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Nome: Gustavo Guazzelli Nanni Data:

03/03/2021

1) O que você entende sobre biopoder no Brasil hoje e como ele se expressa?

O biopoder é o controle da vida e, porque não, da morte. Políticas, ações, práticas e


discursos que imprimem a face violenta do capital. Mas nem só de repressão vive o
modelo hegemônico. Sedução, consenso, produção de desejos, impotência, são algumas
das facetas do nosso Golias.

O poder tem uma materialidade que se expressa no cotidiano: na impossibilidade de


negociar seu salário com o patrão (ou mesmo com um trabalhador de RH), no aumento
do custo real dos bens mínimos a uma vida digna, nas políticas que retiram nossos
direitos e que chegam em efeitos quase invisíveis e por aí vai. Além disso, o poder
produz subjetividades, regimes simbólicos de apreensão do mundo, seja através de
propagandas, da repetição massiva e cotidiana de informações... Estas são algumas das
expressões do poder.

Esta regulação da vida é construída social e historicamente, através de alianças


estratégias entre distintos atores sociais. No Brasil o biopoder está localizado nas elites
rurais, nas grandes mídias, nos setores militares, no alto escalão do Estado, nas
lideranças religiosas, que assumam o país como seu e fazem da rua e dos campos seu
palco de apresentação. A cena, no entanto, é monstruosa.

A “onda progressista”, movimento político característico da América Latina que


teve início no início dos anos 2000, não teve força nem coragem para refazer as trilhas
do poder, pelo contrário, ampliou sua força e penetração social, através de sua “política
de conciliação de classes”. Os movimentos sociais tiveram lideranças perseguidas e
assassinadas, poucas conquistas estruturais, além do estigma de invasores/criminosos.

Com o golpe de 2016 e a ascensão bolsonarista, a direita mais esdrúxula,


negacionista, anti-cientificista e necropolítica, assume o poder e começa a desmantelar
as minguadas políticas sociais que tínhamos. Hoje, o cenário é de desesperança e luto.
Como refazer o amanhã, em que a solidariedade entre os povos, a esperança nos olhos e
o grito dos corpos voltem a estar presentes?

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