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CAPÍTULO 1
NOÇÕES PRELIMINARES
Só se vê movimento geográfico na tela de uma PPI quando o velocidade do navio-referência, quando, então, permanecerá na
navio que a transporta estiver parado, a menos que operando mesma marcação e distância. Qualquer outro navio que não seja
com – DEAD RECKONING ANALYSER - (DRA). o navio-referência é denominado navio manobrador e assinalado
com a letra M. Sua posição, no início de uma manobra, é
assinalada com o símbolo M1, e as posições seguintes,
sucessivamente com os símbolos M2, M3 etc. A figura 1.3 ilustra
a situação da figura 1.1, considerando A como navio referência
e B como navio manobrador.
O segmento de reta M1M2, chamado linha de movimento Ao desenhar o diagrama das posições relativas, não será
relativo, define: necessário indicar as diversas posições do navio manobrador
a) Direção do movimento relativo do navio manobrador com ao longo da linha do movimento relativo, a menos que a
respeito ao navio-referência. Essa direção pode ser resolução do problema exija a fixação dessas posições.
determinada diretamente, da mesma forma como são obtidos Tampouco será também necessário indicar para onde aponta
os rumos numa carta de navegação; a proa do navio manobrador ao longo da linha do
b) Distância do movimento relativo, também determinada movimento relativo. Assim, basta (e é isso o que se faz na
diretamente medindo-se o comprimento da distância prática) traçar a linha do movimento relativo e indicar com
percorrida pelo navio manobrador na PPI. uma seta a direção do movimento, como mostra a figura 1.4.
É IMPORTANTE OBSERVAR QUE A LINHA DO
MOVIMENTO RELATIVO NÃO DÁ INDICAÇÃO
ALGUMA QUANTO AO RUMO E VELOCIDADE
GEOGRÁFICOS DO NAVIO MANOBRADOR, VISTO
QUE A PROA DESTE APONTA NA DIREÇÃO DA
DERROTA EM RELAÇÃO À SUPERFÍCIE DA TERRA,
E NÃO DA DIREÇÃO DO MOVIMENTO RELATIVO.
A fig. 1.3 mostra que o navio manobrador movimenta-se ao
longo da linha do seu movimento relativo. Apenas no caso
da direção do movimento relativo coincidir com a direção do
movimento geográfico, a linha do movimento relativo
indicará a proa do navio manobrador.
O diagrama das posições relativas fornece ainda as seguintes
informações:
a) Marcação geográfica do navio manobrador pelo navio
referência e vice-versa, a qualquer instante. Tal marcação é
determinada tomando-se a direção em que M se acha em
relação a R, ou R em relação a M, no instante desejado. Para
isso, é necessário apenas que seja possível determinar a
posição de M sobre a linha do movimento relativo, naquele
instante.
b) Distância geográfica entre M e R (ou R e M). Essa distância
é determinada medindo-se o segmento que liga R à posição
de M no instante desejado. Fig 1.4
Fig 1.5
a) Vetor tr
- seu sentido indica o rumo do navio referência (R)
- seu comprimento (módulo) indica a velocidade geográfica de
R
A posição de qualquer ponto na rosa será fornecida pela outros elementos do mesmo diagrama. Isso, porém, não
interseção de uma linha de marcação com um círculo de implica na obrigatoriedade do uso da mesma escala para
distância. os diagramas de velocidade e distância.
Um alvo marcado aos 230º, na distância de 8 milhas, por Ao escolher uma escala para as distâncias e outra para as
exemplo, poderia ser localizado, na rosa, na interseção da velocidades, deve-se preferir, em cada diagrama, a maior
linha 130º com o círculo 8. (Fig. 1.7) escala que permita representar, dentro da rosa, todas as
Suponhamos agora que, no exemplo acima, a distância distâncias e todas as velocidades que o problema envolve,
fosse 36 milhas, em lugar de 8. Como os círculos da rosa pois quanto maior a escala, maior a precisão obtida. É
são graduados só até 10, torna-se obrigatório o uso de um possível que a mesma escala sirva para ambos os
artifício para permitir a plotagem. Tal recurso é a diagramas, mas não é forçoso que tal aconteça.
utilização de ESCALAS. No caso em pauta, se dividirmos As escalas logarítmicas, vistas à esquerda do modelo
a distância por 4, poderemos situar o ponto no círculo 9 DHN-0618, constituem um ábaco destinado a resolver,
(36 : 4 = 9) e diremos que a escala é de 4 para 1 (4:1). graficamente, os problemas que envolvem a fórmula
Caso estivéssemos trabalhando com a distância em jardas e = v x t (espaço = velocidade x tempo). A linha da
(1 milha marítima = 2000 jardas), analogamente, uma esquerda é a linha dos tempos, a do meio é a linha das
distância de 5000 jardas corresponde ao círculo de 5 na distâncias e a da direita é a linha das velocidades. Na linha
escala 1:1 e uma distância de 35000 jardas seria dos tempos, os intervalos são expressos em minutos. Na
correspondente ao círculo 7 na escala de 5:1. linha da distância as medidas são expressas em jardas
Da mesma forma, usaremos escalas para traçar, na rosa, os (graduação à esquerda da linha) ou em milhas marítimas
vetores correspondentes às velocidades acima de 10 nós. (graduação à direita da linha). Na linha das velocidades,
A figura 1.7 dá exemplo de pontos e vetores plotadas em os valores são expressos em nós (graduação à esquerda da
diferentes escalas. linha) ou em quilômetros por hora (graduação à direita da
AS ESCALAS GRÁFICAS, em número de cinco, situadas linha). As palavras “relativa” e “real”, impressas nas
à direita no modelo DHN-0618, destinam-se a facilitar o linhas de velocidade e de distância, servem somente para
trabalho na rosa, dispensando a necessidade de cálculos. lembrar que o ábaco resolve tanto problemas de
Para sua utilização, basta que os valores desejados sejam movimento relativo como de movimento real (geográfico).
tomados na escala conveniente e transportados para a rosa Se usarmos distância relativa, a velocidade também será
com auxílio de um compasso. Reciprocamente, valores relativa. Se a distância for real, a velocidade também será
tomados na rosa com o compasso poderão ser lidos, de real.
pronto, quando transportados para a escala gráfica
adequada.
Uma vez escolhida a escala para um dos elementos de um
diagrama, é obrigatório que se use a mesma escala para os
As três retas graduadas do ábaco são constituídas e dispostas de − só plote na rosa marcações verdadeiras. Se o enunciado
tal maneira que, marcando-se os pontos correspondentes a dois fornecer marcações relativas ou marcações magnéticas,
valores conhecidos da fórmula e = v x t e ligando tais pontos por transforme-as primeiramente em marcações verdadeiras
uma reta, o valor correto da terceira quantidade aparecerá no e só depois disso plote-as na rosa.
ponto em que a reta cruzar a terceira graduação. Suponhamos, − assinale, por meio de letras, todos os pontos dos dois
por exemplo, (ver figura 1.7) que um navio percorre, sobre a diagramas e ponha setas em todos os vetores do
linha do movimento relativo (M1M2), 1800 jardas em 6 minutos. diagrama das velocidades. Faça isso no instante em que
Qual a velocidade do seu movimento relativo? Plotamos na esses vetores forem traçados.
linha dos tempos um ponto na marca de 6 minutos e na linha das − lembre-se de que o vetor velocidade relativa tem sempre
distâncias um outro ponto na marca de 1800 jardas. Ligamos sua origem em r e sua cabeça em m (a origem ou
esses dois pontos por uma reta cujo prolongamento passe pela referência é sempre o navio plotado em R).
linha das velocidades. No ponto de interseção, lê-se 9 nós, que é − os vetores representativos de velocidade reais originam-
a resposta procurada. Como, neste caso, a distância é relativa, a se sempre no centro da rosa (t).
velocidade encontrada também é relativa. − a linha do movimento relativo só pode ser associada ao
vetor velocidade relativa, e nunca a um vetor velocidade
1.8 - RECOMENDAÇÕES PRÁTICAS real. Portanto, só se pode obter velocidade relativa e o
Leia cuidadosamente o problema e certifique-se de que tempo. Para obter velocidade real, devemos conhecer
compreendeu perfeitamente, que dados são fornecidos e que distância real e tempo.
dados são pedidos. Confira os valores numéricos fornecidos. − lembre-se de que a rosa de manobra move-se juntamente
− tenha cuidado para não tomar uma direção (marcação ou com o navio de referência e que, por isso, ele é
rumo) pela sua recíproca. É comum confundir a graduação representado sempre no centro da rosa (R).
interna da rosa com a externa. − resolva o problema etapa por etapa. Problemas que
− certifique-se de que todas as distâncias sejam representadas parecem complicados inicialmente subdividem-se em
numa só escala e todas as velocidades também numa só etapas fáceis e simples, cada uma das quais muitas vezes
escala. Marque com as letras V e D as escalas que estiver sugerindo a etapa subsequente.
usando. − lembre-se de que a solução de todos os problemas
− tenha especial cuidado ao localizar os valores dos dados nas baseiam-se em uns poucos princípios básicos e simples.
diferentes graduações do ábaco. É comum que a escala de Certifique-se de haver compreendido esses princípios
velocidade seja trocada com a de tempo e vice-versa. básicos, assim como a significação de cada linha e de
− meça com cuidado os valores dos dados. Lembre-se de cada ponto dos diagramas.
que é possível que a abertura do compasso varie − com prática, podem ser eliminadas do desenho as linhas
acidentalmente durante o transporte. e lados dos diagramas; bastarão pontas de seta para as
extremidades dos vetores e pontos para M1 e M2, sejamos nós que, na realidade, estejamos executando
devendo todas essas indicações serem devidamente uma manobra. Com a prática e existindo conveniência,
assinaladas por meio das respectivas letras. Isso dará poderemos considerar outro navio como navio de
economia de tempo, permitindo obter, mais rapidamente, referência, conforme os exemplos 25 a 45.
as soluções desejadas.
− lembre-se de que o vetor rm será sempre no mesmo 1.9 - MARCAÇÃO RELATIVA (Mr)
sentido de M1M2. Não espere que a plotagem das A marcação relativa (Mr) de um alvo é o ângulo compreendido
posições sucessivas de outro navio, feita pelo seu navio, entre a nossa proa, ou seja, o rumo (R) e a linha de visada do
dê uma reta ou uma curva suave. Pequenas imprecisões nosso navio ao alvo, contado no sentido horário, de 0 a 360º. A
em marcação e em distância, (principalmente em marcação relativa e a verdadeira (M) relacionam-se pela
marcação) dão como resultado uma linha irregular. Além fórmula:
disso, o outro navio não pode estar governado em um
rumo constante. A direção de uma linha nessas Mr = M – R
condições será estimada a olho, colocando-se uma régua
ao longo da melhor posição mediana entre os pontos
plotados. Pelo menos três posições devem ser usadas
para determinar uma linha dessas.
A rapidez de plotagem pode ser aumentada ainda mais se
padronizarmos as escalas utilizadas. A redução da
precisão, que daí decorre em certos casos, será
contrabalanceada pelo ganho em rapidez e pela
diminuição de oportunidades de cometer grandes
enganos.
− procure, sempre que possível, considerar o nosso navio
como navio referência. É óbvio que, procedendo desta
forma, estaremos apresentando, na plotagem de
superfície, a mesma figura que será vista na tela da
repetidora do nosso navio. Assim sendo, o
acompanhamento do movimento relativo de qualquer
alvo detectado pelo nosso radar será grandemente
facilitado pela apresentação na plotagem e na repetidora.
É claro, também, que todos os alvos serão os navios
manobradores com relação ao nosso, mesmo que
 = ângulo do alvo
Mrp = Marcação recíproca, ou seja, marcação do alvo ±180º,
1.10 - MARCAÇÃO POLAR (Mp) que vem a corresponder à marcação verdadeira que o alvo faz
Marcação polar de um alvo é o ângulo compreendido entre a do nosso navio.
nossa proa (rumo) e a linha de visada que nos une ao alvo, Ra = Rumo do Alvo
contato de 0 a 180º, para ambos os bordos, a partir da nossa
proa.
se emprega a velocidade mínima, ela deve ser a mesma nas a marcação entre F e M não deve mudar durante todo o
duas pernadas. problema, devido a propriedade da semelhança de
Para que os conceitos acima expostos possam ser melhor triângulos.
visualizados e compreendidos, observe-se a figura 1.12, No fim de duas horas, M afastou-se de F da distância F1- P
onde um navio fictício (F) e uma unidade manobradora e, se dividirmos esta distância por 2 horas e marcarmos o
(M) foram plotados em seus movimentos geográficos valor da velocidade relativa resultante sobre o segmento
(linhas tracejadas), superpondo-se propositalmente o que une os vetores tm1- tm2, acharemos que ela coincide
diagrama de velocidades (linhas cheias). com o valor da velocidade relativa m1f.
A unidade que manobra parte de A e segue, durante 2 horas, Desde que M deve encontrar-se novamente com F no fim
no rumo 050º com a velocidade de 12 nós para o ponto P e, do problema ou em uma hora, a velocidade relativa de
depois, durante uma 1 hora, toma o rumo 320º aproximação entre M e F deve ser o valor do segmento
desenvolvendo 18 nós e chega ao ponto B. P - F1, dividindo por uma hora.
O navio fictício deixa A e dirige-se diretamente para o Marcando o valor desta velocidade relativa a partir da
ponto B, seguindo o rumo 013º (obtido unindo-se o centro cabeça do vetor tm2 sobre o segmento que o une tm1,
da rosa ao ponto B) com a velocidade de 10 nós (obtido acharemos que ela coincide com o valor da velocidade
dividindo o valor do segmento AB pelo tempo total da relativa fm2. Vê-se, assim, que a linha que une os dois
manobra), tendo assim deixado A e chegado a B vetores que indicam o rumo e velocidade de M incluí o
simultaneamente com a unidade que manobra. No diagrama extremo do vetor que indica o rumo e velocidade de F e que
vetorial, tm1 representa o primeiro rumo e velocidade. as velocidades relativas m1f e m2f são diretamente
Como M se dirige de A para P em duas horas, F irá de A a proporcionais às velocidades relativas de partida e de
F1, de modo que, no fim de duas horas, a marcação de F, aproximação como demonstrado abaixo.
tomada de M, será P-F1, (a marcação obtida neste momento
será a que M fará de F durante toda a derrota). Quando M
guinar em P para aproar B, F continuará no seu trajeto
F1 - B, continuando inalterada a marcação entre M e F,
encontrando-se as duas unidades em B. Se transportarmos
esta marcação P - F1 para a cabeça do vetor tm1 (que
representa o rumo e velocidade da unidade na primeira
pernada), no diagrama vetorial, ver-se-á que ela vai passar
pela cabeça do vetor tm2 (que representa o rumo e
velocidade da unidade na segunda pernada) assim como As duas unidades separam-se quando M seguir o rumo tm1
pela cabeça do vetor tf (que representa o rumo e velocidade e se aproximam quando M passar para o rumo tm2. A razão
do navio fictício). Isto, naturalmente, deve ser assim porque do m1m2 ser dividido por f em segmentos que são
NOTAS:
Nesta publicação foi facultada a indicação de fuso horário.
É facultada a grafia do zero cortado ( ), normalmente utilizada
para diferenciação da letra O.
Exemplo:
Quinze horas, trinta minutos e trinta e três segundos: 15 302.
Para intervalos de tempo, não deverá ser empregada esta forma,
mas sim a grafia normal, corrente ou abreviada.
Exemplo: As manobras tiveram a duração de 1 hora e quinze
minutos, ou 1h 15min.
Os intervalos de tempo poderão ainda ser indicados em horas e
décimos de hora, ou minutos e décimos de minuto.