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Universidade Federal do Acre

Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas


Curso de Bacharelado em Engenharia Elétrica
Disciplina Laboratório de Máquinas Elétricas

João Victor Paiva de Souza

Relatório 2- Determinação dos parâmetros de uma


máquina de indução: ensaio de rotor bloqueado e ensaio
a vazio

Agosto
2021
Universidade Federal do Acre
Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas
Curso de Bacharelado em Engenharia Elétrica
Disciplina Laboratório de Máquinas Elétricas

Relatório 2- Determinação dos parâmetros de uma


máquina de indução: ensaio de rotor bloqueado e ensaio
a vazio

Relatório da disciplina de Laboratório


de Máquinas Elétricas, como requisito
parcial para N1.

Aluno(a): João Victor Paiva de Souza,


Professor da disciplina: Ronald Ema-
nuel.

Agosto
2021
Conteúdo
1 Introdução 1

2 Objetivo 2

3 Motor de Indução Trifásico 3

4 Determinação de parâmetros a partir de ensaios a vazio e com rotor bloque-


ado 4
4.1 Ensaio a vazio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
4.2 Ensaio de Rotor Bloqueado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

5 Exercicio resolvido 9

6 Conclusão 10

7 Referência Bibliográfica 11
1 Introdução
Motor de indução é um motor elétrico construı́do de tal maneira que se têm dois campos
magnéticos girantes. Os motores de indução são máquinas eléctricas, concretamente máquinas
assı́ncronas (Motor Assı́ncrono). A maior parte da energia elétrica produzida industrialmente é
gerada em corrente alternada (CA) e isso justifica o amplo uso desses motores. Motor Elétrico é
uma máquina destinada a transformar energia elétrica em energia mecânica. Assim ao ligarmos
um motor á rede elétrica, ele irá absorver uma dada quantidade de energia elétrica e, em troca,
acionará uma carga. Motor de indução é um motor elétrico construı́do de tal maneira que se têm
dois campos magnéticos girantes. Nos estudos de estabilidade de tensão, a margem de carre-
gamento está fundamentalmente relacionada com a modelagem utilizada para a representação
das cargas existentes em um dado sistema elétrico de potência. A representação adequada
das cargas tipo motores de indução como tais, e não como modelos impedância, corrente ou
potência constantes, é de essencial importância na análise do comportamento destes sistemas.
Os motores de indução apresentam alto consumo de potência reativa durantes as condições em
que há queda de tensão e, por tanto, merecem cuidadosa consideração nos estudos de segurança
de tensão, principalmente quando parcelas significativas deste tipo de carga estão presentes em
áreas crı́ticas.

1
2 Objetivo
Neste trabalho, iremos entender o passo a passo do cálculo de todos os parâmetros de um
motor de indução, a partir dos ensaios de rotor bloqueado e a vazio, a fim de determinar o
circuito elétrico equivalente.

2
3 Motor de Indução Trifásico
Fisicamente, um motor de induçãao, ou motor assı́ncrono, possui duas partes principais,
sendo as partes que possuem enrolamentos (ou apenas barras, como veremos), sendo elas o
estator e rotor. O estator é a parte imóvel, enquanto que o rotor é a parte girante. Um motor
de indução tem fisicamente o mesmo estator que uma máquina sı́ncrona,com uma construção
de rotor diferente. Ele parece ser o mesmo que um estator de máquina sı́ncrona. Existem
dois tipos diferentes de rotores de motor de indução, que podem ser colocados no interior
do estator. Um deles é denominado rotor gaiola de esquilo e o outro é denominado rotor
bobinado. (CHAPMAN, 2013) O motor de indução é o motor CA mais usado, por causa
de sua simplicidade, construção robusta, baixo custo de fabricação e boas caracterı́sticas de
funcionamento. Estas caracterı́sticas do motor de indução resultam do fato de ser o rotor
uma unidade auto-suficiente que não necessita de conexões externas. O nome do motor de
indução é derivado do fato de serem induzidas correntes alternadas no circuito do rotor, pelo
campo magnético girante produzido nas bobinas do estator. O estator está ligado à fonte
de alimentação CA. O rotor não está ligado eletricamente a nenhuma fonte de alimentação.
Quando o enrolamento do estator é energizado através de uma alimentação trifásica, cria-se
um campo magnético girante. À medida que o campo varre os condutores do rotor, é induzida
uma fem nesses condutores ocasionando o aparecimento de uma corrente elétrica nos condutores
(HENRIQUE, 2007). Os condutores do rotor, percorridos por corrente elétrica, interagem com o
campo magnético girante do estator para produzir um torque eletromagnético que atua sobre os
condutores do rotor fazendo-o girar. Entretanto, como o campo do estator gira continuamente,
o rotor não consegue se alinhar com ele. A velocidade do rotor é sempre menor que a velocidade
sı́ncrona (velocidade do campo girante).O motor de indução também é conhecido por motor
assı́ncrono, exatamente por não poder funcionar na velocidade sı́ncrona. A diferença percentual
entre as velocidades do campo girante e do rotor é chamada de deslizamento . O deslizamento
também é comumente chamado de escorregamento. Quanto menor for o escorregamento, mais se
aproximarão as velocidades do rotor e do campo girante (velocidade sı́ncrona). A velocidade do
motor de indução cai, com cargas pesadas. Realmente, apenas pequenas variações de velocidade
são necessárias para produzir as variações na corrente induzida para atender às alterações
normais de carga. A razão disto é a resistência muito baixa do enrolamento do rotor (barras
de cobre). Por este motivo, os motores de indução são considerados motores de velocidade
constante.

3
4 Determinação de parâmetros a partir de ensaios a va-
zio e com rotor bloqueado
Os parâmetros de circuito equivalente, necessários para o cálculo do desempenho de um
motor de indução polifásico submetido a uma carga, podem ser obtidos dos resultados de
um ensaio a vazio, de um ensaio de rotor bloqueado e das medidas das resistências CC dos
enrolamentos do estator. As perdas suplementares, que devem ser levadas em consideração
quando valores exatos de rendimento devem ser calculados, também podem ser medidas por
ensaios a vazio com o motor.

4.1 Ensaio a vazio


Como no caso do ensaio em circuito aberto de um transformador, o ensaio a vazio ou em
circuito aberto de um motor de indução fornece informações em relação à corrente de excitação
e às perdas a vazio. Em geral, esse ensaio é executado em frequência nominal e com tensões
polifásicas equilibradas aplicadas aos terminais do estator. Depois de o motor terminal ter
funcionado por um tempo suficiente para que os mancais se lubrifiquem apropriadamente, as
leituras são executadas na tensão nominal.
Vamos supor que o ensaio a vazio tenha sido realizado com o motor operando em sua
frequência elétrica nominal fen e que as seguintes medidas tenham sido obtidas no ensaio:

V1,vz = A tensão de fase [V]


I1,vz = A corrente de linha [A]
Pvz = A potência elétrica polifásica total de entrada [W]

Em máquinas polifásicas, o mais comum é medir a tensão de linha. Desse modo, a tensão
de fase deve ser calculada (dividindo por no caso de uma máquina trifásica).
A vazio, a corrente do rotor é apenas a mı́nima necessária para produzir conjugado sufi-
ciente para superar as perdas por atrito e ventilação associadas à rotação. As perdas a vazio
I 2 R do rotor são, portanto, muito baixas e podem ser desprezadas. Ao contrário do núcleo
magnético contı́nuo de um transformador, o caminho de magnetização do motor de indução in-
clui um entreferro, o que aumenta significativamente a corrente de excitação necessária. Assim,
contrastando com o transformador, cujas perdas I 2 R a vazio no primário são desprezı́veis, no
caso do estator do motor de indução as perdas I2R a vazio podem ser consideráveis devido a
essa corrente de excitação maior. Desprezando as perdas I 2 R do rotor e as perdas no núcleo,
as perdas rotacionais, Prot, em condições normais de funcionamento, podem ser encontradas
subtraindo as perdas I 2 R do estator da potência de entrada a vazio:

Prot = −qI2 1 ,v z R1

As perdas rotacionais totais sob carga, em tensão e frequência nominais, são normalmente
consideradas constantes e iguais ao seu valor a vazio. Observe que a resistência de estator R1
varia segundo a temperatura do enrolamento do estator. Observe que as deduções apresentadas
aqui ignoram as perdas no núcleo e a respectiva resistência associada a essas perdas, atribuindo
todas as perdas a vazio ao atrito e à ventilação. Vários ensaios podem ser realizados para
separar as perdas por atrito e ventilação das perdas no núcleo. Por exemplo, se o motor não
estiver energizado, um motor de acionamento externo poderá ser usado para impulsionar o rotor
até atingir velocidade a vazio. As perdas rotacionais serão iguais à potência de saı́da requerida
do motor de acionamento. Como alternativa, se o motor for operado a vazio na velocidade
nominal e então for desligado repentinamente da fonte, o decaimento da velocidade do motor
será determinado pelas perdas rotacionais como:

4
J[(dωm )/dt] = −Trot = −(Prot /ωm )

Assim, se a inércia do rotor J for conhecida, as perdas rotacionais para qualquer velocidade m
podem ser obtidas a partir do decaimento de velocidade resultante como:

Prot (ωm ) = −ωm J(dωm /dt)

Portanto, as perdas rotacionais na velocidade nominal podem ser determinadas aplicando a


Equação acima logo que o motor é desligado, após estar operando na velocidade nominal. Se
as perdas rotacionais a vazio forem determinadas desse modo, as perdas no núcleo podem ser
obtidas como:
2
Pnúcleo = Pvz − Prot − qI1,vz R1

Aqui, Pnúcleo representa o total das perdas a vazio no núcleo correspondentes à tensão do
ensaio a vazio (normalmente a tensão nominal). Em condições a vazio, a corrente de estator
é relativamente baixa e, como primeira aproximação, pode-se desprezar a respectiva queda de
tensão na resistência de estator e na reatância de dispersão. Nessa aproximação, a tensão sobre
a resistência de perdas no núcleo será igual à tensão de fase a vazio. A resistência de perdas
no núcleo pode ser determinada como:
2
Rc = (qV1,vz )/(Pnúcleo )

Como o escorregamento a vazio svz é muito pequeno, a resistência de rotor refletida é


muito elevada. A combinação em paralelo dos ramos do rotor e de magnetização torna-se,
então, jXm em paralelo com a combinação em série da reatância de dispersão do rotor X2 e de
uma resistência muito elevada. A impedância dessa associação em paralelo estará então muito
próxima da impedância de magnetização jXm . O circuito equivalente está mostrado abaixo:

Figura 1: Circuito equivalente aproximado de motor de indução: condições a vazio.

4.2 Ensaio de Rotor Bloqueado


Como no caso do ensaio em curto-circuito de um transformador, o ensaio de rotor bloqueado
ou travado de um motor de indução fornece informações sobre as impedâncias de dispersão.
O rotor é bloqueado, de modo que não possa girar (sendo o escorregamento, portanto, igual
à unidade), e tensões polifásicas equilibradas são aplicadas aos terminais do estator. Vamos
assumir que as seguintes medidas foram obtidas em um ensaio de rotor bloqueado:

5
V1,bl = A tensão de fase [V]
I1,bl = A corrente de linha [A]
Pbl = A potência elétrica polifásica total de entrada [W]
fbl = A frequência do ensaio de rotor bloqueado [Hz]

Para as condições de rotor bloqueado, o circuito equivalente da figura abaixo é idêntico ao


de um transformador em curto-circuito. Entretanto, um motor de indução é mais complexo do
que um transformador porque a sua impedância de dispersão pode ser afetada pela saturação
magnética dos caminhos de fluxo de dispersão, associados com as ranhuras do estator e as
barras do rotor, e pela frequência das correntes induzidas do rotor.

Figura 2: Circuito equivalente de motor de indução: condições de rotor bloqueado.

A impedância de rotor bloqueado também pode ser afetada pela posição do rotor e a res-
pectiva orientação relativa das ranhuras do rotor com os dentes do estator, embora geralmente
esse efeito seja pequeno em rotores de gaiola de esquilo. Como as reatâncias de dispersão são
em geral afetadas significativamente pela saturação, é importante realizar os ensaios de rotor
bloqueado com valores de corrente similares aos que são encontrados na máquina nas condições
de operação para as quais o desempenho será calculado mais tarde. De modo similar, no caso
das máquinas de indução, nas quais é conhecido que a distribuição das correntes do rotor (e,
portanto, a impedância do rotor) é afetada pela frequência da corrente do rotor, sempre que
possı́vel o ensaio de rotor bloqueado deve ser executado em uma frequência que é quase a
mesma que ocorre na máquina nas condições de operação que estão sendo analisadas. Por
exemplo, se o interesse é nas caracterı́sticas de escorregamentos próximos da unidade, como na
partida, o ensaio de rotor bloqueado deve ser realizado na frequência normal com as correntes
próximas dos valores encontrados na partida. Se, entretanto, o interesse for nas caracterı́sticas
normais de funcionamento, o ensaio de rotor bloqueado deverá ser executado com uma tensão
reduzida da qual resulta aproximadamente a corrente nominal. A frequência também deve ser
reduzida, uma vez que os valores efetivos de resistência e de indutância de dispersão do rotor
em frequências baixas, correspondentes a pequenos escorregamentos, podem diferir de modo
considerável de seus valores em frequência normal, em especial com rotores de gaiola dupla ou
de barras profundas.
Nesses motores, os parâmetros do rotor, determinados por um ensaio de rotor bloqueado
realizado na frequência nominal, são igualmente aplicáveis às condições de operação de partida
e de carga nominal. Com base nas medidas de rotor bloqueado, a reatância de rotor bloqueado
pode ser encontrada da potência reativa de rotor bloqueado como:
p
Qb l = (S2b l − Pb2 l)

onde

Sb l = qV1,bl I1,bl

6
é a potência aparente total de rotor bloqueado. A reatância de rotor bloqueado, corrigida
para a frequência nominal, pode então ser calculada como:
Xb l = (f en/f bl)/(Qbl/qI21 , bl)
onde fbl é a frequência do ensaio de rotor bloqueado. A resistência de rotor bloqueado pode
ser calculada a partir da potência de entrada de rotor bloqueado como:
Rb l = (Pb l)/(qI21 , bl)
Depois desses parâmetros, poderemos encontrar os do circuito equivalente. Quando o rotor
está bloqueado, poderemos obter uma expressão para a impedância de entrada do estator
examinando a Figura 2 e encontrando:

Aqui, estamos supondo que as reatâncias sejam dadas para seus valores de frequência no-
minal. Assim, a respectiva resistência de rotor bloqueado é dada por:

e a respectiva reatância de rotor bloqueado é:

Neste ponto, a partir das Equações o nosso objetivo é encontrar R2 e X2 .

7
Finalmente, usando a resistência de estator conhecida e os valores de Xm e X2 , que agora
são conhecidos, a resistência de rotor R2 pode ser determinada.

8
5 Exercicio resolvido
Iremos resolver o exemplo 6.6 alternativa A, do capı́tulo 6, a fim de comparar com os re-
sultados obtidos no exemplo 6.5 o qual também pertence ao capı́tulo 6, do livro de Máquinas
Elétricas do escritor Fitzgerald.

(a) Determine os parâmetros do motor do Exemplo 6.5, resolvendo as reatâncias de dispersão


por meio da Equação Xb l = X1 + X2

Solução:

Utilizaremos os valores obtidos no exemplo que o livro resolve, valores bases do exemplo 6.5.
Temos que:

Assim,

Daı́, acahamos que:

X1 = 0, 4(X1 + X2) = 0, 216


X2 = 0, 324
Xm = 7, 54

Por fim,

9
6 Conclusão
Portanto, através da realização desse trabalho foi possı́vel alcançar o conhecimento básico
de máquinas de indução, no caso, motores de indução trifásico.
Sendo possı́vel notar o passo a passo do cálculo dos parâmetros de um motor de indução, a
partir dos ensaios de rotor bloqueado e a vazio.
E vemos que a partir disso podemos encontrar o circuito elétrico equivalente da máquina
elétrica.

10
7 Referência Bibliográfica
UMANS, Stephen D. Máquinas Elétricas de Fitzgerald e Kingsley-7. AMGH Editora, 2014.
CHAPMAN, Stephen J. Fundamentos de máquinas elétricas. AMGH editora, 2013.

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