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[???] – E...eu protegi ele...

[???] – Eu sei, querida. Eu sei...

Um homem vestindo um terno branco estava ajoelhado, com o corpo de uma mulher em seu colo. Lágrimas
escorriam de seus olhos enquanto olhava do sangue que manchava o branco das vestes de ambos para um pequeno
bebê que jazia adormecido em meio ao rubro.
Uma forte luz iluminou-os em meio a rua ao mesmo tempo em que outra luz azul e vermelha piscava em conjunto
com a sirene do carro de polícia. Portas bateram seguidos pelos berros exasperados dos guardas.

[Policial Magro] – Senhor! É a polícia, coloque as mãos para cima...

[Policial Gordo] – É ele! É o demônio! O que sequestrou a Srta. Harker!

[Policial Magro] – Que?! Se afaste da mulher! Você está na minha mira, Demônio!

Sendo distraído pelos humanos, seu coração pesado se encheu de fúria enquanto sua pele pálida se tornava
azulada, dois chifres surgiam de sua testa, seus olhos mudavam para vermelhos sangue e seus dentes pontiagudos
como os de um tubarão. Estava prestes a se levantar para dar um fim dos humanos quando sentiu o fraco toque em
seu rosto, um toque que conhecia muito bem.

[Srta. Harker] – Não...Olhe para, COF! Olhe para mim...Eles não entendem...Me prom...Me prometa que, COF!

[Demônio] – Eu prometo.

E ao ouvir essas palavras, um sorriso se estendeu pelo rosto da moça ao mesmo tempo em que sua mão se
separou do rosto de tal demônio e caiu mole no chão. Fechando os olhos em dor ao ver os últimos momentos de sua
amada, sua aparência lentamente voltou ao normal e se fez movimento de pegar o recém-nascido.
Houve um disparo. O demônio foi atingido no ombro, mas não teve uma reação maior que parar por alguns
momentos pensativo. Aproximou então o rosto do bebê e com um beijo em sua testa, sussurrou.

[Demônio] – Eu não posso dar o que você precisa. Tenha uma boa vida, filho.

Houveram mais disparos que simplesmente foram ignorados pelo homem. Ele olhou uma última vez para os dois
humanos, ponderando se deveria tirar a vida deles, como já fez muitas vezes antes, mas decidiu pelo contrário.
Havia feito uma promessa para a mulher que amava em seu leito de morte e por isso se recusava a quebra-la.

[11 anos depois]

Era um dia extremamente quente de verão, por isso essa sorveteria estava bastante lotada. Um senhor de terno e
gravata havia acabado de sair do estabelecimento com seu sorvete em mãos, um tanto ansioso.
Antes que pudesse dar a primeira lambida no sorvete, um garoto de grandes cabelos cinzas esbarrou em seu
braço fazendo-o derruba-lo no chão. Antes do senhor poder falar alguma coisa, o garoto já estava bem longe em sua
corrida. Bastante bravo e frustrado, o senhor pegou o sorvete no chão e jogou-o na lata de lixo enquanto
murmurava chingamentos e reclamações.
Alguns momentos depois a cabeleira branca estava próxima a lixeira novamente, o garoto de antes estava
fuçando-a procurando por alguma coisa. Ele aparentava ter seus quinze anos; seu cabelo cinza era curto dos lados e
crescia em grandes “gomos” espetados para todos os lados, quase como um moicano; suas sobrancelhas também
eram cinzas, assim como seus olhos que sustentavam um olhar sagaz e atento; suas vestes eram bem desgastadas, e
pareciam ser um tanto maiores que ele; envolto em seu pescoço a única parte de suas vestes que não parecia tão
desgastada, um cachecol vermelho bordado.
Ele ouviu um berro vindo de dentro da sorveteria e rapidamente escondeu em suas vestes o que havia pego,
momentos antes de um dos empregados surgir em sua direção, berrando para que sumisse dali. Fingindo que não
havia encontrado o que procurava, mostrou a língua para o sorveteiro e correu o mais rápido que podia, deixando o
sorveteiro pasmo com sua velocidade.
Algum tempo depois o garoto estava sentado na varanda de um sobrado abandonado, com as pernas balançando
em direção ao terreno baldio à sua frente. Usava sua mão como colher para comer as partes limpas do sorvete,
completamente acostumado com o lugar onde estava e com a comida que comia. Não demorou muito para que
terminasse sua única refeição do dia, sua culpa de ficar procurando alvos na sorveteria, ao invés da padaria ou
qualquer outro estabelecimento mais nutritivo. Jogou o pote vazio de plástico na direção do terreno baldio
enquanto pensava o que deveria fazer.

[???] – Gostaria de mais um?

Uma mão peluda lhe estendeu um cascão de três bolas, lhe enchendo o olho. Sem pestanejar, o garoto pegou o
sorvete com as duas mãos e abriu um bocão para dar-lhe uma dentada, mas não antes de notar a estranheza da
situação. Ele parou no meio do movimento e olhou para o lado, sua boca escancarada ajudou a vocalizar o berro que
deu ao ver o que viu.
Um homem, ou melhor dizendo, um humano-cachorro da raça Schnauzer sentava-se ao seu lado, segurando outro
sorvete. Ele tinha pelos castanhos escuros, mas partes próximas a seus olhos e bocas eram quase brancas, assim
como em suas mãos. Sua voz era bem velha e rouca, não combinando com os movimentos dele. Ele vestia roupas
tradicionais laranja e parecia não se importar em estar em uma área abandonada da cidade.

[Mestre Gou] – Eu me chamo Gou, Mestre Gou.

[Garoto] – QUE DIABOS VOCÊ TA FAZENDO AQUI?!

O homem que se introduziu como Gou simplesmente lambeu seu sorvete, como se nada tivesse acontecido.
Apesar da estranheza com a situação, o estomago do garoto logo roncou e passando os olhos do sorvete para o
homem cachorro e para o sorvete de novo, pôs-se a matar sua fome.

[Jake] – Jake...Pelo menos era assim que me chamavam quando fiz parte do sistema.

Jake já havia terminado seu sorvete em algumas mordidas, enquanto o velho Gou ainda estava no começo do seu.
O Schnauzer lambeu seu sorvete mais algumas vezes, um tanto pensativo, antes de continuar a conversa.

[Mestre Gou] – Você perdeu seus parentes?

[Jake] – Só um...Por culpa de meu pai, mas não pense muito nisso, ele vai ter o que merece.

Os grossos pelos esconderam a preocupação no rosto do velho Gou, uma habilidade bem útil, apesar de neste
momento preferir estar errado. O Mestre havia percebido algo no garoto quando o viu na sorveteria, uma pequena
energia negativa vinda de dentro de seu peito, algo que não deveria estar lá.
Ele ponderou por mais alguns momentos enquanto lambia seu sorvete, decidindo como deveria agir uma vez que
dependendo das experiências de Jake, ele poderia ser tomado por essa energia negativa ou domina-la com seu ki, ou
se tornando um bom aliado ou um inimigo problemático. O velho respirou fundo e perguntou com um sorriso no
rosto.

[Mestre Gou] – Você gostaria de aprender artes marciais como meu aprendiz?

https://i.imgur.com/p06fJXU.jpg
Mestre Gou e Mestre Inu (Nome inteiro: Shiba Inu), dois mestres nas artes marciais que se conhecem desde a
infância e possuem certa rivalidade. Gou é mestre da escola do Lobo, enquanto Inu é mestre da escola do Tigre
(Alguns dizem que como tentativa de compensar pelo seu nome). São equivalentes ao mestre kame e o
http://vignette2.wikia.nocookie.net/fantendo/images/d/da/Dqj_hero.jpg/revision/latest?cb=20130829105711
Imagem do Dragon Quest Monsters: Joker

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