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APRENDIZAGEM

MOTORA E
PSICOMOTRICIDADE
Eduardo Okuhara Arruda

E-book 2
Neste E-Book:
INTRODUÇÃO����������������������������������������������������������� 3
ABORDAGEM PSICOBIOLÓGICA������������������������ 4
ABORDAGEM COMPORTAMENTAL�����������������19
ABORDAGEM PSICOTÔNICA����������������������������� 22
ABORDAGEM NEUROBIOLÓGICA�������������������26
ABORDAGEM DO DESENVOLVIMENTO
POSTURAL���������������������������������������������������������������29
ABORDAGEM DA PREENSÃO���������������������������30
ABORDAGEM BIOPSICOSSOCIAL�������������������� 32
ESCALA DE DESENVOLVIMENTO
PSICOMOTOR (DE ZERO A CINCO ANOS)����34
CONSIDERAÇÕES FINAIS����������������������������������� 37

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INTRODUÇÃO
Neste e-book vamos conhecer, dentro do campo da
Psicomotricidade, abordagens que constituem a
complexidade da motricidade humana, as aborda-
gens psicobiológica, comportamental, psicotônica,
neurobiológica, desenvolvimento postural, desen-
volvimento de preensão e biopsicossocial. Dessa
forma, apresenta-se a você uma extraordinária opor-
tunidade de conhecer uma área de conhecimento
que certamente vai fazer com que você se torne um
profissional absolutamente diferenciado, por quê?

Porque, enquanto um grande contingente de profis-


sionais ainda está limitado a um modelo de pensa-
mento preso à ideia de que o movimento do corpo
representa apenas um movimento físico, você saberá
que o corpo em movimento é uma fonte extraordiná-
ria de desenvolvimento social e cultural ao mesmo
tempo em que também representa um desenvolvi-
mento da motricidade, da afetividade e, sobretudo,
das funções cognitivas.

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ABORDAGEM
PSICOBIOLÓGICA
Inicialmente, a palavra “psico” remete-nos ao con-
junto de operações mentais, integrando sistemica-
mente sensações, percepções, imagens, emoções,
afetos, medos, simbolizações, ideias etc., bem como
os processos sociais que envolvem as interações
humanas, ao tempo em que a palavra biológica, na-
turalmente, nos indica algo relacionado aos seres
vivos, às questões genéticas e à vida.

Feitas as primeiras e costumeiras considerações


sobre o significado da palavra, o que nos parece
sempre um exercício importante para um estudo ser
melhor aproveitado, vamos passar ao entendimen-
to da abordagem propriamente dita, a abordagem
psicobiológica.

De início, cabe relembrarmos que o movimento hu-


mano deve ser compreendido como um movimento
complexo, uma vez que envolve, como temos dis-
cutido de forma recorrente, o sistema nervoso, es-
pecificamente os processos de corticalização (pro-
cesso que se opera na área do córtex cerebral), que
constituem a estruturação das atividades psíquicas
(FONSECA,2009).

Nessa direção, conforme nos indica Fonseca (2009),


pode-se entender que os estudos na área do movi-
mento humano, em especial na área da evolução
humana, apontam para a ideia de expressão humana,

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isto é, a relação de reciprocidade indissociável entre
o corpo e o meio. Por sua vez, vale reafirmarmos
que ao falarmos de expressão humana não é pos-
sível reduzir o entendimento dessa expressão aos
desígnios de uma anatomia do corpo sem considerar,
portanto, as relações existentes entre o corpo, que
diante do mundo natural, social e cultural prepara-se
para sua ação/transformação em relação a futuras
realizações, e o meio, ou seja, um mover-se no mun-
do sempre dotado de uma orientação impregnada
de significado.

Nessa ordem de análise, podemos compreender, por-


tanto, que o movimento e a sua finalidade compõem
uma unidade, seja para a motricidade fetal ou para
a motricidade idosa, o movimento sempre assume
uma finalidade relacional. Em síntese, é justamente
por meio do movimento que o corpo internaliza os
estímulos externos que, dentro de um processo evo-
lutivo, favorecem a sofisticação do córtex cerebral
(FONSECA, 2009).

Na esteira dessas análises, vale considerarmos que


a motricidade constitui um amplo espectro de pro-
longamentos mentais, pois está intimamente ligada
a infraestruturas biológicas e neurológicas, de ma-
neira que se fosse por essas conexões não haveria
como explicar os princípios de uma atividade mental
(WALLON, 2008).

É claro que não é possível separar os processos que


constituem o ato motor, separar o conjunto da obra,
porque o ato motor em si, isolado de um contexto,

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não possui um significado social, e esse significado
social é a emergência de uma evolução cognitiva.

Assim, a própria evolução mental (cognitiva) é, ao


mesmo tempo, uma evolução corporal (motora).
Trata-se de uma evolução integrativa sensório-mo-
tora que ocorre num determinado limite de tempo
(WALLON, 2008).

Para uma apresentação didática, selecionamos, com


base em Fonseca (2009), algumas figuras para ilus-
trar as etapas de desenvolvimento psicomotor dos
bebês até a idade de quatro anos.

Figura 1: Bebê de quatro meses deitado em postura simétrica. Fonte:


Pixabay

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Figura 2: Bebê de quatro meses em exploração visual agarrando ob-
jetos com as mãos. Fonte: Freeimages

Figura 3: Bebê de quatro meses apresentando controle tônico para


elevar a cabeça, opondo-se à ação da gravidade. Fonte: Freeimages

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Figura 4: Bebê de quatro meses se arrastando e sentado com suporte.
Fonte: Freeimages

Figura 5: Bebês de sete meses com as primeiras conexões sensório-


-motoras (viso-manual). Elevação da cabeça com melhor controle
tônico-postural e a boca opera como órgão tátil para conhecimento
corporal. Fonte: Freeimages

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Figura 6: Postura e movimentos com dez meses. Bebê engatinhando,
locomoção quadrúpede, os primeiros ensaios para a posição bípede.
Fonte: Freeimages

Figura 7: Posturas e movimentos com um ano. Motricidade fina, pro-


cesso neurológico próximo-distal (controle psicomotor do centro do
corpo para as mãos). Os esquemas de ação estão em pleno desen-
volvimento. Fonte: Freeimages

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Figura 8: Bebê com um ano, desempenhando a marcha semidepen-
dente, final da fase céfalo-caudal (controle psicomotor da cabeça aos
pés). Fonte: Freeimages

Figura 9: Criança com um ano realizando a marcha de forma inde-


pendente. Fonte: Freeimages

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Figura 10: Criança de aproximadamente três anos. Controla objetos,
é capaz de realizar simultaneamente um variado repertório de gestos
dos membros superiores e inferiores. Fonte: Freeimages

Figura 11: Crianças aos quatro anos com pleno domínio de suas fun-
ções motoras globais. Fonte: Freeimages

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Figura 12: Aos quatro anos. Pleno domínio das funções motoras finas.
Fonte: Freeimages

Figura 13: Quadro do desenvolvimento psicomotor do bebê até a


criança de quatro anos (Observe o quadro com uma perspectiva evo-
lutiva). Fonte: várias, conforme indicado anteriormente.

Nesse quadro, com diferentes imagens que seguem


uma sequencialização desenvolvimental, embora
saibamos que a idade não é necessariamente um
marcador exato das características psicomotoras

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tendo em vista que se relacionam com muitas vari-
áveis ambientais e estimulações que incidem sobre
a corporeidade infantil, procuramos apresentar o
desenvolvimento neurológico cefalocaudal, ou seja,
um desenvolvimento da cabeça em direção aos pés,
como a marcha e o desenvolvimento próximo-dis-
tal, isto é, do centro do corpo para as extremidades,
como as habilidades manipulativas.

Com efeito, o quadro ainda permite observarmos a


estruturação do tônus como aquisição fundamental
para o controle postural e elevação da cabeça e para
a conquista postural de sentar-se, tão importante
para a liberação das mãos e, assim, poder manipular
objetos, desenvolver aspectos viso-motores e táteis
e, ao mesmo tempo, os aspectos cognitivo-afetivos
que acompanham essas ações.

Na ordem dessas sequencializações, nota-se, a partir


da estruturação tônico-postural, elevação do corpo
contra a gravidade, inicialização de estabilizações
corporais e, em especial, as primeiras locomoções,
ainda em quadrupedia, em que o corpo do bebê, pas-
so a passo, está reunindo condições neurológicas e
corporais para importantes aquisições no seu de-
senvolvimento, a liberação das mãos para manipular
objetos, gesticular e, assim, desenvolver as primeiras
ações da praxia fina.

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FIQUE ATENTO
Outra aquisição importante é a postura bípede e,
consequentemente, a marcha, o que lhe confere
autonomia e especialização da sua praxia global.
Dessa forma, confere a possibilidade de explo-
rar os espaços e, especialmente, brincar, jogar e,
portanto, agir sobre o mundo. Outra importante
aquisição, que lhe confere as interações e ao mes-
mo tempo conquistas simbólicas, é a linguagem
(FONSECA, 2009).

De todo modo, esperamos que esses dados descri-


tivos tenham lhe ajudado a compreender o corpo e
o movimento, portanto, a Psicomotricidade como
campo de estudo para auxiliar as aulas de Educação
Física, apresentando conteúdos didaticamente pla-
nejados para consubstanciar o desenvolvimento
integral das crianças por meio da Cultura Corporal
do Movimento, como jogos e brincadeiras, espor-
tes, danças, ginásticas, capoeira, lutas e práticas de
aventura.

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Idade Aspectos tônico-posturais e motricidade
Exploração visual dos objetos agarrados pela mão;
controle tônico para elevação da cabeça; postura
4 meses de reptação (arrastar-se) e postura de sentar-se
com suporte.

Conexões viso-motoras; elevação da cabeça com


7 meses melhor controle tônico-postural; boca como órgão
tátil de consciência corporal.

Controle da postura de sentar; mãos livres para


10 meses manipular objetos; locomoção quadrúpede.

Motricidade fina se desenvolvendo; marcha com


1 ano apoio é semidependente; uso inteligível dos
objetos.

Funções motoras construtivas; corrida e coorde-


2 anos nação (fase do grafismo e reconhecimento de
palavras).

Controle postural perfeito; equilíbrio estático;


controle simultâneo dos gestos dos membros
3 a 4 anos superiores e inferiores; o jogo é uma constante
nessa fase; pleno domínio das praxias (movimen-
tos) globais e finas.

Tabela 1: Aspectos tônico-posturais e motricidade. Fonte: Adaptado


de Fonseca (2019)

A partir da tabela acima, nota-se que o próprio de-


senvolvimento da criança, que integra motricidade,
linguagem e formação simbólica (capacidade mental
para lidar com símbolos como palavras, números e
tantos outros códigos que operam representações
como logos e marcas, desenhos e personagens) está
interligado.

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REFLITA
A partir da tabela sobre os aspectos tônico-postu-
rais e motricidade, quais jogos podemos desenvol-
ver com as crianças pequenas de 4 a 5 anos? Ainda,
quais as habilidades que poderão ser trabalhas de
acordo com o enfoque da Psicomotricidade?

Nesse sentido, considerando-se os aspectos tônico-


-posturais apresentados no quadro, vale lançarmos mão
de uma análise prática na Educação Física Infantil, espe-
cificamente no que se refere ao conteúdo Brincadeiras
e Jogos, como jogos sem interação, especificamente
os jogos de precisão. Nessa categoria de jogos, as
crianças desenvolvem suas habilidades manipulativas
arremessando objetos com a finalidade de acertar alvos
e, portanto, além de acionarem as respostas motoras,
integram aspectos cognitivos como estratégias e noção
espaço-temporal, tendo em vista noções de distância
e orientação de trajetória dos objetos arremessados.

No mais, além dos jogos sem interação, é possível con-


siderarmos os jogos com interação, como os jogos de
perseguição (pega-pega) que, seguindo o referencial de
exemplo dos jogos sem interação, atuam não apenas
na dimensão das habilidades locomotoras, como a cor-
rida, mas integram ações estratégicas, noção espacial,
como distância, percepção de trajetória, lateralidade
(sentir as várias dimensões do corpo observando a
sua localização), direcionalidade (direita/esquerda, em
cima/embaixo, dentro/fora, frente/atrás) e, ainda, as-
pectos afetivos como autoconfiança, cooperação etc.

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Podcast 1

SAIBA MAIS
No livro Práticas pedagógicas em Educação Física:
espaço, tempo e corporeidade, de Gonzáles e
Schwengber, você poderá encontrar muitas infor-
mações sobre os jogos sem interação e sobre os
jogos com interação na Educação Física. O livro
foi publicado pela editora Edelbra, em 2012.

Agora vamos nos aprofundar nas questões inerentes


ao desenvolvimento psicobiológico, ponto central
desta nossa primeira etapa.

Nessa direção, fica claro que há uma importante re-


lação entre os aspectos motores com a inteligência,
a afetividade e com a percepção. Vale frisarmos que
Piaget (1896-1980) foi um dos principais autores que
formulou análises sobre a relação existente entre o
movimento e a inteligência. Para ele, a motricidade
interfere na inteligência mesmo antes da mediação
da linguagem. Deriva disso o entendimento de que
a inteligência verbal ou mental está fundamentada
numa inteligência primeiramente sensório-motora
(prática), isto é, a inteligência se apoia na prática
dos hábitos e na capacidade de fazer associações
internalizadas e possíveis recombinações dessas
associações (FONSECA, 2009).

Em síntese, é prudente dizermos que o movimento


constitui um sistema de coordenação de esquemas

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que permitem assimilar e organizar o real a partir de
estruturas espaço-temporais e causais, causa e efei-
to, a ação propriamente dita com os seus respectivos
efeitos (FONSECA, 2009). Em outras palavras, o mo-
vimento me permite entrar em contato com o mundo
e agir sobre ele, operar ações e transformações, ou
seja, operar mudanças físicas ou apropriar-me dele
para ampliar o meu conhecimento.

A rigor, ao tratarmos da inteligência, cabe-nos reiterar


que a mesma, segundo Piaget (1989), constitui-se
como um grande processo de adaptação. Portanto,
para falarmos de inteligência, é preciso falarmos de
uma capacidade adaptativa perante a vida como pro-
cesso contínuo e complexo e cabe-nos, como seres
adaptativos, buscar o equilíbrio nessa relação com o
meio. Dessa forma, vale frisarmos que não apenas
Piaget, mas também Vygotsky, defende que adapta-
ção prefigura uma incessante busca pelo equilíbrio
entre o indivíduo e o meio.

Como nos aponta Fonseca (2009) acerca das percep-


ções e dos movimentos, fica claro que ao entrarmos
em contato com o mundo (com o meio externo), não
entramos em contato apenas corporalmente, mas há,
associativamente, um contato mental com o mun-
do, portanto uma relação que é psico e biológica ao
mesmo tempo. Objetivamente, nossa relação com o
mundo é de movimento e pensamento, que se desdo-
bra na linguagem e, portanto, trata-se, desse modo,
de uma relação psicobiológica.

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ABORDAGEM
COMPORTAMENTAL
O movimento, um dos temas centrais da Educação
Física, é, sem dúvida, uma das mais autênticas ex-
pressões adaptativas do mundo exterior. É justa-
mente pelo movimento que o ser humano expressa
sua dimensão interior, ou seja, sua subjetividade.
Nesse sentido, a subjetividade, essa dimensão do eu,
é uma dimensão fundamental para falarmos de com-
portamento (FONSECA, 2009). Não é possível nos
referirmos a comportamento sem, necessariamente,
tratarmos de uma subjetividade que manifesta um
determinado modo se comportar.

Fonseca (2009) sinaliza que a conduta do ser hu-


mano é reconhecidamente o resultado da relação
existente entre situação e ação. Dessa forma, o ali-
nhamento que ocorre entre o indivíduo e o meio é
mediado pelo movimento como resultado de uma
dada projeção mental ou mapeamento da situação,
que lhe confere uma percepção do meio. O movimen-
to humano ocorre sempre na instância de um mo-
vimento que é situado, dentro de uma determinada
situação que confere uma relação significativa entre
a situação e a ação de uma dada subjetividade, isto
é, uma ação pessoal.

Nessa perspectiva, cabe ressaltarmos que o ser hu-


mano assimila o meio que o rodeia justamente por
conta de atribuir ao seu contexto um significado,

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uma interpretação psicológica. Com efeito, a partir
dessa percepção do meio e de uma multiplicidade de
estímulos que se depositam diante do sujeito, cabe-
-lhe a elaboração de um plano de ação em relação
a dada situação. A rigor, diante dessa emergência
situacional, nossa consciência da situação elabora
uma aferência, isto é, uma resposta motora (conduta)
em busca de uma emergência adaptativa, tendo em
vista que estamos sempre em processo de adapta-
ção em relação ao meio (PIAGET, 1989).

Assim, nesse contexto, o movimento humano, como


nos aponta Fonseca (2009), está orientado para um
objetivo: o movimento transfigura-se em comporta-
mento significante (com uma significação psicológi-
ca). O ser humano tem na sua vida uma relação de
unidade com o meio, dada a instância da percepção,
isto é, assimilar o meio e lhe atribuir uma signifi-
cação, o que nos permite, a partir das discussões
até aqui apresentadas, compreender que vivemos
numa constante relação com o mundo no e pelo
movimento.

Dada a instância de uma relação significativa e, por-


tanto, subjetivada com o mundo no e pelo movimento
intencionalizado, que nos dá a exata ideia de uma
ação de um eu consciente no mundo, vale estrutu-
rarmos um entendimento de que a base de nosso
comportamento é a interiorização humana, que é o
motivo justificado e determinante do comportamento
humano (FONSECA, 2009).

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É importante considerarmos, na esfera do comporta-
mento humano, que as motivações estão relaciona-
das com esse fazer humano, ou seja, as motivações
que integram aspectos históricos, sociais e cultu-
rais. Em suma, a situação, o contexto social, impli-
ca um movimento/comportamento como um fazer
consciente objetivado e, dessa maneira, expressão/
exteriorização de sua vontade em forma de gesto,
de uma experiência corporal. Outro ponto que vale
salientarmos é que o conhecimento humano bem
como o comportamento estão impregnados de afeti-
vidade, ou seja, o comportamento não é uma reação
destituída de uma instância afetiva (FONSECA, 2009).

Por todas essas razões, podemos deduzir, portanto,


que o movimento como comportamento não se cons-
titui apenas como uma reação fisiológica ou uma
contração muscular, mas um movimento orientado
para um fim, objetivado, uma autêntica expressão
de uma experiência pessoal.

Diante dessas análises pormenorizadas, foi possível


entendermos que o comportamento é, no final das
contas, uma forma de captar o meio, estabelecer uma
relação criativa e subjetiva (pessoal) em forma de
adaptação contínua com o meio, isto é, não se trata,
portanto, de falarmos do comportamento como uma
expressão muscular ou fisiológica, mas, sobretudo,
de uma permanente interação entre as funções mo-
toras e psíquicas geradoras e desencadeadoras do
comportamento humano.

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ABORDAGEM PSICOTÔNICA
Neste tópico, para que seja possível ampliarmos
nosso estudo sobre a abordagem psicotônica no
âmbito do desenvolvimento psicomotor, trataremos
do desenvolvimento da criança já nos seus primei-
ros anos de vida e, ainda, focaremos os aspectos
tônico-posturais, bem como a habilidade manual
da preensão na composição psíquica do desenvol-
vimento da criança.

Nesse sentido, dada a dimensão tônico-afetiva des-


sas análises, tomaremos como base os estudos de
Wallon para ampliarmos as discussões que serão aqui
abordadas. Perante essa questão, vale destacarmos
que as estruturas iniciais do comportamento humano
são de natureza motora, apenas a partir de um tempo
é que se integram ao aspecto mental. O movimento é
basicamente o recurso predominante disponível para
o bebê como fonte de progressão e organização de
sistema nervoso (WALLON, 2008; FONSECA, 2009).

Assim, diante dessa análise dos autores, podemos


inferir que o movimento em forma agitada e impre-
cisa, meramente orgânico, irá progressivamente se
ajustando a um controle mental que gradativamente
confere à criança um comportamento motor mais
elaborado em vista de um processo de corticalização
(maior controle do córtex cerebral) (FONSECA, 2009).

A rigor, podemos compreender, portanto, que com


o progresso das estruturas perceptivo-motoras está

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associado a uma maturidade mental. Desse modo,
cabe frisarmos que percepção visual e preensão es-
tabelecem estreitas relações com o amadurecimento
do sistema nervoso (WALLON, 2008). O movimento
é responsável pela estruturação do sistema nervo-
so como um processo decorrente da interação da
criança com o meio.

FIQUE ATENTO
Você sabia que não é aleatória a colocação de obje-
tos para os recém-nascidos? O objetivo é produzir es-
timulação visual e tátil (preensão manual). Espelhos,
bonecos, bolas e tantos outros objetos multicoloridos
são apresentados e disponível para o bebê como
fonte de estimulações sensoriais (FONSECA, 2009).

Figura 14: Imagem de um bebê com poucas semanas de idade olhan-


do e tocando nos objetos pendurados para fins de estimulação cog-
nitiva. Fonte: Freeimages

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Vale ressaltarmos que a gênese da vida mental de
um recém-nascido estrutura-se a partir de três aspec-
tos, a saber: a) Funções vegetativas de respiração,
nutrição e eliminação; b) Mundo dos objetos, movi-
mento, tempo e espaço e c) Mundo das pessoas, da
comunidade e da criança (FONSECA, 2009).

De todo modo, o movimento, no sentido adaptativo


como advogava Piaget, está relacionado à instância
da afetividade e ao aspecto tônico do corpo com a
finalidade de uma melhor organização psicomotora.
Em vista disso, podemos entender que a criança esta-
belece um contato com o meio pelo movimento, num
verdadeiro processo de relação tônica, integrando
a cultura dentro de si mesma, sendo que o primeiro
contato com o meio externo que o bebê tem é com
a mãe, numa relação autêntica de diálogo tônico-
-gestual (FONSECA, 2009).

Wallon (apud FONSECA, 2009), em relação às fun-


ções do músculo, apresenta duas funções: uma que
denomina de função ciônica – responsável pela
atividade cinética em relação ao mundo externo e
refere-se, portanto, à dinâmica da contração e des-
contração do músculo – e outra que denomina de
função tônica – responsável por manter o músculo
tensionado de forma a servir de suporte ou mesmo
apoio ao esforço. Dessa forma, cabe salientarmos
que o tônus, nessa perspectiva de favorecer que o
movimento ocorra, tem importante papel na tomada
de consciência do sujeito e, ainda, construção do
conhecimento do mundo externo e do outro.

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Vale ressaltarmos o papel das emoções nessa es-
truturação tônica, visto que em função de necessida-
des, interesses e motivações as emoções oferecem
dados que são importantes fontes de ativação da
imaginação e, dessa forma, disparam ações para
satisfazer objetivos. Na criança, no decorrer do seu
processo evolutivo de desenvolvimento, suas ações
e pensamentos são colorido repertório das emoções
(FONSECA, 2016).

Todavia, as relações emocionais e corpóreas estão


intimamente relacionadas, de modo que as respostas
instintivas, viscerais e homeostáticas, consideradas
de sobrevivência, são profundamente somáticas:
uma vez desencadeadas, disparam os estados de
alerta, de atenção, de processamento de informação
e de planificação, bem como de execução de respos-
tas do cérebro, já que ele funciona emocionalmente
antes de funcionar cognitivamente (FONSECA, 2016).

Por fim, vale ressaltarmos, como já apontado nas


análises anteriores, que é preciso considerar que
as flutuações de tônus estão estreitamente relacio-
nadas às questões afetivas, dessa maneira, entre o
tônus e o campo da afetividade há uma relação de
profunda interação.

Podcast 2

25
ABORDAGEM
NEUROBIOLÓGICA
Na perspectiva neurobiológica, vale frisarmos que
a criança se expressa nos primeiros anos de vida
por um estado dinâmico de hipertonia (aumento do
tônus), isto é, uma condição tônica que revela o com-
portamento da criança. Dessa forma, o estado tônico
configura, precisamente, o comportamento da crian-
ça, de modo que a hipertonia do apelo gera hipotonia
(diminuição do tônus) de aspectos como consolo,
alívio, repouso e satisfação (FONSECA, 2009).

É preciso considerarmos que, no decorrer da matu-


ração do sujeito, nota-se que a criança hipertônica
tende a ter maior mobilidade. Já a criança mais hi-
potônica tem uma tendência a ter uma menor mo-
bilidade. Nesse sistema de orientação tônica, cabe
destacarmos, portanto, que a criança hipotônica
tende mais para uma coordenação da preensão.
Por outro lado, uma criança hipertônica tende a ter
mais facilidade para a marcha e, naturalmente, para
conquistar os espaços (FONSECA, 2009).

De toda forma, a partir das reflexões apresentadas


pelos autores, crianças hipotônicas apresentam, em
termos de motricidade, movimentos mais soltos,
leves, melhor coordenados e um gasto menor de
energia. Do ponto de vista social, essas crianças
são mais bem aceitas pelas pessoas, dada a perso-
nalidade mais flexível. Na outra direção, as crianças

26
hipertônicas tendem a ser mais carentes, justamente
em função dos excessos de mobilidade (FONSECA,
2009).

Estudos de Stamback e Lézine (apud FONSECA,


2009) observaram interferência entre aspectos mo-
tores de personalidade. Identificaram que crianças
hipotônicas tendem a ser mais tímidas, mais afetivo-
-dependentes em relação às crianças hipertônicas,
que por sua vez tendem a ser mais irritadas e menos
dependentes dos pais. De todo modo, os pesquisa-
dores ainda verificaram que tais comportamentos,
evidentemente, têm relação com aspectos educa-
cionais. No entanto, constataram que os aspectos
do tônus e de personalidade apresentam relações,
bem como o contexto social e cultural em que as
crianças estão inseridas.

Nessa ordem das coisas, vale lembrarmos que Reich


apresentou estudos semelhantes identificando atitu-
des musculares com aspectos de caráter, de modo
que os músculos são centros ou sedes que absorvem
as tensões gerando o que o autor denomina de ar-
maduras musculares. Perante essa análise, conflitos
ou inquietudes implicam numa reação muscular de
defesa. Contudo, a partir das questões apresentadas,
podemos inferir que o tônus assume uma função de
conexão entre o psíquico e a motricidade. A função
tônica intervém na inter-relação do sistema muscular
voluntário, do sistema neurovegetativo e, ainda, do
sistema hormonal (FONSECA, 2009).

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Para Wallon (apud FONSECA, 2009), o tônus oferece
o suporte para a estruturação de nossas atitudes,
sendo responsável, portanto, pelas perturbações que
ocorrem na evolução humana. Assim, esse diálogo
corporal entre o indivíduo e o mundo, mediado pelo
tônus corporal, é a síntese que cruza a personali-
dade do sujeito com o mundo exterior e define as
regulações tônicas que se manifestam num padrão
de comportamento.

Por fim, a condição de adaptação motora humana


é, essencialmente, dependente de ajustamentos tô-
nicos. É esse ajustamento, essa calibração de or-
dem tônica, que permite ao ser humano se adaptar
ao meio. Portanto, é evidente que a integração dos
dados captados pela corporeidade, sejam dados
espaço-temporais, ou proprioceptivos (esquema
corporal), é organizada, sistematizada, processada
e programada pela estrutura tônica do corpo, tendo
em vista que o movimento humano se apoia no equi-
líbrio e na coordenação dinâmica (FONSECA, 2009).

Dessa forma, concluímos inferindo que o movimen-


to humano, corticalizado (pensado) é, no final das
contas, um movimento controlado, integrado e orga-
nizado, de modo que a consciência está integrada
à aferência (captação dos dados) para gerenciar e
regular escolhas e, assim, estabelecer as adaptações
globais inerentes ao meio e produzir, em forma de
comportamento integrativo, as eferências pela mo-
tricidade (respostas).

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ABORDAGEM DO
DESENVOLVIMENTO
POSTURAL
Neste tópico vamos tratar, objetivamente, de alguns
aspectos relacionados ao plano postural como pon-
to de partida para o progresso do desenvolvimento
psicomotor humano. Importante ressaltarmos que
o desenvolvimento da criança ocorre dentro de uma
lei denominada “lei cefalocaudal”, isto é, como já
abordado, o crescimento da cabeça em direção aos
pés. Dessa forma, é plausível considerarmos que o
desenvolvimento do controle cortical da atividade
neuromuscular evolui numa direção craniocaudal
ou cefalocaudal (FONSECA, 2009).

A organização neuromotora se dá dos segmentos


centrais para os periféricos, da cabeça para o quadril,
em orientação longitudinal e, ainda, próximo-distal, ou
seja, numa orientação que segue da raiz dos mem-
bros para as extremidades. No desenvolvimento
psicomotor, de forma geral, o princípio cefalocau-
dal domina todo o conjunto deste desenvolvimento,
pois se inicia pela manutenção da cabeça, seguindo
para a posição sentada, posição ereta até a marcha
(progressão cefalocaudal) (FONSECA, 2009).

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ABORDAGEM DA PREENSÃO
Tratamos do desenvolvimento cefalocaudal tendo a
marcha como emergência deste desenvolvimento.
Agora vamos passar da progressão cefalocaudal
para a progressão próximo-distal, dos pés para as
mãos, das habilidades locomotoras para as habili-
dades manipulativas.

As mãos representam o instrumento de conquista do


mundo exterior pela capacidade da preensão. Tanto
Piaget como Wallon, dois importantes psicogenéticos
dos estudos do desenvolvimento humano, estudaram
as relações das mãos com o desenvolvimento da inte-
ligência, as coordenações oculomotoras. Para Piaget,
a inteligência é a emergência das relações dos esque-
mas sensório-motores com o mundo externo. Dessa
maneira, a partir desses autores psicogenéticos, as
mãos ou, dito de outra forma, a utilização das mãos,
dada a rede de significações elaborada por elas, está
intimamente filiada ao pensamento, sobretudo pela
função gestual das mesmas (FONSECA, 2009).

Há, a partir dessa análise, uma relação direta en-


tre coordenação oculomotora e a formação da vida
mental da criança. Considerando os princípios já
mencionados, cefalocaudal e próximo-distal, é pos-
sível verificar que a coordenação da visão antecede
a coordenação dos membros superiores, portanto, a
rigor, a mão apenas se desenvolve, na instância mo-
tora, após a relação total do braço e da dissociação
do antebraço e do pulso.

30
Nessa linha de desenvolvimento, a visão segue a
mão e, em seguida, irá exercer o controle sobre ela.
A partir do momento em que a visão descobre a mão
e a mão descobre o objeto e permite a preensão, a
visão e a mão se integram e assumem uma síntese
psicomotora (FONSECA, 2009).

Evolutivamente, como aponta Fonseca (2009), a pre-


ensão apresenta uma organização complexa, pois
passa pela preensão palmar, em seguida para uma
preensão radiopalmar (polegar assume sua função)
e, por fim, a preensão em pinça (polegar assume a
função opositora em relação aos outros dedos).

Contudo, está claro que a preensão se constitui como


uma importante aquisição especializada, tão impor-
tante quanto a marcha para a evolução da inteligên-
cia humana. A maturação próximo-distal alcança,
assim, sua fase final, partindo do braço, a diferencia-
ção segmentar segue ombro-braço, braço-antebraço,
antebraço-mão e, assim, a mão e os dedos se espe-
cializam numa forma de preensão cada vez mais fina
e com maior precisão (FONSECA, 2009).

Essas questões nos remetem a algumas brincadeiras


que marcaram nossa infância como o jogo de boli-
nhas de gude, pião, pipa, bater figurinhas (jogo do
bafo), pedra, papel e tesoura e tantas outras brinca-
deiras com as mãos que, agora, a partir deste estudo,
passamos a entender o quanto foram fundamentais
para estruturar habilidades motoras e desenvolver
nossa inteligência.

31
ABORDAGEM
BIOPSICOSSOCIAL
As primeiras manifestações de ordem motora das
crianças são aneurais (não efetivamente elaboradas
pelo sistema nervoso), de modo que gradativamente
o sistema nervoso vai intervindo nas atividades moto-
ras por meio de alguns ajustamentos tônicos. Wallon
denomina essa primeira fase de estado impulsivo
(FONSECA, 2009). Assim, podemos notar na criança
uma agitação global provocada por necessidades
ou desconfortos. É justamente por meio dessa agi-
tação que ela vai estabelecendo uma comunicação
social e, gradativamente, organizando-se em termos
neurológicos.

A expressividade da criança está, nesse período, inti-


mamente ligada à esfera afetiva. A instância emotiva
da criança é notadamente o elemento estruturante da
consciência dela que aos poucos vai se organizando
em termos de construção de significados. Nessa
perspectiva, Wallon aponta que o comportamento
humano está diretamente ligado aos contextos so-
cial e cultural, o que confere à criança uma relação
afetiva com o mundo externo. Apresenta-se então
um segundo período que denominamos de estado
tônico-emocional (FONSECA, 2009).

A rigor, mediante essa progressão dinâmica, já com


um domínio afetivo apreendido pela própria subjeti-
vidade da criança, tem-se a emergência do terceiro

32
período, que é o sensório-motor. Esse período, é im-
portante destacarmos, é marcado pela ligação entre
o movimento e as emergências sensoriais contidas
no equipamento corporal (sentidos sensoriais) e,
dessa forma, pela organização e elaboração com
mais precisão das percepções que são captadas
pelo mundo exterior (FONSECA, 2009).

Por fim, a partir dessa relação sensorial com o mun-


do, a evolução mental é uma emergência dessa re-
lação que ocorre dentro de um contexto específico,
culturalmente situado. Desse modo, a partir das
questões apresentadas, podemos compreender o
movimento como um elemento estruturante da inte-
ligência humana que se funda numa relação social,
cultural e histórica.

33
ESCALA DE DESENVOLVIMENTO
PSICOMOTOR (DE ZERO A CINCO
ANOS)
Embora tenhamos apresentado uma tabela com o
desenvolvimento de algumas etapas psicomotoras
na abordagem psicobiológica, entendemos que seja
importante complementar o conhecimento obser-
vando e estudando essa escala de desenvolvimento
elaborada por Fonseca:
Período Processo perceptivo- Processo Processo
de visual motor Psicomotor
Desenvol-
vimento

Nasci- O olhar procura sons e


mento estímulos visuais es-
tranhos; reação global
e desorganização dos
movimentos; refle-
xos e distaxia focal
(descontrole).

1 mês Perseguição horizon- Levanta a ca- Segura objetos


tal, vertical e circular beça e o tronco por longo perío-
no olhar; olha para as em decúbito do de tempo.
mãos. facial.

2 meses Convergência Maturação das Primeiras


binocular. vértebras cervi- relações entre
cais e dorsais. a visão e as
mãos.

3 meses Observa os movimen- Pode realizar Mão orientada


tos dos dedos das a rotação do para os objetos;
mãos; acomodação tronco para um abordagem de
visual. dos lados; abre atração por ob-
as mãos fre- jetos; contata
quentemente; os objetos por
senta-se com meio de preen-
suporte; roda são de forma
de decúbito mais precisa e
dorsal para de- eficiente.
cúbito facial.

34
6 meses Alerta em 12 horas Preferência Pode segurar
do dia; persegue manual come- dois objetos si-
visualmente pontos ou ça a emergir multaneamen-
objetos no espaço em (lateralidade); te; passa um
diferentes velocida- senta-se com objeto de uma
des; discriminação de ajuda. mão para outra;
formas simples. opõe o polegar
na preensão
dos objetos.

1 ano Preferência Anda com


manual na suporte.
apreensão
dos objetos;
reptação
(arrastar-se) e
quadrupedia.

1 ano e Sobe escadas Realiza peque-


meio engatinhando; nas imitações
anda autono- nos gestos;
mamente; rea- faz imitações
ção antigravíti- espontâneas;
ca; preferência faz pequenos
manual menos jogos simples;
diferenciada. apanha a bola.

2 anos A discriminação de Corre Imita movimen-


formas desenvolve-se. tos verticais e
horizontais.

3 anos Melhor percepção Equilibra-se Controla-se


visual de espaço; pri- em um pé por em equilíbrio
meiros grafismos. pequeno perí- com os olhos
odo de tempo; fechados;
equilibra-se nas dissociação dos
pontas dos pés. movimentos de
braços e pernas.

4 anos Coordenação oculo- Coordena a Coordenação


motora; preensão de marcha e a simples; constrói
objetos utilitários. corrida; salta formas; praxias.

5 anos Grafismos simbólicos; Pé coxinho Lateralidade;


desenho do corpo e da (saltar com um direcionalida-
casa; cópia de figuras pé) e salta com de; noção do
geométricas. os pés juntos; corpo; manipula,
sobe escadas recebe e atira
em corrida. objetos com
intencionalidade.

Tabela 2: Escala de Desenvolvimento Psicomotor. Fonte: adaptado


de Fonseca (1977)

35
A partir do quadro referente à escala de desenvol-
vimento psicomotor, podemos notar uma relação
entre as discussões das abordagens e os padrões
motores e psicomotores que vão, ao longo do desen-
volvimento da criança (de zero a 5 anos), refinando-se
a partir de uma melhor estruturação e organização
neurológica, enquanto emergência da relação do
corpo com o mundo exterior num contexto social e
cultural.

SAIBA MAIS
Neste vídeo você irá identificar as fases do desen-
volvimento psicomotor, bem como compreender
que o desenvolvimento da criança depende de um
complexo processo biopsicológico dentro de um
contexto social e cultural: https://www.youtube.
com/watch?v=rauASVoPsNA.

36
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste estudo, especificamente sobre as abordagens
psicobiológica, comportamental, psicotônica, neuro-
biológica, postural, da preensão e biopsicossoal, foi
possível compreender a gênese da inteligência da
criança, sendo o movimento a fonte dessa estrutura-
ção, elaboração e organização do desenvolvimento
cognitivo e social.

Também foi possível identificarmos alguns princípios


importantes na esfera dessas discussões: o papel
das emoções e as funções tônicas, bem como o de-
senvolvimento cefalocaudal e próximo-distal e, ainda,
a partir da escala de desenvolvimento psicomotor,
ampliar e aprofundar o entendimento dessas análi-
ses relacionadas ao desenvolvimento psicomotor
da criança.

Desse modo, perante as questões organizadas nes-


te material, esperamos, com efeito, que você tenha
condições de aplicar todos esses conhecimentos nas
suas aulas de Educação Física, mas também na sua
vida social, com as crianças que fazem parte do seu
convívio social e familiar e, especialmente, que esteja
a cada etapa progredindo mais e consubstanciando
a sua compreensão sobre o papel do movimento na
evolução desta espécie que hoje está no topo da
aventura planetária: o ser humano.

37
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