Você está na página 1de 7

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA .....

VARA CÍVEL DA
COMARCA DE ....., ESTADO DO .....

O Ministério Público do Estado da .........., por seu representante


legal, titular da Promotoria de Justiça Cumulativa da Comarca de ...............,
no uso de suas atribuições legais, na qualidade de Curador do Patrimônio
Público, vem, mui respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com
fulcro no art. 129, IIIda CF/88 e na Legislação pertinente (Leis
Federais 7.347/85; 8.625/93; 8.429/92; e Lei Complementar Estadual 19/94),
ajuizar a presente AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR ATOS DE
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA em face de ....., brasileiro (a),
(estado civil), profissional da área de ....., portador (a) do CIRG n.º ..... e do
CPF n.º ....., residente e domiciliado (a) na Rua ....., n.º ....., Bairro .....,
Cidade ....., Estado ....., ex prefeito de ....., pelos motivos de fato e de direito
a seguir aduzidos.

DOS FATOS

Em .......... de ........., assumiu a chefia do Executivo Mirim do


Município de ........ o senhor ............., em razão de haver saído vencedor do
pleito eleitoral ocorrido nos idos de ........, para o cargo majoritário.

Todavia, a administração do referido edil, ao invés de


corresponder às expectativas dos munícipes da predita comuna, foi marcada
por uma série de situações anormais relacionadas não só com um nítido
descontrole administrativo-contábil nas feridas contas públicas, como
também pela prática de vários atos de corrupção e de improbidade
administrativa registrados e devidamente comprovados por percuciente
apuração ora consubstanciada nos autos do Inquérito Civil n. .........,
instaurado nesta Curadoria do Patrimônio Público. É o que restará ao final
demonstrado.

No ano de ........., nesta qualidade, o promovido enviou à Câmara


Municipal Projeto de Lei solicitando a competente autorização legislativa
para realizar empréstimo com a instituição financeira .......... (..........), no
valor correspondente a R$ ............, o que fora autorizado através da Lei
Municipal n. 579, de 09 de março de 1995, na qualidade de Operação de
Crédito por Antecipação de Receita.

Contudo, dispôs a referida lei, em seu art. 2o., que os recursos


oriundos do referido empréstimo serão utilizados para 1) expansão de
eletrificação rural; 2) atualização de vencimentos ; 3) implantação de obras
emergenciais de combate à seca. Essas, pois, as destinações legais para o
dinheiro oriundo do empréstimo realizado com o ...........

Acontece que, durante a aplicação dos referidos recursos


orçamentários, frontalmente ofendidos restaram os dispositivos da Lei
Municipal n. 579/95, que autorizou a realização do empréstimo
estabelecendo desde já os fins específicos para a aplicação do dinheiro,
caracterizando diversos atos de improbidade administrativa.
Colheu o Ministério Público, através do Inquérito Civil apenso, a
prova documental da prática de diversos atos de improbidade administrativa
por parte do Sr. ...................., à frente do Poder Executivo desta edilidade,
quando da aplicação das verbas oriundas do empréstimo realizado entre o
Município de ........ e o .........., no total de R$ ............

Para melhor entendimento dos fatos e da participação do


promovido, mister se faz tecê-los minuciosa e articuladamente. É o que se
passará a fazer.
3.1 - No dia 21 de fevereiro de 1995 o então Prefeito
Constitucional de ......., Sr. ..........., enviou à Câmara Municipal o Projeto de
Lei n. 457/95, que deu origem à já referida Lei Municipal n. 579/95 (fls.
1.113, vol. II, IC).
Através do Ofício n. 025/95 (fls. 1.112, vol. II, IC), o promovido,
na qualidade de Prefeito Constitucional, solicitava do Poder Legislativo
mirim a apreciação do citado projeto de lei com a devida "urgência
urgentíssima".

De acordo com o projeto enviado, a Câmara Municipal de ..........,


através da competente Lei Municipal, autorizaria o Poder Executivo a
contratar operação de crédito por antecipação de receita, no valor de
R$ .......... (cento e cinqüenta mil reais), vinculando tais recursos à aplicação
em obras emergenciais de combate à seca, expansão de eletrificação rural e
atualização dos vencimentos dos servidores públicos.

Da analise do projeto de lei enviado à Câmara Municipal e a


correspondente lei dele oriunda, constata-se ter sido esta aprovada nos
moldes em que formulado pelo então Prefeito, ora promovido. Ou seja,
autorizado fora a contratação do empréstimo, vinculando-se, contudo, a
aplicação das verbas dele oriundas.

Ouvido nesta Promotoria de Justiça (fls. 239, vol. I, I.C.), o


Sr............. aduziu, dentre outras declarações:

"Que não se recorda que este empréstimo tivesse fins


específicos".

"Que os fins dos valores advindos desse empréstimo, seriam


identificados pelo próprio Prefeito, dentro da conveniência administrativa,
considerando o declarante que o art. 2o. da Lei Municipal n. 579 é
inconstitucional, pois fere o princípio da autonomia dos poderes".
Ora, pode-se auferir de tais declarações que o promovido declara
não ser do seu conhecimento a exigência legal de destinação específica das
verbas oriundas do empréstimo com o ........... No entanto:

a) ato contínuo, invoca ele ser inconstitucional o art. 2o. da


referida lei, justamente o que vincula a aplicação das verbas (invocação esta
que não comporta sequer ser aqui rebatida, diante do frontal descabimento);

b) foi o próprio projeto de lei, enviado ao Poder Legislativo


exatamente pelo demandado, na qualidade de Prefeito, que previu em seu art.
2o. a vinculação da aplicação das verbas oriundas do empréstimo.

Em síntese, o Sr. .............. reconhece textualmente ter


descumprido os preceitos normativos estabelecidos em lei para a aplicação
do dinheiro público advindo do contrato de empréstimo firmado entre o
Município de ....... e o .........., alegando a descabida inconstitucionalidade do
art. 2o. da Lei Municipal n. 579/95, que nada mais fez do que repetir o art.
2o. do projeto de lei enviado à Câmara Municipal por ele próprio,
vinculando, acertada e constitucionalmente, a aplicação das verbas públicas
às hipóteses nela elencadas, em perfeita consonância com as leis de natureza
orçamentária, e o princípio constitucional da proibição da transposição de
recursos, encartado no art. 167, VI, CF/88.
Conclui-se, pois, que a aplicação dos R$ ....... oriundos do
empréstimo firmando entre o Município de ........... e o .......... está legalmente
vinculada à:

a) expansão de eletrificação rural;


b) atualização de vencimentos;

c) implantação de obras emergenciais de combate à seca.

A aplicação das verbas fora dos casos acima elencados constitui


ato de improbidade administrativa.

3.2 - Diligenciando no sentido de obter dados sobre: a


movimentação das verbas oriundas do referido contrato de empréstimo, a sua
devida aplicação nos moldes legais etc., o Ministério Público, dentre outras
medidas, oficiou:

a) à Prefeitura de ..............., para enviar cópias de todas as notas


de empenho relativas aos cheques oriundos da conta corrente de
movimentação das verbas do empréstimo;

b) ao Banco do Brasil, agência de ............, para informar sobre o


número da contra corrente em que fora depositada a quantia do empréstimo,
o dia da liberação das verbas, o seu valor total líquido, bem como remeter
cópias dos extratos da referida conta.

Em ofício de fls. 118, o Município de ............ informa que, de


toda a verba disponibilizada, com os vencimentos dos servidores públicos
foram gastos R$ 64.269,15; com eletrificação rural foram gastos R$
13.800,00; com obras emergenciais contra a seca foram gastos R$ 15.550,00;
totalizando R$ 93.619,15, valor este em muito inferior ao que contraído pelo
município a título de empréstimo com o ...........

Em ofício de fls. 211, o gerente da referida agência bancária


prestou a este Órgão Ministerial, as seguintes e assombrosas informações:
O crédito líquido, no valor de R$ ..... fora disponibilizado na
conta corrente n. 215.547-8, em favor do Município de ............., no dia 19 de
abril de 1995;

O "zeramento" da mencionada conta corrente ocorreu no dia 28


de abril de 1995, não havendo, portanto, lançamentos nos meses seguintes.

Pasme Douto Julgador, mas a elevada verba cujo valor líquido é


de R$ ....., que, por força de preceito legal, somente poderia ser destinada à
expansão de eletrificação rural, obras contra a seca e atualização do
funcionalismo público, fora gasta em rápidos 9 (NOVE) dias.

DO DIREITO
A lei 8429/92 aduz sobre improbidade administrativa.
Ora, o réu praticou o crime de enriquecimento ilícito, tirando
dinheiro dos cofres públicos, verbas estas a serem destinadas à saúde,
educação, segurança pública da população.

Pensou apenas em seu próprio bem estar, em detrimento do povo,


que a cada dia morre nas filas do SUS, ou de fome, ou por falta de
segurança.

DOS PEDIDOS
Ante todo o exposto, requer-se sejam devolvidos aos cofres
públicos o valor de R$ ...., sendo que até a devolução efetiva seja decretada a
indisponibilidade dos bens do réu.

Outrossim, requer-se a suspensão dos direitos políticos do Sr .....

Nesses Termos,
Pede Deferimento.

[Local], [dia] de [mês] de [ano].

[Assinatura]

Você também pode gostar