
1. Descrever o papel ou ações do bibliotecário como mediador literário;
2. Reconhecer os contributos do bibliotecário na perspectiva da literacia
informacional;
3. Pontuar aspectos da literacia literária;
4. Apontar as convergências entre as literacias informacional e da literária;
5. Estruturar um clube de leitura literária.
O interesse da pesquisa surge da motivação da pesquisadora de produzir novos leitores
uma vez que existe uma afeição pessoal na leitura e em suas práticas, como também em
realizar ações voltadas para tal. Diante disso, surgiu a necessidade de desenvolver não só um
trabalho de conclusão de curso, como também estruturar um projeto que de fato possa ser
implementado futuramente na biblioteca utilizada como referência neste trabalho, assim como
em outras.
Desta forma, a pesquisa é decorrente de uma justificativa que une o interesse de
estudos e atuação do pesquisador, como também de estimular o profissional bibliotecário a
explorar novos viéis e de valer-se como provedor de competências em literacia, mediador
literário e ajuda-lo a refletir sobre o seu papel na sociedade atual.
Este trabalho foi constituído a partir de pesquisas bibliográficas para identificação do
tema e assuntos; seleção de fontes; localização e obtenção do material, “A Revisão
Bibliográfica também é denominada de Revisão de literatura ou Referencial teórico. A
Revisão Bibliográfica é parte de um projeto de pesquisa, que revela explicitamente o universo
de contribuições científicas de autores sobre um tema específico”. (SANTOS;
13

CANDELORO, 2006, p. 43). A busca em livros juntamente com analises na Internet forneceu
embasamento para a construção da parte teórica do projeto.
Com o avanço da tecnologia e a riqueza de informações do mundo atual, a Internet
transformou-se em uma megabilioteca, uma única palavra-chave resulta em milhares de
páginas de documentos. “A grande rede mundial numa incessante metamorfose recebe novos
servidores, novos conteúdos e novas tecnologias.” (DUARTE; BARROS, 2009, p. 147). Por
isso, encontram-se na pesquisa artigos, teses e dissertações criando uma base para sustenta-la,
como também as leis que regem a profissão do profissional bibliotecário e as instituições da
sua classe profissional.
No tocante ao objetivo que visa estruturar um clube de leitura terá como referência
uma biblioteca privada, sem fins lucrativos, que tem como usuários comerciários, seus
dependentes, associados, alunos matriculados nas escolas da instituição, em escolas públicas e
o público em geral. A biblioteca em questão compõe uma rede que está espalhada por todo
Brasil, e tem como objetivo orientar e incentivar o hábito da leitura em seus usuários, através
de empréstimos e consulta local de jornais, revistas, livros, HQs e mangás. O seu acervo é
diversificado, e possui todos os gêneros literários, além de contar com livros estrangeiros,
nacionais e regionais. Os serviços prestados aos seus usuários são: acesso à Internet, consulta
e pesquisa, orientação à pesquisa, disseminação seletiva da informação, treinamento de
usuários, visita monitorada, hemeroteca e empréstimo domiciliar. Atualmente a biblioteca
conta com um bibliotecário, dois servidores e um estagiário.
Esta monografia é composta por 5 capítulos, além deste primeiro introdutório.
O segundo capítulo, discorre sobre Biblioteca e a Promoção da Leitura Literária, como
o profissional bibliotecário pode auxiliar na Formação do Leitor, sendo um mediador literário,
sobre as Práticas de Promoção da Leitura no Âmbito Nacional e Internacional, os projetos de
leis que regem o Brasil para essa finalidade e por fim, Leitura Literária: Breves Conceitos.
No terceiro capítulo é discutido o conceito e funcionamento de um Clube de Leitura.
Também, é apresentado o projeto Clube de Leitura apontando suas diretrizes e como ele pode
despertar o hábito e gosto da leitura em jovens entre 15 e 25 anos, reconhecendo a leitura
como recurso que contribui no processo de ensino e aprendizagem, e também como elemento
importante para o ingresso e a participação do adolescente na vida social.
No quarto capítulo é discutida a Literacia Informacional, seus conceitos e a sua
importância na vida do indivíduo, tanto no profissional, pessoal e social e as convergências
entre a Literacia Informacional e Literária.
14

No quinto e último capítulo são apresentadas as considerações finais do trabalho onde


é dado o parecer sobre a monografia com base nas pesquisas realizadas. Em seguida são
apresentadas as referências utilizadas para compor este trabalho de conclusão de curso.
15

2 A BIBLIOTECA E A PROMOÇÃO DA LEITURA LITERÁRIA

A palavra biblioteca originou-se do grego bibliotheke, cujo nome é resultado da junção


biblio e têke, no qual respectivamente significam livros e depósito. Inicialmente, a biblioteca
era apenas um depósito que abrigavam todos os tipos de matérias informacionais da época,
contidos em papiro, pergaminhos, livros, entre outros. (SCHWARCZ, 2002).
Atualmente a biblioteca não pode ser vista apenas como um espaço físico no qual são
guardados diversos escritos, ela deve ser reconhecida como um espaço voltado a pesquisas e
construção de saberes, um espaço no qual a sociedade em geral tenha o hábito e o prazer de
frequentar.
Porém para existir uma biblioteca com condições de atender ao público visando
desenvolver o hábito da leitura é necessário que um tripé esteja interligado entre si:
bibliotecários, livros e usuários. Silva (1997, p. 106) alude que: “Sem o bibliotecário, com os
seus conhecimentos organizacionais e de orientação, o espaço dos livros torna-se altamente
caótico e tende a perecer rapidamente. Sem livros, o espaço torna-se inútil. Sem usuário, o
espaço da biblioteca não se dinamiza, perde o seu valor e morre”.
Ao analisar o espaço da biblioteca desde o início da sua criação percebe-se que ela foi
e continua sendo de grande estima na construção e evolução do pensamento humano.
Historicamente os tipos de bibliotecas foram se aperfeiçoando e se adaptando as novas
realidades mundiais, as tecnologias e adaptou-se ao mundo globalizado.
Existem diversos tipos de bibliotecas, as nacionais e públicas, que são mantidas por
verbas públicas; as escolares que possuem acervo planejado para o uso dos docentes e
discentes; as universitárias que atendem a comunidade acadêmica; as especializadas, que
fazem parte de instituições profissionais ou oficiais e geralmente possuem materiais
específicos apenas a uma área; as industriais, que são mantidas por uma organização e contém
livros técnicos que auxiliem seus colaboradores; e por fim, as bibliotecas comerciais que, para
poder pegar seus livros emprestados o usuário precisa pagar uma taxa anual. Para Milanesi
(1988, p. 93) a biblioteca é:

[...] um instrumento de leitura do cotidiano com os seus conflitos e


problemas. Então, a biblioteca não pode ser algo distante da população como
um posto médico que ele procura quando tem dor. Ela deve ser um local de
encontro e discussão, um espaço onde é possível aproximar-se do
conhecimento registrado e onde se discute criticamente esse conhecimento.
16

Deste modo, verifica-se a importância que a biblioteca pública possui quando


desempenha o seu papel perante a sociedade, pois, além de propiciar a aquisição do
conhecimento tem a função de levar a discussão crítica da realidade. Compreende-se que na
promoção de ações de estímulo à leitura, a biblioteca tem grande potencial de alcançar êxito
no que se refere à formação de novos leitores, como também praticar ações voltadas a essa
finalidade.

As bibliotecas são antes de qualquer coisa espaços voltados para leitura, uma
biblioteca bem estruturada, dinamizada por profissionais especializados
(bibliotecários) pode se tornar uma ferramenta poderosa na formação de
leitores, quando são realizados projetos que visem desenvolver o habito de
frequentá-las. (WISNIEWSKI; POLAK, 2009, p. 1).

A biblioteca sendo um espaço onde encontra-se reunido diversas formas de leitura


torna-se fundamental para a apropriação do conhecimento, seu objetivo principal deveria ser
trabalhar práticas de incentivo a leitura e desenvolver ações culturais voltadas para tal,
infelizmente a maioria das bibliotecas públicas tem como intento apenas auxiliar os usuários
em suas pesquisas e fazer o empréstimos de livros, é imprescindível que a biblioteca seja um
organismo vivo em constante mudança e que nela sejam oferecidos produtos e serviços que
supram as necessidades dos usuários, não só as necessidades informacionais, mas também as
culturais e as sociais, nesse âmbito surge as bibliotecas como espaço para formação de
leitores.

2.1 Formação de leitores

A prática de estimular o hábito da leitura literária nas escolas, geralmente busca


formar leitores através das literaturas clássicas brasileiras e muitas vezes os professores não
são qualificados para fazer a mediação entre o livro e os alunos. Essa leitura obrigatória por
vezes acaba afastando-o dos livros e criando um desestímulo para com qualquer outro tipo de
gênero literário. Entende-se que para formar novos leitores é necessário fazer uma leitura
autônoma e democrática, considerar os gostos do discente e adequá-las as formas de leitura e
significação dos textos.

O leitor não é passivo, ele opera um trabalho produtivo, ele reescreve. Altera
o sentido, faz o que bem entende, distorce, reemprega, introduz variantes,
deixa de lado os usos corretos. Mas ele também é transformado: encontra
17

algo que não esperava e não sabe nunca aonde isso poderá levá-lo (PETIT,
2008, p. 28-29).

Nesta perspectiva, o docente como mediador literário deve contar com estratégias para
orientar esses procedimentos, como, por exemplo, proporcionar aos indivíduos a seleção das
obras que desejam compartilhar em companhia dos demais. Segundo Solé (1998, p. 117) “as
tarefas de leitura compartilhada devem ser consideradas a melhor ocasião para os alunos
compreenderem e usarem as estratégias úteis para compreender os textos”, com essa prática é
possível que os educadores possam realizar avaliações formativas da leitura, de seus
educandos e em respectivo do processo, pode ser utilizado também como um recurso para
intervir nas carências educacionais dos alunos.
Fernandes (2007) afirma que para privilegiar a formação e consolidação do leitor, é
fundamental que a escola ofereça oportunidades para que o estudante possa trocar
experiências e discutir o que leram, tornando essa ação diversificada, estimulante e relevante,
não apenas para os alunos como também para o professor. Essa prática, quando democrática,
além de valorizar as predileções do discente, colabora para gerar uma afinidade dele com a
leitura literária. Em síntese é de responsabilidade do mediador intermediar a relação entre os
adolescentes e as obras que eles escolherem, como também de sugerir novas leituras e
flexibilizar a leitura dos materiais encontrados no acervo para que o leitor não fique restrito
apenas a um dispositivo e gênero literário.

Para mim a leitura não importa apenas em prazer – esse prazer tipo saborear
uma torta de maça ou fazer uma boa viagem; para mim a leitura dá
fundamentalmente o PRAZER LIBERTÁRIO. É lendo, até maus livros que
despertamos para as indagações sobre o MUNDO NOVO QUE ESTÁ
SENDO CONSTRUÍDO. (LOUZEIRO, 1984 apud SILVA, 2005, p. 11).

Em todos os materiais analisados para compor este trabalho é unanime as declarações


dos autores e suas concepções quanto à importância da leitura, observa-se também que ler vai
além de decodificar os códigos escritos pelos autores, entre os principais benefícios da leitura
está o ato de autoconhecimento e o conhecimento do mundo em que o indivíduo está cercado.

O ato de ler é, fundamentalmente, um ato de conhecimento. E conhecer


significa perceber mais contundentemente as forças e as relações existentes
no mundo da natureza e no mundo dos homens, explicando-as [...] as
possibilidades do exercício da crítica através da leitura de livros (ou
similares) são bem maiores do que aquelas proporcionadas por outros
veículos de comunicação. (SILVA, 2005, p. 12).
18

A leitura é feita do que se sabe, do que foi aprendido e se conhece, como esclarece
Faguet (2009, p. 37) “é assim que a leitura, se exige o hábito do exame de consciência, em
contrapartida também nos confere o mesmo hábito”, ele afirma também que como
consequência quando considerados bons leitores, o individuo relaciona os personagens de
ficção não à pessoas conhecidas, mas a si próprio, ao adquirir esse hábito, “lemos a nós
mesmos como um livro”. O ato de ler deve ser algo de elevado significado para o leitor,
acrescentando-lhe novas experiências e reformulando as ideias já existentes, que faça parte do
seu contexto e que lhe permita aprender ou reaprender.

Neste sentido, as bibliotecas assumem papel fundamental ao possibilitar as


pessoas o acesso à leitura, através do seu acervo e, mais precisamente, por
meio daqueles que são a mais fiel tradução do conhecimento disponibilizado
no mundo: os livros. Tamanha é a responsabilidade daqueles que a
administram, pois pequenas ações dentro das bibliotecas podem constituir-se
em eventos significativos na promoção da leitura (BECKER; GROSCH,
2008, p. 36).

Areias ([20--?], p. 4) afirma que “o ato de ler exige um desenvolvimento de


habilidades linguísticas que diferem da fala espontânea. Além dessa aprendizagem
comportamental, há um outro ponto que se refere especificamente ao desenvolvimento
cognitivo”, segundo a autora, esse desenvolvimento ocorre quando o adolescente se outorga a
leitura, utilizando-a para aprimorar o seu capital cultural e o que ele desconhece. Bem como,
contribuir para a compreensão da sua vida pessoal e profissional, proporcionando uma
contemplação mais significativa e uma perspectiva mais rica do pré-estabelecido.

A leitura pode definir o status social que o jovem ocupa na sociedade, pois
(saber) ler é um meio de reconhecimento e valorização social. É importante,
entretanto, que a leitura não seja reconhecida apenas por essa vertente, mas
que esteja clara a ideia de que também é um caminho para escapar de
verdades cristalizadas, de repetições e, principalmente, fazer com que ela se
torne um subsídio para provocar mudanças sociais. A leitura, como fonte de
acesso ao saber e como construção social, remete fundamentalmente a uma
indagação: o que fazer com o saber adquirido e com a valorização social de
quem lê? Um dos maiores receios de quem detém o monopólio do poder é
que haja uma democratização profunda do conhecimento, principalmente
através da leitura. (AREIAS, [20--?], p. 5).

Essa pesquisadora ainda discorre sobre diferentes contributos que a leitura é capaz de
oferecer, que vai além de ser uma ferramenta que auxilia para a educação formal, profissional
e social, também vale-se como mecanismo para o indivíduo não ser marginalizado. Ademais,
19

é incontestável o poder que ela tem no processo de desenvolvimento do raciocínio lógico e


estimular conversações de diferentes temas.
Portanto, para que isso aconteça é necessário que haja um mediador entre a leitura e o
potencial leitor para o melhor desenvolvimento das práticas de leitura, e quem melhor que o
bibliotecário para assumir essa função? Até porque outro ponto que está em constante
concordância é a capacidade de o profissional bibliotecário utilizar-se do espaço da biblioteca
para formar novos leitores. Lourenço Filho (1944, p. 3-4), nos esclarece que ensino e
biblioteca são dispositivos intrínsecos “ensino e biblioteca não se excluem, complementam-
se. Uma escola sem biblioteca é um instrumento imperfeito. A biblioteca sem ensino, ou seja,
sem a alternativa de estimular, coordenar e organizar a leitura, será por seu lado, instrumento
vago e incerto”.
O bibliotecário deve sair da sua zona de conforto e corroborar suas inúmeras
competências, Souza, Pardini e Braga (2002, p. 2) afirmam que o profissional bibliotecário
“[...] está deixando de lado os estereótipos arraigados há muito tempo na figura da pessoa de
óculos e coque que pedia silêncio na Biblioteca, na imagem de um profissional que era um
guardião de livros e que tinha a Biblioteca como sua”. Essa mudança ocorreu devido à nova
concepção que o profissional está criando para si, que é ser o mediador entre a informação e
de quem a pesquisa.

O reconhecimento da profissão de Bibliotecário se deu em 30 de junho de


1962, com a Lei 4.084/62, a qual regula e reconhece o exercício do
profissional Bibliotecário. Essa lei apresenta em seu Artigo 1ºque “a
designação profissional de Bibliotecário [...] é privativa dos bacharéis em
Biblioteconomia, [...]”. A Graduação em cursos de Biblioteconomia atribui o
título de bacharel aos profissionais que, após a efetivação do seu cadastro no
registro de profissão, apresenta-se apto para atuar legalmente no mercado de
trabalho. (BRASIL, 1962)2.

A Lei citada acima ainda aponta prerrogativas desses profissionais que vão desde
procedimentos técnicos como a classificação e catalogação de documentos até a gestão de
ambientes informacionais.

Art 6º São atribuições dos Bacharéis em Biblioteconomia, a organização,


direção e execução dos serviços técnicos de repartições públicas federais,
estaduais, municipais e autárquicas e empresas particulares concernentes às
matérias e atividades seguintes:
a) o ensino de Biblioteconomia;

2
Documento em meio eletrônico, não paginado.
20

b) a fiscalização de estabelecimentos de ensino de Biblioteconomia


reconhecidos, equiparados ou em via de equiparação.
c) administração e direção de bibliotecas;
d) a organização e direção dos serviços de documentação.
e) a execução dos serviços de classificação e catalogação de manuscritos e
de livros raros e preciosos, de mapotecas, de publicações oficiais e seriadas,
de bibliografia e referência (BRASIL, 1962)3.

Conforme demonstra o estudo de Bezerra (2017, p. 23) a Classificação Brasileira de


Ocupações (CBO), documento que distingue e detalha os atributos das funções do mercado de
trabalho brasileiro, designa o Bibliotecário, o Documentalista e o Analista de informações no
grupo dos Profissionais da Informação, indicando as seguintes funções que podem ser
realizadas por esses especialistas:

Disponibilizam informação em qualquer suporte; gerenciam unidades como


bibliotecas, centros de documentação, centros de informação e correlatos,
além de redes e sistemas de informação. Tratam tecnicamente e
desenvolvem recursos informacionais; disseminam informação com o
objetivo de facilitar o acesso e geração do conhecimento; desenvolvem
estudos e pesquisas; realizam difusão cultural; desenvolvem ações
educativas. Podem prestar serviços de assessoria e consultoria. (BRASIL,
2008)4.

A CBO, ainda apresenta possibilidades de locais de trabalho em que o Bibliotecário


pode vir a assumir o cargo administrativo.

Trabalham em bibliotecas e centros de documentação e informação na


administração pública e nas mais variadas atividades do comércio, indústria
e serviços, com predominância nas áreas de educação e pesquisa. Trabalham
como assalariados, com carteira assinada ou como autônomos, de forma
individual ou em equipe por projetos, com supervisão ocasional, em
ambientes fechados e com rodízio de turnos. Podem executar suas funções
tanto de forma presencial como a distância. [...] As condições de trabalho
são heterogêneas, variando desde locais com pequeno acervo e sem recursos
informacionais a locais que trabalham com tecnologia de ponta. (BRASIL,
2008)5.

Esse documento, além de definir as ocupações do mercado brasileiro, apresenta uma


lista de atividades desempenhadas pela função escolhida. No caso do bibliotecário, a CBO
aponta atividades divididas em dez categorias gerais sendo elas: 1) Disponibilizar informação
em qualquer suporte; 2) Gerenciamento de unidades, redes e sistemas de informação; 3)

3
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21

Tratamento técnico dos recursos informacionais; 4) Desenvolvimento dos recursos


informacionais; 5) Disseminação da Informação; 6) Desenvolvimento de Estudos e Pesquisas;
7) Prestação de serviços de Assessoria e Consultoria; 8) Promoção de atividades de Difusão
Cultural; 9) Desenvolvimento de ações educativas; 10) Demonstração de competências
pessoais. (CBO, 2017).
Dentre estas categorias destaca-se a Promoção de Atividades de Difusão Cultural, que
tem como o intento: Promover ação cultural, promover atividades de fomento a leitura,
promover eventos culturais, promover atividades para usuários especiais, organizar atividades
para a terceira idade, divulgar informações através de meios de comunicação formais e
informais, organizar bibliotecas itinerantes e promover atividades infanto-juvenis. (CBO,
2017)6.
No decorrer deste trabalho pode-se observar que o bibliotecário é capaz de formar
novos leitores, demonstrando a importância da leitura aos jovens não apenas sob o ponto de
vista pedagógico, mas também como forma de entretenimento, sendo estes seus aliados na sua
formação como cidadão e como profissional. É necessário ressaltar que o ambiente da
biblioteca tornou-se dinâmico e os bibliotecários devem seguir esse novo formato, utilizando-
se das novas tecnologias e criando novos serviços para melhor atender seus usuários.

2.2 Práticas de promoção de leitura no âmbito nacional e internacional

É evidente a importância que a temática promoção da leitura, assume nos países


desenvolvidos ou em desenvolvimento. “As ações de promoção da leitura devem ser
sistemáticas e cuidadosamente preparadas, atender às características dos destinatários, ter
continuidade nos contextos mais relevantes, a escola e a família, e ser articuladas com outras
atividades”. (VIANA, 2012, p. 13).
Nesse sentido Neves, Lima e Borges (2007) explicam que a generalização de políticas
voltadas à promoção da leitura, já com alguma espessura temporal em diversos países, baseia-
se no reconhecimento da importância das competências e dos hábitos de leitura para o
desenvolvimento dos indivíduos e das sociedades. Eles afirmam também que parte substancial
das políticas postas em prática encontra sustentação em estudos sobre literacia e hábitos de
leitura, designadamente os realizados no âmbito da Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Económico (OCDE), a nível nacional e transnacional. Tais práticas são uma

6
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22

área de intervenção específica, relativamente autónoma e em generoso processo


desenvolvimento, no qual se cruzam diversos setores, especialmente o da Educação e o da
Cultura.

No sector da Educação, a promoção da leitura surge de forma paralela e


complementar ao sistema de ensino: prende-se essencialmente com o
trabalho desenvolvido pelas bibliotecas escolares, mas também com
actividades desenvolvidas na sala de aula. No sector da Cultura, ela surge
fortemente ligada ao trabalho desenvolvido pelas bibliotecas (públicas) e às
políticas de alargamento do acesso aos diversos suportes de leitura.
Relativamente ao sector da Saúde (recentemente envolvido), a promoção da
leitura surge muitas vezes associada a acções de animação da leitura junto de
hospitalizados de diversas idades (mas sobretudo crianças) e a acções de
sensibilização dos pais para a importância de ler para os seus filhos desde
muito cedo. No sector Social, a promoção da leitura surge associada a
questões como a reinserção de reclusos, a integração de imigrantes e o apoio
à terceira idade. (NEVES; LIMA; BORGES, 2007, p. 13).

As práticas de promoção e fomento a leitura não devem ser apenas responsabilidade


do governo, é importante que a sociedade em geral esteja disposta a realizar um trabalho em
conjunto, para que o déficit da leitura possa ser sanado.

É fundamental congregar esforços dos mais variados segmentos da


sociedade: governos, associacções, organizações não governamentais, centro
culturais, familiares e escolas devem trabalhar juntos na busca pela
construção de estratégias e acções que possam garantir a manutenção
permanente do incentivo e facilitação do acesso ao universo deslumbrante da
leitura. (DIAS, 2009, p. 15).

A promoção da leitura, é uma preocupação recente em Portugal, em 1997 foi o


lançamento do Programa Nacional de Promoção da Leitura, da responsabilidade do então
Instituto Português do Livro e das Bibliotecas do Ministério da Cultura (IPLB/MC).“ganhou
uma maior dimensão com o lançamento, em Setembro de 2006, do Plano Nacional de Leitura
(PNL), no âmbito do qual inúmeras iniciativas estão em curso (1.ª fase) e outras estão já
previstas (para a 2.ª fase)”. (NEVES; LIMA; BORGES, 2007).
No Chile existe o programa de nacional de leitura, que está afiliado ao Centro de
Recursos para el Aprendizaje (CRA), que disponibiliza para bibliotecas materiais impressos
(dicionários, livros, enciclopédias, jornais e revistas), audiovisuais e jogos didáticos, as
escolas recebem uma quantia para assinar de cinco a seis jornais ou revista, que a interessem,
favorecendo assim a autonomia escolar. (BUNZEN, [20--?]).
23

O Bookstart é um programa originalmente do Reino Unido, que tem como meta


disponibilizar gratuitamente um conjunto de pacotes de promoção da leitura para crianças de
0 a 4 anos, seu objetivo é “criar um amor pela leitura que dará às crianças um começo de vida.
E acima de tudo, mostrar que os livros são divertidos!”7. No início dos anos 2000 ocorreu
uma aposta na generalização deste programa por diversos países, existindo filiais nos vários
continentes, designadamente: na Ásia, abarcando o Japão, Tailândia, Austrália e Nova
Zelândia; na Europa incluindo a Bélgica, Malta, República da Irlanda e Alemanha; na
América introduzindo o Canadá e Falkland Islands; e por fim, a África integrando a Nigéria e
Uganda. Este ano o projeto está comemorando o seu 25º aniversário. (BOOKTRUST, 2016,
tradução nossa).
No Reino Unido há também um grande número de projetos que consistem em formar
mediadores e outros grupos responsáveis em promover a leitura, sendo de caráter formal,
quando se destina a bibliotecários e professores, ou informal, quando diz respeito ao
aconselhamento dos pais e outros familiares, sobre a socialização precoce da leitura. A
formação pode ser feita de forma presencial através de workshops, seminários, aulas, entre
outros, ou à distância através da Internet. (NEVES; LIMA; BORGES, 2007).
Ao longo dos últimos anos, muito tem se falado acerca da importância da leitura, mas
muito pouco se tem feito para mudar a realidade brasileira no que discerne a promoção da
leitura. Apesar dessa realidade, no inicio dos anos 2000 foram difundidos o Plano Nacional do
Livro e Leitura (PNLL), o Projeto de Lei 1.321/2011, e a Lei do Livro (Lei nº 10.753/2003).

O Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL) foi instituído por meio da


Portaria Interministerial Nº 1.442, de 10 de agosto de 2006, pelos ministros
da Cultura e da Educação. E, em 1º de setembro de 2011, foi instituído por
meio do decreto Nº 7.559, firmado pela presidenta Dilma Rousseff8.
(BRASIL, 2006).

O plano possui diretrizes para uma política pública voltada à leitura e ao livro no
Brasil e, em particular, à biblioteca e à formação de mediadores. Quatro eixos orientam a
organização do Plano:

Eixo 1. Democratização do acesso; Eixo 2. Fomento à leitura e à formação


de mediadores; Eixo 3. Valorização institucional da leitura e incremento de
seu valor simbólico; Eixo 4. Desenvolvimento da economia do livro.
(MARQUES NETO, 2010, p. 51).

7
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24

O primeiro eixo corresponde à implantação de novas bibliotecas; fortalecimento da


rede virtual de bibliotecas; conquista de novos espaços de leitura; distribuição de livros
gratuitos; melhoria do acesso ao livro e a outras formas de expressão da cultura letrada e a
incorporação e uso de novas tecnologias.
No segundo estão voltadas ações dos estados e municípios; projetos sociais de leitura;
estudos e apoio à pesquisa acadêmica nas áreas do livro e leitura; sistemas de informação nas
áreas de bibliotecas, da bibliografia e do mercado editorial; prêmios e reconhecimento às
ações de estímulo e fomento às práticas sociais de leitura; formação de mediadores de leitura.
O terceiro corresponde a ações para criar consciência sobre o valor social do livro e da
leitura; ações para converter o fomento às práticas sociais da leitura em política de Estado;
estímulo a publicações impressas e outras mídias dedicadas à valorização do livro e da leitura;
E por fim o quarto eixo está voltado para o desenvolvimento da cadeia produtiva do
livro; fomento à distribuição, circulação e consumo de bens de leitura; apoio à cadeia criativa
do livro; Maior presença no exterior da produção nacional literária científica e cultural
editada.
O Projeto de Lei 1.321/2011, que cria o Fundo Nacional Pró-Leitura (FNPL), tem por
objetivo desoneração fiscal do livro. Visa apoiar a produção, edição, distribuição e
comercialização de livros.
A Lei do Livro (Lei nº 10.753/2003), que instituiu a Política Nacional do Livro. Art.
1° determina as seguintes diretrizes:

I - assegurar ao cidadão o pleno exercício do direito de acesso e uso do livro;


II - o livro é o meio principal e insubstituível da difusão da cultura e
transmissão do conhecimento, do fomento à pesquisa social e científica, da
conservação do patrimônio nacional, da transformação e aperfeiçoamento
social e da melhoria da qualidade de vida;
III - fomentar e apoiar a produção, a edição, a difusão, a distribuição e a
comercialização do livro;
IV - estimular a produção intelectual dos escritores e autores brasileiros tanto
de obras científicas como culturais;
V - promover e incentivar o hábito da leitura;
VI - propiciar os meios para fazer do Brasil um grande centro editorial;
VII - competir no mercado internacional de livros, ampliando a exportação
de livros nacionais;
VIII - apoiar a livre circulação do livro no País;
IX - capacitar a população para o uso do livro como fator fundamental para
seu progresso econômico, político, social e para promover a justa
distribuição do saber e da renda;
X - instalar e ampliar no País livrarias, bibliotecas e pontos de venda do
livro;
25

XI - propiciar aos autores, editores, distribuidores e livreiros as condições


necessárias ao cumprimento do disposto nesta Lei;
XII - assegurar às pessoas com deficiência visual o acesso à leitura.
(BRASIL, 2003)9

Apesar de ter leis que regulamentam as promoções de práticas de leitura no Brasil,


existem de fato poucas ações voltadas para tal, principalmente no que discerne a formação de
professores e pais de crianças e adolescente como mediadores literários, como também são
escassos projetos de combate a iliteracia10.

2.3 leitura literária: breves conceitos

No tocante a leitura pode-se afirmar que ler está além do codificar e decodificar
palavras, segundo Solé (2009, p. 18) “Ler é compreender e interpretar textos escritos de
diversos tipos com diferentes intenções e objetivos, a leitura contribui de forma decisiva para
a autonomia do indivíduo, a leitura é um instrumento crucial para que possamos nos mover
com certa garantia em uma sociedade letrada”. Porém para o sujeito ter sucesso na sociedade
atual não basta apenas ser alfabetizado.

À medida que o analfabetismo vai sendo superado, que um número cada vez
maior de pessoas aprende a ler e a escrever, e à medida que,
concomitantemente, a sociedade vai se tornando cada vez mais centrada na
escrita (cada vez mais grafocêntrica), um novo fenômeno se evidencia: não
basta apenas aprender a ler e a escrever. As pessoas se alfabetizam, mas não
necessariamente incorporam a prática da leitura e da escrita, não
necessariamente adquirem competência para usar a leitura e a escrita, para
envolver-se com as práticas sociais da escrita: não leem livros, jornais,
revistas, não sabem redigir um ofício, um requerimento, uma declaração, não
sabem preencher um formulário (SOARES, 2006, p. 45).

O texto literário é uma produção artística, no qual se espera que o leitor vivencie uma
interação com uma obra de arte. Interação essa que lhe permita uma experiência que inclua
além do seu lado emocional, sua imaginação, desejo, medos, admiração, entre outros
sentimentos. (PAIVA; PAULINO; PASSOS, 2006).

9
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10
1. Qualidade ou condição do que é iletrado.
2. Estado ou condição de quem não sabe ler nem escrever. = ANALFABETISMO, ALITERACIA,
ILETRISMO.
3. Incapacidade para perceber ou interpretar o que é lido. (PRIBERAM..., 2018)
26

Inicialmente, a literatura – uma vez que não tem comprometimento com a


realidade, mas com o real que ela mesma cria – é ficção e por natureza, da
ordem da fantasia. Assim, fomenta no leitor a curiosidade e o interesse pela
descoberta; permite que ele vivencie situações pelas quais jamais passou,
alargando seus horizontes e tornando-o mais capaz de enfrentar situações
novas. Ou seja, romper com as barreiras da realidade, possibilita ao leitor o
acúmulo de experiências só vividas imaginariamente, o que o torna mais
criativo e mais crítico, além de ensiná-lo a reagir a situações desagradáveis e
de ajudá-lo a resolver seus próprios conflitos. (VILLARDI, 1999, p. 4).

Segundo Paiva, Paulino e Passos (2006, p. 25), tratando-se de uma interação literária
do sujeito para com o texto, não existe uma interpretação certa ou errada, ela não se limita à
lógica derivada da leitura dos textos técnicos, nesse tipo de leitura a imaginação predomina,
como a interpretação individual de cada leitor. Os autores completam que “A leitura literária
é associada à reflexão e à imaginação, quando estimula nossa percepção a romper com o
automatismo da rotina cotidiana. Essa característica faz parte da função social da literatura”.
Quando o leitor entra em contato com diferentes realidades através da leitura, ele adquire
novas experiências, acaba refletindo sobre a sua vida e começa a enxergar sua realidade por
outro contexto.
A leitura literária quebra as barreiras da ficção e da realidade, contribui para o
vocabulário do sujeito, como também para escrita, proporciona conhecimentos e experiências,
viagens e aprendizado cultural, forma cidadãos instruídos e críticos, além de ser uma
excelente atividade de lazer.

Uma leitura espontânea e desprovida da obrigação escolar, além do


entretenimento, também traz informação e conhecimento ao leitor. Esse
conhecimento fica, então, armazenado na memória e, em momento futuro,
essa leitura pode vir a complementar o conteúdo escolar dando suporte para
uma melhor compreensão do texto lido, ampliando seu conhecimento de
mundo. (BORTOLIN; SANTOS, 2014, p. 150).

As autoras ainda afirmam que a leitura é indispensável em qualquer área do


conhecimento humano, sendo imprescindível à própria vida, pois contribui com a formação
do homem, intelectual e social. Toda leitura é válida, seja ela de ficção ou não ficção, livros
técnicos ou literatura, pois a leitura só tem a acrescentar na vida do indivíduo.
27

3 CLUBE DE LEITURA

No Brasil e no mundo, o histórico do clube de leitura ou clube do livro, está atrelado à


comercialização de livros e no aquecimento da indústria cultural, ao invés da promoção da
leitura e formação de leitores e mediadores que possam de fato instruir indivíduos ao mundo
da leitura. “Há várias denominações encontradas na literatura como: o clube do livro, o
círculo do livro, clube de leitura, [...], porém, pelo tamanho continental do Brasil, poucas são
as iniciativas como forma de promoção, incentivo e a iniciação de jovens na leitura”.
(BORTOLIN; SANTOS, 2014, p. 155-156).
De acordo com Bortolin e Almeida Júnior (2011, p. 7) existem três principais tipos de
clubes do livro/leitura atualmente:

[...] a primeira, com bases econômicas (todo mês o leitor paga um valor fixo
e recebe uma determinada obra); a segunda trata-se da reserva de um espaço
onde são disponibilizados livros, revistas e outros documentos para leitura e
empréstimo e a terceira criação de um grupo de leitores que se reúnem para
ler e discutir um determinado texto/livro.

O clube de leitura em que seus membros se reúnem dispostos a debater obras literárias
sendo elas livros, HQs, mangás etc, pode ser usanda como uma estratégia de democratização
da leitura e fomento ao hábito de ler. Além disso, essa metodologia incentiva à leitura coletiva
e a formação e criação de uma comunidade de leitores, nesse contexto Cosson (2014, p. 138),
salienta que:

[...] uma comunidade de leitores é definida pelos leitores enquanto


indivíduos que, reunidos em conjunto, interagem entre si e se identificam em
seus interesses e objetivos em torno da leitura, assim como por um repertório
que permite a esses indivíduos compartilharem objetos, tradições culturais,
regras e modos de ler.

É interessante que os participantes do clube escolham as obras que serão abordadas


nos encontros. Paulino (2004, p. 19) reconhece que “A formação de um leitor literário
significa a formação de um leitor que saiba escolher suas leituras, que aprecie construções e
significações verbais de cunho artístico, que faça disso parte de seus fazeres e prazeres”. Essa
escolha de leituras oferece uma liberdade que o jovem não possuiu durante o seu processo de
letramento na escola.
Ainda no tocante à leitura compartilhada Solé (1998, p. 119) afirma que “Nas tarefas
de leitura compartilhada, [...] significa expor sucintamente o que foi lido. Esclarecer dúvidas
28

refere-se a comprovar se o texto foi compreendido, fazendo perguntas para si mesmo”, através
do autoquestionamento almeja-se que o leitor possa questionar o texto explanado e que
estabeleçam uma ligação “sobre o que já se leu e sobre a bagagem de conhecimentos e
experiências do leitor”, ao fazer essa associação o leitor estará estabelecendo sentido ao texto.
Em um clube de leitura é pertinente que o mediador saiba envolver o grupo utilizando
estratégias para que os participantes não sejam membros passivos, pois um dos seus muitos
objetivos é fazer da leitura uma prática social que auxilie na literacia informacional e literária.
O projeto clube de leitura terá como referência uma biblioteca privada, sem fins
lucrativos, que tem como usuários comerciários, seus dependentes, associados, alunos
matriculados nas escolas da instituição, em escolas públicas e o público em geral. A biblioteca
em questão compõe uma rede que está espalhada por todo Brasil, e tem como objetivo
orientar e incentivar o hábito da leitura em seus usuários, através de empréstimos e consulta
local de jornais, revistas, livros, história em quadrinhos (HQs) e mangás. O seu acervo é
diversificado, e possui todos os gêneros literários, além de contar com livros estrangeiros,
nacionais e regionais. Os serviços prestados aos seus usuários são: acesso à Internet, consulta
e pesquisa, orientação à pesquisa, disseminação seletiva da informação, treinamento de
usuários, visita monitorada, hemeroteca e empréstimo domiciliar. Atualmente a biblioteca
conta com um bibliotecário, dois servidores e um estagiário.
A elaboração de um clube de leitura para a instituição mencionada neste trabalho tem
como finalidade estimular o gosto pela literatura na perspectiva de promover o hábito de
leitura nos jovens entre 15 e 25 anos, reforçando a leitura como recurso empregado para
contribuir no processo de ensino e aprendizagem, e também como elemento importante para o
ingresso e a participação do adolescente na vida social.
Neste contexto, as bibliotecas dessa instituição poderão ser utilizadas como espaço
prioritário para intervenção onde serão criados Clubes de Leitura, nesse espaço os
bibliotecários, estagiários de biblioteconomia e pedagogos se reunirão mensalmente com
grupos de jovens atendidos pela proposta, para debater obras literárias de acordo com a sua
faixa etária e que despertem o prazer no hábito de ler. Utilizando-se sempre dos materiais
disponíveis nas bibliotecas, como os livros, história em quadrinhos (HQs) ou mangás.

As histórias em quadrinhos (HQS), outro avatar da literatura, foram por


muito tempo associadas restritivamente à leitura infantil ou as tiras de jornal.
Mais recentemente, com a aplicação de seus gêneros, como mangás e os
graphic novels, e de seus leitores, atingindo adolescentes e adultos, tiveram o
seu estatuto modificado. As HQS são agora reconhecidas como narrativas
que, recorrendo aos mais variados recursos imagéticos e textuais em quadros
29

e balões de fala, podem alcançar elevado valor artístico (COSSON, 2014, p.


17).

Apresentando assuntos diversificados sendo eles, atuais, históricos, culturais, porém


que possam trazê-lo para o contexto do adolescente, para que assim o debate seja consistente
e que ele possa refletir sobre a sua realidade ou a do mundo que o cerca, além de que ele
possa criar laços com os participantes do grupo para que a discussão possa ser elevada a outro
nível. Neste sentido, Cosson (2014, p. 117) afirma que:

Um círculo de leitura é uma prática de letramento literário de grande


impacto tanto para quem participa quanto para o espaço onde ele acontece.
Nos grupos de amigos, as relações se estreitam. Nos ambientes de trabalho, a
convivialidade se fortalece. E entre desconhecidos, surgem confidentes,
parceiros de leitura que se transformam em amigos.

De acordo com Parreiras (2011, p. 26), “A leitura começa no espaço da intimidade


(em casa) e depois alcança o espaço público (a escola, a biblioteca). Posteriormente, cabe à
escola dar prosseguimento ao processo de mediação da leitura tão necessário para o aluno”.
Nessa perspectiva os bibliotecários da instituição por meio deste projeto legitimam essa
atividade, além de contribuir com o papel social do bibliotecário perante a sociedade,
contribuirá também com a formação do sujeito favorecido por ele, igualmente promovera a
disseminação da leitura e o prazer que a literatura pode trazer ao indivíduo e os seus
benefícios.
Este projeto também evidenciará a importância da atuação do profissional
bibliotecário como mediador literário junto ao público juvenil, frente ao clube de leitura o
profissional da informação desempenhará uma das tantas funções que são discorridas na
CBO, que é a Promoção de Atividades de Difusão Cultural, pois o bibliotecário irá promover
ações culturais, tais como comemorar datas significativas para o leitor, como, por exemplo: a
comemoração ao Dia do Orgulho Nerd11. Neste evento seriam apresentadas e debatidas obras
de ficção cientifica ou livros voltados para essa temática, concursos de cosplayers12, realizado
sorteio de livros e distribuição de brindes, entre outros; desenvolver atividades de fomento a
leitura, a biblioteca teria uma data específica para os usuários realizarem a troca de livros,

11
Dia do Orgulho Nerd, ou Dia do Orgulho Geek, é uma iniciativa que defende o direito de toda pessoa em ser
um nerd ou um geek, e para promover a cultura nerd/geek, comemorada em 25 de maio. Disponível em:
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Dia_do_Orgulho_Nerd>. Acesso em: 29 maio 2018.
12
O termo Cosplay, proveniente do japonês Kosupure é uma abreviação de costume roleplay. A tradução para o
português se refere a fantasiar-se ou disfarça-se de um personagem. Os participantes e adeptos a esta
modalidade, são chamados de cosplayers. [...] De certa forma o Cosplay é a homenagem de um fã a seu
personagem. Disponível em: <https://www.infoescola.com/cultura/cosplay/>. Acesso em: 29 maio 2018.
30

contação de histórias, bate-papo com autores convidados, entre outros; divulgar informações
através de meios de comunicação formais e informais, nesse âmbito o bibliotecário seria
responsável por elaborar exposições na biblioteca, com temas interessantes e que contribuam
para acrescentar conhecimento para os usuários, exibição de filmes, saraus, entre outros; e
promover atividades infanto-juvenis, nesse caso, o clube de leitura seria a ação programada.
Além disso, irá também instruir e auxiliar o jovem a utilizar fontes informacionais de
diferentes suportes e instrui-lo a selecionar fontes informacionais que se adeque ao seu perfil.

O mediador focado neste trabalho é o bibliotecário. Ele tem a missão de


buscar alternativas, não só como facilitador e leitor, mas também como uma
das pessoas responsáveis pela formação de novos leitores. De acordo com a
proposta desse estudo uma iniciativa exitosa na formação do leitor é o clube
de leitura, pois ele é uma possível forma de disseminar o livro e os diversos
textos, a leitura e levar novas pessoas a desenvolver o gosto pela leitura em
um local confortável que propicia bem-estar. (BORTOLIN; SANTOS, 2014,
p. 154).

Os membros do clube de leitura serão entre dez e vinte pessoas, que irão se reunir
mensalmente na biblioteca, sempre às sextas-feiras, para discutir durante duas horas a respeito
de uma obra definida no cronograma que será montado pelos participantes, bibliotecário e
estagiário da unidade. Para melhor se comunicarem os membros terão como suporte um grupo
no wattsapp, além de disponibilizarem os seus e-mails para o bibliotecário responsável pela
mediação, para que assim, este possa enviar informações ou avisos referentes às reuniões ou
obras que serão discutidas.
A divulgação do clube será feita através da página da Internet da instituição e de suas
mídias sociais (Facebook e Instagram), além dos murais. Será feita uma seleção com os
inscritos e serão escolhidos os que melhor se adequarem ao perfil do clube. Serão realizados
dez encontros, sendo o primeiro para que os membros possam ter previamente contato com o
mediador e os participantes do clube, como também para definir um cronograma e escolher as
leituras que serão realizadas durante as reuniões.
As bibliotecas da instituição serão utilizadas, além do espaço físico com acervo de
livros e periódicos a ser aproveitados em horários definidos. Nelas, serão realizadas atividades
interligadas ao acervo existente na unidade, de acordo com a realidade dos seus
frequentadores, transformando-se em um local de aprendizagem, de formação e
transformação, trazendo benefícios aos seus usuários com iniciativas educativo-culturais
desenvolvidas na instituição, colaborando igualmente com o desenvolvimento da cidadania e
educação nas comunidades onde estão inseridas.
31

4 LITERACIA INFORMACIONAL E LITERÁRIA

A informação tornou-se um componente imprescindível em todos os segmentos da


sociedade, porém a partir do momento que o seu excesso vem sendo disponibilizado, saber
utilizar-se de mecanismos para filtrar o que se busca, a relevância do que foi encontrado e
como usufruir dessa informação passou a ser mais importante. Braga (2003, p. 1) apresenta,
de forma clara, como há um excesso de informações no cotidiano das pessoas.

Chegou o fim de semana. Terei para ler três imensos jornais de domingo e
uma pilha de revistas de marketing, de management, de publicidade, de
informática, de variedades e de educação, além de todo o clipping do setor
educacional, acumulado durante a semana. Trouxe para casa cinco livros
novos que comprei esta semana, para se juntar às dezenas de outros livros
que estão, há meses, na fila de espera para serem lidos. Passei na locadora e
aluguei dois filmes imperdíveis, que todos já viram, menos eu. Além disso,
pretendo colocar em dia os mais de 100 e-mails atrasados, que estão
aguardando resposta. Tem ainda uma festa de aniversário da família para ir,
os slides de duas palestras para preparar e um espetáculo teatral excelente
que, é claro, já está nos últimos dias na cidade.

As informações chegam a diversas fontes e a necessidade de filtrar os conteúdos mais


relevantes, se torna um processo fundamental em um mundo com informação demais e tempo
de menos. Uma vez que o indivíduo consegue desenvolver mecanismos de coleta e
transformar dados e fatos em informação, a atualização e o acesso às informações passam a
ser mais prazerosos (BRAGA, 2003). A seleção de informações úteis, bem como seu uso,
permitem aos indivíduos uma relação melhor com o mundo
Neste contexto, a literacia informacional, vem conquistando espaço e saber
desenvolvê-la está se tornando o principal objetivo de bibliotecas e profissionais
bibliotecários. O conceito de literacia é procedente do latim littĕra (letra) particularmente
relacionado ao alfabeto, leitura, escrita e ao cálculo, no decorrer dos anos sua concepção vem
sofrendo mudanças em seu significado. Toda via, as competências básicas de seu conceito
permanecem. Atualmente nos países desenvolvidos é empregado um contexto mais profundo
que as competências incutidas na localização, seleção, análise, avaliação crítica e
armazenamento da informação e seu tratamento e uso. (CRAVO, 2014).
É possível perceber que com esse novo conceito pretende-se estabelecer a posição de
cada pessoa num processo contínuo de competências que são geradas de acordo com o tipo de
32

informação que ele consome durante a sua vida, é a informação adquirida sair do mentefacto13
e ser externada, ele colocar o conhecimento em prática no seu dia a dia, seja na vida social,
profissional ou pessoal. Assim:

[…] falar de literacia implica que se tenha presente que: a) o perfil de


literacia de uma população não é algo que possa ser considerado constante,
ou seja, que possa ser extrapolado a partir de uma medida temporalmente
localizada; b) o perfil de literacia de uma população não é algo que possa ser
deduzido a partir, simplesmente, dos níveis de escolaridade formal atingidos;
c) a literacia não pode ser encarada como algo que se obtém num
determinado momento e que é válido para todo o sempre; e d) os níveis de
literacia têm de ser vistos no quadro dos níveis de exigência das sociedades
num determinado momento e, nessa medida, avaliadas as capacidades de uso
para o desempenho de funções sociais diversificadas. (BENAVENTE et al.,
1996, p. 4-5).

Como assevera Benavente et al. (1996), a literacia é algo a ser apreendido em diversos
momentos, uma vez que o perfil não é constante nem deve ser encarado como válido para
todos os momentos. Complementarmente, enquanto a informação pode ser definida por um
conjunto de representações mentais codificada e socialmente contextualizadas que podem ser
comunicadas, estando, portanto, indissociadas da comunicação, a literacia por vezes tem sido
associada às competências de leitura e escrita de um sujeito, toda via o seu conceito vai além
do analfabetismo ou alfabetismo. Se o conceito de alfabetização traduz o ato de ensinar e de
aprender, a literacia demonstra a capacidade de uma pessoa utilizar as competências
aprendidas de leitura, escrita, cálculo, entre outras. (FRANCISCO, 2008). Em síntese a
literacia seria a aplicação da informação que individuo aprendeu no decorrer da sua vida.
Por vezes, na literatura encontra-se alguma confusão ou imprecisão terminológica
entre letramento, alfabetização e literacia. Acerca disso Soares (1998) advoga que a
alfabetização é a obtenção do código da escrita e leitura, e ocorre quando se há apropriação da
técnica de grafar e reconhecer letras, usar o papel, entender o sentido da escrita, pegar no
lápis, codificar, estabelecer relações entre sons e letras, de fonemas e grafemas, enquanto o
letramento é a aplicação desta tecnologia em práticas sociais de leitura e de escrita.
Contudo, no Brasil a literacia ainda é um campo em ascensão, por isso se utiliza mais
a expressão competência informacional, que para melhor explica-lo existem algumas palavras
chaves que melhor se adequam ao conceito: mobilizar, integrar, transferir conhecimentos,
recursos, habilidades, que agreguem valor, entre outros.

13
Nesse aspecto, é considerada a atividade intelectual como mentefacto. Esse termo é utilizado na Ciência da
Informação, como sinônimo de informação. Uma vez que ela é materializada, surge o artefacto. (ARAÚJO,
2013).
33

Ainda sobre a ocorrência de literacia e competência, Baleiro (2011) esclarece que a


literacia pressupõe a manifestação de competências ou de capacidades da compreensão e da
utilização da palavra escrita. Por seu turno, as competências ou capacidades de literacia são
cumulativas, visto que, em cada situação, se aplicam ou evocam as anteriores e a essas se
adicionam outras novas.
Acerca disso, há distintas denominações, Pires (2012) estabelece alguns termos
conhecidos na literatura internacional para retratar o que seria Comportamento Informacional
sendo estes, Information Behavior na língua inglesa, e Conducta Informacional no espanhol.
Como a literatura ainda é escassa, a autora escolhe abordar o comportamento informacional
como o reconhecimento de alguma necessidade de informação sobre determinado assunto, e
como o indivíduo realiza a busca para suprir essas necessidades.
Convém esclarecer que comportamento informacional é o conjunto de comportamento
que o individuo possui perante as fontes e canais informacionais, compreendendo a busca
ativa e passiva de informação e o seu uso, incluindo a comunicação pessoal e presencial, bem
como a recepção passiva de informação, e como o comportamento do público no que
concerne ao seu consumo aos comerciais de televisão sem alguma intenção específica em
relação à informação fornecida (WILSON, 2000).
Existem diversos tipos de literacia tais como a mediática, a familiar, a cultural, a
estatística, a científica, em saúde, a digital, acadêmica, a informacional, a literária, entre
outras. A mediática, por exemplo, consiste na capacidade de analisar, avaliar, produzir e
difundir mensagens mediatizadas de diferentes formas, sejam elas impressas ou digitais. A
familiar, no envolvimento dos pais, família e ou comunidade no processo da leitura e da
escrita dos seus filhos, através de divergentes atividades e práticas.
A cultural é uma forma de olhar para as questões sociais e culturais através do viéis
literário, pensando, empregando comunicação, comparação e crítica em uma escala além da
de uma linguagem ou um estado-nação, evitando a concepção. (CULTURAL..., 2018).14
Quando se trata da literacia estatística, diz respeito a capacidade de interpretar, avaliar e
discutir informações estatísticas e os argumentos fundamentados em dados difundidos por
órgãos de comunicação social (SILVA, 2013).15
A literacia científica surgiu diante da necessidade de criar condições para que os
cidadãos pudessem entender e colaborar em projetos em ciência e tecnologia. (CARVALHO,

14
Documento em meio eletrônico, não paginado.
15
Documento em meio eletrônico, não paginado.
34

2009). Enquanto a literacia em saúde está relacionada à cientifica, pois ambas têm em comum
o papel fundamental na educação dos alunos, e tem como objetivo torna-los cidadãos livres e
responsáveis (CARVALHO; JOUDAN, 2014).
A literacia acadêmica está relacionada às competências ou capacidades que os alunos
do ensino superior precisam adquirir no decorrer do curso para facilitar seus estudos e auxilia-
lo em suas pesquisas.
No ano de 1974, o termo literacia informacional surgiu pela primeira vez na literatura,
o bibliotecário americano Paul Zurkowski, escreveu um relatório denominado de The
information service environment relationships and priorities, nesse documento ele discorreu
sobre uma abundância de produtos e serviços fomentado por organizações privadas e seus
vínculos com a biblioteca. Zurkowski prenunciava uma perspectiva de transformações e
propunha que “se iniciasse um movimento nacional em direção a information literacy.
Sugeria que os recursos informacionais deveriam ser aplicados às situações de trabalho, na
resolução de problemas, por meio do aprendizado de técnicas e habilidades no uso de
ferramentas de acesso a informação”. (DUDZIAK, 2003, p. 24).
Inicialmente, a literacia informacional foi definida como “a capacidade de
compreender a tecnologia, os media e a informática, incluindo a capacidade de utilizar um
computador e o respetivo software, saber onde encontrar e como organizar a informação, esse
termo surgiu associado ao ensino, à aprendizagem e às bibliotecas escolares”. (CRAVO,
2014, p. 15). Com o tempo o conceito de literacia informacional tornou-se mais abrangente,
relacionado a uma série de habilidades e competências que incluem desde o saber localizar a
informação a utiliza-la para a resolução de problemas e tomadas de decisões, seja no âmbito
profissional ou pessoal.
A American Library Association (2018)16 afirma que um sujeito com literacia
informacional é capaz de:

1. Determinar a extensão da informação de que necessita;


2. Aceder à informação de que necessita de um modo eficaz e eficiente;
3. Avaliar criticamente a informação e as suas fontes;
4. Incorporar a informação selecionada na sua base de conhecimentos
5. Usar a informação eficazmente de modo a conseguir um objetivo
específico
6. Compreender as questões econômicas, legais, e sociais que envolvem
o uso da informação, e aceder e utilizar a informação de um modo ético e
legal.

16
Documento em meio eletrônico, não paginado.
35

O mundo está em constante evolução social, econômica, política, e os indivíduos


experimentam essas sensações diariamente e internalizam de formas diferentes. Pensando nas
experiências individuais da forma com que cada um enxerga o mundo, o comportamento dos
usuários está em constantes mudanças. Dudziak (2003, p. 28) define literacia informacional
como “o processo contínuo de internalização de fundamentos conceituais, atitudinais e de
habilidades necessário à compreensão e interação permanente com o universo informacional e
sua dinâmica, de modo a proporcionar um aprendizado ao longo da vida”.
Segundo Silva (2006, p. 153-154) “[...] torna-se oportuno em Ciência da Informação
operar com o conceito de literacia informacional para significar as competências e a
capacidade seletiva e sintetizadora na busca e uso da informação”, o autor enfatiza que de
certa forma a literacia informacional está correlacionada a todas as literacias, visto que para o
indivíduo ser capaz de utilizar-se das outras ele originalmente passará pela busca da
informação utilizando suas competências.
A literacia literária ou da leitura ainda é um conceito pouco trabalhado na atualidade,
em síntese, tem por objetivo aumentar a propensão crítica do sujeito, a capacidade de
contextualizar o universo do texto a partir das informações apresentadas e a capacidade de
análise crítica do que está lendo, torna criterioso na seleção das leituras, auxilia-lo no
aprendizado de novas palavras, no desenvolvimento da escrita, e proporcionar a ele mudança
da percepção que ele tem sobre o mundo, proporcionando, ainda, o aprendizado de forma
mais leve e descontraída. Ela consiste em “um conjunto diversificado de conhecimentos,
capacidades e estratégias que vão sendo construídas pelos indivíduos através das suas
múltiplas experiências de vida”. (CABRAL, 2007, p. 13). É o estímulo desses conhecimentos,
capacidade e estratégias que possibilita a construção do sentido da informação escrita.
Enquanto a literacia está associada ao conjunto de competências que o sujeito adquiriu
através de informações processadas no decorrer da sua vida, a leitura é o processo de
tratamento da informação escrita no qual se elaboram representações que, por seu turno,
permitem a compreensão dessa informação escrita (CASTRO, 2000 apud BALEIRO, 2011, p.
153); em resumo, literacia da leitura é uma concepção correspondente ao estímulo de um
grupo de competências ou habilidades de desenvolver associações e combinações para
produzir sentido aos signos do texto, utilizando referências externas, com o propósito de lhe
conceber sentido.

A leitura, efetivamente, só se faz no momento em que somos capazes de


atribuir sentido ao que foi decodificado. Mas numa visão ainda mais ampla,
36

ler é construir uma concepção de mundo, é ser capaz de compreender o que


nos chega por meio da leitura, analisando e posicionando-se criticamente
frente às informações colhidas, o que se construí como um dos atributos que
permitem exercer, de forma mais abrangente e complexa, a própria
cidadania. (VILLARDI, 1999, p. 4).

Se o desenvolvimento da linguagem é como um elemento essencial ao crescimento


intelectual da criança, a leitura acaba por ser um fator que interfere de forma substantiva no
pensamento, tornando-se, consequentemente, um fator determinante do bom desempenho
durante e após o período de escolarização. Entretanto, após abandonar os bancos escolares,
independente de qual nível for, e por vezes até depois do termino de uma graduação, não é
raro encontrarmos pessoas que não se interessam em ler ao menos um jornal, contendo-se
com notícias prontas e mastigadas, veiculadas por mídias eletrônicas, pessoas que passam
anos sem tocar ao menos em um livro, a não ser por exigência profissional. “É raríssimo um
autor brasileiro entrar na lista dos best-sellers. Acontece que a crise brasileira não é de
escritores, e sim de leitores”. (MACHADO, 1995 apud VILLARDI, 1999, p. 8-10).
Baleiro (2011, p. 169) discorre sobre as três práticas que o leitor competente em
literacia literária deve assumir no ato da leitura do texto literário: a primeira sendo focar na
transação/interação que define o método da leitura literária “para que a partir das sequências
de palavras do texto consiga produzir o seu sentido”; a segunda seria direcionar sob a
orientação das sequências de palavras do texto na criação de sentido “ativar conhecimentos e
experiências prévios, preencher espaços em branco, formular expectativas e hipóteses e/ou
inferências, confirmar hipóteses e fazer associações”; e a terceira prática “é centrar-se na
construção do sentido em função das suas próprias características, necessidades e
conclusões”. Segundo essa autora “Existe ainda um quarto paradigma que poderemos
acrescentar – o paradigma social. Este está associado ao pressuposto teórico da existência de
comunidade interpretativas nas quais os leitores se inserem”.
Baleiro (2011, p. 178) apresenta ainda uma lista de definição genérica de literacia da
leitura literária como equivalente a um conjunto de competências ou capacidades que
permitem analisar e interpretar um texto literário. Entre as competências estão: Saber
contextualizar histórica e culturalmente o texto e o autor; escrever um ensaio; realizar e
organizar pesquisa bibliográfica; ler criticamente; realizar análise textual; e por fim
estabelecer relações entre textos. Em seguida apresenta-se um quadro utilizando-se das
definições expostas pela autora, para melhor explanar as três dimensões das competências ou
capacidades esperadas do aluno/leitor frente à literacia da leitura literária: a crítica, a cultural
e a operacional.
37

Quadro 1 - Dimensões das competências


A dimensão crítica: O aluno-leitor deve ser capaz de realizar análise textual, i.e., decompor o texto
nos seus componentes, atentando nas palavras escolhidas pelo autor, na ordem pela qual estas
surgem, no ritmo, no som e nos efeitos que o texto provoca em si [...], para que, de modo atento,
repetido, refletido e fundamentado (ou seja, lendo criticamente), consiga criar um distanciamento que
lhe permita criar um sentido para o texto literário, a partir das unidades de sentido que vão sendo
confirmadas durante o processo de leitura literária [...]. O aluno deve «ser capaz de ler criticamente
textos fundamentais nos campos da poesia […] e de ficção» / «ser capaz de ler criticamente textos
relevantes deste período, nos domínios da poesia […] e do romance […]»; o aluno deve «desenvolver
a capacidade de análise textual» e deve «estimular o espírito crítico e interventivo».
A dimensão cultural: O aluno-leitor deve ser capaz de identificar o «sistema de ideias vivas» [...] de
cada texto, refletir sobre ele, pois este espelha o conjunto das convicções próprio de cada tempo
histórico que, por poder ser diferente daquele do aluno-leitor, vai forçá-lo a preencher os «vazios» ou
a construir pontes entre o sistema de ideias que é o seu e aquele que é do texto. O aluno deve
«desenvolver as capacidades de relacionar textos e de os integrar em contextos históricos e sociais»;
«relacionar os autores estudados com o contexto histórico e sociocultural»; «contextualizar os autores
estudados, problematizando os limites da história literária contemporânea» e «ler intertextual e
comparatisticamente, considerando várias artes e formas de cultura […]».
A dimensão operacional: O aluno-leitor deve ser capaz de autonomamente procurar informação,
saber selecionar aquela que é relevante para a leitura de um dado texto literário e aplicá-la eticamente,
que é o mesmo que dizer, fazendo menção (correta) às fontes e não se apropriando de interpretações
que não são suas. O aluno deve «realizar e organizar a pesquisa bibliográfica»; «realizar pesquisa
bibliográfica e leituras orientadas para a compreensão dos contextos e análise crítica das obras
selecionadas»; «elaborar um pequeno trabalho de investigação, individual ou em grupo, sobre uma
das obras do programa.», e deve «saber analisar um texto literário e produzir um comentário oral e/ou
escrito coerente do mesmo».
Fonte: Baleiro (2011, p. 178-179)

As literacias informacional e literária convergem na dimensão operacional, uma vez


que a literacia informacional determina um grupo de competências ou capacidades que
possibilitam avaliar as informações em diferentes fontes, sejam elas textual, visual ou digital;
saber determinar a extensão da informação de que necessita; dominar um modo eficiente e
eficaz na busca e uso da informação; ser capaz de avaliar criticamente a informação e as suas
fontes; introduzir a informação selecionada na sua base de conhecimentos; usar a informação
eficazmente de modo a conseguir alcançar um objetivo específico; compreender as questões
econômicas, legais, e sociais que envolvem o uso da informação, além de acrescer e utilizar a
informação de um modo ético e legal.
A falta de interesse das escolas e bibliotecas em criarem práticas para desenvolver as
literacias nas crianças e jovens acaba gerando dificuldades no decorrer de sua vida escolar, se
o próprio aluno ou sua família não estimular essa prática o adolescente se tonará um adulto
desprovido de competências informacionais. A literacia vai além do saber ler a informação,
vai da compreensão dela e o saber para utiliza-la em um fim especifico, e a leitura auxilia
nesse processo, principalmente no que discerne a fala do sujeito, que por vezes o atrapalha no
processo da escrita, quando ele não tem o hábito da leitura.
38

Assim como os outros tipos de literacia, a literária e informacional deverão ultrapassar


os preceitos estabelecidos, pois cada sujeito possui diferentes competências adquiridas de
acordo com a sua vivência e o meio social no qual está inserido. De acordo com Mesquita
(2012, p. 17) “a promoção da literacia implica na integração do indivíduo na Sociedade da
Informação, através de um processo que passa pela disponibilidade e acessibilidade dos
recursos tecnológicos, conhecimento, informação e aprendizagem”. Diante disso, as
bibliotecas podem desempenhar um papel fundamental, oferecendo produtos e serviços que
promovam a promoção da literacia.
39

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A biblioteca é um local onde estão concentrados diversos suportes informacionais,


sendo eles, jornais, revistas, livros, HQs, entre outros, é um espaço essencial para apropriação
do conhecimento, o objetivo principal do bibliotecário deveria ser contribuir para práticas de
incentivo a leitura e desenvolver ações culturais voltadas a esse propósito, no entanto, a
maioria das bibliotecas tem como intento apenas auxiliar os usuários a realizar as suas
pesquisas e fazer o empréstimo dos suportes informacionais (livros, revistas, etc.).
Em todos os materiais analisados para compor este trabalho é unanime as declarações
dos autores e suas concepções quanto à importância da leitura. Podemos observar que ler vai
além de decodificar os códigos escritos pelos autores, entre os principais benefícios da leitura
está o ato de autoconhecimento e o conhecimento do mundo em que o indivíduo está inserido,
além de promover as literacias, sejam elas, informacional ou literária. O ato de ler deve ser
algo de elevado significado para o leitor, acrescentando-lhe novas experiências e
reformulando as ideias já existentes, que faça parte do seu contexto social e que lhe permita
aprender ou reaprender.
No decorrer deste trabalho observamos que o bibliotecário é capaz de formar novos
leitores, evidenciando a importância da leitura aos adolescentes não apenas sob o ponto de
vista pedagógico, mas também como forma de entretenimento, sendo estes seus aliados na sua
formação de cidadão e profissional. O bibliotecário deve ser mediador entre a informação e o
usuário e também ser qualificado para criar práticas de fomento a literacia.
Independentemente de que existem leis e políticas que regulamentem a promoção de
práticas de leitura no Brasil, são pouco conhecidas às ações voltadas para essa finalidade,
ainda mais escassas são as práticas que fomentem a formação de professores e pais de
crianças e adolescente como mediadores literários, assim como são inacessíveis os projetos de
discussão sobre a literacia ou sobre sua falta.
A leitura é fundamental independente de qualquer área do conhecimento humano, ela
é indispensável à própria vida, pois sem ela é impossível a formação do sujeito intelectual e
social. Toda leitura é proveitosa, seja ela de ficção ou não ficção, livros técnicos ou literatura,
pois a leitura só tem a acrescentar na vida do indivíduo, seja no seu desenvolvimento crítico,
verbal, informacional, entre outros.
Em um clube de leitura é imprescindível que o mediador saiba envolver o grupo
utilizando estratégias para que os participantes não sejam membros passivos, pois um dos
seus muitos objetivos é fazer da leitura uma prática social e que auxilie na literacia
40

informacional e literária. É recomendado que o profissional bibliotecário postergue as


literaturas consideradas clássicas e de difíceis compreensão para um leitor iniciante. E que ele
saiba auxiliar os jovens e direciona-los a descobrir qual o tipo de leitura que mais lhe apetece,
para que assim possa inicia-lo no mundo da literatura e por fim ajudá-lo a se tornar um leitor e
um assíduo usuário da biblioteca.
É necessário acabar com a crença popular que a biblioteca é apenas o receptáculo do
saber, ela é mais que um espaço onde deve-se fazer pesquisas em silêncio, nas bibliotecas
modernas é possível pesquisar, mas também socializar e discutir assuntos diversos em rodas
de conversas entre os usuários e os bibliotecários, para que assim possa acontecer trocas de
informações, ser um espaço de fomento ao conhecimento, que ofereçam iniciativas educativo-
culturais para os seus usuários, que colaborem com o desenvolvimento da cidadania e
educação nas comunidades onde estão inseridas. É imprescindível que as bibliotecas se
adequem a nova realidade mundial e que criem dispositivos para estimular a literacia em seus
usuários.
Diante disso, as bibliotecas podem desempenhar um papel fundamental, oferecendo
produtos e serviços que promovam a promoção da literacia, para que ela possa ser
desenvolvida em seus usuários, os fazendo passar pelo processo que passa pela
disponibilidade e acessibilidade dos recursos tecnológicos, conhecimento, informação e, por
fim, a aprendizagem, todavia, a literacia deve ultrapassar os preceitos estabelecidos, pois cada
pessoa possui diferentes competências adquiridas de acordo com a sua vivência e o meio
social no qual está inserido.
Ao analisar os materiais para elaborar esta monografia podemos confirmar que o clube
de leitura é de fato um dispositivo para literacia informacional e literária, visto que por
intermédio dele seus integrantes desenvolverão competências que possibilitarão avaliar as
informações em diferentes fontes, sejam elas textual, visual ou digital, aprenderão a
determinar a extensão da informação de que necessita; a dominar um modo eficiente e eficaz
na busca e uso da informação; serão capaz de avaliar criticamente as informações e as suas
fontes; saberão usar a informação eficazmente de modo a conseguir alcançar um objetivo
específico; compreenderão as questões económicas, legais, e sociais que envolvem o uso da
informação, além de acrescer e utilizar a informação de um modo ético e legal , além de
introduzir a informação selecionada na sua base de conhecimentos.
Contudo as iniciativas aqui apresentadas ainda não são suficientes para transformar em
curto prazo a situação dos adolescentes em relação ao déficit do hábito de leitura no país,
todavia com o projeto do clube de leitura podemos iniciar a mudança no cenário atual em que
41

o jovem ler apenas por obrigação as literaturas pedagógicas apontadas pelo professor, assim
criando um ranço no que cocerne a qualquer outro tipo de leitura. É importante apresentar ao
profissional bibliotecário a sua atribuição de desenvolvedor de literacia em seus usuários, para
que ele proporcione a quem busca a informação o potencial de saber localiza-la e como
utilizá-la ao seu favor.
Nessa perspectiva, espera-se colocar em prática o projeto clube de leitura, para que
futuramente seja realizado um trabalho empírico, no qual o bibliotecário de fato possa
comprovar as premissas discutidas neste trabalho, além de colocar em prática às ações
voltadas para o fomento da leitura e literacia.
Espera-se que com esse trabalho os profissionais bibliotecários possam refletir sobre o
seu papel social e desperte nele o interesse em promover práticas de incentivo à leitura
literária, como também que ele identifique a importância de capacitar seus usuários no que se
refere ao desenvolvimento das literacias informacional e literária.
42

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