1) A religião tem um papel dinâmico e preponderante na vida das pessoas, embora o número daqueles sem religião esteja aumentando.
2) A transmissão da religião de geração em geração tem enfrentado uma crise devido à diminuição da influência da família e ao dinamismo das sociedades modernas.
3) Entre os jovens especificamente, é mais comum o abandono ou questionamento da religião herdada pela tradição em favor de uma busca individual de identidade.
1) A religião tem um papel dinâmico e preponderante na vida das pessoas, embora o número daqueles sem religião esteja aumentando.
2) A transmissão da religião de geração em geração tem enfrentado uma crise devido à diminuição da influência da família e ao dinamismo das sociedades modernas.
3) Entre os jovens especificamente, é mais comum o abandono ou questionamento da religião herdada pela tradição em favor de uma busca individual de identidade.
1) A religião tem um papel dinâmico e preponderante na vida das pessoas, embora o número daqueles sem religião esteja aumentando.
2) A transmissão da religião de geração em geração tem enfrentado uma crise devido à diminuição da influência da família e ao dinamismo das sociedades modernas.
3) Entre os jovens especificamente, é mais comum o abandono ou questionamento da religião herdada pela tradição em favor de uma busca individual de identidade.
A religiosidade pode ser vista como um aspecto de extrema relevância em
diversas esferas da vida social. Esse fato pode ser verificado analisando diversos momentos da história da humanidade, desde a chamada Idade Antiga, nos primórdios do Império Romano, onde o cristianismo se firmou como uma religião que venceu o domínio das religiões pagãs que até então vigoravam, passando pela Idade Média, considerada por muitos como uma idade das trevas pelo domínio expansivo exercido pela Igreja Católica nas sociedades europeias, até o final do século XX e o período atual, onde o centro de poder do Catolicismo, representado pela cidade do Vaticano e pelo líder da religião católica, o Papa, exercem ainda uma grande influência sobre a moral e a ética de diversas sociedades. Esses exemplos contemplam apenas a importância do catolicismo pelo mundo, fato que pode ser explicado por essa religião ainda estar presente de forma predominante em vários países pelo mundo. Entretanto, observando o crescimento de outras religiões e, no sentido contrário, de pessoas que não possuem religião, pode-se notar que a religião possui um espaço de debate muito dinâmico e um papel preponderante no cotidiano das pessoas.
Quando se fala de pessoas sem religião é interessante pontuar que essa
categoria envolve um número variado de definições de comportamentos e formas de pensar. Ateus, céticos, agnósticos ou aqueles que simplesmente declaram não possuir nenhum vínculo religioso, ainda que possuam alguma forma de espiritualidade ou crença na existência de alguma entidade superior podem ser contemplados por essa categoria. Os dados de pesquisas quantitativas realizadas nos últimos anos no Brasil mostram que o número de pessoas que podem ser classificadas como sem religião têm aumentado de forma expressiva nos últimos 20 anos, algo que sem dúvida mostra uma tendência que pode vir a ser contínua e que merece ser investigada de forma mais detida, uma vez que a análise quantitativa mostra apenas o fato objetivo de que o crescimento está ocorrendo, mas não explica o que pode estar levando a esse fenômeno. Para dar conta dessa explicação se faz necessária a utilização do método qualitativo e uma abordagem sobre essa temática e autores como Ronaldo Almeida e Daniele Hervieu-Léger lançam uma explicação que começa pela análise do que eles consideram uma crise na transmissão da religião. O que pode ser observado, pegando o cenário brasileiro, é a diminuição da eficácia da família como estrutura primeira de transmissão da crença, ou seja, a hereditariedade por assim dizer da religião perde espaço na atualidade. Os costumes, tradições e a religiosidade constituem formas de integrar e iniciar o indivíduo no grupo ao qual pertence, constituindo a corrente que passa de uma geração para a próxima toda a carga cultural relacionada a determinado grupo. Entretanto, a cultura e a própria transmissão são caracterizadas por serem dotadas de uma dinâmica fluida, de forma que costumes e tradições nas sociedades complexas contemporâneas estão em constante transformação. Essa mudança é o que constitui, segundo esses autores, a fonte da garantia existencial das culturas e, em específico, das religiões, pois cada geração acrescenta algo ao costume original de acordo com o contexto social em que vivem, passando a cultura que lhes foi transmitida à próxima geração com algumas modificações. O dinamismo da cultura aparece então como um fator a ser considerado para o desenrolar dessa crise na transmissão religiosa segundo a visão desses autores.
Um outro fator que merece ser destacado é a multiplicidade de opções de
religiosidade às quais os indivíduos são submetidos na sociedade atual, onde o acesso a diferentes culturas através de redes de comunicação como internet e televisão é intenso desde o início da vida. Esse dinamismo das sociedades atuais traz consigo a diminuição do espaço na memória coletiva para armazenar todos os costumes que nos levaram ao contexto cultural em que vivemos agora. O que adquire importância nessas sociedades são as informações imediatas e atualizadas, tirando o foco das tradições. Além disso, é relevante mencionar a variedade existente dentro de uma religião hegemônica como o cristianismo, como é colocado por Ronaldo de Almeida ao expor o cenário religioso brasileiro. Os dados presentes em seu texto "Transmissão religiosa nos domicílios brasileiros" mostram que a matriz cristã no Brasil ainda pe dominante, mas os "não católicos" estão em crescimento constante no país. Como não católicos aparecem não apenas pessoas sem religião, mas também indivíduos de minorias religiosas como religiões afrobrasileiras, mulçumanos, espíritas e outras. O que se tornou natural para uma religião como o catolicismo foi o surgimento de variantes de sua matriz principal, formas da religião original que se atrelam a práticas ou interpretações diferentes dos preceitos principais da doutrina, sendo exemplos disso os cultos evangélicos ou as manifestações do chamado catolicismo carismático. Essa diversificação da doutrina original e criação de outras igrejas ou orientações alternativas pode ser enxergada como um enfraquecimento da institucionalização e coesão da religião, algo que diminui a capacidade de reunir os adeptos sobre uma forma única de religiosidade, o que leva também à diminuição de fiéis à religião matriz vista de forma geral. Ainda analisando o cenário brasileiro, os estudos de Ronaldo de Almeida mostram uma divisão em ciclos da vida em que os indivíduos se mostram mais ou menos ligados à religião. Por exemplo, na juventude, assim definida como fim da adolescência e início da vida adulta, foi verificada uma maior probabilidade de rompimento com a religião dominante e adesão à outras ou abandono de religiões no geral, no caso o catolicismo e em idades mais avançadas um maior índice de adesão à religiosidade. Ou seja, nos ciclos iniciais da vida, quando se passa por uma fase de transformações e formação do caráter e da identidade, que pode ou não se definir de forma absoluta, é mais comum o abandono da religião ou preferência por minorias religiosas, algo que remete à ideia da crise da transmissão notada em primeira instância na constituição familiar. A escolha por possuir ou não uma religião nas sociedades contemporâneas está cada vez mais associada à dimensão do pessoal e do privado, deixando a crença individual de ser algo que carrega a obrigação de ser transmitida ou mesmo imposta. Essa característica que está mais presente com o advento da modernidade se mostra de forma mais expressiva nos jovens, que são a parcela da população onde o crescimento dos sem religião é maior no Brasil e que tendem a preferir escolher uma religião, se for o caso, pela suas experiências pessoais ao invés de aceitarem aquela que lhes é passada pela tradição. O homem moderno é marcado pela busca individual de sua identidade além daquela que é herdade pela hereditariedade e a religião aparece como um fator constante para essa definição, uma vez que a religiosidade reside no fundo da consciência humana como forma de orientação para as ações além de representar a primeira maneira encontrada pela humanidade para explicar a origem de tudo aquilo que a cerca.