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NOME DA UNIVERSIDADE

Nome do Curso

Nome do Aluno
Nome do Aluno

O USO DO BLOCKCHAIN NO SISTEMA DE


VOTAÇÃO ELEITORAL

Cidade, Sigla Estado


ANO
NOME DA UNIVERSIDADE
Nome do Curso

Nome do Aluno
Nome do Aluno

O USO DO BLOCKCHAIN NO SISTEMA DE


VOTAÇÃO ELEITORAL

Cidade, Sigla Estado


ANO
RESUMO

Esse trabalho tem por objetivo estudar e explicar como a tecnologia de


blockchain poderia ser utilizada da melhor forma nos processos eleitorais
brasileiros. Além de ser feito um estudo de caso de um projeto experimental de
sistema eleitoral baseado em blockchain e compreender o funcionamento do
blockchain.

Palavras-chave: Blockchain. Sistema Eleitoral Brasileiro.


ABSTRACT

This paper aims to study and explain how blockchain technology could best be
used in Brazilian electoral processes. In addition to doing a case study of an
experimental blockchain-based electoral system project and understanding the
operation of the blockchain.

Keywords: Blockchain. Brazilian Electoral Processes.


SUMÁRIO

LISTA DE ABREVIATURAS................................................................................6

LISTA DE FIGURAS............................................................................................7

2 BLOCKCHAIN...............................................................................................9

3 O BLOCKCHAIN NO SISTEMA ELEITORAL............................................12

4 CONCLUSÃO..............................................................................................19

REFERÊNCIAS..................................................................................................20
LISTA DE ABREVIATURAS

API – Interface de Programação de Aplicações


CEO – Chief Executive Officer
CIA – Central Intelligence Agency
CPF – Cadastro de Pessoa Física
DATAPREV – Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social
DLT – Distributed Ledger Technology
IOT – Internet of Things
NIST – National Institute of Standards and Technology
P2P – Rede Peer-to-Peer
SHA-2 – Secure Hash Algorithm
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Arquitetura de Rede


P2P.....................................................................20
1 INTRODUÇÃO

O blockchain é uma tecnologia de banco de dados também conhecida


como “livro de registros públicos” (MONEGRO, 2014), em que todas as
transações confirmadas são armazenadas por conjuntos de dados em
unidades chamadas blocos. Ele também é constituído de listas não-
adulteráveis de transações que são encapsuladas e criptografadas com níveis
de segurança altíssimos. Sua estrutura permite que diferentes dispositivos
realizem transações entre si em uma rede de computadores na qual ninguém é
validado por uma instituição central, ou seja, é uma rede descentralizada. Ele
funciona com uma combinação de rede peer-to-peer, mecanismos de
consenso, criptografia e mecanismos de mercado. O blockchain pode realizar
handshakes entre dispositivos não-confiáveis, o forte uso de criptografia, em
conjunto com mecanismos de consenso, traz a credibilidade por trás de todas
as interações na rede.
Esse trabalho tem por objetivo geral estudar e explicar como a
tecnologia de blockchain poderia ser utilizada da melhor forma nos processos
eleitorais brasileiros. Como objetivos específicos deverá ser feito um estudo
de caso de um projeto experimental de sistema eleitoral baseado em
blockchain e compreender o funcionamento do blockchain.
Como metodologia foi utilizada a pesquisa indutiva. Os procedimentos
de pesquisa utilizados foram: 1) Estudo de caso (do sistema experimental
Votechain); 2) Pesquisa bibliográfica (para compreender e explicar o
funcionamento das tecnologias abordadas, como blockchain, entre outros); 3)
Pesquisa de levantamento (para entender se o método já foi utilizado ou não.)
Esse trabalho foi divido em: introdução, dois capítulos destinados à
explicação das tecnologias e estudo de caso e conclusão.
2 BLOCKCHAIN

Blockchain é uma espécie de base de dados distribuída que retém


registros de informações perpétua e inviolável [GUSSON, 2018]. Essa base de
dados compõe-se de duas formas de registros: transações individuais e em
blocos. O bloco é a parte “física” de um blockchain, nele são registrados todas
as informações e transações recentes, sendo mais tarde armazenados
permanentemente no banco de dados. Toda vez que uma transação é
concluída dentro de um bloco, um novo bloco é criado, assim gerando uma
infinidade de blocos dentro desse esquema. Os blocos são ligados entre si,
gerando uma cadeia, daí o nome blockchain (cadeia de blocos, em tradução
livre.)
De modo geral, o blockchain é um banco de dados distribuído que
obteve seu primeiro destaque o funcionamento do Bitcoin, a pioneira entre as
criptomoedas, criada por Satoshi Nakamoto, em 2008. Ele foi lançado em 2009
como o “fonte” do Bitcoin em código aberto. Ele pode ser dito como um
agrupamento de registros composto de duas partes, uma rede peer-to-peer
(P2P) e um banco de dados descentralizado.
Uma rede P2P é uma arquitetura de redes que compartilha tarefas,
trabalho, ou arquivos entre seus pares, onde pares são dispositivos da rede
com privilégios e influência com a mesma importância no ambiente
computacional. Nessa rede cada usuário é chamado de nó e coletivamente
eles compõem uma “rede par-a-par de nós.” Na tecnologia de blockchain a
rede peer-to-peer é uma série de usuários e servidores onde cada um atua
como um nó na rede como um todo. Assim, quando uma nova “transação”
entra na rede, a informação nesta mensagem se alastra entre todos os nós
dessa rede. Como essa informação geralmente é criptografada e privada, não
há como rastrear quem colocou essa informação na rede, há apenas como
verificar sua validade. Isso faz a rede ser descentralizada, então não há um
ponto de falha único na rede, o que significa que se ocorre uma falha já existe
uma “cópia” de toda a informação compartilhada pelos usuários.
Figura 1: Arquitetura de Rede P2P1

Para compreender melhor o que é um blockchain é necessário


compreender as tecnologias por trás desse tipo de rede. Elas são:
a. Chaves criptográficas: Segundo Stallings (1990), criptografia é,
[...] o estudo e prática de princípios e técnicas para
comunicação segura na presença de terceiros, chamados
"adversários”. Geralmente a criptografia refere-se à construção
e análise de protocolos que impedem terceiros, ou o público,
de lerem mensagens privadas. (STALLINGS, 1990)

A criptografia utilizada no blockchain é o SHA-2, um algoritmo de hash


seguro, que são operações matemáticas executadas em dados digitais;
comparando o hash computado (a saída de execução do algoritmo) a
um valor de hash conhecido e esperado, uma pessoa pode determinar a
integridade dos dados. Por exemplo, calcular o hash de um arquivo
baixado e comparar o resultado com um resultado hash publicado
anteriormente pode mostrar se o download foi modificado ou adulterado
[NIST, 2015].

b. Rede distribuída: são redes onde não existem centros e qualquer nó da


rede pode receber e disseminar a informação para qualquer outro nó.

1
Fonte: SOARES, Rodrigo. Disponível em: <:https://medium.com/rodrigo-
soares/blockchain-visão-arquitetural-4df7363fd42b>. Acesso em: 11 out. 2019.
Elas são utilizadas em organizações governamentais e bancárias, nessa
rede o poder e o controle são distribuídos pelos nós e sua principal
característica é que ninguém é dono da rede.

c. Bloco e incentivo: quando o usuário tem uma transação a ser resolvida


ela é enviada a uma rede que irá processar esta transação e, para tanto,
a rede recebe um incentivo, assim ao resolver a transação, ela é
inserida junto ao histórico de todas as outras transações válidas criando
um grande “livro”, contendo todo histórico da rede.

Por esses motivos as Blockchains são chamadas DLT – Distributed


Ledger Technology, ou seja, “tecnologia de livro distribuído.” Entendendo o que
significa blockchain, no próximo tópico será explicada a utilização da tecnologia
no sistema eleitoral.
3 O BLOCKCHAIN NO SISTEMA ELEITORAL

Segundo a CIA (2019), Serra Leoa é um país da África Ocidental que


abrange uma área total de 71.740 km² e sua população é estimada em
5.879.098 habitantes. É uma república constitucional com quatro províncias e
tem savanas e florestas tropicais.
Serra Leoa teria sido o primeiro país do mundo a utilizar a tecnologia de
blockchain (em 2018) para auditar os resultados de eleição presidencial. Para
autenticar as eleições foi utilizada a tecnologia de blockchain nacional e a
audição foi observada por uma empresa suíça chamada “Agora”, a verificação
dos votos foi feita em tempo real, mas o sistema só foi utilizado na capital do
país, Freetown, a cidade mais populosa do país. Os votos foram registrados
como blocos em um arquivo de blockchain privado mantido pelo sistema
eleitoral do país, onde apenas pessoal autorizado tinha acesso ao arquivo, e
qualquer modificação nesse sistema deixaria rastros, assim a probabilidade de
fraude seria quase nula.
Porém, logo após as eleições essa informação foi desmentida pelo CEO
da empresa Agora, Leo Gammar (2018), “houve alguma falta de comunicação
em nosso nome, e acho que aprendemos muito por causa disso. Cometemos
alguns erros ao falar com jornalistas e, quando procuramos esclarecer, já era
tarde demais.”
Infelizmente nenhuma eleição foi auditada com o blockchain para ser
compreendida a tecnologia na prática, mas existem muitos estudos explicando
como seria útil a utilização do blockchain na auditoria de uma eleição
democrática, inclusive existem programas experimentais e universitários que
simulam esse propósito, um deles chamado Votechain e desenvolvido em 2019
por Thúllio Sousa na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, será
ligeiramente explicado no tópico abaixo.

3.1 Votechain
A plataforma Votechain foi desenvolvida experimentalmente pelo aluno
Thúllio Sousa na Universidade Federal do Rio Grande do Norte como
monografia do curso de Engenharia da Computação.
O sistema foi desenvolvido com ferramentas auxiliares como frameworks
de desenvolvimento web, gerenciadores de tarefas assíncronas, agendadores
automáticos de tarefas e bancos de dados. Cada aplicação possuirá uma série
de funcionalidades distintas, que visam compreender as necessidades de seus
usuários, serão duas aplicações, um cliente e um nó.
O escopo do cliente do Votechain é composto dos seguintes itens:
permitir registro dos eleitores na aplicação e gerar seu par de chaves; permitir
que o eleitor vote em um cargo específico; validar a identidade do eleitor e de
seu voto; gerar assinatura digital para o voto, caso sejam validados os dados
anteriores; enviar número do título de eleitor e assinatura gerada para o
primeiro nó de rede conhecido e disponível; guardar apenas os dados
validados pelo sistema.
Já o escopo do nó do Votechain terá as seguintes funções num cenário
eleitoral: estar sempre disponível à aplicação dos leitores a fim de receber,
validar e guardar os votos; reenviar votos válidos para todos os nós conhecidos
e próximos; minerar os blocos de votos de maneira periódica; criar blocos
novos com os votos que ainda não estão na cadeia; verificar se o nó conhecido
possui uma blockchain mais atualizada que a dele mesmo e agir de acordo
com as possibilidades (a. A blockchain do nó conhecido é válida e possui um
bloco a mais que a sua, nesse caso, deve-se incorporar este último bloco à sua
cópia da blockchain; b. A blockchain do nó conhecido é válida e possui mais de
um bloco a mais que a sua, então deve-se substituir a sua cópia da blockchain
pela do nó conhecido); guardar uma cópia completa da melhor blockchain da
rede.
Para a implementação do sistema foram necessárias duas aplicações de
cliente e quatro aplicações para os nós. Foi utilizado um computador que rodou
uma aplicação cliente na porta 9000 e uma aplicação para os nós na porta
8000; foi utilizada uma segunda máquina para a aplicação dos clientes que foi
executada em um contêiner dedicado à aplicação e mapeada para a porta
9001 da máquina central; foram também utilizadas três máquinas distintas para
a aplicação dos nós, que foram executadas em containers dedicados e
diferentes, onde cada um deles foi mapeado para as portas 8001, 8002 e 8003,
respectivamente, da máquina local. O primeiro passo dessa simulação é o
cadastro do eleitor na aplicação de cliente, em seguida uma urna de eleição
(um dos nós) deve estar disponível para receber os votos do eleitor. No caso
de informações válidas, o título de eleitor e assinatura digital serão enviadas ao
outro nó disponível. Para se adicionar um nó à uma aplicação cliente, esta
verifica se o IP e a porta inseridos, realmente representam um nó. Caso
representem, ainda deve ser conferido se este nó é válido. Durante qualquer
momento do processo eleitoral, é possível visualizar o resultado parcial,
baseando-se nos votos realizados, validados e já minerados, esses votos
estarão disponíveis dentro da lista de blocos do nó e estão acessíveis a partir
de uma aba específica da aplicação.
Após implementação experimental do sistema obteve-se o resultado
considerado satisfatório por ter cumprido as metas de segurança e
auditabilidade.

3.2 O blockchain na administração pública

O blockchain pode ser utilizado em várias áreas profissionais, porém na


administração pública seu uso tem sido crescente. No Brasil a Empresa de
Tecnologia e Informações da Previdência Social (DATAPREV), desenvolveu
um serviço de troca de informações com base no número de Cadastro de
Pessoa Física (CPF), chamado b-CPF, ou seja, CPF com base em blockchain.
Tem-se a previsão de que até dezembro de 2019 esse sistema esteja sendo
utilizado amplamente em todo território brasileiro. Essa solução visa simplificar
o processo de disponibilização da base de dados do CPF através de
mecanismos seguros, integrados e eficientes.
Segundo o DATAPREV (2018), a tecnologia de blockchain,
[...] permitiu a equipe técnica conceber e implementar a
solução em apenas quatro meses, utilizando tempo menor e
entregas mais rápidas, customizado para o ambiente da
Receita Federal. Quatro tipos de tecnologias foram utilizados
no projeto: marketplace, APIs, nuvem e o blockchain. A nova
ferramenta muda a forma de compartilhamento dos dados de
pessoa física para todos os entes de governo eliminando
cópias físicas, mantendo cópias digitais via blockchain com a
segurança proporcionada por esta. A solução prevê ainda a
utilização de smart contracts (contratos inteligentes), com
funcionalidades e controles adicionais que tornam o bCPF
seguro e viável. Esta implementação é um dos primeiros
passos rumo ao necessário compartilhamento de dados e
mostra que a tecnologia ainda tem muito a contribuir com a
Administração Pública Federal Brasileira. (DATAPREV, 2018)

Também é utilizada a tecnologia de blockchain em cartórios, instituições


privadas que prestam serviços de notas e registros para pessoas físicas com
base na regulamentação federal pela Lei de Nº 8.935, outorgada em 18 de
novembro de 1994. Existem dois profissionais num cartório que podem
oferecer serviços, eles são o notário e o tabelião. Os serviços notariais e de
registros têm por fim "garantir a publicidade, autenticidade, segurança e
eficácia dos atos jurídicos" [BRASIL, 1994] e aquele delegado ao exercício da
atividade é dotado de fé pública, assim percebe-se, que o cartório atua como a
terceira parte confiável de tais serviços.

A necessidade de inserir uma terceira parte na formalização de negócios


ou no registro de notas não traz somente benefícios, mas também pode criar
obstáculos e custos exorbitantes para as partes interessadas já que os trâmites
burocráticos e os valores praticados muitas vezes auxiliam e chegam até a
inviabilizar negócios e práticas comuns, como casamentos e registros de
nascimento. A comunicação entre cartórios no país é precária, assim como a
comunicação em e entre a maioria os órgãos públicos. Um exemplo dado pelo
site da Instituição Valorize Vida (2017),

[...] quando o cliente vem a falecer, o banco só registra a


informação em seu sistema quando recebe o atestado de óbito.
O lapso temporal entre a morte, a emissão do atestado de
óbito e a apresentação do registro no Banco deixa tanto a
instituição financeira quanto os recursos do falecido expostos a
riscos que poderiam ser evitados em caso de comunicação
imediata. (Valorize Vida, 2017)

Porém, como a tecnologia blockchain pode auxiliar nos serviços


oferecidos pelos cartórios brasileiros? Já que o blockchain funciona como um
livro-razão e todos os nós possuem uma cópia desses dados, os problemas de
comunicação seriam resolvidos ou minimizados caso todos os cartórios
tivessem seu sistema interligado e seus dados disponibilizados nos nós dessa
rede. Assim, as instituições que tiverem seus nós interligados, sejam elas
organizações públicas, privadas ou população, todos seriam beneficiados por
um serviço ágil e com menos burocracia. Infelizmente essa implementação não
seria simples devido aos problemas de vazão (ou taxa de transferência) e
também o fato de que o blockchain não é um banco de dados eficiente para
armazenamento de grande quantidade de informações, então para que os
benefícios da cadeia de blocos sejam utilizados nessas organizações se faz
necessária a construção de um sistema que armazene as informações em um
banco de dados e utilize o blockchain para validar esses os dados,
aumentando a auditabilidade e a confiabilidade. Apesar da grande dificuldade a
discussão está sendo realizada e pode ser implementada até 2022 em alguns
cartórios específicos do país.
O que se conclui utilizar a tecnologia de blockchain nos órgãos públicos
ou terceiras-partes de serviços ao público, é o exponencial aumento da
segurança. Então, ao invés de serem preenchidos formulários replicados de
servidor para servidor, se o cartório obtiver as chaves do usuário, os dados
serão criptografados e autenticados pela rede. Assim, as empresas que
solicitam os dados para identificação, não precisariam estar em posse de
informações de seus clientes, podendo somente receber a confirmação da
autenticidade pela rede de blockchain. Dessa forma, o usuário terá total
controle de suas informações privadas.

3.3 Uso do Blockchain nas eleições


Uma eleição utilizando a tecnologia de blockchain seria de grande
interesse público, devido a transparência, agilidade, desburocratização e
enorme redução de custos no processo.
Segundo Bassoto (2018), para que o blockchain seja utilizado nas
eleições o governo deverá desenvolver uma aplicação ou contratar uma
empresa para que ela seja feita de forma satisfatória. Essa plataforma, ou
aplicação, deverá oferecer ao eleitor uma espécie de “token” (que será validado
como voto) e uma identificação, como o próprio título de eleitor. Também será
necessária uma autenticação de identidade, que poderá ser feita por um hash
ou outra situação parecida. E caso o eleitor tenha votado errado ou feito uma
escolha diferente do que desejava, poderia ser programada uma condição que
possibilite o retorno do voto para um único eleitor, então ele votaria novamente
sozinho, não sendo necessária uma nova eleição por conta de somente um
voto errôneo.
O processo de eleições poderia ser feito totalmente remoto, por
smartphones ou computador, o que diminuiria drasticamente o custo da
eleição. Porém também poderia ser feita com dispositivos diferenciados (como
urnas eletrônicas adaptadas) em locais pré-definidos, mas toda a redução de
custos seria perdida.
Após o desenvolvimento de toda a base, seria necessário encontrar uma
maneira de vincular a identidade do eleitor com a chave pública criptografada
dele, o que tornaria os votos secretos e ao mesmo tempo auditáveis. Como o
país já está em processo de reconhecimento biométrico para as eleições,
assim bastaria registrar os eleitores na plataforma, gerar os “tokens” de acordo
com a quantidade de eleitores cadastrada e a quantidade de candidatos que
eles deverão votar. No caso de eleições presidenciais, cada eleitor deverá ter
cinco “tokens” (um para cada cargo disponível para votação nas eleições) e
cada carteira deverá aceitar somente um “token” por chave pública, ou seja, um
“token” por cargo e uma chave por eleitor. Cada candidato teria um endereço,
assim, o eleitor faz a transação de um “token” para o endereço do candidato
que ele votou, então, como a transação seria feita em blockchain, ela é
imutável, auditável e confidencial.
No dia da eleição, bastaria liberar o acesso à plataforma e permitir que a
votação seja realizada. O eleitor que não conseguir se conectar à Internet,
deverá ir até uma zona eleitoral para votar utilizando a plataforma de forma
fixa, numa urna eletrônica ou dispositivo que o valha. Depois de fechado o
período para votação, seria liberado um site e através dele, os eleitores
poderiam consultar os votos e conferir a apuração, que seria feita de forma
automática.
Os aspectos positivos já foram explicados acima, porém também
existem aspectos negativos nesse tipo de tecnologia aplicada às eleições.
Apesar de ser uma tecnologia muito segura, os pontos que mais causam
preocupação são exatamente a segurança dos dados. O maior problema seria
a segurança da urna eletrônica, que poderia ser facilmente corrompida e assim
contabilizar e apurar os números diferente do que foram votados. O blockchain
é um banco de dados, e apesar de toda a segurança implementada, ele não
tornaria a eleição de fato mais segura do que já é. Para resolver esse problema
poderia se criar chaves públicas únicas vinculadas à um eleitor, mas isso não
resolve o problema da coerção, que existe no Brasil há séculos. Outro
problema é o meio pela qual a informação chegará à essa rede, caso seja
utilizada uma plataforma para votação, nada garantiria que o voto digitado
chegará exatamente como o pedido no sistema. Esse problema poderia ser
resolvido com condições bem definidas. Ainda assim poderia haver fraudes,
caso haja erros de audição. Há ainda o problema de que mais de 30% da
população brasileira ainda não utiliza ou tem acesso à Internet, o que
dificultaria o voto remoto e a diminuição dos custos.
4 CONCLUSÃO

Blockchain é uma base de dados distribuída que mantém uma cadeia de


dados e registros expansível. A rede é criptografada e protegida contra
adulteração, revisão e exclusão. Os blocos que compõem a cadeia,
processados continuamente à medida do tempo, contém hashes que fazem
uma ligação e indicam o que há nessa base de dados. A mistura de
transações, blocos e descentralização de dados nessa rede permite grandes
oportunidades em diversas áreas.

Assim, para utilizar essa tecnologia num processo eleitoral é necessário


que seja feita uma análise completa de todo o âmbito eleitoral e do país,
levando em conta o problema da conexão à Internet e do acesso do eleitor aos
dispositivos necessários para esse processo.

As redes baseadas em blockchain é uma tecnologia promissora. Os


ramos industriais, de agronomia, finanças, logística e outros serão amplamente
afetados pela transformação que a tecnologia propõe, sendo que algumas
áreas já utilizam o blockchain em suas cadeias de suprimentos. Porém ainda
há grandes desafios em relação à sua aplicação em processos eleitorais.
Infelizmente a tecnologia ainda não está preparada para ser utilizada em larga
escala, mas é possível que a implementação seja feita aos poucos, em
pequenas aplicações de blockchain em eleições com poucos eleitores,
experimentalmente, até que a tecnologia seja amplamente conhecida e
confiável.
REFERÊNCIAS

BASSOTO, Lucas. Como seria o uso do blockchain nas eleições? Brasil.


2018. Disponível em: <https://cointimes.com.br/uso-de-blockchain-em-
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<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8935.htm>. Acesso em: 11 out.
2019.
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Estados Unidos da América. 2019. Disponível em:
<https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/geos/sl.html>.
Acesso em: 11 out. 2019.
DATAPREV, Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social.
Dataprev desenvolve solução com tecnologia Blockchain para
compartilhamento da base CPF. 2018. Brasil. Disponível em:
<https://portal.dataprev.gov.br/dataprev-desenvolve-solucao-com-tecnologia-
blockchain-para-compartilhamento-da-base-cpf>. Acesso em: 11 out. 2019.
GAMMAR, Leo. Twitter @AgoraBlockchain. Quem criou a história do
Blockchain nas eleições de Serra Leoa? 2019. Brasil. Disponível em:
<https://br.cointelegraph.com/news/sierra-leones-fake-blockchain-election-
hasnt-damaged-the-technologys-reputation>. Acesso em: 11 out. 2019.
GUSSON, Cassio. O que é blockchain? Entenda mais sobre a tecnologia.
Brasil, 2018. Disponível em: <https://www.criptofacil.com/o-que-e-blockchain-
entenda-mais-sobre-a-tecnologia/>. Acesso em: 10 out. 2019.
INSTITUTO VALORIZE VIDA. Tudo o que você precisa saber sobre a
certidão de óbito. Disponível em: <http://valorizeavida.org/familia/luto/tudo-o-
que-voce-precisa-saber-sobre-certidao-de-obito/>. Acesso em: 11 out. 2019.
NIST, National Institute of Standards and Technology – U.S. Department of
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em: <:https://medium.com/rodrigo-soares/blockchain-visão-arquitetural-
4df7363fd42b>. Acesso em: 11 out. 2019.
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MONEGRO, J. Blockchains and the Internet of Things. 2014. Disponível em:
<http://postscapes.com/blockchains-and-the-internet-of-things>. Acesso em: 11
out. 2019.

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