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Sumário
Construa um Computador de 8 Bits .................................................................................................................. 5
Realizando Leitura de Um Sinal Senoidal com o STM32 ................................................................................. 13
Casos de Oficina (EP26): A Arte da Paciência .................................................................................................. 17
Métodos alternativos para chaveamento bidirecional de motor DC .............................................................. 20
Função True RMS dos Multímetros Digitais .................................................................................................... 26

Diretor técnico: Wagner Rambo


Produção e diagramação: Wagner Rambo
Revisão técnica: Pio Rambo
Comercial: Ana Paula Strack
Distribuição: WR Kits Engenharia Eletrônica
Articulistas desta edição: Wagner Rambo, Gabriel Vigiano, Pio Rambo, Cauã Luz A. de Almeida

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Aviso
Copyright WR Kits 2023 (todos os direitos reservados): Proibida reprodução total ou par-
cial sem autorização prévia por parte dos autores. Lei de Direitos Autorais LEI N° 9.610,
de 19 de fevereiro de 1998. O uso indevido dos artigos e projetos aqui apresentados não
é de nossa responsabilidade.
Chegamos na edição de número 28! O artigo de capa consiste na expli-
cação geral de funcionamento do computador de 8 bits, que vai lhe possibilitar
a total compreensão de todo o sistema, bem como incentivar você leitor a bus-
car por mais conhecimento e quem sabe projetar/construir o seu próprio, uma
vez que o sistema viabiliza o entendimento de microcontroladores a níveis bem
baixos de abstração.
Seguindo, temos mais um excelente artigo do Gabriel Vigiano, ensi-
nando a fazer a leitura de um sinal senoidal com o microcontrolador STM32 em
STM32 CubeIDE, inclusive é tópico base do curso Medidores de Energia Inici-
antes I, que lançamos em parceria recentemente.
No Casos de Oficina do mês, Pio Rambo apresenta uma situação bem
recente, onde se viu obrigado a restaurar o captador de seu contrabaixo Stra-
tosonic da Giannini, você vai conhecer a máquina desenvolvida por ele há mui-
tos anos, que ajuda nessa tarefa.
O assinante Cauã de Almeida trouxe um artigo excepcional, com várias
ideias “fora da caixa” para o controle bidirecional de motores DC. Para quem
gosta de automação e robótica, são alternativas bem interessantes para você
testar em seu laboratório.
Encerrando a edição, apresento o prometido artigo que explica como
funcionam os multímetros com o recurso True RMS, em comparação com mul-
tímetros de resposta média.
Desejo boa leitura e muito sucesso para você leitor!
WR

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Revista Eletrônica WR
Construa um Computador de 8 Bits
Dr. Eng. Wagner Rambo
Introdução tenho o intuito de desenvolver al- computador de 8 bits para que
guns projetos diferentes sobre você leitor crie o interesse em
Tão presente quanto o de-
computadores/processadores de montar o seu ou pelo menos
sejo de projetar e construir o seu
8 bits, que certamente irão ajuda- acompanhar a série disponível em
próprio amplificador por parte
los a compreender ainda melhor nosso YouTube, que sem dúvida
dos projetistas analógicos; há a
os modernos e complexos micro- lhe trará um grau de compreen-
grande vontade em se compreen-
controladores, inclusivo através são maior de como os microcon-
der, realizar o projeto e o desen-
da criação de kits didáticos, mas troladores funcionam. O compu-
volvimento prático de um compu-
nesse assunto me aprofundarei tador de 8 bits consiste basica-
tador (ou um simples processa-
no futuro. mente em um processador desen-
dor) caso você seja um projetista
volvido com componentes discre-
digital. Logicamente, muitos de Neste artigo apresentarei
tos e mais algumas EEPROMs, que
nós (eu me incluo na lista), se en- um resumo de todo o projeto do
caixam em ambas as
áreas. Eu sempre
afirmo (e não apenas
eu, mas qualquer es-
pecialista), que a ele-
trônica digital só é
possível devido à ele-
trônica analógica. É
fato. O projeto do
computador de 8 bits
já foi apresentado em
nosso canal do You-
Tube com riqueza de
detalhes e a playlist
completa será forne-
cida para você aces-
sar e conferir caso
não tenha visto, bem
como baixar todos os
arquivos com diagra-
mas esquemáticos e
maiores detalhes. En-
tretanto, como visitei
recentemente o pro-
jeto, percebi que não
havia trazido um ar-
tigo sobre o mesmo
(afinal ele é anterior à
criação da Revista). Figura 1 – Arquitetura do Computador de 8 Bits.
Um pequeno spoiler:

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Edição 0028, março, 2023
apresenta como saída um regis- do Computador de 8 bits. Vamos controle do processador, que aci-
trador de 8 bits com LEDs de indi- entender o que cada um dos blo- ona os bits específicos da palavra
cação e mais um display para con- cos faz. de controle através do decodifica-
verter esse conteúdo binário em dor de instruções, de acordo com
Program Counter (Contador de
decimal. A entrada do circuito é o ciclo de clock atual. O argu-
Programa): é um contador binário
basicamente o programa, que é mento é enviado de volta ao bar-
convencional que tem a possibli-
inserido manualmente pelo usuá- ramento de dados e o seu destino
dade de inicializar no endereço
rio, nos “incríveis” 16 bytes de dependerá da instrução que está
desejado. Veja que este contador
memória RAM existentes. Pode sendo executada. Algumas instru-
é de 4 bits que vão para o barra-
parecer pouco quando falamos ções não contêm argumentos.
mento de dados (8-bit bus, ao
em 16 bytes (observe que NÃO
centro do desenho). Também ACC – Accumulator Register (Acu-
são “kbytes”, são apenas “bytes”),
aceita a entrada de 4 bits para que mulador): Registrador de 8 bits
porém é sim possível o desenvol-
possamos “saltar” entre endere- que armazena todos os resultados
vimento de pequenos programas
ços com instruções de desvio. de operações lógicas e aritméti-
bem interessantes e os desafios
cas. O seu conteúdo também é es-
que os mesmos trazem por se tra- MAR – Memory Address Register
crito na RAM, quando executada a
tar de uma memória tão limitada. (Registrador de Endereços de Me-
instrução de armazenamento; e
De certo modo, os microcontrola- mória): responsável por armaze-
enviado para o registrador de sa-
dores têm limites de memória que nar o valor do contador de pro-
ída para exibir os resultados,
o usuário deve respeitar (obvia- grama e enviar o endereço para a
quando a instrução de saída for
mente bem maiores, porém fini- memória RAM, na busca por ins-
executada.
tos). Outro “destaque” é o fato de truções.
programa e dados serem armaze- ALU – Arithmetic and Logic Unit
RAM – Random Access Memory
nados nessa mesma RAM, um de- (Unidade lógica e aritmética): Re-
(Memória de Acesso Aleatório):
safio e tanto para os engenheiros cebe como operandos o acumula-
Para entrada de programa, o usu-
de software, hehe. dor e o registrador B e gera uma
ário seleciona o endereço atual (4
saída conforme a operação seleci-
Funcionamento bits) e dado (8 bits) através de
onada no controle (que depen-
chaves DIP, enviando um pulso de
Já tivemos um panorama derá da instrução executada). O
escrita através de um botão. Para
geral de como funciona o compu- resultado de todas as operações é
a execução do programa, o MAR
tador, agora vamos nos aprofun- armazenado no acumulador. A
seleciona o endereço atual da
dar um pouco mais em seu funci- ALU tem implementadas: soma,
RAM, cujo dado é enviado para o
onamento. Um dos grandes bara- subtração e operações lógicas
barramento, sendo os 4 bits mais
tos do projeto é o fato de conse- AND, OR, XOR e NOT.
significativos o código da instru-
guirmos visualizar de fato cada
ção (opcode) e os 4 bits menos sig- B Register (Registrador B): Regis-
um dos bits de seus registradores,
nificativos o seu argumento. Tam- trador de 8 bits auxiliar que arma-
através de LEDs dispostos por
bém é possível escrever dados na zena o segundo operando para
todo o circuito. Outra coisa que
RAM durante a execução do pro- cada operação lógica ou aritmé-
atrai muito a atenção é que pode-
grama. tica.
mos criar nosso próprio set de ins-
truções para esse processador, eu Instruction Register (Registrador Output Register (Registrador de
diria que é uma das coisas mais in- de Instrução): Armazena o opcode Saída): Outro registrador de 8 bits
críveis desse projeto. Temos uma da instrução (4 bits mais significa-
“escovação de bits” diretamente tivos) e argumento (4 bits menos
no hardware aqui. Apresento na significativos). O código de cada
Figura 1 a arquitetura completa instrução é enviado para o

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Revista Eletrônica WR
que tem a fun-
ção de exibir os
resultados do
computador. É
semelhante
aos PORTs dos
microcontrola-
dores, porém é
apenas para sa-
ída de dados.
Decimal Dis-
play (Display
Decimal): Con-
verter o conte- Tabela 1 – Set de Instruções do Computador de 8 bits.
údo binário do
registrador de saída em um valor desenvolvi para este computador temos a operação que cada ins-
decimal, para ser interpretado de 8 bits é menor que 16, totali- trução executa na última coluna.
mais facilmente por nós seres hu- zando 13 instruções (tem espaço
manos. Permite visualização de 0 A instrução NOP (no ope-
para mais 3 ainda hehe!), que po-
a 255 ou de -128 a +127. ration) significa “sem operação”.
dem ser conferidas na Tabela 1.
Se você já programou em Assem-
O circuito conta ainda com Olhando para a Tabela 1, bly, sabe que esta instrução não
clock, que pode ter sua frequência podemos ver o mnemônico de executa nada, serve apenas para
ajustada de 1Hz até aproximada- cada instrução, que consiste basi- atrasar o processamento, o que é
mente 850Hz, além da possibili- camente em um “apelido” que útil quando desejamos criar roti-
dade de pulsos de clock manual seja mais intuitivo para nós huma- nas de delay por exemplo. LDA
através de botão, para análise de- nos no momento da programa- (load accumulator) é a instrução
talhada de cada ciclo de operação. ção. Veja também que as instru- usada para carregarmos um con-
O clock também é inibido através ções NOP, NOT, OUT e HLT não teúdo no acumulador. O seu argu-
do bit HLT (halt) para parada do contém operando e que todas as mento consiste em um endereço
processamento, quando deseja- demais têm um endereço de me- de 4 bits, logo, a instrução aponta
mos exibir o resultado final de mória como operando, exceto a para um endereço de memória
uma operação. O circuito de reset LDI, que apresenta um conteúdo que contém um dado de 8 bits a
deixa todos os registradores e o de 4 bits. A opcode é o código bi- ser carregado no acumulador. Por
contador de programa com o va- nário de cada instrução, que como exemplo: LDA Fh carregará no
lor zero. comentado tem 4 bits e é o proje- acumulador o conteúdo do ende-
Set de Instruções tista quem define. De acordo com reço Fh da memória RAM. Esse
esse número e com o ciclo atual conteúdo deve ser escrito pelo
Você deve ter percebido de clock, o decodificador de ins- programador no momento de in-
que o set de instruções também truções gera os sinais corretos na serir o código. Esse recurso de
será reduzido, uma vez que o palavra de controle para efetuar o carga indireta permite o uso de
opcode de cada instrução tem processamento. As colunas ̅̅̅̅ 𝑇2, conteúdos de 8 bits, mesmo que o
apenas 4 bits, o valor limite de ins- ̅̅̅̅ ̅̅̅̅
𝑇3 e 𝑇4 são os ciclos de execução argumento da instrução contenha
truções é 16. Novamente, pode- de cada instrução, isso foi expli- apenas 4 bits. Se você desejar en-
mos fazer várias coisas legais com cado em detalhes na série lá no viar um dado imediato para o acu-
poucos recursos e o set que YouTube WR Kits. E finalmente, mulador, utilize a instrução LDI

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Edição 0028, março, 2023
(load immediate), nesta o argu- soma entre o acumulador e o con- simplesmente complementa, in-
mento é o próprio conteúdo a ser teúdo do endereço de memória verte todos os bits do acumula-
carregado no acumulador. Porém, usado como argumento e arma- dor.
o valor máximo que podemos uti- zena o resultado no acumulador.
A instrução JMP (jump) é o
lizar é 15 (argumento de 4 bits). A instrução de subtração SUB cal-
desvio incondicional. Ao ser exe-
Exemplo: após a execução de LDI cula a diferença e funciona do
cutada, o contador de programa
2h, o acumulador conterá o valor mesmo modo que ADD: faz a dife-
retorna para o endereço de
2. rença entre o acumulador e o con-
acordo com o argumento da ins-
teúdo de memória usado como
O computador apresenta trução. Como você pode obser-
argumento e armazena o resul-
também a instrução para escre- var, nessa versão do computador
tado no acumulador. Do mesmo
vermos um conteúdo do acumula- não foram implementadas instru-
modo vão funcionar as instruções
dor diretamente na RAM, esta ins- ções de desvio condicional, po-
lógicas: AND armazenará o resul-
trução é a STA (store accumula- rém tenho essa ideia de realização
tado da operação AND bit a bit en-
tor), bastante útil para armaze- para o futuro.
tre o acumulador e o endereço de
narmos o resultado de alguma
memória do seu argumento; ORL Encerrando, temos a ins-
operação. Supondo que o acumu-
armazena o resultado da opera- trução OUT, que simplesmente
lador tenha o dado 1Ah, após a
ção OR; XOR o resultado da ope- transfere o conteúdo do acumula-
dor para o registrador
de saída, exibindo
também o resultado
em decimal; e a instru-
ção HLT que vai gerar
o bit homônimo para
“congelar” o processa-
mento. Utilizamos ela
sempre que desejar-
mos observar o resul-
tado de alguma opera-
ção. Apenas um reset
cancelará o sinal de
halt caso o mesmo es-
teja presente.
Montagem Prática
Na Figura 2 você
pode conferir o Com-
putador de 8 bits to-
Figura 2 – Protótipo do Computador de 8 bits em protoboard. talmente montado em
ração XOR. Para todas essas ins- protoboards. Foram
execução de STA Eh, o endereço utilizadas 16 protoboards de 840
truções, o segundo operando
Eh da RAM conterá o valor 1Ah. furos, infelizmente na época aca-
(conteúdo vindo da memória) é
As instruções lógicas e arit- sempre armazenado no registra- bei utilizando modelos de pés-
méticas também trabalham com dor B, que é o auxiliar para os cál- sima qualidade, motivo pelo qual
endereços de memória como culos. A instrução NOT o protótipo apresentou vários
você pode perceber. ADD faz a problemas de contatos ruins ao

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Revista Eletrônica WR
longo do tempo. Durante um bom Ao longo do processo, uti- Software
tempo funcionou perfeitamente, lizei cabinhos para emular alguns
O software é escrito pelo
mas tive que realizar reforço nas sinais de controle, dessa forma
programador na Linguagem As-
linhas de alimentação. conseguimos testar cada ciclo de
sembly utilizando os mnemônicos
clock, observando o comporta-
Sem dúvida é uma monta- das instruções. Assim é bem mais
mento de cada um dos setores do
gem com alto grau de complexi- palatável para nós humanos, do
circuito. Na Figura 3 você pode
dade, praticamente impossível de que entrar com os valores biná-
conferir uma imagem de quando
se realizar de uma vez só. Na série rios diretamente. Você pode es-
o computador estava em fase de
do YouTube, eu apresentei cada crever manualmente em um pa-
setor do circuito indivi-
dualmente e demonstrei
as técnicas para valida-
ção de funcionamento,
por esse motivo, conse-
guimos ir montando e
testando aos poucos, até
compor todo o circuito.
Começamos pelo cir-
cuito de clock e vamos
avançando pelo conta-
dor de programa e regis-
tradores, sempre com
testes práticos para ga-
rantir que cada um deles
está funcionamento cor-
retamente.
Recomendo a uti-
lização de protoboards Figura 3 – Computador em fase de prototipação.
de qualidade, assim você
não terá as dificuldades que eu pel e converter para binário a par-
prototipação, sem o circuito deco-
tive com as linhas de alimentação. tir da Tabela 1. Os valores binários
dificador de instruções, que con-
Outro projeto que quero desen- (código objeto) são inseridos na
siste basicamente em tabelas ar-
volver para o futuro é o desenvol- RAM manualmente através das
mazenadas em EEPROMs para ge-
vimento de placas de circuito im- chaves DIP de seleção de endere-
rar os sinais na palavra de con-
presso (porém sem pressão hehe, ços e dados. Quem quiser ir mais
trole.
o tempo é escasso!). Você mesmo além, poderá criar um Assembler
pode desenvolver as placas, ainda Veja na Figura 3 que inseri para gerar o código objeto a partir
mais se tem experiência e já fez etiquetas nos cabinhos utilizados do software digitado. Os alunos
nossos cursos de projeto de PCB para emular os sinais, o que faci- de nosso Curso Definitivo de Lin-
com Proteus ou KiCAD. Outra al- lita bastante na hora de testar al- guagem C aprenderam a criar um
ternativa é a montagem em pla- guma execução de programa, esta compilador completo do zero, ba-
cas universais, que demandará devendo ser realizada manual- seando-se nisso, você poderá de-
bastante solda e paciência, mas o mente quando não temos ainda o senvolver um para este Computa-
resultado final deve ser satisfató- decodificador de instruções e a dor de 8 bits, recomendo.
rio também. palavra de controle.

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Edição 0028, março, 2023
Para ilustrar o funciona- previamente. Após essa instru- Para programar o Compu-
mento de um programa, vamos ção, o acumulador já conterá o va- tador de 8 bits, o usuário vira a
tomar como exemplo esse sof- lor 1Ch, que equivalente a 28. A chave /PGR, RUN para o modo
tware bem simples em Assembly instrução OUT transfere esse programação (/PGR) e verá o LED
e o seu código objeto que apre- dado para o registrador de saída, vermelho aceso. Atuando nas 4
sento no Box 1, que resolve a ex- onde será exibido 28 para o usuá- chaves DIP, você seleciona o en-
pressão 11 − 25 + 42. O resul- rio. E HLT é usada para travar o dereço atual da RAM a ser escrito,
tado final deverá ser 28, número processamento e conseguirmos podendo ser visto também nos 4
que será exibido no display deci- visualizar o resultado correta- LEDs amarelos. Com o endereço
mal. mente. selecionado, atue nas 8 chaves
DIP para entrar com o dado a ser
O software inicia com a Após digitar o software em
gravado. Ao pressionar o botão de
instrução LDI, onde é feita uma Assembly, devemos convertê-lo
escrita, o dado inserido deverá
carga inicial ao acumulador, com para o código objeto, totalmente
aparecer nos LEDs vermelhos.
em binário, que
Troque o endereço e escreva o
SOFTWARE ASSEMBLY pode ser visto tam-
novo dado e assim sucessiva-
LDI Bh ;acc = 11d
bém no Box 1. Veja
mente até concluir a programa-
SUB Fh ;acc = acc - (Fh) que o programa ini-
ADD Eh ;acc = acc + (Eh) ção. Na Figura 4 você pode visua-
cia no endereço
OUT ;regist. de saída recebe acc lizar esse setor de programação
HLT ;trava o processamento 0000b e é concluído
mais de perto. Na imagem, é pos-
no endereço
sível ver o endereço 1001b seleci-
CÓDIGO OBJETO
0100b. Nos endere-
onado (LEDs amarelos) com o
ços 1110b e 1111b
Endereço Programa dado 11001011b (LEDs verme-
temos os dados uti-
lhos).
0000 00101011 lizados no cálculo,
0001 01011111
0010 01001110
respectivamente 42 A qualquer momento o
0011 11100000 e 25. Você poderá usuário poderá consultar o conte-
0100 11110000 selecionar qualquer údo de cada endereço da RAM,
.
. Dados um dos endereços através da seleção das 4 chaves
1110 00101010 livres para armaze- DIP e modifica-lo se for necessá-
1111 00011001 nar os dados, mas rio. Após a entrada dos dados, vire
geralmente selecio- a chave para a posição RUN, e o
Box 1 – Software de exemplo. namos os endere- LED verde acenderá. Finalmente é
ços finais da nossa só dar um reset e rodar o código
RAM para isso. Na coluna “Pro- com o clock manual ou deixar exe-
o valor 11 (em hexadecimal é B).
Como esse conteúdo é menor que grama”, você pode observar que cutar o clock na frequência dese-
os 4 bits mais significativas são os jada.
16, podemos utilizar a instrução
respectivos opcodes de cada ins-
de carga imediata. Em seguida, Processamento passo a passo
trução (compare com a Tabela 1)
subtraímos do valor atual acumu-
lador o conteúdo do endereço Fh, e os 4 bits menos significativos Para que o projeto seja vi-
são os argumentos. As instruções ável, temos que compreender
de acordo com a instrução SUB.
OUT e HLT não contêm argu- cada etapa do processamento em
Em Fh estará armazenado previa-
mento, por isso temos os 4 bits cada ciclo de clock. O computador
mente o dado equivalente a 25.
Depois utilizamos a instrução ADD menos significativos em ‘0’. foi projetado para ter sempre 5 ci-
para adicionar ao acumulador o clos por instrução, sendo 2 desses
Programação
o ciclo de busca (𝑇0̅̅̅̅, 𝑇1
̅̅̅̅), que é
conteúdo do endereço Eh, que
terá o valor 42 armazenado igual para toda instrução e os 3
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Revista Eletrônica WR
restantes consistem no ciclo
̅̅̅̅, 𝑇3
de execução (𝑇2 ̅̅̅̅, 𝑇4
̅̅̅̅), que
é único para cada instrução
(você pode ver na Tabela 1).
O ciclo de máquina
desse processador desenvol-
vido para o Computador de 8
bits, é calculado a partir dos ci-
clos por instrução, que sempre
serão 5 como vimos. Utilize a
equação
5
𝑀𝐶 =
𝑓𝑐𝑙𝑜𝑐𝑘
Por exemplo, se utili-
zarmos uma frequência de
clock de 500𝐻𝑧 em nosso Figura 4 – Setor de RAM para programação do computador.
computador, o tempo que ele
levará para executar cada instru- no contador de programa instruções. Em ̅̅̅̅
𝑇2 teremos a saída
ção será de (PC_OUT), onde teremos o conte- do registrador de instrução (IRO),
údo de PC disponível no barra- sendo apenas os 4 bits menos sig-
5
𝑀𝐶 = = 10𝑚𝑠 mento e o sinal de entrada no re- nificativos enviados ao barra-
500
gistrador de endereços de memó- mento (que contêm o argumento
Significa que ele é capaz de ria (MAR_IN). O armazenamento da instrução). Vamos supor que
processar até 100 instruções por do valor do contador de programa estamos executando ADD 6h. En-
1𝑠𝑒𝑔⁄ no registrador de endereços de tão o valor 0110b vai para o bar-
segundo ( 10𝑚𝑠) o que é
uma performance bem interes- memória consiste no ciclo 𝑇0̅̅̅̅. No ramento e é carregado no regis-
sante para um processador dis- ̅̅̅̅, temos
próximo ciclo de clock 𝑇1 trador de endereços de memória
creto. No clock máximo do pro- os sinais de saída da RAM ̅̅̅̅ o con-
(MAI). No ciclo de clock 𝑇3
jeto (850Hz) serão 170 instruções (RAM_OUT), entrada no registra- teúdo da RAM (de acordo com o
por segundo. Mas podemos modi- dor de instrução (IR_IN) e incre- endereço 0110b) é carregado no
ficar o circuito de clock para gerar mento do contador de programa registrador B (saída da RAM
frequências maiores. A faixa foi (PC_INC). Em outras palavras, o “RMO”, entrada no registrador B
escolhida já prevendo que o pro- conteúdo do endereço atual da “BRI”). Agora, temos o conteúdo
jeto estaria em protoboards e que RAM é armazenado no registra- em B que será somado com o con-
erros poderiam ocorrer em fre- dor de instrução, concluindo o ci- teúdo atual de ACC. Na saída da
quências mais elevadas, especial- clo de busca o program counter é unidade lógica e aritmética, te-
mente falando em contatos ruins. incrementado para que possa efe- mos o resultado da soma e esse
tuar a busca da próxima instrução. valor é armazenado no acumula-
Basicamente, as instru- dor em ̅̅̅̅
𝑇4, com as microinstru-
ções são divididas em microins- Para ilustrar o ciclo de exe-
ções ALU, ACI, isto é, saída da uni-
truções, que se traduzirão na pa- cução, vamos tomar como exem-
dade lógica e aritmética, entrada
lavra de controle, gerando os si- plo a instrução ADD, você pode
no acumulador. Completando ̅̅̅̅ 𝑇4,
nais para cada um dos setores de conferir na Tabela 1 os demais ci-
̅̅̅̅
o ciclo volta para 𝑇0 para a busca
hardware. O ciclo de busca con- clos e fazer o exercício buscando
e execução da próxima instrução.
siste em gerar um sinal de saída entender cada uma das
Veja que algumas instruções não
11
Edição 0028, março, 2023
precisam dos 3 ciclos para sua série pode ser acompanhada no Referências
execução (como LDA e LDI por YouTube, para maior entendido
O projeto foi desenvolvido
exemplo), mas vão ocupa-los de de cada setor com riqueza de de-
com base na série do canal Ben
qualquer forma. Uma atualização talhes.
Eater do YouTube, que eu já reco-
futura para esse computador se-
Acompanhe a série com- mendei várias vezes para todos.
ria não desperdiçarmos estes ci-
pleta sobre o Computador de 8
clos de clock não executados, po-
bits no YouTube WR Kits aqui ou
rém, o projeto torna-se ainda
escaneie o código QR:
mais complexo para tal imple-
mento.
Conclusão
Agora que você já leu e Também usei como base o
compreendeu ao menos superfici- livro MALVINO, Albert P. BROWN,
almente o projeto, também en- Jerald A. Digital Computer Electro-
tende com mais facilidade o funci- Adquira o kit para a mon- nics.3ed.
onamento de microprocessado- tagem do seu computador neste
res e microcontroladores, pois o link no através do QR:
Computador de 8 bits é basica-
mente o coração de qualquer pro-
cessador. Um sistema bem com-
pleto, que permite um estudo
aprofundado de eletrônica digital
e processadores, hardware e tam-
bém software. Além do mais, a

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Revista Eletrônica WR
Realizando Leitura de Um Sinal Senoidal com o
STM32
Esp. Eng. Gabriel Vigiano
Introdução: Lendo um sinal senoidal analógico de
forma eficiente com o STM32:
A leitura de sinais analógicos é uma técnica
fundamental quando utilizamos sistemas micro- Para adquirir um sinal analógico é impor-
processados, permitindo a medição de grandezas tante considerar a resolução do ADC, a frequência
físicas como temperatura, pressão, umidade e mui- do sinal, o filtro anti-aliasing, a referência de ten-
tas outras. são, o ruído, calibração do sistema e principal-
mente sua amostragem. A amostragem destina-se
Para isso, é necessário o uso de um conver-
a digitalizar um sinal analógico em intervalos regu-
sor analógico-digital (ADC), que converte o sinal
lares de tempo para permitir o processamento di-
analógico em um valor digital que pode ser inter-
gital de sinais. É essencial selecionar a taxa de
pretado pelo microcontrolador ou outro disposi-
amostragem adequada de acordo com a frequência
tivo eletrônico. Com essa técnica, é possível obter
do sinal analógico para garantir a precisão da amos-
leituras precisas e confiáveis, o que é essencial para
o funcionamento de diversos equipamen-
tos de uma forma geral.
Neste artigo abordaremos técnicas
e práticas relacionadas à leitura de sinais
analógicos quando há necessidade de
aquisição de uma forma de onda senoidal
utilizando microcontroladores, especifica-
mente neste exemplo para o STM32.
Importância de sinais senoidais: Figura 1 – Kit de Desenvolvimento blue-pill.

Sinais senoidais são formas de onda perió- tragem e evitar distorções. Neste artigo vamos de-
dica que possuem diversas propriedades únicas e monstrar uma prática simples com o microcontro-
importantes, tornando-o amplamente utilizado na lador STM32F103C8T6, o mesmo utilizado nas pla-
eletrônica e em outras áreas. cas didáticas conhecidas como blue-pill (Figura 1).
Podemos dizer que suas principais caracte- Os intervalos de tempo entre as amostras
rísticas estão relacionadas à capacidade de repre- do sinal senoidal, ou mesmo para qualquer sinal no
sentar sinais complexos, transmissão de informa- tempo, é também encontrado no datasheet dos
ções, processamento de sinais e também em gera- microcontroladores como “Total Conversion Time”
ção de energia elétrica. ou “Tempo Total de Conversão, que é basicamente
o tempo utilizado para discretização do sinal em
Em muitos casos, sinais senoidais são utili-
análise. A Figura 2 demonstra um comparativo en-
zados como sinais de referência, e o microcontro-
tre um sinal analógico e um sinal discreto no
lador precisa fazer a leitura precisa da fase e da am-
tempo.
plitude desse sinal para gerar uma resposta ade-
quada ao sistema proposto, portanto o projetista Observando a Figura 2 podemos diferenciar
deverá conhecer recursos e métodos eficientes um sinal analógico e um sinal discreto senoidal,
para leitura dos mesmos com microcontroladores. para qualquer que seja a frequência do sinal senoi-
dal o número de amostras deve ser
13
Edição 0028, março, 2023
consideravelmente maior a fim de não perder a ca- respeitando os limites máximos de frequência do
racterística e resolução do sinal além do teorema microcontrolador.
Exemplo de leitura com um sinal
senoidal de 60Hz:
Neste artigo para fins de apresen-
tação, vamos exemplificar utilizando este
processo para um sinal senoidal de fre-
quência fixa de 60Hz, a mesma frequên-
cia utilizada para geração de energia em
sistemas de potência. Esta demonstração
visa também condicionar aos leitores inú-
meras possibilidades de projeto e estudo,
Figura 2 – Sinal Senoidal Contínuo e Discreto no Tempo. inclusive com medidores de energia elé-
trica.
Nyquist, assunto que será apresentado com mais
Vamos considerar que por uma necessidade
detalhes em artigos futuros da revista. Ainda na Fi-
de uma aplicação o projetista necessita realizar
gura 2 a marcação de tempo demonstra justa-
uma leitura de 3 ciclos de 60Hz, ou seja, basica-
mente o “Total Conversion Time”, que não deve ser
mente realizar a leitura de um sinal senoidal com
confundido com o tempo de leitura total do sinal
um tempo total de 50ms (1/60 x 3).
senoidal, mas sim o tempo que o microcontrolador
leva para fazer a amostra apenas entre estes inter- O próximo passo é definir a quantidade de
valos de tempo. amostras desejadas, neste exemplo vamos consi-
derar 512 amostras. Assim o tempo de conversão
Sequencialmente acessando a informação
é definido por 50ms dividido por 512 amostras, to-
no “datasheet” e também no “reference manual”
talizando um intervalo de leitura de aproximada-
do STM32F103C8T6 podemos encontrar informa-
mente 97,65µs.
ções de cálculo para este tempo (Figura 3).
Adiante utilizaremos o mesmo exemplo de
A Figura 3 demonstra um exemplo de cál-
cálculo da Figura 3 no STM32CubeIDE. A configura-
culo para determinar os tempos de conversão de
ção do canal de leitura analógico é demonstrada na
leitura do conversor analógico para os intervalos
Figura 4.
determinados no projeto, assim podemos utilizar
estes conceitos para leitura de um sinal senoidal Seguindo a mesma filosofia de cálculo de-
monstrado no “datasheet” e exemplificado no “re-
ference manual”, o
tempo de conversão
será de ((239,5 + 12) /
2,5MHz), onde
2,5MHz é a frequência
do conversor analó-
gico respectivamente.
Realizando este equa-
cionamento vamos
obter um tempo de
conversão de exatos
Figura 3 – Exemplo de Cálculo Para Intervalo de Leitura de Amostras.

14
Revista Eletrônica WR
recurso de debugger
através do STM32Cu-
beIDE e exportando os
dados da variável “da-
dos” destinado a leitura
do sinal senoidal pode-
mos verificar na Figura 7
que obtemos exatos 3 ci-
clos de onda do sinal na
Figura 4 – Configuração Para Leitura do Sinal Senoidal. frequência de 60Hz vali-
dando a teoria e prática
100,6µs, o que é basicamente o intervalo necessá- proposta neste artigo.
rio para obtermos 512 amostras em 50ms aproxi-
mados.
Finalmente o último passo
consiste na implementação do al-
goritmo, é importante ressaltar que
a configuração do “sampling time”
consiste no ciclo de clocks que o mi-
crocontrolador necessita para reali-
zar a leitura do canal ADC propria-
mente dito, por esta razão a correta
seleção desta configuração combi-
Figura 5 – Configuração da Frequência do Canal Analógico.
nado a frequência do ADC devem
ser apropriadamente configuradas
de forma simultânea para seleção do tempo de in-
tervalo previamente projetado, esta prática foi im-
plementada utilizando um gerador de função apli-
cando um sinal senoidal com ranges de 0V a 3,3V
respeitando os limites de tensão suportado pelo
dispositivo.
Como já mencionado em artigos
passados da Revista WR, um dos recursos
avançados com grande utilização nos mi-
crocontroladores de arquiteturas de 32bits
como o STM32, é o DMA (Acesso Direto a
Memória), este recurso possibilita acesso
aos dados do canal analógico e também a
outros periféricos sem a necessidade de
utilização do processador, portanto apenas
Figura 6 – Algoritmo Para Leitura do Sinal Senoidal com DMA.
configurando sua inicialização as leituras
do sinal são armazenadas diretamente na
variável.
Com todas as etapas anteriores concluídas
podemos testar o sistema proposto. Utilizando o
15
Edição 0028, março, 2023
Conclusão: uma aplicação prática de leitura um sinal senoidal
de 60Hz aplicada através de um gerador de função.
Neste artigo estudamos sobre aquisição de
sinais senoidais utilizando o microcontrolador Por fim apresentou-se o algoritmo simples
STM32F103C8T6. Vimos que esta técnica realiza utilizando recursos de acesso direto à memória
leituras em intervalos de tempo específicos do sinal (DMA) o que possibilita um alto desempenho de
senoidal respeitando o limite máximo suportado velocidade sem a necessidade de utilização do pro-
pelo dispositivo. cessador para a leitura do sinal. Resultados gráficos
exportados dos dados lidos apresentados através
Utilizando o STM32CubeIDE com o da-
de debugger validam o projeto e as teorias de-
tasheet e o manual de referência do dispositivo,
monstradas neste artigo.
entendemos a realização dos cálculos destes inter-
valos e também configurar adequadamente para

Figura 7 – Sinal Senoidal Obtido Pelo STM32F103C8T6.

16
Revista Eletrônica WR
Casos de Oficina (EP26): A Arte da Paciência
Pio Rambo
Eu já havia passado por isso anos atrás, mas discos. Tinha somente duas bobinas e seu torque,
confesso que não me recordava mais do quanto pe- mesmo com polias de redução, não conseguia ar-
noso e demorado é recuperar um captador de gui- rebentar fio abaixo do 36 AWG. Esta máquina en-
tarra ou contrabaixo aberto. rolou mais de dois mil transformadores, dentre os
quais, alguns de formatos dife-
rentes para caberem dentro
de 'cases' apropriados para
não gerar caixas grandes,
como pedais de guitarra.
Assim, a máquina fez
grandes trabalhos associados
com minha criatividade. Che-
guei a enrolar alguns captado-
res, mas que pelo uso do fio
não apropriado, deixaram a
desejar em matéria de sensibi-
lidade. Um captador de gui-
tarra deve ter pelo menos
5,8𝑘Ω no captador mais perto
do braço e 6𝑘Ω no captador
do cavalete. O do contrabaixo,
Figura 1 – Captador na máquina de bobinar. ainda precisa mais: 7,5𝑘Ω e
7,8𝑘Ω de impedância em seus
Anos atrás, fazia este trabalho entre um
captadores.
teste de televisor e outro, enquanto me assegurava
de que o conserto havia dado certo e de que o apa- Eu sempre toquei contrabaixo e no fim da
relho funcionaria na casa do cliente. Enquanto isso, década de 70 comprei um contrabaixo Giannini
em vez de ficar olhando as baboseiras dos canais Stratosonic Bass. E, apesar dos captadores japone-
abertos da época, produzia bobinas e transforma- ses que incorporaram o instrumento, optei por
dores dos mais diversos, o que sempre dava algum comprar um par de captadores alemães Höfner
lucro.
Tinha uma bobina de Lambretta enro-
lada diretamente sobre o núcleo de lâminas de
ferro em forma de canoa e que, se eu não fi-
zesse, a falta da mesma tornava o veículo ob-
soleto, já que não se encontrava mais a peça no
mercado.
Para enrolar meus transformadores,
bobinas e afins, montei uma máquina de bobi-
nar, que pode ser vista na Figura 1, tracionada
Figura 2 – Captador Höfner.
por um motor de núcleo de campo polarizado,
fraquinho, daqueles usados em pratos de toca-
17
Edição 0028, março, 2023
(Figura 2), a marca que Paul McCartney tornou fa- Refiz toda a parte elétrica que é bem sim-
mosa através do uso de seus contrabaixos. ples, você pode observar o diagrama esquemático
na Figura 4.
Feito a troca, a sensibilidade era sensivel-
mente superior e seu ganho era muito maior.
Usei este contrabaixo durante mais de 20
anos, e depois ele ficou devidamente exposto em
meu estúdio, sendo usado para eventuais encon-

Figura 4 – Diagrama esquemático contrabaixo Gian-


nini Stratosonic.

Figura 3 – Captador aberto.

tros de família, onde cada um toca algum instru-


mento, e fazer música em família tem seu condi-
mento e sua beleza.
Num dos últimos encontros, constatei que
um captador estava aberto. Fiz uma varredura na
internet e descobri que somente tem uma empresa
que fabrica captadores, chamada Malagoli. E que
eles não estão mais rebobinando captadores, so-
mente fabricando.
Então, o jeito foi pegar de volta a velha má-
quina de bobinar, comprar fio 43 e enrolar eu
mesmo o captador.
O trabalho todo envolveu muito cuidado
em todos os detalhes para não arrebentar o fio,
que é o 43 AWG e corresponde mais ou menos à
metade da espessura de um fio de cabelo. Confira
o captador aberto na Figura 3.
Levei três dias enrolando o captador, na ve-
locidade de 3 voltas por segundo, o que deu algo
em torno de 10.000 voltas, perfazendo um total de
8,5𝑘Ω, sendo este o captador do cavalete do con-
trabaixo. O outro, que não estava aberto, mede
7,8𝑘Ω.
18
Revista Eletrônica WR
E, o resultado ficou maravilhoso. É um exer- A gratificação final de um trabalho desses
cício de muito cuidado e paciência, mas que é algo realizado é que compensa toda a dedicação. Na Fi-
que se adquire com o passar dos anos quando se gura 5 você pode conferir o contrabaixo total-
trabalha com eletrônica e consertos, já que a mai- mente montado.
oria dos componentes são delicados.

Figura 5 – Contrabaixo com captador rebobi-


nado.

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Edição 0028, março, 2023
Métodos alternativos para chaveamento bidirecio-
nal de motor DC
Cauã Luz A. de Almeida
Agradecimentos

Gostaria de agradecer/comemorar a mim por, apesar de todas as adversidades; toda a


solidão; toda a rejeição inicial com esse conceito revolucionário de um cientista favelado; todas as
dores; nunca desistir de mim mesmo, dos meus sonhos, do meu objetivo, da minha felicidade, que
eu tive que procurar, e encontrar, no meio de um monte de infelicidades. Gostaria de agradecer ao
Dr. Wagner Rambo por esse artigo, a ciência simboliza muito à minha vida, realmente um meio de
libertação, e o canal dele me estimulou bastante a continuar com meus estudos. Gostaria de agra-
decer à minha família, que me proporcionou ao menos o básico para sobreviver, em especial, a
minha Avó, Maria Nazareth, que sustentou a minha casa; e à todos os meus amigos que estiveram
comigo na época do Ensino Fundamental e Médio, e das batalhas de Rap; e futebol na quadra no
São José(meu bairro), mais notoriamente: Caio, Wendel, Vivian, David, Gill, Enzo, Sergio e Minzy
Samia. Pois esses contribuíram bastante para com a minha formação como ser humano, antes de
eu entrar na UFMG.

Objetivo o MOSFET é ativado por tensão o que torna seu


chaveamento mais simples de ser feito¹.
O objetivo deste artigo é mostrar outros
métodos, com outros recursos, para acionar um A ponte H é usada para controlar o sentido
motor DC bidirecional, sem a tradicional Ponte H; de rotação de um motor DC. Nessa configuração
já que, em alguns casos, os módulos encontrados usa-se quatro chaves de acionamento e um motor
podem ser, em certos projetos, evitados, conse- ao meio¹, como mostrado na Figura 1 com os TBJ’s,
quentemente, evitando custos adicionais desne- fazendo com que o motor gire em ambos sentidos;
cessários, ou reduzindo o preço do projeto final, ou mas Q1, Q2, Q3 e Q4 podem ser MOSFET’s tam-
também se possa só realizar uma desejada experi- bém.
mentação para casos onde o projetista não tenha
acesso a esse recurso, seja por ser iniciante, ou não
tenha condições financeiras.
Ponte H:
Antes de tudo, é importante apresentar,
brevemente, ao conceito de chaves eletrônicas,
que são principalmente os componentes:
Transistor Bipolar de Junção (TBJ)

Figura 1 – Ponte H com transistor bipolar de junção.


TBJ Tipo NPN que comumente é usado
para chaveamento e Metal Oxide Semiconductor Fonte Simétrica (FS)
Field Effect Transistor(MOSFET)
Outro ponto relevante neste artigo é a
Fonte Simétrica. Uma fonte simétrica é uma ligação
entre duas fontes em série, em que se forma um
MOSFET Canal N que comumente é usado
ponto em comum que age como referência de 0V,
para chaveamento sendo a principal diferença en-
e os outros pontos formam uma tensão comum
tre eles que enquanto o TBJ é ativado por corrente,
(V+) e uma tensão negativa (V-), em comparação a
20
Revista Eletrônica WR
do motor, e o acionamentos das cha-
ves/circuito que irão mudar a direção
do, já acionado, motor.
Métodos de acionamento do motor
Método 1 – Foto-resistor (LDR) e LED
Apresentação: A configuração
de LED e LDR (Figura 4) se apresenta
com uma proposta de que, com a po-
tência ideal para o LDR, daria para
não somente fazer o acionamento bi-
direcional do motor, mas também fa-
zer o controle da velocidade do mo-
tor, já que o LED envia a luz que o LDR
precisa para conduzir, e isso com um
isolamento elétrico em relação ao
microcontrolador (MCU). É uma al-
Figura 2 – Fonte simétrica de ±8𝑉, diagrama esquemático e circuito ternativa de acionador para quem
montado. deseja fazer projetos de baixa e mé-
dia potência com um ajuste de velo-
referência entre as fontes em série, no caso 0V². cidade pelo MCU, por exemplo, no caso da IDE Ar-
Portanto usarei dessa característica – tensão nega- duino, usando função “analogWrite()”.
tiva – para fazer com que o motor gire nos dois flu-
xos de corrente, isto é, de V+ para 0V, e 0V e -V. No
caso dos meus experimentos, fiz a FS com os regu-
ladores 7808 e 7908 (Figura 2). Que é o mais está-
vel para cargas que puxam médias (80mA a 1A) e
grandes correntes(+1A); ademais, para casos de
baixa e média corrente(=<80mA), pode facilmente
usar uma FS com zener’s, ao invés dos 78XX e 79XX,
depende do seu projeto.
Mas não entrarei em mais detalhes sobre
FS, já que esse não é o objetivo deste artigo, porém
é recomendado fazer pesquisas sobre o tema, para
os métodos que usar a FS, já que, dependendo das
características do motor, poderiam ser usados
componentes mais simples e em conta, ou, para
não se ter problemas com a fonte, uma topologia
mais potente.
Acionamento do Motor
Antes de tudo, é necessário apresentar
como funcionará o diagrama de controle (Figura 3),
como é mostrado na figura abaixo, começa no aci-
onamento do motor (onde precisa ser por uma Figura 3 – Diagrama de controle de motor.
chave sem polaridade) que permite o acionamento
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Edição 0028, março, 2023
Qualidades: • Pode-se optar entre deixa o motor já no pino de
comumente aberto, ou no comumente fechado,
• Isolamento
assim favorecendo uma economia do gasto de
elétrico para
energia, amenizando também um de seus gastos.
com MCU
• Além disso, os Relés frequentemente tem uma
• Controle de
alta capacidade de suportar correntes acima de 1
velocidade
Ampère. Ou seja, o relé pode economizar a sua
Figura 4 – Símbolo esquemático energia de ativação e ainda suportar uma corrente
do LED (esquerda) e LDR (direita). bastante alta para o motor.
• No caso de projetos de alta corrente, em 12V,
Método 2 – Relé em série
também poderia usar relés automotivos já que al-
Apresentação: Deixar um relé em série ao guns suportam 40A (os de caminhão suportam até
motor para aqueles que precisam de uma boa po- 200A).
tência no chaveamento, que um LDR comum não
teria, suportando mais corrente, por exemplo; ape-
sar de necessitar de uma chave também para o aci- Métodos de acionamento das chaves para troca
onamento deste, o projetista também poderia op- de direção do motor
tar por deixar o motor ou comumente ligado, ou
Método 1 – FS e Meia Ponte H (dois chaveadores)
comumente desligado, mas, de qualquer forma,
economizando energia, mesmo que precisando de Apresentação: Muito semelhante a Ponte
se fazer um chaveamento do relé também. Veja na H, como o nome já sugere, é o mesmo conceito, po-
Figura 5. rém com a metade do gasto com os componentes.
Qualidades:
• Metade dos gastos, em comparação com a Ponte
H.
• Ser mais viável escolher a potência máxima.
Método 2 – Relé
Apresentação: O relé aqui se faz muito útil
também, já que ele muda mecanicamente os circui-
tos enquanto já desativa o anterior.
Qualidades:
Figura 5 – Representação do Relé (esquerda). Aci-
• Efetividade.
onamento com transistores (direita).
Demonstração:
A indicação “N/A” significa normalmente Dois Relés, como acionador e alterador de direção¹
aberto (onde se liga a reta normal), e ”N/F” signi-
fica normalmente fechado (onde se liga a reta pon- Apresentação: Nesse caso, devido a carac-
tilhada). Após uma específica circulação de energia terística de ter pinos que estão normalmente aber-
na bobina abaixo das chaves, a chave que circula tos, e ,após ativação de energia, os pinos mudarem
energia troca de: N/A para C; para: N/F para C. mecanicamente e se fecharem eletricamente, cria
várias possíveis formas de organização
Qualidades:
Qualidades:
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Revista Eletrônica WR
• Viabilidade. pelo LDR, nesse caso, a função exclusiva do LDR é
mais o chaveamento bidirecional, veja na Figura 8.
• Flexibilidade.
Qualidades:
• Suporta uma potência maior sem muitas compli-
cações. • Poder trocar o sentido de rotação rapidamente.
FS, Relé e Meia ponte H
Apresentação: Nesse exemplo o
relé substitui o LDR no exemplo anterior,
fazendo com que o motor possa ter mais
potência, confira na Figura 9.
Qualidades:
• Poder trocar o sentido de rotação rapi-
damente.
• Suportar o máximo de potência que o
relé, a FS e as chaves puder (que pode
muito bem ser alta).

Figura 6 – (a) Motor comumente desligado, bom para economi-


zar a energia da fonte, muito importante em bateria por exem-
plo, e só se aciona o suficiente para ligar, e já no sentido dese-
jado. (b) Motor comumente ligado, sentido de giro anti-horário,
que pode tanto mudar o sentido de direção, quanto desligar. (c)
Motor comumente ligado, sentido de giro horário, que pode
tanto mudar o sentido de direção, quanto desligar.

LDR e LED como acionador e controlador de velo-


cidade e Relé como alterador de sentido
Apresentação e Qualidades: Junta-se as
qualidades do LDR como acionador e as do relé
como alterador. Então, pode-se acelerar e desace-
lerar, ligar e desligar o motor por uma única porta,
e só trocar de direção com outra, o MCU só usa
duas saídas: troca de direção, e velocidade/aciona-
mento/desacionamento (Figura 7).
FS, LDR, LED e Meia ponte H
Figura 7 – Acionamento com Relé, LED e LDR.
Apresentação: Usa a Meia ponte H para dar
ao 0V o acesso aos dois sentidos de giro que e
pode-se controlar a velocidade pela meia ponte ou

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Edição 0028, março, 2023
(fora o MCU e o 7805), assim, tendo um custo
quase nulo. Observe o projeto na Figura 10.

Figura 8 – Acionamento com fonte simétrica, tran-


sistores e LDR.

Figura 9 – Acionamento com transistores e relé.


Mesmo conceito, porém dessa vez com relé, que aí
está como comumente aberto mas poderia estar
comumente fechado se fosse o mais conveniente.

Projeto
Com o intuito de cumprir experimental-
mente com o objetivo deste artigo, implementei
uma das ideias dos circuitos ao um projeto em que
eu precisava de um motor DC bidirecional para fa- Figura 10 – Diagrama Esquemático do circuito na
Placa Universal (sem o com fonte de alimentação).
zer um reabastecedor automático de ração para
animais domésticos e com só duas portas disponí-
veis do ESP-01(MCU), portanto, optei pela configu-
ração de 2 relés e uma FS simples para motor, mo-
tor esse que consome uma baixa corrente e não
terá variações significativas de corrente. Além
disso, o fiz somente com componentes reciclados

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Revista Eletrônica WR
Conclusão
Como foi provado, em muitas situações, Bibliografias e Referências
não existe a necessidade de optar sempre pela
Silva, F. B. D. (2018). Desenvolvimento de eletrô-
Ponte H, já que existem métodos alternativos, que
nica para controle de motores DC com escova. (1)
podem suportar mais corrente; que se pode obter
um controle da velocidade do motor eletricamente https://www.comercialgoncalves.com.br/fonte-
isolado; que se pode usar apenas duas chaves, ao alimentacao-simetrica (2), escaneie o QR code:
invés de quatro; reduzir o custo; ou só tornar o pro-
jeto viável. Alguns com a peculiaridade relacionada
à montagem da FS, mas que pode ser desde às mais
potentes – não muito dificilmente feitas já que um
motor não requer grandes filtrações devido à sua
característica indutiva – às fontes mais simples com
zener e half-bridge por exemplo.

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Edição 0028, março, 2023
Função True RMS dos Multímetros Digitais
Dr. Eng. Wagner Rambo
Existe uma infinidade de opções quando o multímetro analógico é mais rápido também, se
assunto é equipamento de bancada eletrônica (e compararmos com multímetros digitais de baixo
isso é bom demais diga-se de passagem). Todo pro- custo. Então recomendo que você tenha ao menos
jetista iniciante tem aquele sonho de conquistar o um modelo desses em seu laboratório.
mais comentado de todos os equipamentos, que é
Quando o assunto são multímetros digitais,
o osciloscópio. Há no mercado uma variedade gi-
a dúvida que surge no praticante de eletrônica é
gantesca de marcas e modelos de osciloscópios. Aí
por qual modelo optar: multímetro digital comum
temos também as fontes de alimentação, gerado-
(resposta média) ou True RMS? O propósito desse
res de função, estações de solda, analisadores lógi-
artigo é ajudar você a entender brevemente como
cos e quem quer ir mais longe já está buscando por
funciona o True RMS, quais suas vantagens e por
analisadores de espectro e geradores de RF. Para
qual motivo muitas vezes esses equipamentos têm
mim, todos esses equipamentos sempre foram so-
valores mais elevados.
nho de consumo e ainda são. Além de nos entusi-
asmarem, nos auxiliam demais em nossas análises Os multímetros de resposta média funcio-
e no desenvolvimento de projetos. Posso afirmar nam muito bem para a medida de tensões e cor-
que esses equipamentos se pagam ao longo do rentes senoidais em cargas puramente resistivas. O
tempo. Então, se posso dar um conselho é, sempre seu hardware é desenvolvido para realizar a média
procure investir em equipamentos novos para a da tensão de um sinal senoidal, a partir do rebati-
sua bancada eletrônica. Procure sempre investir mento dos semiciclos negativos do sinal (retifica-
neles. Se você é iniciante e tem poucos recursos, ção), conforme você pode conferir na Figura 1.
inicie pelos mais básicos, vá evo-
luindo pouco a pouco. A chave é
sempre poupar tempo. E equi-
pamentos de qualidade fazem
isso por nós nas análises e pro-
jetos de circuitos.
Dito isso, você deve ter
percebido que não mencionei
um em particular, talvez o pri-
meiro equipamento que de fato
todo iniciante adquire para o
seu laboratório: o multímetro.
Modelos analógicos, digitais,
manuais e de bancada, são im- Figura 1 – O multímetro de resposta média retifica o sinal a ser medido.
prescindíveis em nosso dia-a-dia
como projetistas e profissionais da manutenção Fica claro que a média de um sinal senoidal
eletrônica. Multímetros analógicos têm algumas será zero, você pode inclusive fazer esse teste com
aplicações ainda nos dias de hoje, como a medida um ciclo do sinal, a partir da função média em uma
de certos componentes, tais como BJTs, MOSFETs planilha eletrônica. Daí a necessidade de retificar-
e SCRs, tornando possível a verificação do estado mos o sinal para conseguirmos de fato extrair uma
dos mesmos, como já demonstramos inclusive no média útil do mesmo e, a partir dessa informação,
YouTube WR Kits. O resultado mostrado do VU do calcular o valor RMS, que será o produto entre o
valor médio (AVG) e a constante 1,11.
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Revista Eletrônica WR
𝑅𝑀𝑆𝑣𝑎𝑙 = 1,11 × 𝐴𝑉𝐺𝑣𝑎𝑙 Figura 2, juntamente com a sua cópia retificada, da
qual um multímetro sem True-RMS calcularia o va-
O RMS, ou valor eficaz, é a raiz média qua-
lor médio e multiplicaria pela constante 1,11.
drática (do inglês Root Mean Square), que expressa
os valores médios constantes do sinal ao longo do Quando estamos considerando medir sinais
tempo. A equação para o cálculo do
valor RMS real de uma função contí-
nua no tempo será

𝑡2
1
𝑅𝑀𝑆 = √ ∫ 𝑓(𝑡)2 𝑑𝑡
𝑡2 − 𝑡1
𝑡1

Um ciclo completo de 60𝐻𝑧


terá um período igual a
1
𝑇= = 16,67𝑚𝑠
60
Podemos considerar esse ci-
clo no cálculo do valor RMS, come- Figura 2 – Medida de um sinal com distorção. Valor RMS estará errado.
çando no 𝑡1 de 0 segundos e uma
função puramente senoidal em cargas indutivas, driver de motores, reatores
16,67𝑚
eletrônicos, fontes chaveadas, computadores, em
1 geral quaisquer sinais que não irão apresentar um
𝑅𝑀𝑆 = √ ∫ sin2 (𝑡) 𝑑𝑡
16,67𝑚 − 0 aspecto puramente senoidal (praticamente todos),
0
devemos recorrer a multímetros com a função
True-RMS. Esses multímetros realizam a aquisição
16,67𝑚
da forma de onda propriamente dita, armazenando
𝑅𝑀𝑆 = √60 ∫ sin2 (𝑡)𝑑𝑡 em sua memória um largo número de amostras de
0 um valor de tensão por exemplo. Cada uma dessas
amostras é elevada ao quadrado, é feita a somató-
16,67𝑚 sin(2 × 16,67𝑚) ria desses pontos resultantes, depois divide-se pelo
𝑅𝑀𝑆 = √60 × [ − ]
2 4 número de amostras e extrai-se a raiz quadrada, as-
sim obtendo-se o valor RMS real desse sinal. Um
𝑅𝑀𝑆 ≈ 0,707 único ciclo do sinal já basta para obtermos esse re-
Como vimos, o resultado será 0,707 cujo o sultado. A equação a seguir ilustra como é reali-
inverso é raiz de 2 zado o cálculo na prática, considerando um nú-
mero n de amostras.
1
≈ √2
0,707 𝑛
1
Por isso é comum dividirmos o valor de pico 𝑅𝑀𝑆 = √ ∑ 𝑥𝑖2
𝑛
de um sinal senoidal por √2 para encontrarmos o 𝑖=1

seu valor RMS. Porém, um sinal senoidal perfeito


Tornando ainda mais simples de entender:
não existe na vida real e aí que a coisa começa a
complicar para um multímetro de resposta média
𝑥12 + 𝑥22 + ⋯ + 𝑥𝑛2
(aquele SEM a função True-RMS). Considere um si- 𝑅𝑀𝑆 = √
nal com distorção no cruzamento, representado na 𝑛

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E isso permite medirmos o valor correto Você também encontrará informações úteis
para quaisquer sinais, mesmo contendo distorção. neste artigo da Fluke ou no código QR:
Eu produzi um vídeo com este comparativo no You-
Tube WR Kits que pode ser conferido neste link, ou
no QR code:

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