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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO

CENTRO DE ESTUDOS SUPERIORES DE TIMON


DEPARTAMENTE DE LETRAS
LICENCIATURA EM LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURAS DE LÍNGUA
PORTUGUESA

Francisco Wanderson de Assunção Arruda

A IMPLICITUDE DO ATO SEXUAL: A REPRESENTAÇÃO DO EROTISMO EM O


AMOR NATURAL, DE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE E A MULHER NUA,
DE GILKA MACHADO

Timon (MA)
2020
Francisco Wanderson de Assunção Arruda

A IMPLICITUDE DO ATO SEXUAL: A REPRESENTAÇÃO DO EROTISMO EM O


AMOR NATURAL, DE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE E A MULHER NUA,
DE GILKA MACHADO

Projeto de Pesquisa submetido ao curso


de Licenciatura em Língua Portuguesa e
Literaturas de Língua Portuguesa da
Universidade Estadual do Maranhão
como requisito parcial para obtenção título
de graduado.

Orientador: Prof. Me. Thiago de Sousa


Amorim

Timon (MA)
2020
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...........................................................................................................3
1.1 TEMA.......................................................................................................................3
1.2 PROBLEMA.............................................................................................................3
1.3 JUSTIFICATIVA......................................................................................................4
1.4 OBJETIVOS............................................................................................................6
1.4.1 Geral.....................................................................................................................6
1.4.2 Específicos..........................................................................................................7
2 REFERENCIAL TEÓRICO.........................................................................................7
2.1 O erotismo: um panorama sobre
significações..................................................7
2.2 “Com toda a pureza”: o erotismo
drummondiano..............................................9
2.3 Gilka Machado: “a primeira mulher nua da poesia brasileira”.......................
10
2.4 O erotismo e suas implicações com a
pornografia..........................................12
3
METODOLOGIA......................................................................................................13
3.1 Classificação da pesquisa.................................................................................14
3.2 Escolha e delimitação do
corpus.......................................................................14
3.3 Técnicas de coleta e de análise de
dados.........................................................15
4 CRONOGRAMA.......................................................................................................16
REFERÊNCIAS...........................................................................................................16
3

1 INTRODUÇÃO

1.1 TEMA

O erótico, em nossa sociedade, vem sofrendo degradações, quedas bruscas


na metaforizarão de termos sexuais e aproximação com a pornografia. Dificilmente
encontramos poemas eróticos classificados como erótico poético, o que se encontra,
na verdade, são diversos conteúdos pornográficos, para não chamar de literatura
pornográfica e/ou literatura mais-que-obscena, transvertidos de poesia erótica. Esse
efeito, a que chamo de mudança literária imprópria, vem tendo uma crescente
assustadoramente significativa, e isso, com absoluta certeza, invisibiliza a
verdadeira poesia erótica, aquela que prioriza a poeticidade do ato sexual e/ou a
implicitude do amor natural.
Obras publicadas sob o viés erótico são, comumente, associadas a sites de
divulgação pornográfica, e isso é evidenciado por pesquisas prévias feitas na
internet. Ao pesquisarmos “erotismo” na web, por exemplo, deparamo-nos com uma
quantidade absurda de sites que propagam conteúdo de cunho pornográfico. Essas
implicações se dão, logicamente, pela fronteira tênue que há entre erotismo e
pornografismo. Tendo isso em vista, discussões sobre o que é, de fato, erotismo e o
distanciamento do pornográfico em poesias eróticas, especialmente nas poesias
eróticas “A língua lambe” e “A castidade com que abria as coxas” de Drummond, e
“Noute de junho” e “Ancia multipla” de Gilka Machado se fazem, sem sombras de
dúvidas, necessárias.

1.2 PROBLEMA

Poetas que escrevem poemas eróticos, geralmente, precisam frisar que suas
obras tratam a sexualidade e/ou assuntos alusivos ao ato sexual de maneira natural,
espontânea e pura. Essa necessidade de reforçamento é mais uma defesa, entre as
diversas, contra as implicações que a sociedade cria entre o erotismo e a
pornografia. Com base nisso, segue alguns questionamentos: Quais implicações os
poemas eróticos “A língua lambe”, “A castidade com que abria as coxas”, “Noute de
junho” e “Ancia multipla” têm com a pornografia? E quais marcas poéticas os
classificam como erótico?
4

1.3 JUSTIFICATIVA

Um dos motivos da predileção do tema deste projeto remonta ao semestre


passado, quando apresentei, em um sarau literário, a análise do poema “A língua
lambe”, encontrado na coletânea de poemas eróticos “Amor natural”, de Carlos
Drummond de Andrade. A apresentação foi submetida ao julgamento da Profa. Dra.
Soraya de Melo Barbosa Sousa, na disciplina de Literatura Brasileira do Simbolismo
ao Modernismo, para obtenção parcial da segunda nota. O outro porquê está
atrelado à necessidade de, possivelmente, comparar a visão da mulher com a do
homem sobre o erotismo e, para isso, não poderíamos deixar de escolher a obra A
mulher nua, de Gilka Machado – uma das pioneiras do erotismo brasileiro no que diz
respeito à perspectiva feminina sobre a erotização do corpo feminino, o orgasmo
feminino sem a imposição de um homem e a masturbação.
O motivo da escolha desta temática dá-se por dois fatores: o primeiro está
ligado ao apreço desenvolvido pela literatura erótica e as suas implicações com o
erotismo fajuto – o conteúdo pornográfico vestido de poesia erótica; e o segundo
pelo desejo de desenvolver um trabalho de conclusão de curso nesta mesma
perspectiva – a do erotismo nos poemas eróticos de Carlos Drummond de Andrade
e Gilka Machado.
Opta-se, aqui, pelos poemas “A língua lambe” e “A castidade com que abria
as coxas”, porque, se comparados aos demais, apresentam uma poeticidade mais
viva, mais convidativa e abrange mais implicitude, por meio das figuras de
linguagem, na descrição do ato sexual. Ademais, são as poesias eróticas de
Drummond, ao nosso ver, que mais gera implicações com a pornografia, e as que
mais tangenciam temáticas como amor, amor natural, erotismo e pornografismo no
momento de evocação das imagens poéticas; “Noute de junho” e “Ancia multipla”
porque há uma supervalorização da mulher, além de ter uma visão feminina sobre
os seus próprios prazeres, ânsias e desejos.
Identificar o erotismo nos diversos meios de circulação da literatura e saber
diferenciá-lo do conteúdo pornográfico, por exemplo, é um conhecimento a ser
influenciado, isto é, repassado, pois, com isso, a propagação de estudos, como este
projeto, dará reconhecimento para o que é, de fato, erótico. A relevância acadêmica
dá-se por esse motivo - o da propagação do conhecimento cientifico acerca da
5

implicação que há entre erótico e pornográfico, e a relevância social explicita-se na


tentativa de erradicar o preconceito para com a literatura erótica, e, por meio dos
argumentos aqui apresentados, abrir espaço para os diversos autores,
principalmente femininos, desse viés literário tão julgado e subestimado.
Quatro pesquisas foram fundamentais para a formulação de questões ainda
não estudadas e/ou não completamente esclarecidas acerca dos trabalhos eróticos
de Carlos Drummond de Andrade e Gilka Machado, especificamente no que está
relacionado à comparação da representação do erotismo presente em suas poesias
(A língua lambe, A castidade com que abria as coxas, Noute de junho e Ancia
multipla), nas quais, este trabalho, procura resolvê-las. O estudo de Dibo Mussi
(2018), a primeira pesquisa fundamental, intitulada “O mais íntimo suspiro: um
estudo sobre o sagrado nos poemas eróticos de Carlos Drummond de Andrade” teve
como objetivo entender em que medida a construção poética no livro “O Amor
Natural” dá acesso à transcendência dos seres amantes ao mundo sagrado,
desvendando a relação entre o erótico e o sagrado. O pesquisador tenta traçar, a
partir das leituras críticas das obras drummondianas, uma linha entre o erotismo e a
manifestação daquilo que pertence à natureza, isto é, o sagrado, procurando
mostrar que o alcance sagrado vem após uma relação profunda de amor natural.
Com a dissertação denominada “Nos domínios de Eros: o simbolismo singular
de Gilka Machado”, Fernanda Cardoso Nunes (2007) tenta analisar alguns aspectos
da obra gilkiana que demonstram a grande originalidade dos versos e o pioneirismo
com que a autora aborda certas questões até então consideradas tabus, afora
investigar como se processa o fenômeno erótico na poesia de Gilka, conferindo-lhe
uma posição singular dentro do simbolismo brasileiro. A investigadora, na conclusão
de seu trabalho, espera contribuir para a redescoberta e o resgate da literatura de
Gilka Machado – a mulher que rompeu com os padrões estabelecidos e teve a
ousadia de erotizar os seus desejos com toda a liberdade.
Carlos Batanoli Hallberg (2018), com o seu trabalho nomeado “Os caminhos
do prazer em Drummond: um percurso pela poesia erótica de Carlos Drummond de
Andrade”, procurou demonstrar que o erotismo está presente ao longo de toda a
obra do autor, e não apenas de forma única e isolada, na obra póstuma “O amor
natural”. Por meio de uma metodologia qualitativa, buscando suporte na pesquisa
exploratória, o acadêmico tenta identificar resquícios eróticos em obras não-
classificadas como eróticas, reconhecendo e esclarecendo que tais análises foram
6

pautadas pela subjetividade inerente da arte, ou seja, as interpretações partiram de


investigação subjetiva em relação à arte erótica.
Na tese “O erotismo metafisico na poesia de Gilka Machado: símbolos do
desejo”, Maria do Socorro Pinheiro (2015) apresenta um estudo sobre a temática do
erotismo na poesia de Gilka Machado, enfocando especificamente o significado do
erotismo experimentado pelo eu poético. A pesquisa centra-se na hipótese de que a
experiência erótica não tem realização concreta, encontra-se numa realidade
onírica. O eu poética, para a cientista, idealizada o ser amado e vivencia o erotismo
num plano imaginário. Tendo isso posto, a doutora objetiva investigar, numa postura
hermenêutica, como o erotismo está configurado, observando o comportamento
reflexivo do eu poético em face do sentimento amoroso.
A quinta e última pesquisa essencial para o desdobramento deste trabalho é o
de Clécia Néri Ferreira (2019) com o seu estudo sobre “A complacência de Eros: O
paradoxo amoroso em ‘O amor natural’, de Carlos Drummond de Andrade”. Nesta, a
pesquisadora fundamenta seus argumentos nas contribuições de Octavio Paz
(2001), Lúcia Castelo Branco (1987), Alexandrian (1994) e Georges Bataille (1987),
propondo-se a analisar na obra póstuma de Carlos Drummond de Andrade: “O Amor
Natural”, a partir da relação entre os temas do erótico e do pornográfico. Além disso,
a autora aproxima os temas amor, erotismo e pornográfico no momento em que eles
se tangenciam dentro do processo de criação das imagens eróticas drummondianas,
por meio da linguagem.
Constata-se, mediante às pesquisas já expostas referentes ao estudo erótico
nas obras drummondianas e gilkianas, algumas questões inacabadas e/ou não
totalmente explicadas. A exemplo, temos a não-comparação das obras eróticas dos
autores, isto é, não há um estudo comparativo das obras O amor natural e A mulher
nua, de Drummond e Gilka, respectivamente. As pesquisas não fazem uma
comparação entre a representação do erotismo na perspectiva masculina (a do
homem sobre a mulher) e feminina (da mulher sobre ela mesma).

1.4 OBJETIVOS
1.4.1 Geral

Analisar as implicações e os elementos proximais que os poemas eróticos “A


língua lambe” e “A castidade com que abria as coxas”, de Carlos Drummond de
7

Andrade, “Noute de junho” e “Ancia multipla”, de Gilka Machado têm com a


pornografia.

1.4.2 Específicos

1. Refletir sobre o papel do eu-lírico na construção do erotismo;


2. Investigar o uso da linguagem metafórica como meio fundamental para o
afastamento do pornográfico;
3. Examinar a inter-relação entre as estruturas conotativas e o jogo de ideias e
de palavras;
4. Verificar a relação entre o erótico e o pornográfico dentro do processo de
criação das imagens eróticas.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Não se pretende fazer um panorama sobre a história do erotismo nem de


tentar encontrar um caminho incontestável para os termos que serão discutidos aqui.
Intentamos, todavia, levantar alguns conceitos para se pensar sobre a literatura
erótica. Procuramos entender ainda como o erotismo e o pornografismo se implicam
entre si, especialmente na poesia de Carlos Drummond de Andrade e Gilka
Machado. Para isso, utilizamos estudos de suma importância para a arte erótica,
como História da literatura erótica (1993), O que é erotismo (2004) e O que é
pornografia (1984), respectivamente, de Sarane Alexandrian, Lúcia Castello Branco
e Eliane Moraes & Sandra Lapeiz, nos quais discutem conceitos do erotismo,
implicando-os com as particularidades da pornografia; para ajudar no entendimento
da poesia erótica de Drummond, contamos com os estudos de Rita de Cássia
Barbosa e de John Gledson, intitulados, nesta ordem: Poemas eróticos de Carlos
Drummond de Andrade (1987) e Poesia e poética de Carlos Drummond de Andrade
(1981); e, para nos dar norte sobre a poesia erótica gilkiana, visitamos Nelly Coelho
em O dicionário crítico de escritoras brasileira (2002) e Nádia Gotlib Com dona Gilka
Machado, Eros pede a palavra: poesia erótica feminina brasileira nos inícios do
século XX (1982).

2.1 O Erotismo: um panorama sobre significações


8

Antes de adentrarmos às discussões sobre o que é ou deixa de ser arte


erótica, devemos, primeiramente, voltar ao passado, voltar à antiguidade, para
resgatar, na mitologia grega, um mito que nos dá toda essa noção de erotismo.
Na mitologia grega, Eros (em grego: Eρως) era o deus do amor e um dos
erotes – filhos alados de Afrodite, personificações das quatro faces do amor. Eros, o
principal erote, era frequentemente representado como um garotinho alado, de
cabelos louros, com aparência de inocente e travesso que jamais cresceu,
simbolizando, assim, a eterna juventude do amor profundo e possivelmente do amor
natural. Ele seria o impulso de recompor a antiga natureza, impulso que aproxima,
une, mescla e multiplica as espécies (CASTELLO BRANCO, 2004, p. 8-9).
Segundo Moraes e Lapeiz (1984, p. 7), ele era o “Deus do desejo sexual no
sentido mais amplo. Amor enfermo, paixão sexual insistente, busca excessiva da
sensualidade”. Pode-se observar, nesse contexto, que Eros não é apenas a
representação do amor desvelado responsável pela união dos seres em outras
procriações, mas também da personificação do amor ligado aos desejos sexuais, o
amor que nos remete à noção de erotismo. A história de Eros, que nos dá essa ideia
do erótico, pode ser encontrada em um dos textos mais antigos sobre o tema, “O
Banquete”, de Platão (2010). No texto, encontramos Sócrates, Aristófanes e outros
convivas enfrentando-se em uma competição: cada um deve fazer um discurso de
elogio à figura de Eros, o deus do amor. 
A história de Eros nos impulsiona para uma possível conceitualização do que
seria erotismo, mas nos deixa à parte, se considerarmos o contexto e a história da
própria palavra. Segundo Castello Branco:

Definir erotismo, traduzir e ordenar, de acordo com as leis da lógica e da


razão, a linguagem cifrada de Eros, seria caminhar em direção oposta ao
desejo, ao impulso erótico, que percorre a trajetória do silêncio, da
fugacidade e do caos. O caráter incapturável do fenômeno erótico não cabe
em definições precisas e cristalinas – os domínios de Eros são nebulosos e
movediços. (CASTELLO BRANCO, 2004, p. 7).

Isso posto, podemos entender que, por mais que a palavra erótica seja
colocada em moldes sociais, a sua própria existência vai de encontro com esses
modelos. O erotismo pode, sim, ser definido, traduzido e ordenado, mas apenas se
desconsiderarmos a história de Eros – o deus que nos dá margem para todas essas
problematizações.
9

Definir o erotismo como estímulo sexual sem apresentar o sexo de forma


explícita ou, ainda, como “pornografia chique”, invalida, invisibiliza, regride e
destrona os conhecimentos que temos a respeito da história, da literatura e, até
mesmo, da religião. Erotismo anda muito próximo dos conteúdos pornográficos, mas
se diferencia no objetivo; um cria conteúdo para estímulo sexual, e o outro apenas e,
exclusivamente, para o estímulo da alma, da transcendência, da inocência etc.

2.2 “Com toda a pureza”: o erotismo drummondiano

É fundamental entendermos que há uma necessidade de afastamento do


verdadeiro erotismo, o erotismo puro, arte de interdizer as singularidades do ato
sexual daquilo que trata o explicito de maneira banal – o conteúdo pornográfico
transvertido de arte erótica, que em sua própria existência se desmitifica.
Carlos Drummond de Andrade, o poeta que nos dá base para essa discussão
sobre a pureza no erotismo, já havia dito, em entrevista a Gilberto Mansur, para a
revista Status, que os seus poemas eróticos, encontrados no livro “O amor natural”,
tratavam o considerado ridículo com a mais pura naturalidade e, até, com certa
desnudez diante dos preceitos estabelecidos pela sociedade.

[...] um livro de poemas eróticos com toda a espontaneidade, com toda a


pureza. Começa que se chama O amor natural, quer dizer, não é o amor
sexual no sentido absoluto, é um amor em que as coisas do sexo estão
apresentadas com naturalidade e com uma linguagem tanto quanto possível
correta. [...] é a reabilitação do amor natural como abrangendo não só o
sentimento, digamos espiritual – embora essa palavra não signifique muita
coisa –, como o sentimento físico de atração pelo sexo oposto. (MANSUR
apud BARBOSA, 1987, p. 23).

O dizer de Andrade nos redireciona, mais uma vez, à história do deus do


amor – Eros – e, possivelmente, do erotismo, se considerarmos a subjetividade
inerente à arte. Ao estabelecermos uma relação entre o amor natural e o erotismo
tratado com pureza, tendo-os como inerentes, estamos criando uma inter-relação do
tratar com naturalidade aquilo que é visto e reforçado como não sendo espontâneo
com o que dá base para essa ideia de espontaneidade.
Podemos ver, a partir dos dizeres de Drummond, que o erotismo encontrado
nas suas poesias é aquele que trata da implicitude da relação sexual de maneira
ingênua, tratando as ideias e as palavras com leveza e transformando a indecência
10

em elegância, finura e integridade. O considerado erotismo tratado com toda a


pureza é encontrado em poemas eróticos que versam assuntos tabus, como o sexo,
com toda a espontaneidade e com toda a pureza. A língua lambe, de Carlos,
evidencia essa pureza dita por ele:

A língua lambe as pétalas vermelhas da rosa pluriaberta; a língua lavra


certo oculto botão, e vai tecendo lépidas variações de leves ritmos. E lambe,
Lambilonga, lambilenta, a licorina gruta lisa ou cabeluda, e, quanto mais
lambente, mais ativa, atinge o céu do céu, entre gemidos, entre gritos,
balidos e rugidos de leões na floresta, enfurecidos. (ANDRADE, 2006, p.49).

A pureza representada em “A língua lambe” se faz visível na metaforizarão


dos termos sexuais, em conjunto com a brincadeira que os neologismos dão ao
poema, e a noção de amor natural está ligada, diretamente, às substituições feitas
por coisas naturais. O erotismo puro, em Drummond, é redobrado, porque não só
trata do assunto – sexo – com ingenuidade, mas também porque faz comparações
com o que consideramos mais puro no nosso mundo – a natureza.
Além de, em “A língua lambe”, ter uma “reabilitação do amor natural”, a
poesia erótica de Drummond, em sua totalidade, “procura dignificar, cantar o amor
físico [...], uma coisa de certa elevação” (BARBOSA, 1987, p. 8), dando-nos, mais
uma vez, a ideia de pureza. O amor natural é visto como um meio para transcender,
conectar-se, por meio dos físicos, com o outro e atingir o estado de glória absoluta –
o orgasmo.

[...] o amor é algo imediato, no sentido de que implica um desejo irracional


de contato direto com o outro corpo – e o poeta não evita as Implicações
sexuais deste fato, [...]. O amor é também imediato na medida em que
chega sem ser anunciado, inexplicável pelo intelecto. Drummond está
sempre consciente de que não é uma emoção cômoda [...] e que aparece
quando menos o esperamos. (GLEDSON, 1981, p. 228).

Nesse seguimento, o amor, desenhado sobre o erotismo, relaciona-se de


maneira imediata com o desejo carnal, como se representasse a fase da paixão, a
de não medir os sentimentos e agir com violência – violência no sentindo de pressa,
de imediatismo. A pureza do erotismo encontra-se numa conexão que se dá na
relação do amor, do amor natural e da poetização das relações sexuais, do
interdizer e do dizer.
11

2.3 Gilka Machado: “a primeira mulher nua da poesia brasileira”

Não é novidade que a academia tende a privilegiar e a exaltar obras


masculinas, autores clássicos que de alguma forma marcaram a literatura e que
servem de base para o desenvolvimento de diversas pesquisas acadêmicas e
produções contemporâneas. Isso torna-se problemático a partir do momento em que
mulheres poetas, como Gilka Machado, são excluídas e esquecidas no tempo, por
possivelmente terem escrito sobre os desejos femininos, quebrando tabus impostos
sobre o direito da mulher de ser mulher, indivíduo que, assim como o homem, tem
seus prazeres, seus pecados e suas ânsias. A explicação do esquecimento da
poesia de Gilka é, claramente, sobre a temática de suas obras – o erotismo na
perspectiva feminina. Coelho aponta algumas marcas importantes dessa escritora,
para pensarmos nessa mulher que escreve em meio a toda essa exclusão:

desafiando os preconceitos, Gilka Machado ousa expressar, em poesia, a


paixão dos sentidos, a volúpia do amor carnal e o dramático choque entre o
corpo e a alma. Choque provocado pelo Cristianismo, ao lançar o anátema
ao prazer sexual, a fruição da carne [...] Gilka Machado obviamente chocou
a sociedade do tempo com seu ousado desvendar de paixões ou sensações
proibidas à mulher. (COELHO, 2002, p. 228)

Podemos entender que, diferente do que Carlos Drummond de Andrade


acreditava sobre o impacto dos seus poemas eróticos naquela época, Gilka
Machado não temia a repercussão de suas obras nem como, possivelmente, essa
exaltação do corpo feminino impactaria a sociedade que julgava o erotismo como
não-literatura, rebaixando-o à pornografia e chamando as poetas desse viés de
prostitutas. Esse preconceito impossibilitou o aparecimento de outras mulheres no
cenário literário, e Gilka, mesmo como modelo para outras poetisas, não poderia
defender as escritoras na sociedade em que vivia. Anos depois, em entrevista a
Gotlib (1979), Gilka diz que no momento atual essa defesa é possível:

O que vocês (escritoras) têm de fazer é o que eu não pude fazer – era se
reunir para proteger a mulher escritora no Brasil. Defender a mulher
escritora. Eu não pude, porque não tinha quem viesse comigo. Elas não se
uniam a mim. E uma andorinha só não faz verão (GOTLIB, 1993, p. 17-18).

Por escrever (sobre) o erotismo feminino numa época em que esse tipo de
literatura não era bem vista, Gilka era colocada à margem da literatura até pelas
12

mulheres escritoras. Carlos Drummond de Andrade em Gilka, a antecessora (1980),


afirmar sobre o silêncio em torno da morte dessa poeta tão subestimada, publicado
no Jornal do Brasil, quando a nomeia como um “corpo estranho”, “a primeira mulher
nua da poesia brasileira”, a mulher que deu voz às outras mulheres, mesmo essas
não dando voz a ela:

Gilka foi a primeira mulher nua da poesia brasileira. Deu mesmo a um de


seus livros esse título audacioso para a mentalidade de 22, ano
teoricamente da irrupção do Modernismo, porém tão preconceituoso como
os anteriores, que eram vitoriosos e hipócritas. [...] Ficou, assim, à margem
da evolução literária, alheia ao Modernismo, que por sua vez não se
dignava contemplá-la. (ANDRADE, 1980, p. 7).

O movimento em que Gilka era “inclusa” não a considerava parte do conjunto


nem digna de ser lembrada nas próximas gerações. Ela não fazia parte de uma
chamada “evolução literária” e, por isso, ficou rodeando uma tendência que prezava
pela evolução, mas deixava à margem poetas, como Machado, tão evoluídas quanto
às próprias “evoluções”. Gilka ficou apagada naquele período, mas, hoje, é
considerada uma das mães do erotismo feminino, aquele que supervaloriza o corpo
feminino em detrimento do masculino, a masturbação feminina como forma de
transcendentalismo, a sensualidade da mulher etc.

2.4 O erotismo e suas implicações com a pornografia

Quando falamos de erotismo, automaticamente falamos, também, de


pornografia. Essa relação, obviamente, não é para correlacioná-los, e sim para
distingui-los. Há a necessidade de discussão sobre esses termos para frisar a
diferenciação e o afastamento, bem como dizer que os objetivos desses são
divergentes. Enquanto o erotismo vangloria o ato sexual em arte, a pornografia o
vulgariza em (des) arte. Para Castello Branco, o erotismo funciona como:

um fenômeno poderoso subversivo, caminha em direção a reunião dos


seres, a sua imersão na origem e a sua reintegração na ordem natural do
universo, enquanto que a pornografia, ao contrário, insiste sempre na
mutilação dos seres, [...] ao invés de subverter a ordem, procuram preservá-
la e até enobrecê-la. (CASTELLO BRANCO, 2004, p. 26).
13

Desse modo, vemos que essa correlação criada, injustamente, entre um e


outro faz parte, apenas, do arcabouço intelectual de uma sociedade leiga. Esse
vínculo que a sociedade cria entre o erotismo e a pornografia faz com que poetas,
como Carlos Drummond de Andrade, temam que suas poesias eróticas sejam
rotuladas de pornográficas. Antes do conhecimento público de seu livro “O amor
natural”, Drummond, nos anos oitenta, já previa implicações entre o erotismo e o
pornografismo em suas obras eróticas:

[...] eu não sei quando sairá. Nem mesmo se sairá. Ele está guardado na
gaveta, sem pressa nenhuma. São poemas eróticos, que eu tenho
guardado, porque há no Brasil – não sei se no mundo –, no momento, uma
onda que não é de erotismo. É de pornografia. E eu não gostaria que os
meus poemas fossem rotulados de pornográficos. Pelo contrário, eles
procuram dignificar, cantar o amor físico, porém sem nenhuma palavra
grosseira, sem nenhum palavrão, sem nada que choque a sensibilidade do
leitor. É uma coisa de certa elevação. Então, isso fica guardado para
tempos melhores, em que haja uma possibilidade maior de ser lido,
compreendido, e não ridicularizado ou atacado como se fosse coisa de
velho bandalho... Eu não quero ser chamado disso não. (BARBOSA, 1987,
p. 8).

O engavetamento desses poemas eróticos só tinha um porquê, e esse está


vinculado, diretamente, à linha tênue que há entre um e outro, e à escassez de
estudos, naquela época, que valorizassem e reconhecessem o afastamento do
pornográfico em obras literárias publicadas sob o viés erótico. O temor de
Drummond explicita-se, ainda, numa possível invalidação de toda a sua bibliografia
ao escrever, por exemplo, versos como estes: “quando desejos outros é que falam/e
o rigor do apetite mais se aguça, /despetalam-se as pétalas do ânus/à lenta
introdução do membro longo” (ANDRADE, 1992, p. 42).
Compreendemos que é explicável a confusão existente entre o que é
considerado erótico e o que é pornográfico, e concebemos, além disso, que, “seja
pornografia ou erotismo, a característica essencial deste discurso é a sexualidade”
(MORAES; LAPEIZ, 1984, p. 8).
Para Eliane Moraes e Sandra Lapeiz (1984), em O que é pornografia, o
erotismo viria após uma ultrapassagem do pornografismo, ou seja, a pornografia
poderia ser considerada como uma introdução ao erotismo, uma espécie de trailer
que dá anúncio ao espetáculo:

[...] se nessa ultrapassagem de limites que o erotismo permite há um


afrouxamento das linhas que demarcam a cultura humana para diferenciar-
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se da natureza, a pornografia talvez exista para ordenar esta desordem,


para restaurar a ordem cultural como uma forma de transgressão
organizada. A pornografia deixaria transparecer exatamente o avesso da
fachada, revelando sempre aquilo de que se tem vergonha. (MORAES;
LAPEIZ, 1984, p. 56).

Nesse contexto, a pornografia seria considerada uma ironia do que se


singulariza no erotismo: o êxtase, a transcendência e a pureza; ela distorceria e
retrocederia essas singularidades. Assim sendo, enquanto o erotismo é “tudo o que
torna a carne desejável, tudo o que a mostra em seu brilho ou em seu desabrochar,
tudo o que desperta uma impressão de saúde, de beleza, de jogo deleitável” e de
pureza, a pornografia é tudo que retrocede, distorce e empobrece essas impressões,
rebaixando a carne, associando-a à sujeira, às doenças, às brincadeiras
escatológicas e às palavras imundas (ALEXANDRIAN,1993, p. 8).

3 METODOLOGIA
3.1 Classificação da pesquisa
Este estudo é qualitativo no que se refere à abordagem, pois se preocupa
com o aprofundamento da compreensão do erotismo nas perspectivas de
Drummond e Gilka Machado, tentando entender as proximidades que essa temática
tem com a pornografia, além de dedicar-se à produção de informações que
qualificam as (in)diferenças entre os dois poetas. Segundo Deslauriers (1991, p.58),
o objetivo de uma pesquisa qualitativa é de produzir informações aprofundadas e
ilustrativas: a importância não é se ela é grande ou pequena, o importante é que ela
seja capaz de produzir novos conhecimentos acerca do tema abordado.
Referente à finalidade, esta pesquisa é tomada como básica, uma vez que
objetiva gerar conhecimentos novos e úteis sobre o erotismo presente nas obras O
amor natural e A mulher nua, bem como levantar questões sobre as implicações que
o erotismo evidenciado nesse corpus tem com o pornografismo. Para Silveira e
Córdova (2009, p. 34), a pesquisa básica tem como objetivo gerar conhecimentos
novos e úteis para o avanço da Ciência, sem aplicação prática prevista, envolvendo
verdades e interesses universais.
Quanto aos objetivos deste estudo, o trabalho é exploratório e explicativo.
Exploratório porque proporcionará maior familiaridade com as implicações que as
obras em análise têm com a pornografia, explicitando as características proximais e
diferenciais que uma tem da outra; e explicativo porque explicará, por meio dos
15

resultados obtidos, a ocorrência das proximidades e os distanciamentos que o


erotismo tem com a pornografia, assim como as obras em análise. Conforme Gil
(2007, p. 42-43), o objetivo da pesquisa exploratória é proporcionar maior
familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir
hipóteses, enquanto o da explicativa é identificar os fatores que determinam ou que
contribuem para a ocorrência dos fenômenos.
No que concerne aos procedimentos técnicos, esta pesquisa é caracterizada
como bibliográfica, pelo motivo de que os materiais utilizados para a análise do
corpus são retirados, principalmente, de livros, dissertações, monografias, teses,
artigos científicos e revistas. “A pesquisa bibliográfica é feita a partir do
levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos
e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites.” (FONSECA,
2002, p. 32).

3.2 Escolha e delimitação do corpus


O corpus desta pesquisa é formado pelas obras O amor natural, de Carlos
Drummond de Andrade (1992, 100 págs., 41 poemas) e A mulher nua, de Gilka
Machado (1922, 185 págs., 23 poemas). As poesias selecionadas para análise são:
“A castidade com que abria as coxas” e “A língua lambe” da obra drummondiana;
“Noute de junho” e “Ancia multipla” da obra gilkiana. Os critérios de escolha das
poesias estão ligados à representação explícita do erotismo tanto na perspectiva do
Drummond (masculina) quanto da Gilka (feminina). Mediante a essas obras,
analisaremos a representação do erotismo nas perspectivas dos dois autores, da
mesma forma que investigaremos as implicações que existem entre o erótico e o
pornográfico presentes nas obras.

3.3 Técnicas de coleta e de análise do corpus


Far-se-á nesta pesquisa um estudo comparativo das obras O amor natural e
A mulher nua, e os procedimentos de coleta e de análise do corpus partirá das
teorias de Sarane Alexandrian (1993), Castello Branco (2004) e Eliane Moraes &
Sandra Lapeiz (1984) para o entendimento do erotismo e suas implicações com a
pornografia; Rita Barbosa (1987) e John Gledson (1981) para nos ajudar nas
análises da obra drummondiana; Nelly Coelho (2002) e Nádia Gotlib (1982) para
tratar da poesia erótica de Gilka; et cetera. Por meio das obras que compõem o
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corpus e dos estudos sobre o erotismo (e do erotismo drummondiano e gilkiano),


faremos uma análise comparativa, evidenciando o ponto de vista masculino e
feminino quanto ao erotismo, não esquecendo a implicação que esse termo tem com
o conteúdo pornográfico.

4 CRONOGRAMA

2020.2 2021.1
Mês/Etapas
Dez. Jan. Fev. Mar. Abr. Maio Jun. Jul.
Escolha do tema
Levantamento bibliográfico
Elaboração do anteprojeto
Apresentação do anteprojeto
Coleta de dados
Análise dos dados
Organização do roteiro/partes
da monografia
Redação do trabalho
Revisão e redação final
Entrega da monografia
Defesa da monografia

REFERÊNCIAS

ALEXANDRIAN, Sarane. História da literatura erótica. 2 ed. Rio de Janeiro:


Rocco, 1993

ANDRADE, Carlos Drummond de. O amor natural. 15. Ed. Rio de Janeiro: Record,
2006.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Gilka, a antecessora. Jornal do Brasil, Rio de


Janeiro, 18 Dez. 1980. Caderno B, ano 90, n. 254, p. 7. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/030015_10/17815. Acesso em: 10 fev. 2021

BARBOSA, Rita de Cássia. Poemas eróticos de Carlos Drummond de Andrade.


São Paulo: Editora Ática, 1987. (Série Princípios, 110).

CASTELLO BRANCO, Lúcia. O que é erotismo. São Paulo: Brasiliense, 2004.

COELHO, Nelly. Dicionário crítico de escritoras brasileiras. São Paul: Escrituras,


2002
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McGraw~Hill. 1991.

FERREIRA, Clécia Néri. A complacência de Eros: O paradoxo amoroso em “O


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Federal da Paraíba, 2019. Disponível em:
https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/123456789/16707. Acesso em: 21 dez. 2020.

FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002.


Apostila.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2007.

GLEDSON, John. Poesia e poética de Carlos Drummond de Andrade. São Paulo:


Duas Cidades, 1981.

GOTLIB, Nádia Battella. Com dona Gilka Machado, Eros pede a palavra: poesia
erótica feminina brasileira nos inícios do século XX. Polímica: Revista de Crítica
e Criação, 1982, p. 46-47.

HALLBERG, Carlos Batanoli. OS CAMINHOS DO PRAZER EM DRUMMOND: um


percurso pela poesia erótica de Carlos Drummond de Andrade. Porto Alegre:
Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Instituto de letras, 2018. Disponível
em: https://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/200157. Acesso em: 21 dez. 2020.

MORAES, Eliane Robert; LAPEIZ, Sandra Maria. O que é pornografia. São Paulo:
Ed. Brasiliense, 1984.

MACHADO, Gilka. A mulher nua. 3ª ed. Rio de Janeiro: Jacintho Ribeiro, 1928.

NETO, Dibo Mussi. O mais íntimo suspiro: um estudo sobre o sagrado nos
poemas eróticos de Carlos Drummond de Andrade. 2018. Dissertação (Mestrado
em Letras) – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, São José do
Rio Preto, 2018. Disponível em: https://repositorio.unesp.br/handle/11449/152959.
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NUNES, Fernanda Cardoso. Nos domínios de Eros: o simbolismo singular de


Gilka Machado. 2007. Dissertação (Mestrado em Literatura Brasileira) –
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PLATÃO. O Banquete. Porto Alegre: L&PM, 2010.


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SILVEIRA, Denise Tolfo; CÓRDOVA, Fernanda Peixoto. A pesquisa científica. In:


GERHARDT, Tatiana Engel; SILVEIRA, Denise Tolfo. (Orgs.). Métodos de pesquisa:
EAD Série educação a distância.1. ed. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2009. p. 31-
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Anexo:

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