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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

UNIDADE ACADÊMICA DO CABO DE SANTO AGOSTINHO

EQUIPE CABOCLO AERODESIGN

Relatório de Estabilidade

Filipe Alan Silva de Oliveira

Cabo de Santo Agostinho, PE


Agosto de 2020
1. Introdução

Inicialmente, foram obtidos os dados necessários para as análises de Estabilidade,


provenientes dos outputs das áreas de Aerodinâmica, Cargas e Desempenho, como mostra
a tabela abaixo:

Descrição Sigla Valor


Corda média aerodinâmica 𝑐𝑚𝑎 0.421
Envergadura da asa 𝑏 2
Coeficiente angular da curva 𝑪𝒍 × 𝜶 𝑎1 4.176
Variação do Clh com o ângulo de ataque do HT 𝑎1ℎ𝑡 3.72
Posição do centro aerodinâmico em % de cma 𝑥𝑎𝑐 0.257
Razão de pressão dinâmica 𝜂 0.9
Área da asa 𝑆 0.8
Área da superfície horizontal 𝑆ℎ 0.35*S
Margem estática obtida em literatura 𝑀𝐸 0.2
Braço de alavanca da empenagem 𝐿ℎ𝑡 1.75
Variação do downwash por ângulo de ataque 𝑑𝜀 0.4
Alongamento AR 4
Corda do HT 𝐶ℎ𝑡 (1.2 − 𝑥𝑐𝑔 ∗ 1.2 ∗ 𝑐𝑚𝑎 − 𝐿ℎ𝑡 ∗ 𝑐𝑚𝑎)/0.75
Envergadura do HT 𝑏ℎ𝑡 𝐶ℎ𝑡 ∗ 𝐴𝑅
Ângulo entre o eixo e o vento relativo 𝛼 np.arange(-10, 10, 5)
Incidência da asa 𝑖𝑤 3/57.3
Ângulo de ataque 𝛼𝑤 𝛼 + 𝐼𝑤
Coeficiente de momento da asa 𝐶𝑚𝑤 -0.3425
Coef. de momento longitudinal da fuselagem 𝐶𝑚𝑓 0
Coeficiente linear Cl x alpha 𝑎0 0.9174
Coeficiente de sustentação do HT 𝐶ℎ𝑡𝑠 0.0642
Coeficiente de sustentação da asa 𝐶𝑙𝑠 0.0712
Tabela 1. Inputs de Estabilidade

Os dados acima foram utilizados na realização das análises necessárias para


garantir a estabilidade da aeronave.

2. Determinação, posicionamento e passeio do CG

Para determinar a localização do centro de gravidade da aeronave sem carga, foi


utilizada a equação 2.1, oriunda de manipulações matemáticas:

𝑆 𝑆
𝑎1 𝑥𝑎𝑐 +𝜂 𝑆ℎ 𝑎1ℎ𝑡 (1−𝑑𝜀)𝐿ℎ𝑡 −𝑀𝐸(𝑎1 +𝜂 𝑆ℎ 𝑎1ℎ𝑡 (1−𝑑𝜀))
𝑥𝑐𝑔 = (2.1)
𝑎1

Substituindo os valores contidos na tabela, para uma margem estática de 0.2, obtém-
se:

4.176 ∗ 0.257 + 0.9 ∗ 0.35 ∗ 3.72(1 − 0.4) ∗ 1.75 − 0.2 ∗ (4.176 + 0.9 ∗ 0.35 ∗ 3.72(1 − 0.4))
𝑥𝑐𝑔 =
4.176

𝑥𝑐𝑔 = 0.318
Para analisar o passeio do CG, deve-se variar a margem estática na equação 2.1, como
o valor obtido foi referente ao peso vazio, deve-se variar a ME para valores menores para
corresponder a pesos maiores, isto é, quanto maior o peso do avião, menor será a margem
estática ou mais perto estará o CG do ponto neutro.
Analisando no limite da estabilidade longitudinal estática, isto é, quando a margem
estática é igual a zero, temos:

𝑆
𝑎1 𝑥𝑎𝑐 +𝜂 ℎ 𝑎1ℎ𝑡 (1−𝑑𝜀)𝐿ℎ𝑡
𝑆
𝑥𝑐𝑔 = (2.2)
𝑎1

Para a equação 2.2, a posição do CG obtida foi:

𝑥𝑐𝑔 = 0.552

Analisando para valores de margem estática maiores que 0.2, impondo um limite de
0.25 (valores maiores do que isso são mais difíceis de se obter) e calculando nesse limite
através da equação 2.1, temos:

𝑥𝑐𝑔 = 0.259

Portanto, o CG está limitado entre 0.259 e 0.552 em porcentagem de CMA, para


0%<ME<25%.

3. Estabilidade Longitudinal Estática

Segundo [1], os parâmetros básicos para se garantir a estabilidade longitudinal


estática de uma aeronave são:

 𝐶𝑚𝛼 < 0 Coeficiente angular da curva 𝐶𝑚𝐶𝐺 vs 𝛼 negativo;


 𝐶𝑚0 > 0 Coeficiente de momento para ângulo de ataque nulo positivo.

Para analisar estes parâmetros, recomenda-se subdividir a aeronave em partes e


analisá-las separadamente. Abaixo seguem as análises das contribuições individuais da
asa, empenagem e fuselagem.

3.1 Contribuição da Asa

A análise da contribuição da asa para a estabilidade longitudinal estática pode ser feita
a partir da imagem abaixo:
Figura 1. Análise da contribuição da asa.
Realizando a análise dos momentos ao redor do centro de gravidade e
adimensionalizando através dos coeficientes, obtém-se a seguinte equação:
𝑥𝑐𝑔 𝑥𝑎𝑐
𝐶𝑚𝑐𝑔 = 𝐶𝑚𝑎𝑐 𝑤 + (𝐶𝐿0 𝑤 + 𝐶𝐿𝛼𝑤 𝛼𝑤 ) ( − ) (3.1)
𝑐̅ 𝑐̅

Comparando a equação 3.1 com a expressão linear para o momento de arfagem:


𝐶𝑚𝑐𝑔 = 𝐶𝑚0 + 𝐶𝑚 𝛼 𝛼 (3.2)

Temos as condições para a estabilidade longitudinal estática:


𝑥𝑐𝑔 𝑥𝑎𝑐
𝐶𝑚0𝑤 = 𝐶𝑚𝑎𝑐𝑤 + 𝐶𝐿0 𝑤 ( − ) (3.3)
𝑐̅ 𝑐̅
𝑥𝑐𝑔 𝑥𝑎𝑐
𝐶𝛼𝑤 = 𝐶𝐿𝛼𝑤 ( − ) (3.4)
𝑐̅ 𝑐̅

Para satisfazer as condições de estabilidade, a equação 3.4 precisa ser negativa,


logo, a posição do centro aerodinâmico da asa deve estar localizada atrás do centro de
gravidade (% cma maior). No entanto, na maioria das aeronaves, o CG está localizado
atrás do centro aerodinâmico e, dessa forma, as condições não são satisfeitas, portanto, a
asa contribui negativamente para a estabilidade longitudinal estática da aeronave.
Substituindo os dados da Tabela 1 e a posição do CG obtida para ME=0.2 nas
equações 3.3 e 3.4, temos:
0.318 0.257
𝐶𝑚0𝑤 = −0.3425 + 0.0712 ( − ) = −0.332
0.421 0.421
0.318 0.257
𝐶𝛼𝑤 = 4.176 ( − ) = 0.605
0.421 0.421
Como observado, os valores não satisfazem as condições de estabilidade, portanto
a asa contribui com um momento desestabilizante. Com esses valores é possível traçar a
curva de 𝐶𝑚 vs 𝛼, que representa a contribuição da asa para a estabilidade longitudinal
estática.
Figura 2. Curva Cm vs 𝛼 referente à asa.

3.2 Contribuição da Empenagem


A análise da empenagem pode ser feita de forma semelhante. Para uma empenagem
localizada atrás da asa, como é o caso do projeto atual, pode-se fazer a análise dos
momentos ao redor do CG a partir da imagem abaixo:

Figura 3. Análise da contribuição da empenagem.

Após algumas manipulações matemáticas, obtém-se a equação abaixo:


𝑑𝜀
𝐶𝑚𝑐𝑔𝑡 = 𝜂𝑉𝐻 𝐶𝐿𝛼𝑡 (ε0 + iw − it ) − η𝑉𝐻 𝐶𝐿𝛼𝑡 α (1 − 𝑑𝛼) (3.5)

Comparando com a equação 3.2 e aplicando as condições de estabilidade, temos:


𝐶𝑚0𝑡 = 𝜂𝑉𝐻 𝐶𝐿𝛼𝑡 (ε0 + iw − it ) (3.6)
𝑑𝜀
𝐶𝑚𝛼 𝑡 = −η𝑉𝐻 𝐶𝐿𝛼𝑡 α (1 − 𝑑𝛼) (3.7)
Onde:
𝐿ℎ𝑡 ∗ 𝑆ℎ
𝑉𝐻 =
𝑆 ∗ 𝑐𝑚𝑎
3.3 Contribuição da Fuselagem
Para determinar a contribuição da fuselagem na estabilidade longitudinal estática, são
utilizadas algumas equações obtidas por Munk e Multhopp, através de métodos
empíricos. Para se obter o coeficiente de momento da fuselagem na condição de ângulo
de ataque nulo, pode-se utilizar a equação abaixo:
(𝑘2 −𝑘1 ) 𝑥=𝑙
𝐶𝑚0𝑓 = ∑𝑥=0𝑓 𝑤𝑓2 . (𝛼0𝑤 + 𝑖𝑓 ) . Δ𝑥 (3.8)
36,5 . 𝑆𝑤 , ̅𝑐

A relação 𝑘2 − 𝑘1 representa fatores de correção que estão relacionados com a forma


da fuselagem e dependem da razão entre o comprimento 𝑙𝑓 e a largura máxima 𝑑𝑚𝑎𝑥 da
fuselagem.
Nelson [1] apresenta o seguinte gráfico da relação 𝑘2 − 𝑘1 e 𝑙𝑓 /𝑑𝑚𝑎𝑥 :

Figura 4. Determinação da relação 𝑘2 − 𝑘1 em função de 𝑙𝑓 /𝑑𝑚𝑎𝑥 .

Para se obter o 𝐶𝑚𝛼 da fuselagem, pode-se utilizar a equação abaixo:


1 𝑥=𝑙 𝜕𝜀𝑢
𝐶𝑚𝛼𝑓 = ∑𝑥=0𝑓 𝑤𝑓2 . . Δ𝑥 (3.9)
36,5 . 𝑆𝑤 , ̅𝑐 𝜕𝛼

𝜕𝜀𝑢
A relação representa a variação do ângulo de escoamento local em função do
𝜕𝛼
ângulo de ataque, essa relação varia ao longo da fuselagem e, segundo [1], pode ser
estimada de acordo com o gráfico abaixo:

𝜕𝜀𝑢
Figura 5. Determinação da relação
𝜕𝛼
Referências Bibliográficas

[1] NELSON, R. C. Flight Stability and Automatic Control. Boston: McGraw-Hill,


1998.

[2] RODRIGUES, L. E. M. J. Fundamentos da Engenharia Aeronáutica. São Paulo:


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo, 2009.

[3] PAMADI, B. N. Performance, Stability, Dynamics and Controls of Airplanes.


Reston: American Institute of Aeronautics and Astronautics, 1998.

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