Geografia Tríplice aliança – O ciclo do “milagre brasileiro”
cristalizou um modelo industrial baseado em uma tríplice aliança, da qual faziam parte o capital es- Professor Paulo BRITO tatal, os conglomerados transnacionais e o gran- de capital nacional. O tripé conjugava os interes- Aula 44 ses dos oligopólios que lotearam o mercado brasileiro; as empresas transnacionais domina- A indústria vam o setor de bens de consumo duráveis, o As empresas transnacionais e os investimen- Estado atuava no setor de bens de produção, e tos estatais o capital privado nacional estava presente, prin- cipalmente no setor de bens de consumo não- 01. (UFMT) Sobre a industrialização brasileira, Plano de Metas – O governo de Juscelino Kubits- duráveis. analise as proposições, assinalando V chek (1956-61) será sempre lembrado pela obses- são industrialista do Plano de Metas, sintetizada O Estado desempenhou funções estruturais na (verdadeiro) ou F (falso): na rumorosa campanha publicitária dos “50 anos tríplice aliança. Ao longo do esforço industrial, ( ) A grande disponibilidade de mão-de- em 5”. Essa fase heróica representou a maturi- do pós-guerra e, principalmente, nas duas déca- obra imigrante e um eficiente sistema dade industrial do Brasil, mas também uma reo- das do regime militar, entre 1964 e 1984, as em- de transporte nas antigas áreas produ- rientação radical: a abertura do País aos investi- presas estatais assumiram a hegemonia na side- toras de café favoreceram o surgimen- mentos estrangeiros diretos tomava o lugar do rurgia, na indústria química e petroquímica e na to da industrialização no Brasil, inicial- protecionismo nacionalista de Vargas. mineração. Algumas gigantes companhias de mente na cidade de São Paulo. Nos “anos JK”, o Brasil deixou para trás, definiti- holding – como a Siderbrás, na siderurgia, a ( ) Somente após a Segunda Guerra Mun- vamente, o modelo agroexportador e ergueu uma Embratel e a Telebrás, nas comunicações, e a dial, quando a atividade industrial se economia urbano-industrial dinamizada pela trans- Eletrobrás, na geração de energia – controlavam torna relevante, é que se pode visua- ferência de filiais das empresas transnacionais. A setores fundamentais para a modernização eco- lizar o início da integração do espaço política de industrialização definiu o lugar do Pa- nômica do País. Produzindo bens intermediá- nacional. ís na nova divisão internacional do trabalho do rios, as estatais forneciam, a preços inferiores ( ) Até a década de 70, a atividade indus- pós-guerra. aos de mercado, os insumos e as matérias-pri- trial esteve concentrada no Sudeste Plano interno – O eixo do Plano Metas estava na mas consumidos pelas transnacionais e pelas devido, especialmente, a dois fatores: implantação de um moderno parque automobi- grandes empresas nacionais. a complementaridade industrial e a lístico, assentado sobre tecnologias transplanta- A intensificação das funções produtivas do Es- concentração de investimentos públi- das diretamente dos Estados Unidos e da Euro- tado caracterizou-se pela concentração de re- cos no setor de infra-estrutura. pa. No plano interno, a base industrial criada nas cursos em favor do Governo Federal e pela des- ( ) A implantação dos distritos industriais décadas anteriores, a construção de rodovias e centralização administrativa, posto que as em- no Nordeste, na década de 50, contou hidrelétricas, a expansão do refino de petróleo e presas estatais assumiram progressiva autono- basicamente com investimentos priva- a urbanização acelerada geravam um ambiente mia financeira e decisória. As principais empre- dos; os distritos encontram-se dissemi- econômico propício para a implantação das fábri- sas estatais adquiriram capacidade de autofi- nados nas mais importantes cidades do cas modernas de bens de consumo duráveis. nanciamento e de endividamento externo, inde- Sertão. Plano internacional – No plano internacional, os pendentemente de aprovação governamental. A conglomerados transnacionais viviam sua época poderosa camada de tecnoburocratas que flo- 02. (Cesgranrio–RJ) Primeiro foi a Chrysler, de- de ouro, multiplicando filiais e abrindo novas fron- resceu no interior dessas megaempresas aca- pois a Renault e, por último, a Volkswa- teiras de investimentos. O dinamismo da econo- bou por se apropriar de parcela significativa das gen/Audi. mia norte-americana e a reconstrução européia decisões sobre a aplicação dos recursos do or- Os grandes investimentos na área auto- e japonesa geravam excedente de capital dispo- çamento nacional. motiva que estão sendo feitos no Estado nível para investimentos no mundo subdesen- O Programa Nacional de Desestatização do Paraná fazem parte de uma estratégia volvido. de: O modelo de industrialização por substituição Atuação do Estado – O Estado atuou no senti- a) descarte de equipamentos obsoletos da de importações, que durou praticamente meio do de viabilizar os investimentos externos, libe- indústria automobilística internacional, que século, esgotou-se na década de 1980. A reces- rando as importações de equipamentos e má- passa por um processo de renovação de são de 1981–1983 anunciou o decênio da tur- quinas e criando mecanismos de crédito desti- suas matrizes; bulência. nados a expandir o mercado consumidor inter- b) formação de mão-de-obra superqualificada, no. Os investimentos estatais em novos progra- A crise estrutural do modelo econômico brasi- que permita a transferência dos centros de mas rodoviários, energéticos e siderúrgicos as- leiro acompanhou uma tendência internacional pesquisa automotivos dessas empresas para seguravam o fluxo de matérias-primas para as de esgotamento dos processos de industriali- o interior do Paraná; indústrias e a infra-estrutura indispensável para zação por substituição de importações. Como c) aumento do número de empregos no ABC a ampliação do consumo. O mercado brasileiro no Brasil, a Argentina e o México conheceram paulista, que vai ter sua participação fortaleci- integrava-se e oferecia elevadas margens de lu- as conseqüências do endividamento externo e da no cenário nacional com a instalação des- cro para os capitais estrangeiros. Mais nitida- da incapacidade do Estado de prosseguir finan- sas empresas no sul do País; mente do que nunca, a expansão do PIB era ciando a modernização industrial. alavancada pelo crescimento acelerado do setor d) desenvolvimento de veículos automotivos a- Os investimentos estrangeiros e as desigual- grícolas para serem utilizados na sofisticada industrial. dades regionais agricultura do Estado do Paraná, o celeiro Milagre brasileiro – Um segundo ciclo de cres- A política econômica brasileira, na década de nacional; cimento industrial acelerado correspondeu aos 1990, representou uma nítida opção pela inser- e) produção de veículos globais para serem anos do chamado “milagre brasileiro”, durante a ção do país nos fluxos globalizados de investi- vendidos no mercado brasileiro, no Mercosul fase de mais intensa repressão do regime militar. mentos. Essa opção materializou-se por um e também na Europa e nos Estados Unidos. Entre 1968 e 1973, o PIB brasileiro cresceu a ta- conjunto de reformas destinadas a recuperar a xas médias anuais de 10%, um recorde impres- 03. (Unicpar–PR) Por um processo acentuado capacidade de atração de investimentos estran- sionante: somente o Japão e a Alemanha do pós- de crescimento, dois ou mais sítios urba- geiros. guerra haviam registrado anteriormente um cres- nos acabam unindo-se, formando uma pai- cimento econômico tão acelerado. A política eco- Uma nova política monetária, expressa no Plano Real, lançado em 1994, tinha a finalidade de es- sagem urbana contínua que, inclusive, difi- nômica dos governos militares aprofundou o mo- culta a delimitação territorial de cada um delo estruturado nos “anos JK”. Durante o “mila- tabilizar a economia nacional, interrompendo o circuito de realimentação da inflação. Seu com- dos municípios integrados. gre brasileiro”, o ritmo da expansão da produção plemento foi uma série de reformas constitucio- O texto refere-se à: de bens de consumo duráveis e bens interme- diários equiparou-se ao atingido à época do Pla- nais e uma política fiscal voltadas para equilibrar a) rede urbana; no de Metas. Apenas o crescimento da produ- o orçamento público. O Estado deveria arreca- b) conurbação; ção de bens de capital foi significativamente dar mais e gastar menos, para garantir a estabi- c) sementeira urbana; mais lento, embora também possa ser classifi- lidade da moeda. d) capital regional; cado como notável. e) aglomeração.