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1. Considerações Iniciais
O presente trabalho abordará as semelhanças e diferenças entre os institutos
do casamento e da união estável, sem, contudo, abordar de forma largamente
aprofundada os dois institutos em separado.
2. Metodologia
3. Análise e discussão
3.1 Casamento
Assim sendo, para Leite (2005) Casamento é o vínculo jurídico entre homem
e a mulher que se unem material e espiritualmente para constituírem uma
família. Estes são os elementos básicos, fundamentais e lapidares do
casamento. (LEITE, 2005, p. 47).
Acompanhando este mesmo raciocínio Diniz (2009) critica o posicionamento
de parte da doutrina que estabelecia que este instituto seria, apenas, uma
espécie de legalização da união sexual.
3.4 Princípios
Três princípios regem o casamento, a saber:
Liberdade de união: a livre manifestação de vontade dos nubentes é
uma característica essencial do instituto. Este é o entendimento adotado
por Leite (2005) “o casamento só se justifica e legitima quando decorre
da livre manifestação de vontade dos parceiros”. (LEITE, 2005, p. 51).
Monogamia: em nosso ordenamento não é aceitável a existência de
dois ou mais relacionamentos matrimoniais, sendo caso de impedimento
com o posterior reconhecimento de nulidade do casamento e ainda
considerado crime contra a família - (art. 235 do Código
Penal Brasileiro).
Comunhão de vida: a melhor explicação para este princípio é a de
Leite, citando BITTAR “os nubentes comungam os mesmos
ideais, renunciando os instintos egoísticos ou personalistas, em função
de um bem maior, que é a família”. (LEITE, 2005, p. 52). Esse princípio
ressalta a essência do casamento que é a união de duas pessoas com
ideais parecidos e direcionados ao convívio duradouro, dividindo suas
alegrias e dificuldades.
3.5 Caracteres
É ato pessoal: O matrimônio é um ato pessoal, dependendo apenas
da liberdade de escolha e manifestação de vontade de ambos os
nubentes.
É solene: a norma jurídica estabelece diversos requisitos com a
finalidade de garantir a livre manifestação dos nubentes e a publicidade
necessária para a validade do ato.
A legislação é de ordem pública: os nubentes apenas manifestam a
sua vontade em relação ao desejo de se unirem. Sendo a legislação que
rege o casamento superior a esta vontade não poderão os nubentes
estabelecer qualquer tipo de convenção que afronte dita norma. Assim,
não há casamento sob condição.
União exclusiva: a fidelidade é um dos deveres mais importantes do
casamento, podendo a sua falta caracterizar a impossibilidade da
comunhão de vida segundo o art. 1.573, I do Código Civil.
3.6 Finalidades
O atual estágio de evolução do direito das famílias impõe um entendimento
diverso daquele estabelecido a muito tempo como a finalidade do casamento.
3.7 Espécies
O casamento admite duas modalidades, o civil e o religioso com efeitos civis,
mas somente uma lei regula o instituto, o código civil.
O casamento civil é um ato solene realizado perante o oficial do Cartório do
Registro Civil, ou seja, é levado a efeito por um celebrante na presença de
duas testemunhas, seja nas dependências do cartório ou outro local. Sua
gratuidade é assegurada constitucionalmente, podendo ser requerida ainda a
gratuidade das demais custas por declaração de pobreza afirmada pelos
nubentes.
4. União estável
4.1 Definição e tentativa conceitual
A legislação não traz o conceito de união estável deixando espaço para a
definição doutrinária. O conceito de união estável deve acompanhar as
transformações sociais e culturais da sociedade, não sendo nada fácil para a
doutrina este trabalho, tanto no que diz respeito a conceituar inicialmente
família e delimitar o que seja a abrangência da união estável.
Por certo que o entendimento mais aceitável e compreensível para o tema é
de Glanz, citado por Leite (2005) União estável, na perspectiva do constituinte
de 1988, é a “união duradoura entre homem e mulher formadora da família,
sem casamento”.
4.4 Impedimentos
O artigo 1.723, § 1do Código Civil estabelece que a união estável não será
constituída quando ocorrer qualquer uma das hipóteses elencadas no
artigo 1.521 do mesmo diploma legal.
Art. 1.521. Não podem casar:
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi
do adotante;
VI - as pessoas casadas;
Neste sentido Dias leciona que “Rejeitar qualquer efeito a esses vínculos e
condená-los à invisibilidade gera irresponsabilidades e enseja
o enriquecimento ilícito de um em desfavor do outro”. (DIAS, 2012, p. 176).
4.5 Direitos e deveres
Na união estável devem ser observados os deveres da lealdade, respeito e
assistência, Conforme o artigo 1.724 do código civil e ainda a guarda,
educação e sustento dos filhos.
Na união estável não há necessidade de que o casal conviva sob o mesmo
teto, conforme a interpretação legal, mas segundo Dias “a jurisprudência
resiste em reconhecer o relacionamento quando o par não vive em um único
lar”. (DIAS, 2012, p. 178).
O fato é que existe parte do patrimônio que pode vir a não ser dividido com o
outro convivente. Assim, os bens recebidos por herança, doação ou mediante
sub-rogação legal serão considerados incomunicáveis (CC 1.659 e 1.661),
portanto, não fazem parte do condomínio de bens dos conviventes, pois
incomunicáveis, logo não serão divididos.
5.
O casamento se inicia com a cerimônia nupcial, passa-se então a gerar
efeitos a partir desta e somente se extingue com a invalidação, divórcio ou
morte. Já a união estável se forma com o tempo, rompendo-se com a morte
de uma das pessoas, abandono ou ruptura do convívio.
Referências
LEITE. Eduardo de Oliveira. Direito Civil Aplicado, volume 5: Direito de
Família. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2005.
DIAS. Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 8ª Edição. Revista,
atualizada e ampliada. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011.
VENOSA. Silvio de salvo. Direito Civil: direito de família. 9ª Edição. São
Paulo: Editora Atlas, 2009.
GAGLIANO. Pablo Stolze. PAMPLONA FILHO. Rodolfo. Novo Curso de
Direito Civil – As famílias em Perspectiva Constitucional. 2ª ed. Rev.,
atual. Eampl. São Paulo: Saraiva, 2012.
DINIZ. Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. Volume 5: Direito de
Família. 24ª ed. Reformulada. São Paulo: Saraiva, 2009.
TJSC, 2013a.Apelação Cível n. 2012.039687-4, de Brusque, rel. Des. Joel
Figueira Júnior. Apelantes F. M. L. E outros. Apelada M. De F. S. S. Órgão
Julgador: Sexta Câmara de Direito Civil. Julgado em 13 jul. 2013. Disponível
em<http://app6.tjsc.jus.br/cposg/servlet/ServletArquivo?
cdProcesso=01000M4U70000νSeqProcessoMv=null&tipoDocumento=D&cdA
cordaoDoc=nullνDocumento=5804924&pdf=true>. Acesso em 23 mar. 2020.