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Doi: 10.5212/Emancipacao.v.11i2.

0005

Nem tudo é midiatização: como entender, ver


e analisar a complexidade dos processos
comunicacionais sem banalizar

Not everything is mediatization: how to understand,


regard and analyze the complexity of the
communication processes without trivializing them

Adriana Domingues Garcia*

Resumo: O artigo apresenta reflexões e inferências sobre os estudos em


midiatização. São discutidos a formação, as lógicas de funcionamento e os
métodos de pesquisa sobre o fenômeno da midiatização para aplicação no
trabalho de dissertação sobre as convergências de processos e práticas para a
interação da sociedade em midiatização. O eixo argumentativo desdobra-se sobre
as precauções mobilizadas para que as processualidades não sejam reduzidas à
ampla abrangência e ao determinismo do pensamento único. Encaminha-se um
raciocínio para que a midiatização seja visualizada como um jogo de relações
de sentidos transversais, diferidos, difusos, heterogêneos e fragmentados, que
produzem interações e vínculos por meio de práticas e processos em circulação
na sociedade.
Palavras-chave: Midiatização. Circulação e interação social. Dispositivos sociais.

Abstract: This paper presents reflections and insights on the mediatization studies.
It aims at discussing the formation, the operating logic, and the methods of research
on the mediatization phenomenon. This analysis intends to aid a dissertation
about the convergence of processes and practices regarding the interaction of the
mediatized society. The argumentation is centered on the precautions against the
reduction of the media processes to the all-encompassing view and the determinism
of the pensée unique. It is also argued that the mediatization should be viewed as
a set of transversal relationships, which are deferred, diffused, heterogeneous and
fragmented, and produce interactions and linkages through the existing practices
and processes of the society.

Keywords: Mediatization. Circulation and social interaction. Social devices.

Recebido em: 13/10/2010. Aceito em: 25/05/2011.

*
Jornalista, mestranda em Ciências da Comunicação pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) e bolsista do Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) na Linha de Pesquisa Midiatização e Processos Sociais. São Leopoldo,
Rio Grande do Sul, Brasil. Email: adrigarcia_sm@hotmail.com

Emancipação, Ponta Grossa, 11(2): 215-224, 2011. Disponível em <http://www.revistas2.uepg.br/index.php/emancipacao> 215


Adriana Domingues GARCIA

1 Introdução: primeiras percepções A redução dos processos em dependência


estrutural, no âmbito da prática comunicacional
e do funcionamento dos meios, empobrece a
A construção deste artigo é motivada por
capacidade reflexiva de produção científica. A
questões suscitadas nas primeiras aulas da linha
apresentação de concepções inovadoras sobre
de pesquisa Midiatização e Processos Sociais,
a interação humana é o primeiro impacto rumo
do Mestrado em Ciências da Comunicação da
à descoberta de bases referenciais consisten-
UNISINOS. As perguntas que surgiam eram
tes, dotadas de aspectos qualitativos, os quais
estas: será que todos os processos comuni-
causaram a grande virada nos estudos em
cacionais são midiatização? Como visualizar e
comunicação2. A partir disso, surge um traba-
analisar a midiatização? O que acontece com
lho de aclaramento e direcionamento sobre as
quem não tem acesso às tecnologias? Esses
complexas associações do novo conceito em
questionamentos aos poucos foram sendo des-
desenvolvimento: a midiatização.
mistificados e entendidos como um processo
complexo, abrangente, não reducionista e nem
determinista, em que
“ou o indivíduo se adapta à lógica midiatizada, 2 Como entender a midiatização?
ou sofre com ela, pois não se pode deter-se
nos meios, mas sim na ambiência, além dis-
Depois de derrubada essa primeira bar-
so, o não domínio da linguagem não interfere
na insurgência dela na sociedade” (GOMES, reira teórico-estrutural, é preciso entender o
2010). Não há como fugir dessa nova forma campo conceitual da midiatização como uma
de ser e agir da sociedade em conjunto com processualidade comunicacional que permeia
os media, pois essa matriz cultural já faz parte todas as instâncias da sociedade, tornando ain-
da existência humana e constitui as formas de da mais complexas as práticas comunicativas e
organização e funcionamento, definindo con- gerando cada vez mais tecnologias sofisticadas
dições de acesso e consumo por parte dos e avançadas. Por outro lado, há uma mudança
indivíduos. nítida nas formas de comunicar, nos usos e pro-
Esse princípio teórico, em conceituação, duções de sentido. Segundo Fausto Neto (2008),
dará base para a pesquisa em andamento1, que o avanço da midiatização causa transformações
se circunscreve na investigação dos processos de regimes de falas, dentro de reformulações de
e práticas que direcionam para a análise dos práticas, de contratos, dispositivos, operações e
modos de interação e dos vínculos constituídos da própria problemática da produção de sentido.
na sociedade em midiatização. Para compreen- Nesses processos, são geradas novas configu-
der a construção teórico-metodológica, que está rações de vida social e individual, de dinâmicas
em fase de aprofundamento epistemológico, é e lógicas, em que há novos formatos de trocas
preciso um alto nível de abstração e desprendi- simbólicas e antigos costumes.
mento de todas as convicções fundamentalistas Esse fenômeno supera o caráter represen-
e estruturalistas herdadas de estudos preceden- tacional, centralizado nos produtos midiáticos,
tes. Essa tarefa não é fácil devido à crença em típico da sociedade dos meios. Martín-Barbero
perspectivas equivocadas sobre a comunicação, (1985) desloca o foco de análise dos meios para
de caráter dualista, de visão mecanicista e ins-
trumental de pura transmissão de informação.
2
Com a hipótese “É impossível não comunicar”, a importante cor-
rente de estudos dos anos 60, chamada Escola de Palo Alto ou
Colégio Invisível, contrariou todos os pensamentos predominan-
tes nas pesquisas em comunicação da época. As investigações
1
“Convergências de processos e práticas no site Observatório passaram a ser realizadas a partir de um recorte ampliado do
da Imprensa para a interação da sociedade em midiatização”, conceito de comunicação, propondo o pensar através de um mo-
sob orientação do Professor Dr. Jairo Ferreira (UNISINOS/São delo de comunicação circular. O processo interacional começou a
Leopoldo-RS). Esse observável empírico servirá como ponto de ser visto em uma situação global, sem separações de variáveis.
reflexão somente. Para efeito deste artigo, o objeto de análise Para isso, foi desenvolvido um método de pesquisa diferenciado:
será o campo conceitual da midiatização e as manifestações que o trabalho etnográfico de descer ao campo e a observação parti-
surgem dela. cipante, para analisar a perspectiva orquestral da comunicação.

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as pessoas, pois o importante é saber o que as peritos, que são sistemas de excelência técnica
pessoas fazem com o que dizem os meios, ou ou competência profissional.
seja, de que forma elas veem, ouvem e leem
A confiança pode ser definida como a crença
os meios. No novo estágio dos processos co-
na credibilidade de uma pessoa ou sistema,
municacionais permanece a segmentação do
tendo em vista um dado conjunto de resulta-
espaço social, pela formação de campos sociais dos ou eventos, em que essa crença expressa
relativamente fechados e autônomos, dotados de uma fé na probidade ou amor de um outro, ou
competências específicas, interesses diversos na correção de princípios abstratos (conheci-
e conflitantes que pretendem regular um deter- mento técnico) (GIDDENS, 1991, p. 36).
minado domínio da experiência, defendido por
Rodrigues (2000, p.192). O autor destaca a confiança da sociedade
Para o autor, um campo social forma-se de nos meios de comunicação, os quais contam
um processo bem-sucedido de autonomização histórias de vida. Assim, os indivíduos passam
secularizante, graças à capacidade de impor a a ter afinidades e identificações, contemplando e
sua simbólica formal e informal, com legitimi- supervalorizando a mídia. Essa mudança acabou
dade própria e vicária, regras constitutivas e incorporando as ações da mídia no cotidiano
normativas que devem ser respeitadas em um social.
determinado domínio da experiência. É como O caráter de centralidade dos media se
um espaço magnético delimitatório resultante acentua na midiatização, mas a problemática
da emancipação e da consolidação indiscutível passa ao âmbito da sociedade e sua organiza-
de sua existência. No entanto, o comportamento ção no mundo. Surgem novas formas de lingua-
da sociedade contemporânea caminhou para o gens, tecnologias, gramáticas e lógicas que se
desenraizamento da experiência coletiva, recom- ajustam na sociedade midiatizada. A cada dia
pondo os saberes e fazeres humanos. O autor se evidenciam as novas práticas e processos
ressalta que o domínio do simbólico constitui sociais de transparência nas relações, de busca
novas modalidades de secularização dos ritos de visibilidade dos campos sociais e dos indiví-
sociais, que são as regras de vida individual e duos. Em decorrência disso, ocorrem afetações
coletiva, maneiras de dizer e de fazer regula- nas operações, mudando as formas de saber
res, que orientam expectativas em função de
sobre os processos midiáticos. A midiatização
sua obrigatoriedade indiscutível e das práticas
manifesta-se a partir do momento em que sur-
comunicacionais.
gem novas formas de fazer, de perceber e de
Nesse cenário, o campo dos media passou
apropriar-se dos produtos midiáticos, ou seja,
a figurar como uma instância de legitimidade e
notoriedade, onde a capilarização dos discursos quando as práticas sociais são afetadas pela
sociais garantem o reconhecimento dos demais lógica midiática, que leva em conta investimentos
campos e, por conseguinte, formam a opinião pú- sócio-técnico-discursivos como condição para o
blica. “As particularidades do campo dos media reconhecimento de determinado campo social
refletem-se [...], nas funções que desempenha, (FAUSTO NETO, 2009).
[...] na sua simbólica, no seu corpo social e no A partir dessa dinâmica, o papel dos
seu sistema de acreditação” (RODRIGUES, media na informação e formação social, nesse
2000, p.201). Ou seja, a sua autoridade se dá espaço midiatizado, possui possibilidades múl-
pela competência discursiva própria e o caráter tiplas e imprevisíveis, que formam o conjunto
vicário ao mediar os diferentes campos sociais, de saberes que emergem e interferem na vida
religando entre si o mundo fragmentado, através cotidiana. Portanto, não há como entender a
de tematizações e publicizações de discursos es- comunicação no mundo contemporâneo ignoran-
pecializados, dentro de um sistema de confiança. do a midiatização, pois os indivíduos estão em
Uma das consequências da modernidade, constante movimentação nessa processualidade
da instituição do dinheiro e da invenção do reló- comunicacional, uns mais lentos e outros mais
gio é a criação de vínculos sociais em um am- acelerados, sendo que os mais ativos já fazem
biente de desencaixe, ou de desterritorialização. parte de uma nova cultura, a do amador. Nessa
De acordo com Giddens (1991), nessas relações cultura eles interagem, participam, opinam, su-
as pessoas passaram a confiar nos sistemas gerem, se fazem ver, produzem e compartilham

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conteúdos midiáticos, tornando-se operadores 3 Como visualizar a midiatização?


de processos midiáticos.
Dentro dessa visão, Martín-Barbero (2009)
A midiatização pode ser vislumbrada nas
reformula sua primeira proposição de pesquisa
mais diversas práticas comunicativas, por inter-
em comunicação, feita nos anos 80 (o que as
médio de movimentos que causam rupturas ou
pessoas fazem com o que dizem os meios?)
mutações no campo comunicacional. As manifes-
(MARTÍN-BARBERO, 1997). Depois de quase
tações vão de encontro ao fato de que a socieda-
30 anos, a investigação já não é mais sobre as
de não está apática ao que lhe é oferecida pela
matrizes culturais da comunicação, mas sobre
mídia e, tão pouco, os valores éticos e morais se
as matrizes comunicativas da cultura. É nesse
esvaíram com as crises de identidade sofridas
complexo relacional e transversal que a comuni-
nas últimas décadas. Na medida em que o públi-
cação atua, dá sentido e constrói as realidades
co quer se fazer ver, a própria mídia desenvolve
cotidianas. Nesse emaranhado, as tecnologias
estratégias para se enquadrar nesse jogo.
de comunicação são amplas e convergentes, à
A primeira demonstração a ser referida é a
disposição de um público disperso, heterogêneo
insurgência de uma sociedade que se organiza
e fragmentado.
para enfrentar a própria mídia, através de dispo-
De acordo com Martín-Barbero (2004), o
sitivos sociais específicos, os quais, de acordo
saber tecnológico, a razão técnica e a dester-
com Mouillaud (1997), citado por Braga (2006b,
ritorialização da sociedade reconfiguraram as
p.36), são entendidos como um lugar “mate-
lutas ideológicas, que se constituem em lutas
rial ou imaterial em que se constituem formas
simbólicas. “En los medios se hace, y no sólo
socialmente geradas e tornadas culturalmente
se dice, la política” (MARTÍN-BARBERO, 2004,
disponíveis como matrizes para realização de
p.31). Esse novo comportamento poderá auxiliar
falas específicas”. Eles estabelecem modos da
na reintegração da sociedade com a política,
sociedade interagir sobre (e com) a sua mídia.
por exemplo, pois essa é uma nova maneira de
Ferreira (2007) entende o dispositivo tanto como
se fazer parte, sem territórios fixos, mas, sim,
o conjunto de materialidades quanto o complexo
ligados por identidades híbridas que retomam a
de relações, agenciamentos e intersecções com
comunidade emocional de Max Weber, gerando
processos sociais e de comunicação.
novas sensibilidades, gostos e afinidades.
Esses processos impulsionam as relações
Si la revolución tecnológica ha dejado de ser do campo midiático com os múltiplos atores,
uma cuestión de medios, para pasar a ser de- possibilitando a socialização em âmbitos de
cididamente una cuestión de fines, es porque aprendizagem social e de crítica midiática, ou
estamos ante la configuración de um ecossis- seja, através dos dispositivos sociais de crítica
tema comunicativo conformado no solo por midiática. Braga (2006a) estuda esse movimento
nuevas máquinas o medios, sino por nuevas peculiar da midiatização dentro de uma dinâmica
lenguajes, sensibilidades, saberes y escritu-
composta por processos e dispositivos sociais
ras. [...] Todo lo cual está incidiendo tanto so-
bre lo que entendemos por comunicar como
imbuídos a desenvolverem trabalhos críticos
sobre las figuras del convivir y el sentido de sobre os produtos midiáticos.
lazo social. (MARTÍN-BARBERO, 2004, p. 36) O autor define duas vertentes críticas: a
crítica de sociedade e a crítica especializada
A reconfiguração das mediações, discutida (jornalística). Entretanto, os dois tipos têm limi-
recentemente pelo autor, revela os movimentos tações e nenhuma é superior à outra, mas são
evidenciados na sociedade midiatizada, em que complementares. Segundo Braga (2006a, p.
as relações sociais são engendradas por com- 51), o “trabalho social” não depende do caráter
plexos sistemas de comunicação e, às vezes, de crítica interna versus crítica externa, e sim
os vínculos são instáveis, efêmeros e superfi- da observação apenas do teor crítico, atrelado
ciais. Esse é um desafio que pode tanto integrar aos conceitos assumidos sobre a sociedade.
quanto fragilizar os processos comunicacionais Assim como a operacionalidade na sociedade,
interpostos por tecnologias e técnicas entre seres enquanto gesto social. Nesse ângulo, todas
humanos. as críticas são interessadas e participantes na

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sociedade, tornando-se internas, porém algumas reconhecimento. Além disso, a autora constata
são produzidas em lugares extramidiáticos. a coexistência de diferentes regimes especto-
A crítica de sociedade é feita de acordo riais e de consumo, isto é, a multiplicidade do
com gostos e afinidades e pode estar rela- desejo. Porém, na nova ambiência, os novos
cionada com a crítica jornalística, que é uma processos não anulam os já existentes, eles se
observação sistematizada contribuinte para o complementam:
desenvolvimento de competências de seleção
Es posible reconocer, de este modo, la par-
e interpretação dos produtos midiáticos. Já a
ticular sinergia entre viejos y nuevos medios
crítica especializada fornece perspectivas para se produce, como por ejemplo, em época de
o desenvolvimento de um debate social mais elecciones políticas, la competencia entre
consistente. Para exemplificar, temos sites inte- encuestas en boca de urna por um lado, y la
rativos de observatórios de mídia, como Obser- produción de impressiones em caliente de los
vatório da Imprensa, Portal Imprensa, Canal da usuarios de Twitter [...] Del mismo modo, la
Imprensa, SOS Imprensa, etc. captura e publicación em Youtube de imáge-
A principal ferramenta de comunicação no nes anónimas, que luego levanta la televisión
processo midiatizado é a interatividade, ou seja, (VALDETTARO, 2009, p. 8).
há a efervescência desse modelo comunicacio- Para a autora, os novos meios passam a
nal participativo, colaborativo e convidativo. A fortalecer os já consolidados. A utilização deles
comunicação torna-se mais eficiente quando há em conjunto serve de uma importante ferramenta
reciprocidade explícita na interação proposta, de controle e disciplinamento do público e, se
quando se exige mais que uma simples leitura, e bem empregados, de uma nova forma de exer-
sim uma manifestação por parte do destinatário. cício da democracia, em que o indivíduo torna-se
O grande diferencial são as trocas comparti- um cidadão virtual.
lhadas. Kerckhove (1999) coloca em desuso o Nesse sentido, é evidente a ampliação
termo inteligência coletiva, afirmando que com a dos espaços de vozes. Com esse propósito, a
nova ecologia das redes, com os novos hábitos mídia solicita a colaboração do público, mas não
cognitivos sociais e pessoais, o processo se como fonte, e sim como participação efetiva na
estreitou em uma inteligência conectada. “La produção, ou como comentarista. Os exemplos
interactividad es la relación entre la persona y são constatados em espaços onde o leitor/inter-
el entorno digital definindo por el hardware que nauta/telespectador/ouvinte opina ou fornece a
conecta los dos” (KERCKHOVE, 1999, p.21). O informação através de produções próprias, como
autor refere o processo como um enlace mental exemplos: Vc repórter - Terra, Vc no G1 – G1,
entre nós mesmos e o planeta, por meio de pro- Carta do Leitor – Diário de Santa Maria, Youtube
jeções multisensoriais. e Blogs de diversos temas.
O recurso de interatividade formou, segun- A convergência das narrativas transmidi-
do Valdettaro (2009), a cultura da interface, em áticas (JENKINS, 2008), as quais são franquias
que a lacuna existente entre produtor e receptor que integram múltiplos textos para criar uma
está apagada, quase imperceptível. O caráter narrativa tão ampla que não pode ser contida em
marcante em ambientes de convergência de uma única mídia, é constatada nas produções
tecnologias e linguagens, como a web 2.03, é que são veiculadas nos meios convencionais e
a multidimensionalidade interativa e a diversi- que depois ficam disponíveis para visualização/
dade de dispositivos sócio-técnico-discursivos profundidade na internet. É o caso, por exemplo,
que acionam a construção de sentidos. Dentro dos capítulos de novelas no site da Globo, ou das
desse novo espaço comunicacional, os víncu- notícias veiculadas no horário nobre da televisão
los são arquitetados por identidades flutuantes, e depois disponibilizadas para visualização no
com modificações nas condições de produção e site do Jornal Nacional.
Há também o recebimento de informações
3
de notícias do site G1 direto no celular, além de
Termo utilizado para designar a mudança nos usos da web.
Nesse processo, há maior entendimento das regras por parte dos inscrições de Feeds RSS (agregador de conte-
usuários para fazer bom uso da plataforma digital, aprimorando a údos atualizados no site), onde são expostas
interatividade e, consequentemente, a comunicação.

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automaticamente as informações no próprio a sua verdade, ou como foi construída aquela


navegador de internet. Esses processos reve- verdade.
lam a praticidade e comodidade que as novas Todos esses comportamentos inovadores,
tecnologias trazem à vida contemporânea, pois por parte da mídia e do público, resultam em
a pessoa poderá ter acesso ou rever o produto novas configurações de modos de interação
midiático no momento que achar oportuno, as- em um espaço diferido e difuso de construção
sim como poderá personalizar a sua busca por de sentidos. Luhmann (2005) ressalta que a
informação. importância que os meios de comunicação
Outro comportamento surgido nos últimos exercem é tão grande que tudo que sabemos
anos é a amizade ou vitrine virtual, com a ex- sobre o conhecimento da história e da natureza
plosão das chamadas redes sociais, entre elas: humana é através deles, os quais funcionam
Orkut, MSN, Facebook, Myspace, Twitter, etc. como uma espécie de operador central de todos
No entanto, Valdettaro (2009) desconstrói a ideia os sistemas sociais.
da nominação empregada, pois para a autora, Para o autor, os meios são todas as insti-
no ambiente virtual, cria-se uma multiplicidade tuições que servem de tecnologia e técnica para
de associações, que, do ponto de vista investi- comunicar alguma coisa a um público amplo, por
gativo, não são redes sociais no sentido strito meio de um processo industrial, tais como: livros,
sensu, por não produzirem vínculos estáveis e revistas, jornais, fotografia, televisão, rádio, inter-
pela noção frágil de não ter uma causa de so- net, etc. No entanto, uma ligação telefônica não
ciedade. Assim, as associações em rede, como é um meio midiático. Essa relação com os meios
devem ser denominadas, são constituídas de é tão intensa que é preciso desconfiar deles.
pseudoamigos com afinidades em comum, ou Diante disso, eles tratam de se autofortificarem,
identidades flutuantes, com suas derivações se- através da autorreferencialidade, consistida de
mânticas: tribos, comunidades, clãs, etc. Nesse técnicas e lógicas próprias desenvolvidas para
novo patamar, a digitalização de vínculos muda dar conta dessa desconfiança.
as condições de pertencimento dos indivíduos e Luhmann (2005) apresenta uma pers-
as identidades culturais dão lugar a avatares e pectiva inovadora e pouco explorada no meio
personagens fakes. científico, em que é possível relacionar todas
A modificação no processo cognitivo infan- as práticas humanas e as suas interações com
til é uma discussão inevitável. Segundo Gomes as tecnologias e outros setores da sociedade.
(2010), os dispositivos tecnológicos e suas Nesse sistema comunicacional, não é mais
construções simbólicas tomam conta do imagi- possível fazer pronunciamentos sobre o mundo,
nário social, principalmente dos nativos digitais, já que este se deslocou para o inobservável.
representados pela geração atual. Os brinquedos Nesse sentido, o estado interno dos sistemas
dessas crianças são celulares, computadores e é inapreensível, por sermos, todos, sistemas
jogos virtuais de última tecnologia. Elas já nasce- autopoiéticos fechados que fazem acoplamentos
ram nessa realidade cibernética e mesmo as que estruturais.
não têm fácil acesso, por condições econômicas, Para o autor, nós não temos mais refe-
se adaptam facilmente. Porém, a problemática rências no mundo inteiro e sim de um mundo
dessa constatação é: como administrar essa autoproduzido, autoestruturado, autodiferen-
realidade? “Será que a sociedade está conse- ciado, autofortificado pelo nosso sistema, de
guindo equacionar e dimensionar corretamente o forma autônoma. Sendo assim, o que constrói a
que acontece atualmente?” (GOMES, 2010, p.4). comunicação é a seletividade, ou a contingên-
Na produção jornalística, a mudança cia de cada sistema. Comunicar é um processo
ocorre não só nos processos de convergência multiplicador e não apenas uma transferência de
tecnológica/midiática, mas também na produção informações, como defendem as teorias clássi-
discursiva. Não há mais segredo na construção cas da comunicação.
da realidade, pois, hoje, ocorre o desvelamento Ainda de acordo com Luhmann (2005),
da realidade da construção, mostrando os bas- nesses processos, os meios de comunicação
tidores da notícia. Além disso, o indivíduo não convertem-se em mecanismo autorregulador
se preocupa mais com a verdade, mas sim com que normaliza as relações entre sistema e meio

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externo (ambiente). Sendo assim, cada siste- de que os meios tornam-se o medium quo, o lo-
ma observa-se a si mesmo e aos outros. De cus de compreensão da sociedade que interpreta
certa forma, os meios de comunicação e suas seu mundo pelos pontos de referência apresen-
interações apresentam a processualidade co- tados pelos sentidos identitários dispersos pelos
municacional sob uma perspectiva abrangente dispositivos sociais (GOMES, 2006). Com base
e promissora, quando a proposta é estudar os nisso, a midiatização não pode ser generalizada,
processos midiatizados sob uma perspectiva mas vista como um processo organizado em vol-
macroestrutural. ta de um consumo por parte das pessoas que se
É crucial perceber a sociedade midiati- relacionam com as produções de sentido social
zada, nesse contexto, e a amplitude de asso- elaboradas por terceiros.
ciações prováveis e possíveis que se apresen- Os processos de midiatização não excluem
tam. Sendo assim, a comunicação é construída as mediações, porém há uma complexidade
como um processo autopoiético que vai se es- maior nas relações dispostas pelos circuitos de
truturando continuamente e que é constituído circulação de informações, na criação de vín-
pela ação. Mas ela mesma não é a ação. Ela culos, nos compartilhamentos e nas interações
é a escolha das diferenças, o optar entre o sim sociais. Para observar as manifestações desses
ou o não, entre o continuar ou não a conversa. movimentos é preciso perspicácia e adequações
O ponto demarcatório da teoria de Luh- à realidade da nova sociedade que transforma
mann (2005) para os estudos em midiatização tecnologias em meios de comunicação.
é a questão da autorreferência dos meios, que
se dá pela complexidade que impera no sistema
comunicacional e faz com que a técnica assuma
uma importância inédita. Nesse contexto, os me- 4 Como analisar a midiatização?
dia realizam operações segundo suas próprias
lógicas, por meio da realidade da construção,
mostrando, mesmo que veladamente, como são O procedimento metodológico para a análi-
construídas determinadas realidades, ou seja, os se da midiatização deve ser estabelecido a partir
bastidores da construção de mundos. da visualização de que a pesquisa em ciências
Essas processualidades comunicacionais da comunicação está inserida em um campo
e comportamentais denunciam o surgimento de social cuja natureza transcende os estudos res-
um novo espaço constitutivo das ações sociais, tritivos dessa área. A inteligibilidade desse campo
ultrapassando o âmbito específico do midiático. em específico deve, pois, ser analisada metodo-
O entendimento desse sistema complexo baseia- logicamente pela sua complexidade composta
-se no pensamento de Gomes (2010) sobre o de objeto concreto e suas inter-relações entre
fato de a midiatização da sociedade não ser técnicas, linguagens, atores, práticas, proces-
somente uma sofisticação dos processos co- sos, etc. O conjunto híbrido desses elementos
municacionais, mas sim a configuração de algo forma o objeto de estudo científico da pesquisa,
totalmente diferente de tudo que já se viveu até ampliando a especificidade do saber e o domínio
agora. É um novo modo de ser no mundo, em do conhecimento. Sendo assim, entende-se que
que o indivíduo tem a necessidade de fazer-se as pesquisas em comunicação devem desenvol-
ver para sentir-se existir. ver um olhar tanto sobre a realidade do campo
O autor é ousado ao dizer que a midia- midiático quanto para outros objetos contextuais,
tização seria um projeto de unificação social. criando perspectivas que dão o recorte empírico
Por esse processo ainda estar em andamento, a ser analisado.
a questão aventada causa reflexões polêmicas. A sistemática de observação da midiatiza-
Será que sentiremos saudade do mundo que ção delineia-se para a análise da circulação, uma
está indo embora, ou devemos ter esperança na dimensão ainda em fase de amadurecimento
midiatização que está se instalando na socieda- epistemológico, mas específica para pesquisas
de? É plausível concordar com Gomes (2010): as que levem em conta esse novo movimento de
duas situações podem, de fato, ser equilibradas. sociedade. Com isso, é possível adotar um nível
Essa ideia do autor sustenta-se pela visão descritivo e qualitativo quanto às interpretações

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de marcas discursivas explícitas, no circuito da causada pela midiatização. A partir desses


circulação; e quantitativo quanto ao mapeamento pressupostos, as construções de mundo, ou de
dos fluxos de mensagens e suas recorrências. sentidos, não se fecham. Cria-se, assim, uma
As análises de circulação buscam investi- cadeia sucessiva de discursos, na medida em
gar a interação social no âmbito de um produto que produtores e receptores de mensagens se
midiático que coloca em circulação social inúme- encontram hoje mais em zonas de transformação
ras marcas discursivas, por meio de dispositivos de discursos do que necessariamente reclusos
que acionam sentidos. De acordo com Braga em suas próprias fronteiras, como até então eram
(2006a), a circulação social é diferente da cir- vistos emissores e receptores de mensagens.
culação midiática. Esta é o que a mídia veicula De acordo com Fausto Neto (2009), a
como sistema de produção. Já a circulação social convergência de dispositivos sociais e o decor-
é constituída por respostas diferidas e difusas, rente acionamento de sentidos são visualizados
desenvolvidas pelo sistema interacional mediá- como um sistema, como espaços potenciais e
tico. de pontos de acesso, que são as mecânicas, as
O autor ressalta a perspectiva macrosso- processualidades estratégicas da midiatização.
cial de que a realidade é construída socialmente No complexo midiatizado, as convergências
exatamente na medida em que, tentativamente, tecnológicas e midiáticas, sobrecarregadas
vai organizando possibilidades de interação. de narrativas transmidiáticas, criam uma nova
“São padrões para ver as coisas, para articular plataforma de circulação, a partir de técnicas,
pessoas e mais ainda, relacionar subuniversos dispositivos, novas configurações e relações
na sociedade – e por isso mesmo – modos entre produção e recepção. Segundo o autor, a
de fazer as coisas através das interações que convergência fragmenta a estrutura da recepção;
propiciam” (BRAGA, 2006b, p. 7). Para o autor, sendo assim, reelaboram-se as afetações/irrita-
devem ser observadas as relações transversais ções entre os campos sociais. Isso faz com que
e as interações sociais resultantes de cada os meios reformulem estratégias de criação de
processo midiatizado, a partir de práticas e pro- vínculos, novas formas de contato e coparticipa-
cessos mobilizados para tal processualidade ção. No corpus de análise de uma pesquisa sob
comunicacional. o viés da midiatização, o processo de circulação
O conceito de circulação está ligado ao de marcas discursivas é situado no espaço in-
que Fausto Neto (2009) entende como um es- teracional entre os interlocutores, sendo que a
paço localizado no limite de práticas discursivas convergência disponível se transforma em um
em produção e recepção, chamado de zona leque de opções, ou em um espaço potencial
de pregnância, em que essas fronteiras criam para produção de sentido.
interfaces e potencializam locais férteis para as Metodologicamente, entender a interação
construções de sentidos. Para o autor, coloca- social da sociedade midiatizada pela circulação
-se uma reformulação radical nos processos de significa analisar um processo amplo em dois
interação, entre os meios e seus consumidores. níveis: macroestrutural, que diz respeito aos
Os primeiros, diante da iminência de processos aspectos societários; e microestrutural, por
de solidão, buscam reconstituir os contatos meio do mapeamento da linguagem, dos modos
com seus usuários segundo novos contratos de fala, das marcas discursivas do processo.
que misturam motivações comerciais e estraté- Nesse tipo de análise são trabalhados fluxos
gias de leituras. Os segundos, os leitores, são de informações e suas manifestações físicas
chamados a educarem-se para as mídias, na explícitas, como produções primárias, comen-
medida em que, para nelas estar, precisam ter tários de internautas, narrativas transmidiáticas,
um conhecimento, ainda que espasmódico, dos dispositivos utilizados, acessos, desdobramentos
seus processos produtivos. de operações, materialidades, práticas e proces-
Portanto, Fausto Neto (2009) afirma que sos desenvolvidos, e construções de sentidos
esses processos são possíveis devido à auto- disponibilizadas pelas inter-relações discursivas,
nomia que o campo midiático adquiriu, pelas técnicas e culturais.
suas ações de autorreferencialidade e pela
incompletude do processo de significação,

222 Emancipação, Ponta Grossa, 11(2): 215-224, 2011. Disponível em <http://www.revistas2.uepg.br/index.php/emancipacao>


Nem tudo é midiatização: como entender, ver e analisar a complexidade dos processos ...

5 Primeiras considerações: o processo de Referências


naturalização

BRAGA, José Luiz. A sociedade enfrenta sua mídia:


Depois de alguns meses de leituras e dispositivos sociais de crítica midiática. São Paulo:
debates sobre a midiatização, as práticas e os Paulus, 2006a.
processos sociais desencadeados por ela, foi
desenvolvido um novo patamar de reflexões, ______. Sobre “mediatização” como processo
observações e problematizações. A construção interacional de referência. Versão revista de artigo
desse conhecimento é muito desafiadora, por apresentado no Grupo de Trabalho Comunicação e
Sociabilidade, do XV Encontro da Compós. Unesp/
estar associada à renovação/reciclagem de
Bauru/São Paulo: junho de 2006b.
conceitos consolidados e teorias clássicas tão
consistentes. Não basta uma revisão teórico- FAUSTO NETO, Antônio. Enunciação mediática
-metodológica para adaptar-se ao novo, é preci- e suas “zonas de pregnâncias”. In: VELÁSQUEZ,
so ter convicção e buscar respostas por meio de Tereza (Org.). Fronteras. Buenos Aires: La Crujía,
perguntas que podem parecer tolas, mas que são 2009, p. 105-115.
necessárias para entender essa processualidade ______. Ombudsman: a interrupção de uma fala
comunicacional tão complexa. transversal. In: Encontro dos Núcleos de Pesquisa em
Essa complexidade não pode ser ba- Comunicação do XXXI, 8. NP Semiótica, do Intercom,
nalizada por fundamentalismos e estruturalis- Natal/RN, 2008. Anais...
mos deterministas, mas sim colocada em um
FERREIRA, Jairo. Midiatização: dispositivos,
jogo de relações de materialidades e sentidos
processos sociais e de comunicação. E-Compós
transversais, diferidos, difusos, heterogêneos e (Brasília), v. 10, 2007, p. 1-15.
fragmentados. Por isso, não podemos cometer
o mesmo erro de escolas passadas, de reduzir GIDDENS, Anthony. As consequências da
os processos comunicativos em contemplação, modernidade. 2. ed. São Paulo: Ed. Unesp, 1991.
alienação e submissão. O caráter de comple-
GOMES, Pedro Gilberto. Sociedade em midiatização:
xidade dá a segurança de que não estaremos saudade ou esperança? Paper: UNISINOS, São
indo para uma sociedade de pensamento único. Leopoldo, 2010.
Para entender a midiatização é preciso
confiança, pois o pressuposto de que esse ______. A midiatização no processo social. In:
fenômeno está em instalação no mundo inteiro Filosofia e ética da comunicação na midiatização
da sociedade. São Leopoldo: Unisinos, 2006, cap.6.
gera desconfortos e debates quentes sobre o
seu acesso e abrangência. É preciso prospec- JENKINS, Henry. Cultura da convergência. São
tar que futuramente o processo se naturalizará, Paulo: Aleph, 2008.
assim como aconteceu com o capitalismo. Esta
comparação reforça a crença de que sempre KERCKHOVE, Derrik de. Inteligencias en conexión:
hacia una sociedad de la web. Barcelona: Gedisa,
haverá desigualdades, porém o consumo de
1999. p. 17-28.
bens simbólicos é ilimitado. Para fazer parte da
sociedade em midiatização basta ver, ler, ouvir, LUHMANN, Nicklas. A realidade dos meios de
conectar-se, expressar-se e compartilhar os sen- comunicação. SP: Paulus, 2005.
tidos despertados pelas ações comunicativas, ou
MARTÍN-BARBERO, Jesús. As formas mestiças da
seja, pelas manifestações identitárias que se dão mídia. Pesquisa FAPESP, n. 163, setembro de 2009.
nas interações com os outros e com os meios,
isto é, pelo ser-com-os-outros no mundo. ______. Razón técnica y razón política: espacios/
tiempos no pensados. Revista Alaic. Ano 1. n. 1 jul/
dez, 2004.

______. Dos meios às mediações: comunicação,


cultura e hegemonia. Rio de Janeiro: Editora da
UFRJ, 1997.

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Adriana Domingues GARCIA

RODRIGUES, Adriano Duarte. Experiência,


modernidade e campo dos media. In: SANTANA,
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contemporâneo. Teresina: Revan, 2000. p. 169-215.

SODRÉ, Muniz. Eticidade, campo comunicacional e


midiatização. In: MORAES, Denis (Org.). Sociedade
midiatizada. Rio de Janeiro: Mauad, 2006. p.19-31.

VALDETTARO, Sandra. Audiências: de las “redes


sociales” a las “associaciones en red”. Ponencia
presentada en el Foro Ibermedia, Fundación de
Investigación del Audiovisual), Valencia, España,
2009.

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