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AULA 1 – TEORIA DO PROCESSO

PROPEDÊUTICA PROCESSUAL: AUTODEFESA, AUTOCOMPOSIÇÃO, ARBITRAGEM, PROCESSO.

• O QUE É PROCESSO?

Nós sabemos que em determinado sentido o soberano, aquele na qual tem o poder de decisão,
a sua vontade também sobre os outros é uma garantia de que os súditos obedecerão. Pelo
motivo dele ser dependente de tudo, o mesmo sofre com a possibilidade da tentativa de sofrer
uma revolução. Desse modo, ele sempre tenta de certa forma justificar sua soberania para que
ele sempre seja aceito.

Nesse segmento e tentando superar esse modelo, a modernidade surge com o preceito de
tentar garantir um uma melhora nas suas decisões e essa garantia é o processo (modernização).
Nesse sentido, o processo é uma dilação no tempo a partir do momento em que as partes vão
poder dialogar uma com a outra diante de um sujeito supostamente superior, um superior do
estado e essas partes vão dialogar entre si em busca de uma decisão de um terceiro imparcial.
Essa é basicamente a definição de processo.
Em síntese, seria a existência de um litígio e a decisão estatal que vai restituir a ordem. Nesse
sentido, o processo é uma garantia da modernidade contra o absolutismo.
Essa é a primeira definição de processo, porém existe outras definições mais técnicas que
seria basicamente a definição de Fredie Didier.

“O processo pode ser compreendido


como método de criação de normas
jurídicas, ato jurídico complexo
(procedimento) e relação jurídica. São
três abordagens jurídicas do processo”.
(DIDIER, Fredie. Sobre a Teoria Geral do
Processo, essa
desconhecida.2.ed.Salvador:
JusPodivim,2013, p.63).

Essa definição que Fredie Didier tem duas dimensões:


1ª Dimensão: o processo como uma dinâmica estatal de produção de norma, de uma decisão
autoritária que vai valer como norma para os particulares e para o próprio estado, vai valer como
força de lei.
2ª Dimensão: A segunda dimensão vai ser a Teoria do Fato Jurídico que vai se subdividir em três
dimensões:
• 1ª dimensão: Dimensão da Existência- O que é necessário, quais são os pressupostos
para que certo fato tenha existência qualificada como jurídica?
(Prof. “Pode um fato costumeiro não ter importância, mas um fato costumeiro de alguma
maneira pode se tornar relevante para o mundo jurídico, então quais são os pressupostos para
que isso aconteça?” (essa existência).

• 2ª dimensão: Dimensão da Validade – Nem todo ato jurídico, fato jurídico tem a
dimensão da validade. Nesse sentido, os requisitos de validade é justamente ir de acordo com
as regras jurídicas (não ser um ato viciado).
• 3ª Dimensão: Dimensão da Eficácia – Cumprir o que se tinha proposto entre as partes.
Além disso, fazendo uma síntese do processo para Didier, ele diz que o processo é um método
de exercício de poder, um exemplo é quando juiz vai decidir algo, pois o mesmo está lá
representando o estado. O Fredie Didier compara o juiz a um arbitro porque ele é capaz de
produzir coisa julgada. Para ele a função jurisdicional é caracterizada pela capacidade de formar
coisa julgada.
Nesse sentido, o professor salienta um dos primeiros artigos do CPC/2015: Art.4 “As partes
tem o direito de obter um prazo razoável para a resolução integral do mérito, incluída a
atividade satisfativa.”
Esse “incluída a atividade satisfativa” quer dizer que o judiciário não simplesmente certifica o
direito, ele também é responsável pela atuação do estado no sentido do cumprimento e da
efetivação de sua própria decisão.

Professor salienta que no Brasil temos dois vetores do processo, dois autores que são passíveis
de crítica que o Dinamarco e Álvaro de Oliveira.

DINAMARCO: A ideia de Dinamarco insere o processo nesse contexto de exercício de poder, o


processo então é compreendido como um instrumento do poder (juiz). Além disso, ele tem
uma visão muito social do processo, isso é importante porque o juiz é sendo essa pessoa como
ser de fazer justiça adaptando as leis. O grande problema dessa questão dele é que isso depende
muito da boa fé do juiz. Esse problema já é mediado para Álvaro de Oliveira.

ÁLVARO DE OLIVEIRA: Se para o Dinamarco o processo é o meio para o fim, o Álvaro de Oliveira
vai dizer que o processo é forma, a forma também tem valor e esse valor é aquele valor que as
partes dão a ela. Juiz e as partes tem que entrar em dialogo e uma cooperação para resolver o
litígio. Ele diz que a sociedade é quem vai resolver o litígio.

Ademais, seguindo a dimensão do fato jurídico e suas três sub-dimensões, o professor salienta
que nem todo fato jurídico sujeita as três dimensões. Temos uma classificação dos fatos
jurídicos:
• Fatos jurídicos em sentido estrito – Onde não temos a participação da vontade humana.
• Ato fato jurídico: aqui a vontade humana tem relevância, no ato fato jurídico o que é relevante
é a ação humana se produza.
• Atos jurídicos latu sensu: Os atos jurídicos latu sensu são diferenciados de duas formas: todo
ato jurídico é caracterizado por ser um fato jurídico na qual tenho uma ação humana e na qual
a vontade é um elemento relevante. O ato jurídico latu sensu se divide em Ato Jurídico em
sentido estrito e em negócio jurídico.

O processo para a teoria do Fato Jurídico é um ato-complexo de formação sucessiva. As


relações processuais são estabelecidas ao longo do processo e ao longo disso se vai ser
estabelecido direito e deveres.

Vale destacar que o processo não é a única forma de solução de conflitos, temos outras:
• AUTOTUTELA: 2 PARTES.
Exemplos de autotutela:

• Legitima defesa (CP, Arts. 24 e 25): Se eu tenho uma ameaça indevida a um bem próprio.
Eu estou legitimado pelo ordenamento a defender aquele bem jurídico.
• Desforço imediato (CC,Art, 1210, §1º): é o caso da posse, se eu tenho a posse esbulhada,
contestada, eu tenho autorização do ordenamento para manter uma ordem de reaver minha
posse.
• Greve (CF,Art. 9º): Instrumento social como luta trabalhista, tutela dos direitos do
proletariado.

• AUTOCOMPOSIÇÃO: POSSIBILIDADE DE EXISTÊNCIA DE UM FACILITADOR.

Na autocomposição a grande questão é se há a participação de terceiros ou não.

• Sem participação de terceiros é quando eu reconheço que eu quanto réu errei e pago ou se
estabelece uma forma de encerrar minha obrigação. Fico livre daquela obrigação.

# Reconhecimento do pedido.
# Desistência e renúncia.

• Com a participação de terceiros: esse terceiro vai ser o facilitador da ação. E temos duas
dimensões:

# Mediação: o mediador não tem tanta liberdade para oferecer soluções, ele vai procurar
sensibilizar as partes.
# Conciliação: o facilitador já pode propor soluções, mas não faz muita coisa na prática.

• HETEROCOMPOSIÇÃO: EXISTE UM TERCEIRO QUE SE COLOCA SOBRE AS PARTES E ELE


ESTABELECE A SOLUÇÃO DO CASO CONCRETO. UM IMPARCIAL. Existem:

• HETEROCOMPOSIÇÕES NÃO- JURIDICIONAIS:

• Processos administrativos: A jurisdição administrativa no Brasil não faz coisa julgada.


• Processos envolvendo relações privadas também.

• PROCESSO JURISDICIONAL LATO SENSU: Nesse processo temos um processo nas mãos de um
terceiro imparcial e essa decisão se torna imutável. Ex: processo judicial comum como o penal,
civil etc.

Nesse sentido, no processo jurisdicional temos a presença de um arbitro que pode ser
qualquer coisa (um engenheiro, desenhista etc), e esse terceiro se coloca sobre as partes. Esses
processos são passíveis de coisa julgada.

*faltou o professor jurisdicional stricto sensu na aula.

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