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EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO TCM/GO

TRAMITAÇÃO PRIORITÁRIA

P & S COMÉRCISO DE PRODUTOS DE PRODUTOS


MÉDICOS E ORTOPEDICOS LTDA, pessoa jurídica de direito privado,
com sede na SOES Quadra , Conjunto , Lote, Setor de Oficina, Estrutural,
Brasília/DF, CEP nº 71.266-025, representada por seu sócio___, vem por
seu sócio, em CARÁTER LIMINAR, através da presente e fundamentada
DENÚNCIA/REPRESENTAÇÃO, vem, com fulcro na Lei Estadual
15.958/2007 e no Regimento Interno do TCM/GO, através da presente e
fundamentada DENÚNCIA, requerer que este Órgão tome as providências
necessárias quanto à questão abaixo colocada, a saber:

I- DOS FATOS E DO DIREITO

Trata-se denúncia contra o pregão presencial, menor preço,


publicada no EDITAL DE LICITAÇÃO nº 003/2021, do Município de Águas
Lindas- GO, cujo sua realização está agendada para a data do dia
19.03.2021, com seu início estabelecido para 10H.
Ao analisar o edital, de maneira minuciosa, nota-se que o
mesmo, de pronto viola o princípio da ampla competitividade, visto
que o edital prevê a contratação de empresa especializada na prestação de
serviço de instalação/substituição/retirada/manutenção de cilindros de gás
ar comprimido medicinal e gás oxigênio medicinal, com o fornecimento
gratuito de válvulas reguladoras de pressão, fluxômetros, descartáveis

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como cateter nasal e frasco umidificador e centrais de gases medicinais
sem qualquer custo para o município, para atender o Hospital Municipal,
SAMU, PSF’s, Policlínica, UPA e para o atendimento de pacientes de uso
domiciliar.
Todavia, nos itens 16.1.3.3.7; 16.1.3.8 há uma exigência
que exclui TODOS OS CONCORRENTES DO PROCESSO LICITATÓRIO,
QUE PODEM FORNECER ESSE TIPO DE PRODUTO. Cumpre trazer a
baila a integralidade do texto:

16.1.3.7 – Capacitação técnico-profissional, cuja


comprovação se fará através do fato da licitante possuir
em seu quadro permanente, na data de abertura desta
licitação, Responsável Técnico especializado em
manutenção corretiva e preventiva em redes
canalizadas, centrais de gases medicinais (oxigênio
medicinal, ar comprimido medicinal e óxido nitroso),
redes de vácuo, postos de consumo, válvulas
reguladoras de pressão e fluxômetros de uso nos
hospitais, PSF, SAMU,, e nas casas de pacientes de uso
domiciliar, a disposição da contratante para manutenção
corretiva e/ou preventiva, ou substituição, devidamente
registrado no Conselho Regional de Engenharia e
Agronomia – CREA, detentor de, pelo menos 1 (uma)
Certidão de Acervo Técnico - CAT, registrada/emitida
pelo CREA.

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16.1.3.8 – Sendo a participante do processo licitatório
Empresa Fabricante ou Envasadora de Gases Medicinais,
deverá apresentar também Certificado de Boas Práticas
de Fabricação de Gases Medicinais, tendo em vista que o
Gás Oxigênio Medicinal foi reconhecido como
medicamento pela ANVISA – Agência Nacional de
Vigilância Sanitária e que a mesma regulamentou as
atividades das empresas fabricantes ou envasadoras de
gases medicinais através da publicação da RDC nº 69 de
01 de outubro de 2008 (que dispõe sobre as Boas
Práticas de Fabricação de Gases Medicinais) e da RDC nº
70 de 01 de outubro de 2008(que dispõe sobre a
Notificação de Gases Medicinais).

Essas exigências, não são compatíveis com o processo


licitatório, por se tratar de exigências restritivas às INDUSTRIA, AO PASSO
QUE APENAS UMA EMPRESA, CITA-SE:__, TEM CONDIÇÕES DE CUMPRIR
esses requisitos postos em edital.
Ora, não existe qualquer previsão no edital, para que seja feito
processo de manutenção, na rede canalizada seja ela preventiva ou
corretiva, centrais de gases ou quaisquer outros serviços estruturais, o
objeto deixa claro que a manutenção se trata exclusivamente dos cilindros
de oxigênios e seus componentes, logo, o item 16.1.3.7, ESTÁ NA CONTRA
MÃO DO OBJETO DO PREGÃO PRESENCIAL, OU SEJA, UM ITEM
ALIENÍGENA QUE VISA ATINGIR A AMPLA CONCORRÊNCIA DO PROCESSO
LICITATÓRIO.

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Ora, ao manter tais itens, haverá um desprestígio ao
PRINCÍPIO DA COMPETITIVIDADE, visto que uma única empresa EM TODO
TERRITÓRIO NACIONAL, possuí a condição de cumprir com tais requisitos.
Nesse particular, a exigência da administração de que uma
única empresa disponha de tais técnicas como condição para participação
da licitação afigura verdadeira afronta ao princípio da competitividade. O
caráter competitivo do certame está sobremaneira comprometido, uma vez
que várias empresas, por não possuírem a condição de cumprir com esses
itens, estão impedidas de participar da licitação.
vale transcrever o conteúdo do art. 3, §1, I, da Lei 8.666/93,
dispositivo que salvaguarda o caráter competitivo das licitações:

Art. 3º A licitação destina-se a garantir a


observância do princípio constitucional da
isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa
para a administração e a promoção do
desenvolvimento nacional sustentável e será processada
e julgada em estrita conformidade com os princípios
básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade,
da igualdade, da publicidade, da probidade
administrativa, da vinculação ao instrumento
convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são
correlatos.
§1o É vedado aos agentes públicos:
I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de
convocação, cláusulas ou condições que

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comprometam, restrinjam ou frustrem o seu
caráter competitivo, inclusive nos casos de sociedades
cooperativas, e estabeleçam preferências ou distinções
em razão da naturalidade, da sede ou domicílio dos
licitantes ou de qualquer outra circunstância
impertinente ou irrelevante para o específico objeto do
contrato, ressalvado o disposto nos §§ 5o a 12 deste
artigo e no art. 3º da Lei nº 8.248, de 23 de outubro de
1991; (grifos nossos)

Como visto, a Lei veda a adoção de exigência desnecessária ou


inadequada, cuja previsão seja orientada não a selecionar a proposta mais
vantajosa, mas a beneficiar ou prejudicar alguns particulares.
De tal modo, nota-se que a invalidade não reside na restrição
em si mesma, mas na incompatibilidade dessa restrição com o objeto da
licitação e com os critérios de seleção da proposta mais vantajosa.
Vale dizer, tal incompatibilidade poderá decorrer de alguns
aspectos, tais como: a) da restrição ser excessiva ou
desproporcionada às necessidades da Administração; b) da
inadequação entre a exigência e as necessidades da Administração.
Podemos concluir que o edital, EXPRESSAMENTE, LIMITOU à
competitividade da licitação, haja vista que a restrição adotada se mostrou
incompatível com a real necessidade da Administração. O QUE NOS LEVA A
DUAS OSSÍBILIDADE PLAUSÍVEL: 1- A SUSPENSÃO DO PROCESSO
LICITATÓRIO ATÉ A RETIFICAÇÃO DO EDITAL E/OU 2- O
CANCELAMENTO DO PREGÃO PRESENCIAL.

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Ademais, consoante o princípio da autotutela administrativa, a
Administração Pública pode rever seus próprios atos, quando ilegais,
inconvenientes ou inoportunos. De modo a reforçar esta prerrogativa, o
Supremo Tribunal Federal editou a súmula nº 473, estabelecendo que:

Súmula 473: a administração pode anular seus próprios


atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais,
porque deles não se originam direitos; ou revogá-los,
por motivo de conveniência ou oportunidade,
respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em
todos os casos, a apreciação judicial.

Portanto é cabível a suspensão do pregão presencial, em face


das violações destacadas alhures. Logo, no presente caso, não podemos
imiscuir a aplicação do Princípio da Isonomia que é regra fundamental que
rege todos os atos administrativos, bem como os atos referentes ao
procedimento licitatório.
Dado a tal princípio, a presente situação fática, desprestigia o
consagrado Princípio da Isonomia, pois trata os iguais de forma diferente,
frustrando a essência do processo licitatório. Nesta linha de raciocínio, o
edital, empregou um tratamento desigual e privilegiado frente às empresas
que podem participar do certame
Ora, tal posicionamento causa nítida afronta as principais
regras de licitação, causando assim uma enorme insegurança, desordem e
instabilidade ao certame licitatório.

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Pois, caso não haja tal retificação, NÃO HAVERÁ PREGÃO, MAS
A DETERMINAÇÃO DE PREÇO MAIS FAVORÁVEL A ÚNICA EMPRESA CAPAZ
DE CUMPRIR COM ESSA EXIGÊNCIA.

II- DA CONCESSÃO DA LIMINAR PARA SUSPENDER O


PREGÃO

É possível a concessão de medida cautelar por este TCM,


independente de previsão legal expressa, com base no poder de cautela
das Cortes de Contas.
Cabe registrar que o Supremo Tribunal Federal, não obstante a
ausência de previsão, reconheceu, com base na teoria dos poderes
implícitos, o poder de cautela do Tribunal de Contas da União. Nesse
sentido, vale conferir os seguintes precedentes:

PROCEDIMENTO LICITATÓRIO. IMPUGNAÇÃO.


COMPETÊNCIA DO TCU. CAUTELARES. CONTRADITÓRIO.
AUSÊNCIA DE INSTRUÇÃO. 1- Os participantes de
licitação têm direito à fiel observância do procedimento
estabelecido na lei e podem impugná-lo administrativa
ou judicialmente. Preliminar de ilegitimidade ativa
rejeitada. 2- Inexistência de direito líquido e certo. O
Tribunal de Contas da União tem competência para
fiscalizar procedimentos de licitação, determinar
suspensão cautelar (artigos 4º e 113, § 1º e 2º da
Lei nº 8.666/93), examinar editais de licitação

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publicados e, nos termos do art. 276 do seu
Regimento Interno, possui legitimidade para a
expedição de medidas cautelares para prevenir
lesão ao erário e garantir a efetividade de suas
decisões). (...) (MS 24510, Relator(a): Min. ELLEN
GRACIE, Tribunal Pleno, julgado em 19/11/2003, DJ 19-
03-2004 PP-00018 EMENT VOL02144-02 PP-00491 RTJ
VOL-00191-03 PP-00956) (grifamos)

EMENTA: TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. PODER


GERAL DE CAUTELA. LEGITIMIDADE. DOUTRINA
DOS PODERES IMPLÍCITOS. PRECEDENTE (STF).
CONSEQÜENTE POSSIBILIDADE DE O TRIBUNAL DE
CONTAS EXPEDIR PROVIMENTOS CAUTELARES, MESMO
SEM AUDIÊNCIA DA PARTE CONTRÁRIA, DESDE QUE
MEDIANTE DECISÃO FUNDAMENTADA. DELIBERAÇÃO
DO TCU, QUE, AO DEFERIR A MEDIDA CAUTELAR,
JUSTIFICOU, EXTENSAMENTE, A OUTORGA DESSE
PROVIMENTO DE URGÊNCIA. PREOCUPAÇÃO DA CORTE
DE CONTAS EM ATENDER, COM TAL CONDUTA, A
EXIGÊNCIA CONSTITUCIONAL PERTINENTE À
NECESSIDADE DE MOTIVAÇÃO DAS DECISÕES
ESTATAIS. PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO EM CUJO
ÂMBITO TERIAM SIDO OBSERVADAS AS GARANTIAS
INERENTES À CLÁUSULA CONSTITUCIONAL DO "DUE
PROCESS OF LAW". DELIBERAÇÃO FINAL DO TCU

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QUE SE LIMITOU A DETERMINAR, AO DIRETOR-
PRESIDENTE DA CODEBA (SOCIEDADE DE
ECONOMIA MISTA), A INVALIDAÇÃO DO
PROCEDIMENTO LICITATÓRIO E DO CONTRATO
CELEBRADO COM A EMPRESA A QUEM SE
ADJUDICOU O OBJETO DA LICITAÇÃO.
INTELIGÊNCIA DA NORMA INSCRITA NO ART. 71,
INCISO IX, DA CONSTITUIÇÃO. APARENTE
OBSERVÂNCIA, PELO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO,
NO CASO EM EXAME, DO PRECEDENTE QUE O SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL FIRMOU A RESPEITO DO SENTIDO E
DO ALCANCE DESSE PRECEITO CONSTITUCIONAL (MS
23.550/DF, REL. P/ ACÓRDÃO O MIN. SEPÚLVEDA
PERTENCE). INVIABILIDADE DA CONCESSÃO, NO CASO,
DA MEDIDA LIMINAR PRETENDIDA, EIS QUE NÃO
ATENDIDOS, CUMULATIVAMENTE, OS PRESSUPOSTOS
LEGITIMADORES DE SEU DEFERIMENTO. MEDIDA
CAUTELAR INDEFERIDA. DECISÃO: Trata-se de
mandado de segurança, com pedido de medida cautelar,
impetrado contra deliberação, que, emanada do E.
Tribunal de Contas da União (Processo TC-
008.538/2006-0), acha-se consubstanciada em acórdão
assim ementado (fls. 35/36): "SOLICITAÇÃO DO
CONGRESSO NACIONAL. REALIZAÇÃO DE
FISCALIZAÇÃO EM CERTAME LICITATÓRIO. AUSÊNCIA
DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL PRÉVIO À ABERTURA

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DO CERTAME. EDITAL DE CONCORRÊNCIA COM
CLÁUSULAS RESTRITIVAS AO CARÁTER COMPETITIVO
DA LICITAÇÃO. INFRINGÊNCIA A PRINCÍPIOS
CONSTITUCIONAIS E LEGAIS RELATIVOS A LICITAÇÕES
E CONTRATOS. INOBSERVÂNCIA DAS NORMAS LEGAIS
RELATIVAS A PROCESSO DE OUTORGA DE CONCESSÃO
DE SERVIÇOS PÚBLICOS. INADEQUABILIDADE DOS
ESTUDOS DE VIABILIDADE. FIXAÇÃO DE PRAZO PARA
ANULAÇÃO DO CERTAME E DO CONTRATO. MULTA.. (MS
26547 MC, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, julgado
em 23/05/2007, publicado em DJ 29/05/2007 PP-00033)
(grifam3os)

Assim, a orientação do Supremo Tribunal Federal estende-se,


por força do princípio da simetria, ao Tribunal de Contas dos Municípios do
Estado do Goiás, pode e deve, no presente caso, conceder a medida
liminar, baseado presença dos requisitos autorizadores, quais sejam, o
“fumus boni iuris” e o “periculum in mora, para suspender o pregão
presencial sobre o pálio de prejuízo ao erário, uma que havendo
apenas UMA ÚNICA EMPRESA QUE CUMPRE COM OS REQUISITOS DO
EDITAL, POR ÓBVIO, NÃO HÁ CONCORRÊNCIA, MAS, DETERMINAÇÃO DO
PREÇO QUE A EMPRESA IMPUTAR AO MUNICÍPIO.
Ora, está claro a urgência caracterizada pelo fundado receio de
grave lesão ao erário ou a direito alheio ou de risco de ineficácia da decisão
de mérito, esta Corte de Contas, por intermédio do Relator ou do

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Presidente, poderá adotar medida cautelar, determinando a suspensão do
ato impugnado até a ulterior apreciação do mérito pelo Plenário.
Assim, lastreada no Poder Geral de Cautela que lhe é conferido
pela Constituição Federal e reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal, até
ulterior deliberação, sendo o denunciado notificado através do Diário Oficial
Eletrônico do TCM/GO para tomar conhecimento da Denúncia, para cumprir
a liminar a ser deferida e, querendo, produzir os esclarecimentos que
entender necessários, respeitado o prazo regimental de 20 (vinte) dias
requer a concessão da medida liminar para fins de suspender o
pregão até que haja retirada desses requisitos, CLARAMENTE
EXCLUDENTES, do edital, por violação explícita ao Lei de Licitação.

III- DOS REQUERIMENTO


Diante do exposto, requer que seja:

1) Concedida a MEDIDA LIMINAR EM SEDE DE TUTELA


DE URGÊNCIA PARA HAJA A SUSPENSÃO DO EDITAL Nº 003/2021,
NA MODALIDADE PREGÃO PRESENCIAL, MENOR PREÇO, por afrontar
claramente os princípios norteadores da licitação, destacando o princípio da
competitividade, isonomia e legalidade, até o julgamento pelo plenário
dessa Colenda Corte de Contas, ou a retificação do edital, com a supressão
dos itens;
2) recebida e acolhida a presente
DENÚNCIA/REPRESENTAÇÃO, ao final, julgado provida com fundamento
nas razões precedentemente aduzidas, com efeito SUSPENSIVO

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CONCEDIDO DESDE O RECEBIMENTO, para que seja CANCELADO O
PREGÃO PRESENCIAL ou retificado o edital;
3) outrossim, lastreada nas razões acima, requer-se que a
Comissão de Licitação seja notificada da decisão liminar, para suspender o
pregão presencial, até o julgamento do mérito.
Nesses termos, pede e aguarda deferimento
Brasília__, de ___ de 2021.

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