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Câmbio
Fevereiro 2021
Macro Research
economia@btgpactual.com
Álvaro Frasson
@alvasfrasson
Leonardo Paiva
Luiza Paparounis
11 de fevereiro de 2021 1
Sumário
1. Análise e Projeções ........……………………………...…………………...……………........................................... 3
2. As Variáveis do Câmbio ..………………...…………………...……………............................................................. 6
2.1. Índice Dólar (DXY) ...................................................................................................................................................................... 7
2.2. Juros Americanos de Longo Prazo (US Treasury 10y) ............................................................................................................... 8
2.3. Preço Internacional das Commodities (CRB) .............................................................................................................................. 9
2.4. Risco-País (CDS Brazil 10y) ....................................................................................................................................................... 10
2.5. Juros Brasileiros de Longo Prazo (NTN-B 2035) ........................................................................................................................ 11
3. Real e as Moedas Emergentes ..…………………...…………………...…………….............................................. 12
3.1. Desempenho Comparativo .......................................................................................................................................................... 13
3.2. Volatilidade da Moeda e Risco-País ........................................................................................................................................ 14
4. Política Monetária e Cambial .........…………...……………................................................................................ 15
4.1. Diferencial da Taxa de Juros ....................................................................................................................................................... 16
4.2. Câmbio vs Inflação ...................................................................................................................................................................... 17
4.3. Fluxo Cambial ............................................................................................................................................................................. 18
4.4. Reservas Internacionais .............................................................................................................................................................. 19
5. Câmbio de Equilíbrio ..…………………...…………………...…………….............................................................. 20
5.1. Taxa de Câmbio Real ................................................................................................................................................................. 21
11 de fevereiro de 2021 2
Análise e
Projeções
O fiscal no caminho do Dólar e do Real
O cenário de forte volatilidade na taxa de câmbio que observamos em 2020 se manteve desde o início de Desempenho R$/US$
2021, pesando negativamente para a moeda brasileira, que desvalorizou 5% ante o dólar no mês de (+) desvalorização do real (-) valorização
11 de fevereiro de 2021 4
Projeções
Cenário Base (R$ 4,90) Cenário Otimista (R$ 4,50)
• Pacote fiscal EUA entre US$ 1,0 – 1,9 trilhão. • Pacote fiscal EUA abaixo de US$ 1,0 trilhão.
• Aumento na demanda por commodities. • Preço int. das commodities (CRB) em patamares pré 2015.
• Manutenção da atual política monetária do Fed e elevação no diferencial • Manutenção da atual política monetária do Fed e elevação no diferencial
de taxa de juros: fed fund rate estável e Selic em alta (3,75%). de taxa de juros: fed fund rate estável e Selic em alta (acima de 3,75%).
• Manutenção do teto de gastos (PEC Emergencial). • Manutenção do teto de gastos (PEC Emergencial), sem a extensão do
• Segunda rodada do auxílio emergencial mais restrita que a primeira, auxílio emergencial.
mantendo estável a trajetória de endividamento do governo. • Cumprimento do Plano Nacional de Imunização da Anvisa.
• Cumprimento do Plano Nacional de Imunização da Anvisa. • Aprovação das reformas tributária e administrativa.
• Evolução das reformas tributária e administrativa.
R$ 4,8
R$ 4,90 • Flexibilização da atual regra do teto de gastos.
R$ 4,6 • Atrasos no Plano Nacional de Imunização da Anvisa.
R$ 4,4
R$ 4,50 • Evolução nas divergências entre Executivo e Legislativo (sob novo
R$ 4,2 comando) que atrasem ou alterem a agenda econômica.
R$ 4,0
jan-20
fev-20
set-20
jan-21
fev-21
jun-21
jun-20
set-21
mar-20
mar-21
abr-20
abr-21
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jul-20
dez-20
jul-21
nov-21
nov-20
dez-21
out-21
out-20
mai-21
mai-20
• Em 2020 o DXY apresentou clara tendência de baixa em função da acentuada expansão monetária realizada pelo Fed; este ano o índice tende a
permanecer nos patamares atuais.
• Na última reunião do Fed, o comunicado não mudou o tom dovish. Contudo, após a fala pessimista de Powell sobre o futuro da economia americana,
o mercado passou a esperar algo além da manutenção das políticas atuais, fato que pode aumentar a liquidez e a oferta de dólar na economia global.
Por outro lado, a normalização das taxas de juros americanas de médio e longo prazo (US treasury 10Y/30Y), retomando aos patamares pré-covid,
podem provocar uma migração do fluxo de capitais para a economia americana, levando ao fortalecimento do dólar em 2021.
Câmbio (R$/US$) vs DXY (pontos) - Longo Prazo Câmbio (R$/US$) vs DXY (pontos) - Variação (%)
4,0 90 8,0%
3,5 85 3,5%
3,0% 0,5%
3,0 80
2,5 75 -2,0% -0,2%
-1,6%
2,0 70
-7,0%
1,5 65
-12,0%
-8,6%
1,0 60
fev-11 fev-12 fev-13 fev-14 fev-15 fev-16 fev-17 fev-18 fev-19 fev-20 fev-21 Fevereiro Em 2021 Em 12 meses
• Para 2021, é natural que a taxa de juros volte a patamares pré-covid. No entanto, o motivo da alta será mais importante que a elevação em si: se a
alta ocorrerá em função dos riscos fiscais e inflacionários advindos do pacote defendido por Joe Biden ou pela normalização da economia global.
Câmbio (R$/US$) vs US Treasury 10y (% a.a.) – Longo Prazo Câmbio (R$/US$) vs US Treasury 10y (% a.a.) – Variação (%)
• Portanto, o ambiente para commodities segue favorável para uma apreciação do real frente ao dólar neste ano.
Câmbio (R$/US$) vs CRB (US$) - Longo Prazo Câmbio (R$/US$) vs CRB (US$) - Variação (%)
• Sobre o segundo ponto, o déficit público de 2020 praticamente anulou a economia conquistada pela Reforma da Previdência e teve de ser financiado
via emissão de novas dívidas com vencimentos mais curtos, em função do cenário de incerteza econômica. Adicionalmente, em 2021, com a
aceleração dos casos de Covid-19, uma segunda rodada do auxílio emergencial parece certa, o que deve levar a uma maior deterioração fiscal.
• Esperamos que a vacinação em escala global permita um ambiente mais propenso ao risco para os investidores internacionais, direcionando a
elevada liquidez disponível na economia para os países emergentes, como o Brasil, por exemplo.
Câmbio (R$/US$) vs CDS Brazil 10y (pontos) – Longo Prazo Câmbio (R$/US$) vs CDS Brazil 10y (pontos) – Variação (%)
• O juro real brasileiro de longo prazo tem uma correlação importante com a estabilidade fiscal do país. Após a aprovação da regra do teto de gastos,
que permitiu maior controle da despesa pública e, portanto, do endividamento, os juros apresentaram trajetória descendente até 2020, quando a
paralisação econômica promoveu repiques nos juros de longo prazo, mesmo com a Selic em taxas altamente estimulativas.
• A retomada da atividade econômica somada às sinalizações do governo em torno da manutenção do teto de gastos para 2021 e a visão reformista
dos novos presidentes das casas legislativas promoveram uma redução do prêmio de risco na curva de juros longa. Em contrapartida, o moderado
ritmo de vacinação e a incerteza quanto ao tamanho do pacote fiscal americano pesaram sobre o câmbio, promovendo uma desvalorização do real
até o momento.
Câmbio (R$/US$) vs NTN-B 2035(% a.a.) - Longo Prazo Câmbio (R$/US$) vs NTN-B 2035(% a.a.) - Variação (%)
• Em fevereiro, a vitória dos aliados do governo nas Casas legislativas trouxe otimismo sobre o avanço das reformas estruturantes defendidas pelo
executivo, fazendo com que o real apresentasse valorização até o momento.
1,2% 31,0%
0,0%
19,7%
-0,5% 14,8%
13,3%
• Consequentemente, a volatilidade das respectivas moedas (2º gráfico) mantém um padrão parecido com a trajetória da percepção de risco pelos
mercados internacionais. Mas a diferença em nível entre os países pode ser explicada pelo ainda incerto cenário fiscal brasileiro que, diferentemente
dos seus pares, necessita de difíceis e complexas reformas econômicas para estabilizar sua trajetória de dívida pública.
Risco-País: CDS 5y – Brasil vs Colômbia vs México VIX vs Vol das Moedas em 3 meses
200 15
40
150 30
10
100 20
10 5
50
jan-20
jan-20
jul-20
jul-20
jan-21
dez-20
dez-20
fev-20
nov-20
fev-21
mai-20
mai-20
abr-20
jun-20
mar-20
mar-20
out-20
ago-20
set-20
set-20
jan-20
jan-20
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jul-20
jan-21
dez-20
dez-20
nov-20
mai-20
mai-20
fev-21
fev-20
abr-20
mar-20
mar-20
jun-20
out-20
ago-20
set-20
set-20
• Nos juros de longo prazo, a diferença entre as taxas dependerá do andamento das reformas estruturantes em discussão pelos formuladores de
política do governo. Indo ao encontro dessas ideias, a retomada do superávit primário prometido pela gestão atual na campanha eleitoral de 2018
será essencial para a definição do patamar sustentável desse intervalo.
Curto Prazo (% a.a.): DI 12 meses vs US Treasury 1y Longo Prazo (% a.a.): Título Brasileiro 10y vs US Treasury 10y
Diferencial de Curto Prazo DI 12 meses US Treasury 1y Diferencial de Longo Prazo Bond Brazil 10y US Treasury 10y
16,0% 18,0%
14,0% 16,0%
14,0%
12,0%
12,0%
10,0%
10,0%
8,0%
8,0%
6,0%
6,0%
4,0% 4,0%
2,0% 2,0%
0,0% 0,0%
fev-11 fev-12 fev-13 fev-14 fev-15 fev-16 fev-17 fev-18 fev-19 fev-20 fev-11 fev-12 fev-13 fev-14 fev-15 fev-16 fev-17 fev-18 fev-19 fev-20
Fontes: Bloomberg e BTG Pactual, 2021. 11 de fevereiro de 2021 16
Diferencial de Taxas de Juros: Brasil vs EUA
• A redução do risco-país está diretamente ligada ao diferencial de taxa de juros de longo prazo entre os dois países, que, por sua vez, depende mais do
comportamento da economia brasileira, uma vez que as taxas de juros americanas são relativamente estáveis.
• Ou seja, a apreciação do real depende da continuidade da agenda de reformas no Congresso, a fim de manter a credibilidade das agências de rating.
Vale lembrar que S&P, Moody’s e Fitch mantiveram suas notas de crédito e seu outlook para o Brasil em 2021, dada a excepcionalidade da
deterioração fiscal.
• No entanto, este ano não haverá perdão para ingerências fiscais e, em caso de piora na nota de crédito (cenário pessimista), teremos juros longos e
risco-país mais elevados, levando à continuidade da depreciação da moeda brasileira.
- -
fev-11 fev-12 fev-13 fev-14 fev-15 fev-16 fev-17 fev-18 fev-19 fev-20
Fontes: Bloomberg e BTG Pactual, 2021. 11 de fevereiro de 2021 17
Câmbio vs Inflação
• No último mês os preços ao produtor continuaram acelerando, em especial o IPA agro e o IPA industrial, ambos ligados à aceleração do preço das
commodities e do dólar (consequência do risco fiscal e do menor diferencial de juros da história entre o Brasil e os EUA), pressionando os segmentos
de alimentos e bebidas e bens industriais na inflação ao consumidor.
• A convergência das expectativas de inflação com a meta levou o BC a retirar o mecanismo de forward guidance. Além disso, na ata da última reunião
do Copom foi possível observar que houve discussões em torno da razoabilidade da manutenção do grau de estímulo extraordinariamente elevado,
considerando a retomada da atividade econômica e a aceleração da inflação. Com isso, esperamos que o BC comece o processo gradual de
normalização das taxas de juros em maio, levando a uma menor taxa média de câmbio e reduzindo o repasse cambial.
Câmbio (R$/US$) vs IPCA e IGP-M (% a.a.) Câmbio (R$/US$) vs IPCA Comercializável e IPA-M (% a.a.)
R$/US$ IPCA IGP-M R$/US$ IPCA Comercializáveis IPA-M
6,0 35,0% 45%
5,5 30,0%
35%
5,0
25,0%
4,5
25%
4,0 20,0%
mar-16
ago-16
fev-14
fev-19
abr-05
abr-08
abr-14
abr-17
abr-20
abr-02
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nov-12
abr-13
abr-18
mai-15
mai-20
jun-17
jun-12
jul-01
jul-07
jul-10
jul-19
jul-04
jul-13
jul-16
jul-14
jul-19
set-18
set-13
out-00
out-03
out-09
out-12
out-15
out-06
out-18
jan-00
jan-03
jan-06
jan-12
jan-15
jan-18
jan-09
jan-21
out-15
out-20
jan-12
jan-17
Fontes: Bloomberg e BTG Pactual, 2021. 11 de fevereiro de 2021 18
Fluxo Cambial
• No mês de janeiro, o fluxo cambial apresentou uma entrada de US$ 2,8 bi (versus saída de US$ 0,4 bi jan/20). Este resultado, o mais alto para o mês
desde 2018, pode ser explicado pela forte entrada de dólares na conta financeira (US$ 3,6 bi). Contudo, com a retomada das importações nos últimos
meses, a balança comercial apresentou, no mês de janeiro, o quarto resultado negativo seguido (saída de US$ 0,8 bi).
• Apesar do desempenho negativo na balança comercial, o fluxo cambial em 12 meses, no resultado líquido, reduziu para saída de US$ 24,8 bi (de US$
28 bi em dez/20 e US$ 60 bi em mar/20).
• Sendo assim, esperamos um fluxo cambial melhor em 2021 do que em 2020, advindo da retomada econômica, com a forte demanda da China, um
resultado melhor na conta financeira e um forte fluxo de entrada de dólares dos investidores estrangeiros.
Fluxo Cambial: acumulado 12 meses (US$ bi) Composição do Fluxo Cambial: 2019 vs 2020 (US$ bi)
10
Janeiro 2020 Janeiro 2021
- 4,0 3,6
(10) 2,8
3,0
(20)
2,0
(30)
1,1
(40)
1,0
(50) -
(60) (0,4)
(1,0)
(0,8)
(70)
jan-19
jul-19
jan-20
jul-20
jan-21
dez-19
dez-20
fev-19
nov-19
fev-20
nov-20
mai-19
mai-20
abr-19
(1,5)
abr-20
jun-19
jun-20
mar-19
mar-20
out-19
out-20
set-19
set-20
ago-19
ago-20
(2,0)
Fluxo Cambial Bal. Comercial Conta Financeira
Reservas Internacionais vs Posição Líquida (US$ bi) Posição devedora do BCB em Swap Cambial (US$ bi)
20
Posição Cambial Líquida Reservas Internacionais
400 -
380
(20)
360
340 (40)
320 (60)
300
(80)
280
260 (100)
240
(120)
220
200 (140)
jul-10
jul-15
jul-10
jul-15
jul-20
jul-20
set-09
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set-19
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ago-17
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fev-20
set-09
fev-10
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fev-15
fev-15
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jun-18
jan-13
jan-18
jun-18
jun-13
jun-13
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nov-18
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dez-10
nov-13
dez-15
nov-18
dez-20
abr-19
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abr-19
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mai-11
mai-16
mai-16
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mar-12
mar-17
mar-12
mar-17
out-11
out-16
out-11
out-16
Fontes: Bloomberg e BTG Pactual, 2021. 11 de fevereiro de 2021 20
Câmbio de
Equilíbrio
Taxa de Câmbio Real
A taxa de câmbio real é baseada na teoria da Paridade do Poder de Compra (PPP), em que a taxa de câmbio de duas economias devem refletir a diferença do poder de compra entre as duas
moedas desses países. A PPP é calculada atualizando a primeira cotação do real (01 julho 1994) pela diferença de inflação entre o Brasil (IPCA) e os EUA (CPI).
• Comparando a atual taxa de câmbio negociada no mercado com a taxa calculada pela PPP, observa-se que o real encontra-se 46% desvalorizado em
relação ao dólar, uma vez que a cotação atual é de R$ 5,37 e o câmbio real deveria ser R$ 3,68.
• Vale observar, contudo, que entre 2007-15 o real permaneceu sempre valorizado em relação ao dólar, além do período entre 1994-98, quando havia
controle cambial pelo BC.
• Portanto, a superação dos desafios fiscais postos no cenário atual devem contribuir para a redução dessa diferença entre a teoria PPP e o valor
observado no mercado.
6,00 100%
5,50 5,38
5,00 80%
4,50
60%
4,00
3,50 3,68 46%
40%
3,00
2,50 20%
2,00
1,50 0%
1,00
-20%
0,50
- -40%
jun-94
jun-95
jun-96
jun-97
jun-98
jun-99
jun-00
jun-01
jun-03
jun-06
jun-07
jun-08
jun-09
jun-10
jun-12
jun-13
jun-15
jun-18
jun-19
jun-20
jun-02
jun-04
jun-05
jun-11
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jun-16
jun-17
jun-94
jun-95
jun-96
jun-97
jun-98
jun-99
jun-00
jun-01
jun-03
jun-04
jun-06
jun-09
jun-11
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Fontes: Bloomberg e BTG Pactual, 2021. 11 de fevereiro de 2021 22
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futura
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