Você está na página 1de 7

CRIA E RECRIA DE FÊMEAS LEITEIRAS

INTRODUÇÃO

A Europa é o continente de maior produção leiteira mundial. Embora tenham elevados custos de produção, estes são
sustentados por altos subsídios. O produtor que não cria suas novilhas tem que adquiri-las para substituir vacas de descarte. Com o
benefício de poder encontrar novilhas com mérito genético superior às vacas do rebanho, porém, com o malefício do risco de
introduzir doenças no rebanho. O produtor que opta fazer a cria e recria de bezerras, todos os investimentos são a médio e longo
prazo, pois nem bezerras nem novilhas produzem leite. O sistema cria e recria não é bem visto pelo fator econômico por não gerar
lucro satisfatório para o produtor. A alimentação é o item de maior custo, principalmente durante as primeiras semanas de vida
(leite). A criação de bezerras é uma das fases mais importantes em um sistema de produção de leite. Além de destinarem fêmeas
para reposição das matrizes do rebanho, a venda de bezerras e novilhas pode constituir parte expressiva de renda da atividade.
Os pontos mais importantes e críticos para a criação dos bezerros são: as instalações (maternidade e bezerreiro), o fornecimento
do colostro, a cura do umbigo, o fornecimento da dieta líquida e o desenvolvimento do rúmen.

Manejo da vaca gestante

Nessa fase o animal necessita de um ambiente seguro, confortável e alimentação adequada. A baia destinada a parição deve ser
limpa, arejada, desinfetada com cal, e com cama.
Escore corporal – na vaca de leite o escore corporal identifica a quantidade de reservas de energia armazenadas, podendo ser
mobilizada para processos fisiológicos de maior demanda (lactação). Devem estar com um escore corporal de 3 a 3,5. Escores mais
baixos implicam em menor produção e reprodução (ausência de cio). Já os escores maiores, tornam propensas a ter febre do leite,
outros distúrbios metabólicos e muitas vezes, dificuldade no parto (partos distócicos) e pós parto (febre do leite e cetose).

Recomendações para um bom parto – vacas devem ser secas e levadas para um piquete maternidade 60 dias antes da data
prevista para o parto para o descanso da glândula mamária e produção de colostro de qualidade. Sintomas da proximidade do parto:
O aumento do úbere (2-3 semanas antes do parto), o relaxamento dos ligamentos pélvicos (2-3 dias antes), perda de colostro,
descargas de muco e vulvas edemaciadas. As vacas se isolam do grupo e se deitam e levantam com frequência.

Cuidados com bezerros ao nascimento – precisam de um ambiente limpo e seco, sem exposição prolongada ao frio (hipotermia),
uma vez que a regulação corporal das bezerras depende do ambiente.

Desinfecção do umbigo – A cicatriz umbilical representa importante via de contaminação para o neonato. Qualquer acúmulo de
sangue dentro do cordão deve ser retirado e em seguida posa se aplicar uma solução de iodo a 7%. O corte (deixando de 3 a 5 cm) e a
desinfecção do umbigo é uma pratica obrigatória. A cura do umbigo deve ser feito com iodo, pela ação desinfetante, cicatrizante e
repelente.

Placenta dos ruminantes – é classificada como sinepiteliocorial. Não permite a passagem de macromoléculas, protegendo o
bezerro da maioria das agressões bacterianas e virais, porém impedem a passagem de imunoglobulinas. O recém nascido é
desprovido de anticorpos, só vindo a adquirir proteção imunológica após a ingestão do colostro.

Colostro – Secreção da glândula mamária no início da lactação, podendo durar de 3 a 6 dias. Possui frações mais altas de caseína,
albumina e nitrogênio não proteico. Maior quantidade energética (gordura), Maior concentração de vitaminas lipossolúveis (A,D, E e
K). O colostro possui alto valor nutritivo, além de fornecer anticorpos (IgG, IgM e IgA)necessários para a proteção de bezerros de
várias doenças infecciosas que podem provocar diarreia e morte. Possui ainda fatores de crescimento e hormônios. A absorção das
imunoglobulinas do colostro ocorre no intestino delgado, por endocitose. A perda de capacidade absortiva da mucosa intestinal
inicia-se logo após o nascimento e progride até completar-se (24h após o nascimento). Os bezerros recém nascidos não possuem
anticorpos porque a placenta não permite a passagem durante a gestação. O colostro possui efeito laxativo estimulando as funções
normais do trato digestivo. Deve ser administrado (mamado) no máximo 6 horas após o nascimento (2kg para bezerras de raças
grandes e 1kg para bezerras de raças pequenas. Após 24 horas praticamente não há absorção de Ig. Por definição é a secreção da
primeira ordenha após o parto. Colostro (secreção grossa, amarelada e cremosa coletada do úbere após o parto), a secreção da
primeira ordenha. Da segunda a oitava ordenha são denominadas leite de transição.

Método de fornecimento do colostro – Através de mamadeira, tomando o cuidado de higienizar sempre após cada utilização,
evitando a transferência de patógenos. Não é recomendável fornecer o colostro no balde (desordens digestivas), nem frio, devendo
ser fornecido à temperatura corporal (39°C). Em situações em que o bezerro esteja fraco, utilizar sonda esofágica.
A falha na transferência de imunidade se dá pela produção de colostro insuficiente ou de má qualidade; Por consumo inadequado
do neonato ou por falha de absorção intestinal apesar do consumo adequado de colostro.

Fatores que influenciam produção e concentração de imunoglobulinas no colostro – a raça e a idade contribuem. Vacas mais
velhas tendem a produzir mais e apresentarem maior concentração de Ig. Ordenha antes do parto e período seco muito curto
também afetam a concentração de Ig no colostro. Apenas a primeira ordenha após parto é considerada colostro verdadeiro, devendo
ser utilizada na primeira alimentação das bezerras. A concentração de Ig vai decrescendo em ordenhas posteriores. O colostro de
vacas primíparas contém menor concentração de Ig em função do menor tempo de exposição a antígenos ambientais.
A qualidade do colostro relacionada à concentração de Ig e suas especificidades podem ser determinadas por meio do
colostrômetro. O aparelho classifica o colostro em: qualidade ruim (coloração vermelha – concentração < 22mg/ml); Qualidade
razoável (amarelo – entre 22 e 50 mg/ml) e qualidade excelente (verde - > 50 mg/ml). O colostro avaliado deve estar à 20-25°C de
temperatura. A primeira alimentação do bezerro deve ser feita apenas com colostro excelente.

Banco de colostro – O colostro que não for fornecido aos bezerros deve ser estocado e fornecido para bezerros cuja vaca não
produziu colostro. O colostro pode ser refrigerado/armazenado (em freezer – vacas multíparas) por uma semana sem perda de
qualidade. O excesso de colostro pode ser congelado e mantido por mais de um ano, sem perda no conteúdo e na atividade das Ig.
Quando for destinado ao uso, deverá ser aquecido em banho maria até 39°C, monitorando para evitar destruição de anticorpos e
pelo risco de queimaduras para o bezerro.

Identificação – por tatuagem ou brinco, deve ser realizada nos primeiros dias de vida. Após 15 dias de vida deve ser realizada a
mochação dos animais. Fundamental por facilitar a detecção de pontos críticos e permite a tomada de decisões como o descarte de
vacas pouco produtivas e seleção de futuros reprodutores. Outros métodos de identificação: colar ou faixa de pescoço com número,
brinco de plástico, tatuagem de tinta e marca a frio ou a quente.

Descorna – O momento mais indicado é quando o botão cornual ainda não é fixo/implantado no crânio. A descorna objetiva
como vantagens a redução de acidentes entre animais e criadores, uma maior uniformidade do plantel e maior docilidade. Pode ser
feita com produtos químicos (bastão de hidróxido de potássio ou h. de sódio) ou a ferro quente. A ferida que fica aberta após alguns
dias pode ser uma porta de entrada para miíases, por esse motivo se deve utilizar medicamentos cicatrizantes (pomadas, sprays).

Manejo sanitário – O local deve dispor de boa ventilação, ser limpo constantemente e proporcionar o auxílio no controle da
disseminação de doenças. Na bovinocultura leiteira, é comum a utilização de abrigos individuais (menor incidência de doenças e
menores gastos com medicação).

Vacinação – A vacinação contra brucelose é obrigatória para fêmeas (3-8meses de idade). As vacas vacinadas são marcadas com
um “V” na “cara esquerda” acompanhado do último dígito do ano de vacinação. Trata-se de uma zoonose. A vacina só pode ser feita
pelo médico veterinário por se tratar de uma vacina viva. Outra vacina obrigatória é a da febre aftosa. As principais vacinas a serem
utilizadas são contra o paratifo (vacas gestantes e bezerros com 15 dias); Febre aftosa (de acordo com o calendário oficial); Brucelose
(fêmeas de 3 a 8 meses); Raiva (4º mês em regiões endêmicas); Carbúnculo (4º mês, reforçando 30 dias após); Leptospirose e o
Botulismo (4º mês, reforço com 30 dias em regiões endêmicas).

Alimentação na fase de cria – Ao nascimento, o sistema digestivo de um bezerro funciona como o de animais monogástricos.
Apenas alimento líquido pode ser utilizado, uma vez que o abomaso é o único estômago completamente desenvolvido e funcional. O
alimento é conduzido do esôfago para o abomaso através da goteira esofágica. Ao tomar leite no balde algumas bezerras não
formam ou formam incompletamente a goteira esofágica, fazendo com que o leite caia no rúmen causando timpanismo e diarreias.
O bezerro deve ser alimentado com a cabeça erguida, como ocorre quando mama na vaca, facilitando a função da goteira, que
encaminha o leite diretamente ao abomaso. Se elevar a cabeça acima do dorso ocorrerá a abertura da epiglote e o leite irá para a
traquéia, causando pneumonia por aspiração. Bezerras criadas exclusivamente com dietas líquidas exibem desenvolvimento anormal
dos pré-estômagos. Embora algum crescimento tecidual ocorra, as paredes tornam-se finas e o desenvolvimento das papilas é
retardado.
Uma vez iniciada a ingestão de alimentos sólidos, ocorre rápido crescimento em volume, peso, musculatura e capacidade
absortiva dos pré-estômagos. Os AGV (butirato e propionato) são os principais estimuladores do crescimento das papilas. Os bezerros
passam a ser ruminantes depois de 8-10 meses.

Digestão do leite – No abomaso, a caseína do leite é coagulada pela ação de enzimas proteolíticas e pelo forte ambiente ácido
formando o coágulo (proteína e gordura) e o soro. A renina é a principal enzima envolvida na formação do coágulo. A digestão das
proteínas continua no intestino delgado por ação das proteases pancreáticas (tripsina e quimiotripsina) e peptidases.

Aleitamento de bezerros – Nas primeiras semanas de vida, seu principal alimento é o leite ou sucedâneo. A quantidade de leite
empregada deve ser feita de acordo com as exigências nutricionais dos animais, custo dos alimentos, facilidade de manejo e ganho
de peso esperado. Quantidades excessivas de leite estão correlacionadas com distúrbios digestivos. O leite pode ser fornecido de
forma natural ou artificial. Forma natural: o bezerro mama (período de tempo reduzido; 2X ao dia) durante toda a lactação ou maior
parte dela e recebe apenas o pasto como suplementação. Sistema empregado em planteis formados por rebanhos puros ou de raças
zebuínas, que costumam esconder o leite na ausência do bezerro. Após 60 dias o bezerro só é levado à presença da mãe se houver
necessidade para a descida do leite. Forma artificial: feito com o uso de mamadeiras, biberões e balde. Consiste no fornecimento de
4 kg ou o correspondente a 10% do peso vivo (Na primeira semana é recomendado o fornecimento de leite duas vezes ao dia em
horários fixos e após a primeira semana de vida, pode ser realizado uma vez ao dia, levando as bezerras a iniciarem mais cedo a
ingestão de alimentos sólidos, reduzindo mão-de-obra). Apesar de o leite ser o melhor alimento para as bezerras nos primeiros 30
dias de vida, o seu custo pode inviabilizar esta prática. Alternativas para a redução dos custos de aleitamento incluem utilização de
colostro excedente, leite de transição e sucedâneos ou mesmo a desmama precoce.
Uso de sucedâneos (substitutos do leite) – Sucedâneos são produtos secos (misturas preparadas para serem diluídas em água) ou
todo alimento líquido, destinados a substituir o leite, desde que seja mais fácil de manusear e econômico. Há diversos problemas
encontrados nos sucedâneos, entre estes o excesso de amido e fibra, baixa quantidade e inadequada incorporação de gordura e
utilização de fontes protéicas de baixo aproveitamento ou que provocam transtornos digestivos nos bezerros. Um exemplo é o
colostro em excesso. O leite em pó é bastante utilizado quando se quer separar a vaca da bezerra, tornando a ordenha mais higiênica
e possibilitar um maior lucro no beneficiamento do leite ordenhado; O soro de queijo; O colostro de vacas em boas condições
sanitárias (organismos patogênicos podem prejudicar a fermentação e os bezerros que o consumir). A utilização do colostro não
fermentado é a melhor forma de fornecer o colostro excedente na alimentação de bezerros. Devendo oferecer um bom concentrado
a partir da segunda semana de vida da bezerra, possibilitando assim o desenvolvimento mais rápido do rúmen e permitindo que seja
feita a desmama precoce. por sua impossibilidade de comercialização, riqueza de nutrientes essenciais e ser de fácil armazenamento.
Pode-se combinar o uso de leite integral ou sucedâneo do leite e colostro fermentado ou não, na alimentação de bezerros;
Sucedâneos a base de soja é uma fonte boa de proteína. Não é indicada para bezerros durante as oito primeiras semanas de idade
(por resultar em diarreia). Quando fornecido para animais muito jovens, a ocorrência de diarreia é alta.

Fornecimento de concentrado – deve ser fornecido em torno do 4º dia de vida e deve continuar a ser fornecido até os 4 meses de
idade (6-8 semanas após desmama). Deve ser oferecido em pequenas quantidades e de forma frequente para que se mantenha
fresco. Deve ter na sua composição alimentos de excelente qualidade: milho, raspa de mandioca, farelo de soja, farelo de algodão e
misturas minerais e vitamínicas.

Fornecimento de volumoso – importantes para o desenvolvimento fisiológico do tamanho e da musculatura do rúmen. Um bom
volumoso, feno ou capim picado, deve ser fornecido a partir da 6ª semana de idade. Silagens (produtos fermentados) antes dos três
meses de idade não é recomendado por ser insuficiente para promover o desenvolvimento do rúmen e crescimento do animal. Água
deve estar sempre disponível (limpa e fresca). A presença de água estimula o consumo de concentrado.

Desmama – Fase mais estressante para o animal. Em sistemas naturais, ocorre entre 7 e 12 meses de idade, e inviabiliza o sistema
de produção de leite. Sendo 60 dias o período comumente aceito para a realização do desmame. Quando apresentarem um consumo
de concentrado adequado. Devem permanecer por uma semana a trinta dias no mesmo local onde estavam para minimizar o
estresse da desmama e mudança de hábito alimentar.
A desmama precoce possui vantagens como a redução no custo da alimentação, mão-de-obra e a não ocorrência de distúrbios
gastrointestinais. Quando o bezerro estiver consumindo 600 a 800g de concentrado por dia, está pronto para ser desaleitado ou
desmamado, independente de idade, tamanho ou peso. O fornecimento de concentrado inicial a partir da segunda semana de idade
é importante para quem adota a desmama precoce. O consumo de pasto passa a ser importante a partir do terceiro mês de idade,
quando começa a declinar a produção de leite da vaca. A taxa de crescimento da bezerra dependerá, em grande parte, da qualidade
do pasto disponível. O desaleitamento abrupto não é recomendado pois, causa estresse aos bezerros, aumentando a suscetibilidade
a infecções.

Sistemas de criação de bezerras – deve ser feito de acordo com o padrão genético do rebanho e ao nível de tecnificação da
propriedade, para que o animal seja capaz de expressar ao máximo o potencial genético do animal. No sistema tradicional, o animal
fica com a mãe até a desmama natural (utilizado em rebanhos com baixa tecnificação). Oferece a vantagem de ser mais econômico
(menor mão de obra). No sistema convencional, os bezerros são criados até 2 meses em baias individuais fixas. Após essa idade eles
passam para baias coletivas. A área deve ser drenada, protegida dos ventos e exposta ao sol no inverno. A separação física provoca a
redução da disseminação de doenças pela redução do contato dos bezerros com patógenos. O sistema adotado ultimamente consiste
em utilização de abrigos individuais móveis para criação de bezerros com idade entre 1 e 90 dias, sendo que, após essa idade eles
passam para baias coletivas. Os abrigos são locados em piquetes próximos ao estábulo, onde os bezerros são contidos por meio de
correntes e coleiras, ou por meio de um cercado (solário), geralmente feito de tela de arame.
Vantagens dos abrigos individuais: proteção do animal contra chuva e o excesso de sol e a facilidade para limpeza, desinfecção e
deslocamento. As bezerras são levadas para esses abrigos entre 12 e 24 horas após nascimento e ingestão de colostro. No sistema
argentino os animais são presos a arames esticados em frente aos cochos de água e concentrado, permitindo maior movimentação
da bezerra e maior dispersão dos dejetos.

Recria de bezerras – A fase de recria vai da desmama (60 dias) até a primeira cobertura. A alimentação das novilhas dependerá da
idade estabelecida para a primeira cobertura. A maturidade sexual em novilhas depende mais do peso corporal que da idade. A
puberdade é influenciada pelo nível nutricional recebido pelas bezerras durante o período pré puberal, onde o baixo nível de energia
retarda a puberdade. A idade à primeira cobertura ao redor de 15 meses exige melhores condições de manejo e nutrição. O objetivo
é o de obter um animal capaz de expressar seu potencial genético através da produção de leite a um menor custo possível. É medido
pelo desempenho das novilhas durante a primeira lactação. A maturidade sexual em novilhas depende mais do peso corporal que da
idade. A puberdade é influenciada pelo nível nutricional recebido duante o período pré puberal. Os animais não apresentam cio até
que seu peso corporal esteja adequado com a dos animais nutridos adequadamente.
O sistema deve fazer com que a novilha leiteira alcance a puberdade com 14 a 16 meses de idade com peso médio de 350kg
(raças grandes) e 250 (raças pequenas), idade ao parto de 24 a 27 meses com peso médio de 500 a 550kg (raças grandes) e 400 a
450kg (raças pequenas).
Fase da recria – Pode ser dividida em fase pré púbere (3 aos 9-11 meses) e a fase púbere (11-12 meses até a parição). Na fase pré
púbere bezerros desmamados de tamanhos semelhantes são agrupados em pequenos grupos (4-6 bezerros) em alojamentos com
disponibilidade de água, alimento, boa ventilação, etc. Necessitando de uma dieta que atinja os requerimentos nutricionais. Novilhas
pré-púberes (80-90 até os 250-280kg)devem ser separadas em grupos onde a alimentação e taxa de crescimento devem ser
monitoradas, uma vez que o ganho excessivo de peso interferirá na capacidade futura de produção de leite e ganho de peso
insuficiente gera atrasos da puberdade, inseminação e no primeiro parto. É a fase em que a alimentação irá interferir no crescimento
da glândula mamária.
Na fase púbere, as novilhas atingem por volta de 9-11 meses. O primeiro cio não é fértil, sendo recomendável a inseminação ou
cobertura apenas quando fêmea atingir 70% do peso adulto, para que o primeiro parto ocorra com 80-85% desse peso. Com a
puberdade, inicia-se uma nova fase no desenvolvimento do úbere, onde os alvéolos substituirão a gordura da matriz adiposa,
aumentando o parênquima. Na pós puberdade, o aumento na ingestão de energia resulta em maior desenvolvimento da glândula
mamária.
O crescimento da novilha é melhor quando a avaliação de peso é acompanhada por medidas de crescimento ósseo, como a altura
na cernelha ou comprimento corporal. O escore corporal também serve de avaliação, e é utilizada para avaliar a quantidade de
reserva corporal estocada em tecido adiposo.
Do nascimento até o primeiro parto ocorrem quatro fases distintas de desenvolvimento da glândula mamária. Duas fases onde o
desenvolvimento da glândula ocorre em intensidade proporcional aos demais tecidos corporais (fases de crescimento isométrico),
que compreende o nascimento e o terceiro mês de idade e da puberdade até em torno do terceiro mês de gestação, e duas onde o
crescimento da glândula ocorre de 2 a 4 vezes mais rápido que os demais tecidos (fases de crescimento alométrico), que
compreende entre os 3 meses de idade e logo após a ocorrência da puberdade e nos dois terços finais da gestação. Na primeira fase
de crescimento alométrico ocorre alongamento e ramificação dos ductos primários em maior proporção. Altos planos nutricionais
ocorre o encurtamento da primeira fase alométrica de crescimento, uma vez que a novilha atinge a puberdade em menor idade
cronológica. A adoção de um sistema de alimentação que resulte em taxas elevadas de ganho de peso reduzirá a idade ao início da
puberdade, mas poderá prejudicar o desenvolvimento da glândula mamária e a produção de leite nas primeiras lactações.

Avaliação da recria – Costuma-se utilizar a idade à primeira concepção e primeira parição como índices de eficiência em sistemas
de produção de leite. Quanto mais cedo a idade à primeira concepção, mais nítida a impressão de que a propriedade adota boas
práticas de alimentação e manejo das novilhas.

Recria em confinamento – neste sistema, os alimentos são levados às novilhas que permanecem confinadas todo o tempo, sem
acesso a pasto. Um feno de excelente qualidade é melhor alimento para novilhas em confinamento, podendo constituir o único
alimento para esta categoria animal. A mistura em partes iguais com silagem de milho é tido como adequado.

Recria a pasto – pode ser feita em sistemas rotacionados , pastos de excelente qualidade e bem manejados suprem as exigências
nutricionais das novilhas, desde que em associação com a suplementação mineral adequada. Durante o período da seca, a
alimentação deve ser suplementada com volumoso no cocho para que os animais não percam peso. Os lotes são separados por
idade, evitando competição por alimento e água.

A pecuária brasileira tem se caracterizado por um baixo desempenho produtivo, principalmente relacionado à frágil estrutura de
seu suporte alimentar e à sazonalidade da produção forrageira, aliadas ao baixo padrão genético de seus rebanhos e aos problemas
sanitários, reprodutivos e gerenciais. Por outro lado, existe um grande número de tecnologias disponíveis, voltadas à formação e
manejo de pastagens adaptadas às diversas regiões do País. As pastagens de gramíneas forrageiras tropicais, quando bem
manejadas, reduzem a necessidade de suplementação dos animais.
O desempenho do animal poderá ser satisfatório e semelhante em qualquer sistema de pastejo, se houver igual quantidade e
qualidade de forragem disponível. Alta lotação provoca redução na seletividade e conseqüentemente, redução no ganho animal. O
sistema de produção de leite a pasto tem influência marcante na seletividade e consumo de volumoso e sobre a composição
botânica. Esse fato pode alterar o valor nutritivo do alimento ingerido, alterando o desempenho animal. Além do clima, a
produtividade do pasto está influenciada pelas condições de solo e a fertilidade de área e seu manejo podem influenciar o ajuste da
taxa de lotação. Qualquer que seja o método de pastejo, ele conceitualmente implica num certo grau de controle dobre o pasto e os
animais. No manejo das pastagens existem basicamente dois sistemas de pastejo: o pastejo contínuo e o pastejo rotacionado.

Pastejo com lotação contínua – O pastejo com lotação contínua refere-se às pastagens utilizadas ininterruptamente durante o
ano. Isto não significa que os animais pastejam de forma contínua as mesmas plantas. Observa-se uma rotatividade natural dentro do
piquete. A pastagem pode, ainda, ser utilizada sob carga fixa, quando o número de animais que a utilizam durante todo este tempo
for constante e, sob carga variável, quando o número de animais varia durante o ano, de acordo com a disponibilidade de forragem.
Existe um conceito de que a pecuária apresenta baixos índices de produtividade porque o produtor utiliza o sistema de lotação
contínua. Os problemas surgem mais em função da utilização de cargas fixas do que pelo método utilizado.

Pastejo rotacionado - O pastejo rotacionado é caracterizado pela subdivisão da pastagem em um número variável de piquetes
menores que são utilizados um após o outro. Também podem ser sob cargas fixas ou variáveis. No pastejo rotacionado, há períodos
regulares de descanso do pasto, permitindo a rebrota sem risco de pisoteio. Uma vantagem interessante do sistema rotacionado de
pastejo é o auxilio do controle de verminoses e carrapatos. Como os animais permanecem nas áreas por pouco tempo, verminoses,
tendo seu ciclo interrompido.
Considerações sobre os piquetes - O primeiro ponto a observar é a localização dos piquetes em relação à sala de ordenha; quanto
mais próxima a área de pastejo estiver da sala de ordenha, melhor. É desejável que vacas se exercitem, mas que não percorram
distância maior do que 500m para serem ordenhadas ou para beber água. Se as vacas andarem muito, consumirão energia que
poderia ser utilizada para a produção de leite.

Tamanho dos piquetes - Vários são os fatores que interferem nessa tomada de decisão. Dentre eles estão a produção esperada
da planta forrageira e o consumo de forragem, que depende da categoria animal, do número de animais e da qualidade da planta
forrageira. Entre estes fatores, podemos citar o número de animais que ocuparão a pastagem, o consumo de forragem, a média de
peso das vacas e a produção esperada de forragem na área em questão, o que depende de fatores como estação de ano, adubação e
espécie forrageira.

Número de piquetes na área determinada - Para calcular o número de piquetes, devem-se conhecer dois fatores: o período de
ocupação do pasto e o período de descanso do pasto na época das águas. O período de ocupação é o número de dias em que os
animais permanecem pastando em cada piquete. Em sistema de pastejo rotacionado, o produtor deve conhecer as flutuações na
produção diária das vacas leiteiras, relacionadas à ocupação de cada piquete. Já o período de descanso depende, principalmente, da
espécie forrageira, mas também das condições de fertilidade do solo e do clima da região.

Pastejo diferido - O pastejo é dito diferido quando a pastagem é deixada em descanso, sem animais, por algum período de
tempo. As razões mais comuns para isto são a ressemeadura de uma ou mais espécies que compõem a pastagem, como reserva de
alimento para o período da seca (feno em pé); com finalidade de revigorar as plantas forrageiras ou como estratégia auxiliar na
alteração da composição botânica dos piquetes. O pastejo diferido constitui uma importante alternativa para disponibilização de
forragem em período seco e pode ser utilizado sem riscos para outras categorias, que não vacas lactantes, como vacas secas e
novilhas, por exemplo.

Pastejo em faixa e pastejo “primeiro-ponta” - O pastejo em faixas consiste na utilização de cerca móvel, manejando os animais
para que a cada certo tempo possam pastejar uma nova faixa da pastagem. Esse sistema pode ser ajustado de acordo com o
crescimento das forrageiras, o que permite facilitar o controle de altura de entrada da pastagem. Uma variação do pastejo
rotacionado é o “pastejo primeiro-ponta” ou “de ponta”, no qual se conduz normalmente dois grupos de animais, privilegiando um
grupo de maior exigência, de modo a facultar-lhes a ingestão máxima de nutrientes, em decorrência da maior oferta de forragem e
mais alto valor nutritivo do dossel da vegetação.
Suplementação concentrada – A prática mais comum adotada por produtores de leite em pastagens é a suplementação de 1 kg
de concentrado para cada 3 kg de leite produzido pela vaca.

Seleção do alimento - devem-se escolher alimentos de todas as classes que comporão a mistura final para os animais, buscando-
se sempre volumosos (aquosos ou secos), concentrados energéticos, concentrados proteicos, suplementos minerais e vitamínicos.
Via de regra, dá-se prioridade para a fração proteica e energética, podendo-se ainda, em alguns tipos de cálculos, considerar a
matéria seca ingerida. Espaço de reserva: Para se garantir o pleno atendimento de minerais e vitaminas, emprega-se o espaço de
reserva. Esse possibilita que sejam acrescentados alimentos, aditivos e outras substâncias que a priori não possuam energia ou
proteína, mas que são importantes para se atender as exigências de minerais e vitaminas.

O animal em pastagem de baixo atributo não consegue expressar seu potencial de cultivo, e essa condição pode ocasionar danos
no sistema. O manejo sanitário é habitualmente utilizado como ferramenta para registro de ocorrências e controle dos animais, esse
manejo deverá otimizar a sanidade física e comportamental, sem esses subsídios não é possível melhorar os índices zootécnicos do
rebanho.
Os cuidados com animal recém-nascido devem constar com a desinfecção do umbigo e ingestão do colostro, higienização no
processo de ordenha antes, durante e após, além de impedir que as vacas deitem em seguida após a ordenha, quando o esfíncter da
teta ainda se estará aberto, higienização das instalações, ficando imprescindível a remoção contínua dos dejetos nos currais, evitar
que os animais jovens entrem em contato com os dejetos dos adultos, devido ao risco de contaminação por vermes. Os bovinos
empregam os nutrientes extraídos dos alimentos ingeridos para manutenção, desenvolvimento, reprodução e produção de carne ou
leite.
Contudo, à medida que se almeja máxima produtividade por animal, os volumosos pasto, silagens e feno, por si só,
são insuficientes para conservar uma escala maior de produtividade. Nesse caso, além de volumosos, a nutrição do
rebanho de leite necessita ser acrescida de uma combinação de concentrados, minerais e determinadas vitaminas.
Fornecer aos bezerros uma dieta completamente líquida como única fonte de nutrição depois de 4-6 semanas de idade
limita o desenvolvimento fisiológico do rúmen.
Os estados que possui clima quente, dificulta a criação das raças leiteiras mais produtivas como: Jersey, holandesa e
pardo-suíço. Nessas regiões, são criadas raças mistas que na maioria das vezes oferecem uma menor produção.
Os cinco países mais produtores mundiais de leite, igualmente encontram-se entre os maiores consumidores,
aparecendo à Índia como o maior consumidor do produto. O Brasil está na quinta posição entre os países que mais
Panorama do sistema de produção de leite no Brasil consomem leite fluído, são eles: Índia, União Europeia, EUA, China
e Brasil.
O acasalamento de animais de raças diferentes é a maneira mais rápida de fazer melhoramento genético dos
bovinos, reunindo em um só animal as boas características de duas ou mais raças, aproveitando-se a heterose ou vigor
de híbrido. A heterose é o fenômeno pelo qual os filhos apresentam melhor desempenho (mais vigor ou maior
produção) do que a média dos pais. A heterose afeta características particulares e não o indivíduo como um todo. A
heterose é máxima nos animais híbridos F1 ou de ‘primeira cruza’. O animal F1 reúne as boas características de ambos
os progenitores. No caso do cruzamento de vaca Gir com touro Holandês PO, as fêmeas F1 irão apresentar maior
precocidade e maior aptidão leiteira (características típicas do Holandês) do que a Gir e também maior resistência a
ectoparasitas, maior tolerância ao calor e maior rusticidade do que o Holandês, pois essas são características marcantes
das raças zebuínas.
Na escolha de uma ou outra raça, ou de alguma das diferentes opções de cruzamentos, devem ser considerados
vários aspectos, como o sistema de produção a ser adotado na propriedade, o clima (temperatura, ventos, radiação
solar, umidade relativa do ar, precipitação média anual), o tipo e a fertilidade do solo, a topografia do terreno, o preço
dos animais, a preferência pessoal do produtor, a capacidade de investimento etc. O sistema de produção a ser adotado
na propriedade é o item mais importante a ser considerado na escolha da raça ou do tipo de cruzamento mais
apropriado.
No mundo todo, a mais utilizada na produção de leite é a raça Holandês, por ser a de maior especialização leiteira e
a que foi mais selecionada para essa finalidade. Porém, os animais da raça Holandês, bem como os animais de todas as
demais raças de origem europeia, são mais exigentes em termos de cuidados, de conforto de manejo e também são os
que mais sofrem com as condições tropicais de nosso país, principalmente com os carrapatos, os bernes etc.
Na produção de leite no Brasil, predominam vacas mestiças de Holandês x Zebu, para aproveitar a capacidade
produtiva, a precocidade e a mansidão do Holandês e a rusticidade das raças zebuínas, sendo que, no F1 HZ,
aproveitam-se 100% da heterose ou vigor de híbrido.
O produtor iniciante na atividade leiteira deve começar com gado mestiço, especialmente com o meio-sangue (F1
HZ), por serem animais mais rústicos, menos sensíveis aos carrapatos, menos exigentes em trato, menos exigentes em
conforto etc. E, à medida que o produtor for aperfeiçoando os seus conhecimentos e melhorando a tecnologia de
produção, também poderá ir apurando o gado para uma raça mais pura, mais especializada na produção leiteira.
“Girolando”, que é o cruzamento do Holandês com o Gir Leiteiro, tendo 5/8 de “sangue” Holandês + 3/8 de Gir. Uma
raça de dupla-aptidão (leite e carne), gado produtivo e padronizado, adaptado à região tropical e subtropical. Cerca de
70% de toda a produção de leite no Brasil provém de vacas mestiças Holandês-Zebu.
Considera-se gado mestiço aqueles animais derivados do cruzamento de uma raça pura de origem europeia e que
seja especializada na produção de leite (Holandês, Jersey, Suíça-Parda), com uma raça pura de origem indiana, uma das
várias que formam o grupo Zebu (Gir Leiteiro, Guzerá, Sindi e Indubrasil). A raça Holandesa predomina nos
cruzamentos, sendo o mais comum o cruzamento de Holandês com o Gir Leiteiro, mais conhecido como “Girolando”.
Há também o “Guzolando”, resultado do cruzamento de Holandês com Guzerá, e já há alguns produtores fazendo o
“Nerolando”, que é o cruzamento do Holandês com o Nelore (muito embora, nesse último exemplo, a produção de leite
seja mais baixa, pois Nelore é essencialmente uma raça de gado de corte).
Teoricamente, quanto mais puxada para o lado do Holandês, maior é o potencial genético da vaca para a produção
de leite, e mais leite a vaca vai dar, porque a raça Holandês tem maior especialização leiteira do que as zebuínas. No
entanto, quanto mais holandesa do (ou seja, animais com maior grau de sangue de Holandês) o rebanho for, mais será
exigente em trato, susceptível a carrapato, sensível ao calor, além de os animais terem dificuldade em subir morros
muito altos para pastar etc.

Período de transição

O período seco deve durar 60 dias a fim de permitir uma boa regeneração das células epiteliais desgastadas, um
bom acúmulo de colostro e assegurar um bom desenvolvimento do feto, bem como completar as reservas corporais,
caso estas ainda não tenham ocorrido. As vacas produtoras de leite atravessam uma fase denominada período de
transição, a qual se estende da terceira semana que antecede o parto até a terceira semana após o parto. Neste período
as vacas sofrem profundas mudanças fisiológicas, passando de um estado gestante para não gestante e não lactante
para lactante. A mobilização de reservas energéticas permite às vacas leiteiras preencher a lacuna energética deixada
pela baixa ingestão de alimentos no período de transição.
Uma vez que mudanças nas reservas energéticas possuem uma influência considerável sobre a produtividade, saúde
e reprodução de vacas leiteiras, fica clara a necessidade de monitorar as alterações ocorridas em tais reservas. Técnicas
possíveis de serem utilizadas a campo, visando obter uma estimativa das reservas energéticas de vacas leiteiras:
 Peso corporal – A perda de peso envolve tanto a mobilização de gordura como de proteína, porém, a variação
do peso corporal não é um bom indicador de perda de reservas energéticas.
 Perímetro torácico - Para tal propósito podem ser utilizadas as medidas de perímetro torácico, altura de
cernelha, largura da anca ou comprimento corporal.
 Escore de condição corporal ECC -

Você também pode gostar