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Ca 003-2006
Ca 003-2006
3
3.1 Tipos de ações
Na análise estrutural deve ser considerada a influência de todas as ações que possam
produzir efeitos significativos para a segurança da estrutura em exame, levando-se em conta os
possíveis estados limites últimos e os de serviço.
As ações a considerar classificam-se de acordo com a ABNT NBR 8681 em:
− permanentes;
− variáveis; e
− excepcionais.
3.1.1 Ações permanentes
Ações permanentes são as que ocorrem com valores praticamente constantes durante toda
a vida da construção. Também são consideradas como permanentes as ações que crescem no
tempo, tendendo a um valor limite constante. As ações permanentes devem ser consideradas com
seus valores representativos mais desfavoráveis para a segurança.
As ações permanentes são constituídas pelas:
− ações permanentes diretas; e
− ações permanentes indiretas.
3.1.1.1 Ações permanentes diretas
As ações permanentes diretas são constituídas pelos:
− peso próprio da estrutura;
− pesos dos elementos construtivos fixos e das instalações permanentes; e
− empuxos permanentes.
3.1.1.1.1 Peso próprio da estrutura
Nas construções correntes admite-se que o peso próprio da estrutura seja avaliado
considerando a massa especifica do material conforme estabelecido em [1.4.2].
3.1.1.1.2 Peso dos elementos construtivos fixos e das instalações permanentes
As massas específicas dos materiais de construção correntes podem ser avaliadas com
base nos valores indicados na ABNT NBR 6120. Os pesos das instalações permanentes são
considerados com os valores nominais indicados pelos respectivos fornecedores.
3.1.1.1.3 Empuxos permanentes
Consideram-se como permanentes os empuxos de terra e outros materiais granulosos
quando forem admitidos não removíveis.
Como representativos devem ser considerados os valores característicos Fk,sup ou Fk,inf
conforme a ABNT NBR 8681.
3.1.1.2 Ações permanentes indiretas
As ações permanentes indiretas são constituídas pelas deformações impostas por:
− retração;
− fluência;
− deslocamentos de apoio; e
− imperfeições geométricas.
1
O texto relativo a este capítulo é, basicamente, uma cópia dos capítulos 11 e 12 da ABNT NBR 6118.
2006 3-1 ufpr/tc405
3.1.1.2.1 Retração do concreto
A deformação específica de retração do concreto deve ser calculada conforme indica o
Anexo A da ABNT NBR 6118.
Na grande maioria dos casos, permite-se que ela seja calculada simplificadamente através
da Tabela [1.2], por interpolação. Essa tabela fornece o valor característico superior da
deformação específica de retração entre os instantes t0 e t∞, εcs(t∞,t0), em algumas situações
usuais.
Nos casos correntes das obras de concreto armado, em função da restrição à retração do
concreto, imposta pela armadura, satisfazendo o mínimo especificado na ABNT NBR 6118, o valor
de εcs(t∞,t0) pode ser adotado igual a
ε cs ( t ∞ , t 0 ) = −0,15‰ (-15 × 10 -5 ) Equação 3.1
Esse valor admite elementos estruturais de dimensões usuais, entre 10 cm e 100 cm
sujeitos a umidade ambiental não inferior a 75%.
O valor característico inferior da retração do concreto é considerado nulo.
Nos elementos estruturais permanentes submetidos a diferentes condições de umidade em
faces opostas, admite-se variação linear da retração ao longo da espessura do elemento
estrutural entre os dois valores correspondentes a cada uma das faces.
3.1.1.2.2 Fluência do concreto
As deformações decorrentes da fluência do concreto devem ser calculadas conforme indica
o Anexo A da ABNT NBR 618.
Nos casos em que a tensão σc(t0) não varia significativamente, permite-se que essas
deformações sejam calculadas simplificadamente pela expressão:
1 ϕ( t ∞ , t 0 )
ε c ( t ∞ , t 0 ) = σ c ( t 0 ) + Equação 3.2
Eci ( t 0 ) Eci ( 28 )
onde:
εc(t∞,t0) é a deformação específica total do concreto entre os instantes t0 e t∞;
σc(t0) é a tensão no concreto devida ao carregamento aplicado em t0;
ϕ(t∞,t0) é o limite para o qual tende o coeficiente de fluência provocado por carregamento
aplicado em t0;
Eci(t0) é o módulo de elasticidade inicial do concreto no instante t0; e
Eci(28) é o módulo de elasticidade inicial do concreto aos 28 dias.
O valor de ϕ(t∞,t0) pode ser calculado por interpolação da Tabela [1.2]. Essa Tabela fornece
o valor característico superior de ϕ(t∞,t0) em algumas situações usuais.
O valor característico inferior de ϕ(t∞,t0) é considerado nulo.
3.1.1.2.3 Deslocamentos de apoio
Os deslocamentos de apoio só devem ser considerados quando gerarem esforços
significativos em relação ao conjunto das outras ações, isto é, quando a estrutura for hiperestática
e muito rígida.
O deslocamento de cada apoio deve ser avaliado em função das características físicas do
correspondente material de fundação. Como representativo desses deslocamentos, devem ser
considerados os valores característicos superiores, δk,sup, calculados com avaliação pessimista da
rigidez do material de fundação, correspondente, em princípio, ao quantil de 5% da respectiva
distribuição de probabilidade.
Os valores característicos inferiores podem ser considerados nulos.
O conjunto desses deslocamentos constitui-se numa única ação, admitindo-se que todos
eles sejam majorados pelo mesmo coeficiente de ponderação.
3.1.1.2.4 Imperfeições geométricas
Na verificação do estado limite último das estruturas reticuladas, devem ser consideradas as
imperfeições geométricas do eixo dos elementos estruturais da estrutura descarregada. Essas
imperfeições podem ser divididas em dois grupos:
1
O termo "cargas acidentais", embora bastante consagrado na engenharia brasileira de estruturas, não representa
carregamento que provoque acidente, mas corresponde, apenas e tão somente, as "cargas não permanentes". Nos
paises de língua inglesa, cargas acidentais (não permanentes) são definidas como "live loads" e cargas
permanentes como "dead loads".
2006 3-3 ufpr/tc405
De maneira genérica podem ser adotados os seguintes valores:
− para elementos estruturais cuja menor dimensão não seja superior a 50 cm, deve ser
considerada uma oscilação de temperatura em torno da média de 10ºC a 15ºC;
− para elementos estruturais maciços ou ocos com os espaços vazios inteiramente
fechados, cuja menor dimensão seja superior a 70 cm, admite-se que essa oscilação
seja reduzida respectivamente para 5ºC a 10ºC; e
− para elementos estruturais cuja menor dimensão esteja entre 50 cm e 70 cm
admite-se que seja feita uma interpolação linear entre os valores acima indicados.
A escolha de um valor entre esses dois limites pode ser feita considerando 50% da
diferença entre as temperaturas médias de verão e inverno, no local da obra.
Em edifícios de vários andares devem ser respeitadas as exigências construtivas prescritas
pela ABNT NBR 6118 para que sejam minimizados os efeitos das variações de temperatura sobre
a estrutura da construção.
3.1.2.2.2 Variações não uniformes de temperatura
Nos elementos estruturais em que a temperatura possa ter distribuição significativamente
diferente da uniforme, devem ser considerados os efeitos dessa distribuição. Na falta de dados
mais precisos, pode ser admitida uma variação linear entre os valores de temperatura adotados,
desde que a variação de temperatura considerada entre uma face e outra da estrutura não seja
inferior a 5ºC.
3.1.3 Ações dinâmicas
Quando a estrutura, pelas suas condições de uso, está sujeita a choques ou vibrações, os
respectivos efeitos devem ser considerados na determinação das solicitações e a possibilidade de
fadiga deve ser considerada no dimensionamento dos elementos estruturais de acordo com a
seção 23 da ABNT NBR 6118.
3.1.4 Ações excepcionais
No projeto de estruturas sujeitas a situações excepcionais de carregamento, cujos efeitos
não possam ser controlados por outros meios, devem ser consideradas ações excepcionais com
os valores definidos, em cada caso particular, por Normas Brasileiras específicas.
1
O texto relativo a este capítulo é, basicamente, uma cópia do item 4.3.2 da ABNT NBR 8681.
O coeficiente de combinação ψ0 faz o papel do terceiro coeficiente, que seria indicado por γf2.
2
Grandes pontes
Ações
Especiais
ou de 1,2 1,0 1,2 0,0 1,3 0,0 1,0 0,0
construção
D → desfavorável F → favorável
Tabela 3.1 - ELU - Coeficientes γf – Grandes pontes - Ações permanentes diretas agrupadas e
ações variáveis consideradas conjuntamente
1
A Tabela 3.1, Tabela 3.2 e Tabela 3.3 foram construídas com base na afirmação contida no rodapé da Tabela 5 da
ABNT NBR 8681:
“Quando as ações variáveis forem consideradas conjuntamente, o coeficiente de ponderação mostrado na
tabela 5 se aplica a todas as ações, devendo-se considerar também conjuntamente as ações permanentes diretas.
Nesse caso permite-se considerar separadamente as ações indiretas como recalque de apoio e retração dos
materiais conforme tabela 3 e o efeito de temperatura conforme tabela 4.“
2006 3-7 ufpr/tc405
Edificações tipo 1 e pontes em geral
Ações
Especiais
ou de 1,25 1,0 1,2 0,0 1,3 0,0 1,0 0,0
construção
D → desfavorável F → favorável
Tabela 3.2 - ELU - Coeficientes γf – Edificações tipo 1 e pontes em geral - Ações permanentes
diretas agrupadas e ações variáveis consideradas conjuntamente
Edificações tipo 2
Ações
Especiais
ou de 1,3 1,0 1,2 0,0 1,2 0,0 1,0 0,0
construção
D → desfavorável F → favorável
Tabela 3.3 - ELU - Coeficientes γf – Edificações tipo 2 - Ações permanentes diretas agrupadas e
ações variáveis consideradas conjuntamente
O valor do coeficiente de ponderação, de cargas permanentes de mesma origem, num dado
carregamento, deve ser o mesmo ao longo de toda estrutura. A única exceção é o caso da
verificação da estabilidade como corpo rígido.
O valor do coeficiente de ponderação, para ações variáveis direta decorrentes de empuxos
d'água, ou de outro líquido, adotado para cálculo de reservatórios, tanques, decantadores e outros
deve ser considerando como sendo 1,1 (ver 3.1.2.1.3).
3.5.1.2 Pilares com dimensão inferior a 20 cm
Em casos especiais, permite-se a consideração de pilares ou pilares-parede com dimensões
entre 19 cm e 12 cm, desde que se multipliquem as ações a serem consideradas no
dimensionamento por um coeficiente adicional (coeficiente de ajustamento) γn apresentado na
Tabela 3.4. Em qualquer caso não se permite pilar com seção transversal inferior a 360 cm2.
Ações ψ0
Edificações residenciais, de acesso restrito 0,5
Edificações comerciais, de escritórios e de
Cargas acidentais de 0,7
acesso público
edifícios
Bibliotecas, arquivos, depósitos, oficinas e
0,8
garagens
Pressão dinâmica do vento nas estruturas
Vento 0,6
em geral
Variações uniformes de temperatura em
Temperatura 0,6
relação à média anual local
Passarelas de pedestre 0,6
Pontes rodoviárias 0,7
Passarelas e pontes Pontes ferroviárias não especializadas 0,8
Pontes ferroviárias especializadas 1,0
Vigas de rolamento de pontes rolantes 1,0
Tabela 3.5 - Coeficiente γf2 – ELU
3.5.2 Estado limite de serviço
O coeficiente de ponderação das ações para estados limites de serviço é dado pela
Equação 3.6 e tem valor variável conforme a verificação que se deseja fazer (Tabela 3.6).
γ f = γ f2 Equação 3.6
onde:
γf2 = 1,0 para combinações raras;
γf2 = ψ1 para combinações freqüentes; e
γf2 = ψ2 para combinações quase permanentes.
Para combinações excepcionais onde a ação principal for o fogo, o fator de redução ψ2 pode ser reduzido,
2)
1
A ABNT NBR 6122 estabelece dois modos de verificação de segurança. O cálculo empregando fator de segurança
global (tensões e cargas admissíveis) e o cálculo empregando-se fatores de segurança parciais (estado limite
último). O primeiro é quase que o único utilizado.
2006 3-12 ufpr/tc405
A Figura 3.1 mostra as solicitações decorrentes das diversas combinações de ações, a
serem usadas na verificação da
Nz capacidade do terreno de fundação
Hy superficial (sapata). A força normal
My Nz, sendo de compressão, tem o
sentido indicado na Figura. Os
Mx Hx momentos fletores Mx e My, bem
como as forças horizontais Hx e Hy
dependem das combinações das
ações (direção do vento, por
exemplo) e podem assumir tanto
valores positivos como negativos.
WK4
Wk2
Wk1
Wk3
planta de pilares
da estrutura
1H
1,8V
0m
A
Solução: Deverá ser verificada a condição de perda de equilíbrio como corpo rígido da
barragem. Para tal deverão ser calculados o momento estabilizante [S(Fsd)] e o
momento não estabilizantes [S(Fnd)] em relação ao pé da barragem (ponto A). A
barragem será segura se [S(Fsd)] ≥ [S(Fnd)]. Deverão ser usados, para a
Equação 3.10, as seguintes notações e os seguintes valores para as ações e
coeficientes:
Gsk = Gpp,bar (peso próprio da barragem - ação característica estabilizante)
Q1k = Erej (empuxo do material de rejeito - ação característica não
estabilizante)
Fsd = γgs Gsk = γgs Gpp,bar (valor de cálculo da ação estabilizante)
Fnd = γq Q1k = γq Erej (valor de cálculo da ação não estabilizante)
γgs = 1,0 (combinação normal, ação permanente direta favorável)
γq = 1,2 (ver 3.1.2.1.3)
a. Massas específicas e pesos específicos do concreto e do material de rejeito (valores
característicos)
ρconc = 2 200 kg/m3 ⇒ pconc = 22 000 N/m3 = 22 kN/m3
ρrej = 1 300 kg/m3 ⇒ prej = 13 000 N/m3 = 13 kN/m3
1
1,8
H = 54 m
Gsk
A
B
54
B= = 30 m
1,8
B×H 30 × 54
G sk = Gpp,bar = × p conc = × 22 = 17 820,0 kN/m
2 2
Fsd = γ gs G sk = 1,0 × 17 820 = 17 820,0 kN/m
c. Ação variável não estabilizante (empuxo do material de rejeito)
H = 51 m
Q1k
H2 512
Q1k = E rejei = × p rejei = × 13 = 16 906,5 kN/m
2 2
Fnd = γ qQ1k = 1,2 × 16 905,5 = 20 286,6 kN/m
d. Solicitações de cálculo (momentos referentes ao pé da barragem - ponto A)
Fsd
Hrej = 51 m
Fnd
Bbar = 30 m
2 × B bar 2 × 30
S(Fsd ) = M d,
A
pp,bar = Fsd × = 17 820,0 × = 356 400,0 kNm/m
3 3
H = 51 m
Q1k
H2 512
Q1k = E rejei = × p rejei = × 13 = 16 906,5 kN/m
2 2
Fnd = γ qQ1k = 1,5 × 16 905,5 = 25 358,25 kN/m
f.2 Solicitações de cálculo (momentos referentes ao pé da barragem – ponto A)
Fsd
Hrej = 51 m
Fnd
Bbar = 30 m
2 × B bar 2 × 30
S(Fsd ) = M d,
A
pp,bar = Fsd × = 17 820,0 × = 356 400,0 kNm/m
3 3
Hrejei
S(Fnd ) = Md,
51
emp, rejei = Fnd × = 25 358,25 × = 431090,25 kNm/m
A
3 3
f.3 Condição de segurança
S(Fsd ) < S(Fnd ) ⇒ barragem não segura ◄
123 123
( 356 400,0 ) ( 431090,25 )
A ABNT NBR 8681 define este fator como ψ0,ef. Como a ABNT NBR 6118 não faz distinção de valores ψ0, a
1
Equação 3.7 (combinação última normal) e a Equação 3.11 (combinação última especial ou de construção) são
iguais na apresentação, embora com significados diferentes na aplicação.
2
A equação apresentada pela ABNT NBR 6118 contém os termos Fεgk e Fεqk, o que não faz sentido pois os
coeficientes γεg e γεq são nulos (Tabela 3.1, Tabela 3.2 e Tabela 3.3).
2006 3-20 ufpr/tc405
Edificações tipo 1 e pontes em geral (Tabela 3.2):
− 1,15 para combinação desfavorável; e
− 1,0 para combinação favorável.
Edificações tipo 2 (Tabela 3.3):
− 1,2 para combinação desfavorável; e
− 1,0 para combinação favorável.
γq representa o coeficiente de ponderação para ações variáveis diretas
Grandes pontes (Tabela 3.1):
− 1,0 para combinação desfavorável; e
− 0,0 para combinação favorável.
Edificações tipo 1 e pontes em geral (Tabela 3.2):
− 1,0 para combinação desfavorável; e
− 0,0 para combinação favorável.
Edificações tipo 2 (Tabela 3.3):
− 1,0 para combinação desfavorável; e
− 0,0 para combinação favorável.
ψ0j representa o fator de redução de combinação para ações variáveis diretas que podem
agir concomitantemente com a ação excepcional Fq1exc, durante a situação transitória.
Este fator deverá ser igual aos valores adotados nas combinações normais
(Tabela 3.5), salvo quando a ação excepcional Fq1exc tiver um tempo de atuação muito
pequeno ou probabilidade de ocorrência muito baixa, caso em que ψ0j pode ser
tomado com o correspondente ψ2j (Tabela 3.6).
− 0,5 ou 0,3 para cargas acidentais de edifícios residenciais;
− 0,7 ou 0,4 para cargas acidentais de edifícios comerciais ou de escritórios;
− 0,8 ou 0,6 para bibliotecas, arquivos, oficinas e garagens; e
− 0,6 ou 0,0 para o vento.
3.6.2 Combinações de serviço
As combinações de serviço são classificadas de acordo com sua permanência na estrutura
e devem ser verificadas como estabelecido a seguir:
− quase permanentes;
− freqüentes; e
− raras.
3.6.2.1 Combinações quase permanentes de serviço
São combinações que podem atuar durante grande parte do período de vida da estrutura e
sua consideração pode ser necessária na verificação do estado limite de deformações excessivas.
Nas combinações quase permanentes de serviço, todas as ações variáveis são
consideradas com seus valores quase permanentes ψ2 Fqk.
A equação para o cálculo de solicitações pode ser representada por:
Fd,ser = Fgk + ∑ψ 2j Fqjk Equação 3.14
onde:
Fd,ser é o valor de cálculo das ações para combinações de serviço.
Fgk representa as ações permanentes diretas (valor característico):
− peso próprio da estrutura;
− peso dos elementos construtivos fixos das instalações permanentes; e
− empuxos permanentes.
Fqjk representa as ações variáveis diretas (valor característico):
− cargas acidentais;
− ação do vento; e
− ação da água.
ψ2j representa o fator de redução de combinação quase permanente para as ações
variáveis diretas (Tabela 3.6):
− 0,3 para cargas acidentais de edifícios residenciais;
− 0,4 para cargas acidentais de edifícios comerciais ou de escritórios;
B D
4m 4m 2m
Solução: Deverão ser usados, para a Equação 3.7, os seguintes valores para as ações e
coeficientes (Tabela 3.3 – edificação tipo 2):
Fd = γ g Fgk + γ εg Fεgk + γ q (Fq1k + ∑ ψ 0 j Fqjk ) + γ εq ψ 0 ε Fεqk
Fgk = Gk = 10 kN (valor característico da ação permanente direta)
Fq1k = Qk = 5 kN (valor característico da ação variável direta principal)
γg = 1,4 (combinação normal, ação permanente direta desfavorável)
γg = 1,0 (combinação normal, ação permanente direta favorável)
γq = 1,4 (combinação normal, ação variável direta desfavorável geral)
γq = 0,0 (combinação normal, ação variável direta favorável geral)
Para o caso a, deverão ser consideradas as seguintes combinações:
Fd = 1,4 Gk + 0,0 Qk (permanente desfavorável + ação variável favorável)
Fd = 1,4 Gk + 1,4 Qk (permanente desfavorável + variável desfavorável geral)
Fd = 1,0 Gk + 0,0 Qk (permanente favorável + ação variável favorável)
1,4 x 10 = 14 kN
0,0 x 5 = 0 kN
A C MSd,A = -00 kNm
MSd,B = -14 kNm
B D MSd,C = -28 kNm
4m 4m 2m MSd,D = -00 kNm
1,4 x 10 = 14 kN
1,4 x 5 = 7 kN
A C MSd,A = -00 kNm
MSd,B = -00 kNm
B D MSd,C = -28 kNm
4m 4m 2m MSd,D = -00 kNm
1,0 x 10 = 10 kN
0,0 x 5 = 0 kN
A C MSd,A = -00 kNm
MSd,B = -10 kNm
B D MSd,C = -20 kNm
4m 4m 2m MSd,D = -00 kNm
1,0 x 10 = 10 kN
1,4 x 5 = 7 kN
A C MSd,A = -00 kNm
MSd,B = +04 kNm
B D MSd,C = -20 kNm
4m 4m 2m MSd,D = -00 kNm
-28 kNm
-14 kNm
+4 kNm
2006 3-25 ufpr/tc405
b. Não consideração do efeito favorável da ação permanente
b.1 Fd = 1,4 Gk + 0,0 Qk
1,4 x 10 = 14 kN
0,0 x 5 = 0 kN
A C MSd,A = -00 kNm
MSd,B = -14 kNm
B D MSd,C = -28 kNm
4m 4m 2m MSd,D = -00 kNm
1,4 x 10 = 14 kN
1,4 x 5 = 7 kN
A C MSd,A = -00 kNm
MSd,B = -00 kNm
B D MSd,C = -28 kNm
4m 4m 2m MSd,D = -00 kNm
-28 kNm
-14 kNm
c. Observações
Deve ser observado que a consideração ou não do efeito favorável da carga
permanente define a existência ou não de momentos positivos atuando na viga. A
envoltória MSd mostrada no item a.5 mostra um momento positivo máximo de 4 kNm,
enquanto que a envoltória MSd mostrada no item b.3 não apresenta momentos positivos.
Em princípio, deve-se acreditar que o efeito favorável da carga permanente deva ser
sempre considerado nas combinações de ações, e que a envoltória apresentada no
item a.5 é a única correta.
Na realidade a opção mostrada em 3.6.1.1.1, onde a ABNT NBR 6118 estabelece:
"No caso de estruturas usuais de edifícios essas combinações que consideram
γg reduzido (1,0) não precisam ser consideradas"
não pode ser usada isoladamente. A ABNT NBR 6118 estabelece, também:
"14.6.7 Estruturas usuais de edifícios - Aproximações permitidas
14.6.7.1 Vigas contínuas
Pode ser utilizado o modelo clássico de viga contínua, simplesmente apoiada
nos pilares, para o estudo das cargas verticais, observando-se a necessidade das
seguintes correções adicionais:
a) não devem ser considerados momentos positivos menores que os que se
obteriam se houvesse engastamento perfeito da viga nos apoios internos;
b) ............."
Portanto, ao diagrama (envoltória) apresentado no item b.3, deve-se acrescentar o
diagrama de momentos fletores para o seguinte carregamento:
Desta forma, embora o efeito favorável da ação permanente não tenha sido
considerado nas combinações últimas, a envoltória MSd apresenta momentos positivos,
como mostrado no diagrama seguinte.
-28 kNm
-14 kNm
+8,75 kNm
3.8 Resistências
3.8.1 Valores característicos
Os valores característicos fk das resistências são os que, num lote de material, têm uma
determinada probabilidade de serem ultrapassados, no sentido desfavorável para a segurança.
Usualmente é de interesse a resistência característica inferior fk,inf., cujo valor é menor que a
resistência média fm, embora por vezes haja interesse na resistência característica superior fk,sup,
cujo valor é maior que fm.
Para os efeitos desta Norma, a resistência característica inferior é admitida como sendo o
valor que tem apenas 5% de
probabilidade de não ser atingido
probabilidade
densidade de
fk,inf fm
resistências
O valor de γc varia acordo com os estados limites e com as combinações de ações. Seus
valores estão mostrados na Tabela 3.7.
Combinações γc
Normais 1,40
Estado Limite Ultimo
Especiais ou de construção 1,20
Excepcionais 1,20
Estado Limite de Serviço 1,00
Tabela 3.7 - Valores de γc
28
0,25 1−
fckj
t
β1 = =e para concreto de cimento CPI e CPII Equação 3.21
fck
28
0,20 1−
fckj
t
β1 = =e para concreto decimento CPV - ARI
fck
O valor de γs varia acordo com os estados limites e com as combinações de ações. Seus
valores estão mostrados na Tabela 3.9.
Combinações γs
Normais 1,15
Estado Limite Ultimo
Especiais ou de construção 1,15
Excepcionais 1,00
Estado Limite de Serviço 1,00
Tabela 3.9 - Valores de γs
Exemplo 3.6: Definir o valor de fyd para o aço CA-50. Considerar ações normais para o estado
limite último, e estado limite de serviço.
Solução: A fixação da categoria do aço automaticamente define o valor da resistência
característica fyk, conforme mostrado na Tabela [1.3]. A obtenção do valor da
resistência de cálculo fyd é feita pela Equação 3.22, com valores de γs obtidos da
Tabela 3.9.
a. Valor de fyk para o aço CA-50 - ELU
f yk = 500 MPa = 50 kN/cm 2
γ s = 1,15
f yk 50
f yd = = = 43,5 kN/cm 2 ◄
γ s 1,15
h d z
As
Rsd
bw εs
∆l
esforços resistentes solicitações de
de cálculo cálculo
("interno") ("externa")
Caso o comportamento da estrutura não possa ser considerado em regime elástico linear,
os coeficientes de ponderação γf deverão ser aplicados somente às ações características
(carregamento), conforme estabelecido em 3.6.1. Neste caso o valor de Sd deve ser estabelecido
considerando apenas a primeira igualdade da Equação 3.24 (Sd = S(γf Fk).
Diz-se que não há linearidade geométrica quando o comportamento estrutural deixa de ser
linear em virtude da alteração da geometria do sistema.
Considerando que a aplicação direta dos coeficientes de ponderação γf nas ações
características (carregamento) é válida para qualquer comportamento de estrutura, fica mais
simples adotar sempre este procedimento.
3.10.3 Estado limite de serviço
As condições usuais de verificação da segurança relativas aos estados limites de serviço
são, de modo geral, expressas pela desigualdade:
S d ≤ S lim Equação 3.25
onde:
Sd representa as solicitações de cálculo; e
Slim corresponde a valores limites estabelecidos.
3.12 Exercícios
Ex. 3.1: Determinar, para a viga abaixo indicada, a envoltória do diagrama das forças
cortantes solicitantes de cálculo (VSd), considerando ações diretas, estado limite último,
combinações últimas normais, edificação tipo 2 e peso próprio desprezível. Admitir:
a. estrutura qualquer, onde as combinações das ações que consideram o efeito favorável
das cargas permanentes (γg = 1,0) precisam ser consideradas; e
b. estrutura usual de edifício onde as combinações das ações que consideram o efeito
favorável das cargas permanentes (γg = 1,0) não precisam ser consideradas.
Gk = 10 kN
Qk = 5 kN (permanente)
(variável)
A C
B D
4m 4m 2m
Ex. 3.2: Determinar, para a viga abaixo indicada, a envoltória do diagrama de momentos
fletores solicitantes de cálculo (MSd), considerando
a. combinação última normal;
b. combinação última especial (Qk corresponde ao carregamento especial);
c. combinação última excepcional (Qk corresponde ao carregamento excepcional);
d. combinação quase permanente de serviço;
e. combinação freqüente de serviço; e
f. combinação rara de serviço.
A viga, cujo peso próprio pode ser desprezado, é parte de uma estrutura usual de edifício
residencial (edificação tipo 2), cujas ações (cargas) são provenientes de:
− peso de elementos construtivos (Gk);
− carga acidental (Qk); e
− vento (Wk).
Gk = 10 kN
Wk = 5 kNm Qk = 5 kN
A C
B D
4m 4m 2m
qk = 50 kN/m
gk = 10 kN/m
A B C
10 m 8m
Ex. 3.4: Determinar, para a viga abaixo indicada, a envoltória do diagrama de momentos
fletores solicitantes de cálculo (MSd) e a envoltória do diagrama das forças cortantes solicitantes
de cálculo (VSd). O carregamento gk (carga permanente) corresponde a uma ação permanente
direta e os carregamentos q1k e q2k (cargas acidentais de mesma natureza1) correspondem a
ações variáveis diretas independentes, ou seja, podem atuar simultaneamente ou não.
Considerar:
− estado limite último, combinações últimas normais, edificação tipo 1; e
− estrutura de edifício onde as combinações das ações que consideram o efeito
favorável das cargas permanentes (γg = 1,0) precisam ser consideradas.
q1k = 90 kN/m
q2k = 70 kN/m
gk = 25 kN/m
3m 8m
Ex. 3.5: Deseja-se dimensionar a viga de concreto armado abaixo indicada. Para tanto, é
necessário determinar os momentos fletores solicitantes de cálculo (MSd) nas seções A (apoio do
balanço) e C (meio do vão AB). Levando-se em consideração os coeficientes de ponderação das
ações estabelecidos na ABNT NBR-6118, por meio de uma combinação de carregamentos,
determine a envoltória de solicitações e avalie os momentos fletores solicitantes de cálculo nas
seções A e C.
Considerar:
− estado limite último, combinações últimas normais, edificação tipo 2;
! ação permanente direta desfavorável: ..........................γg = 1,40
! ação variável direta desfavorável: .................................γq = 1,40
! ação variável direta favorável: .......................................γq = 0,00
1
As cargas q1k e q2k são de mesma natureza. Isto vale dizer que ambas representam a ação variável direta
considerada como principal (ambas correspondem ao índice 1 da Equação 3.7, dependendo qual delas esteja
sendo considerada). Mesmo que as cargas possam atuar simultaneamente, não se implica o fator ψ0 pois as cargas
são de mesma natureza.
2006 3-37 ufpr/tc405
− cargas variáveis diretas1 Q1k e Q2k correspondendo a cargas acidentais de mesma
natureza (não considera ψ0), independentes, podendo atuar simultaneamente ou não;
e
− carga permanente direta gk atuando simultaneamente ao longo de toda viga.
Obs:
− não considerar ação permanente direta favorável (γg = 1,00); e
− apresentar a envoltória de modo esquemático, destacando, apenas, os valores exatos
dos momentos fletores em A e C.
Q1k = 40 kN Q2k = 30 kN
gk = 20 kN/m
A C B
2,0 m 4,0 m 4,0 m
Ex. 3.6: Determinar, para a viga abaixo indicada, a envoltória do diagrama de momentos
fletores solicitantes de cálculo (MSd) e do diagrama de forças cortantes solicitantes de cálculo
(VSd), admitindo:
− ações diretas;
− estado limite último;
− combinações normais, edificação tipo 2 (γg = 1,4 e γq = 1,4); e
− peso próprio desprezível.
Considerar:
− cargas Q1k e Q2k como acidentais2 (valores característicos) de mesma natureza (não
considera ψ0); e
− cargas Q1k e Q2k como independentes (atuam simultaneamente ou não);
Q2k = 32 kN
Q1k = 16 kN
l l/2 l/2
3P 22 P 13 P
32 32 32
1
Para as cargas Q1k e Q2k valem as observações (rodapé) apresentadas para as cargas q1k e q2k do Ex. 3.4.
2
Para as cargas Q1k e Q2k valem as observações (rodapé) apresentadas para as cargas q1k e q2k do Ex. 3.4.
2006 3-38 ufpr/tc405
Ex. 3.7: Determinar, para a viga abaixo indicada, os máximos momentos solicitantes de
cálculo (positivo e negativo) na seção do meio do vão AB, considerando as possíveis
combinações de cálculo, os coeficientes de ponderação, e os fatores de redução de combinações
de ações segundo a ABNT NBR 6118.
A viga está submetida a uma ação permanente direta uniformemente distribuída gk igual a
20 kN/m e a duas ações variáveis diretas, quais sejam, Qk igual a 180 kN e Wk igual a 300 kNm.
As ações variáveis, por serem de diferentes naturezas (independentes), atuam simultaneamente
ou não.
A viga, é parte de uma estrutura cujas ações (cargas) são provenientes de:
− peso de elementos construtivos, inclusive peso próprio da viga (gk);
− carga acidental (Qk); e
− vento (Wk).
Considerar:
− combinações normais, edificações tipo 1
− coeficientes de ponderação de ações (γf):
! ações permanentes diretas favoráveis: ........................ γg = 1,00
! ações permanentes diretas desfavoráveis: .................. γg = 1,35
! ações variáveis diretas favoráveis: ............................... γq = 0,00
! ações variáveis diretas desfavoráveis: ......................... γq = 1,50
− fatores de redução de combinações de ações (ψ0):
! carga acidental (Qk): .................................................... ψ0 = 0,70
! vento (Wk): ................................................................... ψ0 = 0,60
Qk = 180 kN
Wk = 300 kNm
gk = 20 kN/m
A B
8m 2m
Ex. 3.8: Certa ponte de concreto armado deve ser projetada para suportar as passagens
eventuais, simultâneas ou não, de dois veículos de carga, tal como ilustrado na figura. Sabe-se
que as rodas dos veículos transmitem à estrutura cargas concentradas de 75 kN cada uma (valor
característico). Para a posição indicada na figura, determine, no estado limite último, as reações
de apoio máxima e mínima (valores de cálculo) sobre o apoio correspondente à viga V01
(apoio A). Considere as combinações de carregamento exigidas para a situação e os coeficientes
de ponderação recomendados pela ABNT NBR 6118, tanto no sentido favorável quanto no sentido
desfavorável das ações atuantes.
Considerar:
− carga permanente uniformemente distribuída: 40 kN/m (valor característico); e
− coeficientes de ponderação para as ações da ABNT NBR-6118, combinações normais,
edificações tipo 1 e pontes em geral:
! ações permanentes diretas favoráveis: ........................ γg = 1,00
! ações permanentes diretas desfavoráveis: .................. γg = 1,35
! ações variáveis diretas favoráveis: ............................... γq = 0,00
! ações variáveis diretas desfavoráveis: ......................... γq = 1,50
Obs:
− os pesos próprios das partes da estrutura estão incluídos nos carregamentos.
75 kN 75 kN 75 kN 75 kN
40 kN/m
A B
1,3 m 2,0 m 1,3 m
1,4 m 1 m 1 m 1,4 m