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COMPARATIVO ENTRE CASAMENTO E UNIÃO ESTÁVEL

SCHNEIDER, Matheus Henrique

1. Considerações Iniciais
O presente trabalho abordará as semelhanças e diferenças entre os institutos
do casamento e da união estável, sem, contudo, abordar de forma largamente
aprofundada os dois institutos em separado.

Portanto, o objetivo principal do presente trabalho é estabelecer as diferenças


entre os institutos e demonstrar também suas semelhanças de forma clara e
mais objetiva possível.

Por fim se fará uma breve análise expondo as principais diferenças e


semelhanças entre os dois institutos em estudo.

2. Metodologia

Utilizou-se os métodos clássicos de pesquisa em doutrinas, código civil, além


da pesquisa em artigos publicados na internet.

3. Análise e discussão

3.1 Casamento

3.2 Definição e tentativa conceitual


O livro do direito civil que trata do direito das famílias inicia com a abordagem
do casamento. Apesar inúmeros artigos destinados a positivar a matéria não
há na legislação qualquer definição conceitual do que seja o instituto.

Assim sendo, para Leite (2005) Casamento é o vínculo jurídico entre homem
e a mulher que se unem material e espiritualmente para constituírem uma
família. Estes são os elementos básicos, fundamentais e lapidares do
casamento. (LEITE, 2005, p. 47).
Acompanhando este mesmo raciocínio Diniz (2009) critica o posicionamento
de parte da doutrina que estabelecia que este instituto seria, apenas, uma
espécie de legalização da união sexual.

Desse conceito depreende-se que o matrimonio não é apenas a formalização


ou legalização da união sexual, como pretendem Jemolo e Kant, mas a
conjunção de matéria e espírito de dois seres de sexo diferente para
atingirem a plenitude do desenvolvimento de sua personalidade, através do
companheirismo e do amor. (Diniz, 2009, p. 38).

Apesar, o direito deve acompanhar a sociedade e a evolução desta, novos


caminhos, novas descobertas e novas formas de viver a vida, sob pena de
não se atingir o principal objetivo do direito que é a pacificação social.

Desta forma, em atenção aos princípios atuais do direito de família,


principalmente o princípio da afetividade, estabelecer um conceito de
casamento como sendo, somente, a união de um homem e uma mulher não
lhe é certamente aceitável por pelo menos um motivo. É que a lei, conforme
Dias (2011) não identifica sequer o sexo dos nubentes. (DIAS, 2011, p. 147).

3.3 Natureza jurídica


Questão tormentosa na doutrina é em relação a natureza jurídica do
casamento, sendo que a primeira discussão trazida pela doutrina é se o
casamento é um instituto do direito público ou privado.

Outrossim, a divergência doutrinaria ensejaram o surgimento de três


correntes para explicar o tema, segundo Dias (2011).

(a) a doutrina individualista, influenciada pelo direito canônico, vê o


casamento como um contrato de vontades convergentes para a obtenção de
fins jurídicos; (b) a corrente institucional, destaca o conjunto de normas
imperativas a que se aderem os nubentes; e a terceira corrente doutrinária
chamada de (c) eclética, vê o casamento como ato complexo, um contrato
quando de sua formação e uma instituição no que diz respeito ao seu
conteúdo. (DIAS, 2011, p. 150).

A teoria eclética é a que mais se aproxima da realidade, visto que presente a


manifestação da vontade dos nubentes em um primeiro momento, quando
resolvem se casar, já em um segundo momento, apenas aderem ao que é
pré-definido pelo Estado.

3.4 Princípios
Três princípios regem o casamento, a saber:
 Liberdade de união: a livre manifestação de vontade dos nubentes é
uma característica essencial do instituto. Este é o entendimento adotado
por Leite (2005) “o casamento só se justifica e legitima quando decorre
da livre manifestação de vontade dos parceiros”. (LEITE, 2005, p. 51).
 Monogamia: em nosso ordenamento não é aceitável a existência de
dois ou mais relacionamentos matrimoniais, sendo caso de impedimento
com o posterior reconhecimento de nulidade do casamento e ainda
considerado crime contra a família - (art. 235 do Código
Penal Brasileiro).
 Comunhão de vida: a melhor explicação para este princípio é a de
Leite, citando BITTAR “os nubentes comungam os mesmos
ideais,  renunciando os instintos egoísticos  ou personalistas,  em função
de um bem maior, que é a família”. (LEITE, 2005, p. 52). Esse princípio
ressalta a essência do casamento que é a união de duas pessoas com
ideais parecidos e direcionados ao convívio duradouro, dividindo suas
alegrias e dificuldades.
3.5 Caracteres
 É ato pessoal: O matrimônio é um ato pessoal, dependendo apenas
da liberdade de escolha e manifestação de vontade de ambos os
nubentes.
 É solene: a norma jurídica estabelece diversos requisitos com a
finalidade de garantir a livre manifestação dos nubentes e a publicidade
necessária para a validade do ato.
 A legislação é de ordem pública: os nubentes apenas manifestam a
sua vontade em relação ao desejo de se unirem. Sendo a legislação que
rege o casamento superior a esta vontade não poderão os nubentes
estabelecer qualquer tipo de convenção que afronte dita norma. Assim,
não há casamento sob condição.
 União exclusiva: a fidelidade é um dos deveres mais importantes do
casamento, podendo a sua falta caracterizar a impossibilidade da
comunhão de vida segundo o art. 1.573, I do Código Civil.
3.6 Finalidades
O atual estágio de evolução do direito das famílias impõe um entendimento
diverso daquele estabelecido a muito tempo como a finalidade do casamento.

Se antes, dizer que em casamentos arranjados pelas famílias existia qualquer


tipo de afetividade e livre manifestação da vontade de ambas as partes, não
seria o mais adequado.

Da leitura de autores mais conservadores podemos extrair que até mesmo o


conceito de casamento era diverso do que se estabelece hoje, portanto,
reflexo de uma evolução social que não pode considerar o casamento como
sendo apenas uma espécie de legalização da união sexual.

Os rumos que a sociedade tomou foram outros, e hoje, com a adoção de


inúmeros princípios em âmbito constitucional, entre estes, o da dignidade da
pessoa humana, afetividade e igualdade, a essência do casamento é
formalizar o desejo que os nubentes tem de viverem juntos, com amor e
companheirismo.

3.7 Espécies
O casamento admite duas modalidades, o civil e o religioso com efeitos civis,
mas somente uma lei regula o instituto, o código civil.
O casamento civil é um ato solene realizado perante o oficial do Cartório do
Registro Civil, ou seja, é levado a efeito por um celebrante na presença de
duas testemunhas, seja nas dependências do cartório ou outro local. Sua
gratuidade é assegurada constitucionalmente, podendo ser requerida ainda a
gratuidade das demais custas por declaração de pobreza afirmada pelos
nubentes.

O casamento religioso com efeitos civis está condicionado ao processo de


habilitação e a inscrição no Registro Civil das pessoas naturais.

3.8 Capacidade para o casamento


É permitido o casamento a partir da idade de 16 anos, momento em que será
exigida autorização, conforme preceitua o art. 1.517 do Código Civil. Como a
lei exige a autorização de ambos os pais, se um deles não concordar, é
possível o suprimento judicial de seu consentimento.
Em relação aos impedimentos estes podem ser absolutos ou relativos, este
segundo também chamados de causas suspensivas.

Tanto as causas de impedimento quanto as causas suspensivas são


expressamente previstas no ordenamento jurídico, sendo o seu rol taxativo. A
não observância das causas impeditivas causará a nulidade do casamento.
Já a não observância das causas suspensivas poderá acarretar sanções civis
ao desobediente – art. 1.641, I e Art. 1.489, ambos do código civil, mas não
tem o condão de invalidar o ato.
3.9 Dissolução do casamento
Conforme prevê o artigo 226, § 6 da Constituição Federal, o casamento
poderá ser dissolvido pelo divórcio, sendo que a separação foi abolida do
direito das famílias após a emenda constitucional 66/2010. Portanto, “A partir
de agora a única dissolutória do casamento é o divórcio, que não mais exige
a indicação da causa de pedir”. (DIAS, 2012, p. 300).

4. União estável
4.1 Definição e tentativa conceitual
A legislação não traz o conceito de união estável deixando espaço para a
definição doutrinária. O conceito de união estável deve acompanhar as
transformações sociais e culturais da sociedade, não sendo nada fácil para a
doutrina este trabalho, tanto no que diz respeito a conceituar inicialmente
família e delimitar o que seja a abrangência da união estável.
Por certo que o entendimento mais aceitável e compreensível para o tema é
de Glanz, citado por Leite (2005) União estável, na perspectiva do constituinte
de 1988, é a “união duradoura entre homem e mulher formadora da família,
sem casamento”.

A Jurisprudência Catarinense assevera que “Para o reconhecimento da união


estável entre um homem e uma mulher é necessária a comprovação cabal da
vida em comum, contínua e duradoura com intenção de constituir entidade
familiar. Ausentes esses requisitos, impossível o reconhecimento da relação
pretendida, conforme preceitua o artigo 1.723 do Código Civil. Ademais, além
de a autora não ter feito prova suficiente do fato constitutivo de seu direito, as
rés trouxeram aos autos provas capazes de desconstituir a pretensão
articulada, demonstrando apenas a existência de um namoro entre a autora e
o pai das requeridas”. (TJSC, 2013a).
Isto pois, a união estável por força de preceito constitucional e a pedido dos
interessados poderá ser convertido em casamento, desde que seja uma união
de forma livre, ou seja, não maculada de qualquer impedimento.

Assim sendo, a união estável nasce da convivência de fato de um homem e


uma mulher com o objetivo da vida em comum com o respeito ao amor e ao
companheirismo, tal qual como no casamento.

Neste sentido, Diniz leciona que “Ao matrimônio contrapõe-se o


companheirismo, consiste numa união livre e estável de pessoas de sexos
diferentes, que não estão ligadas por casamento civil”. (DINIZ, 2009, p. 373).

4.2 Aspectos legais


A partir do assento constitucional e do reconhecimento de que a união estável
possa vir a ser convertida em casamento, esta passa do estado de sociedade
de fato e passa a ser reconhecida como entidade familiar.

A legislação não estabelece qualquer aspecto temporal para se reconhecer a


união estável, mesmo que se estabelecesse, impor um período temporal
neste caso, poderia impor o reconhecimento de relações que tem muito
tempo, mas não tem tanto amor e companheirismo e, por outro lado, seria
negar o reconhecimento de uma união estável a uma relação que, apesar de
pouco tempo, se desenvolveu muito mais focada na constituição de uma
família.
4.3 Características
A legislação não estabelece qualquer formalidade para a constituição da
união estável, limita-se apenas a estabelecer certas características ou
requisitos para o seu reconhecimento.
A lei não imprime à união estável contornos precisos, limitando-se a elencar
suas características (CC 1.723): convivência pública, contínua e duradoura
estabelecida com o objetivo de constituição de família.
A interpretação destas características não deve se limitar ao formalismo
exagerado, mas deve levar em conta as peculiaridades de cada caso. Todos
os requisitos exigidos pela lei devem ser analisados em conjunto de forma
que se possa extrair critérios subjetivos ligados a afetividade e ao objetivo
de constituição de uma família.
Todos os requisitos analisados devem apontar para a visualização do casal
como algo indivisível, ou seja, é possível extrair da convivência a união de
esforços dirigida a um só objetivo que seria a construção de uma família.

4.4 Impedimentos
O artigo 1.723, § 1do Código Civil estabelece que a união estável não será
constituída quando ocorrer qualquer uma das hipóteses elencadas no
artigo 1.521 do mesmo diploma legal.
Art. 1.521. Não podem casar:

I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;

II - os afins em linha reta;

III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi
do adotante;

IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro


grau inclusive;

V - o adotado com o filho do adotante;

VI - as pessoas casadas;

VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de


homicídio contra o seu consorte. (BRASIL, 2013a).

Cabe destacar que a doutrina faz duras críticas em relação ao não


reconhecimento da união estável quando presente algum motivo impeditivo
mas presentes todos os outros requisitos para a sua caracterização.

Neste sentido Dias leciona que “Rejeitar qualquer efeito a esses vínculos e
condená-los à invisibilidade gera irresponsabilidades e enseja
o enriquecimento ilícito de um em desfavor do outro”. (DIAS, 2012, p. 176).
4.5 Direitos e deveres
Na união estável devem ser observados os deveres da lealdade, respeito e
assistência, Conforme o artigo 1.724 do código civil e ainda a guarda,
educação e sustento dos filhos.
Na união estável não há necessidade de que o casal conviva sob o mesmo
teto, conforme a interpretação legal, mas segundo Dias “a jurisprudência
resiste em reconhecer o relacionamento quando o par não vive em um único
lar”. (DIAS, 2012, p. 178).

4.6 Efeitos patrimoniais


As regras da união estável em comparação ao casamento são praticamente
idênticas em relação aos seus efeitos, sendo que na união estável, poderão
os conviventes optar por realizar um contrato de convivência estipulando o
que de fato lhes convir.

Destaque-se que tanto no casamento, caso não seja escolhido o regime de


bens, quanto na união estável, caso não seja realizado o contrato de
convivência, a lei dispõe que será seguido o regime da comunhão parcial de
bens.

Desta forma, todos os bens adquiridos na constância da união estável são


considerados como parte de um condomínio entre os conviventes, não
importando em nome de quem esteja.

O fato é que existe parte do patrimônio que pode vir a não ser dividido com o
outro convivente. Assim, os bens recebidos por herança, doação ou mediante
sub-rogação legal serão considerados incomunicáveis (CC 1.659 e 1.661),
portanto, não fazem parte do condomínio de bens dos conviventes, pois
incomunicáveis, logo não serão divididos.

AÇÃO DE DIVÓRCIO. PARTILHA. REGIME DE SEPARAÇÃO DE BENS.


ART.  1.687  DO  CÓDIGO CIVIL. INCOMUNICABILIDADE PATRIMONIAL.
ALIMENTOS. NECESSIDADE NÃO PATENTEADA A CONTENTO.
ADEMAIS, EX-CÔNJUGE QUE CONTRAIU UNIÃO ESTÁVEL COM
OUTREM. ART. 1.708 DO DIGESTO CIVIL. VERBA INDEVIDA. RECURSOS
DESPROVIDOS.
É característica do regime de separação de bens a completa distinção de
patrimônio dos dois cônjuges, não se comunicando os frutos e aquisições e
permanecendo cada qual na propriedade, posse e administração de seus
bens (VENOSA, Sílvio de Salvo. In Direito Civil: Direito de Família. 11. Ed.
São Paulo: Atlas, 2011, p. 349/350). Destarte, imóvel adquirido apenas com
recursos da ex-cônjuge, inclusive antes do relacionamento, não entra na
partilha patrimonial. Descabida a fixação de alimentos à ex-cônjuge, muito
mais nova e em melhores condições de saúde, ainda mais quando o enredo
probatório indica que ela contraiu união estável com um terceiro, caso em que
o pagamento da verba se reputa indevido (art.  1.708  do  Código Civil). (TJSC,
2013b).

Ponto de destaque é que na união estável não há a imposição do regime da


separação obrigatória de bens para as pessoas com idade superior a setenta
anos, como é feito no casamento.
4.7 Conversão em casamento
É garantido constitucionalmente o direito a conversão da união estável em
casamento, mais ainda a constituição estabelece que será facilitada a sua
conversão, o que não foi respeitado pelo legislador infraconstitucional quando
exige a interferência judicial para a conversão.
Assim, os conviventes devem realizar o pedido da conversão diretamente ao
juiz para que posteriormente seja levado a registro.

Para Dias “Esse procedimento, às claras, em nada facilita a conversão. Ao


contrário, dificulta. Por isso, a doutrina vem
considerando inconstitucional esse dispositivo”. (DIAS, 2012, p. 188).
4.8 Obrigação alimentar
O Código civil estabelece a possibilidade de tanto os cônjuges quanto os
companheiros pedirem alimentos (CC 1.694), portanto, aquele que estiver em
situação de necessidade poderá pleitear a ajuda do antigo companheiro,
independentemente se foi ele mesmo que deu causa ao término do
relacionamento, uma vez que não se apura a culpa pelo fim da união estável.
4.9 Término da união estável
Sendo um fato jurídico a união estável por muitas vezes inicia e termina sem
o aval do Estado, sendo que a ação de reconhecimento de união estável
busca a declaração do inicio e fim desta, nada mais.

Assim sendo, os bens adquiridos no período da união estável forma um


condomínio, conforme dito anteriormente, devendo, portanto, sua divisão ser
igualitária a ambos os conviventes, independentemente em nome de quem
estiver.

O Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina é firma ao considerar que


“Os bens móveis e imóveis adquiridos por um ou por ambos os conviventes,
na constância da união estável e a título oneroso, são considerados fruto do
trabalho e da colaboração comum, passando a pertencer a ambos, ainda que
não exista prova de contribuição para aquisição do bem”. (TJSC, 2013c).

5.
O casamento se inicia com a cerimônia nupcial, passa-se então a gerar
efeitos a partir desta e somente se extingue com a invalidação, divórcio ou
morte. Já a união estável se forma com o tempo, rompendo-se com a morte
de uma das pessoas, abandono ou ruptura do convívio.

O fato é que não havendo contrato de convivência ou outro meio idôneo de


comprovar a estipulação da divisão dos bens, a união estável pode ser
analisada como instituto semelhante ao casamento, mas da mesma forma é
assegurada constitucionalmente e reconhecida como entidade familiar.
Assim, além de todos os aspectos assegurados no casamento como,
lealdade, respeito e assistência, a doutrina e jurisprudência têm caminhado
no sentido de igualar a responsabilidade pela guarda e sustento dos filhos na
proporção dos rendimentos de cada um dos conviventes.

Quanto a natureza do compromisso o casamento é um ato solene,


compromisso assumido perante a lei e a sociedade mediante procedimento
próprio. A união estável é um acerto fático entre os conviventes sem muitas
formalidades ou sem qualquer uma muitas vezes.

Desta forma, o casamento é baseado na vontade livre dos nubentes que


assumem perante a lei e suas formalidades a vontade de constituir uma união
duradoura, com vistas a constituição de uma família. Na união estável não há
obrigatoriamente a presença de um ato formal e solene para se considerar a
relação como união estável, sendo que a lei apenas elenca alguns requisitos,
mas não propriamente um rito a ser seguido como no casamento. Em relação
a vontade, na união estável na necessita obrigatoriamente a presença desta,
haja vista que, a própria lei determina alguns requisitos e, preenchidos esses
requisitos haverá a união estável ou seus efeitos.
No casamento, os cônjuges elegerão o regime de bens. Já na união estável,
não havendo estipulação do regime adotado em instrumento idôneo haverá
obrigatoriamente a escolha pelo regime da comunhão parcial.

Os impedimentos são os mesmos para o casamento e para a união estável, já


os casos suspensivos aplicam-se somente para o casamento, não sendo
objeto de tratamento pelo instituto da união estável.

Na união estável devem ser respeitados os deveres da lealdade, respeito e


assistência (CC 1.724). No casamento os deveres que devem ser respeitados
são a fidelidade reciproca, vida no domicilio conjugal e mútua assistência (CC
1.566). Em ambos os institutos a obrigação de guarda, educação e sustento
dos filhos constituem deveres de ambos.

No casamento há necessidade de coabitação e os filhos havidos durante o


casamento se presumem do marido (CC 1.597), circunstância que não ocorre
na união estável.

Tanto no casamento, caso não seja escolhido o regime de bens, quanto na


união estável, caso não seja realizado o contrato de convivência, a lei dispõe
que será seguido o regime da comunhão parcial de bens.

Na união estável não há a imposição do regime da separação obrigatória de


bens para as pessoas com idade superior a setenta anos.
A dissolução do casamento se dá com o divórcio, já a união estável se dá na
seara dos fatos, sendo que a ação de reconhecimento e dissolução de união
estável tem função meramente declaratória, limitando-se, portanto, a
determinar uma data de inicio e término da união, mas não necessariamente
impondo o fim nesta.

Referências
LEITE. Eduardo de Oliveira. Direito Civil Aplicado, volume 5: Direito de
Família. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2005.
DIAS. Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 8ª Edição. Revista,
atualizada e ampliada. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011.
VENOSA. Silvio de salvo. Direito Civil: direito de família. 9ª Edição. São
Paulo: Editora Atlas, 2009.
GAGLIANO. Pablo Stolze. PAMPLONA FILHO. Rodolfo. Novo Curso de
Direito Civil – As famílias em Perspectiva Constitucional. 2ª ed. Rev.,
atual. Eampl. São Paulo: Saraiva, 2012.
DINIZ. Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. Volume 5: Direito de
Família. 24ª ed. Reformulada. São Paulo: Saraiva, 2009.
TJSC, 2013a.Apelação Cível n. 2012.039687-4, de Brusque, rel. Des. Joel
Figueira Júnior. Apelantes F. M. L. E outros. Apelada M. De F. S. S. Órgão
Julgador: Sexta Câmara de Direito Civil. Julgado em 13 jul. 2013. Disponível
em<http://app6.tjsc.jus.br/cposg/servlet/ServletArquivo?
cdProcesso=01000M4U70000νSeqProcessoMv=null&tipoDocumento=D&cdA
cordaoDoc=nullνDocumento=5804924&pdf=true>. Acesso em 23 mar. 2020.

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