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Segunda Parte

PECADOS INDIVIDUAIS

1. A Distração: Alheamento

Falamos do "professor distraído", que nunca sabe o que está acontecendo, que
esquece tudo, por estar tão preocupado com seu próprio mundo intelectual. De igual
modo, se somos distraídos na oração, é porque estamos preocupados com outras cousas
que, como um ímã, atraem nossos pensamentos.
Ignora o que está acontecendo, deixar de orar e de trabalhar com Deus, pode
ser por outra razão: devaneio, alheamento. Alguns procuram refúgio em certos
pensamentos e outros se refugiam em ilusões e vivem num mundo imaginário. Se somos
distraídos ou se nos alheamos, nossos pensamentos não estão sob o domínio de Deus.
Retiramos dEle uma parte de nossas vidas. Contudo, não constatamos, usualmente, que
nossa distração e alheamento resultam em nos afastarmos de Jesus e de Suas
determinações a nosso respeito. Sempre que queremos apegar-nos a algo que nos
fascina ou nos deixamos levar pelos devaneios, estamos impedindo Jesus de entrar em
nosso coração e dominar ali.
Isso traz sérias consequências, porque, o que não está sob o domínio de Deus,
Satanás toma como sua esfera de influência. Quantas vezes os devaneios realmente nos
levaram a seguir um caminho pecaminoso? É que Satanás tomou posse de nossos
sonhos. Esse sonhar, aparentemente inocente, não é, na realidade, tão inocente assim.
Além do fato de que isso pode levar-nos a pecados concretos, ele sempre nos separa de
Jesus e, portanto, nos priva, por toda a eternidade, do fruto de nossa vida.
Mas isso não é tudo. Jesus diz: “Se alguém não permanecer em mim, será
lançado fora à semelhança do ramo, e secará; e o apanham, lançam no fogo e o
queimam." (Jo 15.6.) Aqui Jesus está-nos dizendo quão séria será a punição - seremos
lançados fora - isto é, seremos separados dEle e de Seu reino celestial, porque vivemos
separados dEle aqui na terra.
É por isso que precisamos livrar-nos, a todo custo, da distração e do
alheamento. Senão isso nos trará as maiores tristezas na eternidade – tendo de viver
longe de Jesus como rejeitos. Portanto, a primeira cousa que devemos fazer e
arrepender-nos, porque perdemos o "primeiro amor" (Ap2.4), o amor que nos mantém
unidos a Jesus o dia todo, de todo o coração, com todos os nossos pensamentos, em
todas as nossas atividades.
Assim, se a nossa vida ainda está presa a algo que não seja o Senhor Jesus -
nosso ego, nossos desejos, pessoas ou cousas - precisamos arrepender-nos. É daí que
procedem os pensamentos divagantes, na hora da oração. É por isso que não podemos
manter conversação com outras pessoas. Outras idéias cativam pensamentos e fantasias
pelo dia inteiro. É necessário escaparmos das cousas, para sermos livres. Podemos
escapar das pessoas e dos grupos que não representam a vontade de Deus a nosso
respeito, ou parar de ler certos livros e revistas, ou não ler muitos deles, inclusive alguns
intitulados cristãos. Devemos parar de gastar muito tempo falando com outras
pessoas, se sentirmos que isso nos fascina e exerce domínio sobre nós. Significa
também abandonar certos tipos de trabalho e serviço que não nos são necessários, e que
fazemos apenas para dar-nos satisfação, e passamos a usar o tempo extra em oração. Se
Satanás quer impedi-lo de orar, insinuando que é impossível achar tempo, você já
conhece a resposta: Quando há a vontade, aparece o meio. Quanto mais nos afastamos
de outras cousas e consagramos tempo a sós com Deus, para falar e com Ele, mais
desaparecerá a distração e Jesus o tomará em Seu mundo.
Muitas vezes existe outra raiz para nosso alheamento e distração: o desejo de
evitar a cruz. Não queremos enfrentar a realidade com todos os seus problemas, a
realidade da treva do mundo, a realidade da santidade de Deus e do nosso pecado. Não
queremos sofrer as consequências disto: tomar a cruz sobre nos mesmos e lutar a
batalha da fe contra o pecado. Por isso fugimos para nosso mundo de aparência com
nossos pensamentos desligados e nossas ilusões. Mas, na realidade, não podemos
esquivar-nos às cousas difíceis. De fato estamos ainda mais à sua mercê, por estarmos
separados de Jesus. Devemos rogar ao Espírito Santo que nos ilumine a esse respeito e
nos conceda profundo espírito de arrependimento a fim de rompermos em definitivo
com tais sonhos.
É, então, uma questão de entrarmos numa batalha real, de modo que nossos
pensamentos e idéias estejam arraigados a Jesus e, assim. Atinjamos o estágio em que
nEle habitemos. Devemos lutar insistentemente até ao ponto de a nossa ligação com
Jesus não ser rompida por alheamento e distração. De outro modo nossos dias e trabalho
serão sem frutos; serão em vão. E, na outra vida, não gozaremos de Sua presença.
Achei uma cousa que me tem ajudado muito. Toda noite, no final de minhas
orações, e, de manha, antes de começar o trabalho, peco ao Espírito Santo que me
advirta sempre que eu começar a perder-me de novo em meus pensamentos. E Jesus
responde à minha oração. E me dá, também, medo e pavor de tudo que procura impedir
meu relacionamento e minha união com Ele, que é, a vida eterna e é quem pode encher
minha vida ativa de fruto imortal.
"Desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor" (Fp 2.12). "Combate o bom
combate da fé'' (1Tm 6.12). Precisamos invocar diariamente o nome vitorioso
proclamar Seu poder sobre a nossa incapacidade de nos concentrarmos, bem como
sobre nosso alheamento. Tão certamente como Jesus veio como Redentor, Ele nos
redimira para sermos Seus discípulos e habitarmos com Ele, e para enchermos nossa
vida e ação com vida e frutos divinos. O desejo de Jesus para nós é que permaneçamos
com Ele porque deseja o nosso amor. E um sinal de verdadeiro amor é desejarmos estar
intimamente unidos com alguém que amamos em tudo que fazemos, dizemos ou
pensamos. Se amamos a Jesus só temos um desejo: não O perdermos durante o dia, não
decairmos de Seu amor; e, por outro lado; provarmos nosso amor por Ele dando-Lhe
tudo, até mesmo o mundo da nossa mente que convém estar sob Seu domínio.

Guarda teu coração com toda a vigilância; porque dele procedem as fontes da
vida.
(Pv 4.23)

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