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Nome: Marcos Roberto Magalhães de Sá. Mat.

: 18213010227
Pólo: Nova Iguaçú

Historicamente a carreira docente, sobretudo no que se refere aos anos iniciais de


aprendizagem, ou seja, nas classes de alfabetização e ensino fundamental, foi quase sempre
desprestigiada no Brasil. Isso acaba por se refletir na própria formação dos professores. Muito
pouca atenção é dada à metodologia e prática didáticas nos cursos de licenciatura. Em geral,
são apresentadas apenas como um adendo ao final dos cursos. Costumeiramente são formados
técnicos e não professores. Quando confrontados como uma sala de aula, onde uma enorme
variedade de diferentes tipos de vivências está ali amalgamada, encontram sérias dificuldades
em conseguir criar condições de ensino que forneçam um instrumental relevante para a
formação do indivíduo cidadão. Essa educação emancipa tória, só é possível na media em que
se domina o manancial didático voltado àquele tipo de ensino que procura não só aplicar
certos conteúdos mais técnicos inerentes a cada disciplina específica, mas também que busca
um entendimento maior das necessidades individuais de cada aluno, dando-lhes voz e
concebendo essa experiência como uma troca, obviamente orientada pelo professor, de
conhecimentos. É assim que se pode resgatar, ou mesmo prover, valores como auto-estima e
respeito para jovens que, por carências afetivas, morais e materiais no âmbito do seu meio
familiar e social, não os possuem. È assim também que se podem criar noções de
sociabilidade e crítica constante aos modos e costumes, por ventura excludentes, vigentes,
alicerçando condições para a construção de uma comunidade participativa e cidadã. O papel e
a importância da formação de professores, dada essa reflexão, fica sublinhado. Acontece que,
como já observado, e amplamente discutido no vídeo da entrevista com a pesquisadora com
Bernadete Gatti, essa prática ainda é bastante precarizada no país. Ela classifica como
dramática essa formação, estagnada numa visão de mundo atrasada. Os próprios cursos de
pedagogia sofrem de carências importantes, por exemplo, no campo da alfabetização e
educação infantil, com pouco tempo voltado à prática de ensino. Isso, em realidade, é efeito
direto da pouca valorização dada aos professores tanto na esfera pública como na privada.
Esse desprestígio acaba por afastar as pessoas da carreira docente. No mais das vezes mal
remunerados, com condições de trabalho bastante aquém daquilo que seria minimamente
aceitável para a consecução de uma boa atividade didática, vários acabam desistindo e
procurando outras profissões. Essa falta de estrutura permeia inclusive o próprio
planejamento didático, muitas vezes feito de forma apressada e descuidada, procurando
somente abarcar certos conteúdos selecionados das várias disciplinas tidas como obrigatórias,
assumindo uma forma mecanizada de fazer educação. A entrevista com o professor Galdêncio
Frigotto complementa esse quadro desolador. A desestruturação e redução das funções do
Estado democrático em andamento atingem diretamente os setores menos favorecidos da
sociedade, aqueles que dependem quase única e exclusivamente dos bens púbicos para
suprirem minimante suas demandas mais básicas, como é o caso da educação. Com suas
relações de trabalho e remuneração cada vez mais precarizadas, não poderão contar com a
única saída a que podem recorrer nas suas demandas mais fundamentais, mai uma vez, os
bens públicos fornecidos pelo Estado democrático. Aliado a isso, há ainda um discurso
explícito de desvalorização do conhecimento e dos professore de forma geral, criando uma
estrutura discursiva onde o ensino não passa de um mero treinamento para a consecução de
determinadas atividades de pouca complexidade para a maior parte das pessoas. Abertamente
se fala que o ensino superior deve ser voltado somente a uma suposta elite intelectual,
obviamente pertencente à esfera de maior poder econômico. A esses sim, uma escola com
bons recursos, com desenvolvimento de vários tipos de aptidões e disponibilidade de vários
tipos de conhecimentos. Nessa linha, cortes substanciais de verbas públicas vêm sendo
constantemente alinhavados em nome de uma bastante duvidosa, para dizer o mínimo,
eficácia do mercado, como se esse não fosse uma construção da própria sociedade,
funcionando de forma autônoma acima dos homens e mulheres. É esse quadro desolador que
ora se apresenta aos professores, onde, como se tudo mais já não bastasse, ainda tem que
conviver com a tentativa de cerceamento do debate de idéias, do respeito à diversidade, das
escolhas individuais e principalmente da busca incessante em silenciar quaisquer atitudes e
formas de pensar mais crítica e questionadora, único caminho possível para mudanças
fundamentais na estrutura de uma realidade profundamente desigual e excludente. Essa lógica
militarizada do mando e obediência é uma das formas de manutenção de certos privilégios por
parte de uns bem poucos indivíduos. A educação precarizada é um alicerce para esse tipo de
divisão social. O convencimento realizado através de grandes meios de comunicação de
massa, pouco diversificados em seus conteúdos e interesses, se dá mais facilmente quando
não se tem instrumentos ou conteúdos que possam questioná-los e assim se aceita mais
facilmente as mazelas destinadas destinada a uma grade maioria de vidas.

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