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OSTENSIVO CAAML-600

CAPÍTULO 5

NOÇÕES COMPLEMENTARES DE MANOBRAS

5.1 - INTRODUÇÃO: Essa estima poderá basear-se nos conhecimentos das


Os problemas de rosa de manobra baseiam-se, normalmente, na características de manobra do navio e em algumas regras práticas
premissa de que os navios são capazes de variar instantaneamente aplicáveis aos tipos dos navios manobrando.
o rumo e a velocidade. Assume-se, ainda, que o tempo disponível Durante a parte final da guinada, o navio poderá ser levado à
para se obter a solução dos problemas é ilimitado. Na prática, posição final por correções mínimas no rumo e/ou no ajuste das
entretanto, o intervalo de tempo entre o recebimento do sinal R.P.M.
preparatório para executar uma manobra e a ordem para a
execução é muito pequeno, não dando oportunidade para a 5.2 - AFASTAMENTO, AVANÇO E DIÂMETRO TÁTICO
resolução completa do problema do gráfico. Há que se admitir, Quando executando uma guinada, um navio não altera seu rumo
porém, que toda e qualquer faina marinheira, além de segura e instantaneamente. Ele prossegue ao longo de seu rumo inicial,
precisa, requer uma ação pronta e decisiva, mesmo que baseada percorrendo uma certa distância como uma “derrapagem”, até
em dados estimados. Tal estima deverá ser calcada nos princípios atingir o novo rumo. A distância medida ao longo do rumo
que regem o movimento relativo, sendo, por isso, muito próxima inicial, desde o momento em que o leme é carregado até o navio
da realidade. O rumo e a velocidade poderão ser modificados passar a governar no novo rumo, é chamada AVANÇO. A
posteriormente, enquanto se manobra para o novo posto, à distância medida perpendicularmente ao rumo original, entre este
medida que forem sendo obtidas soluções mais precisas na rosa e o ponto em que o navio atinge o novo rumo, é chamada
de manobra. AFASTAMENTO.
Deverá ser prevista certa margem de erro para se compensar
características táticas que variam consideravelmente de navio
para navio, bem como devido às condições de mar e ao
deslocamento das unidades.
A experiência tem demonstrado ser impraticável tentar resolver
os problemas de movimento relativo que ocorrem durante
guinadas, e que se poderá chegar a soluções aceitáveis pela
estima e pelo “olho marinheiro”.
Por uma observação cuidadosa da PPI do radar e da rosa de
manobra, poder-se-á visualizar o movimento relativo do próprio
navio e do guia durante uma guinada, estimando-se o
posicionamento relativo após completada a curva.

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DIÂMETRO TÁTICO é o afastamento relativo a uma mudança pouco prático completar a curva teórica necessária para ocupá-lo
de rumo de 180º e governar em uma derrota direta. Nesses casos, será mais
prático reduzir a velocidade e/ou governar em “FISH TAIL”.
A manobra denominada “FISH TAIL” (rabo de peixe) consiste
em duas guinadas consecutivas, normalmente de 45º a 60º, uma
para cada lado do rumo original. Tem como propósito permitir
que o navio que a executa caia a ré sem variar a rotação da
máquina e com um mínimo de variação do rumo.
Um contratorpedeiro, por exemplo, manobrando com um ângulo
de leme equivalente a um diâmetro tático de 1000 jardas e
realizando um “FISH TAIL” com 45º para cada lado do rumo
base, terá um caimento de 400 jardas.
Com 60º de guinada, o caimento será de 700 jardas. Admite-se,
durante as guinadas mais acentuadas, uma perda de velocidade
de avanço de 13%.
Os valores aproximados de caimento, para qualquer variação de
rumo, poderão ser calculados das curvas características do
navio. Entretanto, os valores citados anteriormente poderão ser
utilizados para efeitos práticos.
Cumpre observar que tanto o AVANÇO como o Quando se desejar cair a ré e lateralmente, ao mesmo tempo,
AFASTAMENTO e, conseqüentemente, o DIÂMETRO uma guinada de 45º para um bordo somente, seguida de um
TÁTICO, são função das características de cada navio, variando, retorno ao rumo original, causará um afastamento lateral de 300
assim, com o deslocamento, velocidade e ângulo de leme jardas e um caimento de 200 jardas.
empregado. Quando não se levar em consideração o tempo para a manobra e
É mandatório que sejam mantidas nos passadiços dos navios a linha do movimento relativo for muito pequena, será mais
tabelas que permitam, nas diversas condições, a utilização prático optar-se por uma redução de velocidade.
desses elementos como auxílio à manobra.
5.4 - MÉTODO “FISH TAIL” - EXEMPLO
5.3 - EMPREGO DO “FISH TAIL”
Torna-se inadequado, em certas ocasiões, usar a rosa de SITUAÇÃO:
manobra para solução dos problemas de movimento relativo. O nosso navio (M) está em formatura, marcando o guia (R) aos
Quando a distância entre a posição atual e o novo posto é 000º/3000 jardas, com um rumo 225º e velocidade de 15 nós.
pequena e este posto está no setor limitado pelas alhetas, é muito

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PEDE-SE:
Assumir o posto pelo través de bombordo do guia, na distância
de 2000 jardas, sem alteração sensível do regime das máquinas.

SOLUÇÃO:
É inadequado tentar resolver este problema por rosa de manobra,
pois M2 está quase que diretamente a ré de M1, na distância de
2150 jardas. Qualquer combinação de mudanças de rumo em
que se tentar, para ir de M1 e M2, fará com que o nosso navio
caia muito a ré do novo posto. Mesmo uma simples guinada de
360º fará com que M caia cerca de 3600 jardas, ficando muito a
ré do posicionamento desejado.
Utilizando a manobra “FISH TAIL” de 60º para cada lado do
rumo base 225º (165º a 285º), três vezes para cada bordo, o
nosso navio cairá a ré aproximadamente 2000 jardas, ficando a
somente 150 jardas do novo posto.
A ida então para o novo posto poderá ser completada pelos
procedimentos normais de manutenção de posto, tais como
pequenas reduções de RPM ou rápidas inversões de todo o leme
para um bordo e para o outro.
A figura 5.3 permite a visualização das diversas fases da
manobra, mostrando como varia o movimento relativo na
medida em que as proas se alteram de 165º para 285º.
Caso a primeira guinada fosse dada para boreste, a trajetória
relativa seria simétrica, do lado oposto da linha M1 M2.

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5.5 - REGRA DO RADIANO NOTA:


A REGRA DO RADIANO é utilizada para determinação do Faz-se necessário lembrar que, em se tratando de uma regra
valor do AFASTAMENTO, valor este que, embora não seja prática de manobra, seu uso deve ser restrito a determinados
normalmente considerado quando da resolução de problemas limites. Caso os elementos de entrada não sejam bem avaliados,
teóricos pela rosa de manobra, pode ser empregado quando e seu emprego pode levar a resultados absurdos. Assim, no
principalmente, na prática, os navios evoluem com maiores exemplo anterior, se considerássemos um tempo de dez minutos,
velocidades e ou são relativamente reduzidos os espaços para a fórmula matemática nos daria a resposta como 3000 jd., o que
manobra como, por exemplo, navegando em águas restritas ou evidentemente, é absurdo, visto que ao fim deste tempo o navio
evoluindo em formaturas cerradas. já estaria, há muito tempo, estabilizado no novo rumo.
Assume-se, para efeito desta regra, que cada radiano equivale a
60º (na verdade seriam 360/2π = 57º,3, aproximadamente).
Obtém-se o valor do AFATAMENTO pela seguinte fórmula:
Afastamento = V(j) x G x t x c , onde:
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V (j) = Velocidade em jardas / minutos.
V (j) = V nós x 100 .
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G = nº de graus de guinada.
t = tempo em minutos.
c = constantes cujo valor é tomado como um (1) para os
contratorpedeiros manobrando com ângulo de leme pré-
estabelecido, denominado leme-padrão. Para navios de outras
classes, o valor de c deve ser ajustado experimentalmente.

EXEMPLO:
Um CT, navegando a 18 nós (600 jd/min) guina 30º para
boreste.
De quanto se afastará do rumo original, 15 segundos após iniciar
a guinada?

SOLUÇÃO:
Afastamento = 600 x 30 x 0,25 = 75 jd
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