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Microcontroladores

18 I SABER ELETRÔNICA 430 I Novembro 2008

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editorial
Editora Saber Ltda. Encerrando o ano, o presidente da Associação
Diretores Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee),
Hélio Fittipaldi
Thereza Mozzato Ciampi Fittipaldi Humberto Barbato, acompanhado de diretores da
entidade, apresentou na coletiva de imprensa, os
dados do setor eletroeletrônico do ano de 2008 e as
www.sabereletronica.com.br perspectivas para o próximo ano. O faturamento da
Editor e Diretor Responsável indústria eletroeletrônica, em 2008, deverá atingir R$
Hélio Fittipaldi 123,7 bilhões com crescimento de 11% em relação ao
Diretor Técnico ano anterior, não sofrendo um impacto significativo
Newton C. Braga
Conselho Editorial da crise mundial.
João Antonio Zuffo, O setor de componentes elétricos e eletrônicos Hélio Fittipaldi
Newton C. Braga
mostra uma retração de 5 % em relação à 2007 e o
Redação
Fabieli De Paula de utilidades domésticas manterá os mesmos números. As demais áreas
Auxiliares de Redação da indústria eletroeletrônica deverão apresentar bom crescimento de
Érika Yamashita, Monique Souza, faturamento. O mercado de PCs, que atingiu 12 milhões de unidades,
Thayna Santos
Colaboradores cresceu 20 % e só não foi melhor devido à desvalorização do real frente ao
Alexandre Capelli, Alexandre Novakoski , dolar, mas mesmo assim, ficou dentro das expectativas, segundo o diretor
Alexandre dos Santos, Antonio Dresch Júnior,
Danny R. Efrom, Érico Back Machado, Mark Lee,
da área de informática, Hugo Valério.O número de empregados, ficou em
Patrícia Soares, Roberto R. Cunha torno de 165.500 contratados, com 9,4 mil empregos diretos a mais do
Designers que o ano de 2007.
Carlos C. Tartaglioni, Diego M. Gomes,
Edimaldia Ferreira Para 2009, apesar da gravidade da crise econômica mundial, a Abinee,
Produção considerando que a trajetória do crescimento da indústria eletroeletrônica
Diego M. Gomes tem acompanhado o desempenho do país, prevê uma evolução de 7%,
VENDAS DE PUBLICIDADE confirmada a previsão de crescimento de 3,0% da economia nacional.
Carla de C. Assis, Barbato afirmou que a expectativa do setor também continua positiva
Ricardo Nunes Souza
para o próximo ano em relação aos investimentos. Ele ressalta que: “É im-
PARA ANUNCIAR: (11) 2095-5339 portante que o governo corte os custeios para continuar investindo e com
publicidade@editorasaber.com.br
isto oxigene o mercado”diz.
Capa
ETS Lindgren Já o diretor da área de automação da Abinee, Nelson Ninin, destacou o
Impressão papel da Petrobras como catalisador dos investimentos para o segmento e
São Francisco Gráfica e Editora acredita que não haverá queda no faturamento das empresas em 2009. O
Distribuição diretor de economia da Associação, Antônio Correa de Lacerda, salientou
Brasil: DINAP
Portugal: Logista Portugal tel.: 121-9267 800 que, aproveitando a tendência mundial, o governo deveria reduzir a taxa
de juros e desonerar os investimentos e o consumo, para que estes sejam
ASSINATURAS mantidos e ampliados garantindo o crescimento do mercado interno.
www.sabereletronica.com.br
fone: (11) 2095-5335 / fax: (11) 2098-3366 Esta linha, definida em inúmeras declarações da entidade e de partici-
atendimento das 8:30 às 17:30h pantes do setor, que o governo deveria diminuir os impostos e o custo
Edições anteriores (mediante disponibilidade de
estoque), solicite pelo site ou pelo tel. 2095-5330, ao Brasil, pois é isto que o país necessita para se fortalecer e resistir às crises
preço da última edição em banca. internacionais, foram por nós mostradas neste ano todo como assunto
Saber Eletrônica é uma publicação mensal da recorrente. A atual situação internacional já está colocando à prova este
Editora Saber Ltda, ISSN 0101-6717. Redação, governo que aí está, e em poucos meses saberemos a realidade.
administração, publicidade e correspondência:
Rua Jacinto José de Araújo, 315, Tatuapé, CEP
03087-020, São Paulo, SP, tel./fax (11) 2095-
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Atendimento ao Leitor: atendimento@sabereletronica.com.br


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índice
20 Reportagem
14 O futuro dos displays

Desenvolvimento
16 Conheça os filtros EMI/RFI em modo comum
20 Tópicos em eletrônica analógica: Ruído
24 EMC (Compatibilidade Eletromagnética)

Eletrônica Aplicada
30 Leitores RFID com comunicação Ethernet
32 Conversor CC-CC Forward tipo Buck

36 Tecnologias
36 O que falta para a tecnologia 3G decolar de vez?
37 Teclas Capsense (TM) com CSD

Circuitos Práticos
44 Carregador de bateria com o FSD210
46 Fonte Chaveada de 90 W para monitores com
 função Standby
48 Amplificadores Operacionais Auto-Zerados

Microcontroladores

44
51 Teclado de porta de carro utilizando LIN

Componentes
54 Termostato – termômetro digital com o
 MAXQ3212
55 Monitor de banco de baterias
56 Flash de LEDs duplos para 1,2 A
58 A4935 – Driver MOSFET trifásico automotivo
60 Sintetizadores programáveis de clock com saídas  
 LVCMOS
Editorial 01 61 LT3085 – LDO SMD da Linear

Seção do Leitor 04 61 Vishay amplia linha de 140 CHR


62 TSOP22xx – Nova família de sensores IR para  
Acontece
06  controle remoto
ABEE 42 64 LT5581 – Detector de potência RMS para 6 GHz

Índice de anunciantes
Instituto Monitor ...................................... 3 Metaltex ................................................... 19 Microchip ............................................................ 59
Cypress .................................................. 5 ALV ........................................................... 29 Portal Saber Eletrônica ...................................... 63
Te x a s . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 Tato ............................................................. 29
NXP ..................................................... 9 Bürklin ...................................................... 31 A g i l e n t . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 ª c ap a
Cika ........................................................... 11 Honeywell ................................................. 41 S T M i c ro e l e c t ro n i c s . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 ª c ap a
National Instruments ............................ 13 IR ............................................................ 53 A t m e l . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 ª c ap a
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seção do leitor

Player de Ringtone - SE 429


Leio e acompanho a Saber Eletrônica há anos. A revista
sempre apresenta artigos úteis e esclarecedores. Porém
tenho algumas sugestoes!
Como leitor, reparei que, por exemplo, no artigo “Player de
Ringtones com Microcontroladores”, publicado na edição
nº 429, o autor entra nos últimos detalhes de programação,
mas não menciona onde pode ser adquirido o produto,
qual o seu preço e como se carrega o software. Gostaria
que visassem mais o contexto do usuário final.
Paulo Ernane
Belo Horizonte - MG

Caro Paulo, agradecemos sua preferência por nossa pu-


blicação e sua sugestão já está anotada. Nosso objetivo Saber Eletrônica nº 429
é sempre melhorar o conteúdo para poder adequá-lo ao
máximo com o nosso público-alvo. Continue nos enviando
suas análises através do e-mail: atendimento@saberele-
tronica.com.br. Obrigado pelo contato!

Chaves Seletoras poderia comprá-lo? Agradeço a atenção é difícil encontrar alguns componentes
Gostaria de saber se há algum artigo a e faço votos de boa sorte nessa revista para a montagem dos circuitos (micro-
respeito de chaves seletoras publicado na tão interessante para os profissionais de fone e fone de cristal, bastão de ferrite,
revista ou no site Saber Eletrônica. eletrônica. capacitor variável para transistores etc).
Rubervan dos Santos Aldonso Martins Gostaria que vocês me indicassem algu-
Powertemp Tecnologia Industrial Diretor Comercial ma loja, pode ser em São Paulo, que envie
Santo André - SP EcoEnergia Eficiência Energética produtos via correio.
Recife - PE Marcus Barra
Caro Rubervan, sobre chaves seletoras Rio de Janeiro- RJ
ainda não temos nehum artigo especí- Informamos que no site da Saber Ele-
fico, porém sua sugestão já foi encami- trônica (www.sabereletronica.com.br) Ficamos contentes em saber que está
nhada para nossos editores publicarem você encontra a pesquisa de componen- repassando seus conhecimentos de ele-
algo a respeito. tes viabilizada pela Net Components, trônica para seu filho e informamos que
onde há uma lista de empresas e forne- a loja Mvtech, localizada em São Paulo,
Fornecedores de CI cedores de produtos eletrônicos. Sobre faz encomendas via correio. Segue o site
Olá, editores da Saber Eletrônica, vi o MSP430 indicamos a loja Arrow Brasil da loja: www.mvtechbrasil.com.br.
em uma das matérias, um circuito re- (www.arrowbrasil.com.br), localizada
lacionado com a pesquisa que estou em São Paulo. Contato com o Leitor
desenvolvendo em minha empresa. Trata Envie seus comentários, críticas
sobre um medidor pontual monofásico Componentes e sugestões para atendimento@
de características elétricas, usando o CI Prezados senhores, tenho 45 anos e sabereletronica.com.br.
MSP430FE427. possuo a coleção Saber Eletrônica desde As mensagens devem ter nome
Procurei este CI em alguns fornecedores o número 49 (ano 1976). Recentemente, completo, ocupação, empresa e/ou ins-
folheando as revistas pensei em fazer tituição a que pertence, cidade e Estado.
e os mesmos só podiam importá-lo em
Por motivo de espaço, os textos podem
grande quantidade. Vocês podem in- algumas montagens eletrônicas para o
ser editados por nossa equipe.
dicar um contato ou uma loja, onde eu meu filho. Só que aqui no Rio de Janeiro

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acontece
Brasil precisará de R$ 10,2 bilhões
para alavancar Parques Tecnológicos
O Brasil precisará de R$ 10,2 bilhões nacional, os países estudados foram Eduardo Fiates, nenhum dos parques
para alavancar a evolução do setor França, Reino Unido, Espanha, Irlanda, tecnológicos brasileiros contribui
de empreendedorismo inovador no Finlândia, Japão, China, Índia, Coréia do de maneira efetiva para o desenvol-
País. A conclusão é do inédito estudo Sul, Taiwan, Cingapura, Malásia, Nova vimento científico, tecnológico e
sobre “Parques Tecnológicos no Zelândia e Estados Unidos. Depois da econômico do país. “É preciso que
Brasil”, desenvolvido pela Associação conclusão do mapeamento, o estudo haja estratégia política para equilibrar
Nacional de Entidades Promotoras fez a classificação para definir padrões e otimizar o potencial do Brasil. A
de Empreendimentos Inovadores e parâmetros de avaliação e compa- atuação desses centros precisaria
(Anprotec) em parceria com a Agên- ração. Por fim, estabeleceu-se visão estar mais integrada às necessidades
cia Brasileira de Desenvolvimento de futuro dos parques tecnológicos, regionais e às prioridades econômi-
Industrial (ABDI). proposições de políticas públicas e cas brasileiras. Sem esses elementos,
A pesquisa foi desenvolvida durante o programas de apoio aos centros e as tampouco sem o aporte de universi-
ano de 2007. Dos 57 parques tecno- empresas neles instaladas. dades ou instituições de pesquisa, fica
lógicos brasileiros identificados, 35 Segundo o dirigente da Anprotec difícil gerar desenvolvimento susten-
foram analisados. Já no cenário inter- e responsável pela pesquisa, José tado”, acrescenta Fiates.

Siemens:
crescimento de 33% no Brasil
Durante a coletiva de imprensa que tadorizada Somatom Definition Dual e a previsão de investimento é de R$
ocorreu este mês em São Paulo (SP), Source, alcançando o primeiro lugar 120 milhões”, diz. A empresa já inicia
o presidente da Siemens no Brasil, no mercado brasileiro de Ressonan- 2009 com R$ 5,3 bilhões em entrada
Adilson Primo, anunciou um cresci- cia Magnética por Imagem (RMI).Com de pedidos.
mento recorde de 33% no país. Com essas conquistas e novas estruturas a
esse número a empresa assume a Siemens afirma que com o seu novo
liderança em desempenho nos mer- portifólio pode suprir as necessida-
cados emergentes. O balanço fiscal des e oferecer soluções para os seus
foi encerrado no dia 30 de setembro, clientes em diversos segmentos.
com um faturamento líquido de R$ Houve também este ano um cresci-
4,6 bilhões maior do que os R$ 3,5 mento no seu quadro de funcionários
bilhões do ano anterior. em 2008. Aumentou dois mil novos
Segundo a empresa os números deste colaboradores e emprega hoje no
ano já remetem o novo portifólio, or- Brasil cerca de nove mil pessoas, 27%
ganizado desde janeiro nos setor de a mais do que no ano anterior. Além
Energy, Industry e Healthcare, com disso, a empresa aumentou em 26%
a Siemens IT Solutions and Services investimento em treinamentos. “O
como cross-sector.Em 2008 o setor segredo da Siemens é transformar
de Energia impulsionada pela procura os riscos em oportunidades” afirma
por parte dos países nas Américas, Primo que na entrevista mostrou-
obteve conquistas em exportações e se otimista e confiante para 2009,
oportunidades - chaves no mercado mesmo diante do cenário de crise
doméstico. Já na Industria conseguiu mundial. “ No ano fiscal que se inicia
grandes contratos no fornecimento temos o desafio de continuar cres-
de automação industrial, drives, equi- cendo, de 3 a 4 vezes o PIB brasileiro
pamentos elétricos, e soluções para
o segmento de óleo e gás.
O Presidente da Siemens no Brasil,
Com Healthcare, a Siemens estabe- Adilson Primo mostrou-se otimista para
leceu tendências com um inovador 2009, mesmo diante do cenário de crise
equipamento de Tomografia Compu- mundial.

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acontece
Abinee apresenta o faturamento de 2008

A Associação Brasileira da Indústria caminha junto com desempenho do bilhões, 40% acima do ano passado.
Elétrica e Eletrônica (Abinee) divulgou país, a Abinee prevê esta evolução. As importações deverão atingir US$
neste mês os dados do desempenho As exportações de produtos elétricos 33,7 bilhões neste ano, superando
do setor em 2008 e as perspectivas e eletrônicos crescerão 11% em 2008, 40% de 2007.
para 2009, com a presença dos dire- ultrapassando os US$ 9,3 bilhões de Com a permanência dos investimen-
tores das áreas de telecomunicações, 2007, somando este ano US$ 10,3 tos do Programa de Aceleração do
economia, automação, e informática. bilhões. A única área que apresentou Crescimento (PAC), e a constante
O faturamento da indústria em 2008 queda foi a de informática – 8%. E as inovação tecnológica em celulares na
crescerá 11% em relação a 2007, demais tiveram em média um cresci- eletrônica e na informática, asse-
totalizando R$ 123,7 bilhões. O am- mento de 4%. guram esse otimismo na indústria
paro nos investimentos e o aumento Os Componentes Elétricos e Eletrô- eletroeletrônica, mantendo estável o
do consumo, contribuiram para nicos continuam sendo os produtos número de empregados totalizando
esse bom desempenho da indústria mais importado, totalizarão US$ 19 166 mil para 2009.
eletroeletrônica. De acordo com a
associação, a área de telecomunica-
ções será a que mais vai faturar em
2008, obteve um crescimento de 21%
em comparação ao ano anterior, já a
indústria de componentes Elétricos e
Eletroeletrônicos deverá fechar com
saldo negativo – 5%.
“Expectativa positiva para 2009, 7%
factíveis.” afirma o presidente da
Abinee, Humberto Barbato, que
mesmo em um ambiente de crise
tem perspectivas otimistas para o
ano de 2009, já que as projeções de
crescimento do PIB do Brasil estão
por volta de 3%, e como a indústria
O presidente da Abinee, Humberto Barbato
(segundo, da esqueda para direta) apre-
senta o faturamento e as projeções de
crescimento para 2009.

Desaceleração econômica
afeta fabricantes de chips

Novos sinais de desaceleração na - única fonte de lucro para muitos A Intel, maior fabricante mundial de
demanda mundial por chips emer- fabricantes de chips nos últimos anos chips, cujos microprocessadores
giram neste último mês, quando a - estão reduzindo a produção e demi- acionam 80 por cento dos computa-
STMicroelectronics reduziu suas tindo trabalhadores. dores pessoais do planeta, anunciou
projeções para o quarto trimestre A STMicro, maior fabricante européia no começo do mês que previa uma
e fontes setoriais disseram que duas de chips, atribui à recente desacele- forte queda de vendas no quarto tri-
importantes empresas do setor em ração dos setores de comunicação mestre, devido à perda de demanda
Taiwan estão se preparando para sem fio, automóveis e periféricos empresarial e privada. As perspecti-
reduzir custos. para computadores a redução das vas desfavoráveis para o setor, foram
Os embarques de celulares vão cair projeções de vendas e receita no confirmadas por pesos pesados dos
em 2009, depois de diversos anos de quarto trimestre, apenas uma semana semicondutores como a Applied Ma-
crescimento aparentemente irrever- depois de ter confirmado os números terials e a National Semiconductor.
sível, e as montadoras de automóveis originais.

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acontece
STMicroelectronics e LG Electronics
apresentam celular com NFC

A STMicroelectronics e a LG Elec- aberta com os mais recentes padrões na implementação da tecnologia


tronics apresentam as vantagens do ETSI como Host Controller Interface NFC em um produto para o usuário
NFC (Near Field Communication) (HCI), Single Wire Protocol (SWP), final que oferece todos os modos
do telefone móvel KU380-NFC da para comunicação com o cartão operacionais NFC é uma grande
LG, que utiliza o system-on-ship (U)SIM, além dos padrões de co- oportunidade para a ST mostrar os
ST21NFCA da ST. municação RF 13.56MHz-based. Os benefícios da arquitetura aberta do
O novo lançamento oferece capa- primeiros protótipos do celular estão ST21NFCA”, completa.
cidades de pagamentos Paypass sendo demonstrados com a utilização
sem contato, viabilizadas por um de um cartão (U)SIM da Gemalto,
cartão (U)SIM, assim como funções totalmente compatíveis com todos os
de Reader/leitura sem contato. O padrões ETSI relevantes, com aplica-
telefone celular KU380-NFC, um dos ções Reader e PayPass.
primeiros aparelhos compatíveis com “O telefone KU380-NFC, primeiro
NFC do mercado mundial, aumenta a do mercado a utilizar o controller
flexibilidade para os desenvolvedores ST21NFCA NFC da ST , é o resulta-
de serviços ao suportar aplicações do de uma colaboração bem-sucedida
que operam tanto no processador do entre a LG Electronics, a Gemalto e a
terminal quanto no cartão (U)SIM. ST,” disse o gerente de marketing de
A ST e a LG conseguiram a flexibi- Telecom e NFC da STMicroelectro-
lidade do KU380-NFC através da nics, Laurent Degauque.“Colaborar
combinação de uma arquitetura com esses dois líderes e pioneiros

Produtos
Osciloscópios da Farnell

A Farnell Newark anuncia as novas sé- tivos de entrada e saída. A tendência


ries de Osciloscópios de sinais mistos é que nos sistemas embarcados os
MSO2000 e de tecnologia “Digital barramentos paralelos sejam substi-
Phosphor” DPO2000 da Tektronix. tuídos por barramentos seriais tais
São ferramentas que envolvem sinais como I2C, SPI, RS-232, CAN e LIN.
analógicos e digitais, recursos de na- Nos barramentos seriais um único
vegação e busca Wave Inspector que sinal pode incluir informações de
ajudam a verificar longos registros de endereço, dados, controle e clock; a
memória. Além disso, oferecem de- complexidade envolvida na depura- Osciloscópios de sinais mistos MSO2000
codificação automática de barramen- ção de circuitos que contenham essas e de tecnologia “Digital Phosphor”
DPO2000 da Tektronix.
tos de dados seriais e a nova função tecnologias é muito maior.
FilterVu, que permite a redução de As Séries MSO2000 e DPO2000 solu-
ruído na visualização do sinal através cionam estes problemas por meio de lógicos e digitais usando até quatro
de filtros. recursos de trigger, decodificação e canais de osciloscópio e 16 canais
A maioria dos projetos eletrônicos análises de barramentos seriais nunca digitais simultaneamente. As Séries
feitos atualmente possuem micro- antes verificados em um osciloscópio MSO2000 e DPO2000 são ideais
processadores, microcontrolado- nesta faixa de preços. Os MSO2000 para projetistas de sistemas embar-
res, DSPs, RAM, Flash, EEPROM’s, proporcionam ainda a habilidade de cados e de educadores envolvidos no
FPGAs, A/Ds, D/As e outros disposi- correlacionar no tempo sinais ana- ensino de sistemas digitais.

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acontece
Diretor da National Instruments
fala sobre mudanças do setor automotivo
Durante o evento NI Automotive Day, muito rapidamente. A demanda é por Os processadores multicore trou-
promovido pela National Instruments produtos com recursos cada vez mais xeram novas possibilidades para
no mês de novembro em São Paulo, sofisticados e de altíssima qualidade. E a as tecnologias mais avançadas. E a
que contou com a presença de cerca eletrônica será uma grande aliada neste linguagem gráfica de programação La-
de 180 pesquisadores e engenheiros caminho, via recursos de software e bVIEW, da National Instruments, tira
ligados à indústria automobilística, conectividade. Até 2010, segundo da- o máximo partido desta nova realida-
foram apresentadas as mais recentes dos da ABI Research, 40% dos compo- de, independentemente do número
tecnologias voltadas a este segmento. nentes de um carro serão eletrônicos. de núcleos de um processador.
O Diretor Internacional de Marketing O que representa um grande desafio
da líder mundial em instrumentação para os engenheiros do setor.
virtual, Dave Wilson, enfatizou o sta- As principais dificuldades passarão a
tus da classe mundial desta indústria situar-se na fase de testes e prototi-
no Brasil. Segundo o executivo, o pia. A maneira como se testava até
consumo de carros no País é maior recentemente não funciona mais.
do que na França e na Grã Bretanha. “Hoje, devemos tentar achar os
Só em 2008 já foram vendidos cerca problemas de um novo projeto no
de 3,25 milhões de automóveis, sen- mundo virtual e consertá-los, antes
do 90% deles com a tecnologia Flex. de fazer protótipos e testes no mun-
Para Wilson, esta é uma indústria que do real, e assim acelerar o ciclo do
está passando por grandes mudanças desenvolvimento”, diz Wilson.

Curtas
Crise Monitoramento Guia de Produtos

Para amenizar os efeitos da crise a Já está em funcionamento o novo siste- A nova atualização do guia de produ-
Sony anunciou neste mês a realização ma de segurança do MASP (Museu de tos da Atmel - para o inverno 2008
de um plano de restruturação, no qual Arte de São Paulo). Com 96 câmeras (inverno no norte do globo), já está
prevê a redução dos investimentos e a e sete monitores de alta definição, o disponível no endereço: www.onful-
demissão de oito mil dos 160 mil fun- sistema é o mais avançado do mundo fillment.com/atmel/. Para acessar
cionários. A empresa tem previsão de em museus, informa a LG Security basta colocar seu usuário e senha, e
fechar 10% das fábricas de produção e System que doou cerca de R$ 1mi- pesquisar os novos ítens. A empresa
redução de 30% nas aplicações, princi- lhão e meio ao projeto, iniciado em manufaturadora de semicondutores,
palmente para os aparelhos e compo- janeiro de 2008. O novo Centro de foi fundada em 1984. Sua produção
nentes eletrônicos. Com essa medida Monitoramento Avançado de Museus inclui as memórias EEPROM e Flash,
a Sony tem o objetivo de poupar US$ têm câmeras de giro localizadas em microcontroladores (incluindo o 8051,
105,00 bilhão. A queda da demanda e pontos estratégicos com capacidade a arquitetura ARM e sua arquitetura
a valorização do iene afetam as vendas de aproximação de 444 vezes, a maior própria, a Atmel AVR), FPGAs, chips
da Sony. Segunda a empresa estas disponível no mercado.Outra inova- para smartcard, RFID, interfaces RF,
iniciativas são a resposta aos imprevis- ção tecnológica é a câmera que fala CI´s para automóveis e outros com-
tos e às rápidas mudanças no cenário - por meio dela, as informações são ponentes eletrônicos.
econômico global. transmitidas por voz à pessoa que
monitora a central.

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reportagem

O Futuro Fabieli de Paula

dos Displays

Veja nesta matéria alguns destaques do


evento internacional - LatinDisplay 2008 e
descubra as novidades e perspectivas para a
tecnologia das telas

M
ostrador touch screen dupla de muitas gotas de óleo, os pixels mudem “O centro de gravidade da produção
face; monitor com imagens 3D; de cor.A HP trouxe o projeto de um display de displays está no Extremo Oriente, en-
tela de plasma do tamanho da reflexivo, que não consome energia com a quanto as novidades em mostradores 3D
parede ou com apenas 0,05 imagem parada e gasta muito pouco com a e flexíveis vêm em sua maioria da Europa
milímetros de espessura; moldura de foto imagem em movimento, para vários usos, e Estados Unidos. Porém, em aplicações,
em diodo orgânico emissor de luz (OLED); incluindo sinalização externa. O projeto é a América Latina tem um papel ativo. O
display OLED com vida útil mais longa e mundial e tem participação de cientistas destaque é a carteira estudantil equipada
com menor consumo de energia e até TV brasileiros do CTI (Centro de Tecnologia com computador e tablete que está sendo
digital portátil que cabe no bolso. A lista da Informação). Já a Qualcomm desenvolveu usada por alunos da rede pública de ensino
não pára de crescer. São tantas as novidades para os celulares o display que fica sempre do município de Serrana (SP), uma inovação
internacionais divulgadas este ano que fica ligado sem gastar energia. O destaque da brasileira que está ganhando força no Brasil
difícil acompanhar o mercado tecnológico fabricante são displays muito brilhantes e fora dele. A peça gerou muita atenção no
mundial de produtos eletroeletrônicos. sob a luz solar. LatinDisplay 2008, tanto na palestra que foi
Para reunir investidores, pesquisadores, es- Houve também um simpósio, onde ministrada pelo físico Victor Pellegrini Mam-
tudantes, governantes e até mesmo curiosos aconteceram palestras ministradas por re- mana, que é inventor de um dos dispositivos
da América Latina, aconteceu no mês de presentantes internacionais dos setores de usados nessa ferramenta educacional, quanto
novembro o LatinDisplay 2008. O evento pesquisa e desenvolvimento (P&D) e produ- na exposição paralela ao simpósio, onde o
apresentou diferentes tecnologias de fabri- tivo de displays. Segundo o organizador do produto foi exposto” afirma Engelsen.
cantes e centros de pesquisa que apontam a programa do simpósio, Daniel den Engelsen O especialista acredita que a indústria
tendência mundial de displays com imagem que é um dos principais especialistas em tec- de displays passa por uma fase em que é a
em 3D para dispositivos móveis. nologias para displays do mundo, apesar de cooperação entre engenheiros e pessoal de
Durante o evento a LiquaVista mostrou a América Latina hoje representar um papel marketing que está funcionando como mo-
uma inovação de baixo consumo de energia insignificante na produção de mostradores tor das inovações em produtos de displays.
fazendo com que a bateria do celular dure de informação, a região tem um papel ativo “Isso ocorre em displays 3D, mostradores
mais. A tecnologia permite que, por meio nas aplicações desses produtos. flexíveis e touch screens. Essas telas tor-

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reportagem
naram-se uma febre por causa do iPhone, touch screen facilita enormemente o uso
da Apple. Já as 3D são a nova moda nos e torna a vida dos consumidores mais fácil.
Estados Unidos, onde muitos cinemas estão Essa característica também é o ponto alto
investindo nessa tecnologia”. da carteira estudantil brasileira. Em vez de
Para Engelsen, os novos displays reflexi- usar o clássico mouse, qualquer um pode
vos que praticamente não consomem ener- facilmente desenhar e escrever on line na
gia dependerão muito de sua performance carteira, por meio do tablete ou touch scre-
de imagem para ganhar mercado, pois terão en, e ela ainda permite trabalho interativo
que apresentar bom contraste, representa- entre duas ou mais pessoas”. O próximo NX
ção e iluminação. Já os displays flexíveis, avalia, passo na digitalização do mundo, segundo Cy
atingirão apenas nichos de mercado. “A não ele, é o protocolo de TV de Internet (IPTV). Cik
ser que alguém encontre um meio para com- “Além de poder assistir à TV de qualquer At
binar uma forma agradável de utilização com parte do mundo, qualquer um poderá fa- Tex
um dispositivo móvel, como por exemplo, cilmente baixar informações da internet na Mo
quem sabe, vestir o display?”. tela de seu televisor. Isso vai tornar a vida de Ho
Para o consumidor dessas novidades em muita gente mais fácil. IPTV precisa ainda de Alv
displays, Engelsen lembra que o mais impor- estrutura adequada: cabos de fibra de vidro, Bu
tante é uma boa performance de imagem: nova compressão de vídeo etc. A China está Joe Valle, secretário de Ciência e Ag
iluminação suficiente e conveniente; cores seguindo nessa direção”. Tecnologia, escreve sobre a tela da Me
de alta fidelidade; alto contraste; eliminação Em relação à questão tecnológica dos carteira digital. Tat
dos reflexos de iluminação do ambiente; e displays, Engelsen conclui que os OLEDs ST
ausência de “artefatos” ao se assistir filmes, serão mais importantes na próxima década. nário na próxima década. Ele ressalta que os Na
por exemplo.“Esse é um problema presente “Isso porque eles podem ser produzidos por investimentos para fabricação de LCD estão Po
nas telas de TV LCD que sofrem de manchas custos menores que os LCDs, têm menor incrivelmente altos e que os grandes players
de movimento. As soluções que reduzem consumo de energia e excelente perfor- desse mercado são Samsung, LGE, Sharp,
as manchas de movimento ainda não foram mance de imagem.A Sony lançou a primeira AUO e CMEL. “A competição entre elas é
implementadas nos produtos atuais, um dado TV OLED de 11 polegadas em dezembro de extremamente agressiva. Se uma fábrica não
importante para quem está pensando em 2007 e sua performance é arrasadora! Tanto ocupa sua capacidade plena, está perdendo
comprar um LCD agora”. a Samsung quanto a Sony estão planejando dinheiro por causa dos custos fixos e depre-
Logo depois da performance de imagem, lançar novos modelos em 2009”, antecipa. Ele ciação de equipamento especial caríssimo.
o pesquisador cita que vem a facilidade de diz que a tecnologia CRT (sigla para tubos Agora, com a crise econômica, estas compa-
se colocar informação no display. “O iPho- de raios catódicos) será obsoleta em cinco nhias devem reduzir seus investimentos em
ne é um bom exemplo de como uma tela anos, enquanto os LCDs vão dominar o ce- fábricas de geração 10”. E

Carteiras digitais
O governo federal, por meio da projeto estratégico da secretaria para a
Secretaria da Ciência e Tecnologia democratização do ensino no país”, disse
para a Inclusão Social (SECIS), que Joe Valle, secretário de Ciência e Tecno-
pertence ao Ministério da Ciência e logia para a Inclusão Social do Ministério
Tecnologia, anunciou durante o Latin- da Ciência e Tecnologia.
Display 2008, que as salas de aula do O projeto já é aplicado em Serrana,
futuro, informatizadas, são prioridade interior paulista. “Serrana é o grande
para o próximo ano. laboratório para o país.Vamos aproveitar
O Projeto Alvorecer, caracterizado a expertise, a experiência que deu certo. o foco será estender o conteúdo e
pelas carteiras digitais - com com- E o nosso modelo para replicar no as novas ferramentas pedagógicas
putadores acoplados - e ferramentas Brasil”, comenta. De acordo com Valle, que integram o Projeto Alvorecer.
pedagógicas (softwares e materiais), o governo liberou em 2008 cerca de R$ “A tecnologia do CTI está pronta
vai ser levado para outras escolas da 1,5 milhão para pesquisas com a carteira para ser levada para as escolas. Agora,
rede pública do Brasil. “O projeto é digital e a implantação do sistema em vamos iniciar o processo para com-
prioridade para a secretaria em 2009 Serrana. plementar a solução tecnológica, por
e objeto do convênio que vai ser Serrana tem atualmente 160 carteiras meio de convênios para a ampliação
assinado entre a Abinfo (Associação digitais (Lap Tup-niquim). Segundo o dire- do conteúdo”. Um dos softwares, por
Brasileira de Informática) e a SECIS tor do projeto na Prefeitura de Serrana exemplo, tem recursos semelhantes
no começo do próximo ano. Este é o (SP), Miguel João Neto, a partir de agora ao usado pela NASA (EUA).

Dezembro 2008 I SABER ELETRÔNICA 431 I 15

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Desenvolvimento

Conheça os filtros
EMI/RFI em modo comum
Diferente dos antigos circuitos analógicos, a maioria dos circuitos
modernos utiliza fontes chaveadas. As fontes chaveadas ou “Switched
Mode Power Supplies” (abreviadas por SMPS) geram um elevado nível
de interferências e ruídos, ou seja, EMI e RFI.
Para evitar que os ruídos e interferências geradas se propaguem através
da rede de energia, devem ser usados filtros. Neste artigo, abordamos
alguns tópicos da tecnologia dos filtros em modo comum, assim como
a maneira como eles são utilizados

Newton C. Braga

C
ircuitos de comutação rápida, como Para os leitores que têm problemas
os usados em fontes de alimentação de ruídos e RFI gerados em circuitos
chaveada, podem gerar ruídos e comutadores de alta velocidade, como os
sinais de altas freqüências que se das fontes chaveadas, será interessante
propagam tanto pelo ar quanto através da entender mais sobre o funcionamento dos
rede de energia. filtros em modo comum.
Para evitar que os sinais se propaguem
através da rede de energia alcaçando
outros equipamentos ligados na mesma
rede, e que sejam sensíveis, devem ser
utilizados filtros.
Conforme mostra a figura 1, esses filtros
são normalmente intercalados entre o apa-
F1.Evitando que o sinal se progague.
relho interferente e a rede de energia.
No caso específico das fontes de alimen-
tação chaveadas, são raros os projetos que
não incluem um ou mais filtros, observe a
figura 2. Esses filtros podem ser do tipo
em modo comum (common mode) ou
diferenciais (differential).
Na maioria dos casos, entretanto, o
uso de um único filtro em modo comum
já consegue eliminar até 90% do ruído
gerado, dispensando-se assim o filtro F2.Filtro em modo comum e
diferencial adicional. diferencial interligados.

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O filtro em modo comum encontra nos enrolamentos uma impedân- material para se fabricar um indutor para
No filtro em modo comum existem cia elevada, pois ela não é cancelada pela um filtro é o ferrite. Esse material oferece
dois enrolamentos que são ligados cada corrente de retorno, isso quer dizer que a mais elevada impedância na faixa de
um em série com uma das fases do sinal de a tensão em modo comum que aparece é freqüências dos ruídos que devem ser
alimentação, conforme ilustra a figura 3. cancelada pelo indutor. O resultado é que eliminados. Na figura 5 temos uma curva
As conexões dos enrolamentos devem ser o sinal não passa para a rede de energia, em que mostramos a impedância Zt de um
feitas de tal maneira que os fluxos criados propagando-se até outros equipamentos toróide de ferrite em função da freqüência
pelos enrolamentos tenham sentidos em que sejam sensíveis. do sinal. Observe que os valores máximos
que um tenda a cancelar o outro. Dessa são alcançados entre 1 e 10 Mhz.
forma, a impedância apresentada pelo dis- O material do indutor
positivo se torna próxima de zero (existem A maioria das fontes chaveadas comuns
apenas pequenas perdas pela fugas e pela opera com freqüências entre 20 e 200 kHz.
resistência dos enrolamentos). O ruído gerado nessas fontes tem normal-
Conforme mostra a figura 4, o ruído mente uma faixa de freqüências entre 200
gerado por uma fonte chaveada aparece kHz e 50 Mhz, o que significa que o melhor
normalmente em uma das fases, ou nas
duas, e consiste numa componente de alta
freqüência. No entanto, como essa corrente

F7. Impedância x Freqüência.

F3. Filtro de modo comum.

F6. Gráfico da permeabilidade


F8. Representação do Núcleo Toroidal.
e fator de perda do material.

F4. O ruído retorna na outra fase.

F5. Impedância Zt de uma toróide. F9. Determinando o tamanho do núcleo.

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Desenvolvimento

No mesmo gráfico temos a reatância freqüências é a resistência em série que para a impedância total. Na figura 6 temos
indutiva em série (Xs) e a resistência em contribui mais para a impedância total. um gráfico em que a permeabilidade e o
série (Rs) do enrolamento, as quais são Quando a freqüência aumenta, par- fator de perda do material usado (ferrite) se
funções da permeabilidade e do fator de tindo de um baixo valor, a resistência em comportam em função da freqüência.
perdas do material, que, geram juntos a série cresce e começa a se somar com a Observe que a permeabilidade caindo
impedância total do dispositivo, a qual reatância em série criando Zt, a impedância depois dos 700 kHz, faz com que a reatância
está plotada. total. Em aproximadamente 700 kHz, a indutiva caia também, e o fator de perda
Esse gráfico revela que nas baixas fre- reatância decrescente iguala a resistência aumentando com a freqüência faz com que
qüências, a reatância indutiva Xs iguala a que aumenta. Acima dessa freqüência, a a resistência se torne o fator dominante
impedância total, enquanto que nas altas resistência em série é que contribui mais na determinação da impedância nas altas
freqüências.
Note que na figura 6 a impedância
total tem seu valor mais elevado, e por-
tanto de maior utilidade como material de
filtro, em freqüências entre 1 e 20 MHz.
Isso ocorre devido às perdas do material,
e somente com pouca contribuição da
permeabilidade.
Fica claro então que a faixa de fre-
qüências onde um material é útil num
filtro, é impossível de identificar a partir
da permeabilidade e fator de perdas em
baixas freqüências.
A melhor maneira de identificar o
melhor material é utilizando curvas com-
parativas (impedância x freqüência), como
a ilustrada na figura 7.
Nessa figura temos as curvas (impedân-
cia x freqüência) de três tipos de ferrites. O
material J tem uma impedância total alta
na faixa de freqüências de 1 a 20 MHz,
sendo o mais utilizado para se enrolar
filtros de modo comum.
Já o material W, tem 20% a 50% mais
impedância do que o material J em freqü-
ências abaixo de 1 MHz. Por esse motivo,
esse material é preferido para enrolar filtros
onde o ruído de baixa freqüência é o pre-
dominante.O material K, por outro lado, é
recomendado para o caso em que os ruídos
de alta freqüência predominam. Na faixa
acima de 2 MHz, esse material tem 100%
mais impedância que o material J.

Formato do núcleo
A geometria mais popular para o
enrolamento de filtros EMI/RFI é a que
faz uso de núcleos toroidais, veja a figura
8. Todavia, entre os dois enrolamentos, é
utilizado um divisor não metálico, cuja
finalidade é permitir sua fixação numa
placa de circuito impresso.
O núcleo “E” é mais caro do que o
núcleo toroidal, mas o seu uso tem suas
vantagens. A montagem é mais barata e as
bobinas prontas tem recursos para serem

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fixadas mais facilmente nas placas de
circuito impresso. O próprio enrolamento
exige máquinas menos sofisticadas, sendo,
por isso, mais econômico.
Deve-se considerar ainda que os núcle-
os E apresentam uma fuga de indutância
maior do que os núcleos toroidais, mas é
possível utilizar um “gap” que aumenta
essa fuga, e com isso fazer o dispositivo
absorver tanto os ruídos em modo comum
quanto os diferenciais.

Curvas de impedância
O tamanho do núcleo para um determinado
filtro pode ser determinado a partir da im-
pedância desejada e das curvas impedância
x freqüência do material. Na figura 9 temos
alguns exemplos dessa curvas.
Considerando o espaço no projeto
disponível para a instalação do filtro,
selecione um núcleo a partir do gráfico
na figura 9. Para obter uma impedância
específica, divida a impedância desejada
pela impedância por volta ao quadrado
(Z/N 2), obtida no gráfico na freqüência de
interesse. O quadrado desse número nos
dará o número de espiras que devem ser
enroladas no núcleo selecionado. Se esse
número de espiras não couber no núcleo,
um núcleo maior deverá ser escolhido. Não
será preciso levar em conta a possibilidade
de haver saturação do núcleo, pois a maioria
dos ruídos em modo comum é de baixas
tensões. As curvas mostradas nos gráficos
foram obtidas no site da Magnetics (www.
mag-inc.com) e são típicas para núcleos
comuns, com uma tolerência de 30%. As
variações normalmente são devidas às
mudanças do diâmetro do fio usado e sua
colocação no enrolamento.

Conclusão
Conforme os leitores perceberam, não é
difícil projetar um filtro EMI/RFI para uma
fonte chaveada usando toróides comuns.
O próprio comportamento do mate-
rial e a distribuição das freqüências que
devem ser eliminadas numa faixa que é
praticamente inerente às propriedades
dos ferrites, facilita as coisas. Se o leitor
estiver com problemas de EMI/RFI em
fontes chaveadas de circuitos os mais
diversos, por que não projetar e incluir
um filtro baseado nas informações dadas
neste artigo? E

Dezembro 2008 I SABER ELETRÔNICA 431 I 19

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Desenvolvimento

Tópicos em Eletrônica
Analógica: Ruído

Já a algum tempo os proble-

A
mas relacionados com o ruído ge-
lguns acreditam que escolher Qualquer circuito analógico que irá
rado pelo próprio sistema não se
componentes com os mais bai- alimentar um conversor analógico-digital,
limitam às aplicações industriais xos níveis de ruído irá garantir deve possuir ruído baixo para evitar a
e científicas. Aquisições de dados a operação otimizada de um redução da relação sinal-ruído (SNR).
circuito de condicionamento de sinais. A perda na relação sinal ruído, em
com alta resolução e medições
Isto não é verdade embora seja um dB, devido a um amplificador será dada
de precisão já fazem parte de bom ponto de partida. pela equação:
equipamentos de uso geral e, em O problema é que os datasheets for-
necem informações muito limitadas, sem
especial, a aplicações portáteis
especificar a origem do ruído, como o
alimentadas a bateria. ruído varia com o tempo, temperatura e
Nestes casos o desafio é maior configuração do circuito, para citar apenas
alguns exemplos de fatores que possuem Onde:
devido às tensões baixas encon-
influência no desempenho de um circuito NADC é o ruído rms, em μV, do
tradas em equipamentos alimen- em relação ao ruído. ADC,
tados por baterias. A precisão do O desenvolvimento de projetos com f-3dB é a largura de banda (-3 dB)
baixo ruído é fundamental para os dispo- do ADC ou a freqüência de corte
sistema depende totalmente do
sitivos atuais, sejam portáteis ou não. do filtro de entrada,
nível de ruído de fundo. Com a redução do valor da tensão de N é o ganho de ruído do ampli-
Para obter o melhor desempe- alimentação das aplicações atuais (devido ficador,
à necessária redução de consumo e para E n é a densidade espectral de
nho de um circuito de condicio-
operação eficiente com baterias) os sinais a ruído de entrada do amplificador
namento de sinais deve-se levar serem medidos ou monitorados possuem operacional em nV/√Hz
em conta todas as fontes de ruído, valor semelhante ao dos níveis de ruído. FSR é a faixa total de entrada do
Devido a redução da alimentação, ADC (10 V para uma faixa de
mesmo no nível de componentes,
ocorre uma redução no valor do LSB entrada de +/- 5V, por exemplo).
e entender sua contribuição no (Least Significant Bit) ou bit menos
nível de ruído geral do sistema significativo. Por exemplo, imagine um
sensor que gere uma saída de 30 mV Um sistema mal projetado irá degra-
máximo. Para um sistema de 12 bits, ½ dar a relação sinal/ruído desperdiçando a
Roberto Cunha LSB irá representar um sinal de 3,5 μV. precisão de um sistema com conversores
Qualquer ruído referenciado a entrada analógico/digitais de alta resolução.
com valor de 1 μV irá afetar significati- A obtenção de medições precisas em
vamente a medição. circuitos de alta resolução depende do

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nível de ruído do sistema. O máximo corrente. Quanto menor a corrente, mais Ruído
valor que pode ser obtido na relação dominante será o ruído Schottky, e seu Popcorn
sinal/ruído será: valor é dado por: Este tipo de ruído recebe esse nome
porque, quando reproduzido em um
altofalante, soa como pequenos estou-
ros. É caracterizado por variar entre F1: circ
men
diferentes níveis de ruído e pode durar
Onde: entre milissegundos até segundos. Bons
Ruídos relacionados com q = carga do elétron ou componentes de baixo ruído não apre-
os componentes 1,6 x 10-19 C sentam esse tipo de ruído.
Vários fatores devem ser considerados Io = corrente DC de operação
durante o desenvolvimento de amplifica- B = largura de banda em Hz Somatório das fontes
dores de baixo ruído utilizando ampli- de ruído
ficadores operacionais, principalmente Podemos ver na figura 1 o diagrama
cada tipo de ruído, seu comportamento Da mesma forma que o ruído Johnson, de um amplificador com a indicação das
e sua contribuição no desempenho geral o ruído Schottky é aleatório e possui dis- diversas fontes de ruído do sistema.
do sistema. tribuição gaussiana. As fontes de ruído são aleatórias
e dessa forma devem somadas geo-
Ruído Johnson ou Térmico Ruído Flicker ou 1/f metricamente (RMS). A fórmula mais
Um resistor qualquer solto sobre uma Tanto os amplificadores operacionais reconhecida para obtenção do ruído
mesa terá uma quantidade própria de como os resistores apresentam caracte- total de um circuito com amplificador
ruído associada a ele. Esse tipo de ruído, rísticas de ruído diferentes do que seria operacional que inclui os diferentes tipos
conhecido como Ruído Johnson, não está esperado a partir do cálculo do ruído de ruído é:
relacionado à qualidade do resistor e sua Johnson. Em baixas freqüências o ruído é
tensão será igual a significativamente ampliado e segue uma
característica 1/f, isto é, o espectro de ruído
apresenta uma quantidade igual de potên-
cia por década de freqüência. Este ruído
conhecido como Flicker é altamente depen-
Onde: dente da qualidade de ambos, amplificador Onde:
k = Constante de Boltzmann ou operacional e resistores. Um resistor de Vn = tensão de ruído do amplifi-
1,38 x 10-23 J/K fio irá apresentar menos ruído do que um cador operacional
T = Temperatura absoluta em resistor equivalente de carbono. In = corrente de ruído do ampli-
kelvin No caso dos amplificadores operacio- ficador operacional
R = valor da resistência em ohms nais, o ruído Flicker depende da quali- 4kTRext = ruído Johnson dos
B = largura de banda em Hz dade e do nível de cuidado empregado resistores externos
em seu projeto, além do processo de
fabricação utilizado.
Dessa forma, um resistor de 100 ko-
hms apresentará um ruído igual a 40nV
rms para uma largura de banda de 1 Hz e
temperatura de 25 ºC (298 kelvin).
Este tipo de ruído é aleatório, mas
possui uma distribuição gaussiana, o que
fornece um espectro de freqüência plano.
O ruído Johnson é independente e
sempre presente.
Em circuitos de baixo ruído, o ruído
Johnson gerado por um resistor externo
será, geralmente, o fator limitante e que
não pode ser facilmente reduzido.

Ruído Schottky ou Shot


O ruído Schottky está associado com
a corrente que circula em uma junção
PN, ocorre devido às flutuações dessa F1. circuito amplificador para condicionamento
de sinais mostrando suas fontes de ruído.

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Desenvolvimento

Ruído relacionado com um te, mas com o aumento de temperatura limitada por uma rede RC. Mas é impor-
amplificador operacional começa a ser um problema e irá dobrar tante lembrar que a largura de banda de
É importante conhecer os compromis- para cada aumento de 20ºC, já que a cor- ruído não é igual à largura de banda da
sos que deverão ser assumidos durante o rente de polarização IB irá dobrar a cada rede RC. Se o filtro possuir uma baixa taxa
projeto do amplificador. Como eles afetam 10ºC. Muitos amplificadores operacionais de corte (rolloff) a contribuição de sinais
o desempenho da aplicação, é importante JFET optaram por trocar tensão de ruído com freqüências maiores do que a freqü-
saber como o componente foi projetado por maires capacitâncias de entrada. Uma ência de corte do par RC pode ser muito
e qual o processo utilizado na sua fabri- simples comparação entre três tecnologias maior do que o esperado. A largura de
cação. As informações contidas em um pode ser vista na tabela 1. banda de ruído de um filtro passa baixas,
datasheet não são suficientes para uma Após a escolha do sensor e amplifi- do tipo Butterworth, de 1º ordem será igual
escolha efetiva. cador a ser utilizado, deve-se escolher os a 1,57 x f-3dB do filtro. Isso representa mais
A característica de ruído de um ampli- outros componentes que irão formar o de 50% de aumento.
ficador bipolar é dependente da corrente circuito. A melhor escolha é, geralmente, Um filtro de 2ª ordem, pelo menos, é
quiescente (polarização DC). O que funcio- utilizar resistores de pequeno valor que recomendável. Na tabela 2 podemos ver a
na para minimizar Vn, isto é, baixa resis- irão reduzir o efeito da corrente de ruído contribuição na largura de banda de ruído
tência de base rb e alta corrente de coletor do amplificador operacional. Os resistores de filtros de diversas ordens.
Ic, é o oposto do necessário para minimizar irão introduzir sua parcela própria de ruí-
In. Este é o maior compromisso a ser as- do que irá elevar o nível mínimo de ruído Um método para projeto
sumido em projetos com amplificadores do sistema. Iniciando com a escolha de um sensor e
bipolares. Componentes que apresentam O ruído introduzido pelos resistores suas características, ruído, impedância, res-
circuitos de cancelamento de Ib introdu- não deve dominar o ruído do sistema. posta de freqüência e nível de sinal, obter o
zem ruído correlacionado, que deve ser Reduzir a largura de banda da medição menor ruído referenciado à entrada (RTI)
levado em conta na análise de ruído do é uma boa prática no projeto de circuitos de irá otimizar a relação sinal/ruído (SNR).
circuito. Componentes com compensação condicionamento de sinais de baixo ruído. Em vez de lidar com as necessidades
de polarização possuem corrente de ruído Isso pode ser obtido com circuitos simples de ganho e potência primeiro e, aí, lutar
maior do que a prevista pela corrente de de um pólo ou com filtros ativos complexos com os problemas de ruído, pode ser mais
polarização Ib. de ordem mais elevada. interessante iniciar o projeto focando no
Componentes CMOS apresentam Como pode ser visto nas equações baixo ruído.
ruído de contribuintes diferentes em apresentadas, a largura de banda é um Como o processo é iterativo, inicie
diferentes regiões de operação. Ajustes item crítico no cálculo do ruído de um considerando se o amplificador irá operar
podem ser feitos para se obter melhor sistema. Quanto maior for a freqüência com banda larga ou na região 1/f.
desempenho em ruído, mas sempre terão de operação, maior será a quantidade Em seguida selecione os componentes
implicações na aplicação final. O ruído de ruído presente. Um circuito de baixo ativos para o melhor desempenho em
Flicker (1/f) é inversamente proporcional à ruído deverá possuir a máxima limitação relação ao ruído. Escolha os componentes
largura e comprimento do transistor, então possível em sua largura de banda. passivos e limite a largura de banda.
para reduzir o ruído, projetistas utilizam A largura de banda de ruído em um Analise as características que não são
transistores com maior geometria nos es- amplificador operacional é normalmente relacionadas com o ruído, como impe-
tágios de entrada. Essa escolha provoca o
aparecimento de capacitâncias de entrada Bipolar CMOS JFET
maiores que podem se tornar fatores limi- Tensão de ruído o melhor bom melhor
tantes para a aplicação.
Corrente de ruído bom o melhor melhor
Componentes CMOS possuem corrente
Freqüência de Corner o melhor bom melhor
de ruído muito menor quando comparada
com componentes bipolares. A corrente de Sensibilidade à temperatura o melhor melhor bom
ruído pode ser desprezada em temperatura
Tabela 1. Desempenho em ruído para diferentes processos de fabricação.
ambiente, mas poderá ser um problema
com o aumento de temperatura.
Comparado aos componentes bipola- Ordem do filtro Largura de banda de ruído
res, os que utilizam JFETs, que possuem 1 1,57 x f-3dB
baixo gm, tendem a apresentar tensões de 2 1,11 x f-3dB
ruído maiores para condições de operação 3 1,05 x f-3dB
similares. Sua tensão de ruído também
4 1,03 x f-3dB
contém ruído Flicker, mas apresentam
Tipo “Brick Wall” 1,00 x f-3dB
melhores correntes de ruído do que os
bipolares. Sua corrente de ruído In pode
Tabela 2. Largura de banda de ruído em função da ordem do filtro utilizado.
ser desprezada em temperatura ambien-

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dância de entrada, consumo de corrente parcialmente a corrente de polarização mas corrente de ruído circulando neles
e ganho em malha aberta. de entrada. Essa técnica pode adicionar provocam o aparecimento de tensões de
Continue este processo até que se correntes de ruído. ruído que irão entrar no sistema.
encontre uma solução que atenda todas É recomendável a escolha de três ou
as necessidades do sistema de forma sa- quatro dispositivos de baixo ruído. Leve Conclusão
tisfatória. em conta suas tecnologias. Verifique se téc- Projetos de amplificadores de baixo
Utilizando o circuito da figura 2 e subs- nicas especiais de projeto, como auto-zero, ruído para condicionamento de sinais
tituindo o amplificador operacional por cancelamento de corrente de polarização ou de sensores com baixo nível de saída
unidades com diferentes níveis de ruído amplificadores rail-to-rail, por exemplo, são necessitam que se fique atento a diver-
interno, podemos verificar sua influência adequadas para seu circuito. Procure fotos sas características que normalmente
no ruído de saída. da pastilha semicondutora mostrando a são desprezadas em outros tipos de
A densidade de ruído de um ampli- área dos transistores de entrada, lembrando aplicação.
ficador possui muita influência no nível que transistores maiores apresentam menor Todas as considerações a respeito
de ruído na saída do amplificador, como ruído mas capacitância maior. das fontes de ruído, intrínsecas aos
pode ser observado na figura 3. Onde são Projetos de baixo ruído devem utili- componentes utilizados, devem ser
mostrados os níveis de ruído na saída para zar resistores de baixo valor, portanto os levadas em consideração. A tecnologia
vários dispositivos, todos configurados estágios de saída devem ser capazes de e processo de fabricação dos amplifica-
para um ganho de 1000. suportar cargas maiores. Após a escolha dores operacionais são importantes no
É possível que, em alguns casos, um do amplificador operacional, devem ser desempenho final do circuito.
amplificador operacional com uma densi- escolhidos os resistores e capacitores. A E por fim, é extremamente impor-
dade de ruído de banda larga maior seja escolha inadequada de resistores irá au- tante que baixas impedâncias sejam
mais adequado que outro com especifica- mentar muito o ruído do sistema. utilizadas ao redor do amplificador para
ção menor. Se o sensor operar em freqü- Além dos resistores, capacitores tam- minimizar os efeitos das correntes de
ências muito baixas, um amplificador com bém devem ser utilizados para compen- ruído, do ruído térmico e captação de
baixo ruído 1/f será melhor opção. sação e redução de ruído. Componentes ruídos através de interferência eletro-
Amplificadores operacionais tipo reativos não adicionam qualquer ruído, magnética (EMI). E
Auto-zero corrigem erros que aparecem na
entrada continuamente. Como o ruído 1/f
se aproxima assintoticamente do nível DC,
ele também será corrigido. Esses amplifica-
dores são indicados para condicionamento
de sinal de sensores de baixa freqüência.
Para projetos de baixa tensão de alimen-
tação, saídas e entradas do tipo Rail-to-Rail
(RR) podem ser mais apropriados. Como a
tensão de modo comum vai de um extremo
da alimentação até o outro, um par dife-
rencial de entrada opera quando o outro
par para de trabalhar. Variações bruscas de
tensões de offset e corrente de polarização
de entrada podem causar distorção. F2. Circuito de condicionamento
de sinais.
Para lidar com esse problema, alguns
amplificadores operacionais utilizam cir-
cuitos do tipo charge pump internos para
eliminar distorção de crossover na tensão
de entrada.
Dependendo do projeto, o circuito
charge pump pode produzir ruído que irá
aparecer na saída do amplificador causando
problema se o ruído estiver dentro da banda
de interesse. Neste caso é aconselhável o uso
de um analisador de espectro para verificar
se a amplitude e freqüência forem muito
menores do que a do sinal.
Amplificadores operacionais bipolares
mais novos utilizam técnicas para cancelar F3. Nível de ruído na saída de um amplificador em função
do ruído interno do amplificador operacional.

Dezembro 2008 I SABER ELETRÔNICA 431 I 23

SE431_Ruido.indd 23 12/12/2008 17:43:59


Desenvolvimento

EMC (Compatibilidade
Eletromagnética)
Saiba como esse assunto pode diferenciá-lo no
mercado, e garantir a qualidade dos produtos e
serviços na sua empresa ou no seu emprego

Alexandre Capelli

C
om o aumento da velocidade pela rede elétrica através do cabo de um deles novamente, porém, o importante
de processamento dos sistemas alimentação. é saber que anomalias da rede elétrica
eletrônicos atuais, bem como o Muitas vezes a EMI propaga-se das (sags, spikes, distorção hormônica etc.)
emprego da “nanotecnologia” na duas formas, simultaneamente. são uma forma de ruído elétrico e podem
construção de circuitos, os problemas com A EMC é a característica contrária a contribuir para a geração de interferências
interferências ( geradas e absorvidas ) tor- EMI, isto é, ela é um parâmetro que reflete eletromagnéticas EMI.
naram-se um fator crítico para engenheiros o nível de interferência que determinado
desenvolvedores e de aplicação. O merca- equipamento emite. b) ESD:
do internacional, já há algum tempo, exige A palavra “compatibilidade”, no que A ESD ( descargas eletrostáticas) tam-
um certificado de garantia quanto à EMI se refere a EMC, significa que determinado bém já foi alvo de nossos artigos (revista
(Electromagnetic Interference ), o qual tor- dispositivo não emite interferência eletro- nº349 ) e, embora não possa ser classifica-
nou-se obrigatório para os fabricantes de magnética acima do nível compatível com da como um ruído eletromagnético, esse
equipamentos eletrônicos: trata-se da EMC sua categoria, e também apresenta deter- fenômeno é um tipo de distúrbio elétrico,
( Compatibilidade Eletromagnética). minada imunidade a EMI ao seu redor. que se caracteriza por uma descarga elé-
A intenção deste artigo é explorar um Apenas para exemplificar, os equipa- trica produzida pelo acúmulo de cargas
pouco a EMC, relacionando seus conceitos mentos eletrônicos embarcados em um armazenadas nos corpos. A ESD, além
fundamentais com os demais fenômenos avião devem ter altíssima imunidade a de danificar componentes eletrônicos,
correlatos ( EMI, ESD, distúrbios da rede EMI, pois uma interferência poderia cau- pode gerar EMI.
elétrica, etc. ) e propor algumas soluções sar um desastre. Resumindo, podemos
para o projetista ou técnico de aplicação. dizer que a EMI é a “doença” e a EMC o c) EMI:
“atestado de saúde”. Finalmente, temos o ruído eletro-
EMC e EMI Ainda neste artigo, discorreremos so- magnético propriamente dito, que
A EMC e a EMI são conceitos interliga- bre órgãos e logística de certificação. pode ser transmitido por irradiação ou
dos, porém, devemos entender de modo condução.
claro a diferença que existe entre ambos, Tipos de Interferências A EMI pode ser causada de modo
pois é comum encontrarmos confusões, Para melhor compreensão da EMC, contínuo (sempre presente), ou espora-
as quais apenas atrapalham a diagnose e vamos explorar um pouco alguns con- dicamente.
solução de problemas. ceitos básicos sobre os tipos de interfe- Podemos afirmar, portanto, que os
A EMI é o fenômeno físico da inter- rências que um circuito eletrônico pode três fenônemos acima (distúrbios da rede
ferência eletromagnética, por exemplo, sofrer, ou gerar: elétrica, ESD e EMI) são as três principais
quando ligamos um forno de microondas fontes de interferência em um circuito
próximo a uma TV, notamos a “interfe- a) Distúrbios da rede elétrica: eletrônico.
rência” (ruído eletromagnético) tanto na Na revista Saber Eletrônica nº 343 A seguir, analisaremos como interfe-
imagem como no som. publicamos um artigo que analisa com rências de diferentes naturezas podem
No exemplo dado, essa interferên- detalhes os tipos de distúrbios que uma gerar problemas semelhantes.
cia pode chegar à TV de duas formas: rede elétrica pode apresentar. Como não é
irradiada através do ar, ou induzida o foco deste artigo, não estudaremos cada (*)Este artigo foi publicado na edição da SE nº 350

24 I SABER ELETRÔNICA 431 I Dezembro 2008

SE431_EMC.indd 24 18/12/2008 12:12:55


ESD como EMI
A descarga eletrostática (ESD) pode
ser uma fonte de interferência eletromag-
nética (EMI). Os problemas que a ESD
pode gerar transcendem as etapas de
manufatura de circuitos e demais etapas
fabrís. Mesmo o equipamento estando
em pleno funcionamento em campo, a
descarga eletrostática gera interferências
eletromagnéticas cuja frequência pode
variar de 300 a 100 MHz (Figura 1).
É nessa hora que a ESD, mesmo se
inofensiva quanto a integridade dos cir-
cuitos, pode causar o mau funcionamento
do equipamento através da interferência
eletromagnética.
“Mas, fisicamente falando, como isso
pode ocorrer?” F1. Interferência eletromagnética gerada F2. ESD próxima a
O primeiro conceito importante que o por descarga eletrostática. uma máquina.
técnico ou engenheiro de campo deve en-
tender é que não é preciso uma descarga
eletrostática direta sobre o equipamento
para que haja EMI. Na verdade, a ESD
gera campos eletromagnéticos que po-
dem se propagar por mais de 10 m da
sua fonte.
Para melhor compreensão desse fenô-
meno, vamos analisar um exemplo práti-
co. A figura 2 mostra a ocorrência de uma
ESD nas proximidades de uma máquina. F3. Tabela.
Suponha que essa máquina possua uma
placa eletrônica com um lay-out (circuito E, aplicando a fórmula V= N.A.B
impresso) que tenha, pelo menos, uma podemos observar através da figura 3,
espira quadrada (na prática isso sempre como a ESD induz tensões no circuito.
ocorre). Pela lei de Faraday temos: No exemplo adotamos duas áreas: 1 cm2.
Notem que para uma área de 10 cm2 a
uma distância de 10 cm temos 20 volts
induzidos!
À primeira vista podemos ter a falsa
Onde: impressão que a amplitude do fenômeno
V = tensão induzida não é tão grave assim, visto que a 3 m
N = nº de espiras temos apenas 0,7 V induzidos (bobina
A = área da espira de 10 cm 2). F4. Zeners ligados
B = densidade do campo eletromag- Ora, temos que lembrar que, atual- em antiparalelo.
nético mente, existem no mercado processado-
L = distância da fonte de ESD até a res alimentados com apenas 2,1V. Isso a) Dispositivos protetores:
espira formada. significa que 0,7 V corresponde a 30% Há no mercado vários tipos de pro-
Assumindo os seguintes valores: do total da alimentação. tetores contra sobretensões, porém,
N = uma espira devemos ter cuidado na escolha, pois
A = vide tabela Fig. 3 Como proteger o equipamen- nem todos são rápidos o suficiente para
L = vide tabela Fig. 3 to da EMI gerada pela ESD? eliminar a descarga eletrostática.
dI = 10 A Para que uma proteção seja eficiente O diodo zener é uma boa opção. A
dt = 1 ns devemos “atacar” tanto a causa como figura 4 ilustra dois deles ligados em
PS: dI/dt = variação da corrente o efeito. Assim sendo, seguem agora antiparalelo. Esse “arranjo” não permite
pelo tempo. algumas técnicas para atenuação tanto que tensões acima da nominal do zener
da ESD como da EMI: cheguem ao circuito.

Dezembro 2008 I SABER ELETRÔNICA 431 I 25

SE431_EMC.indd 25 12/12/2008 17:40:30


Desenvolvimento

b) Filtros de alta frequência:


O filtro pode ser ativo ou passivo, des-
de que sua atenuação tenha um “range” de
100 a 300 MHz. Eis aqui uma proteção que
atua no efeito e não na causa.

c) Ferrites:
Os núcleos de ferrite tipo toroidais
também são muito eficazes para eliminar
a EMI, não importando sua fonte. A figura
5 traz um exemplo de aplicação.

d) Placas de circuito F5. Núcleos F6. PCI tipo


impresso ”multifaces”: de ferrite. multifaces.
Essa técnica, obviamente, somente
pode ser utilizada na fabricação do equipa-
mento. A razão da sua eficiência pode ser
facilmente entendida através da figura 6.
Como temos vários planos para dis-
tribuir as trilhas, evitamos a formação
de bobinas, o que dificulta a recepção de
ondas eletromagnéticas.

e) Aterramento:
O aterramento elétrico é a melhor so-
lução contra ESD. Não basta, entretanto, o
aterramento da planta da fábrica estar den-
tro das normas, se a máquina não estiver
com todas as suas partes bem aterradas.
Embora essa deva ser uma preocupa-
ção do fabricante, caso o técnico em campo
encontre uma simples “portinhola” metáli-
ca sem aterramento, não custa colocar um
“fio” ligando-a no restante da máquina.
A figura 7 mostra um exemplo de um
painel IHM aterrado. F7. Aterramento com
fio em painel IHM.
Outra amarga experiência em campo
Lembre-se: uma simples “portinha”
Há cerca de dois anos recebi uma so- rádio apenas pela espessura do tijolo não aterrada pode permitir a entrada de
licitação de assistência técnica atípica. da parede divisória. EMI.
Um cliente, que acabara de comprar A primeira solução que veio na minha
um Centro de Usinagem com CNC, mente foi tentar mudar a máquina 1ª Tentativa:
estava impossibilitado de utilizar sua para outro local na fábrica, mais dis- O defeito ocorria apenas quando o
máquina porque o vizinho (ou melhor tante do rádio. Isso não foi possível motor do eixo-árvore (principal e mais
vizinha) reclamava de interferências devido à logística de produção. A potente motor da máquina) era ligado.
na faixa de rádio AM. segunda solução foi tentar conversar Na verdade, esse motor era acionado por
O caso quase tomou proporções com a reclamante e mudar o rádio um inversor de frequência. De imediato ,
em esfera legal, visto que a vizinha de posição, porém, ela recusou-se de diminuí a freqüência de PWM do inversor,
em questão não conseguia ouvir imediato visto que dormia naquele a fim de que a EMI diminuisse na mesma
seu rádio AM nas estações acima de quarto, e era lá que desejava ouvir proporção.
1000 kHz, quando a máquina entrava o rádio.
em operação. Bem, uma vez definido o problema, Resultado:
De fato, foi uma terrível coincidência, comecei o processo de eliminação A interferência diminuiu, porém, ain-
pois, a máquina estava separada do da interferência. da estava presente, e a vizinha continuava
insatisfeita.

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SE431_EMC.indd 26 12/12/2008 17:40:39


2ª Tentativa:
Além da freqüência de PWM, ins-
talei um transformador isolado entre a
máquina e a rede elétrica. A intenção era
isolar a “antena” formada pelos cabos de
alimentação.

Resultado:
Pequena melhoria, mas ainda com
F9. Polaridades dos
interferência no rádio.
ruídos.

3º Tentativa: em relação ao “retorno”. No ruído comum


Instalamos uma tela metálica na pa- temos a mesma polaridade, tanto para “ida
rede do cliente. A tela estava aterrada, e como para volta”.
servia como gaiola de Faraday. O ruído diferencial predomina em fre-
Resultado: Inalterado. qüências menores que 1 MHz. Já o comum
para freqüências acima dessa.
4º Tentativa:
Retirei todas as modificações anterio- c) Tipos de capacitores
res, e colocamos no lugar três pequenos Finalmente, a última dica é quanto
núcleos toroidais de ferrite nos cabos de ao tipo de capacitor para cada faixa de
alimentação do inversor. freqüência.
A tabela a seguir mostra um resu-
Resultado: mo do melhor capacitor a ser utilizado
Eliminação completa da interferência. em um filtro em vista da freqüência de
Cliente e vizinha satisfeitos. operação.
“Que nos sirva de lição!”
Fontes de
Dicas para o engenherio de- alimentação x EMI
senvolvedor ou técnico de Nas duas últimas décadas, a fonte de
campo alimentação chaveada substituiu quase
Antes de analisarmos as fontes de ali- que na totalidade a linear. De maior ren-
mentação como geradores de EMI, vamos dimento, menor peso e menor tamanho.
estudar três conceitos importantes: Esse tipo de fonte tornou-se ideal para os
circuitos modernos. Porém, ela apresenta
a) “O esquema oculto” uma desvantagem em relação a fonte con-
A figura 8 mostra como os componen- vencional linear: o ruído elétrico emitido
tes passivos (fios, capacitores, indutores e pelo circuito “chaveador”.
resistores) se comportam na prática. Po- As fontes chaveadas operam em fre-
demos notar a diferença de performance qüências que variam de 20 kHz a 60 kHz.
para baixa e alta freqüência. Um capacitor, Algumas delas, além do circuito de “cha-
por exemplo, funciona como um circuito veamento” principal, também possuem o
LC, onde ele ganha um componente in- regulador de tensão chaveado. O resultado
dutivo em série. de tantos sinais modulados é a EMI. A
A resposta, conseqüentemente, tam- figura 10 ilustra os caminhos por onde a
bém muda. EMI sai da fonte para a rede. Notem que as
Essas diferenças entre componente pequenas capacitâncias parasitas formadas
ideal e real devem ser observadas pelo pelo transformador, transistor chaveado,
profissional de eletrônica. dissipador de calor e parte retificadora são
suficientes para transmitir o ruído elétrico
b) Ruído comum x Diferencial para a rede.
Outro fator importante é a natureza do A fonte chaveada não é apenas “vilã”,
ruído. Podemos encontrar, basicamente, pois, além de gerar ruído na rede, ela
dois tipos de ruídos: comum e diferencial. também é sensível ao ruído emitido por
F8. Componentes diferentes dos Conforme observamos na figura 9, o ruído outros dispositivos. Spikes, sags e outros
componentes passivos. diferencial apresenta a polaridade inversa distúrbios podem causar sua queima.

Dezembro 2008 I SABER ELETRÔNICA 431 I 27

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Desenvolvimento

“A” = equipamentos industriais e/ou


comerciais.
“B” = equipamentos residenciais
Independente da classe, as normas
têm três principais origens: Normas
Européias, Inglesas, ou Comissão Inter-
nacional.
As normas européias iniciam seu
código por EN (“European Norm”) , por
exemplo: EN61000-4- As inglesas por BSI,
porém, embora de códigos distintos no
prefixo, são equivalentes na função (por
exemplo: BSI 61000-4-2). Já as normas
da Comissão Internacional iniciam seus
códigos por IEC (International Electro-
F10. Caminhos da EMI da technical Commission).
fonte para a rede. A exceção às regras acima são as
normas específicas para Eletromedicina
e Sistemas de Informação, que iniciam
por CISPR.
Abaixo seguem as sete principais
normas sobre compatibilidade eletro-
magnética.
• CISPR11: emissão para equipa-
mentos médicos
• CISPR22: emissão para equipa-
F11. Filtros contra ruídos mentos de informação
(diferencial e comum). • IEC61000-4-2: limite para imuni-
dade a ESD
O “remédio” tanto para eliminar a Um dica ao desenvolvedor: Segundo a • IEC610100-4-3: limite para imu-
emissão de EMI quanto a sua recepção IEEE-C62.41 (Prática de Proteção de Fontes nidade a RFI (interferência por
é o mesmo. A figura 11 apresenta um de Baixa Tensão), uma fonte deve resistir a radiofreqüência)
filtro que elimina ruídos de natureza uma sobretensão de 106%, e a uma subten- • IEC61000-4-4: limite para imuni-
diferencial e comum. são de 87% por um tempo mínimo de meio dade a EFT (transiente extrema-
Embora esse filtro seja uma ótima ciclo de senóide (8,33 ms) sem apresentar mente rápido)
solução para a eliminação da EMI condu- variações à carga. • IEC61000-4-5: imunidade a tran-
zida para a rede, necessitamos de outra sientes (picos)
proteção para a EMI irradiada. Nesse Regulamentação • IEC61000-4-6: imunidade a RFI
caso, a gaiola de Faraday é bastante efi- Finalmente, vamos às principais “di- conduzida.
ciente para essa tarefa. cas” sobre regulamentação da EMC. Na
A figura 12 mostra uma fonte de um verdade, as normas e procedimentos sobre Conclusão
PC, onde podemos notar que ela está regulamentações da EMC tiveram origem “Mas, sendo um fabricante de equi-
confinada em uma caixa metálica que, na Europa em 1996. pamentos, como posso obter o certificado
junto com o restante do gabinete, dever O objetivo das normas é estabelecer de EMC para o meu produto?”
ser aterrada. Mais uma vez, essa técnica limites para a emissão de EMI, e suscepti- Semelhante ao processo de gestão de
protege o ambiente da EMI gerada pela bilidade a ela. A regulamentação interna- qualidade ISO 9000, podemos encontrar
fonte e vice-versa. cional divide-se em duas classes: no mercado órgãos certificadores de
EMC.
Tipo Frequência Máxima A maioria desses órgãos, além da cer-
Eletrolítico de Alumínio 100 kHz tificação, também oferecem consultoria,
Eletrolítico de Alumínio 1 MHz “enquadrando” cada caso nos padrões
Papel 5MHz internacionais.
“Mylar” 10 MHz
Cabe lembrar que esse certificado é
fundamental (obrigatório) para quem
Poliestireno ou Mica 500 MHz
pretende exportar produtos para a Co-
Cerâmica 500 MHz
munidade Européia e Estados Unidos.

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Mais uma vez solicito aos leitores
que nos enviem suas críticas e sugestões
sobre este e demais artigos desta revista.
Não se esqueçam que sua contribuição
é valiosa! E
Informações

Caso se interesse por mais informa-


ções sobre o tema, você pode aces-
sar os links indicados a seguir:

www.lit.inpe.br/areas/emi/emi.
htp
(certificação)
www.abricem.com.br
(cursos)
www.compliance-club.com
(informações gerais)
www.schaffner.com
(produtos)
www.campstat.com/glossario.
htm
(glossário de termos técnicos)
F12. Fonte típica
para PC.

Dezembro 2008 I SABER ELETRÔNICA 431 I 29

SE431_EMC.indd 29 16/12/2008 17:29:43


Eletrônica Aplicada
Industrial

Leitores RFID com


comunicação Ethernet
A
tualmente, os sistemas de co- Análise Situacional
municação estão avançando na Levando-se em conta o ambiente in-
convergência entre os meios da dustrial, cada indústria possui caracterís-
tecnologia da informação volta- ticas diferentes produzindo efeitos como
da ao ambiente corporativo e a tecnologia a umidade, poeira, produtos químicos,
da automação para o ambiente industrial. temperatura e interferências eletromagné-
Percebe-se que fabricantes de equipamen- ticas. Todos estes fatores podem interferir
tos de ambas as áreas estão apresentando na rede Ethernet Industrial.
soluções em hardware para realizar a Para que a tecnologia Ethernet Indus-
integração dos dados gerando um sistema trial tenha seu desempenho esperado,
integrado em tempo real. devem-se utilizar os procedimentos pa-
No ambiente Fieldbus (chão de fábrica) drões de cabeamento, de equipamentos e
é crescente a utilização do padrão Ethernet de montagem, com o objetivo de imunizar
como meio comum para integrar os dados a rede de possíveis defeitos.
de maneira mais simplificada com o am- O ambiente da aplicação pertence
biente corporativo. a uma empresa multinacional fabri-
Com o desenvolvimento da tecnologia cante de motores situado na cidade de
dirigida para a área de transmissão de Joinville-SC. O local de contexto é uma
dados, surgiu o PROFINET, um protoco- linha de montagem de processo seriado
lo para transmissões de dados enviadas dividida em 16 células operacionais. Cada
por estrutura Ethernet, com o propósito célula é rastreada por meio de leitores
de aumentar a qualidade e velocidade RFID que identificarão os pallets (tags)
da entrega de dados aos equipamentos que servem de base para a montagem do
industriais. produto (motor elétrico).
Baseadas na web, operações e ligação à O objetivo da rastreabilidade, além de
Internet se combinam para tornar o acesso fazer apontamento de tempos do processo,
fácil e de implantação simples, com quase será o controle da qualidade do processo
Este trabalho tem o objetivo ilimitada flexibilidade e escalabilidade. produtivo.
de mostrar a aplicabilidade de Esse método facilita a interligação de Neste ambiente existem muitas má-
leitores de identificação por rádio equipamentos industriais por toda a rede, quinas que geram interferências eletro-
tornando viável sua monitoração total. magnéticas (EMI), sendo um dos princi-
freqüência (RFID) de baixa fre- Contudo, para aplicações onde não há pais geradores de ruídos na transmissão
qüência (125KHz) com comunica- a necessidade de comunicação determi- de dados, exigindo a blindagem dos cabos
ção de dados via Ethernet – TCP/IP nística, o protocolo TCP/IP pode ser uma de rede e um sistema de aterramento
alternativa, associada ao meio físico da equipotencial.
(protocolo de Internet) em um estrutura PROFINET. Por se tratar de um É importante observar que a blinda-
ambiente industrial agressivo protocolo largamente aplicado, o TCP/IP gem seja uma malha e não apenas uma
viabiliza sua implantação pela grande capa metálica. Além disso, o aterramento
quantidade de dispositivos disponíveis no tem que seguir os padrões preconizados
mercado, reduzindo os custos em equipa- na NBR5410, garantindo o escoamento das
Antonio Dresch Jr. e mentos e instalações. correntes parasitas geradas pela EMI.
Danny R. Efrom Outra vantagem é ser um protocolo Outro fator degradante é a constan-
bastante difundido pelos programadores te presença de óleos lubrificantes que
de software, o que facilita sua integração provocam corrosão em materiais pro-
com os mais diversos sistemas. venientes de alguns polímeros (como o

30 I SABER ELETRÔNICA 431 I Dezembro 2008

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PVC), exigindo isolação especial para os Realizado nas devidas instalações e co e sistemático dos equipamentos, cabos
cabeamentos. com os procedimentos recomendados, e acessórios instalados na planta fabril
O leitor RFID de baixa freqüência pode-se confirmar a imunidade da co- observando possíveis falhas do sistema,
trabalha com acoplamento magnético e municação dos dados entre o leitor RFID levando em conta os agentes degradantes
com pequenas distâncias de leitura em e o controlador da linha de montagem do ambiente. E
relação às tags (80 mm). Portanto, nesta possibilitando a construção de um sistema
configuração não será influenciado pela robusto. Bibliografia
EMI, já seu gabinete deve ser feito de ma-
terial resistente a corrosões do ambiente. Conclusão
1) Isotron-Harting - Ethernet
Nesse caso foi utilizado de poliamida A utilização do TCP/IP no chão de fábri-
Industrial - Disponível em: http://
com comportamento de combustão auto- ca é uma convergência tecnológica em busca www.isotron.com.br
extinguível. do aprimoramento dos processos e redução 2) Lumberg Automation - Field
Este gabinete possui classe de proteção dos custos para a transmissão de dados. attachable connectors - Disponí-
IP65 quando instalados seus respectivos Tendo em vista os agentes contami- vel em: http://www.lumbergau-
tomation.com
conectores atendendo as exigências do nantes existentes e o nível de exigência
3) Prado, Eduardo - Wireless LAN
circuito interno. extrema do ambiente, quando compara- no mercado corporativo - Dispo-
Os conectores do cabo Profinet do com outras indústrias, a viabilidade nível em: http://www.wireless-
devem prever conexão da sua blindagem técnica deste projeto se justifica, visto que brasil.org/wirelessbr/colabora-
para o terra (PE) em todas as suas termi- atende às normas e recomendações dos dores/eduardo_prado/artigo_
26.html
nações, garantindo a imunidade a ruídos fabricantes.
4) Phoenix Contact - Fieldbus
EMI e capacitâncias indesejadas devido ao Esta mesma configuração pode ser Conector - Disponível em: http://
comprimento do cabo. utilizada em ambientes menos agressi- www.phoenixcontact.com
Nos cabos elétricos de alimentação vos, garantindo assim a sua blindagem 5) Ulrich, Maikon - Aplicação do
do leitor RFID e nos cabos Profinet em eventuais mudanças dos processos cabeamento para rede Ethernet
Industrial - Trabalho de Gradu-
é utilizado isolação PUR (Poliuretano), ou as instalações de novas máquinas nas
ação. Faculdade de Tecnologia
conforme recomendação do fabricante, proximidades. SENAI Joinville-SC.
resistente aos fluidos e outros agentes do Como trabalho futuro fica a sugestão
ambiente inserido. de realizar o supervisionamento periódi-

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Eletrônica Aplicada
Industrial

Conversor CC-CC
Forward Tipo Buck

Este artigo refere-se ao projeto As máquinas de soldas com eletrodo Configuração do equipa-
de um conversor CC-CC através da revestido existentes atualmente no mer- mento de soldagem
cado nacional apresentam como fonte de A configuração do equipamento de
topologia de uma fonte chavea-
alimentação fontes de energia conven- soldagem com eletrodo revestido é uma
da Forward tipo Buck aplicado à cionais como transformadores de tap´s, das mais simples possíveis e esta classi-
máquina de solda a arco elétrico porém é possível desenvolver e aplicar a ficada em:
topologia de fontes eletrônicas, entre elas • Fonte de energia;
com eletrodo revestido
à de fontes chaveadas. O objetivo deste • Pinça (alicate) para ligação à peça;
artigo é expressar através de cálculos e • Cabos de interligação (eletrodo e
simulações esta possibilidade. terra);
Alexandre Araújo dos Santos, Soldagem a arco elétrico com eletro- • Porta eletrodo;
Érico Back Machado e do revestido. • Revestimentos dos eletrodos.
Patrícia Sebajos Soares O princípio de funcionamento das São utilizados na soldagem a arco
máquinas de soldas a arco elétrico com elétrico uma fonte de energia capaz de
eletrodos revestidos, é que através da fornecer valores de tensão e corrente nas
geração de calor transferir o metal do faixas apresentadas na tabela a seguir e
eletrodo ao metal base e soldar a peça. que foram utilizados como parâmetros
Itens importantes fazem parte disto: para o projeto do conversor Forward
• Produzir arco elétrico através de tipo Buck.
curto-circuito ou seja através de A primeira etapa tem início, quando
contato elétrico do eletrodo ao o interruptor (T1) é disparado e começa a
metal base (a temperatura atinge conduzir. A fonte Vin fornece energia ao
aproximadamente 4000°C); enrolamento primário do transformador
• Controlar o comprimento do arco, e devido ao fluxo magnético originado faz
a abertura e a reabertura; com que esta energia seja induzida no en-
• A tensão sem carga é a tensão antes rolamento secundário do transformador.
de iniciar o arco e este valor varia A tensão induzida polariza diretamente o
entre 60 a 70V aproximadamente; diodo (D6) colocando-o em condução.
• A tensão de abertura do arco é a O indutor de filtragem (L3) armazena
tensão no momento de ser fazer o esta tensão e impõe uma corrente na
arco, o seu valor correspondente é saída, logo, a corrente no primário cresce
o mínimo; já a partir de um valor mínimo, a esta
• A tensão de trabalho é a tensão corrente chama-se de magnetização. A
durante a soldagem, apresenta-se corrente que passa a circular pelo enro-
em torno de 30V; lamento secundário irá fornecer energia
• A corrente de soldagem é respon- tanto para o capacitor (C2) como para a
sável pela distribuição espacial da carga (R). Esta etapa é finalizada quando
energia térmica do arco elétrico e a o interruptor (T1) é bloqueado. Durante
sua intensidade é o que determina esta etapa não há corrente no enrolamento
a taxa de deposição na peça. de desmagnetização.

32 I SABER ELETRÔNICA 431 I Dezembro 2008

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A segunda etapa ocorre, quando o in- Diâmetro do Eletrodo (mm) Intensidade Aproximada (A) Tensão Aproximada (V)
terruptor (T1) e o diodo (D6) se bloqueiam, a 1 35 18
corrente (iLs) do indutor de filtragem circula 2 70 19 a 21
pelo diodo (D7) porque o mesmo é polariza- 3 105 22 a 25
do diretamente e entra em condução, a ener-
4 140 26 a 28
gia acumulada na indutância magnetizante é
5 175 29 a 30
devolvida à fonte de alimentação através do
diodo (D5) tanto o indutor de filtragem (L3) 6 210 31 a 36
como o capacitor (C2) passam a fornecer ener-
Tabela 1 - Valores usuais.
gia à carga, mantendo sua corrente constante
pode ser observado que o transformador
deve ser inteiramente desmagnetizado nesta
etapa, ou seja, toda a energia armazenada
no transformador deverá retornar à fonte,
caso contrário ele saturará e provocará um
· ·
mau funcionamento no conversor, para que
isto aconteça é necessário que a razão cíclica
seja a máxima, quando for concluída esta ·
etapa de desmagnetização, o diodo (D5) é
bloqueado.
A terceira etapa acontece após o blo-
queio de (D5), a carga continua sendo
alimentada pelo indutor de filtragem (L3) e
pelo capacitor (C2) até o instante, em que o F1. Primeira etapa de
Funcionamento.
interruptor (T1) passar a conduzir dando iní-
cio a um novo período de funcionamento.
As principais características do conver-
sor Forward tipo Buck são:
• É um conversor de transferência direta
de energia; ·
• A saída é isolada da entrada;
• Permite ajustar a razão cíclica de ope-
ração através da relação de transformação e
opera como abaixador; · ·
• Possibilita usar várias saídas;
• A corrente de saída é de boa qua-
lidade;
• A corrente na entrada é descontínua.

Especificação do projeto F2. Segunda etapa de


funcionamento.
Vinmin = 263,16V - Tensão mínima de
entrada;
Vinmax = 277,01V - Tensão máxima de
entrada;
Vout = 30V - Tensão de saída do con-
versor;
·
Iout = 100A - Corrente de saída do
conversor;
η = 75% - Rendimento do conversor
Forward; · ·
Pout = 3000W - Potência de saída do
conversor;
fs = 30kHz - Freqüência de chavea-
mento;
Dmáx = 0,5 - Razão cíclica máxima;
Ta = 400C - Temperatura de operação. F3. Terceira etapa de
funcionamento.

Dezembro 2008 I SABER ELETRÔNICA 431 I 33

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Eletrônica Aplicada
Industrial
Através de cálculos chegou-se ao • Coeficiente de perdas por histeresse: De acordo com o que foi calculado o fio
valor de indutância do indutor de filtro kh= 4.10-5 deve ser 7 AWG, seção 0,1055 cm2, seção
de saída 109,60. • Coeficiente de perdas por correntes de isolamento 0,1122 cm2. Mas, deve ser
parasitas: ke = 4.10-10 levado em consideração o diâmetro máxi-
• Excursão da densidade de fluxo em mo possível do condutor no núcleo – este
teslas: Δ Bm = 0,15 é o que deve ser utilizado. Portanto deve-
• Pn=Ve . Δ Bm2,4(kh.fs+ke.fs2) = 2,55 W se calcular a quantidade de condutores
As perdas totais no indutor são em paralelo para que atenda ao exigido.
O valor calculado é de 17 condutores em
paralelo, com a seção de 0,188 cm2.
PT = Pc + Pn = 2,99 W O fio escolhido de acordo com a seção
calculada deve possuir a bitola 3 AWG,
seção 0,2667 cm2, seção de isolamento
Com uma área de janela do núcle O capacitor de saída definido que 0,2837 cm2. No entanto, também devem
de 7,93 cm 2, serão necessárias 21 es- satisfaz as características desejadas de ser calculados condutores em paralelo
piras e um entreferro de 1,067 mm. E capacitância (C2) e RSE é: H 1.500 μF x para o secundário, atendendo ao diâme-
o condutor encontrado é o 3 AWG de 63 V da marca Epcos, Resistência Série tro máximo possível. Condutores em pa-
seção 0,2667 cm 2 e seção de isolamento Equivalente de 0,08 Ω. ralelo no enrolamento secundário são:
0,3017 cm2. Para especificar o núcleo do tran-
formador são adotados os valores a
seguir:
Kp = 0,3 - Fator de utilização primário;
Kw = 0,5 - Fator de utilização da área
da janela;
j = 450A/CM2 - Densidade de corrente;
ΔB = 0,3T - Variação da densidade de
Porém de acordo com a tabela de fluxo.
fios de cobre que o diâmetro máximo O cálculo da área total do núcleo re-
que satisfaz o especificado é o condutor sultou em: 55,87 cm4 para Ae . Aw. 41 com seção de 0,01148cm2.
19AWG, seção 0,006527 cm2. Portanto , Da tabela de núcleos do fabricante
a seção calculada é maior que a máxima Thornton optou-se pelo NEE-65/33/52
possível sendo necessário utilizar-se (o mesmo núcleo indutor de filtragem),
condutores paralelos para adequar ao que possui área efetiva da perna central
permitido. do núcleo conforme: Ae=10,57 cm2.
O número de espiras do primário é
calculado: 14 espiras;
O número de espiras do secundário é O fio definido de acordo com os
calculado: 4 espiras; cálculos deve ser 15 AWG, seção 0,0165
O número de espiras do enrolamento cm2 , seção de isolamento 0,019021 cm2.
de desmagnetização é considerado o Entretanto devem ser calculados de
Para verificar se a taxa de ocupação mesmo das espiras do primário: Nd = Np condutores em paralelo para atender o
da janelo do carretel do núcleo escolhido = 14 espiras. diâmetro máximo.
comporta o enrolamento, calcula-se o
fator de ocupação do mesmo.

Chegando-se a três condutores em


paralelo. O diodo escolhido é o SKN 71/04
A elevação da temperatura de ope- da Semikron. A corrente média no diodo
ração do indutor deve ser no máximo de circulação (D7) é:
de 40º C.
As perdas no núcleo de ferrite são
calculadas pelas seguintes expressões A seção do condutor para o enrola- Idmed=lout.D = 50 A
empíricas: mento primário é : 0,0574 cm2.

34 I SABER ELETRÔNICA 431 I Dezembro 2008

SE431_CC2.indd 34 16/12/2008 19:05:10


A máxima tensão reserva sobre o dio- As perdas totais são: tre os mais diversos tipos de conversores
do (D7) será a mesma do diodo (D6). CC-CC isolados e não isolados existentes,
o motivo de sua escolha deve-se porque
PtotlGBT = PconlGBT + Poff = 10,59 W as máquinas de soldas a arco elétrico
VD7 máx = VD6 máx = 81,84 V requerem um valor menor de tensão na
saída. Portanto é necessário utilizar-se da
A resistência térmica do dissipador é: topologia abaixador de tensão, o fato de
O diodo escolhido é o SKN 71/04 da ser isolado é devido a isolar a entrada da
Semikron. saída. Este conversor é o mais adequado
Após ter especificado os diodos de para o valor de potência da máquina de
magnetização e de circulação, pode-se solda.
então determinar a potência dissipada É apresentado como sugestão a espe-
sobre os mesmos e o uso, ou não, de cificação dos componentes que podem ser
dissipadores. Conclusão empregados na montagem. Conclui-se
De acordo com o calculado a resis- que a área de Eletrônica de Potência é uma
tência térmica entre o dissipador e o am- área muito promissora e que este trabalho
Pd = Vf.Idmd + rt.IDef2 = 96,6 W biente é necessário utilizar o dissipador, é apenas umas das inúmeras aplicações e
o mesmo pode ser o K5 - M8, fabricante estudo que podem ser realizados. E
Semikron.
A resitência térmica calculada com Neste projeto é necessário a utilização Bibliografia
base nos dados fornecidos pelo data sheet de um circuito de comando para polarizar
entre junção e ambiente é: e disparar a chave (interruptor) da fonte 01) BARBI, Ivo - Projeto de Fontes
Forward por isto foi definido utilizar o Chaveadas - Publicação
circuito integrado SG 3525 a sua definição Interna: Florianópolis - 1997.
deve-se, por atender as especificações do 02) BARBI, Ivo - Eletrônica de
Potência - Edição do Autor
projeto, simplicidade e pelas seguintes
- 2000.
características que são apresentadas a 03) BARBI, Ivo; MARTINS, Deni-
seguir: zar C. - Conversores CC-CC
De acordo com o calculado - a resis- • Possui tensão de referência regulada básicos não isolados - Edição
tência térmica entre o dissipador e o am- de 5,1V; dos Autores - 2000.
05) MARQUES, Paulo Villani
biente – é necessário utilizar dissipador, o • Consumo na faixa de 15mA;
- Tecnologia da Soldagem -
mesmo pode ser o P1/120 – M12 fabricante • Faixa de tensão de trabalho entre ESAB - O Lutador, 1ª ed. - 1992.
Semikron. 8V e 35V; 07) SENAI - Departamento Nacio-
O interruptor especificado é o IRG4P- • Baixo custo; nal. Manual de Soldagem
SH71U. • Fácil aquisição no mercado e bas- - Edição interna - 1976.
08) HOFFMAN, Salvador - Solda-
Após definido o interruptor, é preciso tante utilizado;
gem: Técnicas, Manutenção,
verificar se há necessidade do uso de um • Flexível a todas as configurações Treinamento e Dicas. - Sagra
dissipador para dissipar o calor gerado (Push-pull, Fly-Back, Forward,…); Luzzato - 1992.
no interior do componente durante a • Possui oscilador interno com faixa 10) PETRY, Clóvis A. ; NETO, Anis
sua operação. Seguem os cálculos das de freqüências de trabalho de 100Hz C. - Projeto e Implementação
de uma Fonte de Alimenta-
perdas. até 500kHz;
ção Isolada do Tipo Forward
As perdas por condução são dadas: • Soft-start interno; Isolada - Publicação Interna
• Amplificador interno (de erro in- INEP/UFSC - 2000.
tegrado); 11) BASCOPÉ, René P. T.; PERIN,
• Controle do tempo morto ajustável Arnaldo J. - O Transistor
IGBT Aplicado em Eletrônica
para garantir que os dispositivos
de Potência. 1ª ed - Sagra
de chaveamento não conduzam ao Luzzatto - 1997.
mesmo tempo, levando à queima 12) WAINER, Emílio; BRANDI
dos mesmos. Sérgio D. MELLO, Fábio D.
As perdas por bloqueio são: Através de todo o equacionamento e H. - Soldagem Processos e
Metalurgia. 1ª ed - 1992.
simulações realizados no software Spice, é
13) MARQUES, Paulo V.; MODE-
possível implementar este projeto na prá- NESI, Paulo J.; BRACARENSE,
tica, montando um protótipo e fazendo-se Alexandre Q. - Soldagem:
alterações e adequações necessárias. Fundamentos e Tecnologia. 1ª
A topologia Forward tipo Buck foi ed. - 2005.
definida após todo o estudo e pesquisa en-

Dezembro 2008 I SABER ELETRÔNICA 431 I 35

SE431_CC2.indd 35 16/12/2008 19:05:26


tecnologias

O que falta
*Alexandre Novakoski

para a Tecnologia 3G
decolar de vez?
maneira que venha facilitar a adequação da
rotina à crescente velocidade de cognição
pela qual a humanidade vem passando.
Pensar que um executivo português,
enquanto viaja de trem, pode muito bem
esclarecer face a face dúvidas de seu cliente
baseado no Brasil, ao mesmo tempo em
que participa de uma conferência com seu
sócio espanhol, é de fato uma funcionalidade
bastante útil no mundo corporativo de hoje,
que quase sempre exige otimização nos
processos de tomada de decisões negociais.
O que dizer então daqueles fanáticos por
futebol que poderão ver e ouvir de perto
uma entrevista com seu ídolo-artilheiro do
campeonato logo após o término da parti-
da? Se bem contextualizado, o novo padrão
– aliado a sistemas avançados de navegação
via satélite – trará inovações práticas aos
usuários.
A interatividade tem ditado o rumo da
comunicação de uns tempos para cá. Com

O
o advento da internet, logo surgiram a web
que falta para a 3G se tornar A informação a ser transmitida aos usuá- 2.0, os conceitos “wikis”, além da mudança
um sucesso? Esse é o questiona- rios é fundamental. Consumidores, por mais na forma tradicionalista de comunicação de
mento que certamente muitos vanguardistas e adeptos ao mundo tecnoló- muitos jornais, que passaram a abrir espa-
empresários do ramo de telefonia gico que sejam, apenas são motivados a usar ços para conteúdos colaborativos de seus
se fazem diariamente, em busca de uma uma nova mídia se forem dadas explicações leitores. E com a tecnologia 3G não será
solução que impulsione de uma vez por objetivas das inúmeras possibilidades e dos diferente. Contudo, publicidade somente
todas as vendas de equipamentos baseados reais benefícios que ela lhes trará. Afinal de não basta. As empresas de telefonia móvel
nesta tecnologia. contas, estamos falando de um veículo ainda apenas enxergarão um cenário alvissareiro
Embora já tenham superado a marca de dispendioso se cotejado com outros meios se conseguirem provar o caráter utilitário
100 milhões de assinantes pelo mundo, os de comunicação, cuja qualidade no intercâm- da tecnologia a seus futuros assinantes. Com
usuários de 3G ainda representam uma par- bio de dados, segundo muitos especialistas, criatividade e investimentos também na
cela pequena se comparados com os atuais é por vezes inferior. produção de conteúdos pragmáticos, quem
2 bilhões de assinantes de telefonia móvel Dizer que a 3G é uma mídia que simples- sabe não serão capazes de cunhar o termo
em todo o globo. Não é preciso ser nenhum mente permite enviar e receber vídeos por “3G maníacos” em breve? E
guru da telecomunicação para constatar meio de um aparelho móvel é incorrer em
que as operadoras de celular terão que se uma arriscada miopia de mercado. Se anali- (*)Alexandre Novakoski é gerente de canais
desdobrar para fazer da tecnologia 3G o sada sob um prisma mais aguçado, é certo da Seal Telecom, empresa especializada na
fenômeno de vendas que o GSM foi. Mas que veremos uma tecnologia capaz de mudar distribuição e implantação de sistemas para
por onde começar? comportamentos e hábitos de vida, de uma comunicação presencial e à distância.

36 I SABER ELETRÔNICA 431 I Dezembro 2008

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tecnologias

Apresentamos um processo
de projeto básico para criar
botões CapSense utilizando o
módulo do Usuário CSD e o PSoC.
Será abordado a geometria do
sensor, o layout da PCB, visão
esquemática do CSD, determina-

Teclas CapSense TM ção de valores de componentes


e projeto para manufaturabi-
lidade

com CSD
Mark Lee

O
módulo de usuário CSD propor-
ciona sensoriamento capacitivo
de alta performance utilizando um
modulador Sigma-Delta. CSD é
parte da solução PSoC CapSense da Cypress
para sensoriamento de toque capacitivo que
já substituiu mais de 2,5 bilhões de interrup-
tores mecânicos.
O sensoriamento de toque CapSense
está mudando a aparência do projeto indus-
trial em produtos como telefones celulares,
PCs, eletrônica de consumo e linha branca.
As soluções CapSense apresentam a robusta
arquitettura PSoC, Programmable System-
on-Chip, que acelera o tempo de acesso
ao mercado, integra uma ampla variedade
de funções críticas no sistema e reduz os
custos (figura1).
Uma vista em corte da placa de circuito
impresso (PCB) CapSense para uma aplica-
ção típica é mostrada na figura 2. Uma área F1. Sensoriamento PSoC CapSense da Cypress.

Dezembro 2008 I SABER ELETRÔNICA 431 I 37

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tecnologias

F2. Seção em corte de um sensor F3. Uma configuração possível para o CSD do
capacitivo CapSense. CapSense utilizando o PSoC CY8C21434.

cobreada na placa forma o sensor capacitivo chips PSoC. Uma implementação simples de circuito. O PSoC Desgner está disponível
que sensoria a presença de um dedo sobre sensor é mostrada, mas o CY8C21434 pode gratuitamente para download em: www.
a camada protetora do material que o suportar até 20 entradas. cypress.com/capsense.
recobre. A camada protetora pode ser de Outros chip s da família podem suportar
plástico, vidro ou qualquer outro material mais de 40 entradas. Os números específicos Tamanho e
não condutor. dos pinos são mostrados no diagrama. Formato das Teclas
Uma camada de vidro resulta em maior No entanto, todos os pinos, com exce- O formato e o tamanho das teclas
sensibilidade ao toque, quando comparada ao ção de Vdd e GND podem ser redirecio- determinam a performance do sensor. Re-
plástico (pelo menos 2 x mais sensível) de- nados pelo projetista para facilitar o layout comendações para o formato são dadas na
vido à elevada constante dielétrica do vidro. do circuito. figura 4. O melhor formato é o redondo.
O plástico também é selecionado para esta O CSD exige dois componentes exter- Um furo pode ser acrescentado para um
camada devido ao seu custo, facilidade de ma- nos, Rb e Cmod. Além disso, temos mais LED de fundo, sem que isso degrade a per-
nufatura, peso, além de maior resistência ao um resistor externo em série, Rs que pode formance do sensor.
impacto quando comparado com o vidro. ser acrescentado em cada entrada para Os sensores quadrados também fun-
aumentar a imunidade a RF. cionam bem, se os cantos forem arredon-
Método CSD de O resistor Rb determina a faixa de dados. As cargas acumulam-se nas pontas,
Sensoriamento valores de capacitância que o circuito pode assim os sensores arredondados tendem a
CSD significa CapSense com modulador medir. O capacitor Cmod atua no sentido de responder de maneira mais uniforme por
Sigma-Delta. Um diagrama simplificado para atenuar o ruido de alta freqüência. toda sua superfície.Triângulos e os sensores
o CSD programado por PSoC é ilustrado Consulte o data sheet do Modulo do interdigitalizados não são recomendados
na figura 3. O CSD é programado tanto na Ususário CSD no software PSoC Designer devido à distribuição não uniforme do
família CY8C21x34 quanto CY8C24x94 de para conhecer a teoria de operação deste campo elétrico.
Diâmetro do Botão (mm)

Espessura da Camada (mm)


F4. Recomendações para os F5. Referência para seleção do
formatos dos botões. tamanho das teclas ou botões.

38 I SABER ELETRÔNICA 431 I Dezembro 2008

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tecnologias
A capacitância sensoriada quando o espessura e uma meta de projeto de Cf = 0,2 sensores.Aumentando a abertura em torno
dedo não está presente é denominada pF. Usando o gráfico da figura 5, o diâmetro das trilhas, aumenta a SNR.
capacitância parasita e indicada por Cp. A do botão é 10 mm e a separação entre o Roteamento: Não se recomenda ne-
capacitância do dedo Cf é definida como a perímetro da área do sensor e a área de nhum roteamento na camada superior e sob
mudança na capacitância do sensor devido terra adjacente é de 2 mm. os sensores. Sinais devem ser isolados em
ao toque do dedo. relaçãoo à terra. Somente uma via por sen-
O sinal produzido por um toque é pro- SNR sor.Vias adicionais diminuem a SNR. Aterre
porcional à relação Cf/Cp. Um valor maior SNR é a relação sinal / ruído do sistema. todos os GPIO. Para aumentar a imunidade
para Cf se traduz em um sinal CSD maior. O sinal é a mudança na resposta do sensor. a RF coloque, resistores de 560 ohms em
Cf aumenta com o tamanho do sensor e O ruído é a variação pico-a-pico na resposta série com os pinos de entrada do CapSense
também medida que a capa de cobertura do sensor quando o dedo não está presente. e coloque resistores de 330 ohms em série
diminui. A exigência mínima para a SNR é 5:1, o que com os pinos I2C. Coloque estes resistores
Todos esses fatores são mostrados significa que o sinal deve ser 5 vezes maior dentro de 10 mm do PSoC.
na referência de tamanhos de botões da do que o ruído. A figura 6 mostra o que
figura 5. Um bom projeto CapSense tem ocorre com um sistema com SNR 2,1 e Sintonizando o CSD
uma capacitância de dedo de pelo menos outro com 5:1. Esta seção requer alguma familiaridade
0,1 pF, conforme mostrado nas área não com a criação de um projeto CapSense e os
sombreadas da figura 5. Orientação para Layout parâmetros de ajuste do módulo do usuário.
Para blindar o sensor e as suas trilhas As seguintes regras de projeto consistem Para um guia passo-a-passo que assume que
evitando fontes de ruídos e para controlar num bom ponto de partida para se fazer um o leitor não tenha nenhuma experiência pré-
a sensibilidade dos locais de toque, um plano layout CapSense de sucesso, como ilustrado via com o CapSense, consulte o CY3213A
de terra é também utilizado. na figura 7.Veja o application note AN2292 – CapSense Kit Quick Start Guide.
A proximidade do sensor do plano para mais detalhes no layout CapSense. O parâmetro N de resolução fixa o nível
de terra influencia a capacitância parasita. Tamanho e forma do botão: 10 mm de máximo da velocidade de leitura do CSD em
Com o aumento da espessura da proteção, diâmetro, redondo. Maior diâmetro aumenta 2N .A finalidade de se sintonizar o CSD é fi-
o tamanho da separação também deve a SNR.Também pode haver um furo de 2 mm xar o nível da velocidade de leitura em torno
aumentar para manter o mesmo nível de opcional para inserção de LED. de 50% deste valor máximo. O resistor de
sinal. Uma regra de projeto para sensores Trilha do PSoC para a área do sensor: veocidade de contagem é fixado em perto
CapSense é manter a tamanho da separação comprimento menor do 200 mm, largura de 50% desta máxima contagem.O resistor
igual à espessura da proteção de cobertura, menor do que 7 mil. Trilhas mais curtas Rp determina a faixa de capacitâncias que é
como ilustrado na figura 5. Note que o e mais estreitas aumentam a relação SNR medida pelo CSD. Como as contagens são
superdimensionamento da separação tende do botão. proporcionais à capacitância parasita Cp e
a aumentar a interferência cruzada entre Formato do PCB: 0,16 mm, FR4, 2 ca- Cp é também desconhecida por antecipação
botões. madas, sensores de tipo. Componentes de para uma nova montagem, o resistor Rb
Este gráfico é baseado numa capa plás- fundo e roteamento em placas mais finas deve ser ajustado para acomodar os valores
tica (veja figura 2) de espessura mínima diminuem a SNR. Preenchimento de terra: inferiores e superiores de Cp.
necessária para a capacitância do dedo, e camada superior com trilhas de 7 mil, es- O processo de sintonia do CSD segue
o tamanho da separação em torno da área paçamento de 70 mil. Camada inferior com o fluxograma mostrado na figura 8. Rb é o
do sensor. linhas de 7 mil e espaçamento de 45 mil. primeiro a ser fixado para um baixo valor, 2
Como um exemplo de projeto, consi- Abertura de 20 mm em torno dos traços OHk, de modo a permitir a medida de uma
dere uma cobertura plástica com 2 mm de e 20 mil ou mais em torno de todos os ampla faixa de capacitâncias. O desconhecido

F6. Formas de onda para o sinal obtido


numa SNR ruim (2:1) e numa boa (5:1). F7. Exemplo de layout para uma PCB CapSense.

Dezembro 2008 I SABER ELETRÔNICA 431 I 39

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tecnologias
Cp é então estimado utilizando os valores Cada incremento em REF reduz a sensibili-
medidos na equação 1. Três parâmetros, dade em 25%.
SysClk, N e REF são exigidos para se utilizar
a equação 1. Projeto para manufatura
A figura 9 indica como fixar estes calo- A sensibilidade do sistema de sen-
res a partir do menu do PSoC Designer. O soriamento do CD é reduzida quando a
parâmetro SysClk da equação 1 é o clock do velocidade de leitura está abaixo dos 85%
sistema PSoC. O clock para as entradas do da velocidade máxima. Ajustando a linha de
CapSense é SysClk dividido por 4. base média paa 50% da velocidade máxima,
O ajuste típico para SysClk é 24 MHz. o sistema tem uma boa margem de projeto.
N é o ajuste de resolução para o CSD (9 e A equação 3 mostra isso.
16 bits). REF é o ajuste programável (1 a 8)
que controla a tensão de referência. Counts
é o valor de contagem que o PSoC armaze- Equação 3.
na internamente no conjunto denominado
CSD_asSNResult. Para mais informações A figura 10 mostra quatro distribuições
sobre os nomes das variáveis CSD, veja o que estão de acordo com as exigências de
data sheet para CSD no PSoC Designer. novas velocidades, não excedendo 80% de
Um novo valor de Rb é calculado usando 2N. Observe que à medida que o nível médio
a equação 2, de tal forma que a contagem te- de velocidade aumenta, a variação aceitável
nha uma valor na linha de base que seja 450% de unidade para unidade para o sistema tor-
F8. Fluxograma para sintonizar o CSD. de 2N . O processo de sintonia é ilustrado na-se menor. O sistema torna-se mais difícil e
pelo seguinte exemplo. Com N = 16 bits, REF caro para fabricar. O plano de qualidade para
= 4, f = 6 MHz, Rb = 2k e a nova contagem o CSD deve considerar o ponto de operação
de varredura= 9830.A equação 1 estima Cp
= 12,5 pF. Pela equação 2, a contagem de
varredura aumenta para Counts = 32 768
(50% de 2N) com um novo valor de resistor
Equação 1. Rb = 6,6 k ohms. Depois que o valor de Rb
é determinado, o valor REF pode ser usado
para ajustar a sensibilidade. REF está sob o
controle do software. O equilíbrio entre os
botões é encontrado modificando-se o valor
de RF para cada botão. Melhor performance
é alcançada com valores de RF perto de 4.
Equação 2. F10. Distribuição das contagens.

Ponto de Correção Margem Plano de controle


do CSD do projeto de qualidade

a) 50% da varredura Manter a PCB no


35%
máxima mesmo material

Manter a PCB no mes-


b) 60% da varredura
25% mo material e limitar
máxima
os fornecedores

Monitorar o teste da
c) 70% da varredura capacitância da PCB
15%
máxima dentro de margem
de 10%

Monitorar a capaci-
d) 80% da varredura
5% tância da PCB dentro
máxima
F9. Fixando os parâmetros SysClk, N e de margem de 5%
REF no PSoC Designer. Tabela 1.

40 I SABER ELETRÔNICA 431 I Dezembro 2008

SE431_Teclas Capsense.indd 40 12/12/2008 17:39:34


tecnologias
da velocidade de varredura. Este plano é
dado na Tabela 1 para PCBs CapSense. Cada
entrada CapSense tem um valor levemente
diferente da capacitância parasita Cp devido
a problemas de roteamento. Então, o valor
compartilhado de Rb deve ser fixado para a
entrada com o maior valor de Cp.
Devido à variação de Cp entre os sen-
sores, algumas entradas terão velocidades
de varreduras de 50% da máxima e outras
abaixo deste valor. Todas as varreduras de-
vem ficar entre 25% e 50% de 2N. Para se
validar que uma sintonia está centralizada
perto de 50%, criar um histograma similar
ao da figura 10, usando um tamanho de
amostra de 10 a 30 placas.
A constante dielétrica do material da
PCB tem um impacto direto no nível de
contagem através da capacitância parasita
Cp. A tabela 2 lista outros parâmetros que
têm um impacto na performance do sistema.
Os parâmetros nesta tabela são escolhidos
na ordem a aproximada de importãncia. A
eliminação de aberturas (air gaps) entre a
área do sensor e o dedo é a consideração
mais importante no projeto. E

O que controlar O que causa


Aberturas (air gaps) Manter a PCB no
na montagem mesmo material
Manter a PCB no
Variação da cons-
mesmo mate-
tante dielétrica da
rial e limitar os
PCB
fornecedores
Monitorar o teste
da capacitância
Transientes em Vdd
da PCB dentro de
margem de 10%
Monitorar a
capacitância da
Ripple em Vdd
PCB dentro de
margem de 5%
Interferência cru- Aparece como
zada das trilhas com um evento de
o LED toquel
Espessura da cober- Reduz a sensibi-
tura lidade
Adesivo não con- Reduz a sensibi-
dutivo lidade

Condutividade da Reduz a sensibi-


cobertura lidade
Tabela 2.

Dezembro 2008 I SABER ELETRÔNICA 431 I 41

SE431_Teclas Capsense.indd 41 16/12/2008 16:05:58


Informativo ABEE-SP Nº47 - Dezembro/08 www.abee-sp.com Seja associado da ABEE-SP
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Presidente
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Engº Eletricista João Oliva


Presidente
CREA-SP 0600914179 Livros na ABEE-SP
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obs.: preço de capa mais despesas de envio.
hegamos ao final de mais um ano de presença da Engenharia Elétrica em todos
muito trabalho. É muito gratificante os Estados da Federação, com a instalação Instalações Elétricas
para todos nós, Diretores e Con- das ABEEs do PA, PE, PB, AC e TO. de Baixa Tensão
selheiros da ABEE-SP, ver o quanto O Iº Seminário Nacional de Eficiência ABNT NBR 5410
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avançamos na valorização profissional e ao Energética “O 3º Choque do Petróleo”
209 páginas
mesmo tempo a consciência do caminho que realizado no Clube de Engenharia do Rio
se vislumbra para os próximos anos. de Janeiro, com o patrocínio de Furnas
Quero aproveitar este momento espe- Centrais Elétricas SA, foi sucesso absoluto
cial para agradecer todo o seu carinho, sua que reuniu mais de 240 participantes e 21 NR-10 Comentada
atenção e principalmente o seu voto de entidades apoiadoras institucionais, dentre Preço: R$ 15,00
confiança. Em nome da diretoria desejamos elas o Sistema Firjan e Sebrae – RJ. Autores: João José
um Feliz Natal e um Ano Novo de muita Por fim, fechamos o ano com “chave de Barrico de Souza;
Joaquim Gomes Pereira
saúde e prosperidade a você e aos seus ouro”, promovendo o III Manifesto de Apoio
102 páginas
familiares. à Segurança em Eletricidade:“O dia Nacional
Aos 52 anos de fundação da ABEE- da NR-10”, em São Paulo. E ainda marcamos
SP e 71 anos da ABBE Nacional, 2008 se forte presença na WEC (Congresso Mundial
Metrologia Aplicada
consolida como o ano da visibilidade e dos Engenheiros), em Brasília. Autor: Walfredo Schmidt
reconhecimento nacional. Realizamos uma “A ABEE é a Energia Preço: R$ 40,00
verdadeira cruzada pela cobrança do efetivo da Engenharia” 128 páginas
cumprimento do papel legal do Sistema Venha participar da vida associativa
CONFEA/CREA/MÚTUA e maior transpa- associa-se e junte-se a nós!
rência em sua gestão. Além de marcamos Até breve!

Assembléia Geral Ordinária no RJ


Em novembro, 32 engenheiros ele- Em espírito de união eles descerra- Eles aprovaram a Medalha “Desta-
tricistas, liderados pelo Pres. Reynaldo ram a placa comemorativa aos 71 anos que da Engenharia Elétrica do ano de
Barros, associados representantes das de fundação e fortaleceram os votos e 2008” ao I Engº Eletricista: José Roberto
ABEEs Regionais e de Associações de compromissos assumidos em 29 de junho Arruda e a realização de alguns eventos
Engenheiros Eletricistas partiram em de 1937. Durante a confraternização os para o próximo ano, entre eles o “II
caminhada histórica pelas avenidas do engenheiros discutiram o planejamento Seminário de Eficiência Energética”.
Rio de Janeiro, até a Sede Social Própria estratégico para 2009 com o consultor
da ABEE Nacional. Engº Gordilho.

42 I SABER ELETRÔNICA 431 I Dezembro 2008

SE431_ABEE.indd 42 12/12/2008 17:33:50


fontes de energ

abee-sp
Luz natural é a melhor
alternativa para economizar
O horário de verão, que teve início em enquanto o céu de Londres emite 7.000
19 de outubro e irá até 15 de fevereiro de lux, o céu nublado de São Paulo emite Gestão 2007/2010
2009, é um período em que se deve inten- mais de 14.000 lux, sendo que os paulistas Filiada à ABEE Nacional
sificar o incentivo ao uso da luz natural. De consomem mais do que o dobro de energia DIRETORIA
acordo com o presidente do Sindicato dos elétrica. Presidente: Eng. João Batista Serroni de Oliva
Vice-presidente: Eng. Victor M. A. S. Vasconcelos
Eletricitários de São Paulo, Carlos Reis, a O sindicalista relembra que, no início 1º Secretário: Eng. Celso Naves Lemos
população precisa criar novos hábitos. deste ano, o Brasil sofreu com a notícia de 2º Secretário: Eng. Nelson Gabriel de Camargo
1º Tesoureiro: Eng. Odécio B. de Louredo Filho
“Temos uma hora a mais com luz solar um possível apagão, por falta de chuva, que 2º Tesoureiro: Eng. José Antonio Bueno
no verão. Devemos aproveitá-la melhor. gerou redução nos níveis dos reservatórios Diretor Social: Eng. Kleber Rezende Castilho
Além da economia na conta de energia das usinas hidrelétricas, e alto consumo de Diretor s/ pasta: Eng. Aramis Araúz Guerra
elétrica, poupamos insumos da natureza. energia. “Apesar da necessidade urgente CONSELHO CONSULTIVO
Essa alternativa pode ser enquadrada em de haver uma economia no uso da ele- Engenheiros: José Roberto Cardoso, Luiz Carlos
Alcântara, Hilton Moreno, Álvaro Martins,
algumas empresas também. Há prédios que tricidade, nenhuma medida foi tomada. Roberto Bartolomeu Berkes e Alexandre César
têm janelas grandes e só a claridade do sol O governo não demonstra à população a Rodrigues da Silva
é o suficiente”. real necessidade de haver uma redução no CONSELHO FISCAL
Estudo realizado pela Faculdade de consumo e com isso não há conscientização Engenheiros: João Chaebo Gadum Neto, Márcio
Antonio Figueiredo e Edson Martinho
Arquitetura e Urbanismo da Universidade para os gastos de energia”.
de São Paulo (USP) indica que cerca de 30% “O Brasil é muito rico em alternativas CONSELHEIROS SUPLENTES
Engenheiros: Demétrio Cardoso Lobo,
a 40% da energia elétrica consumida pelos que não desgastam a natureza. Quando Alexandre Ferraz Naumoff, José Aquiles Baesso
edifícios comerciais da cidade de São Paulo aprendermos a utilizar esses recursos, Grimoni, Tiago Soares da Fonseca e Bernardo
são para geração de luz artificial, enquanto com certeza não teremos mais preocu- Levino dos Santos
nas capitais da Europa não ultrapassam pações”, diz. CONSELHEIROS DE HONRA EX-PRESIDENTES
14%. Segundo os mesmos levantamentos, Engenheiros: Duílio Moreira Leite, Arnaldo
Augusto Salomon Tassinari, Arnaldo Pereira
da Silva, Antônio Soares Pereto e Aramis
Araúz Guerra

Google: calculadora de energia CONSELHEIROS NO CREASP DA ABEE-SP


Engenheiros: Paulo Eduardo Queirós Mattoso
Barreto, José Luiz Pegorin, Raul Teixeira
O Google está usando o poder de países. A calculadora conta cada palavra em Penteado Filho e Carlos Costa Neto
seu site para promover uma página onde sua página a fim de maximizar a velocidade
Publicação da Associação Brasileira de
as pessoas podem calcular os benefícios de carregamento, mas freqüentemente Engenheiros Eletricistas - Seção São Paulo
financeiros das variadas formas de econo- utiliza algumas palavras abaixo de sua Rua Dr. Tirso Martins, 100 - cj.116 - V. Mariana
mizar energia. caixa de busca para promover diferentes CEP 04120-050 - São Paulo - Fone: (11) 5539-8048
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A calculadora de economia de energia, iniciativas.
decorada com temas de Halloween, é O texto para o plano de economia
uma das diversas medidas que o Google de energia diz: “Espantado com os altos Colabore com a ABEE-SP via ART
tem tomado para combater os problemas preços da energia? Aqui estão algumas Os profissionais de qualquer área tecno-
lógica, associados à ABEE-SP ou não, que
de energia do país. O site ainda inclui um formas de economizar”. Acesse este
utilizam a “Anotação de Responsabilidade
link para dicas avançadas de economia de endereço: www.google.com/intl/en_us/ Técnica - ART" devem preencher o código
energia. hauntedhouse08/ 056 ou 56 do formulário. Com essa ação,
De acordo com o blog Google Blo- o responsável tem o direito de destinar
10% do valor à entidade de classe de sua
goscoped, o link não funciona em alguns preferência. Quando estes campos não são
preenchidos, a contribuição deixa de ser
feita. ART em papel: preencha 056 no campo
Apoio Institucional: 21. ART eletrônica via internet (www.creasp.
org.br): preencha 56 no campo 31.

Dezembro 2008 I SABER ELETRÔNICA 431 I 43

SE431_ABEE.indd 43 12/12/2008 17:34:09


Circuitos Práticos

Carregador de Bateria
com o FSD210

A Fairchild apresenta uma


aplicação de um carregador de
bateria de 3,5 W capaz de operar
com uma faiza de tensões de en-
trada de 85 a 265 Vac
Fairchild apresenta uma apli-
cação de um carregador de ba-

D
teria de 3,5 capaz de operar com
uma faixa de tensões de entrada escrevemos aqui uma aplicação A realimentação que fornece o sinal
de 85 a 265 Vac do circuito integrado FSD210 de controle para o modulador é obtida
da Fairchild (www.fairchild. de uma derivação deste circuito que,
com) em um carregador de através do transistor Q2 excita um aco-
Newton C. Braga bateria de 3,5 W. Na condição de baixo plador óptico.
consumo, o circuito precisa de apenas Este acoplador, que isola o circuito
0,1 W quando conectado à rede de 220 V. de baixa tensão da rede de energia e do
Na figura 1 temos o diagrama completo circuito de chaveamento, fornece a rea-
do carregador. limentação que determina a regulagem
Conforme podemos ver pelo dia- do circuito de chaveamento. O circuito
grama, a ponte retificadora que fornece possui uma partida suave (soft start)
a corrente contínua para o circuito de interna. Na figura 2 temos o esquema
chaveamento é ligada diretamente à de enrolamento do transformador.
rede de energia. Neste transformador temos:
Dois indutores e um capacitor logo Np é formado por 99 voltas de fio
após estes diodos formam o circuito de 0,16 x 1 (enrolamento solenóide), duas
filtro contra a EMI produzida pelo setor camadas;
de chaveamento. Neste setor temos o Na é formado por 18 espiras de fio
circuito integrado FSD210 que excita 0,16 x 1 (enrolamento central solenóide),
diretamente um transformador de alto duas camadas;
rendimento com sinais modulados em Ns é formado por 50 voltas de fio
freqüência. No secundário deste trans- 0,16 x 1 (enrolamento solenóide), três
formador existe o setor de retificação, camadas;
que fornece a corrente contínua para a N5,2V é formado por 9 voltas de
carga da bateria com uma saída de 5,2 fio 0,4 x 1 (enrolamento solenóide) três
V x 0,65 A. camadas. E

44 I SABER ELETRÔNICA 431 I Dezembro 2008

SE431_Carregador.indd 44 16/12/2008 19:11:08


F1. Carregador de baterias AB-33
com o FSD210 da Fairchild.

F2. Diagrama esquemático


do transformador.

Dezembro 2008 I SABER ELETRÔNICA 431 I 45

SE431_Carregador.indd 45 18/12/2008 12:57:58


Circuitos Práticos

Fonte Chaveada de 90 W
para Monitores com
Função Standby
Este artigo descreve a utilização do circuito integrado L5991 (ST-
Microelectronics) em uma placa de aplicação que contém uma fonte
chaveada para monitores de vídeo com potência até 90 W

O
circuito integrado L5991 con- • Saída de Amplificador de vídeo de A topologia selecionada é do tipo
siste em um controlador de 80 V, 0,125 A, com ripple a plena flyback e no modo de operação com baixa
corrente do tipo PWM. As carga de 1%; tensão de rede, com potência de 90 W é
principais características do • Saída de deflexão vertical de +/- 15 CCM (Continuous Conduction Mode). Esta
circuito sugerido são: V com 0,33 mA e ripple a plena configuração possibilita menor estresse
• Tensão de entrada: 88 a 284 Vca; carga de 1%; dos componentes de potência quando a
• Freqüência da rede: 50 ou 60 Hz; • Saída de filamento de 6,3 V, 800 A tensão é baixa.
• Potência máxima de saída: 90 W; com ripple a plena carga de 2%; Na figura 1 temos então o diagrama
• Saída de Defexão hor i zontal: • Freqüência de chaveamento de completo da fonte sugerida pela ST.
200 V/0,325 A, ripple a plena carga 40 kHz; Observe a utilização de um trans-
de 1%; • Eficiência: > 80%. formador com enrolamentos separados

F1. Diagrama completo da fonte


chaveada para monitores.

46 I SABER ELETRÔNICA 431 I Dezembro 2008

SE431_FonteChaveada.indd 46 12/12/2008 17:41:42


para as diversas tensões de saída. Note projetista deve tomar cuidado. Mais características do transformador utili-
também que o feedback é obtido da saída informações podem ser obtidas no do- zado. Neste documento temos circuitos
de 15 V e que na saída de 200 V temos cumento original AN1132 no site da ST, adicionais para agregar outros recursos
um elemento de disparo que serve de incluindo-se as informações sobre as não citados neste artigo. E
proteção para o circuito.
No entanto, o principal destaque para
este projeto é a função Standby que está
disponível diretamente no circuito inte-
grado L5991. Quando a potência exigida
pela carga está na faixa de 40 W a 90 W
(modo normal) a freqüência do conversor
é ajustada em 40 kHz.
Porém, quando o monitor entra num
modo de baixo consumo (suspenso ou
OFF), a potência exigida será muito
menor, da ordem de poucos watts. Nes-
tas condições, o L5991 irá reconhecer
automaticamente esta nova condição de
operação e muda a freqüência de comu-
tação para 18 kHz.
Neste circuito, o capacitor C6 em pa-
ralelo com R19 e R20 fixam a freqüência
de oscilação e este valor pode ser modi-
ficado para fixado por C6 e R20.
Uma característica importante do
circuito é que ele dissipa apenas 300 mW F2. Circuito de partida de
baixo consumo.
com uma alimentação de 264 V. O tempo
típico para acordá-lo é de 2,8 segundos
em 88 V e 0,8 segundos em 264 V.
O circuito conta ainda com a possi-
bilidade de se agregar proteções contra
subtensão (OCP) e sobretensão (OVP),
utilizando os recursos já existentes no
circuito integrado L5991. Outra possibili-
dade consiste em se agregar um circuito
de partida de baixo consumo, conforme
mostrado na figura 2. Este circuito tem
um consumo de apenas 10 mW e fornece
tempos para acordar de 0,7 segundos e
0,2 segundos com as tensões mínima e
máxima de entrada especificadas.
A placa de circuito impresso sugerida
pela ST é ilustrada na figura 3. Conforme
podemos ver, a simplicidade do circuito
possibilita o uso de uma placa comum
de face única.

Conclusão
A placa sugerida pela ST Micro-
clectronics (www.st.com) possibilita o
desenvolvimento de uma excelente fonte
chaveada para monitores. Mas, como
se trata de projeto específico, deve-se
ter em mente que ela não é isolada da
rede de energia, apresentando portanto
potenciais perigosos, com os quais o F3. Placa de circuito impresso para
a fonte chaveada de 90 W.

Dezembro 2008 I SABER ELETRÔNICA 431 I 47

SE431_FonteChaveada.indd 47 12/12/2008 17:41:54


Circuitos Práticos

Amplificadores

Newton C. Braga

Os circuitos integrados MCP6V01/2/3 da Microchip possuem carac-


terísticas que possibilitam sua aplicação em equipamentos portáteis,
condicionamento de sensores, medidas de temperatura, correção de
offset DC e instrumentação médica. Neste artigo, baseado no próprio
sheet data do componente mostramos algumas configurações para
estes componentes

O
s amplificadores operacionais
MCP6V01/2/3 possuem correção
da tensão de offset de entrada
mesmo para desvios muito
pequenos. Estes componentes possuem
um produto ganho-faixa passante de 1,3
MHz e rejeitam fortemente ruídos de co-
mutação. O ganho unitário é estável e não
tem nenhum ruído 1/f. O PSRR e CMRR
é excelente e eles podem operar com uma
tensão tão baixa quanto 1,8 V, drenando
apenas 300 μA de corrente quiescente por
F1. Pinagens dos amplificadores amplificador. Na figura 1 temos as pinagens
operacionais MCP6V01/2/3. dos componentes desta família.
O circuito típico de aplicação é mostrado
na figura 2.
Outras características de destaque:

• Vos Drift: +/- 50 nV/oC (max);


• Vos: +/- 2 μV (max);
• PSRR: 130 dB (min);
• CMRR: 130 dB (min);
• Io: 300 μA;
• Saída/entrada rail-to-rail;
F2. Circuito típico de aplicação. • Tensão de alimentação: 1,5 a 5,5 V.

48 I SABER ELETRÔNICA 431 I Dezembro 2008

SE431_AmplificadoresOperacionis.48 48 16/12/2008 17:40:41


Circuitos
Na figura 3 temos o modo de ação
normal deste amplificador, onde é obtido
o autozeramento.
Na figura 4 vemos o modo de operação
para o auto-zeramento de um circuito.

F3. Modo normal de operação do ampli-


ficador no zeramento de um circuito.
1. Ponte de Wheatstone - 1
Na figura 5 temos uma aplicação típica
destes amplificadores o-peracionais numa
ponte de Wheatstone. O dispositivo se
mostra importante neste tipo de aplicação,
onde os sinais são fracos e o ruído em
modo comum intenso. Como o circuito
não é simétrico, a saída tem apenas uma
polaridade (single-ended).

F4. Operação no modo de auto-zeramento. 2. Ponte de Wheatstone - 2


Um circuito que tem uma excursão
tanto para valores positivos como negati-
vos (totalmente diferencial) é ilustrado na
figura 6, sendo indicado para pontes de
sensores como as que fazem uso de sensores
de pressão e de temperatura. Este circuito
apresenta uma alta performance quando
comparado com o anterior.

F5. Aplicação em uma ponte de Wheatstone.

F6. Circuito diferencial para pontes com


sensores de pressão, temperatura etc.

Dezembro 2008 I SABER ELETRÔNICA 431 I 49

SE431_AmplificadoresOperacionis.49 49 16/12/2008 17:46:35


Circuitos Práticos

Uma falha no RTD pode ser detectada,


pois a tensão de saída sairá da faixa de
valores prevista.

4. Amplificador para
Par Termoelétrico - 1
A utilização dos amplificadores opera-
cionais desta série com pares termoelétricos
é exibida na figura 8.
Este circuito utiliza apenas um am-
plificador operacional, tendo uma saída
única referenciada à terra.

5. Amplificador para
Par teroemétrico – 2
Uma configuração melhor implementada
é vista na figura 9.
O MCP1541 produz uma tensão de
saída de 4,10 V com uma alimentação de 5
V. Esta tensão é ligada àescada de resistores
de 4,100 e 1,322 ohms produz uma tensão
e resistência equivalente de Thevenin de
1,00 V e 250 R. O resistor de 1,322 ohms é
combinado em paralelo com o resistor r do
topo produzindo um resistor equivalente
F7. Circuito para sensor RTD usando dois amplificadores de 0,569 ohms.
operacionais excitando diretamente um ADC.
V4 deve ser convertida para a forma
digital e então corrigida de acordo com
a não linearidade do termopar. O ADC
pode usar o MCP1541 como sua fonte de
tensão de referência.

6. Comparador de Precisão
Completamos a série de circuitos apli-
cativos com um comparador de precisão.
Neste circuito temos uma etapa de alta
ganho antes da entrada de modo a melhorar
a performance. O circuito é mostrado na
figura 10. Não se recomenda utilizar o
MCP6V01 como comparador propriamente
dito, dadas suas características que exigem
F8. Aplicação com par termoelétrico. um loop de realimentação.
F9. Outra configuração para partermoelétrico Amplificadores com características
com circuito regulador de tensão. específicas, como o descrito neste artigo,
possibilitam a implementação de soluções
3.Circuito Sensor com RTD de alto desempenho com menor número
Na figura 7 temos uma aplicação dos de componentes. Os amplificadores com
amplificadores operacionais com autozero recursos de autozero são um exemplo desta
com sensor RTD. Este circuito excita dire- gama de aplicações. O leitor poderá obter
tamente a entrada de um ADC. muito mais no data sheet dos componentes
O circuito é projetado para operar com sugeridos, baixando-o diretamente do site
RTDs de 3 terminais, corrigindo a influ- da Microchip (www.microchip.com). E
ência da resistência do cabo de conexão
(Rw). O resistor R1 não afeta a tensão de
saída servindo apenas para balancear as
F10. Comparador de precisão.
entradas dos amplificadores operacionais.

50 I SABER ELETRÔNICA 431 I Dezembro 2008

SE431_AmplificadoresOperacionis.50 50 16/12/2008 17:41:20


de porta de carro. Figura 1 – Funções implementadas pelo
teclado.

Microcontroladores

Teclado de Porta de
Carro utilizando LIN

A
Veja a montagem de um te- Freescale parte do fato de baixado na íntegra no site da empresa,
clado de porta de carro para con- que os teclados tradicionais resumimos o projeto de um teclado como
utilizam micro-switches que um nó escravo da rede LIN. Isso significa
trolar os vidros, baseado em um
controlam diretamente as cor- que ele pode iniciar as comunicações com
microcontrolador e na rede LIN rentes que acionam os vidros elétricos e outros nós da rede, no caso o mestre. No
os espelhos. entanto, o mestre envia ao teclado uma
Newton C. Braga Embora estas chaves possam controlar mensagem a cada 100 ms que responde
as correntes destes dispositivos, uma vez com um código de 4 bits que se refere a
que elas não são elevadas, o teclado se tor- todas as funções que ele deve realizar,
na complexo dada a necessidade de que, conforme diagrama de blocos mostrado
em alguns casos, os motores devem ser na figura 1.
controlados nos dois sentidos de rotação. Nesse tipo de projeto deve-se conside-
Além disso, o mesmo dispositivo poder rar ainda que existe uma diferença entre
ser controlado a partir de dois pontos, o teclado utilizado e o teclado comum de
por exemplo: os vidros da frente devem uma calculadora.
ser controlados tanto pelo passageiro da De fato, nesta aplicação duas teclas
direita como da esquerda. podem ser pressionadas ao mesmo tem-
Considerando-se as correntes eleva- po, o que não ocorre com uma calcula-
das, o dispositivo torna-se caro e difícil dora. Assim, a utilização da abordagem
de instalar. Com a utilização da solução de matriz X-Y no projeto do teclado não
eletrônica e uma interface para a rede LIN se aplica.
(Local Interconect Network), os proble- Uma disposição de leitura em matriz
mas são resolvidos. tem uma capacidade limitada para detec-
No Application Note AN2205 da tar o pressionamento simultâneo de duas
Freescale (www.freescale.com), que re- teclas. Para se obter este tipo de aplicação
sumimos neste artigo, mas que pode ser emprega-se a técnica das teclas-espelho.

F1. Funções implementadas


pelo teclado.

Dezembro 2008 I SABER ELETRÔNICA 431 I 51

SE431_carro.indd 51 12/12/2008 17:46:29


Microcontroladores

O que acontece é que se as teclas da mas a desvantagem está na necessidade de Finalmente temos a solução adotada
mesma linha ou coluna forem pressiona- se empregar 16 linhas I/O. neste projeto que consiste em 8 chaves,
das, estas linhas serão curto-circuitadas. No segundo caso utilizam-se as entra- onde a subida e descida rápida são ob-
Desta forma, têm-se a detecção de uma das analógicas-para-digital. A vantagem tidas com o acionamento simultâneo de
terceira função. Isso é conseguido com uma está no uso de apenas 4 linhas I/O , mas duas chaves (up e down). Na figura 2
matriz 5 x 2 usando-se 10 linhas I/O do a desvantagem reside na necessidade de temos o aspecto das chaves utilizadas.
microcontrolador. Trata-se do mesmo tipo se empregar um MCU com ADC e alguns Na figura 3 temos finalmente o
de solução que normalmente é empregada componentes externos. diagrama completo do controlador de
no projeto de joysticks. A terceira solução utiliza 8 chaves onde vidros com teclado na porta do carro,
Outro problema a ser considerado é o a duração do pressionamento distingue sugerido pela Freescale.
tipo de tecla a ser utilizada neste tipo de entre a operação normal e rápida. A vanta- Informações sobre o software e a
aplicação. Como em um carro podemos gem está no uso de apenas 8 linhas I/O e a listagem para o microcontrolador empre-
ter quatro teclados, um em cada porta, desvantagem está no fato de ser um pouco gado podem ser obtidos no documento
sendo possível que mais de uma tecla seja complicada para o usuário. original da Freescale. E
pressionada ao mesmo tempo, isso deve
ser previsto.
Para este tipo de aplicação em que as ja-
nelas devem subir e descer, exgindo assim
funções complexas, não se usa a disposição
convencional em matriz.
Uma solução seria utilizar 16 chaves,
com uma disposição em que se empregam
16 I/Os em lugar da matriz 4 x 4. A seguir
detalhamos as possíveis soluções.
No primeiro caso temos a interface
direta com 16 chaves. Este método tem por
F2. Chaves utilizadas
vantagem precisar de um software simples,
no teclado.

F3. Diagrama completo do


teclado de porta de carro.

52 I SABER ELETRÔNICA 431 I Dezembro 2008

SE431_carro.indd 52 12/12/2008 17:46:42


SE431_Componentes.indd 53 16/12/2008 20:55:47
Componentes

Termostato - Termômetro
Digital com o MAXQ3212
Baseados no Application Note 3965 da Maxim (www.maxim-ic.com) descrevemos a
seguir o projeto de um termostato digital com um termômetro de quatro dígitos baseado
no micricontrolador MAXQ3212. O circuito inclui ainda uma interface 1-wire. O leitor po-
derá obter mais informações sobre este projeto e também sobre o microcontrolador no
site da Maxim
Newton C. Braga

F1. Diagrama completo do termostato-


termômetro com o MAXQ3212.

54 I SABER ELETRÔNICA 431 I Dezembro 2008

SE431_Componentes.indd 54 16/12/2008 16:45:01


R
egulagem e controle da temperatura Na figura 1 temos o diagrama com- equivalentes nesta aplicação, desde que
são necessárias em uma infinidade pleto do termostato-termômetro com o estejam dentro dos limites de capacidade
de aplicações. Podemos citar o microcontrolador indicado. do FET usado como driver.
controle da temperatura ambiente, O interfaceamento do microcontrolador O sensor de temperatura é um DS18B20-
estufas, fornos de secagem, câmaras de com o display de LEDs é feito através do PAR da Maxim que mede a temperatura
refrigeração e muito mais. Com a utilização circuito integrado ICM7218API. Este circuito ambiente. Este dispositivo tem uma preci-
de microcontroladores, o desenvolvimento pode excitar displays de até 8 dígitos, mas são de +/- 0,5oC na faixa que vai de -10oC a
de projetos que atendam a este tipo de ne- neste caso apenas quatro são utilizados. Na +85oC, mas o sistema é programado para
cessidade torna-se relativamente simples. disposição empregada temos a precisão de atuar na faixa de +12º C a +38oC, que é uma
O projeto que descrevemos é um exemplo, 0,1oC, ou seja, a indicação de temperatura faixa razoável de temperaturas para um
havendo inclusive um kit de avaliação para com uma casa depois da vírgula (ponto ambiente fechado.
os leitores interessados. decimal). Evidentemente, outras faixas de valo-
O sistema em questão tem por finalidade Este componente contém todos os ele- res podem ser programadas. A resolução
medir a temperatura ambiente, a qual é mentos para excitação de displays de anodo do dispositivo é selecionável entre 9 e 12
comparada com uma referência dada pelo comum, sem a necessidade de limitação bits. O sensor utilizado tem uma interface
usuário, e em sua função ativar um relé externa de corrente. 1-Wire, um sistema da Maxim que permite
se ela estiver abaixo do valor desejado. O O sistema possui inclusive um relé que a utilização de um único pino de porta do
sistema usa um display de LEDs de quatro é acionado se a temperatura cair abaixo do microcontrolador. Para a aplicação indicada
dígitos para mostrar a temperatura e também valor programado. Este relé eletromecânico o código-fonte pode ser baixado do site da
para ajustar o valor da temperatura em que comum possibilita o controle de dispositivos Maxim. Mais detalhes sobre o modo de
deve ocorrer o acionamento do relé. externos de alta potência ligados à rede de programação e eventuais modificações
O microcontrolador utilizado é o energia como, por exemplo, um aquecedor para operação com mais de um sensor ou
MAXQ3212, que tem por função operar de ambiente. O relé empregado é do tipo em outras faixas de temperatura podem
como uma interface entre o sensor e os de 5 A com 8 A de capacidade de contato, ser obtidas na documentação original da
demais elementos do sistema. mas podem ser utilizados dispositivos Maxim. E

Monitor
Monitor de de banco
Banco de baterias
de Baterias

A A Linear Technology (www.linear. célula do conjunto seja corretamente para as condições de sobretensão e
com) anunciou o lançamento do gerenciada. Com o LTC6802 isso é subtensão. Cada lTC6802 se comu-
circuito integrado LTC6802, um possível com tensões conjuntas até nica através de uma interface serial
monitor de bateria capaz de moni- 1000 V. de 1 MHz e além disso inclui entra-
torar o estado de até 12 baterias O erro máximo total medido é das para sensores de temperatura,
individualmente. O dispositivo utiliza garantido em menos de 0,255 na linhas GPIO e uma referência de
tecnologia que possibilita a integração faixa de -40º C a +85º C e as tensões tensão precisa. Na figura 1 temos
de diversos LTC6802 em série com da célula são medidas em intervalos um diagrama de aplicação típica do
optoacopladores ou isoladores, para de 13 ms. Cada célula é monitorada dispositivo.
monitoramento de precisão de cada
célula em bancos de baterias conec-
tadas em série.
Este tipo de configuração de bate-
rias é utilizada em aplicações de alta
potência como veículos elétricos,
scooters, carros de golfe, cadeiras de
rodas, barcos, robôs, equipamento
médico portátil e nobrakes.
Com densidade superior de energia,
as baterias de Lítio-íon são escolhidas
como fontes de energia para estas
aplicações. No entanto, projetar um
banco de baterias confiável é um pro-
blema complexo, uma vez que estas
baterias são sensíveis a sobrecarga
e sobredescarga, exgindo que cada
F1. Diagrama típico de
aplicação para o LITC6802.

Dezembro 2008 I SABER ELETRÔNICA 431 I 55

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Componentes

Flash de LEDs
Controlador Duplos
Hot Swap duplopara 1,2 AÓpticas
para Redes

O circuito integrado LM3553 da


National Semiconductor ( ) consiste
em um flasher de LEDs com capa-
cidade de excitar dois LEDs com
correntes até 1,2 A. O dispositivo,
fornecido em invólucro SDF12A
conforme mostra a figura 1 também
é compatível com interface I²C.
O componente opera num modo
fixo de freqüência e corrente, como
um conversor DC/DC elevador
de tensão. Na saída ele possui dois
terminais que drenam a corrente da
carga formada pelos LEDs. Um ou
mais LEDs pulsantes de alta corrente
podem ser excitados em série, ou
F1. Dispositivo em invólucro SDF12A.
tanto num modo de alta corrente
quanto de baixa corrente. Um modo
de tensão fixa de saída também está
disponível.
O LM3553 pode ser programado
com 128 níveis diferentes de cor-
rente e contém ainda um timer de 16
bits de programação da duração do
pulso. A freqüência de comutação de
1,2 MHz permite o uso de capacito-
res pequenos. Destacamos ainda o
pino TX, que força o circuito a um
modo lanterna durante um evento de
flash de modo a permitir a sincro- N
nização entre o amplificador e os ci
modos P
A VishayFlash/Torch.
Intertechnoloy (www.vishay.
Dentre as aplicações sugeridas parade cu
com) lançou o primeiro MOSFET
este componente temos: m
Potência e diodo Schottky monolíticos para
30•VFlash de câmeras em telefones cu
com invólucro dotado de dissipação
celulares; p
superior e inferior, destinados a aplicações
• Flashes
com de aplicações
ventilação forçada. diversas;
• Acionamento
O novo componente, de LEDs de iluminação
denominado
N
de painéis de fundo. p
SiE726DR tem uma eficiência melhorada
m
para aplicações de alta corrente e alta
Na figura 2 d
freqüência. Otemos o diagrama
dispositivo tem umade resistên-
blocos do componente. Te
cia de condução extremamente baixa, de
Dentre0,0024
as principais características cu
apenas ohms com 10 V de tensão de
co
gate e 0,0033 ohms com 4,5 V deastensão de
deste componente, destacamos
seguintes: co
gate. Sua capacidade de condução de cor-
• Corrente
rente é 50% doprogramável até 1,2 A
que os dispositivos equiva-
M
em 128 passos; co
lentes em invólucros SO-8.
• 90% de para
Otimizados eficiência de pico;
aplicações de controle
p
• Excita 2 LEDs em série
low-side em conversores DC-DC, com 1,2aplica-
A a
a partir de 5 V; co
ções VRM, placas gráficas e servidores, além
de•sistemas
Excita 2 de LEDs em série com 600 vi
telecomunicações, o disposi- F2. Diagrama de blocos de componente. m
tivo tem uma carga 3deV;gate de 50 nC. O Vsd
mA a partir de
é de 0,37 V.

56 I SABER ELETRÔNICA 431 I Dezembro 2008

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2A.
F3. Circuito de Aplicação. F4. Curva de Programação.

• Proteção contra sobretensão


ajustável;
• Quatro modos de operação: lan-
terna, flash, indicador e modo de
tensão (4,96 V);
• O LED é desligado no shutdown.

Na figura 3 damos um primeiro


circuito de aplicação.
Para alimentação com 3,3 V este cir-
cuito fornece uma corrente de 600
mA aos LEDs. Na figura 4 vemos a
curva de programação para os 128
F5. Circuito para excitação.
passos de ajuste possíveis.

Na figura 5 mostramos um circuito


para excitação de 1 LED apenas no
modo de tensão com uma corrente
de 700 mA.
Temos finalmente, na figura 6, um cir-
cuito que opera no modo de tensão,
com saída de 4,95 V, fornecendo uma
corrente de 700 mA.
Mais informações sobre o uso deste
componente o leitor pode baixar no
próprio datasheet em formato PDF
a partir do site da National Semi-
conductor. Uma placa de desenvol-
vimento também está disponível no
te. mesmo site.

F6. Modo de Tensão com saída de 4,95 V.

Dezembro 2008 I SABER ELETRÔNICA 431 I 57

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Componentes

A4935 – Driver MOSFET Trifásico Automotivo


Lançado recentemente pela Allegro
MicroSystems (www.allegro.com),
o circuito integrado A4935 con-
siste num controlador trifásico para
utilização com MOSFETs externos de
canal N no controle de motores de
uso automotivo.
O dispositivo possui um regulador
interno do tipo bomba de cargas
(charge pump), que fornece uma
tensão maior que 10 V para o disparo
de MOSFETs mesmo quando a
tensão de alimentação cai para valo-
res tão baixos como 7 V. A operação
do circuito ainda continua eficiente
com tensões de alimentação caindo
para 5,5 V.
Um capacitor bootstrap é utilizado
para proporcionar a tensão abaixo da
tensão de bateria, necessária à exci-
tação dos MOSFETs de potência de
canal N. Uma bomba de carga interna
para excitar o transistor do lado alto
permite uma operação DC (100% de
ciclo ativo).
É fornecido um controle completo
de todos os seis FETs de potência
numa ponte trifásica permitindo que
motores sejam excitados com bloco
de comunicação, ou ainda excitação
senoidal. Os FETs de potência são
protegidos de comutação simutâ-
nea no mesmo ramo através de um
controle cruzado e um tempo morto
ajustado através de resistor.
A corrente da ponte pode ser
medida utilizando-se um amplifica-
dor sensor de corrente integrado.
F1. Diagrama de blocos e aplicação típica.
Trata-se de um amplificador diferen-
cial com uma faixa em modo comum
abaixo do terra, o que permite que do diodo boostrap é de 10 ohms e
ele seja usado do lado baixo no seu limite de corrente de 500 mA. O
sensoriamento de corrente. O ganho tempo de propagação (on-off é de 90
e o offset são determinados por um ns geralmente. Com 240 k ohms, o
resistor externo. tempo morto será de 3,5 microsse-
Na figura 1 temos o diagrama de gundos.
blocos deste componente e sua utili- Na figura 2 temos a curva que
zação típica. mostra a dependência do tempo
A faixa de tensões de operação do morto em função do resistor uti-
dispositivo vai de 5,5 V a 50 V, com lizado. O leitor pode obter mais
uma corrente quiescente típica de 10 informações sobre o uso deste
mA. A tensão regulada característica componente no datasheet disponível
de saída é de 13 V. A resistência típica no site da Allegro. F2. Dependência do tempo
morto em função do resistor.

58 I SABER ELETRÔNICA 431 I Dezembro 2008

SE431_Componentes.indd 58 16/12/2008 16:46:06


Microcontroladores

Novembro 2008 I SABER ELETRÔNICA 430 I 17

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Componentes

Sintetizadores Programáveis de Clock com saídas LVCMOS L


Os circuitos integrados CDCE949 Outras características importantes como a plataforma DaVinci, OMAP,
e CDCEL949 da Texas Instruments dos CDCE949 e CDCEL949 são: DSPs; A
(www.ti.com) consistem em sinte- Programabilidade de EEPROM no Opera com Bluetooth, WLAN, Ether- c
tizadores de clock PLL programáveis sistema; net e GPS; p
com características de alto desempe- Três entradas de controle configurá- Cristal externo de 8 a 32 Mhz; p
nho e baixo custo. Estes componen- veis pelo usuário; Cerne PLL de baixo ruído. re
tes podem gerar até nove sinais de Gera sinais de alta precisão para p
clock a partir de uma única freqüência aplicações em vídeo, áudio, USB, Mais informações podem ser obtidas u
de entrada. Cada saída pode ser IEEE1394, RFID e gera sinais de clock no site da Texas Instruments. d
programada no próprio sistema para de freqüências comuns utilizadas A
qualquer freqüência de clock até p
230 MHz, empregando para isso até co
4 PLLs independentes configuráveis. te
Na figura 1 temos o diagrama de eq
blocos destes componentes e a sua p
pinagem. en
O CDCx949 tem pinos de saídas m
separadas,Vddout, 1,8 V para o U
CDCEL949 e 2,5 V a 3,3 V para o d
CDCE949. A entrada aceita um ça
cristal externo ou um sinal de clock A
LVCMOS. as
Se for utilizado um cristal externo, en
conta-se com um capacitor on-chip n
que é adequado para a maioria das p
aplicações. O valor deste compo- tá
nente pode ser programado entre 0 co
e 20 pF. Além disso temos um VCXO d
on-chip selecionável de modo a pos- F1. Diagrama de blocos do CDCE949 e CDCEL949. re
sibilitar a sincronização da freqüência
de saída por um sinal externo de
controle, ou seja, um sinal PWM. O V
dispositivo suporta programação de
uma EEPROM não volátil para fácil A
customização em uma aplicação. Ele (
é préajustado para uma configuração a
default, a qual pode ser modificada m
conforme a aplicação. Na figura i
2 temos o diagrama funcional dos s
dispositivos desta série. n
Outros dispositivos da mema série s
podem ser utilizados na mesma v
função, conforme mostra a tabela a
abaixo: T
t
Tipo # PLLs Saída
a
CDCE949 4 2,5/3,3 V
CDCE937 3 2,5/3,3 V l
CDCE925 2 2,5/3,3 V f
CDCE913 1 2,5/3,3 V b
CDCEL949 4 1,8 V t
CDCEL937 3 1,8 V
t
CDCEL925 2 1,8 V
CDCEL913 1 1,8 V o
(
F2. Diagrama funcional dos geradores de clock da Texas Instruments.

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LT3085 – LDO SMD da Linear

A Linear Technology (www.linear. O invólucro SMD DFN de 6 pinos e • Referência de corrente estável
com) lançou o LT3085, um LDO MSOP de 8 pinos podem dissipar 1 e de 10 uA;
para 500 mA que pode ser ligado em 2 W respectivamente, sem a necessi- • Faixa de tensões de saída de 0 a
paralelo para fornecer mais cor- dade de dissipador de calor. 35 V;
rente. A nova geração de LDO NPN Destaques: • Faixa de tensões de entrada de
permite a associação em paralelo • Possibilidade de conexão em pa- 1,2 a 36 V;
utilizando-se um simples resistor. Os ralelo para maior capacidade de • Corrente de saída: 0,5 A;
dispositivos são ajustáveis até 0 V. corrente; • Limitação térmica;
A nova arquitetura destes com- • Queda de tensão de 275 mV • Estável com capacitores cerâmicos,
ponentes usa uma referência de • Baixo ruído: 33 uVrms numa faixa tântalo ou alumínio.
corrente em lugar de referência de de 100 kHz;
tensão, como ocorre nos dispositivos
equivalentes deste tipo. Com isso é
possível dividir igualmente a corrente
entre diversos reguladores simples-
mente ligando seus pinos em paralelo.
Um resistor em série para correta
divisão é feito com um simples tra-
çado na placa de circuito impresso.
A corrente de saída é de 500 mA e
as tensões de entrada podem variar
entre 1 a 36 V. A queda de tensão
no regulador é de apenas 275 mV a
plena carga. A tensão de saída é ajus-
tável entre 0 e 35 V e a referência de
corrente on-chip alcança uma precisão
de +/- 1%. O dispositivo inclui ainda
recursos de proteção.

Vishay Amplia Linha de 140 CHR

A Vishay Intertechnology Inc. A faixa de valores de capacitâncias com +125º C. Os dispositivos


(www.vishay.com) de modo dos novos capacitores vai de 10 μF estão de acordo com as normas
a atender as necessidades do a 1 000 μF com tensões de traba- RoHS e são à prova de carga e
mercado automotivo e de sistemas lho de 6,3 V a 63 V, e uma elevada descarga, assim não existe limitação
industriais, anunciou a ampliação de corrente de ripple - de 900 mA de corrente de pico. Sua faixa de
sua linha de capacitores de alumí- em 100 kHz/125º C. A ESR é de 90 temperaturas de operação vai de
nio 140 CRH para montagem em mohms em 100 kHz. -55º C a +125º C.
superfície, a qual passa a oferecer Os capacitores estão disponíveis
valores de capacitâncias mais altos, em cinco tamanhos de invólucros,
assim como correntes de ripple. de 8 mm x 8 mm x 10 mm até o
Trata-se de uma série de capaci- maior (de 12,5 mm x 12,5 mm x
tores eletrolíticos polarizados de 16 mm).
alumínio com um eletrólito não só- Para alta resistência a vibrações, os
lido, sendo ideal para aplicações em capacitores 140 CRH de 12,5 mm
filtragem, suavização de tensões, de diâmetro também estão dispo-
bufferização e desacoplamento de níveis em versões de 4 pinos. Para
tensões, tanto em sistemas indus- os de 10 mm as versões de 4 pinos
triais como de uso automotivo que podem ser obtidas sob encomenda.
operem em temperaturas elevadas Os capacitores apresentam uma
(até 125º C). vida longa que chega a 3 000 horas F1. Nova linha de capacitores de
alumínio 140 CHR da Vishay.

Dezembro 2008 I SABER ELETRÔNICA 431 I 61

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Componentes

TSOP22xx – Nova família de Sensores IR para Controle Remoto

A Vishay Semiconductors (www. Os novos componentes operam com A carga capacitiva na saída deve ser
vishay.com) lançou uma nova família tensões de 2,7 V a 5,5 V e possuem menor do que 2 nF. Nesta aplicação,
de módulos receptores de infraver- recursos que os tornam imunes à os sinais do receptor são aplicados
melho para sistemas de controle luz ambiente. O fotodetector e o diretamente a um microcontrolador.
remoto. Os novos componentes são circuito amplificador estão integrados O alcance chega a 45 m e a corrente
todos fornecidos em invólucros com no mesmo invólucro, conforme pode- de saída, assim como a corrente de
a pinagem exibida na figura1. mos ver pelo diagrama de blocos da alimentação, são de 5 mA. Na figura
Na tabela à direita temos os tipos figura 2. 4 mostramos um diagrama horizontal
com as freqüências correspondentes Na figura 3 temos um circuito típico de diretividade do dispositivo.
de portadora. de aplicação onde os componen- Quando sinais são aplicados na
tes R1 e C1 são opcionais, servindo entrada do dispositivo na presença de
apenas para melhorar o desempenho interferência, por exemplo, lâmpadas
do sistema em condições mais rígidas, fluorescentes, sua sensibilidade dimi-
filtrando a tensão de alimentação, nui de modo a assegurar a integri-
comum ao microcontrolador ou dade dos dados.
outro circuito de processamento
dos sinais. Para aplicações comuns os
valores típicos destes componentes
são R1 = 100 ohms e C1 = 0,1 μF.
A tensão de saída não precisa ter
F1. Pinagem dos novos receptores uma carga à terra para menos de 1 V.
infravermelhos (IR) da Vishay.

F2. Diagrama de blocos dos F4. Diagrama de diretividade dos


receptores infravermelhos. receptores IR TSOP22xx da Vishay.

F3. Circuito típico de aplicação.

62 I SABER ELETRÔNICA 431 I Dezembro 2008

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Componentes

LT5581 – Detector de Potência RMS para 6 GHz

A Linear Technology (www.lin-


ear.com) lançou recentemente o
LT5581, um circuito integrado de de-
tector de potência RMS para 6 GHz,
com uma faixa dinâmica de 40 dB. O
dispositivo utiliza uma ténica propi-
etária para medir potência de RF
numa faixa de -34 dBm a +6 dBm em
2,1 GHz de sinais modulados, com
um fator de crista tão alto como 12
dB. Na figura 1 temos uma aplicação
típica deste circuito integrado.
A saída do dispositivo é uma tensão
contínua numa escala proporcional à
potência do sinal de entrada em dBm.
O LT558 é apropriado para medidas
de precisão e controle numa amplça
variedade padrões como o GSM/
DGE, CDMA, CDMA2000, W-CDMA,
TD-CDMA, UMTS, LTE e WIMAX. A
saída final é lifada em série com um
resistor de 300 ohms on-chip que
possibilita uma filtragem do ripple da
modulação com apenas um capacitor
adicional.
F1.Aplicação do LT558 em medida de potência entre 10MHz a 60 GHz.
Outras caractrísticas de destaque
deste novo componente são sua ten-
são de alimentação até 5 V, sua baixa
corrente de consumo, apenas 1,4
mA em 3,3 V e o tempo de resposta
muito rápido de 1 us de subida e 8
us de caida. Na figura 2 temos o seu
diagrama de blocos.
Os leitores interessados em mais
informações sobre este componente,
incluindo um circuito prático de
aplicação podem baixa o data sheet
completo diretamente do site da
Linear Technology.

F2. Diagrama de blocos do LT5581 da Linear.

64 I SABER ELETRÔNICA 431 I Dezembro 2008

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Microcontroladores

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