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A colocação de um cartum com conteúdo pornográfico em uma prova de geografia para crianças de mais de 170 escolas do 1º ano do ensino
fundamental de Curitiba, com idade média de seis anos, constrangeu professores que procuraram o Sindicato dos Servidores do Magistério
Municipal de Curitiba (Sismmac) para reclamar. A Secretaria Municipal de Educação, responsável pelas provas aplicadas no dia 12, instaurou
procedimento administrativo para identificar o responsável por incluir a gravura na prova e as motivações que levaram a essa escolha.

A segunda questão da prova, que serve apenas como avaliação interna para que os professores melhorem as práticas pedagógicas e não se traduz
em notas para aprovação ou não das crianças, pretendia fazer com que os alunos relacionassem a moradia das pessoas às atividades profissionais
que exercem. Entre as figuras estavam uma fazenda, de um lado, e um fazendeiro, do outro. Mas a gravura escolhida foi uma do chargista Dan
Collins, um dos que contribuem para a revista pornográfica norte-americana Hustler.

Nela, um fazendeiro aparece vestido com um macacão e alimentando aves. No entanto, o órgão sexual é destacado por baixo da vestimenta e
algumas das galinhas aparecem com os olhos esbugalhados e as cloacas dilaceradas, o que leva à conotação de prática sexual. "É uma situação
constrangedora", reconheceu a chefe da Superintendência de Gestão Educacional da Secretaria Municipal da Educação de Curitiba, Meroujy
Cavet. "Assumimos o erro, consideramos grave, lamentamos e pedimos desculpas à comunidade escolar".

Ela informou que foi aberto um processo administrativo. "A conclusão será divulgada porque a comunidade merece uma satisfação", disse. Mas,
segundo Meroujy, diretores de núcleos comunicaram que as crianças não chegaram a perceber a conotação sexual da charge, em razão de a
impressão ser pequena e estar em preto e branco. "É imperceptível", afirmou. "Mas, de qualquer forma, aconteceu e lamentamos o fato". De
acordo com ela, a exoneração, ontem, da ex-chefe do Departamento de Ensino Fundamental, Nara Salamunes, teria sido apenas "coincidência",
sem qualquer relação com esse fato.

A diretora de Política do Sismmac, Maira Beloto de Camargo, disse que esse episódio mostra a necessidade de a secretaria ter critérios mais
aprimorados para as avaliações. Para ela, a prova aplicada no início e no fim do ano não demonstra preocupação com a aprendizagem, mas teria
apenas o objetivo de colocar as escolas em uma boa posição no ranking de avaliações feitas nacionalmente. "Não se leva em conta o projeto
político-pedagógico, a aprendizagem, mas só se avalia o sistema de ensino", criticou. Professores procurados hoje preferiram não comentar o
fato.

O psicólogo e mestre em Educação Marcos Meier disse que a exposição de imagens pornográficas a crianças de seis anos é uma "agressão
psicológica" e precisa ser considerada dessa forma. Mas, segundo ele, o efeito que isso causa na criança não pode ser superdimensionado.
"Tenho a impressão de que a maioria não entendeu a figura", disse. Apesar disso, e mesmo elogiando o trabalho da secretaria, ele reforçou que se
trata de um "erro grave". "É reconhecida a alta qualidade do ensino em Curitiba, mas pisaram na bola e não poderia ter acontecido", criticou. "A
educação é algo sério demais para deixar nas mãos de pessoas não responsáveis", acrescentou.

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