Você está na página 1de 2

Células e genomas INTRODUÇÃO À

CÉLULA
A superfície do nosso planeta está povoada por seres vivos – interessantes fábricas químicas,
intrincadamente organizadas, que absorvem substâncias de seus arredores e as utilizam como
matérias-primas para gerar cópias de si mesmas. Esses organismos vivos parecem
extraordinariamente diversos. O que poderia ser mais diferente do que um tigre e uma alga
marinha, ou uma bactéria e uma árvore? No entanto, nossos ancestrais, sem conhecer nada de
células ou de DNA, notaram que todos esses organismos tinham algo em comum. Esse algo
eles chamaram de “vida”, maravilharam-se com ela, tiveram dificuldade em defini-la e
tentaram explicar o que ela era e como funcionava em relação à matéria não viva. As
descobertas do século passado não diminuíram o encantamento, pelo contrário, mas
removeram o mistério central em relação à natureza da vida. Agora podemos ver que todos os
seres vivos são compostos por células: pequenas unidades, delimitadas por membrana,
preenchidas com uma solução aquosa concentrada de produtos químicos e dotadas de
extraordinária habilidade de criar cópias de si mesmas por meio de seu crescimento e, então,
da divisão em duas. Devido às células serem as unidades fundamentais da vida, é na biologia
celular – o estudo da estrutura, função e comportamento das células – que devemos procurar
por respostas às questões sobre o que a vida é e como funciona. Com um entendimento mais
profundo das células e de sua evolução, podemos começar a lidar com os grandes problemas
históricos da vida na Terra: suas origens misteriosas, sua diversidade fascinante e sua invasão
de cada hábitat concebível. De fato, como enfatizado há muito tempo pelo pioneiro em
biologia celular E. B. Wilson, “a chave para cada problema biológico deve finalmente ser
procurada na célula; para cada organismo vivo há, ou houve em algum momento, uma célula”.
Apesar de sua aparente diversidade, os seres vivos são fundamentalmente parecidos no seu
interior. Toda a biologia é, desse modo, um contraponto entre dois temas: a admirável
variedade em particularidades individuais e a admirável constância nos mecanismos
fundamentais. Neste primeiro capítulo, começaremos por destacar as características universais
comuns a toda a vida em nosso planeta. Iremos, então, examinar brevemente a diversidade
das células. Veremos como, graças ao código molecular comum, no qual as especificações de
todos os organismos vivos estão escritas, é possível ler, medir e decifrar essas especificações
para nos ajudar a alcançar um entendimento coerente sobre todas as formas de vida, desde as
menores até as maiores
Figura 1-1 A informação hereditária na célula-ovo fertilizada determina a natureza de todo o
organismo multicelular. Apesar das suas células iniciais parecerem superficialmente
semelhantes, como indicado: uma célula-ovo de ouriço-do-mar dá origem a um ouriço-do-
-mar (A e B). Uma célula-ovo de camundongo dá origem a um camundongo (C e D). Uma
célula-ovo da alga marinha Fucus origina uma alga marinha Fucus (E e F). (A, cortesia de David
McClay; B, cortesia de M. Gibbs, Oxford Scientific Films; C, cortesia de Patricia Calarco, de G.
Martin, Science 209:768-776, 1980. Com permissão de AAAS; D, cortesia de O. Newman,
Oxford Scientific Films; E e F, cortesia de Colin Brownlee.).

Você também pode gostar