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CIDADANIA NO BRASIL
CURITIBA
2010
Capítulo III – Passo atrás, passo adiante (1964/1985)
De acordo com o autor, os períodos de 1937 e 1964 se assemelham pela ênfase dada
aos direitos sociais e pela forte atuação do Estado na promoção do desenvolvimento
econômico. O período militar é descrito em três fases, sendo que: a) a primeira fase vai de
1964 a 1968, governo do general Castelo Branco e primeiro ano de Costa e Silva, e se
caracteriza pela intensa atividade repressiva seguida de abrandamento; b) a segunda fase vai
de 1968 a 1974, governo de Garrastazu Médici, autoritário e truculento, que são os anos mais
sombrios do pais do ponto de vista dos direitos civis e políticos, um governo autoritário, com
grande repressão política e grande crescimento econômico, ainda que o salário continuasse a
decrescer; e, c) a terceira fase vai de 1974 a 1985, governos de Ernesto Geisel e João
Figueiredo, é caracterizado pela tentativa de liberalizar o sistema contra a forte oposição dos
órgãos de repressão.
O período de 1964/1974 foi marcado pela “intensa atividade governamental na área
política para suprimir os principais focos de oposição e conter a inflação”. Após o golpe de
1964, os direitos civis e políticos foram atingidos pelas medidas de repressão e os
instrumentos legais para isto foram os “atos institucionais”, feitos pelos presidentes militares.
O AI-1 foi introduzido em 1964, que instituiu a cassação dos direitos políticos e o perigo
comunista era a desculpa para justificar a repressão; o AI-2 em 1965 aboliu a eleição direta
para presidente, dissolveu os partidos políticos e criou um sistema de dois partidos; c) o AI-5,
o mais radical de todos e que mais atingiu os direitos políticos e civis: fechou o congresso e o
presidente general Costa e Silva passou a governar ditatorialmente, e, aboliu o Habeas corpus
para crimes contra a segurança nacional.
Neste período foi introduzida a censura previa nos meios de comunicação, instituição
da pena de morte por fuzilamento, cassação de mandatos e demissões sumaria de funcionários
públicos. A Igreja católica, por seu poder e influência, foi capaz de oferecer resistência e se
tornou o principal foco de oposição legal. O sistema bipartidário, criado em 1966, a ARENA
(partido do governo) aprovava as leis e legitimava todos os candidatos a presidente impostos
pelos militares; o MDB (a oposição) ao mesmo tempo em que emprestava legitimidade ao
regime, de outro lado tentava protestar contra as propostas que agrediam a democracia.
Para manter o Congresso aberto os militares conservaram as eleições legislativas, com
restrições, mas as outras foram suspensas, só voltando a ser realizar quase 30 anos mais tarde.
Entretanto, para manter a maioria no Congresso, os generais mudavam as leis. Houve um
aumento significativo no número de eleitorado durante este período.
O crescimento econômico foi significativo de 1968 a 1976, e uma onda de
nacionalismo xenófobo e reacionário percorreu o país durante este período. Com este
crescimento rápido as desigualdades sociais aumentaram.
Ao mesmo tempo em que cerceavam os direitos políticos e civis, os governos militares
investiam a expansão dos direitos sociais, e foi criado o INPS, Funrural, FGTS, BNH, e em
1974 o Ministério da Previdência e Assistência Social.
Em 1974 o governo Geisel deu indicações que estava disposto a promover um lento
retorno a democracia. Ele permitiu propaganda eleitoral livre paras as eleições legislativas e o
resultado foi que o governo saiu derrotado nas eleições para o senado, onde o MDB ganhou
16 das 22 cadeiras. Na cama de deputados o MDB elevou sua bancada para 165 deputados.
Em 1978 o Congresso votou o fim da AI-5, o fim da censura, e o restabelecimento d4eo
habeas corpus para crimes políticos.
Em 1979, no governo de João Figueiredo, foi votada a lei de anistia e foi abolido do
bipartidarismo forçado, desaparecendo a Arena e MDB, dando lugar a seis novos partidos.
Em 1982 foram permitidas eleições diretas para governadores, junto com as eleições para o
Congresso. Houve muitas manifestações de partidos, órgãos e organizações importantes, que
junto à mobilização popular lutaram pelas eleições diretas em 1984. Tancredo neves foi eleito
presidente e assim terminou o ciclo dos governos militares.
BIBLIOGRAFIA
CARVALHO, José Murilo de. Cidadania no Brasil: o longo caminho. 11 ed., Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, 2008 (Cap. 3 e 4).