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Eu posso admitir que possamos ter alguma incapacidade de sedução dentro da tração. Mas também procuro perceber
porquê. Fui a uma escola secundária falar de Abril, do que foi avanço, e um jovem, no final da sessão, levantou-se e
perguntou: "Porque é que vocês nunca nos contaram isso?" Eu creio que isto tem um grande significado, na medida em que
só se ama o que se conhece. Existe naturalmente algum afastamento, o que não impede que ainda agora tivéssemos feito
uma campanha de contactos e de adesão ao PCP, e conseguimos mais de três mil novos militantes, sobretudo trabalhadores,
e particularmente trabalhadores jovens. Agora, é muito difícil. Um jovem hoje pode estar num centro de contacto, mas está em
permanente mudança, tendo em conta o vínculo. Convenhamos que isto não dá força para, por exemplo, a sindicalização. O
desconhecimento do que foi Abril, da importância dos direitos, que não se dão, conquistam-se. Eu, aos 14 anos, fui para a
fábrica, e a primeira lição de marxismo que tive foi um operário mais velho vir ter comigo e perguntar "então quanto é que tu
vens para aqui ganhar?". Na altura era um valor irrisório, 10 escudos por dia. E ele dizia-me, "bom tu produzes 40, recebes
Volume 90%
Hoje enfrentamos desafios como a pandemia, com a crise, os momentos eleitorais nesta conjuntura. Como comenta
o bloqueio do centrão aos movimentos independentes para as autárquicas? Marques Mendes disse que o PS e o PSD
O PCP tem uma posição prudente. O respeito pela lei é importante. O direito de participação tem de ser reconhecido, mas
isso não substitui o valor que damos a candidaturas, identificadas com um projeto, com um programa, como tem acontecido
durante décadas. Mas, o momento, enfim... o PS e o PSD vão mudando de posição. Nós mantemos esta posição de
No último congresso do PCP elegeu o combate autárquico como uma das grandes prioridades. Mais votos, mais
A nossa perspetiva é manter e reforçar aquelas que estão sobre governação da CDU e, naturalmente, conquistar outras
câmaras municipais com o reforço dessas posições da coligação democrática unitária. Nós já decidimos que a CDU vai
concorrer, seja em Lisboa, seja no Porto, seja em todo o país, com a sigla, projeto e programa CDU.
Nas últimas eleições, o PCP perdeu dez câmaras, passou de 34 para 24. Em quantos municípios existe a expectativa
de uma recuperação?
Na avaliação que fazemos, ainda estamos numa fase de prestação de contas às autarquias, às populações. Mesmo nessas
câmaras que perdemos - ganhamos outras -, embora haja uma situação de défice, aquilo que em que confiamos é que com
este projeto, programa, trabalho, honestidade e competência é possível reforçar as nossas posições, mesmo neste quadro de