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1.

Introdução
Steven Spielberg produz em 2015 o filme “A ponte dos espiões”, que Gregory Peck
havia tentado realizar em 1965 sem sucesso, pelo motivo do mundo viver na altura, um
clima de guerra fria entre as duas superpotências que a história envolvia, os EUA e a
URSS. O filme baseia-se na história verdadeira de James B. Donovan, advogado
americano com raízes irlandesas, escolhido em 1957, para defender ficticiamente ou
figurativamente o espião do KGB, Rudolf Abel capturado em Nova Iorque, uma vez
que a sua sentença estava desde o inicio inquestionavelmente imposta: a pena de morte.
Contudo, pelo seu carácter sério e exemplar enquanto pessoa e advogado, Donovan
invocando a Constituição Americana, assegura a Abel uma defesa séria e incansável,
conseguindo que este seja condenado a trinta anos de cadeia e não a pena de morte, que
todos assumiam como certa. Deste modo, torna-se durante alguns anos, um dos homens
mais impopulares dos EUA, para depois se tornar num dos mais admirados, quando em
1962 negoceia em Berlim, sem a intervenção dos governos de ambos os países, a troca
de Abel por Gary Powers, um piloto capturado após queda do avião-espião U2 abatido
sobre a URSS conhecedor de informações fundamentais que podem colocar em causa
estratégias militares e ultra secretas dos EUA e, por Frederic Pryor, um jovem
imprudente estudante americano detido ao acaso pela polícia da RDA, parte da capital
Alemã detida pela União soviética.
Este processo de troca de espiões de ambas as superpotências decorreram sempre num
ambiente de grande tensão política, pois Donovan sabia que qualquer passo em falso
podia significar o início de uma guerra entre as mesmas e a consequente morte de
milhares de inocentes, termina na famosa ponte Glienicke, que dividia a cidade de
Berlim em dois polos geográfica, simbólica e politicamente opostos e
consequentemente inimigos, os mundos capitalista (EUA) e socialista (URSS).
Este filme demonstra de uma forma clara as quase inexistentes relações políticas
ou de qualquer outro âmbito, entre os governos de tais países; o clima de desconfiança
existente entre os mesmos; a importância dada às informações de âmbito militar de
ambas as potências, conseguidas na maioria das vezes por processos de espionagem e
secretismo e o ambiente de medo vivido na ápoca, conhecida pela Guerra Fria, que viria
a perdurar até 1990.
Em 1990, a politica de Mikhail Gorbatchev pôs fim ao muro de Berlim e com a
sua queda, assistimos a uma nova era Geopolítica.

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Em síntese, este filme apresenta-os um Mundo pós Segunda Guerra Mundial,
que acorda com a balança de poderes totalmente alterada e com uma visão
geoestratégica do Mundo diferente.
No âmbito do anteriormente exposto e tendo por base o conceito Geopolítico,
iremos analisar as alterações mais emblemáticas assistidas após a segunda Grande
Guerra, partindo de uma simples questão “Que ligações terão tido Carlos Magno,
Napoleão Bonaparte, Bismarck, Hitler, Estaline e os que futuramente a História
apresentará?”.
De uma forma simplista, podemos afirmar que estes homens tinham por objetivo a
criação, nas mais variadas vertentes de um simples “Império Europeu”.

2. Enquadramento
2.1. Conceitos
2.1.1. Geopolítica
A Geopolítica surge no final do século XIX, devido à competição entre as
potências imperiais europeias pela definição do Espaço, bem necessário para a definição
das fronteiras, e seus mercados. Para falarmos de Geopolítica temos de referir o seu
fundador, o sueco Rudolph Kjellen (1864-1922), que a define como a ciência do Estado
enquanto organismo geográfico, tal como se manifesta no espaço ou de uma outra
forma, a ciência do controle sobre o espaço, as leis de distribuição e redistribuição de
esferas de influência de vários Estados e organismos interestaduais. Contudo, fica a
questão de que tendo em conta o desenvolvimento Histórico, Geográfico, Económico e
Politico dos Povos e da formação de grandes Impérios e Alianças ao longo da História
da Humanidade, não será este conceito tão antigo como a própria História da formação
das Sociedades? Ou será que apenas se tornou numa Ciência e num conceito formal no
século XIX?
2.1.2. Determinismo geográfico
Conceito, de acordo com o qual, as condições geográficas predeterminam a vida
económica, social e política específica de Estados, formam o espírito e carácter
nacional.
2.1.3. Espaço vital
Conceito que se tornou a base da Geopolítica tradicional, e que comprova a
prosperidade do Estado através do crescimento territorial dinâmico, o que leva à
dominação mundial.

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2.1.4. “Zona Tampão” (ou “zona buffer”)
Região que serve o propósito de manter duas ou mais regiões (muitas vezes, mas
não necessariamente, os países), a uma distância uma da outra, por qualquer
motivo

2.2. O Final da 2ªGuerra Mundial


2.2.1. Vencedores e Vencidos
2.2.1.1. A Alemanha
De 6 a 9 de maio de 1945, os últimos dias da Segunda Guerra Mundial, as tropas
alemãs, lideradas por Adolf Hitler foram finalmente derrotadas pelos países aliados.
Após anos de guerra, destruição, genocídio, orgulho, superioridade, discriminação,
antissemitismo, fascismo, fanatismo, a Alemanha, que ocupava e ocupa uma posição
geográfica privilegiada entre o leste e o oeste da Europa, viu-se num imenso vazio
ideológico e politico. Afinal, que desígnios estariam escritos para tal nação tão
maquiavelicamente e orgulhosamente construída e tão merecidamente arrasada,
destruída e destituída do seu doentio elitismo?
Os grandes centros urbanos e industriais estavam completamente arrasados e
grande parte da população alemã deparou-se sobretudo com um período de incerteza, de
perdas humanas, morais e materiais. Ao mesmo tempo, os países vitoriosos tornavam
públicos os crimes hediondos cometidos pelos remanescentes da alta cúpula do Estado
Nazista, começando uma “caça às bruxas”, que obrigou a que alguns dos mais altos
cargos respondessem por crimes de guerra e contra a Humanidade, perante o Tribunal
de Nuremberga, instaurado pelos Aliados.
No final, uma certeza absoluta fica registada, a de que depois de 1945 nada
voltou a ser como era, o mapa Europeu e a ideia de Europa foram profundamente
alteradas.
2.2.1.2. Os EUA
Durante os primeiros anos da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos da
América mantiveram a neutralidade promulgada no Discurso de Quarentena em 1937,
proferido pelo então presidente dos Estados Unidos, Franklin D. Roosevelt, enquanto
dava suporte ao Reino Unido, a União Soviética e a China com suprimentos e materiais
bélicos. Contudo a partir do ataque a Pearl Harbor, em 7 de dezembro de 1941, os EUA
entram oficialmente na Guerra. A sua entrada permitiu o aumento do poder militar dos
aliados, contribuindo para a derrota dos países do Eixo. A 6 de junho de 1944,

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conhecido por dia D, tropas inglesas, francesas e americanas, desembarcaram nas costas
da Normandia, avançando contra as forças inimigas, marcando o inicio da derrota dos
exércitos Nazis. Entretanto continuavam os bombardeamentos entre os Norte
Americanos e os japoneses. De forma a terminar o conflito, os EUA, dia 6 de agosto de
1945, lançou a primeira bomba atómica sobre Hiroxima e três dias depois uma outra em
Nagasáqui. Face a este extermínio, o Japão rendeu-se dando por terminada a segunda
guerra mundial.
2.2.1.3. A União Soviética
Em junho de 1941, Hitler quebrou o Pacto Germânico-Soviético, um
acordo assinado em 1939, no qual a Alemanha e a União Soviética se comprometiam
a não se atacarem mutuamente e a manterem-se neutros caso um deles fosse atacado por
uma terceira potência e, invadiu a União Soviética levando a que esta, na pessoa de
Estaline, controlador e representante dos ideais comunistas no mundo e do
Partido Comunista da União Soviética (PCUS), se juntasse aos  Aliados, levando
a Alemanha a ter que lutar em duas frentes, a oeste com os ingleses, e a leste com
o Exército Vermelho.
O exército alemão, apesar de todos os equipamentos e a tecnologia possuída, não
estava totalmente preparado para o avanço pelas estradas de má qualidade, e não foi
capaz de manter a capacidade de combate no Inverno, que em 1941 começou cedo e foi
muito frio. As tropas alemãs não conseguiram destruir completamente o Exército
Vermelho, e ao longo da sua retirada, foram apanhados pelo enorme espaço interno da
Rússia, que alongou as frentes, enquanto as linhas de abastecimento se tornavam cada
vez mais vulneráveis. Diante de uma forte resistência, os alemães não conseguiram
conquistar três posições-chave russas - Moscovo, Leningrado e Estalinegrado, e até ao
final de 1943 a sua ofensiva diminuiu drasticamente. Em 1944, o Exército Vermelho
tomou a iniciativa estratégica e transferiu os combates para a Europa, entrando na
Polónia, Alemanha Oriental, Áustria, Checoslováquia, Hungria, Roménia e Bulgária.
A Rússia aumentou drasticamente o seu status geopolítico até ao nível de uma
potência mundial, sofrendo, ao mesmo tempo, enormes perdas humanas e económicas
durante a guerra. A derrota da Alemanha em 1945, não só trouxe de volta à Rússia as
terras perdidas antes do conflito militar, mas também algumas “conquistas” adicionais,
nomeadamente países do leste europeu, parte da Alemanha e Berlim, nos quais foram
criados Estados com um sistema político e social idêntico ao modelo soviético,
começando assim a construção de um outro tipo de sociedade, com profundas alterações

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e repercussões políticas, económicas e sociais sentidas em grande parte do Mundo, até à
data de Hoje.
Estes países agregados desempenharam ainda o papel da versão soviética do
“cordão sanitário” ou “zona tampão”, não dando oportunidades para o Ocidente de criar
aqui um trampolim estratégico para um possível ataque contra a Rússia/URSS.

2.3. A Guerra Fria e o mundo Bipolarizado


É com Estaline que vemos o começo da Guerra Fria, facto que vai não só dividir
o Mundo, mas como vai deixar, pela primeira vez, a Europa fora do papel de
protagonista na cena internacional. Não esqueçamos que esta se encontrava devastada e
as potências tidas como tal até então, França e Grã-Bretanha, passavam agora para um
segundo plano, tanto na cena económica como politica. Regressemos então à figura de
Estaline e ao seu papel na Guerra Fria.
As quatro potências vencedoras da segunda Guerra Mundial, Estados Unidos da
América, União Soviética, Reino Unido e França, assumiram o poder e dividiram o
território alemão em quatro zonas de ocupação. Sob o controle soviético ficaram os
territórios a leste dos rios Oder e Neisse. Berlim, apesar de se encontrar em território
soviético, foi-lhe aplicado um estatuto especial, tendo sido também dividida em quatro
setores ou em quatro zonas de influência dominados pelos países anteriormente
referidos. Contudo, os diferentes sistemas de domínio no Ocidente e no Leste geraram
divergências entre os Aliados, que não conseguiam definir uma política comum para a
Alemanha derrotada e para os países integrados. A par destas, a recusa por parte de
Estaline em aceitar eleições livres nos Países da Europa Central e Oriental levaram ao
culminar de vários desacordos e de divergências ideológicas que já durante a guerra se
faziam sentir mas que, pela necessidade de união contra o Inimigo Comum – Adolf
Hitler, foram sendo postos de parte.
Dá-se então a ruptura entre Estaline e os restantes países Aliados após a II
Guerra Mundial, ficando bem definidas as suas prioridades, em primeiro lugar, a
vontade de cobrir as fronteiras da URSS com um escudo protetor (zona tampão), em
seguida o desejo de implantar o comunismo nesses territórios de acordo com a vocação
profunda do país fundador da III Internacional, a Rússia. Relembremos que esta detinha
controlo sobre todos os países da Europa de Leste com exceção da Finlândia no norte e
Grécia no sul. Na Ásia, esse controle foi definido, embora por um curto período de
tempo, sobre a Coreia do Norte, a Manchúria e norte do Irão.

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Assim, para Estaline, a Europa seria a seu tempo, uma extensão da grande
“família soviética” e quanto mais cedo essa tarefa iniciasse, melhor.
Para os restantes Aliados, não restavam dúvidas quanto à posição da URSS. Nos
anos finais da década de 1940, algumas ações tomadas por Estaline foram interpretadas
pelo Ocidente como uma política expansionista soviética: o apoio aos comunistas na
guerra civil na Grécia, o incentivo ao golpe de estado na Checoslováquia e o
estabelecimento do bloqueio de Berlim em 1948. Para os EUA, a URSS testava a
capacidade do país, e do mundo, em resistir ao avanço soviético.
O embate ideológico entre a URSS e o Ocidente (comunismo versus
capitalismo), apontava a impossibilidade de coexistência pacífica entre ambos, pois o
objetivo da URSS era enfraquecer e destruir o “capitalismo”, bem como os países que o
representavam. As potências europeias encontravam-se debilitadas após anos de guerra,
pelo que coube aos EUA promover uma política de contenção do expansionismo
soviético que promovesse inclusive o colapso do regime soviético, passando a encará-lo
como rival e não como parceiro.
Dá-se o estabelecimento de uma Nova Ordem Geopolítica mundial. A
redistribuição do equilíbrio global de poderes dá-se entre as maiores potências militares
e políticas da época, os EUA e a URSS. O poder de ambas, superior ao de qualquer
Potência até antes visto, qualificavam-nas como “superpotências”. A sua forma final foi
adquirida depois da transformação da União Soviética e dos Estados Unidos em
superpotências nucleares globais – em 1949 a União Soviética apresenta a sua primeira
arma nuclear no Cazaquistão.
Em termos geopolíticos, o mundo tornou-se bipolar, dividindo-se em dois
sistemas sociopolíticos, o capitalismo e o socialismo, contudo cada um deles sabia que
nada seriam e manteriam sem a detenção de esferas ou áreas de influência. Ambas as
superpotências disputavam Estados aliados em regiões estratégicas do mundo. Foi
estabelecida a estrutura bipolar das relações internacionais, através de confronto entre os
dois blocos político-militares - NATO (North Atlantic Treaty Organization) e o Pacto
de Varsóvia, liderados pelos Estados Unidos e União Soviética, respetivamente.
Para evitar a perda de aliados e a defesa destes, estabeleceram-se acordos de
segurança com outros países em diversas partes do mundo, sendo as mais importantes
os acordos de defesa com o Japão e a Coreia do Sul. A região de maior foco da política
de segurança dos EUA durante a Guerra Fria foi a Europa, pois reunia o maior número
de Estados com maior potencial político, económico e militar na sua disputa com a

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URSS. Os EUA também estabeleceram acordos de segurança com outros países
(estabelecendo bases militares em alguns) também vulneráveis à influência soviética,
como a base das Lages, nos Açores.
Do período da Guerra Fria destacam-se alguns dos acontecimentos mais
importantes, que contribuíram para a manutenção da mesma:
Entre a Primavera de 1948 e a Primavera de 1950 tiveram início, e
puderam completar-se, com um sucesso inesperado, os processos políticos que
determinaram, sucessiva e solidariamente, a assinatura do tratado de Washington e a
fundação da Aliança Atlântica, em Abril de 1949, a elaboração da lei fundamental e a
constituição da República Federal da Alemanha, em Outubro de 1949, e a Declaração
Schuman, em Maio de 1950, que vai dar origem à Comunidade Europeia do Carvão e
do Aço, formalmente estabelecida, um ano mais tarde, pelo tratado de Paris.
Ainda de entre 1947 e 1953 há a salientar, a ajuda militar à Grécia à luz da
“Doutrina Truman”, que se tornou no início, da transição da cooperação pós-guerra,
entre a URSS e os Estados Unidos, para a competição; recusa do “Plano Marshall”
pelos países socialistas, pressionados pela URSS, facto que ainda mais agravou o
confronto; o envolvimento de Berlim no Plano Marshall, ou seja, na sua esfera de
influência, o que não correspondia aos acordos entre a URSS e os EUA sobre a
resolução conjunta dos problemas alemães. Como retaliação, a URSS começa o
“Bloqueio de Berlim”, na qual o Ocidente respondeu com a criação da ponte aérea; Em
1948, os Estados Unidos aprovam a "Resolução Vandenberg", recusando-se
oficialmente a juntar-se aos blocos político-militares fora do hemisfério ocidental em
tempos de paz.
De 1953 a 1959 destacam-se pelos acontecimentos de 17 de Junho de 1953 no
RDA; em 1955, o Pacto de Varsóvia (já referido anteriormente), documento que
estabeleceu uma aliança militar dos países socialistas europeus, sob a liderança da
União Soviética; os acontecimentos de 1956 na Polónia, o levantamento anticomunista
na Hungria, a Crise de Suez, a Crise de Berlim de 1961 que levou à construção do muro
de Berlim e um dos mais graves, a Crise dos mísseis de Cuba de 1962.
Até à década de 70, os conflitos de área de contacto mudam-se para o Médio
Oriente e o Sudeste Asiático. Entretanto, grande parte das questões foram resolvidos
através de negociações diplomáticas.
Alguns estudiosos acreditam que a fase final da Guerra Fria começou em 1979
com a invasão da União Soviética ao Afeganistão, uma vez que o custo económico e

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militar deste conflito, que durou 10 anos, contribuiu consideravelmente para o colapso
da União Soviética em 1991. Contudo, será com a chegada ao poder de Mikhail
Gorbatchev que “ventos de mudança virão” e mudarão o cenário político tido até então.
A política externa soviética apresenta uma mudança radical em direção ao chamado
"novo pensamento político", que proclamou o "pluralismo socialista" e "prioridade dos
valores humanos sobre os valores de classe". O confronto ideológico, político e militar
rapidamente começou a perder a nitidez. A nova doutrina de política externa foi
explicada pelo desenvolvimento do processo político na URSS na direção da rejeição da
ideologia comunista.
Tudo isto, juntamente com a dependência económica da URSS de tecnologia e
créditos ocidentais, devido à queda acentuada dos preços do petróleo, levou a que a
União Soviética fizesse várias concessões no vasto domínio da política externa.
A queda do muro de Berlim a 9 de novembro de 1989 simboliza precisamente o
início de uma nova Era politica e Geopolítica e a destruição deste ícone máximo
representa o finalizar de um período longo e tumultuoso a que se deu o nome de Guerra
Fria.

2.4. O mundo no após a Guerra Fria


Três eventos marcaram o fim da Guerra Fria no início da década de 1990.
Primeiro, a Reunificação Alemã, ocorrida em 3 de outubro de 1990. Segundo, a
assinatura do tratado de forças convencionais entre a NATO e o Pacto de Varsóvia na
reunião do então Conference on Security and Cooperation in Europe (CSCE), em 18 de
novembro de 1990. Por último, a dissolução da União Soviética, em 25 de dezembro de
1991. O colapso da União Soviética em 1991 significou o fim do comunismo como
ideologia universal e contrária aos valores ocidentais (democracia, liberalismo,
capitalismo) e fim da disputa bipolar travada entre as duas superpotências.
Iniciou-se a partir de então o período denominado pós-Guerra Fria. Surgem
neste momento diversas análises sobre a configuração do sistema internacional, e a
atuação e o papel a ser exercido pelos Estados Unidos, a única “superpotência” restante,
neste novo cenário, se tivermos em conta apenas o poderio militar. Questiona-se como
os EUA devem conduzir a sua política externa, como definir os seus interesses, e mais
importante, como formular uma política de segurança neste novo contexto vazio da
disputa bipolar.

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Por outro lado este é um período marcado por uma convergência económica ao
nível de blocos regionais, de onde emergem. Salienta-se a mudança da integração mais
focada na economia, com o objetivo de aperfeiçoar os espaços reais em detrimento dos
espaços financeiros. A integração espacial vista assim numa linha idealista, como
perspetiva integracionista, é marcada pela maximização das oportunidades no acesso
comum ao bem-estar, “através da unificação dos mercados tal como dos espaços de
forma a longo prazo estabelecer a igualdade de tratamento dos produtos, serviços ou
fatores, qualquer que seja a sua proveniência ou a sua origem”.
No entanto o inicio do novo século é marcado por graves crises da ordem
internacional que, em profundo contraste com a década anterior. O primeiro choque
completamente imprevisível advém do surgimento brusco do terrorismo como ameaça a
hegemonia norte-americana. O 11 de setembro de 2001 marca o princípio do fim da
estabilidade da ordem do pós-Guerra Fria. A guerra dos EUA contra o Iraque, a crise
financeira de 2008, que colocou em questão o modelo económico liberal, os focos de
conflito pelo globo fora – mas principalmente no Médio Oriente, que se encontra num
processo de desentendimento cada vez mais generalizado desde a intervenção americana
de 2003, destruindo a suposta ordem internacional, que é hoje muito mais caótica; o
ressurgir do “calcanhar de Aquiles” russo, o crescimento do poder económico-militar
chinês, o renascer da força dos partidos de extrema-direita; a manutenção de liderança
de ditaduras em países bem posicionados; as diferenças bem presentes entre o eixo
Norte e o eixo Sul, que põe em evidência os países ricos e os países pobres, são muitos
dos acontecimentos tidos neste período após Guerra Fria, dignos de serem
referenciados, explanados, compreendidos, para que se possam corrigir sem colocar em
causa a Nova Ordem Mundial, que pelos vistos se encontra tudo menos “Ordenada”.

3. Conclusão
Há quem defenda que uma Nova Ordem Mundial Geopolítica se estabeleceu a
partir da crise do Socialismo, que teve como ápice a queda do Muro de Berlim e a
unificação das Alemanhas sob uma economia capitalista de mercado e a dissolução da
União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) em quinze novos países que
passaram, então, por um processo de transição para novos sistemas políticos e
económicos, dando origem a um novo mapa geográfico, politico e económico, que
passa obviamente pela aceitação do sistema Capitalista.

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Desaparece, portanto, a estrutura bipolar da ordem da Guerra Fria e inicia-se
uma nova ordem sob a hegemonia do Capitalismo.
Neste mundo pós-Guerra fria, impõe-se a seguinte pergunta, encontramo-nos
num mundo monopolar ou multipolar?
Obviamente, que segundo alguns autores a resposta será monopolar se nos
basearmos apenas na supremacia militar, ou seja como única superpotência militar e
hegemónica ou dominante. Evidentemente que esta argumentação é reforçada se
pensarmos nas intervenções militares que os EUA têm tido nalgumas ofensivas contra o
Terrorismo, como a Guerra contra o Afeganistão (2001/2002), ou Iraque (2003).
Contudo, se tomarmos como referencia o fator económico, podemos considerar que a
ordem pós-Guerra fria é multipolar, salientando três grandes centros ou focos de poder:
EUA, Japão e União Europeia. Tendo em conta o desenvolvimento económico e
industrial que países emergentes têm apresentado, reforçando a sua participação no
comércio Mundial, como a China, a India, a Indonésia, o Brasil, o México, entre outros,
podemos garantir que possivelmente os próximos anos serão testemunhos de uma nova
ordem Geopolítica, baseada não só na força militar, mas sobretudo no desenvolvimento
económico, que ao produzir Riqueza que se repercutirá indiscutivelmente em força ou
poder politico.
Acredito também que a tendência será a continuidade da junção de países em
blocos económicos e posteriormente em poder político, como já existem na atual ordem
mundial. Mas com os problemas gravíssimos, a par das rápidas transformações a todos
os níveis, que o Mundo atravessa e assiste no início deste novo século, fará sentido em
referir-se apenas o poder económico e político, como fatores únicos para o surgimento
de uma nova ordem Mundial?
No final do século XX e início do século XXI, a mundialização das trocas
atingiu novas proporções; a globalização económica, de bens e de capitais, contribui
para o enfraquecimento de economias nacionais e para importantes consequências
sociais – a deslocalização das empresas, o declínio da classe operária nas antigas
regiões industrializadas e o aumento dos fenómenos de desigualdade tanto nos
Estados como a nível internacional; o capitalismo exacerbado provocou um nível de
poluição e destruição do meio ambiente, que põe em causa a própria sobrevivência do
Homem; a revolução da informação, da comunicação, das novas tecnologias, a
extraordinária rapidez do avanço do conhecimento científico obriga a que nos
questionemos sobre até onde podemos ir.

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O mundo atual é afetado por questões transnacionais, tais como as migrações, o
ambiente ou a segurança, sendo então indispensável resolvê-las de forma a não terem
um impacto negativo nas sociedades. Será que se justificam lutas pelo poder político e
económico ou será mais plausível o nascer de focos de interajuda em áreas tão
importantes como as anteriormente referidas?

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