Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Resumo
Ensinar e aprender são duas habilidades passíveis ao ser humano, tanto nos ambientes de educação formal quanto
informal. Objetivou-se por meio de um estudo qualitativo descrever os métodos avaliativos e suas dificuldades no
processo ensino aprendizagem do ensino fundamental e médio de uma escola situada no interior da Bahia. Trata-se de
um estudo qualitativo de caráter descritivo, o qual foi desenvolvido em uma escola estadual de ensino fundamental e
médio no interior da Bahia no período de 2014 a 2015. Os dados foram analisados pelos discursos em temáticas
integradoras e estatística descritiva. Os métodos avaliativos utilizados pelos professores foram aqueles tradicionais
como provas, testes e seminários, poucos relataram a inserção de pesquisa e gincanas. E suas dificuldades foram a falta
de interesse, o compromisso e desempenho intelectual pelos alunos e, também, acerca da avaliação contínua qualitativa
que necessita de mensuração. A maioria dos professores está mudando suas formas de avaliação para se adequar a nova
era tecnológica da internet, educação à distância e comunidades virtuais. Percebe-se a necessidade de capacitações
pedagógicas sobre novos métodos de avaliação e de ensino, assim como a tomada de decisões dos professores em grupo
por meio do planejamento estratégico e uma pesquisa ampliada com todos os professores desta escola e de outras
escolas da Bahia e do Brasil para identificar a realidade e elaborar estratégias com os professores para o estímulo
professor-aluno no uso de métodos avaliativos inovadores.
Palavras-chave: Avaliação; Aprendizagem; Ensino.
Abstract
Teaching and learning are two skills amenable to human beings, both in formal and informal education environments.
The objective is through a qualitative study to describe the evaluation methods and difficulties in the learning process of
elementary and secondary education in a school located in Bahia. This is a descriptive qualitative study, which was
developed in a state school of primary and secondary education in the interior of Bahia in the period from 2014 to 2015.
Data were analyzed by the discourses in integrative themes and descriptive statistics. The evaluation methods used by
teachers were those traditional as proofs, tests and seminars, few reported the insertion of research and gincanas. And
his difficulties were lack of interest, the commitment and intellectual performance by students and, also, about the
qualitative continuous evaluation that requires measurement. Most teachers are changing their ways of assessing to suit
the new technology era of the internet, distance education and virtual communities. The need for pedagogical training
on new methods of evaluation and teaching, as well as the decision-making of the teachers in a group, through strategic
planning and an extended research with all the teachers of this school and of other schools of Bahia and of the Brazil to
identify reality and develop strategies with teachers to stimulate teacher-student in the use of innovative evaluation
methods.
Key words: Evaluation; Learning; Teaching.
Introdução
Ensinar e aprender são duas habilidades passíveis ao ser humano, tanto nos ambientes de
educação formal quanto informal. Em se tratando dos ambientes de educação formal – escolas do
ensino médio e fundamental – é premente que este processo ensino aprendizagem seja mediado por
professores dinâmicos, atualizados e motivadores e também por alunos interessados, flexíveis,
curiosos e responsáveis. Estas características farão com que o ensinar e o aprender se torne um
processo fácil, participativo, dialogado e motivador.
Fundamentação teórica
O processo ensino aprendizagem desenvolve-se em ambientes formais e
informais de ensino. Nesta perspectiva, o ensino pode ser compreendido como uma
especificidade humana que deve ser desenvolvida com segurança, “autoridade” e
competência profissional. Assim, no ambiente formal a didática contribui para redução
do fracasso escolar por meio de práticas pedagógicas (FREIRE, 1996).
No entanto, o professor não é proprietário do saber, por isso não pode
negligenciar a relação afetiva e amorosa, pois esta relação pode transformar as
dificuldades de aprendizagem em melhores resultados escolares. E também, ao
considerar que todos os seres humanos no mundo têm necessidade de ser valorizado e
amado (RIBEIRO, 2010). Segundo Paulo Freire (1996) o educador se move na
educação porque antes disso ele se move como gente. Desta forma, percebe-se que o
ensino é o objeto de trabalho da didática e o professor deve lançar mão de recursos
pedagógicos e didáticos para conduzir uma boa aprendizagem aos alunos. Além disso, o
professor deve, acima de tudo, gostar de sua profissão, realizar com amor e compaixão e
de forma ética com competência e segurança.
Então, para exercer a docência é preciso que o professor tenha domínio dos
assuntos trabalhados e criatividade para exercer a regência das disciplinas, pois pode
despertar a curiosidade dos alunos por refletir num conhecimento de mundo e de
universo. Desta forma, o processo ensino aprendizado deve ser pautado em aspectos
pedagógicos e didáticos que favoreçam o conhecimento existente do aluno, para, a partir
deste ponto conduzir os conhecimentos científicos.
Nas primeiras fases da vida são adotados pressupostos de aprendizagem em que
o ensino é central e o aprendiz é dependente, ao que denominou de pedagogia, uma área
do conhecimento que significa “a arte e ciência de ensinar crianças”. Na fase posterior
tem-se a andragogia, a qual significa “a arte e a ciência de ajudar adultos a aprender”, o
aprendiz nesta fase determina o que deseja aprender e o professor é apenas um monitor
71
ideias. Sendo o maior desafio, o dos professores descobrirem juntos com os alunos,
como se pode viver na escola trabalhando juntos e felizes, o carpie diem que todos
buscam (RAMAL, 2003).
Diante desta perspectiva, é premente a relevância da avaliação no processo
ensino aprendizagem, mas não apenas para verificar notas e sim para corroborar na
concretização deste processo de forma eficiente, reflexiva e colaborativa.
Metodologia
seminários...)? 3-Com estes métodos, o que você pretende avaliar nos alunos durante o
ensino-aprendizado? 4-Na disciplina que você leciona quem é avaliado no processo
ensino-aprendizagem (aluno, aluno e professor...)? Por quê? 5-Quais as dificuldades
encontradas na avaliação do processo ensino-aprendizagem e como você faz para
superar cada uma? 6-Com esta nova era tecnológica (internet, EAD, comunidades
virtuais...) você mudou ou adaptou a forma de avaliação do processo ensino-
aprendizagem? Por quê? 7-Para você professor “ENSINAR” e “AVALIAR” são
conceitos distintos ou complementares? Por quê? 8-“O professor, na perspectiva
pedagógica, é um elo fundamental do processo ensino-aprendizagem. Ele deve se
preocupar com o que o aluno aprende e não com o que ele ensina”. Você concorda com
a frase acima? Por quê?).
A coleta dos dados foi realizada por um graduando, o qual entregava os
questionários aos professores e ficava a disposição para quaisquer esclarecimentos. O
número de professores que participaram deste estudo foi determinada pela saturação das
respostas, ou seja, ao perceber a regularidade das respostas para as mesmas questões
(MINAYO; DESLANDES; GOMES, 2011). Assim, quatro professores fizeram parte
deste estudo.
A análise e tratamento dos dados foram realizados em três etapas: ordenação dos
dados, classificação dos dados e análise propriamente dita ao identificar os núcleos
temáticos por meio dos discursos (MINAYO; DESLANDES; GOMES, 2011) que se
complementavam. Para integrar a análise foi utilizada na descrição das características
dos professores a estatística descritiva (frequência absoluta e média).
Foram respeitadas as questões éticas e legais, preservou-se o anonimato tanto do
nome do município em que se localiza a escola quanto dos professores. Nos discursos
de cada professor foram utilizados a identificação P1, P2, P3 e P4, a qual não se refere a
nomes próprios.
Resultados e discussão
Os professores entrevistados lecionavam no ensino fundamental II e no ensino
médio de uma escola do interior da Bahia, entre eles dois eram do sexo feminino e dois
do sexo masculino, tinham em média 28,3 anos de trabalho, todos tinham graduação
completa, apenas dois fizeram especialização e esta foi em cursos na área de atuação do
professor. Dois professores ministravam disciplinas da área de Ciências Biológicas e
dois da área de Matemática (Tabela 1).
77
“[...] a maneira que o educador tem (arma) para testar o conhecimento do aluno
sobre o conteúdo trabalhado nesse percurso”. (P1)
Percebe-se nestes relatos que a maioria dos professores ainda utiliza da avaliação
como uma mera verificação de notas, como foi explicito pelo professor P1 que
comparou com uma “arma”. Além disso, o professor P4 utiliza como uma forma de se
autoavaliar e perceber avanços e retrocessos dos alunos. Embora, Luckesi (2008)
desenvolva a ideia de que a avaliação pode ser utilizada como um diagnóstico
diariamente para direcionar as práticas educativas e seu desenvolvimento no processo
ensino aprendizagem.
No estudo realizado por Savarego (2012) em Itapevi, a maioria dos professores
respondeu que a função da avaliação era direcionar o processo ensino aprendizagem
78
rumo aos objetivos propostos. Esta pode ser a realidade deste local, mas também, os
professores responderam um formulário com opções de respostas e isso pode conduzir a
respostas coerentes e distantes da realidade.
Em relação aos métodos de avaliação utilizados e o que pretende avaliar com
estes métodos foram apresentados os seguintes pelos professores:
Observa que dois professores relatastes dificuldades acerca dos alunos e dois
acerca de si mesmo. O que é contradiz ao encontrado por Lopes ([2010?], p.18) “os
professores ainda apresentam resistência em falar de si, como se a maioria dos
problemas enfrentados em sala de aula tivesse algo a ver somente com os alunos”. Desta
forma, percebe-se a resistência em falar de si por parte de alguns professores deste
estudo, embora a humildade em relatar suas próprias dificuldades possa ser fruto de suas
reelaborações teóricas e práticas.
Mas, em se tratando das atitudes para superar estas dificuldades ainda são
necessárias maiores intervenções pelos professores tanto em relação ao aluno quanto as
suas formas de avaliar. Estratégias em relação ao aluno podem ser estabelecidas
considerando-o como o centro do processo ensino aprendizagem, fazendo-o participar
da construção do conhecimento e ser o ator principal do desenvolvimento das avaliações
utilizando dos métodos citados anteriormente. Estratégias em relação ao professor
podem ser aprimoradas a partir da educação permanente destes professores, assim
como, a própria atualização baseada em teóricos especialistas em avaliação, pois a
avaliação qualitativa que é mensurada ela deve ter critérios estabelecidos antes de ser
aplicada.
81
“Não [concordo]. [...] tem de se acompanhar o novo. Primeiro que o aluno já traz o
conhecimento prévio, onde ele também conhece e o professor só ajuda a aprender e
para isso ele tem de se preocupar com o que vai ensinar”. (P1)
Embora dois professores concordem com a frase e dois não tenham concordado,
as justificativas deles enfatizam que as duas coisas são passíveis de preocupação – o que
o aluno aprende e o que o professor ensina. Com isso, a interação social e a mediação
do outro é relevante quando se trata do processo de aprendizagem entre humanos, sendo
necessária esta interação na escola para almejar o sucesso no processo ensino
aprendizagem (LOPES [2010?]).
Na observação percebeu-se que os professores utilizam métodos tradicionais de
avaliação e ensino como os testes, provas e seminários, não houve uso de recursos
tecnológicos para mediar atividades avaliativas e nem métodos inovadores. Além disso,
percebeu-se que ainda existem professores com ensino superior que tem extremas
dificuldades em utilizar os recursos tecnológicos e este pode ser também um dos
motivos da não utilização. Assim sendo, é necessário capacitações, cursos de
aperfeiçoamento e de recursos didáticos para favorecer a educação permanente dos
professores e o incentivo de métodos de avaliação inovadores.
O processo formativo pode domesticar os professores fazendo com que eles se
afastem da pesquisa e da criatividade, colaborando para o “construtivismo” como
prática de uma hipocrisia. Desse modo, os professores devem buscar uma formação
continuada para não se caracterizar naquele “passador de informação” (LEMES et al.,
2011). Ou seja, o professor deve mediar o conhecimento e estimular que os alunos
83
participem de todo processo ensino aprendizagem com atores participantes e não apenas
atores ouvintes deste processo.
Conclusão
Referências
AGUIAR, M.G.G.; CORDEIRO, T.M.S.C. Ensinar metodologia da pesquisa em saúde:
práticas inovadoras. In: Colóquio práticas inovadoras na universidade, 4. ed., Salvador,
p. 146-158, 2015. Anais... Salvador: DUFOP/UNEB, 2015. ISSN 2177-515X. CR-
ROM.
84