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MOTORA E
PSICOMOTRICIDADE
Eduardo Okuhara Arruda
E-book 2
Neste E-Book:
INTRODUÇÃO����������������������������������������������������������� 3
ABORDAGEM PSICOBIOLÓGICA������������������������ 4
ABORDAGEM COMPORTAMENTAL�����������������19
ABORDAGEM PSICOTÔNICA����������������������������� 22
ABORDAGEM NEUROBIOLÓGICA�������������������26
ABORDAGEM DO DESENVOLVIMENTO
POSTURAL���������������������������������������������������������������29
ABORDAGEM DA PREENSÃO���������������������������30
ABORDAGEM BIOPSICOSSOCIAL�������������������� 32
ESCALA DE DESENVOLVIMENTO
PSICOMOTOR (DE ZERO A CINCO ANOS)����34
CONSIDERAÇÕES FINAIS����������������������������������� 37
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INTRODUÇÃO
Neste e-book vamos conhecer, dentro do campo da
Psicomotricidade, abordagens que constituem a
complexidade da motricidade humana, as aborda-
gens psicobiológica, comportamental, psicotônica,
neurobiológica, desenvolvimento postural, desen-
volvimento de preensão e biopsicossocial. Dessa
forma, apresenta-se a você uma extraordinária opor-
tunidade de conhecer uma área de conhecimento
que certamente vai fazer com que você se torne um
profissional absolutamente diferenciado, por quê?
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ABORDAGEM
PSICOBIOLÓGICA
Inicialmente, a palavra “psico” remete-nos ao con-
junto de operações mentais, integrando sistemica-
mente sensações, percepções, imagens, emoções,
afetos, medos, simbolizações, ideias etc., bem como
os processos sociais que envolvem as interações
humanas, ao tempo em que a palavra biológica, na-
turalmente, nos indica algo relacionado aos seres
vivos, às questões genéticas e à vida.
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isto é, a relação de reciprocidade indissociável entre
o corpo e o meio. Por sua vez, vale reafirmarmos
que ao falarmos de expressão humana não é pos-
sível reduzir o entendimento dessa expressão aos
desígnios de uma anatomia do corpo sem considerar,
portanto, as relações existentes entre o corpo, que
diante do mundo natural, social e cultural prepara-se
para sua ação/transformação em relação a futuras
realizações, e o meio, ou seja, um mover-se no mun-
do sempre dotado de uma orientação impregnada
de significado.
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não possui um significado social, e esse significado
social é a emergência de uma evolução cognitiva.
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Figura 2: Bebê de quatro meses em exploração visual agarrando ob-
jetos com as mãos. Fonte: Freeimages
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Figura 4: Bebê de quatro meses se arrastando e sentado com suporte.
Fonte: Freeimages
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Figura 6: Postura e movimentos com dez meses. Bebê engatinhando,
locomoção quadrúpede, os primeiros ensaios para a posição bípede.
Fonte: Freeimages
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Figura 8: Bebê com um ano, desempenhando a marcha semidepen-
dente, final da fase céfalo-caudal (controle psicomotor da cabeça aos
pés). Fonte: Freeimages
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Figura 10: Criança de aproximadamente três anos. Controla objetos,
é capaz de realizar simultaneamente um variado repertório de gestos
dos membros superiores e inferiores. Fonte: Freeimages
Figura 11: Crianças aos quatro anos com pleno domínio de suas fun-
ções motoras globais. Fonte: Freeimages
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Figura 12: Aos quatro anos. Pleno domínio das funções motoras finas.
Fonte: Freeimages
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tendo em vista que se relacionam com muitas vari-
áveis ambientais e estimulações que incidem sobre
a corporeidade infantil, procuramos apresentar o
desenvolvimento neurológico cefalocaudal, ou seja,
um desenvolvimento da cabeça em direção aos pés,
como a marcha e o desenvolvimento próximo-dis-
tal, isto é, do centro do corpo para as extremidades,
como as habilidades manipulativas.
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FIQUE ATENTO
Outra aquisição importante é a postura bípede e,
consequentemente, a marcha, o que lhe confere
autonomia e especialização da sua praxia global.
Dessa forma, confere a possibilidade de explo-
rar os espaços e, especialmente, brincar, jogar e,
portanto, agir sobre o mundo. Outra importante
aquisição, que lhe confere as interações e ao mes-
mo tempo conquistas simbólicas, é a linguagem
(FONSECA, 2009).
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Idade Aspectos tônico-posturais e motricidade
Exploração visual dos objetos agarrados pela mão;
controle tônico para elevação da cabeça; postura
4 meses de reptação (arrastar-se) e postura de sentar-se
com suporte.
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REFLITA
A partir da tabela sobre os aspectos tônico-postu-
rais e motricidade, quais jogos podemos desenvol-
ver com as crianças pequenas de 4 a 5 anos? Ainda,
quais as habilidades que poderão ser trabalhas de
acordo com o enfoque da Psicomotricidade?
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Podcast 1
SAIBA MAIS
No livro Práticas pedagógicas em Educação Física:
espaço, tempo e corporeidade, de Gonzáles e
Schwengber, você poderá encontrar muitas infor-
mações sobre os jogos sem interação e sobre os
jogos com interação na Educação Física. O livro
foi publicado pela editora Edelbra, em 2012.
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que permitem assimilar e organizar o real a partir de
estruturas espaço-temporais e causais, causa e efei-
to, a ação propriamente dita com os seus respectivos
efeitos (FONSECA, 2009). Em outras palavras, o mo-
vimento me permite entrar em contato com o mundo
e agir sobre ele, operar ações e transformações, ou
seja, operar mudanças físicas ou apropriar-me dele
para ampliar o meu conhecimento.
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ABORDAGEM
COMPORTAMENTAL
O movimento, um dos temas centrais da Educação
Física, é, sem dúvida, uma das mais autênticas ex-
pressões adaptativas do mundo exterior. É justa-
mente pelo movimento que o ser humano expressa
sua dimensão interior, ou seja, sua subjetividade.
Nesse sentido, a subjetividade, essa dimensão do eu,
é uma dimensão fundamental para falarmos de com-
portamento (FONSECA, 2009). Não é possível nos
referirmos a comportamento sem, necessariamente,
tratarmos de uma subjetividade que manifesta um
determinado modo se comportar.
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uma interpretação psicológica. Com efeito, a partir
dessa percepção do meio e de uma multiplicidade de
estímulos que se depositam diante do sujeito, cabe-
-lhe a elaboração de um plano de ação em relação
a dada situação. A rigor, diante dessa emergência
situacional, nossa consciência da situação elabora
uma aferência, isto é, uma resposta motora (conduta)
em busca de uma emergência adaptativa, tendo em
vista que estamos sempre em processo de adapta-
ção em relação ao meio (PIAGET, 1989).
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É importante considerarmos, na esfera do comporta-
mento humano, que as motivações estão relaciona-
das com esse fazer humano, ou seja, as motivações
que integram aspectos históricos, sociais e cultu-
rais. Em suma, a situação, o contexto social, impli-
ca um movimento/comportamento como um fazer
consciente objetivado e, dessa maneira, expressão/
exteriorização de sua vontade em forma de gesto,
de uma experiência corporal. Outro ponto que vale
salientarmos é que o conhecimento humano bem
como o comportamento estão impregnados de afeti-
vidade, ou seja, o comportamento não é uma reação
destituída de uma instância afetiva (FONSECA, 2009).
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ABORDAGEM PSICOTÔNICA
Neste tópico, para que seja possível ampliarmos
nosso estudo sobre a abordagem psicotônica no
âmbito do desenvolvimento psicomotor, trataremos
do desenvolvimento da criança já nos seus primei-
ros anos de vida e, ainda, focaremos os aspectos
tônico-posturais, bem como a habilidade manual
da preensão na composição psíquica do desenvol-
vimento da criança.
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associado a uma maturidade mental. Desse modo,
cabe frisarmos que percepção visual e preensão es-
tabelecem estreitas relações com o amadurecimento
do sistema nervoso (WALLON, 2008). O movimento
é responsável pela estruturação do sistema nervo-
so como um processo decorrente da interação da
criança com o meio.
FIQUE ATENTO
Você sabia que não é aleatória a colocação de obje-
tos para os recém-nascidos? O objetivo é produzir es-
timulação visual e tátil (preensão manual). Espelhos,
bonecos, bolas e tantos outros objetos multicoloridos
são apresentados e disponível para o bebê como
fonte de estimulações sensoriais (FONSECA, 2009).
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Vale ressaltarmos que a gênese da vida mental de
um recém-nascido estrutura-se a partir de três aspec-
tos, a saber: a) Funções vegetativas de respiração,
nutrição e eliminação; b) Mundo dos objetos, movi-
mento, tempo e espaço e c) Mundo das pessoas, da
comunidade e da criança (FONSECA, 2009).
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Vale ressaltarmos o papel das emoções nessa es-
truturação tônica, visto que em função de necessida-
des, interesses e motivações as emoções oferecem
dados que são importantes fontes de ativação da
imaginação e, dessa forma, disparam ações para
satisfazer objetivos. Na criança, no decorrer do seu
processo evolutivo de desenvolvimento, suas ações
e pensamentos são colorido repertório das emoções
(FONSECA, 2016).
Podcast 2
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ABORDAGEM
NEUROBIOLÓGICA
Na perspectiva neurobiológica, vale frisarmos que
a criança se expressa nos primeiros anos de vida
por um estado dinâmico de hipertonia (aumento do
tônus), isto é, uma condição tônica que revela o com-
portamento da criança. Dessa forma, o estado tônico
configura, precisamente, o comportamento da crian-
ça, de modo que a hipertonia do apelo gera hipotonia
(diminuição do tônus) de aspectos como consolo,
alívio, repouso e satisfação (FONSECA, 2009).
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hipertônicas tendem a ser mais carentes, justamente
em função dos excessos de mobilidade (FONSECA,
2009).
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Para Wallon (apud FONSECA, 2009), o tônus oferece
o suporte para a estruturação de nossas atitudes,
sendo responsável, portanto, pelas perturbações que
ocorrem na evolução humana. Assim, esse diálogo
corporal entre o indivíduo e o mundo, mediado pelo
tônus corporal, é a síntese que cruza a personali-
dade do sujeito com o mundo exterior e define as
regulações tônicas que se manifestam num padrão
de comportamento.
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ABORDAGEM DO
DESENVOLVIMENTO
POSTURAL
Neste tópico vamos tratar, objetivamente, de alguns
aspectos relacionados ao plano postural como pon-
to de partida para o progresso do desenvolvimento
psicomotor humano. Importante ressaltarmos que
o desenvolvimento da criança ocorre dentro de uma
lei denominada “lei cefalocaudal”, isto é, como já
abordado, o crescimento da cabeça em direção aos
pés. Dessa forma, é plausível considerarmos que o
desenvolvimento do controle cortical da atividade
neuromuscular evolui numa direção craniocaudal
ou cefalocaudal (FONSECA, 2009).
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ABORDAGEM DA PREENSÃO
Tratamos do desenvolvimento cefalocaudal tendo a
marcha como emergência deste desenvolvimento.
Agora vamos passar da progressão cefalocaudal
para a progressão próximo-distal, dos pés para as
mãos, das habilidades locomotoras para as habili-
dades manipulativas.
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Nessa linha de desenvolvimento, a visão segue a
mão e, em seguida, irá exercer o controle sobre ela.
A partir do momento em que a visão descobre a mão
e a mão descobre o objeto e permite a preensão, a
visão e a mão se integram e assumem uma síntese
psicomotora (FONSECA, 2009).
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ABORDAGEM
BIOPSICOSSOCIAL
As primeiras manifestações de ordem motora das
crianças são aneurais (não efetivamente elaboradas
pelo sistema nervoso), de modo que gradativamente
o sistema nervoso vai intervindo nas atividades moto-
ras por meio de alguns ajustamentos tônicos. Wallon
denomina essa primeira fase de estado impulsivo
(FONSECA, 2009). Assim, podemos notar na criança
uma agitação global provocada por necessidades
ou desconfortos. É justamente por meio dessa agi-
tação que ela vai estabelecendo uma comunicação
social e, gradativamente, organizando-se em termos
neurológicos.
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período, que é o sensório-motor. Esse período, é im-
portante destacarmos, é marcado pela ligação entre
o movimento e as emergências sensoriais contidas
no equipamento corporal (sentidos sensoriais) e,
dessa forma, pela organização e elaboração com
mais precisão das percepções que são captadas
pelo mundo exterior (FONSECA, 2009).
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ESCALA DE DESENVOLVIMENTO
PSICOMOTOR (DE ZERO A CINCO
ANOS)
Embora tenhamos apresentado uma tabela com o
desenvolvimento de algumas etapas psicomotoras
na abordagem psicobiológica, entendemos que seja
importante complementar o conhecimento obser-
vando e estudando essa escala de desenvolvimento
elaborada por Fonseca:
Período Processo perceptivo- Processo Processo
de visual motor Psicomotor
Desenvol-
vimento
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6 meses Alerta em 12 horas Preferência Pode segurar
do dia; persegue manual come- dois objetos si-
visualmente pontos ou ça a emergir multaneamen-
objetos no espaço em (lateralidade); te; passa um
diferentes velocida- senta-se com objeto de uma
des; discriminação de ajuda. mão para outra;
formas simples. opõe o polegar
na preensão
dos objetos.
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A partir do quadro referente à escala de desenvol-
vimento psicomotor, podemos notar uma relação
entre as discussões das abordagens e os padrões
motores e psicomotores que vão, ao longo do desen-
volvimento da criança (de zero a 5 anos), refinando-se
a partir de uma melhor estruturação e organização
neurológica, enquanto emergência da relação do
corpo com o mundo exterior num contexto social e
cultural.
SAIBA MAIS
Neste vídeo você irá identificar as fases do desen-
volvimento psicomotor, bem como compreender
que o desenvolvimento da criança depende de um
complexo processo biopsicológico dentro de um
contexto social e cultural: https://www.youtube.
com/watch?v=rauASVoPsNA.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste estudo, especificamente sobre as abordagens
psicobiológica, comportamental, psicotônica, neuro-
biológica, postural, da preensão e biopsicossoal, foi
possível compreender a gênese da inteligência da
criança, sendo o movimento a fonte dessa estrutura-
ção, elaboração e organização do desenvolvimento
cognitivo e social.
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Referências Bibliográficas
& Consultadas
CAMARA, S. A. S. Psicomotricidade e trabalho
corporal. São Paulo: Pearson Education do Brasil,
2016. [Biblioteca Virtual].