São apenas milésimos de milímetros de espessura, mas seus benefícios podem ser

contados em mais horas de trabalho útil, em muitos reais poupados, em melhor

qualidade no produto final. E também em menos problemas para todos os
envolvidos na usinagem de ferramentas e peças. Em síntese, o estado-da-arte
da planta industrial de hoje inclui necessariamente a tecnologia de revestimentos.

Estas espessuras micrométricas preservam, na prática, as dimensões dos componentes,

das ferramentas e de suas arestas, submetidos ao processo de revestimento. No chão-
de-fábrica os revestimentos têm proporcionado aumento da vida útil das ferramentas e
da produtividade das operações de usinagem, além da redução de custos que resultam
de menos paradas de máquinas para substituição de ferramentas.
No que é essencial, a tecnologia do revestimento consiste em depositar, sobre a
superfície da ferramenta ou peça, uma camada de material que interage com o material
da superfície e sua geometria, para melhorar seu desempenho mecânico. A camada do
revestimento agrega à peça ou ferramenta alta dureza superficial e estabilidade química.
Combinadas, repercutem de forma importante na qualidade e custos para os usuários
das ferramentas e/ou peças revestidas.

Inserida no contexto
A tecnologia do revestimento atende a uma lista de necessidades criadas pelas tendências
que estão remodelando o chão-de fábrica e os processos de produção. É uma resposta e
uma contribuição, por exemplo, ao down sizing das plantas e à miniaturização dos compo-
nentes e produtos finais. A elevada dureza da camada de revestimento permite aos fabri-
cantes aliviar o peso e reduzir as dimensões das peças e ferramentas, diminuindo seus
custos e mantendo e até melhorando seu desempenho.
Caixas de engrenagens revestidas, por exemplo, podem suportar cargas mais eleva-
das, apesar de menores, com vantagens adicionais de reduzir o consumo de combustível,
melhorar o rendimento das bombas e compressores e, tão importante quanto, atenuar a
carga poluidora.
A qualidade dos produtos, exigência crescente do mercado industrial, a confiabilidade
e repetitividade do processo de usinagem podem ser largamente beneficiadas pelos
revestimentos adequados das ferramentas usadas no processo ou das peças. Compo-
nentes críticos de sistemas mecânicos, como as caixas de engrenagens já mencionadas
e os moldes usados pelas indústrias de plástico, ganham qualidade recorrendo à tecno-
logia dos revestimentos.
Existem revestimentos capazes de funcionar como lubrificantes e que, aplicados às
brocas, influem na geração e remoção dos cavacos, porque melhoram a fluidez do sistema,
uma vantagem especialmente interessante na furação de materiais que produzem cavacos
longos. Sem revestimentos, ocorrem com freqüência problemas que exigem trocas prema-
turas da ferramenta e elevam os custos.
Estes revestimentos com baixo coeficiente de atrito eliminam os efeitos de início do
corte e conferem ao canal uma superfície polida que tanto facilita a remoção do cavaco
como reduz os custos de polimento dos canais de forma importante.
Por outro lado, influem de forma significativa nos resultados técnicos e econômicos da
usinagem: aumentam a vida útil da ferramenta, melhoram a confiabilidade da usinagem
pela repetitividade aprimorada e podem ainda viabilizar a usinagem a seco em diversas
operações, com seu elenco de vantagens sobre a usinagem com refrigeração e lubrificação.
Os processos de revestimento também estão se tornando mais sofisticados – a tecno-
logia evoluiu a ponto de ser possível obter, no mesmo processo, revestimentos mais
resistentes e com características lubrificantes.
A usinagem de alta velocidade, estado-da-arte no campo da usinagem, também pode
ser otimizada. Neste tipo de usinagem a confiabilidade é fator crítico, e o revestimento
das ferramentas viabiliza ciclos de produção mais uniformes.

Menos tempo, mais flexibilidade

A redução dos tempos de produção – preocupação permanente da indústria - também é
beneficiada pela tecnologia do revestimento. No que diz respeito ao tempo dos proces-
sos produtivos, os revestimentos:

ampliam a vida útil das arestas de corte das ferramentas, com importantes ganhos de
tempo;

reduzem a necessidade de substituições e correspondentes setups;

reduzem o tempo total de usinagem, porque a ferramenta ganha em desempenho;

reduzem o tempo requerido para o acabamento, porque as peças têm melhor qualida-
de na usinagem quando as ferramentas estão revestidas.

Finalmente, as ferramentas revestidas também abrem novas perspectivas de fabrica-

ção e de design, porque viabilizam operações de difícil execução técnica ou de execução
antieconômica.

O quadro abaixo resume as vantagens e desvantagens dos processos para revestimen-

to de superfícies.

Processo Vantagens Desvantagens

Galvanização
iônica
PACVD (Plasma Assisted
Chemical Vapour Deposition)
PVD
(Physical Vapour Deposition)
Boa resistência à corrosão, baixa tem-
peratura de processamento, deposição
em furos e ranhuras.
Temperaturas de processo muito abaixo
das do CVD, temperaturas baixas, reves-
timentos precisos.
Ecologicamente seguro, permite grande
variedade de revestimentos; temperatura
de revestimentos mais baixa do que a de
tratamento térmico final da maioria dos
aços, espessura reduzida reproduzível com
precisão, resistência elevada ao desgaste,
baixo coeficiente de atrito.
Seleção restrita de materiais de revesti-
mento, revestimentos relativamente ma-
cios, riscos ambientais, precisão limitada
para repetição na superfície.
Adequado apenas para furos e ranhu-
ras.
Revestimento de furos e ranhuras – al-
cança profundidade igual ao diâmetro
ou largura da abertura; resistente à cor-
rosão em determinadas condições ape-
nas; revestimento uniforme depende de
as peças girarem durante o
processamento.

Difusão Boa resistência à corrosão, boa repro- Revestimentos relativamente macios,

dutibilidade. seleção restrita de material de base,
tempo de processamento longo, riscos
ambientais, necessidade de pós-trata-
mento.

CVD Elevada resistência ao desgaste, produ- Temperaturas de processamento ele-

(Chemical Vapour Deposition) ção econômica de revestimentos espes- vadas, impossibilidade de revestir vá-
sos; adequado para furos e ranhuras. rios metais, arredondamento de bor-
dos, riscos ambientais.

“Milésimos de milímetros que poupam muitas horas e reais” foi elaborado a partir de informa-
ções do engenheiro Daniel Colnaghi, da Balzers Balinit Brasil Ltda., a quem agradecemos a
cooperação. A forma e o conteúdo do artigo, contudo, são de inteira responsabilidade do
Departamento Editorial de Noticiário de Equipamentos Industriais-NEI.