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Disciplina: Psicanálise I
Discente: Marcelo Honório
Docente: Tiago Nunes
Atividade: Fichamento
UMA BREVE DESCRIÇÃO DA PSICANÁLISE (1924 [1923])
I
“Os achados de Breuer não foram comunicados ao público senão quinze anos
mais tarde, após ele haver tomado por colaborador o presente autor (Freud).
Esse caso de Breuer retém sua significação única para nossa compreensão das
neuroses até o dia de hoje, de modo que não podemos evitar demorar-nos nele
um pouco mais”.
“O procedimento terapêutico adotado por Breuer foi induzir a paciente sob
hipnose a relembrar os traumas esquecidos e reagir a eles com poderosas
expressões de afeto. Quando isso era feito, o sintoma, que até então tomara o
lugar dessas expressões de emoção, desaparecia. Dessa maneira, um só e
mesmo procedimento servia simultaneamente aos propósitos de investigar o
mal e livrar-se dele, e essa conjunção fora do comum foi posteriormente
conservada pela psicanálise”.
II
“O passo mais momentoso foi sem dúvida sua determinação de passar sem a
assistência da hipnose em seu procedimento técnico”.
“Freud foi levado a ela pela expectativa de que a chamada associação ‘livre’
mostrasse de fato não ser livre, porquanto após suprimidos todos os propósitos
intelectuais conscientes, as idéias que emergissem pareceriam ser determinadas
pelo material inconsciente. Essa expectativa foi justificada pela experiência”.
“Isso nos trouxe à revelação de algo que até então fora fundamentalmente
negligenciado pela ciência – a sexualidade infantil, que, da mais tenra idade em
diante, se manifesta tanto em reações físicas quanto em atitudes mentais”.
“De um ponto de vista filosófico, essa teoria estava fadada a adotar a opinião de
que o mental não coincide com o consciente, que os processos mentais são, em
si próprios, inconscientes e só se tornam conscientes pelo funcionamento de
órgãos especiais (instâncias ou sintomas). Para completar essa lista
acrescentarei que entre as atitudes afetivas da infância a complicada relação
emocional das crianças com os pais – o que é conhecido por complexo de Édipo
– surgiu em proeminência”.
“Na forma que ela assim assumiu, a teoria psicanalítica das neuroses já
encerrava determinado número de coisas que iam de encontro a opiniões e
inclinações aceitas e estavam talhadas a provocar espanto, repugnância e
ceticismo em estranhos; por exemplo, a atitude da psicanálise para com o
problema do inconsciente, seu reconhecimento de uma sexualidade infantil e a
ênfase que concedia ao fator sexual na vida mental em geral”.
III
“Provas de ela ser útil para lançar luz sobre outras atividades que não a
atividade mental patológica, logo se apresentaram, em vinculação com dois
tipos de fenômenos: as parapraxias muito freqüentes que ocorrem na vida
cotidiana – tais como esquecer coisas, lapsos de língua e colocação errada de
objetos – e os sonhos tidos por essas pessoas sadias e psiquicamente normais”.
“A análise dos sonhos levou mais longe: ela foi trazida a público pelo presente
autor já em 1900, em A Interpretação de Sonhos, que demonstrava serem os
sonhos construídos exatamente da mesma maneira que os sintomas
neuróticos”.
“Por cerca de 10 anos ninguém prestou atenção aos trabalhos de Freud. Por
volta do ano de 1907, um grupo de psiquiatras suíços (Bleuler e Jung, em
Zurique) atraiu a atenção para a psicanálise, e uma tormenta de indignação, não
precisamente fastidiosa em seus métodos e argumentos, irrompeu logo após,
principalmente na Alemanha”.
IV
“A ruidosa rejeição da psicanálise pelo mundo médico não podia impedir seus
defensores de desenvolvê-la, inicialmente por suas linhas originais, em
patologia e tratamento especializado nas neuroses – tarefa ainda não
completamente realizada, mesmo atualmente”.
“Esse exemplo, ademais, pode advertir ao leitor que mesmo em sua aplicação a
campos não médicos a psicanálise não pode evitar ferir preconceitos
acalentados, aflorar sensibilidades profundamente enraizadas e provocar assim
inimizades de base essencialmente emocional”.
Não se deve esquecer, contudo, que a psicanálise sozinha não pode oferecer um
quadro completo do mundo. [...] Em cada campo do conhecimento, portanto,
ela só pode fazer contribuições, que requerem ser completadas a partir da
psicologia do ego”.
REFERÊNCIA