2018 - 2 Módulo IV Consumidor

Você também pode gostar

Você está na página 1de 74

MÓDULO IV – DIR.

CONSUMIDOR
Profa. Ms. Claudete de Souza 10º Período

 TEORIA DO RISCO DO
NEGÓCIO  Prazos para
 Responsabilidade Objetiva reclamação
 Art. 931, CC = diálogo das
fontes
 Fato do produto
 Reparação integral
 Dano material  Fato do serviço
 Dano moral

 EXCEÇÃO:  Prescrição e
 Profissional liberal
Decadência
 Distinção entre vício e defeito
 Vícios qualidade e
 Quantidade  Oferta e Publicidade
enganosa e abusiva
 Excludentes da
responsabilização
 Ausência de culpa do
fornecedor
 Bancos de Dados

 Solidariedade
TEORIA DO RISCO DO NEGÓCIO =
base da Responsabilidade Objetiva

 A livre iniciativa para exploração da atividade econômica (art. 170,


CF), é a característica da sociedade capitalista contemporânea.

 O risco, inerente de toda atividade negocial, é consequencia da


livre iniciativa:

 Os negócios estão fadados ao sucesso e ao fracasso.

 Um risco mal calculado pelo empresário pode levar qualquer negócio à


bancarrota.

 O risco mal calculado é dele, empresário, que tem livre acesso ao


mercado capitalista.
…teoria do risco…

 A produção e a oferta em série, de forma padronizada e uniforme,


propicia um custo de produção menor a cada um dos produtos.

 Possibilita que sejam vendidos a preço menor

 Por outro lado, a produção em série não assegura como resultado


final, que o produto ou serviço não tenha vício/defeito.

 Produções em série envolvem milhares de componentes que se


relacionam, operados por outros milhares de mãos humanas que os
manuseiam, direta ou indiretamente.

 Sem outra alternativa, o produtor/fornecedor tem de correr o risco


de fabricar produtos e serviços a um custo que não prejudique o
benefício que absorve destes.
Responsabilidade civil no CDC

 A boa-fé objetiva (CDC, art. 4º, III) é a viga mestra do sistema


consumerista, o qual contém,

 Como regra, a responsabilidade civil objetiva


 CDC, art. 6º, VI

 É a teoria objetiva ou do risco, que prescinde de comprovação da


culpa para a ocorrência do dano indenizável. Basta haver o dano e o
nexo de causalidade para justificar a responsabilidade civil do
agente.

 O intérprete partirá de um padrão de conduta comum, do homem


médio, naquele caso concreto, levando em consideração os
aspectos sociais envolvidos.

 A boa-fé objetiva se traduz de forma mais perceptível como uma


regra de conduta, um dever de agir de acordo com determinados
padrões sociais estabelecidos e reconhecidos.
Diálogo das fontes
art. 931, CC soma-se à proteção do CDC

 Art. 931, CC. Ressalvados outros casos


previstos em lei especial, os empresários
individuais e as empresas respondem
independentemente de culpa pelos danos
causados pelos produtos postos em
circulação.

 Esse artigo amplia o conceito de fato do produto


contido no art. 12, CDC, imputando responsabilidade
civil à empresa e aos empresários individuais
vinculados à circulação dos produtos.
Responsabilidade civil no CDC

 Como exceção a responsabilização subjetiva (CDC,


art. 14, § 4º) =
 responsabilidade dos profissionais liberais.

 Subjetiva é a responsabilidade que se baseia na Teoria da


culpa do agente, que deve ser comprovada para gerar a
obrigação indenizatória.

 A responsabilidade do causador do dano somente se


configura se ele agiu com dolo ou culpa:

 A natureza desses serviços é intuitu personae.

 Médicos e advogados, p.ex., são contratados com base na


confiança que inspiram aos clientes.
Exceção à Teoria do Risco da Atividade =
Profissionais liberais

 Art. 14, § 4º do Código de Defesa do Consumidor:


“A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será
apurada mediante a verificação de culpa”.

 abre importante exceção ao sistema de responsabilidade


objetiva, na relação de consumo dos fornecedores de serviço, ao
determinar a verificação da culpa, no caso dos profissionais
liberais.

 Art. 186, Código Civil


 “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência
ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda
que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.

 Regra básica da responsabilidade civil subjetiva, aplicável aos


profissionais liberais.
RESPONSABILIDADE DOS
PROFISSIONAIS LIBERAIS

 “A relação entre médico e paciente é


contratual e encerra, de modo geral (salvo
cirurgias plásticas embelezadoras),
obrigação de meio, sendo imprescindível
para a responsabilização do referido
profissional, a demonstração de culpa e de
nexo de causalidade entre a sua conduta e o
dano causado, tratando-se de
responsabilidade subjetiva”. (Resp 1.104.665/RS,
3a. T.STF, pg 213, CDC Comentado pelos autores do
anteprojeto)
Responsabilidade
civil objetiva

 REPARAÇÃO INTEGRAL
 Ponto de partida do direito ao ressarcimento dos
danos sofridos pelo consumidor e do dever de indenizar
do agente responsável pelo produto ou pelo serviço é o
fato do produto/serviço causador do acidente de
consumo.
 A responsabilidade civil do agente é objetiva, oriunda
do risco integral de sua atividade econômica.
 A lei garante ao consumidor a reparação integral dos
danos materiais, morais, estéticos e à imagem.
…reparação integral…

 A indenização do dano material compreende:


 1) Danos emergentes = perda patrimonial efetivamente já
ocorrida.

 Apura-se o valor real da perda e manda-se pagar em dinheiro


essa quantia.

 2) Lucros cessantes = compreende tudo aquilo que o lesado


deixou de auferir como renda líquida, em virtude do dano.

 Calcula-se quanto o lesado deixou de faturar e determina-se o


pagamento.

 Aqui inclui-se a fixação das pensões pela perda de capacidade para


o trabalho, pela morte do parente que mantinha e sustentava a
família, etc..
…reparação integral…

 Dano moral:
 Afeta a paz interior da pessoa lesada

 Atinge seu sentimento, o decoro, o ego, a honra…

 Fere tudo aquilo que não tem valor econômico, causando dor e
sofrimento

 Envolve a dor física e/ou psicológica sentida pelo consumidor


atingido.

 Imagem denegrida, nome manchado, perda de ente querido,


redução da capacidade laborativa em decorrência de acidente…
…reparação integral…

 Indenização do dano moral


 Tem caráter satisfativo-punitivo
 A indenização em dinheiro deverá proporcionar ao ofendido
uma satisfação;

 A indenização deve servir como punição ao ofensor suficiente


para dissuadi-lo a um novo atentado.

 Normas constitucionais não regulam a questão,


ficando o juiz com a incumbência de fixar, com
parâmetros oferecidos pela Doutrina.
…dano moral
 Alguns parâmetros são fixados para a determinação da
indenização por danos morais:

 A) a natureza específica da ofensa sofrida

 B) a intensidade real, concreta, efetiva, do sofrimento do


consumidor ofendido

 C) a repercussão da ofensa no meio social em que vive o ofendido

 D) a existência de dolo, má-fé, por parte do ofensor e o grau de


culpa

 E) a situacão econômica do ofensor

 F) a capacidade e a possibilidade real e efetiva do ofensor voltar a


praticar o mesmo fato danoso

 G) a prática anterior do ofensor (se já cometeu a mesma falta)

 H) as práticas atenuantes realizadas pelo ofensor, visando diminuir


a dor do ofendido

 I ) a necessidade de punição …
O QUE GERA O DEVER DE INDENIZAR
PELO CDC?

VÍCIO
e
DEFEITO

NO PRODUTO E NO SERVIÇO
Distinção entre vício
e defeito

 O CDC utiliza dois termos distintos:


 “vício” e “defeito”

 Vício lembra “vício redibitório”:


 Instituto do direito civil que guarda alguma semelhança com “vício
oculto”, utilizado no CDC.

 VÍCIO REDIBITÓRIO – doutrina civilista


 A) Caracterizado apenas se a coisa recebida o seja em virtude de
uma relação contratual (contrato comutativo ou doação com
encargo)

 B) Reconhecido como tal apenas se os defeitos ocultos sejam


graves (os demais não afetam o princípio da garantia)

 C) Só incide se os defeitos sejam contemporâneos à celebração


do contrato. Aos supervenientes a contratação, não cabe invocar a
garantia.
…Distinção entre vício e defeito no CDC

 “São consideradas vícios as


características de qualidade ou
quantidade que tornem os produtos ou
serviços impróprios ou inadequados ao
consumo a que se destinam e também
que lhes diminuam o valor.

 Também são considerados vícios os


decorrentes da disparidade havida em
relação às indicações constantes do
recipiente, embalagem, rotulagem, oferta
ou mensagem publicitária”.
Espécies de Vícios:
qualidade (art. 18, caput) e
quantidade (art. 19)

 Vícios de Qualidade
 frustram legítimas expectativas dos consumidores
 não cumprem o que é esperado pelo consumidor

 I – Produtos impróprios ao Consumo


 São aqueles produtos que não podem ser consumidos da maneira que
deveria, ou seja, quando o produto não se dispõe ao cumprimento do que
se esperava, há um vício intrínseco nele.
 Enlatados com conteúdo deteriorado (bolor, cheiro de podre…)
 Carnes com zonas escurecidas (manchas)
 Peixes com corpo flácido ou escamas soltando…

 Produto com prazo de validade vencido não pode ser consumido, seja o
que for.

 Se o consumidor quiser consumir algo vencido, será culpa


exclusiva do consumidor, mas o fornecedor não pode
disponibilizar produtos com prazo de validade vencido, mesmo que
abaixe o preço.
…espécies de
vícios de
qualidade…

 II – Produtos adulterados
 Alterada a configuração do produto, enganando o consumidor, acrescentando ao
produto um ingrediente mais barato.
 Combustível, leite, etc.
 Quando o mercado reembala frios caracteriza-se adulteração, crime punível.

 III – Produtos avariados


 = algo que deprecie a qualidade do produto.
 Carro zero km, com risco na porta; fogão com queimador entupido...

 IV – Produtos falsificados
 = pirata – imita algo que tem valor diferenciado Ex. DVD’s vendidos por camelôs.

 V – Produtos corrompidos
 = produto sem o lacre, sem as configurações iniciais. Ex. suco ou leite longa vida.

 VI – Produtos fraudados
 = tenha sido objeto de fraude, se equipara à adulteração, porém, é mais abrangente.
Ex. alterar taxas e impostos;
…espécies de vícios de qualidade…

 VII – Produtos altamente Perigosos


 = que tragam riscos inesperados pelo consumidor.
 Ex. pólvora; produtos químicos (devem ter a informação e as restrições
necessárias para proteção do consumidor).

 VIII – Produtos nocivos


 = alguns podem ser comercializados, mas com os devidos cuidados;
 Água sanitária; cloro; querosene…

 IX – Produtos em desacordo com as normas


 = se o Inmetro dispõe as normas para o produto, estas devem ser seguidas, sob
pena de serem consideradas com vício de qualidade.

 X – Produtos inadequados à finalidade


 = o consumidor consegue utilizar o produto, mas não atende a expectativa em
sua totalidade.
 Ex. aparelho eletrônico que, com passar o tempo começa a apresentar problemas.

 XI – Produtos em disparidade com a oferta


 = se a rotulagem, embalagem, publicidade, etc. apresentam algo que não é
devidamente cumprido pelo produto, há diferença com o que é declarado.
Art. 18
Vício do produto e
do serviço

 Vícios são problemas que:


 A) Fazem com que o produto não funcione adequadamente:
 Liquidificador cuja hélice não gira

 B) Fazem com que o produto funcione mal:


 Televisão sem som; automóvel que “morre” toda hora…

 C) Diminuam o valor do produto, como riscos na lataria do automóvel,


mancha no terno…

 D) Produto em desacordo com informações, como o vidro de mel de 500


ml que só tem 400 ml; saco de açucar que só tem 4,8 kg; caderno de 200
pg que só tem 180…

 E) Os serviços apresentem características como funcionamento


insuficiente ou inadequado, como o serviço de desentupimento que no dia
seguinte faz com que o banheiro alague; carpete que descola rapidamente;
parede mal pintada; extravio de bagagem no transporte aéreo…
ESPÉCIES :
Vício aparente e Vício oculto
Art. 26

 “Vício aparente ou de fácil constatação” está


no caput do art. 26:
 De fácil constatação é aquele que é perceptível pela
simples visualização:
 Liquidificador sem a hélice

 É aquele que aparece no simples uso e consumo do


produto ou serviço.
 Televisor que não sintoniza os canais.
Vício oculto

 Vício oculto é aquele que só parece algum ou muito tempo após o


uso, ou que não pode ser detectado no uso regular:

 A) o vício oculto não pode ser verificado no mero exame do produto ou


serviço;

 B) o vício não provoca a impropriedade ou inadequação ou diminuição


do valor do produto ou serviço;

 Computador que, após 6 meses de uso não funciona devido a instalação


de um drive opcional.

 O carro zero quilometro que tinha pequena trinca na barra de direção,


imperceptível ao consumidor e que depois de meses de uso se quebra.
Etapas da reclamação
art. 18

 REGRA = § 1º, art. 18

 AGUARDA 30 DIAS PELA SOLUÇÃO DO PROBLEMA

 RESOLVEU ??? = OK

 NÃO RESOLVEU =
 O CONSUMIDOR PASSA A TER TRÊS OPÇÕES DE SUA LIVRE
ESCOLHA:

 1) SUBSTITUIÇÃO DO PRODUTO POR OUTRO IDÊNTICO EM


PERFEITAS CONDIÇÕES
 SE NÃO TIVER PRODUTO IGUAL PODE ESCOLHER MAIS CARO OU
MAIS BARATO, ACERTANDO A DIFERENÇA;

 2) DESFAZIMENTO DO NEGÓCIO E RESTITUIÇÃO DO VALOR


PAGO;

 3) ABATIMENTO PROPORCIONAL DO PREÇO.


Art. 18, §1°, CDC
O Fornecedor tem o direito aos 30 dias
para apresentar solução

 “Consumidor. Vício do produto. Faculdade


do fornecedor de sanar o vício no prazo de
30 dias. Impossibilidade, no caso concreto,
do uso imediato, pelo consumidor, das
alternativas postas à disposição pelo art. 18,
§ 1°, CDC. Ausência de prova mínima quanto
ao fato de ter sido oportunizado o conserto.
Sentença mantida. Carência de ação.
Recurso improvido”. (TJRS – Recurso Cível
71002384907, Rio Pardo – Segunda Turma Recursal Cível – Rel. Des.
Vivian Cristina Angonese Spengler, j. 14.07.2010 – DJERS
22.07.2010).
…art. 18…

 EXCEÇÃO (art. 18, § 3°)

 Opção imediata por uma das alternativas do § 1º,


quando:

 a substituição das partes viciadas puder comprometer a


qualidade ou características do produto ou, ainda, diminuir-
lhe o valor:
 Quadro de arte que sofreu pequeno rasgo na tela durante o traslado
até a residência do adquirente, transportado pelo dono da galeria.

 tratar-se de produto essencial (remédios, alimentos...)


O consumidor tem o direito a fazer uso imediato
das opções do § 3° do art. 18, quando...

 A substituição das partes viciadas venha a


comprometer a qualidade ou características do
produto.
 O carro adquirido zero quilometro apresenta vício em
seu funcionamento

 A substituição das partes viciadas puder gerar


diminuição substancial do valor da coisa.
 Veículo zero quilometro que necessitar de pintura em
toda uma lateral

 Quando se tratar de produto essencial.


 Automóvel do taxista
 Aparelho auditivo para o surdo
Art. 19

solidariedade nos
vícios de quantidade

 Todos os partícipes do ciclo de produção são


responsáveis diretos pelo vício, sendo que o
consumidor poderá escolher e acionar diretamente
qualquer dos envolvidos para exigir seus direitos.

 Regula tanto vício do produto quanto do serviço.

 Vício de quantidade do produto é toda e qualquer


prestação deste em quantidade diversa (para menos),
daquela paga pelo consumidor, independentemente do
tipo de medida.

 É aquele decorrente de diferença a menor de


conteúdo (peso, altura, porção…)
…Art. 19 = solidariedade nos vícios de quantidade

 VÍCIO DE QUANTIDADE

 Ocorre toda vez que haja diferença a menor de qualquer tipo de


medida da porção efetivamente adquirida e paga pelo
consumidor.
 A) no recipiente e na embalagem (sucos, compotas, legumes…)

 B) na rotulagem (etiquetas, carimbos, impressos…)

 C) na mensagem publicitária (compra 10, leva 12)

 D) na apresentação (carne pré-embalada e pesada, com gramagem


a menor)

 E) na oferta e informação em geral (compro 2 dúzias e só recebo 20


laranjas)

 F) no contrato (apto com área útil menor que da escritura)

 G) na resposta ao pedido da quantidade feito pelo consumidor (peço


uma dúzia de rosas e recebo 11).
STJ, Jurisprudência em Teses,
edição n. 42, 2015
 “A constatação de defeito em veículo zero-
quilometro revela hipótese de vício do produto e
impõe a responsabilização solidária da
concessionária e do fabricante”.

 Acórdãos:

 AgRg no AREsp 661.420/ES – 3a.T., Rel. Min. Marco


Aurélio Bellizze, j. 26.05.2015 – DJE 10.06.2015; EDcl no
Resp 567.333/RN, 4a.T., Rel. Min. Raul Araujo, j.
20.06.2013 – DJE 28.06.2013; REsp 611.872/RJ, Rel. Min.
Angoni Carlos Ferreira, 4a.T., j.02.10.2012 – DJE
23.10.2012 e REsp 547.794/PR – Rel. Min. Maria Isabel
Gallotti, 4a. T., j. 15.02.2011 – DJE 22.02.2011.
Soluções do CDC para
vícios de quantidade do produto – art. 19

I - o abatimento proporcional do preço;

II - complementação do peso ou medida;

III - a substituição do produto por outro da


mesma espécie, marca ou modelo, sem os
aludidos vícios;

IV - a restituição imediata da quantia paga,


monetariamente atualizada, sem prejuízo de
eventuais perdas e danos.
Art. 20
Solidariedade nos vícios de qualidade

 Não só é responsável o fornecedor direto, quanto todos os que


indiretamente tenham participado da relação.
 Instalação de carpete que usa cola
 Banco que se utiliza do correio para remessa de talão de cheques
 Funileiro que pinta o carro com determinada marca de tinta
 Entende-se por “serviço prestado” aquele feito de conformidade
com a oferta, cujo desenvolvimento esteja adequado e do qual
resulte resultado útil, conforme o prometido, quer tenha sifo feito
diretamente pelo profissional liberal, quer se utilize de produto ou
serviço de terceiros.
 Todos serão responsáveis solidários, na medida de suas
participações.
 Banco que remete fatura para pagamento do cartão de crédito e,
por falha de seu sistema operacional, não remete à administradora
o comprovante de pagamento feito pelo consumidor, resultando que
o cliente foi impedido de sacar valor com seu cartão de crédito.
Soluções do CDC para
vícios de qualidade do serviço – art. 20
I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando
cabível;

II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente


atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;

III - o abatimento proporcional do preço.

§ 1° A reexecução dos serviços poderá ser confiada a


terceiros devidamente capacitados, por conta e risco do
fornecedor.

§ 2° São impróprios os serviços que se mostrem


inadequados para os fins que razoavelmente deles se
esperam, bem como aqueles que não atendam as normas
regulamentares de prestabilidade.
Defeito – Art. 12
 O defeito pressupõe o vício:

 Há vício sem defeito, mas não há defeito sem vício.

 Defeito é vício acrescido de um problema extra, alguma coisa extrínseca


ao produto/serviço, que causa dano maior que simplesmente o mau
funcionamento, não-funcionamento, quantidade errada, perda do valor
pago…

 Defeito causa, além do dano do vício, outro(s) dano(s) ao patrimônio


material/moral do consumidor.

 VICIO
 Um consumidor compra caixinha longa vida de creme de leite. Ao
chegar em casa, abre e vê que o produto está embolorado.

 DEFEITO
 Outro consumidor compra o mesmo creme de leite. Abre a caixa
apenas com um corte lateral, prepara um strogonoff e serve para toda a
família. Todas as pessoas que consomem o prato serão
hospitalizados, com infecção estomacal.
DEFEITO NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO

 “Laboratório de análises clínicas que forneceu


laudo positivo HIV, mas que continha erro
constatado, posteriormente, através de exames
realizados em outros laboratórios. Ação
indenizatória contra o laboratório, visto que
houve defeito no fornecimento do serviço, com
exame repetido e confirmado, causando
sofrimento à paciente, que não estava obrigada.
O diagnóstico inexato fornecido por laboratório,
levando a paciente a sofrimento que poderia ser
evitado, dá direito à indenização. A obrigação
da ré é de resultado, de natureza objetiva”. (Resp
2003/0171996/3, 3a. T., rel. Min.Antonio Pádua Ribeiro).
Distinção entre vício e defeito
 Vício é uma característica que fica restrita ao produto ou serviço;
 se extrapolar o produto, caracteriza o defeito.

 O vício é intrínseco ao produto (pertence ao próprio produto);


 o defeito é extrínseco ao produto, causa problemas que vão além do produto.

 1) O problema da roda do veículo “X” é vício.


 Caso venha a provocar um acidente que atinja o patrimônio ou
causar prejuízos ao consumidor é defeito.

 3) Empada com caroço de azeitona é vício;


 se quebrar o dente do consumidor, será defeito.

 4) Pílula de farinha é vício;


 caso a consumidora engravide será defeito.

 5) Picos de energia elétrica é vício;


 caso queime algum aparelho será defeito.

 O defeito é o vício potencializado: há a possibilidade dele ocorrer, mas


enquanto não ocorre é caracterizado como vício.
O responsável pelo
defeito ou pelo vício

 Sempre que o CDC se referir a “fornecedor”, está


envolvendo todos os participantes que desenvolvem
atividades, sem distinção (art. 18 = vícios).
 O CDC rompe com o modelo dual de responsabilidade
(contratual e extracontratual), bastando haver uma relação
jurídica de consumo.

 O art. 12 elenca os responsáveis pelo defeito (no CDC


nomeado por “fato”):

 O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou


estrangeiro, e o importador.

 A regra é a especificação do agente na responsabilidade por


defeito.
EXCLUDENTES DA
RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA

 AUSÊNCIA DE CULPA DO FORNECEDOR

 Além de ser difícil a demonstração de culpa do fornecedor pelo produto


viciado, pode ocorrer dele não ter culpa pelo vício/defeito.

 Neste caso, o fornecedor não agiu com negligência, imprudência nem


imperícia.
 Negligente: causa dano por omissão:

 Motorista que não coloca óleo no freio do automóvel, que falha


ao ser acionado, causando acidente.
 Imprudente: quem causa dano por ação:
 Motorista que passa o sinal vermelho, atingindo outro veículo.

 Imperito: profissional que não age com a destreza dele esperada.


 Advogado que não fundamenta adequadamente sua defesa, em
função de desconhecer a Lei que recentemente foi publicada.
Excludentes da responsabilização

 § 3º, art. 12. O fabricante, o construtor, o produtor ou importador não só


será responsabilizado quando provar:
I – que não colocou o produto no mercado;
II – que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste;
III – a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiros.

 Observa-se 3 constatações:

 1) O uso do advérbio “só”, no caput, não deixa dúvidas:


 as excludentes desse parágrafo são taxativas, não admitindo nenhuma outra.

2) A inexistência das tradicionais excludentes “caso fortuito” e “força


maior”;
 Toda a carga econômica advinda do defeito recai sobre o agente produtor,
respeitado o princípio da vulnerabilidade do consumidor = risco integral daquele
que exerce a livre iniciativa econômica.

3) A culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro, no inciso III.


 O ônus de provar que o acidente de consumo se deu por culpa exclusiva do
consumidor é do fornecedor , responsável pelo produto.
 Caso contrário, sua responsabilidade será integral.
Inciso III, § 3°, art. 12, CDC
EXCLUDENTE FATO EXCLUSIVO DE TERCEIROS

 O fato exclusivo de terceiros rompe o nexo de causalidade (relação de


causa e efeito entre a conduta do agente e o dano causado);

 A expressão “fato exclusivo de terceiros” engloba a culpa (desrespeito


a um dever preexistente) e o risco assumido por outrem (conduta
acima da situação de normalidade, uma iminência de perigo que pode
causar dano);

 Terceiro deve ser pessoa totalmente estranha à relação jurídica


estabelecida;

 O argumento da culpa ou fato exclusivo de terceiro não prospera


na maioria das vezes, segundo doutrina e Tribunais:

 Instituição financeira ou bancária ao alegar que a fraude relativa ao cliente


clonado foi causada por um terceiro totalmente estranho à relação,
argumento que não vinga.
“Fato” do produto
e do serviço

 “Fato do produto” é expressão que permite conexão


com a ideia de “acontecimento” (qualquer
acontecimento).

 “Fato do produto” é expressão correspondente a


“acidente de consumo”.
 Assim, é mais adequado utilizar a expressão “acidente de consumo”
para hipóteses em que tenha ocorrido mesmo um acidente:
 Queda de avião, batida de veículo por falha de freio, quebra da roda gigante
no parque de diversões…
FATO DO PRODUTO
Art. 13

 Vocábulo “igualmente” do caput deve ser interpretado no duplo sentido:

 1) o comerciante tem as mesmas responsabilidades firmadas no artigo 12;

 2) o comerciante é solidariamente responsável com os agentes do art. 12.

 3) só em alguns momentos o comerciante é subsidiariamente responsável.

 O comerciante é responsável pela qualidade dos produtos que negocia:

 Venda de produtos a granel em feiras e supermercados;

 O feirante adquire do atacadista, outro comerciante (atravessador), quilos de


batatas, de diversas origens e as coloca à venda;

 Venda de produtos hortifrutigranjeiros;

 Prato servido em restaurante, produzido com diversos produtos, de várias


origens.
ATENÇÃO
O comerciante pode ser entendido como
polo passivo ilegítimo,
segundo os Tribunais…

 “Apelação cível. Responsabilidade civil. Explosão de


bateria de celular. Acidente de consumo. Fato do produto.
Ilegitimidade passiva da ré comerciante. Reconhecimento.
Em se tratando de acidente de consumo pelo fato do
produto, o comerciante só pode ser responsabilizado
diretamente em casos específicos, pois não se enquadra no
conceito de fornecedor (art. 12, CDC), para fins de
responsabilidade solidária. Como vem defendendo a
esmagadora doutrina especializada, a responsabilidade do
comerciante é subsidiária, e não solidária, tal como
estabelecido na sentença. Ilegitimidade passiva do
comerciante reconhecida, já que identificado o fornecedor
do produto defeituoso. Apelação provida”. (TJRS – Acórdão
70026053116, Porto Alegre – 9a Câmara Cível – Rel. Des. Marilene Bonzanini
Bernardi – j. 11.03.2009 – DOERS 19.03.2009, p. 43)
Responsabilidade do comerciante

Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos


do artigo anterior, quando:

I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não


puderem ser identificados;

II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu


fabricante, produtor, construtor ou importador;

III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis.

Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao


prejudicado poderá exercer o direito de regresso contra os
demais responsáveis, segundo sua participação na causação
do evento danoso.
FATO DO SERVIÇO
Art. 14

 Falha técnica de redação:

 O artigo deveria ter dito “prestador de serviço”, pois o termo


“fornecedor” é gênero, do qual “prestador” do serviço é espécie (assim
como o fabricante, o construtor, o produtor, o importador e o
comerciante).
 “Fornecedor” do serviço aparece também nos arts. 20, 21 e 40.

 O prestador é sempre responsável, respondendo de forma objetiva,


pela reparação dos danos causados aos consumidores pelos defeitos
relativos aos serviços prestados e pelas informações insuficientes ou
inadequadas sobre a fruição e os riscos dos serviços,

 quer no caso de defeito (art. 14),

 quer no caso de vício (art. 20).

 Devem ainda ser acrescentados os defeitos decorrentes da oferta e da


publicidade relativa ao serviço (arts. 30, 31, 36 e 37).
DEFEITO NA
PRESTAÇÃO DO SERVIÇO

 “Falecimento de menor em bloco participante de


micareta. Nos termos do art. 14, § 1º, CDC,
considera-se defeituoso o serviço que não
oferece a segurança que o consumidor dele
pode esperar. Nas micaretas, o principal serviço
que faz o associado optar pelo bloco é o de
segurança que, uma vez não oferecido da
maneira esperada, como ocorreu na hipótese
dos autos, em que não foi impedido o ingresso
de pessoa portando arma de fogo no interior do
bloco, apresenta-se inequivocadamente
defeituoso. (Resp 878.265/PB, rel. Min. Nancy Andrighi, DJE de
10.12.2008).
Órgãos públicos são solidários quando
consentem na comercialização do
produto/serviço?

 Autorização dos órgãos governamentais para


fabricação ou fiscalização de produtos:

 Não há exclusão de responsabilidade do fabricante,


produtor, etc., ainda que órgãos do governo tenham
autorizado a distribuição dos produtos.

 O órgão estatal é indiretamente envolvido como


responsável solidário pelo dano causado ao
consumidor, por vício ou defeito.
Dormientibus non succurit jus
=
“O direito não socorre
aquele que dorme”.
PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA
NO CDC
Distinguindo…
PRESCRIÇÃO
DECADÊNCIA

 PRESCRIÇÃO – Art. 26, CDC


 Extingue a pretensão ao recebimento de
indenização referente a determinado direito
subjetivo que foi violado.

 DECADÊNCIA – Art. 27, CDC


 Extingue o próprio direito material
Critérios para fixação dos prazos

 Os critérios legais para fixação dos prazos de reclamação são 2:


 1) a facilidade de constatação do vício (vício aparente ou oculto)
 2) a durabilidade ou não do produto ou serviço.

 O prazo de 30 dias será usado para produtos e serviços não


duráveis:
 Alimentos, refrigerantes comprados em supermercado, apresentação de
filme em cinema…

 O prazo de 90 dias é para produtos e serviços duráveis:


 Eletrodomésticos, veículos, terrenos, serviços bancários, de crédito, TV a
cabo…
…critérios para fixação prazos…

 Os prazos para vícios aparentes contam-se


da entrega efetiva do produto ou da
execução do serviço (§ 1º do art. 26);

 Os vícios ocultos, da revelação do defeito


(§ 3º do art. 26).
Prazos para reclamação
Arts. 26 e 27

 SACs são disponibilizados no mercado, impostos pela dinâmica


que deve haver no pronto atendimento ao consumidor.

 Essa facilidade (SACs) torna os demais tipos de reclamação obsoletos,


mas ainda viáveis.

 Obstaculiza a decadência a reclamação do consumidor, que


pode ser verbal, pessoalmente ou por telefone.
 O ideal é que essa reclamação seja feita por escrito:

 1) por intermédio de Cartório de Títulos e Documentos, ou

 2) mediante o serviço de correios, com aviso de recebimento (AR), ou


ainda

 3) protocolando cópia diretamente no estabelecimento do fornecedor.


 Diante da violação do direito subjetivo,
nasce, para seu titular, a pretensão, ou
seja, o poder de fazer valer em juízo, por
meio de uma ação, a prestação devida,
buscando o cumprimento da norma
contratual ou legal infringida ou a
reparação dos danos causados, desde
que observado o prazo legal.

 Caso o titular da ação não exerça a


sua pretensão dentro do prazo
estipulado em lei, incidirá, por sua
negligência, uma sanção que é a
prescrição.

 O titular da ação perde o direito de


se valer do Poder Judiciário para
tutelar a pretensão.

 O pedido condenatório promovido


diante do fato do produto ou do
serviço (arts. 12 a 17, CDC), se
sujeitam a prazo prescricional, na
forma do art. 27, CDC.
 A decadência é a extinção do direito potestativo pela
falta de exercício dentro do prazo prefixado pela lei ou pela
vontade bilateral ou unilateral, sendo que o direito
potestativo depende, para ser exercido, apenas da
vontade unilateral de seu titular, devendo a outra parte
simplesmente cumprí-lo.

 Prazo para reclamar por vício do produto ou serviço é


DECADENCIAL:

 Art. 26 = decurso de prazo para que o consumidor exerça


um direito potestativo (direito de reclamar), impondo uma
sujeição ao fornecedor para sanar os vícios do produto
em razão da responsabilidade estampadas nos arts. 18 a
20, CDC.
TABELA DE PRAZOS ART. 26
PRAZO DE ÍNÍCIO DA CONTAGEM
VÍCIOS RECLAMAÇÃO

Vícios APARENTES ou de 30 dias Entrega efetiva do produto


FÁCIL CONSTATAÇÃO ou término da execução
Produtos ou serviços do serviço
NÃO DURÁVEIS

Vícios APARENTES ou de 90 dias Entrega efetiva do produto


FÁCIL CONSTATAÇÃO ou término da execução
Produtos ou serviços do serviço
DURÁVEIS

Vícios OCULTOS 30 dias Momento em que ficar


Produtos ou serviços evidenciado o defeito
NÃO DURÁVEIS
Vícios OCULTOS 90 dias Momento em que ficar
Produtos ou serviços evidenciado o defeito
DURÁVEIS
PROTEÇÃO CONTRA A
OFERTA E PUBLICIDADE
ENGANOSA E ABUSIVA
Arts. 30 a 38, CDC
Armas de sedução utilizadas pelo
fornecedor...
oferta, publicidade, propaganda...

 Oferta = genérico
 Qualquer forma de comunicação ou transmissão
da vontade, visando seduzir ou atrair para o
consumo.
 Anúncio ou informação em vitrine, gôndola de
supermercados, jornais, revistas, rádio, Tv, cinema,
internet, videotexto, fax, telex, catálogo, mala direta,
telemarketing, outdoors, cardápios, guias de compra,
folhetos, panfletos...

 PUBLICIDADE diferente de PROPAGANDA


PUBLICIDADE
diferente de
PROPAGANDA

PUBLICIDADE PROPAGANDA

Tem fins comerciais, de consumo e Tem fins políticos, sociais,


circulação de riquezas culturais e ideológicos

Envolve uma remuneração direta, Não tem intuito de lucro


com finalidade de lucro

Tem sempre um patrocinador Nem sempre tem um patrocinador

Ex.: Anúncio publicitário de loja de Ex.: Propaganda do governo para


eletrodomésticos ou de montadora uso de preservativo no carnaval
de veículos
Art. 30 , CDC

 Distinção entre informação e publicidade.


 Toda publicidade veicula uma informação, mas nem toda
informação é considerada publicidade.

 Toda informação ou publicidade suficientemente precisa,


integra o contrato que vier a ser celebrado.

 Publicidade é anúncio veiculado por qualquer meio de


comunicação: anúncios em tv, rádio, jornal, revista,
folhetos, embalagens, rótulos…

 Informação é mais ampla:


 Abrange tudo o que envolve publicidade, mas vai além:
 Fala ou resposta do gerente do banco
 Atendimento telefonico da administradora do cartão de crédito
 Discurso do corretor de imóveis plantonista da incorporadora
A publicidade vincula o fornecedor
ao seu cumprimento

 JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS. CONSUMIDOR. COMPRA E VENDA DE


IMÓVEL NA PLANTA. RESTITUIÇÃO DE VALOR PAGO COM ITBI.
PROMOÇÃO ZERO ITBI. VINCULAÇÃO DA OFERTA. DEVER DE PAGAR.
RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA PELOS
SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. 1. A publicidade apresentada aos autos
pelo próprio réu/recorrente à fl. 63 não apresenta o termo inicial da
promoção zero ITBI, o que obriga o fornecedor ao cumprimento da oferta
para imóveis financiados pela CEF, na modalidade imóvel na planta, até o
termo final apresentado no informativo (31 de maio de 2012). 2. Na
hipotese, restou incontroverso que a promessa de compra e venda ocorreu no
dia 15 de novembro de 2011, período em que a promoção se encontrava ativa,
conforme as provas dos autos. Desse modo, cabe ao fornecedor o
cumprimento da oferta, conforme a inteligência do art.30 do CDC. 3.
Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida pelos seus próprios
fundamentos, com Súmula de julgamento servindo de acórdão, na forma do
artigo 46 da Lei 9.099/95. Condeno a parte recorrente ao pagamento das
custas processuais e dos honorários advocatícios que fixo em 10% do valor da
condenação. (TJDF – REC: 20150410049487, Relator: FLÁVIO FERNANDO
ALMEIDA DA FONSECA, PRIMEIRA TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS
ESPECIAIS DO D. F., Data de Publicação: 30/11/2015)
Art. 31, CDC
Princípio da veracidade

 Informações devem ser claras, corretas, precisas,


ostensivas e em língua portuguesa.

 Deve mostrar, exatamente, as características, qualidades,


quantidade, composição, preço, garantia, prazos de
validade e origem, entre outros dados.

 Além de respeitar a saúde e segurança dos consumidores.


Reflexos causados por oferta e informação
indevidas, devem ser indenizados

 Prejuízos material e moral do consumidor enganado, passíveis


de indenização:

 Diferença a maior paga pela fabricação dos móveis, baseada na


comparação com o preço médio cobrado pelos mesmos móveis
oferecidos no mercado de consumo como padrão.

 Dano moral referente à humilhação de ter sido enganado, além de ser


obrigado a morar de maneira menos confortável do que aquela à qual
teria direito segundo a oferta que lhe foi feita.
Atraso injustificado na entrega do
produto/serviço – punido pelo art. 35, CDC

 APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DO CONSUMIDOR. PRODUTO


NÃO ENTREGUE NO PRAZO FIXADO. DESCUMPRIMENTO
DA OFERTA. DEVER DE REPARAR OS PREJUÍZOS
SOFRIDOS. DANOS MORAIS. 1. O descumprimento do
prazo de entrega do produto, de forma injustificada, impõe o
não cumprimento da oferta e autoriza o consumidor a exigir
a reparação na forma do art. 35, doCódigo de Defesa do
Consumidor. 2. A empresa não trouxe aos autos qualquer
elemento apto a justificar o atraso na entrega e, ainda,
mostrou-se desidiosa ao ofertar a venda de um produto em
seu website sem disponibilidade em estoque. 3.Danos
morais e materiais configurados. Indenização que se
adequa aos postulados da razoabilidade e
proporcionalidade. 4. Sentença mantida. (TJPE – REC:
00001156220128171550, Relator: JOSÉ VIANA ULISSES FILHO, Data de
Publicação: 11/12/2015)
Banco de dados e
cadastro de consumidores
Banco de dados e
cadastro de consumidores
arts. 43 e 44, CDC
 São espécies do gênero “cadastro de consumo”.
 Desempenham papel social importante.

 Brasileiro deixa de ser poupador, para ser dependente de crédito no


mercado de consumo.

 Bancos de dados e cadastros dos consumidores lidam com um dos


nossos mais importantes direitos da personalidade: o nome.

 Da mesma forma que a CF/88, art. 5°, IV, IX e XIV prescreve o direito à
informação e à liberdade.

 No Direito de Família, o novo CPC admite o protesto judicial da


dívida de alimentos,

 o que resultará na inscrição do devedor, em cadastros negativos de


crédito, medida preliminar a sua prisão civil. (art. 528, NCPC)
ART 43, CDC – Arquivos de consumo
Art. 43. O consumidor, sem prejuízo do disposto no art. 86, terá acesso às informações
existentes em cadastros, fichas, registros e dados pessoais e de consumo arquivados sobre
ele, bem como sobre as suas respectivas fontes.

§ 1º Os cadastros e dados de consumidores devem ser objetivos, claros, verdadeiros e em


linguagem de fácil compreensão, não podendo conter informações negativas referentes a
período superior a cinco anos. (Prazo decadencial ao direito potestativo do credor)

§ 2º A abertura de cadastro, ficha, registro e dados pessoais e de consumo deverá ser


comunicada por escrito ao consumidor, quando não solicitada por ele. (aviso-prévio)

§ 3º O consumidor, sempre que encontrar inexatidão nos seus dados e cadastros, poderá
exigir sua imediata correção, devendo o arquivista, no prazo de cinco dias úteis, comunicar a
alteração aos eventuais destinatários das informações incorretas. (incumbência do credor)

§ 4º Os bancos de dados e cadastros relativos a consumidores, os serviços de proteção ao


crédito e congêneres são considerados entidades de caráter público. (NATUREZA JURÍDICA)

§ 5º Consumada a prescrição relativa à cobrança de débitos do consumidor, não serão


fornecidas, pelos respectivos Sistemas de Proteção ao Crédito, quaisquer informações que
possam impedir ou dificultar novo acesso ao crédito junto aos fornecedores.

§ 6º Todas as informações de que trata o caput deste artigo devem ser disponibilizadas em
formatos acessíveis, inclusive para a pessoa com deficiência, mediante solicitação do
consumidor. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015 – Estatuto da pessoa com deficiência).
Art. 44, CDC. Os órgãos públicos de defesa do
consumidor manterão cadastros atualizados de
reclamações fundamentadas contra fornecedores
de produtos e serviços, devendo divulgá-lo
pública e anualmente. A divulgação indicará se a
reclamação foi atendida ou não pelo fornecedor.

§ 1° É facultado o acesso às informações lá


constantes para orientação e consulta por
qualquer interessado.

§ 2° Aplicam-se a este artigo, no que couber, as


mesmas regras enunciadas no artigo anterior e as
do parágrafo único do art. 22 deste código.
…arquivos de consumo…

 CDC é um dos mais avançados sistemas do mundo


com relação ao controle de bancos de dados.

 SPC – Serviço de Proteção ao Crédito, ligado à


Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas –
CNDL, detém 70% do mercado brasileiro de
informações de crédito ao consumidor.
 Entidade privada, chamada de “arquivista”.

 SERASA – Centralização de Serviços dos Bancos S.A.


atende mais de um milhão de consultas/dia.

 Esses cadastros gozam de presunção de veracidade:


 Reproduzem o que é informado pelos Cartórios de
Protestos.

 O protesto, ato formal e solene, prova inadimplência ou


descumprimento da obrigação.
 É de domínio público (art. 1°, Lei do Protesto, n. 9492/1997)
…arquivos de consumo…

 Na era da sociedade da informação, identificamos 4 tipos


básicos de poder, dentre os quais os arquivos de consumo
ostentam 3:
 1) o econômico
 2) o militar
 3) o tecnológico
 4) o da informação

 A operação dos bancos de dados, se não exercida dentro de


certos limites, se transforma em dano social, deixando
desprotegida a coletividade dos bons devedores.

 Art. 5°, X, CF/88

 O fornecimento de dados de consumidores a terceiros,


participantes ou não da operação creditícia, viola o direito a
intimidade, privacidade, honra e imagem das pessoas.

 Uma vez “negativado”, o consumidor tem seu crécdito aniquilado,


ficando à mercê da palavra final dos bancos de dados, com relação
a futuras contratações.
…arquivos de consumo…

 SÚMULA 359, STJ. “Cabe ao órgão que mantém o


cadastro de proteção ao crédito a notificação do
devedor antes de proceder à inscrição”.

 SÚMULA 404, STJ. “É dispensável o aviso de


recebimento (AR) na carta de comunicação ao
consumidor sobre a negativação de seu nome em
bancos de dados e cadastros.”
 (Doutrina entende que a Súmula 404 é um ultraje ao
conceito de boa-fé objetiva.)

 SÚMULA 548, STJ. “Incumbe ao credor a exclusão do


registro da dívida em nome do devedor do cadastro de
inadimplentes no prazo de cinco dias úteis, a partir do
integral e efetivo pagamento do débito”.
STJ – Resp 1061530/RS – Segunda Seção – Rel. Min. Nancy
Andrighi – j. 22.10.2008 – Dje 10.03.2009

 Do julgamento desse recurso contra o Unibanco, surgiram


4 Súmulas do STJ, lamentável reviravolta na jurisprudência
superior:

 SÚMULA 382, STJ. “A estipulação de juros remuneratórios


superiores a 12% ao ano, por si só, não indica abusividade”.

 SÚMULA 381, STJ. “Nos contratos bancários, é vedado ao


julgador conhecer, de ofício, da abusividade das cláusulas”.

 SÚMULA 380, STJ. “A simples propositura da ação de


revisão de contrato não inibe a caracterização da mora do
autor”.

 SÚMULA 379, STJ. “Nos contratos bancários não regidos


por legislação específica, os juros moratórios poderão ser
convencionados até o limite de 1% ao mês”.
Reparação dos danos:
prazo para se pleitear
 No caso de inscrição indevida em cadastro
ou banco de dados:
 I - Dívida inexiste ou é inválida
 II - Não houve comunicação prévia ao consumidor
 III - A dívida indevida é paga pelo consumidor
 IV - Quando extrapolado o prazo máximo de conservação do nome (5
anos)

 STJ concluiu pela aplicação do prazo geral de prescrição = 10


anos (art. 205, CC):

 STJ, REsp 1.276.311/RS – Rel. Min. Luis Felipe Salomão – 4a Turma


– j. 20.09.2011 – Dje 17.10.2011.

 Diálogo das fontes em benefício ao consumidor, já que o art. 27, CDC


traz prazo prescricional de 5 anos.

 SUMULA 323, STJ: A inscrição de inadimplente pode ser


mantida nos serviços de proteção ao crédito por, no
máximo, 5 anos.
Cadastro positivo de consumidores
Lei 12.414, 09.06.2011

 Facilita o crédito a favor do consumidor, trazendo ao


fornecedor um histórico de pagamentos já efetuados por aquele,
o que assessora o fornecedor na análise de risco do negócio.

 A abertura do cadastro requer autorização prévia do


consumidor, mediante consentimento informado por meio de
assinatura em instrumento específico ou em cláusula
apartada. (art. 4° da Lei)
 Das informações devem ser claras, objetivas, verdadeiras, de fácil
compreensão (art. 3°, §§ 1° e 2°, da Lei).

 O cadastro é facultativo (pessoas que só consomem com


pagamento à vista não têm interesse).

 STJ julgou questão relativa ao credit score:


 Sistema de pontuação de crédito em benefício do consumidor. (STJ –
Resp 1.419.697/RS – Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino – j.
12.11.2014), que gerou a Súmula a seguir…
Súmula 550 STJ
(outubro de 2015)

“A utilização de escore de crédito, método


estatístico de avaliação de risco que não constitui
banco de dados, dispensa o consentimento do
consumidor, que terá o direito de solicitar
esclarecimentos sobre as informações pessoais
valoradas e as fontes dos dados considerados no
respectivo cálculo”.

Você também pode gostar