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OSTENSIVO CAAML-600

CAPÍTULO 1

NOÇÕES PRELIMINARES

1.1 - MÉTODOS DE PLOTAGEM 1.2 - MOVIMENTO RELATIVO


Quando um navio navega escoteiro, é de sua exclusiva O movimento de um móvel tomado em referência a outro móvel
responsabilidade conhecer seu movimento em relação à chama-se MOVIMENTO RELATIVO. Antes de prosseguirmos
superfície da Terra. Quando navega próximo de outros navios, no estudo do segundo método, é essencial fixarmos, com
como em formaturas ou em águas restritas, torna-se importante exatidão, o significado da expressão “movimento relativo”.
conhecer o seu movimento em relação a esses navios. O Quando um navio se desloca no oceano, seu movimento,
movimento relativo pode ser determinado pelos seguintes considerando-se seu rumo e velocidade efetivos, em relação à
métodos gráficos: Terra, é denominado movimento geográfico. A designação do
a) método da plotagem geográfica; e movimento relativo cabe a qualquer outro movimento tomado
b) método do movimento relativo em relação a outro objeto que também se desloque sobre a face
No primeiro método, as posições iniciais do nosso navio e dos da Terra. Se nós nos encontrarmos a bordo de um navio
demais navios vizinhos são plotadas em uma carta de fundeado, o movimento de outro navio mais próximo nos
navegação, em uma carta de plotar ou em uma folha de papel de aparecerá como se estivéssemos em terra, isto é, estaremos
dimensões adequadas. Seus deslocamentos na superfície da observando um movimento geográfico. Mas, se o nosso navio
Terra vão sendo traçados à medida que o tempo passa, de sorte a passar também a se movimentar, o movimento do outro navio
apresentar, a todo instante, a disposição dos navios uns em nos parecerá diferente, porque então estaremos observando um
relação aos outros, como os veria alguém que observasse de movimento relativo.
cima, de uma posição fixa no espaço. Esse método apresenta o Quando mantendo seus postos, navegando em formatura, os
inconveniente de não oferecer uma boa imagem de como variam navios que a constituem parecerão estar parados uns em relação
as posições, em relação a um observador situado a bordo de um aos outros, sem movimento relativo, porque todos estarão
dos navios do grupo e exige, para solução de determinados dotados do mesmo movimento geográfico. Caso um dos navios
problemas, o emprego do complexo método das tentativas. do grupo sofra avaria na máquina e seja forçado a reduzir sua
Tais inconvenientes são afastados quando é empregado o velocidade, alterando seu movimento geográfico, ele ficará para
método do movimento relativo, o qual fornece indicações trás da formação, dando origem a um movimento relativo.
referentes não só ao movimento geográfico do nosso e dos Podemos, então, estabelecer a seguinte regra:
demais navios, como também indicações do movimento dos SÓ EXISTE MOVIMENTO RELATIVO QUANDO OS
demais navios em relação ao nosso. MOVIMENTOS GEOGRÁFICOS DOS DOIS MÓVEIS SÃO
DIFERENTES.

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É fácil constatar que o movimento relativo apresenta aspectos


diferentes na plotagem de um para o outro navio. No exemplo
acima imaginado, se nós nos encontrarmos no navio que sofreu
a avaria na máquina, poderemos dizer, corretamente, que a
formatura passou a se deslocar para diante, ao passo que um
observador instalado a bordo de qualquer outro navio da
formatura dirá que o navio avariado é que passou a cair à ré.
Cada um dos observadores estará certo, porque cada um estará
indicando um movimento em relação ao respectivo navio.
Podemos, então, estabelecer nova regra:
SE A e B ESTÃO DOTADOS DE MOVIMENTOS
GEOGRÁFICOS DIFERENTES, O MOVIMENTO
RELATIVO DE A COM RESPEITO A B TEM A MESMA
VELOCIDADE, MAS SENTIDO OPOSTO AO DO
MOVIMENTO RELATIVO DE B COM RESPEITO A A.

1.3 - O MOVIMENTO RELATIVO E A PLOTAGEM Fig. 1-1 - PLOTAGEM GEOGRÁFICA E MOVIMENTO


GEOGRÁFICA RELATIVO
Os princípios até aqui considerados devem ser perfeitamente
entendidos antes de entrarmos no estudo de problemas As apresentações das telas de apresentações polar - PLAN
concretos. Ilustremos, por meio de um exemplo, a relação entre POSITION INDICATOR - (PPI) dos radares de ambos os
o movimento relativo e o movimento geográfico. navios serão as que aparecem na figura 1.2. Em cada instante, a
Na Fig. 1-1, podemos observar que o navio A está navegando no apresentação da PPI de A é exatamente oposta à da PPI de B. As
rumo 000º com uma velocidade de 15 nós, enquanto o navio B posições sucessivas de B na PPI de A formam uma linha reta.
está navegando no rumo 026,5º, com velocidade de 22 nós. Pode-se constatar que, embora B esteja navegando de fato no
Quando A está em A1, B está em B1; quando A está em A2, B rumo 026,5º, seu rumo relativo com respeito a A é na direção
está em B2, e assim por diante. A linha cheia representa a 062º. Analogamente, a direção do movimento relativo de A com
plotagem geográfica das derrotas dos dois navios. A marcação e respeito a B é 242º, recíproca daquela, embora A navegue de
a distância correspondentes a cada instante podem ser fato no rumo 000º.
determinadas por medida direta. A apresentação da PPI permite-nos visualizar o movimento
Observe que, em cada posição figurada, a marcação de B por A relativo devido às posições obtidas pelo radar serem relativas ao
é exatamente a recíproca da marcação de A por B. nosso navio.

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Só se vê movimento geográfico na tela de uma PPI quando o velocidade do navio-referência, quando, então, permanecerá na
navio que a transporta estiver parado, a menos que operando mesma marcação e distância. Qualquer outro navio que não seja
com – DEAD RECKONING ANALYSER - (DRA). o navio-referência é denominado navio manobrador e assinalado
com a letra M. Sua posição, no início de uma manobra, é
assinalada com o símbolo M1, e as posições seguintes,
sucessivamente com os símbolos M2, M3 etc. A figura 1.3 ilustra
a situação da figura 1.1, considerando A como navio referência
e B como navio manobrador.

Fig 1-2 - MOVIMENTO RELATIVO NA PPI

1.4 - DIAGRAMA DAS POSIÇÕES RELATIVAS


Nas figuras 1.1 e 1.2, o navio em que o operador se encontra
aparece normalmente no centro dessa PPI. Por conveniência,
então, estabeleceu-se a seguinte regra para o diagrama das
posições relativas:
O NAVIO EM RELAÇÃO AO QUAL SE QUER MOSTRAR
O MOVIMENTO RELATIVO PERMANECE FIXO NO
DIAGRAMA.
Esse navio, denominado navio-referência, é colocado no centro
da folha de plotar e assinalado coma letra R ( fig. 1.3)
O que deduzimos dessa regra é que qualquer outro navio, que
não o navio referência, deslocar-se-á, no diagrama das posições
relativas, em relação ao centro da folha de plotar, exceto no caso
especial de se achar-se navegando no mesmo rumo e na mesma Fig 1.3

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O segmento de reta M1M2, chamado linha de movimento Ao desenhar o diagrama das posições relativas, não será
relativo, define: necessário indicar as diversas posições do navio manobrador
a) Direção do movimento relativo do navio manobrador com ao longo da linha do movimento relativo, a menos que a
respeito ao navio-referência. Essa direção pode ser resolução do problema exija a fixação dessas posições.
determinada diretamente, da mesma forma como são obtidos Tampouco será também necessário indicar para onde aponta
os rumos numa carta de navegação; a proa do navio manobrador ao longo da linha do
b) Distância do movimento relativo, também determinada movimento relativo. Assim, basta (e é isso o que se faz na
diretamente medindo-se o comprimento da distância prática) traçar a linha do movimento relativo e indicar com
percorrida pelo navio manobrador na PPI. uma seta a direção do movimento, como mostra a figura 1.4.
É IMPORTANTE OBSERVAR QUE A LINHA DO
MOVIMENTO RELATIVO NÃO DÁ INDICAÇÃO
ALGUMA QUANTO AO RUMO E VELOCIDADE
GEOGRÁFICOS DO NAVIO MANOBRADOR, VISTO
QUE A PROA DESTE APONTA NA DIREÇÃO DA
DERROTA EM RELAÇÃO À SUPERFÍCIE DA TERRA,
E NÃO DA DIREÇÃO DO MOVIMENTO RELATIVO.
A fig. 1.3 mostra que o navio manobrador movimenta-se ao
longo da linha do seu movimento relativo. Apenas no caso
da direção do movimento relativo coincidir com a direção do
movimento geográfico, a linha do movimento relativo
indicará a proa do navio manobrador.
O diagrama das posições relativas fornece ainda as seguintes
informações:
a) Marcação geográfica do navio manobrador pelo navio
referência e vice-versa, a qualquer instante. Tal marcação é
determinada tomando-se a direção em que M se acha em
relação a R, ou R em relação a M, no instante desejado. Para
isso, é necessário apenas que seja possível determinar a
posição de M sobre a linha do movimento relativo, naquele
instante.
b) Distância geográfica entre M e R (ou R e M). Essa distância
é determinada medindo-se o segmento que liga R à posição
de M no instante desejado. Fig 1.4

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1.5 - DIAGRAMA DAS VELOCIDADES b) Vetor tm


O diagrama das velocidades, também chamado diagrama - seu sentido indica o rumo do navio que manobra (M)
vetorial, aparece ilustrado na figura 1.5. É empregado para - seu comprimento (módulo) indica a velocidade geográfica de
determinar rumos e velocidades e se compõe de três vetores: M.
c) Vetor rm
- seu sentido indica a direção em que progridem as posições
relativas do navio manobrador, em relação ao navio referência.
- seu comprimento (módulo) indica a velocidade relativa entre o
navio de referência e o manobrador.

NOTA: Para facilidade de resolução do traçado gráfico, a seta


do vetor rm pode ser colocada no meio em lugar de na ponta do
vetor (Fig. 1.6)

A letra colocada na origem do vetor indica o elemento em


relação ao qual se considera a velocidade a que se refere o vetor:
- t quando em relação à Terra
- r quando em relação ao navio referência.

1.6 - O DIAGRAMA DAS POSIÇÕES RELATIVAS E O


DIAGRAMA DAS VELOCIDADES
Na Fig. 1.6, a direção do movimento relativo é indicada pela
linha de movimento relativo (M1M2), no diagrama das posições
relativas, e pelo vetor rm, no diagrama das velocidades. Temos,
desta forma, o elo de ligação dos dois diagramas. Esses
elementos dos dois diagramas possuem mesmo sentido e são
paralelos entre si.

Fig 1.5
a) Vetor tr
- seu sentido indica o rumo do navio referência (R)
- seu comprimento (módulo) indica a velocidade geográfica de
R

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1.7 - UTILIZAÇÃO DA ROSA DE MANOBRA


A Base Hidrográfica da Marinha em Niterói (BHMN) distribui
uma folha de plotar (DHN-0618), que facilita a resolução dos
problemas de movimento relativo. Essa folha recebeu o nome de
ROSA DE MANOBRA. A figura 1.7 é uma reprodução
reduzida do impresso da BHMN. Na rosa de manobra
distinguem-se três partes distintas:
a) rosa de manobra propriamente dita - parte central da folha,
encerrada em um quadrado e constituída de uma série de
retas divergentes, superpostas a uma série de círculos
concêntricos;
b) escalas gráficas - situadas à direita da folha, em número de
cinco.
c) ábaco ou escalas logarítmicas - situadas à esquerda da folha.
− A rosa de manobra propriamente dita é apresentada como
uma carta de coordenadas polares cujo polo é o centro da
carta. As retas que divergem do centro da rosa de manobra
denominam-se linhas de marcação ou linhas de rumo. A
Fig. 1.6 linha “0” (zero) corresponde à direção do Norte
A função de cada diagrama deve estar presente com clareza na Verdadeiro (000º). Observe que a graduação externa ao
memória: A DO DIAGRAMA DAS POSIÇÕES RELATIVAS círculo cheio, numerada de 10º em 10º, aumenta no
É INDICAR MARCAÇÕES E DISTÂNCIAS; A DO sentido do movimento dos ponteiros do relógio, até
DIAGRAMA DAS VELOCIDADES É INDICAR RUMOS E completar 360º ao retornar à marcação 000º. Se tivermos
VELOCIDADES. informação, por exemplo, de que nosso navio marcou um
Embora sejam duas unidades gráficas distintas, há conveniência alvo aos 130º verdadeiros, plotá-lo-emos na rosa de
em traçar ambos esses diagramas numa mesma folha de papel, manobra em algum ponto da linha de marcação 130.
tendo um centro comum, como mostra a figura 1.6. Não há, − A graduação interna do círculo cheio é recíproca da
porém, obrigatoriedade de que os dois diagramas sejam graduação externa; isto é, difere desta 180º. Os círculos
desenhados na mesma escala. concêntricos denominam-se círculos de distância ou
círculos de velocidade e são numerados de 1 a 10, a partir
do centro (que é o ponto de distância ou velocidade
ZERO).

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A posição de qualquer ponto na rosa será fornecida pela outros elementos do mesmo diagrama. Isso, porém, não
interseção de uma linha de marcação com um círculo de implica na obrigatoriedade do uso da mesma escala para
distância. os diagramas de velocidade e distância.
Um alvo marcado aos 230º, na distância de 8 milhas, por Ao escolher uma escala para as distâncias e outra para as
exemplo, poderia ser localizado, na rosa, na interseção da velocidades, deve-se preferir, em cada diagrama, a maior
linha 130º com o círculo 8. (Fig. 1.7) escala que permita representar, dentro da rosa, todas as
Suponhamos agora que, no exemplo acima, a distância distâncias e todas as velocidades que o problema envolve,
fosse 36 milhas, em lugar de 8. Como os círculos da rosa pois quanto maior a escala, maior a precisão obtida. É
são graduados só até 10, torna-se obrigatório o uso de um possível que a mesma escala sirva para ambos os
artifício para permitir a plotagem. Tal recurso é a diagramas, mas não é forçoso que tal aconteça.
utilização de ESCALAS. No caso em pauta, se dividirmos As escalas logarítmicas, vistas à esquerda do modelo
a distância por 4, poderemos situar o ponto no círculo 9 DHN-0618, constituem um ábaco destinado a resolver,
(36 : 4 = 9) e diremos que a escala é de 4 para 1 (4:1). graficamente, os problemas que envolvem a fórmula
Caso estivéssemos trabalhando com a distância em jardas e = v x t (espaço = velocidade x tempo). A linha da
(1 milha marítima = 2000 jardas), analogamente, uma esquerda é a linha dos tempos, a do meio é a linha das
distância de 5000 jardas corresponde ao círculo de 5 na distâncias e a da direita é a linha das velocidades. Na linha
escala 1:1 e uma distância de 35000 jardas seria dos tempos, os intervalos são expressos em minutos. Na
correspondente ao círculo 7 na escala de 5:1. linha da distância as medidas são expressas em jardas
Da mesma forma, usaremos escalas para traçar, na rosa, os (graduação à esquerda da linha) ou em milhas marítimas
vetores correspondentes às velocidades acima de 10 nós. (graduação à direita da linha). Na linha das velocidades,
A figura 1.7 dá exemplo de pontos e vetores plotadas em os valores são expressos em nós (graduação à esquerda da
diferentes escalas. linha) ou em quilômetros por hora (graduação à direita da
AS ESCALAS GRÁFICAS, em número de cinco, situadas linha). As palavras “relativa” e “real”, impressas nas
à direita no modelo DHN-0618, destinam-se a facilitar o linhas de velocidade e de distância, servem somente para
trabalho na rosa, dispensando a necessidade de cálculos. lembrar que o ábaco resolve tanto problemas de
Para sua utilização, basta que os valores desejados sejam movimento relativo como de movimento real (geográfico).
tomados na escala conveniente e transportados para a rosa Se usarmos distância relativa, a velocidade também será
com auxílio de um compasso. Reciprocamente, valores relativa. Se a distância for real, a velocidade também será
tomados na rosa com o compasso poderão ser lidos, de real.
pronto, quando transportados para a escala gráfica
adequada.
Uma vez escolhida a escala para um dos elementos de um
diagrama, é obrigatório que se use a mesma escala para os

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As três retas graduadas do ábaco são constituídas e dispostas de − só plote na rosa marcações verdadeiras. Se o enunciado
tal maneira que, marcando-se os pontos correspondentes a dois fornecer marcações relativas ou marcações magnéticas,
valores conhecidos da fórmula e = v x t e ligando tais pontos por transforme-as primeiramente em marcações verdadeiras
uma reta, o valor correto da terceira quantidade aparecerá no e só depois disso plote-as na rosa.
ponto em que a reta cruzar a terceira graduação. Suponhamos, − assinale, por meio de letras, todos os pontos dos dois
por exemplo, (ver figura 1.7) que um navio percorre, sobre a diagramas e ponha setas em todos os vetores do
linha do movimento relativo (M1M2), 1800 jardas em 6 minutos. diagrama das velocidades. Faça isso no instante em que
Qual a velocidade do seu movimento relativo? Plotamos na esses vetores forem traçados.
linha dos tempos um ponto na marca de 6 minutos e na linha das − lembre-se de que o vetor velocidade relativa tem sempre
distâncias um outro ponto na marca de 1800 jardas. Ligamos sua origem em r e sua cabeça em m (a origem ou
esses dois pontos por uma reta cujo prolongamento passe pela referência é sempre o navio plotado em R).
linha das velocidades. No ponto de interseção, lê-se 9 nós, que é − os vetores representativos de velocidade reais originam-
a resposta procurada. Como, neste caso, a distância é relativa, a se sempre no centro da rosa (t).
velocidade encontrada também é relativa. − a linha do movimento relativo só pode ser associada ao
vetor velocidade relativa, e nunca a um vetor velocidade
1.8 - RECOMENDAÇÕES PRÁTICAS real. Portanto, só se pode obter velocidade relativa e o
Leia cuidadosamente o problema e certifique-se de que tempo. Para obter velocidade real, devemos conhecer
compreendeu perfeitamente, que dados são fornecidos e que distância real e tempo.
dados são pedidos. Confira os valores numéricos fornecidos. − lembre-se de que a rosa de manobra move-se juntamente
− tenha cuidado para não tomar uma direção (marcação ou com o navio de referência e que, por isso, ele é
rumo) pela sua recíproca. É comum confundir a graduação representado sempre no centro da rosa (R).
interna da rosa com a externa. − resolva o problema etapa por etapa. Problemas que
− certifique-se de que todas as distâncias sejam representadas parecem complicados inicialmente subdividem-se em
numa só escala e todas as velocidades também numa só etapas fáceis e simples, cada uma das quais muitas vezes
escala. Marque com as letras V e D as escalas que estiver sugerindo a etapa subsequente.
usando. − lembre-se de que a solução de todos os problemas
− tenha especial cuidado ao localizar os valores dos dados nas baseiam-se em uns poucos princípios básicos e simples.
diferentes graduações do ábaco. É comum que a escala de Certifique-se de haver compreendido esses princípios
velocidade seja trocada com a de tempo e vice-versa. básicos, assim como a significação de cada linha e de
− meça com cuidado os valores dos dados. Lembre-se de cada ponto dos diagramas.
que é possível que a abertura do compasso varie − com prática, podem ser eliminadas do desenho as linhas
acidentalmente durante o transporte. e lados dos diagramas; bastarão pontas de seta para as

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extremidades dos vetores e pontos para M1 e M2, sejamos nós que, na realidade, estejamos executando
devendo todas essas indicações serem devidamente uma manobra. Com a prática e existindo conveniência,
assinaladas por meio das respectivas letras. Isso dará poderemos considerar outro navio como navio de
economia de tempo, permitindo obter, mais rapidamente, referência, conforme os exemplos 25 a 45.
as soluções desejadas.
− lembre-se de que o vetor rm será sempre no mesmo 1.9 - MARCAÇÃO RELATIVA (Mr)
sentido de M1M2. Não espere que a plotagem das A marcação relativa (Mr) de um alvo é o ângulo compreendido
posições sucessivas de outro navio, feita pelo seu navio, entre a nossa proa, ou seja, o rumo (R) e a linha de visada do
dê uma reta ou uma curva suave. Pequenas imprecisões nosso navio ao alvo, contado no sentido horário, de 0 a 360º. A
em marcação e em distância, (principalmente em marcação relativa e a verdadeira (M) relacionam-se pela
marcação) dão como resultado uma linha irregular. Além fórmula:
disso, o outro navio não pode estar governado em um
rumo constante. A direção de uma linha nessas Mr = M – R
condições será estimada a olho, colocando-se uma régua
ao longo da melhor posição mediana entre os pontos
plotados. Pelo menos três posições devem ser usadas
para determinar uma linha dessas.
A rapidez de plotagem pode ser aumentada ainda mais se
padronizarmos as escalas utilizadas. A redução da
precisão, que daí decorre em certos casos, será
contrabalanceada pelo ganho em rapidez e pela
diminuição de oportunidades de cometer grandes
enganos.
− procure, sempre que possível, considerar o nosso navio
como navio referência. É óbvio que, procedendo desta
forma, estaremos apresentando, na plotagem de
superfície, a mesma figura que será vista na tela da
repetidora do nosso navio. Assim sendo, o
acompanhamento do movimento relativo de qualquer
alvo detectado pelo nosso radar será grandemente
facilitado pela apresentação na plotagem e na repetidora.
É claro, também, que todos os alvos serão os navios
manobradores com relação ao nosso, mesmo que

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1.11 - ÂNGULO DO ALVO (Â)


Ângulo do alvo é a marcação relativa que o alvo faz do nosso
navio, contada de 0 a 360º, a partir da sua proa e no sentido
horário. É determinado pela fórmula:

 = Mrp - Ra, onde

 = ângulo do alvo
Mrp = Marcação recíproca, ou seja, marcação do alvo ±180º,
1.10 - MARCAÇÃO POLAR (Mp) que vem a corresponder à marcação verdadeira que o alvo faz
Marcação polar de um alvo é o ângulo compreendido entre a do nosso navio.
nossa proa (rumo) e a linha de visada que nos une ao alvo, Ra = Rumo do Alvo
contato de 0 a 180º, para ambos os bordos, a partir da nossa
proa.

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normalmente efetuadas por meio de marcações tomadas de três


em três minutos.

1.13 - NAVIO FICTÍCIO


Para facilitar a resolução de certos problemas, lança-se mão de
uma unidade fictícia, que chamaremos de navio fictício, e que
possui as seguintes características:
1) O navio fictício deixa a posição inicial ao mesmo tempo
que a unidade que manobra e se dirige diretamente para a
posição final, sendo o seu rumo e a velocidade regulados de
tal forma a chegar à posição final ao mesmo tempo que a
unidade que manobra e que, durante este intervalo, passou
1.12 - REGRA DOS TRÊS MINUTOS por um ponto intermediário.
Esta regra, de aplicação prática, estabelece que: 2) Ele mantém uma marcação constante com a unidade que
− o valor da distância, em jardas, navegada por um navio no manobra durante toda a operação.
espaço de tempo de três (3) minutos, é igual ao valor da 3) Vetor fictício divide a linha que une a cabeça dos dois
velocidade do navio, em nós, multiplicado por 100. vetores que indicam os rumos e as velocidades assumidos
Matematicamente, a regra dos três minutos é expressa pela pela unidade que manobra durante as duas pernadas em
fórmula. segmentos inversamente proporcionais aos tempos gastos,
nos dois rumos, pela unidade que manobra.
D (jardas) = V (nós) x 100 4) O navio fictício só pode ser empregado na resolução dos
problemas em que são conhecidos tanto a hora do seu início
Exemplo: como do término da manobra.
Um navio percorre a distância de 1500 jardas em três minutos. Estas características peculiares do navio fictício serão
Qual a sua velocidade? empregadas na resolução dos problemas de dois rumos, nos
quais se acham incluídos alguns problemas de
D = V x 100 esclarecimento, em que figuram navios de superfície ou
1500 = V x 100 aeronaves.
V = 1500 : 100 = 15 nós Em relação aos problemas de dois rumos, em que se exige a
velocidade mínima, pode-se dizer que quanto mais cedo
Para melhor permitir a utilização da REGRA DOS TRÊS partir a unidade que manobra da sua posição inicial, tanto
MINUTOS, as plotagens dos alvos de superfície são menor será a velocidade necessária. Por outro lado, quando

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se emprega a velocidade mínima, ela deve ser a mesma nas a marcação entre F e M não deve mudar durante todo o
duas pernadas. problema, devido a propriedade da semelhança de
Para que os conceitos acima expostos possam ser melhor triângulos.
visualizados e compreendidos, observe-se a figura 1.12, No fim de duas horas, M afastou-se de F da distância F1- P
onde um navio fictício (F) e uma unidade manobradora e, se dividirmos esta distância por 2 horas e marcarmos o
(M) foram plotados em seus movimentos geográficos valor da velocidade relativa resultante sobre o segmento
(linhas tracejadas), superpondo-se propositalmente o que une os vetores tm1- tm2, acharemos que ela coincide
diagrama de velocidades (linhas cheias). com o valor da velocidade relativa m1f.
A unidade que manobra parte de A e segue, durante 2 horas, Desde que M deve encontrar-se novamente com F no fim
no rumo 050º com a velocidade de 12 nós para o ponto P e, do problema ou em uma hora, a velocidade relativa de
depois, durante uma 1 hora, toma o rumo 320º aproximação entre M e F deve ser o valor do segmento
desenvolvendo 18 nós e chega ao ponto B. P - F1, dividindo por uma hora.
O navio fictício deixa A e dirige-se diretamente para o Marcando o valor desta velocidade relativa a partir da
ponto B, seguindo o rumo 013º (obtido unindo-se o centro cabeça do vetor tm2 sobre o segmento que o une tm1,
da rosa ao ponto B) com a velocidade de 10 nós (obtido acharemos que ela coincide com o valor da velocidade
dividindo o valor do segmento AB pelo tempo total da relativa fm2. Vê-se, assim, que a linha que une os dois
manobra), tendo assim deixado A e chegado a B vetores que indicam o rumo e velocidade de M incluí o
simultaneamente com a unidade que manobra. No diagrama extremo do vetor que indica o rumo e velocidade de F e que
vetorial, tm1 representa o primeiro rumo e velocidade. as velocidades relativas m1f e m2f são diretamente
Como M se dirige de A para P em duas horas, F irá de A a proporcionais às velocidades relativas de partida e de
F1, de modo que, no fim de duas horas, a marcação de F, aproximação como demonstrado abaixo.
tomada de M, será P-F1, (a marcação obtida neste momento
será a que M fará de F durante toda a derrota). Quando M
guinar em P para aproar B, F continuará no seu trajeto
F1 - B, continuando inalterada a marcação entre M e F,
encontrando-se as duas unidades em B. Se transportarmos
esta marcação P - F1 para a cabeça do vetor tm1 (que
representa o rumo e velocidade da unidade na primeira
pernada), no diagrama vetorial, ver-se-á que ela vai passar
pela cabeça do vetor tm2 (que representa o rumo e
velocidade da unidade na segunda pernada) assim como As duas unidades separam-se quando M seguir o rumo tm1
pela cabeça do vetor tf (que representa o rumo e velocidade e se aproximam quando M passar para o rumo tm2. A razão
do navio fictício). Isto, naturalmente, deve ser assim porque do m1m2 ser dividido por f em segmentos que são

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inversamente proporcionais aos tempos que M gasta no


primeiro e no segundo rumo é demonstrada abaixo:

fm1 e fm2 são os vetores relativos, porque o movimento


relativo entre as duas unidades é representado por eles.
O segmento a m1m2 é uma linha de tempo, assim
denominada por causa da divisão acima descrita,
determinada por f.

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1.14 - NOTAÇÃO DE HORA 1.16 - NOTAÇÃO DE MARCAÇÃO E DISTÂNCIA


As horas são indicadas por quatro algarismos: Ex: 0325 - três As marcações são indicadas por três algarismos:
horas e vinte e cinco minutos. Quando necessária maior precisão Exemplo: M = 120º.
na indicação, poderão ser utilizados os expoentes 0, 1, 2 e 3, As distâncias podem ser dadas em milhas ou jardas:
indicando as aproximações conforme abaixo demonstrado: Exemplo: d = 2’ ou d = 4.000 jd.
É válida a indicação conjunta de marcação e distância.
Exemplo: O guia marcado aos 275º / 6000 jd.

NOTAS:
Nesta publicação foi facultada a indicação de fuso horário.
É facultada a grafia do zero cortado ( ), normalmente utilizada
para diferenciação da letra O.

Exemplo:
Quinze horas, trinta minutos e trinta e três segundos: 15 302.
Para intervalos de tempo, não deverá ser empregada esta forma,
mas sim a grafia normal, corrente ou abreviada.
Exemplo: As manobras tiveram a duração de 1 hora e quinze
minutos, ou 1h 15min.
Os intervalos de tempo poderão ainda ser indicados em horas e
décimos de hora, ou minutos e décimos de minuto.

1.15 - NOTAÇÃO DE RUMO E VELOCIDADE


Os rumos são sempre indicados por três algarismos: Exemplo:
075º. As velocidades são dadas em milhas náuticas por hora, ou
seja, em nós: Exemplo: V = 12 nós.
É valida a indicação conjunta de rumo e velocidade. Exemplo:
O rumo para o novo posto é 135º / 18 nós.

OSTENSIVO - 1-16 - ORIGINAL

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