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renda fixa e

Tesouro direto

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índice

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INTRODUÇÃO
O mercado financeiro oferece várias opções de investimentos para
quem, como você, está formando poupança, ou seja, gastando menos
do que recebe em renda.

As principais são os mercados de ações, juros, câmbio e, mais recente-


mente, imobiliário.

É verdade que o mercado imobiliário sempre foi uma alternativa de


investimento, só não fazia parte do mercado financeiro.

Com a criação dos Fundos de Investimento Imobiliário no Brasil (FII), o


ramo imobiliário entrou para o mercado financeiro, ganhando caracte-
rísticas de liquidez, publicidade e generalidade.

Insistimos que o bom investidor é aquele que domina todos esses


mercados, porque ele:

→→ diversifica os riscos a que se expõe;

→→ investe de maneira eficiente em cada mercado.


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Temos certeza de que a diversificação é uma necessidade, pois os di-

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ferentes mercados reagem de maneira distinta a fatores conjunturais

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INTRODUÇÃO
sobre os quais o investidor não tem, nem de longe, controle (dinâmica
econômica, crises políticas, guerras, etc.).

O objetivo aqui não é, todavia, justificar a necessidade de diversifica-


ção. Se você não tem certeza de que uma estratégia de diversificação
seja obrigatória, recomendo a leitura do excelente livro Alocação de
Ativos, do Henrique Carvalho, educador financeiro bastante conhecido.

Ebook Alocação de Ativos

O método Carteira RICA parte do pressuposto de que você entende a


necessidade de diversificar, mas encontra alguns dos seguintes proble-
mas:

→→ Não tem tempo, nem vontade, de passar o dia inteiro na frente de


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um home-broker esperando a oportunidade da vez;

→→ Além disso, não se sente confortável em adquirir ETF, pois há várias


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INTRODUÇÃO
“laranjas podres no saco”, e sabe que pode investir melhor do que
isso escolhendo bons ativos;

→→ Já descobriu que a Bolsa de Valores nem sempre é o investimento


mais rentável;

→→ Descobriu, por conta própria, que a análise técnica de ações toma


todo o seu tempo e, pior, é ineficaz, mas não conhece cursos mais
profundos sobre fundamentos.

→→ Não sabe com certeza ainda, mas já desconfia, que o Tesouro Direto
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pode deixá-lo rico, e que a taxa de contratação raramente será sua


rentabilidade efetiva;
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INTRODUÇÃO
→→ Não sabe dizer se o câmbio está caro ou está barato, nem acredita
no dólar como forma de investimento, pois o que viu é um dólar des-
valorizando-se frente ao real na última década (isso tem mudado de
uns tempos para cá);

→→ Crê que os Fundos imobiliários têm que ser avaliados pelo lastro,
mais do que pelo simples rendimento do último mês, mas não tem
ideia de como fazer isso ou calcular um preço justo para eles.

Com relação especificamente à renda fixa e ao Tesouro Direto, objeto


específico deste material, já ouvi de vários investidores que o rendi-
mento lhes parece baixo se comparado às ações.

Estão enganados. O histórico, os gráficos, mostram que o rendimen-


to do Tesouro há muitos anos é superior ao IBOV. Isso eu falo para o
Tesouro como investimento de longo prazo (buy and hold – comprar e
permanecer com o título). Para o especulador em juros, então, o rendi-
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mento foi infinitamente maior.

Mas especular com Tesouro é arriscado como especular na Bolsa de


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INTRODUÇÃO
Valores?

Não. O investimento no Tesouro tem ainda a válvula de escape: se a


pessoa compra no momento errado e seu título perde valor, ela pode
guardá-lo para manter a rentabilidade contratada. Basta carregá-lo até
o vencimento.

Em que hipótese isso aconteceria? Bom, aconteceu, por exemplo, com


o “louco” que comprou títulos pré-fixados quando a Selic estava em
7,25% no início de 2013. Era nitidamente um piso da Selic (como vere-
mos adiante). Para esse “louco”, que fez tudo ao contrário, às vezes a
saída encontrada é baixar a cabeça e ficar com o título até o vencimen-
to.

Claro, isso se ele não conhece as técnicas que ensinaremos aqui, com
as quais ele pode manobrar de maneira a recuperar o valor perdido
nessa má compra.
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É verdade que certo feeling você aprenderá com tempo e experiência,


mas aqui vai um consolo: com as noções práticas iniciais de especula-
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INTRODUÇÃO
ção e com nossa poderosa área de debates, você já poderá de imedia-
to fazer ótimos investimentos.

Para facilitar um pouco as coisas, a mídia irá ajudar-te, embora não


tenha a menor noção de especulação com juros. Ocorre que os jorna-
listas dão um jeito

de se informar com o mercado se a tendência dos juros é de subida ou


de queda e acabam noticiando isso a “torto e a direito” (muitas vezes
de maneira equivocada, mas você sempre será informado de que algo
está ocorrendo).

Tendo uma noção do movimento de juros, ainda que “de segunda


mão” (no começo, depois você será capaz de tirar suas próprias anteci-
pações sobre o movimento da curva), você poderá elaborar sua estra-
tégia e ser capaz de obter um retorno seguramente inimaginável para
aqueles que desdenham as taxas de contratação anunciadas pelo BC.
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Outra questão muito importante: essas análises tomarão todo o meu


tempo? Claro que não. Após ler e entender o material, o que você terá
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INTRODUÇÃO
de fazer é traçar o seu roteiro e fazer a atualização trimestral (ou men-
sal, para quem preferir) das planilhas até que elas apontem um novo
movimento.

O curso começará com o básico: a apresentação do mercado de títu-


los públicos. Em seguida, iremos direto à parte prática e, por último,
à parte teórica. Isso para agilizar o processo e te deixar logo com as
ferramentas em mãos.

A parte teórica contém o significado real dos juros, as forças que sobre
ele atuam.

Quanto aos conceitos econômicos (Lei da Oferta e Procura, Contas Na-


cionais, Balanço de Pagamentos e Modelo IS-LM) daremos uma expli-
cação geral, pois esse é um curso de investimentos, não uma faculda-
de de economia.

A internet possui bastante informação para aprofundar tais conceitos.


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Além disso, apresentamos no material alguma bibliografia (o material


do Paulo Viceconti e Silvério das Neves é muito didático, muito bom
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INTRODUÇÃO
para o iniciante).

Ao final, o objetivo é que você esteja preparado para compreender os


gráficos, compreender a dinâmica da conjuntura econômica e elaborar
suas próprias estratégias com base em nosso roteiro.

Desejo a você bons estudos e bons investimentos!


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índice

INTRODUÇÃO 3 Quanto aplicar em renda fixa? 48


índice 11 estratégias em tesouro direto 50
básicas 50
parte prática 13
Cuidado com o IOF 50
conhecendo os títulos do tesouro 13 Em geral, não indicamos o Tselic. 50
Prefixados (títulos de taxa nominal) 14 intermediárias 53
Títulos mistos (títulos de taxa real) 16 compre na alta, venda na baixa 53
Títulos posfixados 19 aproveite as ocasiões conturbadas 54
Perguntas comuns 20 Juros externos 57
tributação 21 um erro muito comum 58
por que o td não é renda fixa? 23 avançadas 66
os juros compostos 24 títulos mistos 68
Quais os mais especulativos: prefixados ou mistos? 30
estratégias por título 68
princípio da atualização diária 32
Estratégias 69
Conclusão 38
O segredo do Tipca curto 73
renda fixa: títulos privados 39 Potencial especulativo 75
o segredo da renda fixa 41 títulos prefixados 77
Cetip Certifica 44 Estratégias 78
O que está coberto? 45 Mistos versus prefixados 82
Mais informações 46 Uso dos Tpre 83
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Qual tipo de remuneração escolher? 47 Alavancando ganhos com DI futuro 90


Desvantagens e vantagens 47
estratégias de curva de juros 94

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índice
Fontes de informações 98 Mercado de emprego e Trade-off com inflação 193
Mídia 98 Tábua de variáveis e movimentos 197
Bacen 99 Livros sobre Macroeconomia 200
Fipe 100
Ibge 100
Análise fundamentalista 101
Principais variáveis econômicas 101
como as taxas são determinadas? 111
Comportamento econômico em gráficos 115
Análise Grafista 125
parte teórica 142
O que são juros? 142
Determinação da taxa de juros 143
Fator Risco 143
Fator compensação pelo uso 144
Força de queda no longo prazo 145
Forças de alta 149
Dinâmica no curto e médio prazo 164
Preço e lei da oferta e procura 164
Contas Nacionais 165
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Balanço de Pagamentos 171


Políticas fiscal, monetária e modelo IS/LM 177

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parte prática
conhecendo os
títulos do tesouro
Com a nomenclatura atual do T.D. (Tesouro Direto), adotaremos certas
siglas para nos referirmos aos títulos ofertados, que são:

Tipca: Tesouro Ipca (antiga NTNB Principal)

Tipcaj: Tesouro Ipca com juros semestrais (antiga NTNB)

Tigpm: Tesouro Igpm (antiga NTNC Principal, não mais ofertado)

Tigpmj: Tesouro Igpm com juros semestrais (antiga NTNC)

Tpre: Tesouro Prefixado (antiga LTN)

Tprej: Tesouro Prefixado com juros semestrais (antiga NTNF)


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Tselic: Tesouro Selic (antiga LFT)

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parte prática
Conforme nossa nomenclatura, os títulos do Tesouro serão considera-
dos prefixados, mistos e posfixados.

Prefixados
(títulos de taxa Os títulos totalmente prefixados são o Tpre e o Tprej.
nominal) Ambos possuem a taxa totalmente estipulada na data da contratação,
com a diferença que os Tprej pagam cupons de juros semestrais.

O valor nominal desses títulos, no vencimento, é de R$ 1.000,00 cada


um. Isso significa o valor que por eles será pago quando da data do
vencimento e, por ser definido em termos nominais (e não em termos
reais, como nos títulos mistos), toda a rentabilidade nominal do título
no período está predeterminada.

Quanto vale o cupom do Tprej? O cupom equivale a R$ 48,81 por título


(http://www3.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro_direto/download/meto-
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dologia/ntnf.pdf), o equivalente a 10% aa.

Datas dos pagamentos: Tprej: 01/07 e 01/01.


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parte prática
É possível ganhar comprando o título logo antes do pagamento e ven-
dendo logo após? Não, pois o valor do cupom é abatido do valor do
título.

Qual a diferença entre real e nominal?


A diferença está em levar em consideração, ou não, a inflação em seus
cálculos.
Um quilo de arroz custa 1 real no ano 1. No ano seguinte, ano 2, com a
inflação de 5%, esse arroz custa R$1,05.
Em termos nominais (desconsiderada a inflação), houve um aumento
de 5% no quilo de arroz, que passou de 1,00 para 1,05.
Em termos reais (levada em conta a inflação),não houve aumento no
preço do arroz, pois R$1,05 no ano 2 equivale exatamente a R$1,00 no
ano 1.
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parte prática
Assim, a rentabilidade real de um título distingue-se da nominal. No
caso dos títulos totalmente prefixados, a rentabilidade real será tão
maior quanto menor for a inflação entre a compra e a data do venci-
mento e, portanto, não é previamente conhecida. Já a rentabilidade
nominal está totalmente predeterminada e, por isso, é chamado de
Tesouro Prefixado, Tpre.

Títulos mistos
(títulos de taxa Os títulos mistos são os Tipca, Tipcaj, Tigpm e Tigpmj.
real) Esses títulos são considerados mistos porque sua rentabilidade nomi-
nal é variável, conforme a inflação até o vencimento. Por outro lado,
a rentabilidade real até o vencimento é totalmente predeterminada,
sendo equivalente à taxa contratada.

As diferenças entre os títulos se dão pelo índice de reajuste de seu va-


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lor nominal atualizado (o chamado VNA), que pode ser o IPCA (oficial),
ou o IGPM (da FGV) e pelo fato de haver, ou não, pagamento semestral
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16
parte prática
Quanto vale o cupom do Tipcaj e do Tigpmj?

Esse cupom equivale a 6% aa sobre o Valor Nominal Atualizado, ou


seja, cada cupom vale 2,9563% do chamado VNA.

(http://www3.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro_direto/download/metodo-
logia/ntnb.pdf)

Quanto é o VNA?

O Valor Nominal Atualizado significa que os títulos valem sempre


R$1.000,00, mas não no vencimento, mas na data-base (início da ven-
da) e, portanto, seguirá sempre em atualização inflacionária. Entre um
mês e outro, o VNA seguirá o índice oficial publicado (em geral, IPCA,
pois não são mais vendidos Tigpm), mas, como os títulos são negocia-
dos diariamente, entre esses períodos, o valor é atualizado por uma
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taxa pro rata da expectativa de inflação até a próxima medição.

Isso garante que a rentabilidade real será totalmente predeterminada,


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parte prática
mas a rentabilidade nominal desses títulos variará conforme a infla-
ção. Por isso, são chamados títulos mistos, pois sua rentabilidade (no-
minal) depende da inflação do período e de uma taxa de contratação,
essa sim, predeterminada.

Datas dos pagamentos: Tipcaj e Tigpm: 15/02 e 15/08.

É possível ganhar comprando o título logo antes do pagamento e venden-


do logo após? Não, pois o valor do cupom é abatido do valor do título.

Por que 2,956% e não 3%, por que 4,88% e não 5%?

Porque em matemática financeira as contas não são de adição e sub-


tração, mas de multiplicação e divisão. Assim, ( 1 + 2,9563% ) * (1 +
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2,9563% ) = ( 1 + 6% ). Equivalendo a um juros anual de 6%.

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parte prática
Títulos
posfixados Esses títulos, os Tselic, não possuem, na data da contratação, qualquer
promessa ou garantia de rentabilidade futura, seja em termos reais,
seja em termos nominais.

Tais títulos estão atrelados à Selic e aumentarão de valor diariamente,


à taxa pro rata dessa medida. Ao contrário dos demais títulos, os Tselic
nunca diminuem de valor e, por isso, são considerados mais seguros
que os demais.

(http://www3.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro_direto/download/metodo-
logia/lft.pdf)
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parte prática
{{Perguntas comuns
• Vendi o título, ou adquiri o título no meio do período entre um paga-
mento de cupom e outro. Receberei algo proporcional? Não. O paga-
mento será integral para aquele que detiver o título no último dia
de negociação “com juros”.

• Quero fazer simulações, posso? Fique à vontade: http://www3.tesou-


ro.gov.br/tesouro_direto/calculadora/calculadora.aspx

• Gostaria de um título indexado ao IGPM, existe? Sim, há debêntures


e até LCI, às vezes, ofertadas atreladas a esse índice. Já vi o Banco
Máxima, por exemplo, oferecer LCI assim. Cuidado porque nem
sempre o IGPM será maior que o IPCA, mais à frente nesse material
você aprenderá quando ele é mais alto e quando é mais baixo.

• O cupom interfere na rentabilidade do título? Indiretamente, um


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pouco. Por serem pagos periodicamente, sobre os primeiros cupons


incidirá um I.R. maior do que os futuros. Assim, a TIR (taxa interna

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de retorno) real e líquida de um Tprej e um Tpre, ainda que as taxas

20
parte prática
de contratação sejam as mesmas (e haja reinvestimento automático
dos cupons), não será igual. Além disso, nos títulos mistos, o cupom
reduz consideravelmente o potencial especulativo do título, consi-
derando prazos de vencimento iguais.

tributação
Os impostos incidentes sobre operações no Tesouro Direto são os
mesmos da Renda Fixa:

• IOF, com alíquota regressiva, para aplicações inferiores a 30 dias.

• IR, também regressivo, para vendas ou recebimentos de cupons


conforme prazos da tabela abaixo.

Atentar para o fato de que as alíquotas incidem somente sobre o lucro,


não sobre o valor total da venda do título.

Lembre-se, também, que a alíquota de aplicações de 181 dias, por


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exemplo, é a de 20% (e assim por diante).

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Fonte: http://www.tesouro.fazenda.gov.br/-/detalhes-da-tributacao-do-tesouro-direto
índice

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parte prática
por que o td não é
renda fixa? Basicamente, porque os títulos são negociados a valor de mercado e
têm um outro valor, o de face, que representa o valor que será pago
por cada título na data de seu vencimento (Valor Nominal no Venci-
mento para os títulos prefixados e Valor Real no Vencimento – valor na
data-base – para os títulos mistos).

Isso é tão importante assim? É, pois, dado que no vencimento eles


serão resgatados por um valor já predeterminado (real ou nominal),
qualquer alteração na taxa de venda daquele título resultará em alte-
ração do seu valor de mercado no presente.

Suponhamos que o valor de face (no vencimento) de um título é


R$1.000 e ele será resgatado daqui a um ano.

Se você o compra por R$800, ele renderá 25% ao ano. Porém, se você
comprá-lo por R$909,09, ele terá rendido apenas 10% ao ano. Veja que
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de R$800 para R$909 houve um aumento de 13,6% no valor de mer-


cado do título e, por isso, sua remuneração caiu 60% com relação à
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23
parte prática
remuneração anterior. Afinal, quanto mais caro você pagar pelo título,
menos ele irá render.

Tudo funciona em uma fórmula de juros compostos, mas de “cabeça


para baixo”, pois você não tem que encontrar o valor futuro, mas o
valor presente de um título que valerá um valor futuro já predetermi-
nado.

os juros
compostos Essa fórmula nós aprenderemos por exemplos. Vejamos:

Você aplica hoje 1.000,00 reais a 10% ao ano.

No ano que vem, você tem 1.100,00.

No outro você terá 1.200,00?

Não, errado. Esses seriam os juros simples.


índice

Nos juros compostos, no ano que vem você receberá os 10% não so-
bre 1.000,00 inicial, mas sobre os 1.100,00 que será o que você terá

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acumulado ao início do novo período.

24
parte prática
Assim, você terá após dois anos 1.210,00.

Mas para quê complicar a conta por causa de dez reais?

Esses dez reais, após muitos anos são capazes de comprar casas, car-
ros, etc. A maioria das fortunas está baseada nesses dez reais da dife-
rença, pois este valor aumenta exponencialmente com o tempo.

Então, qual a fórmula para os juros compostos?

(Valor final) = (Valor inicial) x ( 1 + taxa) ^ elevado ao número


de períodos (sejam meses, anos, etc.)

Apoiados no exemplo anterior, obtemos:

Vi = 1.000,00
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Taxa = 10% = 10/100 = 0,1

Tempo = 2 anos
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parte prática

Vf = 1.000,00 x (1 + 0,1) ^ 2 = 1.210,00

Repare que: 0,1 = 10% e o acento circunflexo (^) é o sinal para po-
tenciação nas planilhas eletrônicas (Excel, BROffice, etc.).

Ok. Mas como saber o valor hoje do título?

Então, no caso do Tesouro, tudo funciona ao revés. Você tem:

O valor final: 1.000,00.

A taxa: 12% a.a.

Os períodos de hoje até o vencimento: suponhamos que sejam 10 anos.

Basta substituirmos os dados que temos na fórmula acima. Porém, a


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diferença é que temos o valor final e não temos o valor inicial, por isso
é um cálculo “de cabeça para baixo”:
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parte prática
(Valor de hoje) x (1+ 0,12) ^ 10 = 1.000,00

Logo:

(Valor de hoje) = 1.000,00 / 1,12^10

(Valor de hoje) = 321,97

Suponhamos que você comprou o título hoje, mas amanhã o BC altera


a taxa para 11% a.a. (queda de 1 ponto percentual), por algum motivo:

(Valor de amanhã) = 1.000/1,11^10

(Valor de amanhã) = 352,18

Nota: Arredondamos o número de períodos para 10 anos, mas, como


se passou 1 dia, o valor deveria ter sido elevado a 9,99726, aproxima-
damente.
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Assim, seu “título” rendeu mágicos 9,38% em um dia.

É muita rentabilidade! Mas é só um exemplo matemático. As variações


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parte prática
das taxas de contratação não são bruscas nem frequentes o suficiente
para você manter uma média diária de 10%.

Essa fórmula é para os Tpre e Tprej. Mas e no caso dos títulos mistos Tipca
e Tigpm?

Funciona da mesma forma, mais ou menos.

Nesse caso a fórmula matemática é muito mais complexa, para uma


ideia que é, no fundo, a mesma.

Cálculo:

http://www3.tesouro.gov.br/legislacao/download/divida/decretos/
Bonds_Versao_portugues_atualizado_Revisado.pdf
índice

Se houvesse um valor final nominal (valor de face), como nos prefixa-


dos e se aplicasse o cálculo do valor presente sobre esse valor, quando
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28
parte prática
a inflação aumentasse o investidor perderia rentabilidade. Mas isso
não ocorre.

Esses títulos aumentam de valor nominal conforme a inflação ou, em


outras palavras, preservam seu valor real. Tudo isso, sem alterar a sis-
temática da parte prefixada (remuneração), correspondente aos juros
que são pagos além da inflação.

Nesses títulos, há o VNA (valor nominal atualizado) que aumenta com


o tempo (pela inflação), sobre o qual é a aplicado o cálculo do Valor
Presente. Por isso o chamamos de misto (terminologia nossa).

Abaixo segue uma explicação da metodologia de cálculo com exem-


plos:

http://www3.tesouro.gov.br/tesouro_direto/metodologia.asp
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O importante é você entender que:

→→ Há a parte do “rendimento” referente à atualização. Esta parte não


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parte prática
está sujeita a especulação;

→→ Há a parte referente à remuneração, sujeita a “ágio”, esta sim, sujeita


a especulação.

Quais os mais
especulativos: Os mistos.
prefixados ou Você aprenderá, ao longo do curso, que os títulos mistos – Tipca e Tip-
mistos? caj – são os mais especulativos e, portanto, melhores para as técnicas
que ensinaremos aqui.

Em primeiro lugar, os títulos mistos têm, em média, prazos mais lon-


gos para o vencimento e, por isso, o chamado fator de acumulação, ou
fator de atualização, é altamente potencializado.

O chamado fator de acumulação refere-se à fórmula “( 1 + taxa) ^ tem-


po”. E esse fator está explícita ou implicitamente embutido em qual-
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quer cálculo de juros compostos, mesmo que de maneira disfarçada.

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Assim, se o tempo é de 10 períodos ou de 20 períodos, a diferença em

30
parte prática
um resultado final não é de 2 vezes o primeiro resultado, pois estamos
falando de uma potenciação. Imagine uma taxa de 10% aa, o fator de
acumulação em 10 anos seria de 2,59 (159%), ao passo que, em 20
anos, representaria uma acumulação de 6,73 (573%). Em outras pala-
vras, o dobro do tempo equivale a uma acumulação exponencialmente
maior do que a primeira.

Se a acumulação (valor presente levado a valor futuro) é exponencial-


mente maior, o chamado “desconto” (valor futuro trazido a valor pre-
sente) também é potencializado quanto maior for o tempo até o venci-
mento. Resumo de toda essa complicação matemática: para especular,
use somente os títulos de longo vencimento.

O mais longo vencimento, sempre? Nem sempre, pois o fato de haver


pagamento de cupons de juros também interfere na especulação. Títu-
los que não pagam juros os carregam “embutidos” em seu preço e, por
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isso, são mais especulativos.

Os títulos que pagam cupons, metaforicamente dizendo, é como se


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31
parte prática
como se sofressem “amortizações” periódicas e, por isso, têm sua es-
peculação reduzida. Obviamente, são duas analogias, pois esses ter-
mos que empregamos têm outro significado matemático-financeiro.

princípio da
atualização Praticamente todos os dias recebemos a seguinte pergunta de nossos
diária alunos:

“Comprei um Tipca à taxa de 5%, hoje ele está sendo vendido a 6%, vale
a pena eu vender meu título e recomprar agora, a essa taxa maior? Meu
medo é carregar o título até o vencimento e ter um rendimento de ape-
nas 5% aa. Se eu vendê-lo agora e recomprar a 6%, apesar do meu pre-
juízo passado, nessa nova operação garantirei 6% aa até o vencimento,
uma situação muito melhor!”
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Não fique com vergonha se você já teve essa ideia. Como eu disse, a
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32
parte prática
grande maioria dos alunos tem a impressão de que essa estratégia é
possível e, pior, quem nunca fez o nosso curso pode, inclusive, ter con-
cretizado a ideia. Mas, nossa função aqui é, justamente, ensinar-lhes
o correto: infelizmente, essa ideia acima não faz, matematicamente, o
menor sentido.

O princípio da atualização diária prega o seguinte:

→→ Todos os títulos são iguais, não importa a taxa que você pagou por
ele. O seu Tipca 2050 é igual ao meu Tipca 2050;

→→ Assim, os títulos renderão, de hoje até o vencimento, a taxa de con-


tratação hoje oferecida. O meu Tipca comprado a 5% e o seu com-
prado a 6%, renderão 6,2% até o vencimento se 6,2% for a taxa hoje
ofertada;

→→ Então tanto faz comprar a uma taxa ou a outra? Claro que não, mas
índice

a diferença entre taxas já está refletida, sempre, na rentabilidade


passada, não na futura.
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

33
parte prática
Dito isso, vender hoje um título comprado no passado a 4,5% para
comprar o mesmo título oferecido hoje a 6% só vai levar a uma perda,
a saber, a perda pelo spread praticado pelo Bacen na recompra anteci-
pada (spread é a diferença de taxa entre os títulos que o TD vende e a
taxa que ele paga quando compra de você).

Vamos usar um exemplo matemático? Cortesia de um aluno, que o


elaborou justamente para compreendê-lo melhor.

Valor nominal do título no vencimento: 1.000,00

Prazo para o vencimento: 2 anos.

Taxa de contratação: 9% aa.

Valor de mercado do título na compra: 1.000/(1+9%)^2 = 841,68

Após um ano, o comprador esperava que seu título valesse 841,68 * (1


índice

+ 9%) = 917,43. Realmente, se se tratasse de uma renda fixa, é isso que


ele valeria.

Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25 Porém, para a surpresa do investidor, eis que, nesse momento (após 1
34
parte prática

ano), a taxa é alterada pelo Tesouro para 11%. Quanto é o novo valor
de mercado do título? 1.000/(1+9%) = 900,90

O investidor, que esperava uma rentabilidade de 9% aa, teve, em seu


primeiro ano, uma rentabilidade de (valor de venda)/(valor de compra)
= 900,90/841,68 = 7,03%.

Chateado, o investidor vende o seu título comprado à taxa de 9% aa


e o recompra, pelo mesmo valor, à taxa de 11% aa, uma taxa melhor,
querendo aumentar sua rentabilidade. Para isso, suponhamos que
não houvesse o spread, ou seja, que ele conseguisse vender para o TD
seu título pelos 900,90 (na verdade o TD o comprará por 890,00, por
exemplo).

Esse título, agora, renderá 11% ao ano, conforme a taxa agora de


contratação, sendo resgatado no vencimento, um ano depois, por
índice

1.000,00.

Assim, no primeiro ano, o título rendeu 7% e, no segundo, 11%. Se ele


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35
parte prática
tivesse mantido o título, ele teria rendido 9% aa por dois anos. Calcule-
mos o fator de acumulação:

(1+7%)*(1+11%) = 1,19

Porém, incrivelmente (ou não), se ele tivesse ficado “quieto”, o título


teria rendido exatamente o mesmo:

(1+9%)*(1+9%) = 1,19

O que isso tudo significa? Significa que, após um ano, quando a taxa se
elevou para 11%aa, essa passou a ser a nova taxa de rentabilidade fu-
tura para todos que detinham o título, independente da taxa de com-
pra!

Mas qual a diferença que a taxa de compra faz? A taxa de contratação


índice

baixa se refletiu, no caso, em uma rentabilidade passada mais baixa,


que será compensada por uma rentabilidade futura maior.

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36
parte prática
Guarde isso: a rentabilidade insuficiente de um título mal comprado, com
relação a uma taxa atual, ficou no passado. Vendê-lo, para recomprar à
mesma taxa, somente trará o prejuízo do spread.

Como você verá mais à frente, somente venda um título se houver


uma expectativa de elevação futura da taxa, ou seja, se a taxa está a
10% e há a expectativa de subir a 11%, por exemplo.

No exemplo dado, o investidor achava que estava vendendo um título


de 9% de rentabilidade futura até o vencimento para comprar um de
11%. Na verdade, ele estava vendendo um título de 11% para comprar
o mesmo título de 11% logo depois.

Qual o erro do investidor, no caso? O erro foi manter o título durante a


subida da taxa de 9% para 11%. Nesse período, ele experimentou uma
rentabilidade inferior, ou, se a elevação da taxa tivesse sido mais rápi-
índice

da, poderia ter, inclusive, experimentado uma rentabilidade negativa.

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37
parte prática
{{Conclusão
A única pergunta que você deve fazer antes de vender um título prefi-
xado ou misto é: a taxa continuará subindo? Ou, tem potencial de ain-
da subir consideravelmente?

Se houver expectativa de elevação da taxa, venda o título prefixado ou


misto, principalmente os longos, e evite um prejuízo, decorrente do
princípio da atualização diária dos títulos.

Por outro lado, se o título for misto e curto (três ou quatro anos até
o vencimento, por exemplo), as variações de taxa influenciarão bem
pouco a rentabilidade até o vencimento, não havendo muito com que
se preocupar nesse caso.

Lembre-se do que já dissemos: quando se diz que o título carregado


até o vencimento renderá a taxa contratada, isso não comporta exce-
índice

ções. Mas, visto de outro ângulo, o que temos é que a taxa contratada
somente será a taxa efetiva se levado o título até o vencimento.

Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25 Antes disso, esqueça a taxa contratada, ela interfere no quanto você já
38
parte prática
ganhou, mas não no que você ainda ganhará. Nisso, só interfere a taxa
atual do título, se você pretender levar ao vencimento. E, no caso de
especulação e venda antecipada, também as taxas futuras.

renda fixa:
títulos privados
No mercado de títulos privados, há diversas opções de investimento.
Resumidamente, esses títulos são:

• CDB e RDB: títulos emitidos pelas instituições financeiras para se


financiarem. Emite-se um certificado ou um recibo de que determi-
nado banco recebeu um depósito seu. São protegidos pelo FGC;

• LC (letras de câmbio): são emitidas por Financeiras (e não por ban-


índice

cos) e têm lastro em uma transação comercial. São protegidas pelo


FGC;
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39
parte prática
• LCA (letra de crédito agropecuário), LCI (letras de crédito imobiliário):
são títulos emitidos por instituições financeiras e que possuem las-
tro em uma operação de crédito agropecuário ou em financiamento
imobiliário, respectivamente. Recebem a proteção do FGC e têm a
vantagem de serem isentas de Imposto de Renda;

• CRI, LH, Notas Promissórias, etc.

• Debêntures: São títulos de dívida emitidos por sociedades anônimas


(não são instituições financeiras, são empresas como a Petrobrás, a
Vale, por exemplo). A remuneração desses títulos é livremente pac-
tuada e pode envolver cláusulas complexas, como a conversão em
ações, caso se deseje. As principais características das debêntures
que devem ser guardadas são: 1) não possuem cobertura pelo FGC,
o adquirente deve ler atentamente as garantias oferecidas pelo
emissor, e se são suficientes e 2) Se tiverem o status de debêntures
índice

incentivadas (por serem voltadas para a construção de projetos con-


siderados de infraestrutura), serão isentas de imposto de renda.
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40
parte prática
o segredo da
renda fixa Sim, existe segredo no investimento em renda fixa. Ocorre que, como
os bancos pequenos e médios quebram frequentemente, há um medo
injustificado de se adquirir os títulos de renda fixa dessas instituições.

Esse medo é ótimo para os grandes bancos! Pois os permite ofertar


títulos com taxas medíocres e, mesmo assim, encontrar muitos investi-
dores para adquiri-los.

Enquanto os maiores bancos do país ofertam CDB de 90% do DI, ban-


cos pequenos oferecem taxas como 120% do DI. Vejamos em que
importa essa “pequena” diferença:

DI: 12%, período: 10 anos, valor aplicado: R$ 20.000,00

Resultado banco grande: R$ 55.773,46.

Resultado banco pequeno: R$ 76.787,45 (rendimento 59% maior).


índice

A grande pergunta é: “Eduardinho, se os bancos pequenos quebram a


todo momento, por que você indica investir neles? Você é louco? Meu
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25 dinheiro é muito suado para eu fazer investimentos arriscados...”
41
parte prática
Não tenha um “piripaque” com o que direi agora, mas a verdade é que
investir nos pequenos bancos é mais seguro que investir nos grandes.

Por que?

Porque existe uma instituição chamada Fundo Garantidor de Créditos


(FGC), formada obrigatoriamente por contribuições de todos os bancos
do país, e que se responsabiliza por garantir os títulos (CDB, RDB, LCA,
LCI, LC) emitidos pelos bancos em caso de intervenção pelo Bacen ou
liquidação compulsória.

Se, por um acaso, o pior acontecer enquanto você detém títulos de


alguma instituição financeira devidamente registrada no Sistema Fi-
nanceiro Nacional (tanto os bancos, quanto as financeiras), o ressar-
cimento pelo FGC é realizado em 3 (três) dias após a decretação da
intervenção pelo Bacen.

O limite da garantia é de 250 mil reais por CPF por instituição. Assim,
índice

caso você deseje aplicar um volume maior de recursos, recomenda-


mos dividir a aplicação em mais de um banco, evitando ficar desaco-
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

42
parte prática
bertado em algum deles.

Diga-me: você acha mais fácil o FGC arcar com seu compromisso (de res-
sarcir os credores e, com isso, manter a confiança no mercado financei-
ro) se um banco pequeno quebrar (com passivo relativamente pequeno),
ou se quebrar um banco gigante?

Se o Itaú ou o Bradesco quebrassem, o FGC teria alguma condição de


honrar sua promessa? Ou, mesmo que o governo intervisse, você acha
que o pagamento seria integral e em três dias?

Banco pequeno, rombo pequeno e resolução rápida pelo FGC. Então,


quer segurança, invista em banco pequeno.

Assim, todos aqueles ratings das instituições só servem para empre-


sas ou para quem tem milhões para investir. Você, como eu, ignore os
ratings e se preocupe tão somente em se manter dentro do limite da
cobertura.
índice

Porém, na primeira edição desse curso, sugerimos não adquirir a ren-


da fixa de bancos pequenos por intermédio de corretoras, somente
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

43
parte prática
diretamente dos bancos. Isso porque algumas corretoras adquiriam
grandes lotes dos bancos em nome próprio e mantinham por conta
própria um controle dos beneficiários finais.

Quando o banco quebrava, quem detinha a LCI, o CDB, por exemplo,


era a corretora, que, em tese, não estava acobertada pelo FGC. Resol-
ver essa “questão cadastral” e comprovar a sua titularidade no investi-
mento, era um transtorno pelo qual ninguém queria passar (enquanto
quem havia adquirido diretamente do banco já havia recebido há mui-
to tempo).

{{Cetip Certifica
Ocorre que uma solução para esse problema surgiu ao longo de 2014:
a Cetip lançou o selo “Cetip Certifica”, que garante o registro correto da
transação e tranquiliza os investidores quanto a esse problema. Agora
índice

ficou mais fácil: se tiver “Cetip Certifica”, você não precisa mais de se
preocupar com o registro e pode adquirir o título tranquilamente por
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25 meio da sua corretora.
44
parte prática
{{O que está coberto?
A garantia do FGC cobre só o principal ou também os juros até o paga-
mento?

Uma dúvida que aparece muito é quanto ao valor que o FGC deve
reembolsar, se inclui os juros contratados, ou apenas o valor original
da aplicação. Não tenho experiência pessoal no assunto, mas, em tese,
devem ser pagos os juros contratados. Isso porque o pagamento será
realizado com base no balanço atualizado da instituição financeira em
liquidação. Para essas instituições, há obrigação de manutenção dos
valores do ativo e do passivo atualizados a valor de mercado (o que
inclui a contabilização de variações no preço de ações, por exemplo,
e o cômputo frequente dos juros já incorridos em depósitos e títulos
emitidos).

Assim, caso o FGC não ressarça também os juros contratados, a nosso


índice

ver, caberia ação judicial perante o Fundo.

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45
parte prática
{{Mais informações
Voltando à questão da rentabilidade, quanto menor o banco, ou pior o
seu rating, maior o seu custo de captação (as pessoas em geral prefe-
rem aplicar em bancos grandes e os grandes investidores não estarão
cobertos pelo FGC), ou seja, melhor para o investidor, pois maiores os
juros pagos.

Enfim, para conhecer os bancos médios com as melhores taxas, suge-


ríamos que você entrasse no site do Bacen e buscasse a lista das 50
maiores instituições financeiras do país por ordem de ativo (atualmen-
te no seguinte link: http://www.bcb.gov.br/?TOP50 dentro de http://www.
bcb.gov.br/?INFCONT).

Começasse a procurar pelo meio da lista (não, de cima para baixo) e


buscasse essas instituições na internet para entrar e contato e saber
quanto pagam pelo CDB e LCI. Porém, com o sucesso da área de de-
índice

bates de nosso curso, o que ocorre hoje é que, detectada uma grande
oportunidade em qualquer parte do país, ela é imediatamente com-
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

46
parte prática
partilhada e todos têm a oportunidade de aproveitá-la.

Em outubro/2013, havia bancos pagando 12,5% a.a. pré-fixado em


CDB, ao passo que a Selic era de um dígito. Em abril de 2015, com Selic
a 12,75%, há financeiras oferecendo LC de 16,11%.

{{Qual tipo de remuneração escolher?


Para escolher entre títulos prefixados ou títulos posfixados, em per-
centual do DI, você deve analisar o momento da curva de juros (con-
forme ensinaremos nos próximos capítulos). Se a curva estiver em
ascendente, com juros aumentando, opte pelos títulos posfixados. Se a
curva for descendente, opte pelos prefixados.

{{Desvantagens e vantagens
As desvantagens (ou vantagens, depende da estratégia) desses instru-
índice

mentos são:

→→ Em geral, são investimentos de longo prazo e com resgate somente


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47
parte prática
ao final do período;

→→ Não permitem especulação como os títulos do Tesouro.

Porém, em certos momentos da curva de juros, como iremos demons-


trar, são títulos essenciais para compor a carteira de renda fixa, isola-
damente ou em conjunto com o Tesouro.

{{Quanto aplicar em renda fixa?


Em qualquer momento econômico, sugerimos que você tenha uma
posição em renda fixa de alto desempenho (dos bancos e financeiras
pequenas), para fins de diversificação.

Alguns métodos de diversificação pregam que você determine um


percentual fixo de sua carteira e faça o rebalanceamento constante,
visando a manter esse percentual determinado. Por exemplo, sempre
ter 30% de sua carteira em renda fixa.
índice

Só que nossa estratégia pode ser considerada a chamada alocação


tática de ativos. Nessa modalidade, você pode aumentar consideravel-
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

48
parte prática
mente a exposição a determinados ativos que você julga (após análise
fundamentada) que renderão bem no futuro próximo, bem como re-
duzir consideravelmente outras posições.

Como você aprenderá em nossa estratégia, a renda fixa (posfixada


em DI) poderá corresponder até a 100% de nosso investimento nessa
classe (TD + renda fixa) na fase de alta dos juros, caso seja mais vanta-
josa que o Tselic e possua uma liquidez que não impeça a reversão da
estratégia.

Já na fase de baixa dos juros, recomendamos não eliminar totalmente


a renda fixa, mantendo pelo menos cerca de 15% dos investimentos
destinados à classe (TD + renda fixa) em renda fixa prefixada de alto
desempenho.
índice

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49
parte prática
estratégias em
tesouro direto
básicas
{{Cuidado com o IOF
Não venda seu título no primeiro mês, a menos que haja expectativa
de forte alta de juros (houve erro de avaliação na hora da compra).

Nos primeiros 30 dias da aplicação, há incidência de IOF regressivo


que, praticamente, toma todo o ganho do investidor.

Claro, vendas circunstanciais podem ser realizadas no primeiro mês,


mas não com o objetivo de ganho, mas de evitar perdas.

{{Em geral, não indicamos o Tselic.


índice

Até a reforma do TD no início de 2015, o Tselic, como os outros títulos,


só podia ser vendido antecipadamente pelo investidor às quartas-fei-
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

50
parte prática
ras (hoje, a liquidez é diária).

A alta liquidez é importante na fase de alta dos juros porque, apesar


de os juros permanecerem em altos níveis por um tempo, os chama-
dos “picos” costumam ser pontuais, durante dois ou três dias, provo-
cados por alguma turbulência política que ocorre justamente naqueles
momentos em que as taxas já estão altas. Para aproveitar esses picos
é necessária grande liquidez, embora isso não seja fundamental para
nossa estratégia e as compras sejam lucrativas durante todo aquele
período em que as taxas estão altas.

Assim, nos momentos em que o investidor deveria se proteger de uma


variação negativa em sua carteira (durante a fase de alta dos juros), ad-
quirindo títulos posfixados, indicávamos o mercado de títulos privados
(como LC, LCA, CDB, etc.), que paga mais e tem opções com liquidez
diária.
índice

Indicávamos o Tselic para os alunos com carteira muito significativa


e que não conseguissem distribuir toda sua carteira em aplicações
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25 inferiores a 250 mil reais nos posfixados dos bancos médios e não
51
parte prática
tivessem conta corrente no Banco do Brasil, que, dentre os bancos
grandes, tradicionalmente oferecia uma LCA a 84% do DI, com liquidez
diária e rentabilidade ainda levemente superior ao Tselic.

Além disso, o Tselic é indicado para quem não alcançasse o limite míni-
mo para a aquisição dos títulos privados de liquidez diária e rendimen-
to superior ao Tselic. Muitas vezes, a aplicação mínima é na faixa de
30 mil reais, ao passo que o Tselic pode ser adquirido a valores muito
baixos, a partir de dezenas de reais, já que após a reforma do TD, es-
tão sendo ofertadas frações de até um centésimo dos títulos.

Lembre-se que a principal característica do Tselic é não estar sujeito


aos princípios de especulação aqui apresentados, pois possui apenas
variações positivas, rendendo a Selic diária.

Sobre ele, incide IR e você tem que pagar as taxas da Bovespa e da


Corretora, se for o caso.
índice

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52
parte prática
intermediárias
{{compre na alta, venda na baixa
Soa estranho, porque na Bolsa a estratégia é comprar a ação na baixa
e vender na alta.

No Tesouro Direto, como se operam títulos, em geral, prefixados ou


mistos, a regra é comprar o título na alta dos juros (pois o valor do
título estará em baixa) e vendê-los na baixa dos juros (pois o título terá
alto valor). Lembre-se que a taxa de juros está no denominador do cál-
culo do preço do título, ou seja, é inversamente proporcional ao valor
deste.

Muita gente compra os títulos na alta, mas se esquece ou não dá im-


portância de vendê-los na baixa.

Pense bem: se no vencimento a taxa de remuneração será a contratada,


índice

isso funciona para o bem (salvar-te de um prejuízo agora), mas também


funciona para o mal, de maneira que, ao longo do tempo você devolverá

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seu ganho especulativo caso não o realize.

53
parte prática
Para o investidor não devolver o sobreganho da queda da taxa
de juros, é fundamental vender os títulos na baixa da Selic, antes
que esta comece a subir novamente.

O momento exato dependerá de cada título e das condições eco-


nômicas, como se verá nas dicas avançadas.

{{aproveite as ocasiões conturbadas


Momentos de crise levam a um aumento temporário na taxa de juros
de contratação pelo Tesouro, com aumentos de juros em pontos fora
da curva de normalidade.

Isso ocorre, dentre outros fatores, porque o aumento de risco leva a


uma necessidade de maior remuneração. Exemplos:
índice

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54
parte prática
Crise política:

→→ As manifestações durante a Copa das Confederações/2013;

→→ Operação Lava-jato da Petrobrás;

→→ Ameaças de pedidos de impeachment.

Crise econômica:

→→ Crise de 2008;

Enfim, “infelizmente”, para o investidor em títulos públicos, quanto pior


a situação, maior o risco visto pelo mercado e maiores os juros exigi-
dos para a compra do título.

Com o aumento repentino dos juros de contratação, os títulos prefixa-


dos são temporariamente desvalorizados.
índice

No momento conturbado, mas certamente temporário, que irrompe


imprevisível, não se deve vender os títulos antigos (que provavelmen-
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55
parte prática
te terão desvalorizado), pelo contrário, deve-se aproveitar e comprar
mais, pois, assim que afastada a situação crítica, os juros automati-
camente retornam ao seu valor “normal”, gerando um ganho rápido,
fácil, em questão de meses.

Quando os juros retornam ao normal, vendem-se os títulos adquiridos


durante o momento crítico e segue-se a estratégia normal quanto aos
títulos que já se detinha antes.

São vários os relatos em nossa área de debates de alunos que compar-


tilharam a informação e aproveitaram o momento (como uma repenti-
na alta de juros na Rússia) para obter rendimentos próximos a 10% em
períodos curtos como um ou dois meses.

O aproveitamento de distúrbios pode ser realizado mesmo nos mo-


mentos de curva ascendente de juros, mas se deve vender o título em
seguida, para evitar que os juros “normais” alcancem o do momento
índice

conturbado.

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56
parte prática
{{Juros externos
Em um mundo globalizado, existe a teoria, usada para avaliar a taxa de
câmbio, chamada de paridade das taxas de juros.

Segundo esse postulado, todas as taxas de juros no mundo seriam


iguais (ou deveriam ser) em termos reais, após expurgados os efeitos
da inflação e da taxa de câmbio.

Assim, se uma economia central (como EUA, Alemanha, Japão) eleva


sua taxa de juros, todos os demais países do mundo tendem a elevar
também, na mesma proporção.

Porém, esse aumento das taxas nem sempre ocorre na mesma pro-
porção, pois a diferença de taxas de juros nominal pode acabar geran-
do uma variação no câmbio. Além disso, a mudança externa tende a
ser pontual, a tendência tende a depender da economia local.
índice

Anúncio de aumento de juros pelo FED faz pressão para aumento


de taxas no Brasil. Diminuição, o contrário.
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57
parte prática
{{um erro muito comum
Comprar títulos longos, como de 2050 para carregar cegamente ao ven-
cimento

O TD é o investimento mais seguro do mercado? É.

Para aposentadoria, posso comprar, como os especialistas indicam,


um título para daqui a 30 anos e esquecer-me dele? Não.

O Brasil já esteve muito pior. Hoje está melhor (o que não significa que
esteja bem), mas pode voltar a piorar novamente. Quem conhece o ce-
nário brasileiro 15 anos após o momento em que você lê esse ebook?

Por isso nossa estratégia, como você verá adiante, é de realizar movi-
mentos a cada um ano e meio ou dois anos, reavaliando o cenário e
realocando os recursos.

Para saber se um país está tranquilo com relação à sua dívida, você
índice

tem que analisar diversos gráficos. Em um primeiro momento, o gráfi-


co do saldo da dívida brasileira assusta:
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Fonte: https://www3.bcb.gov.br/sgspub/
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59
Fonte: https://www3.bcb.gov.br/sgspub/
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60
parte prática
Mas é levemente aliviado se pensarmos que, em percentual do PIB, a
dívida tem diminuído ao longo dos anos, como demonstra o segundo
gráfico. Isso facilita o pagamento de juros pelo Tesouro, já que as re-
ceitas públicas são um percentual do PIB.

Os otimistas ficam demasiadamente tranquilos, afirmando que o Bra-


sil tem uma dívida baixa em percentual do PIB, comparado a outros
países. Esse argumento é falacioso, já que devemos levar em conta o
serviço da dívida (os juros).

Para os EUA ou Japão, é fácil ter uma dívida superior a 100% do PIB,
já que pagam juros bem próximos de 0%. Porém, o patamar de juros
brasileiros, ainda com a redução nos últimos anos, faz com que o pa-
gamento do serviço comprometa quase a metade da arrecadação.

Nem a perspectiva de redução dos juros ao longo das próximas déca-


das, como se verá na parte teórica, é capaz de aliviar a dívida brasilei-
índice

ra, uma vez que apenas cerca de 20% do estoque interno é em títulos
posfixados Tselic. Assim, uma redução na taxa de contratação gera,
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25 sobre 80% do estoque (os títulos prefixados) um aumento no valor de
61
parte prática
mercado destes, que anula os efeitos da redução dos juros (em outras
palavras, como a taxa contratada será honrada no vencimento, altera-
ções de taxa ao longo do tempo não os comprometem).

{{Por que tanta teoria na parte prática?

Suponhamos que o Brasil no futuro passe pelo que a Grécia vivencia


no presente, suponha que a dívida cresça fortemente e o PIB simples-
mente caia ou fique estagnado por vários anos.

Para facilitar o exemplo, desconsideremos a inflação e o câmbio, já


que a Grécia tem moeda heterônoma (Euro) e o Brasil autônoma
(Real), e a desvalorização do Real poderia aquecer a economia.

Em um primeiro momento, o governo reduz os juros reais oferecidos,


nesse exemplo, suponhamos de 6% para 3%, para aquecer a economia
(o Brasil, que tem os maiores juros do mundo, tem muita margem para
índice

isso). Mas lembre-se de toda a teoria que adiantamos aqui: essa redu-
ção só influencia as novas dívidas, pois as antigas e prefixadas (80% do
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25 estoque) valorizam-se na mesma proporção da redução dos juros.
62
parte prática
Se a atividade econômica (o PIB) não responde à redução de juros, os
investidores começam a questionar a capacidade do país de honrar
seus compromissos, o que faz os juros se elevarem novamente. Supo-
nhamos que de 3% para 4, 5 e, na medida em que a especulação sobre
a capacidade de honrar seus compromissos aumenta, os juros final-
mente sobem para 8 ou 10% ao ano (como são juros reais, seriam 10%
+ inflação).

Aqueles que detêm os títulos em mãos, comprados a 6% e que não os


venderam quando chegaram a 3% (alta valorização), agora, a 10%, têm
uma enorme desvalorização acumulada. Mas se tranquilizam, “pensan-
do” que a taxa será mantida até o vencimento.

Nesse ambiente, pelo qual nunca passei e pelo qual não pretendo
passar, mas ninguém pode prever, a grande dúvida é: comprar a 10%
acreditando que o país sairá do poço e você terá um ganho extraordi-
índice

nário, ou não?

Trata-se de um ambiente não de especuladores, mas de apostadores.


Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25 Pois a dúvida sobre o país pode aumentar, os juros prometidos, cada
63
parte prática
vez maiores, tornarem-se impagáveis e o governo ter que declarar mo-
ratória e ainda oferecer um acordo de redução geral de 50% da dívida,
para todos os credores.

{{Conclusão

Nesse cenário, quem detinha títulos “para a aposentadoria”, com ven-


cimento para 20 anos à frente e não fez nada, apenas comprava títulos
para acumular, viu sua tranquilidade na aposentadoria comprometida,
pois perdeu, efetivamente, 50% do seu dinheiro.

E se ele seguisse nossa estratégia de compras e vendas? Nesse caso, o


investidor teria vendido o título prefixado quando a taxa caiu e se po-
sicionado em títulos não especulativos durante toda a fase de alta, de
maneira que ele teria tranquilidade para realizar seu investimento sem
perdas a qualquer momento antes da moratória.
índice

Quem tem títulos prefixados comprados a 6% reais e vê os juros subi-


rem a 10%, não tem como fazer a venda antecipada sem realizar preju-
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25 ízo.
64
parte prática
Esse exemplo é radical e traça um cenário pelo qual o Brasil não passa-
rá, pelo menos nos próximos cinco a dez anos, mas demonstra a ne-
cessidade, não apenas por vontade de elevar a rentabilidade, mas até
mesmo por motivos de segurança, de se adotar as técnicas ensinadas
nesse material.

Com relação às oportunidades geradas no dia a dia, por um es-


cândalo político ou de corrupção aqui ou ali: isso não interfere no índice
de solvência geral de um país e, portanto, geram grandes oportuni-
dades para tranquilamente os investidores aproveitarem boas taxas
(essas oportunidades sempre são compartilhadas na área de debates
do curso).
índice

Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

65
parte prática
avançadas
De agora em diante passaremos a abordar técnicas inéditas do Méto-
do Carteira RICA.

Contudo, é importante lembrar que uma compreensão mais completa


dos fatores que influenciam a curva de juros e outras variáveis macro-
econômicas depende da leitura da parte teórica deste curso.

O roteiro “passo a passo” que aqui expomos é simplificado em vários


pontos, a fim de possibilitar a elaboração rápida de gráficos que pau-
tem a tomada de decisões pelo investidor.

Temos certeza que esse modelo funciona na imensa maioria das situa-
ções, por isso nos demos a liberdade de realizar tais simplificações.

Do contrário, se tentássemos incluir todas as condicionantes em nosso


modelo, o intuito de fornecer um método “prático” seria sacrificado em
favor de um método “científico”. Isso está fora de cogitação.
índice

Recomendamos, àqueles que tiverem a paciência necessária, que


leiam a parte teórica antes de continuar a leitura das técnicas avança-
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

66
parte prática
das (ou que a releia, após o final da leitura).

Porém, achamos que não há prejuízo significativo para os “ansiosos


em colocar a mão na massa” que leiam as dicas avançadas e posterior-
mente leiam com calma a parte teórica.

No final do material há indicação dos sítios da internet de onde se ex-


traem dados econômicos atualizados. Basicamente BACEN, IBGE e site
do Tesouro.

Em anexo ao curso, seguem as planilhas que criamos para que você


siga atualizando na elaboração de suas estratégias (muitas vezes o fó-
rum as tem, já atualizadas).
índice

Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

67
parte prática
estratégias
por título
títulos mistos
Os Tipca são títulos que chamamos de mistos pois possuem duas com-
ponentes:

→→ Um valor que é atualizado constantemente pela inflação. Refere-se


ao passado e não está sujeito a especulação.

→→ Uma taxa estipulada no momento da contratação. Sobre essa parte


incide a ideia da fórmula que apresentamos, de cálculo de valor atu-
al, ou valor presente.

As diferenças entre os Tipca é que eles podem ser Tipcaj (pagando


cupons semestrais de juros) ou, simplesmente, Tipca (pagamento so-
mente ao final) e ambos são compostos por parte pré + ipca.
índice

Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

68
parte prática
{{Estratégias
O Gráfico a seguir compara Selic com rendimentos acumulados em 12
meses da antiga NTNB-2024 (Tipca).

Como dissemos, em todo Prefixado podemos ver que a queda da Selic


(área amarela) impulsiona o rendimento do título, pois aumenta seu
valor de venda (taxa de juros fica no denominador da fórmula do pre-
ço de mercado). Por outro lado, um aumento na Selic produz o efeito
contrário.

Assim, recomendamos comprar Tipca durante o platô de alta,


logo no momento que antecede ou, inclusive, durante a queda da
Selic (azul). Vendendo-as no platô de baixa (se a inflação estiver
baixa), e, com certeza, vendendo antes do início do novo ciclo de
alta dos juros.
índice

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Selic x Rendimento Tipca

50,00%
Selic
Rend Ano NTNB
2024
40,00%

30,00%

20,00%

10,00%

0,00%
-11

-12

-13
1

3
1

3
t-1

t-1

t-1
i-1

i-1

i-1
jan

jan

jan
ma

ma

ma
se

se

se
-10,00%

-20,00%
índice

Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

70
parte prática

Na primeira versão do ebook, abordávamos também o Tigpm, sob


a justificativa de que ele poderia, no futuro, voltar a ser ofertado. Para
manter o material conciso e direto à prática, optamos por retirar essa
parte. Se o TD voltar a oferecê-lo, inseriremos novamente o conteúdo.

Acontece que o IPCA e IGPM são indicadores de inflação com velocida-


des distintas, como você pode ver no gráfico a seguir. Assim, havia uma
possibilidade de troca entre de Tigpm para Tipca quando a linha do
IGPM cruzasse o IPCA para baixo e a troca reversa, quando ocorria o
movimento contrário. Mas isso é história.
índice

Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

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Selic x Rendimento Tipca x Inflação

40,00%

30,00%

20,00%

10,00%

0,00%
-10

-11

-12

-13
0

3
0

3
t-1

t-1

t-1

t-1
i-1

i-1

i-1

i-1
jan

jan

jan

jan
ma

ma

ma

ma
se

se

se

se
-10,00%

igpm ipca Selic Rend Ano NTNB


2024
-20,00%
índice

Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

72
parte prática
{{O segredo do Tipca curto
Repare este gráfico do IPCA:
índice

Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

73
parte prática
Esse gráfico mostra a chamada sazonalidade do IPCA, ou seja, como
a inflação varia conforme o mês do ano. Pode-se facilmente perceber
que o período de maior inflação ocorre entre setembro de um ano e
abril do ano seguinte, correspondente a um período de aproximada-
mente 7 meses de alta inflação, contra cerca de 5 meses de baixa infla-
ção, principalmente no meio de cada ano.

Uma estratégia que recentemente passamos a recomendar, naqueles


anos em que a inflação estiver relativamente alta, é a compra de Tipca
de curto vencimento (pois são menos especulativas, tendem a não va-
riar significativamente o valor a despeito das variações da taxa de con-
tratação) por volta de setembro, em substituição ou complementação
da parte da carteira de investimentos que estiver destinada a títulos
posfixados. Em 2015, por exemplo, indicamos o Tipca 2019 para esse
intuito.
índice

Suponha um IPCA mensal de 1% em determinado janeiro. Se a taxa de


contratação não estiver variando significativamente, e se estiver por

Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25


volta de 6% aa (~0,5% am), isso significa uma rentabilidade mensal de

74
parte prática
1,5% (IPCA+juros).

Por volta de abril, vendem-se esses títulos e retorna-se aos posfixados,


se for o caso. Se o momento, por outro lado, for de manutenção de
títulos prefixados (platô de juros altos, ou durante a fase de queda de
juros), só faça isso com uma pequena parte da carteira, pois a maior
parte deve ser separada para a especulação, nos títulos de longo ven-
cimento.

{{Potencial especulativo
Façamos um teste de sensibilidade aos juros, para saber quais títulos
são mais indicados para especulação. Supondo uma inflação de 6% e
uma queda de 0,5% na taxa de contratação de cada título, para ver o
potencial de valorização, usemos nossa fórmula simplificada de valor
presente de um valor futuro (valor final) / (1+taxa) ^ prazo:
índice

1. Título misto curto (5 anos), taxa cai de 6% para 5,5%: aumento em


um dia de 2,4%.
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

75
parte prática
2. Título prefixado médio prazo (10 anos). Taxa de 12% cai, em um dia,
a 11,5%: aumento do valor do título é de 4,6%.

3. Título misto longo (20 anos), taxa cai de 6% para 5,5%: aumento em
um dia de 9,9%.

No início de 2015, o Tesouro passou a ofertar Tipca curtos com taxas


até 0,5% maiores do que os Tipca longos, algo que raramente aconte-
cia (a última vez havia sido em 2011). Muito investidor que não realiza
esses cálculos foi seduzido pelos Tipca curtos. Ressalvamos, porém,
que, para fins de especulação, a quantidade de anos até o vencimento
é mais importante do que uma diferença entre taxas oferecidas.

Assim, para nossa estratégia, permanecemos comprando títulos lon-


gos nesse período, ainda que as taxas fossem até 10% inferiores às
dos Tipca curtos.
índice

Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

76
parte prática
títulos
prefixados Os Tpre e Tprej são títulos com rentabilidade nominal totalmente es-
tipulada no ato da contratação. Sua rentabilidade real, por outro lado,
dependerá da inflação acumulada até o seu vencimento.

Sendo assim, se houver um combate inflacionário efetivo, e a inflação


for reduzida a patamares como 3% aa, os títulos adquiridos a uma taxa
de contratação de 13%, por exemplo, renderão aproximadamente 10%
aa em termos reais.

Por outro lado, títulos vinculados à inflação, Tipca, renderão em ter-


mos nominais, os 3% da inflação, somados à taxa de contratação, su-
pondo 6%, em um total de apenas 9%.

Essa é a conta fácil e direta de se fazer.

Mas, como sempre, existem os “poréns”. São, basicamente, três fatores


que restringem o potencial especulativo desses títulos:
índice

Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

77
parte prática
→→ Em primeiro lugar, os títulos prefixados mais longos possuem venci-
mento de apenas dez anos;

→→ Em segundo lugar, os títulos prefixados mais longos são os que pa-


gam juros – Tprej – o que reduz consideravelmente sua variação dian-
te das mudanças de taxa. Os Tpre, estruturalmente mais especulati-
vos, possuem apenas vencimentos curtos;

→→ Em terceiro lugar, uma variação de 0,5%, por exemplo, em uma taxa


de 12% é proporcionalmente menor do que uma variação de mesma
magnitude em uma taxa de 6%, típica dos títulos mistos (embora os
primeiros tendam a demonstrar uma variação nominal realmente
mais ampla que os últimos em suas taxa de contratação, diminuindo
esse efeito);

{{Estratégias
índice

O gráfico “Selic x Tprej (NTNF) x IGPM” compara a Selic com os rendi-


mentos mensais do Tprej 2017 e com a inflação do IGPM.
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

78
parte prática

Selic x Taxa Contratação Tprej x Inflação igpm

16,00%
igpm Selic Taxa
14,00%
contratação
12,00% NTNF 2017

10,00%

8,00%

6,00%

4,00%

2,00%

0,00%
índice

-10

-11

-12

-13
0

3
0

3
-2,00%
t-1

t-1

t-1

t-1
i-1

i-1

i-1

i-1
jan

jan

jan

jan
ma

ma

ma

ma
se

se

se

se
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79
parte prática
Como já vimos, em todo prefixado a queda da Selic impulsiona o rendi-
mento do título, pois aumenta seu valor de venda. Por outro lado, um
aumento na Selic produz o efeito contrário.

Às vezes vemos pequenas variações nos gráficos que fogem a essas


explicações. Tais pontos fora da curva se devem a vários fatores, como
instabilidades políticas, etc. Não alteram a lógica geral dos títulos.

Assim, a recomendação é comprar Tpre ou Tprej nos momentos


de pré-queda e na fase de queda da Selic (amarelo) e vendê-los
nos momentos de pré-alta (alta em azul). É importante que seja
antes da alta para evitar rentabilidades negativas.
índice

Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

80
parte prática
Veremos mais adiante como a Selic tende a refletir o IGPM, mas com
certa defasagem (pois tende a seguir mais o IPCA, mais lento e embora
haja outros fatores de influência, como o PIB). O gráfico “Selic x Tprej
(NTNF) x IGPM” mostrou como as altas do IGPM causam posteriores
altas de Selic e as baixas provocam efeito similar.

Isso (somado a outros fatores) nos ajudará a prever tendências da cur-


va de juros.

Note, também, que a curva da taxa de contratação tende a seguir a Se-


lic, embora possa ser mais rápida às vezes (quando a inflação já estiver
muito alta e a expectativa seja de elevação forte de Selic).

Às vezes vemos variações nos gráficos que fogem a essas explicações.

Tais pontos fora da curva se devem a vários fatores, como instabilida-


des políticas, etc. Não alteram a lógica geral dos títulos.

A dica aqui é a padrão: comprar no período Amarelo e vender no Azul.


índice

Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

81
parte prática
Aumento na taxa de contratação leva a uma diminuição do valor
de mercado do título e, por consequência, perda de rendimento. O inte-
ressante para o detentor do título é a queda na taxa de contratação!

Mistos versus
prefixados Uma dúvida que se tem na hora de adquirir os títulos é: comprar os
totalmente pré-fixados ou os mistos?

Em geral, os títulos mistos possuem vencimentos mais longos, o que


os tornam mais atrativos para fins especulativos.

Porém, como o objetivo aqui não é que você tenha que acessar o site
do Tesouro todos os dias para ficar atrás da melhor taxa possível, indi-
camos, normalmente, montar uma carteira 3:1 ou 4:1 em Tipca:Tpre.

Já os Tprej são um meio termo entre os Tpre e o Tipca, podendo ser


evitados, pois, ou você quer especular e deve adquirir os Tipca longos,
ou você não quer, e preferirá os posfixados ou algum Tpre bem curto.
índice

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82
parte prática
{{Uso dos Tpre
Uma utilidade para os títulos prefixados é a seguinte: quando você
achar que a taxa Selic já está bem alta (mas sem a certeza de pico) e
a inflação não se elevará mais, comece comprando Tpre curtas, pois
estarão sujeitas a menor prejuízo (pois o prazo mais curto) caso o go-
verno tenha que apertar ainda mais os juros (os títulos posfixados,
inclusive privados, também cumprem esse papel da mesma manei-
ra, a escolha por um ou outro será uma escolha pela melhor taxa no
momento). Depois, com uma certeza mais clara de topo da Selic, você
migra para os Tipca especulativos.

Uma vantagem teórica dos Tpre sobre os Tipca, seria em caso de re-
cuo da inflação medida pelo IPCA além do projetado e esperado pelo
governo e pelo mercado. Nesse caso, as taxas de contratação teriam
permanecido praticamente inalteradas, enquanto a componente IPCA
índice

da remuneração dos Tipca cairia substancialmente. Porém, essa van-


tagem é apenas teórica, pois são pagos os menores juros possíveis, de
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25 maneira que, havendo forte recuo inflacionário, o Tesouro aproveita-
83
parte prática
ria o momento e reduziria as taxas de contratação. Então, nesse caso,
o fator especulativo dos Tipca voltaria a se sobrepor à valorização do
Tpre.

No Gráfico a seguir, “Taxa de contratação”, temos a comparação da Se-


lic e dos indicadores de inflação com a taxa de contratação Tprej 2017
(não com o rendimento, mas com a taxa de contratação!) e podemos
ver que, com a queda da Selic, realiza-se toda a queda na taxa de con-
tratação do Tprej e, portanto, todo o seu ganho especulativo.

Devido ao Princípio da Atualização Diária, a partir desse momento, seu


título passa a render a nova taxa de contratação (perto da nova Selic),
ou seja, um valor baixo (pois se encontra no piso).

Por outro lado, essa queda de Selic fará com que a inflação tenda a
elevar-se, o que se reflete em atualização dos valores dos Tipca (na sua
componente não especulativa).
índice

Tal aumento na remuneração (ainda que nominal) dos Tipca permane-


cerá até que o COPOM tome uma atitude.
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

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parte prática

Taxa de Contratação

16,00%
igpm ipca Selic Taxa
14,00%
contratação
12,00% NTNF 2017

10,00%

8,00%

6,00%

4,00%

2,00%

0,00%
10

11

12

13
9

-10

-11

-12

-13
-9

-2,00%
jul-
jan

Tpre,
jul-

jul-

jul-

jul-
Tpre,
jan

jan

jan

jan
Tprej, Tprej,
índice

Tipca POS- Tipca POS-


-4,00%
Tipca FIX Tipca FIX

Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

85
parte prática
Logo, nossas últimas dicas de comparação entre Mistos e Prefixados
são:

Quando a taxa Selic cair ao seu fundo, realize imediatamente o ganho


especulativo com Tpre e Tprej, se os tiver, mas mantenha os Tipca até
o momento logo antes de as suas novas taxas de contratação come-
çarem a subir (início do ciclo de aperto monetário). Pois o aumento da
inflação decorrente da baixa geral dos juros aumenta a rentabilidade
nominal dos Tipca (e não dos Tpre).

Lembre-se: Com o Princípio da Atualização Diária, os Tpre e Tprej


passam a render a nova taxa de contratação a cada momento, sendo
que a diferença entre a taxa contratada e a atual se reflete em um ga-
nho ou prejuízo especulativo passado e não deve influir em sua tomada
de decisão futura.
índice

Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

86
parte prática
Os títulos privados não se prestam a especulação, embora sejam uma
ótima fonte de rendimento, principalmente se você seguir as orienta-
ções que expusemos na apresentação dos Títulos.

Mas quanto deles comprar? Em que momento da Curva de Juros?

O percentual de sua carteira que você alocará a cada ativo ou classe de


ativo é uma discussão que envolve muitos fatores. O curso completo
do método carteira rica deverá incluir questionários para você respon-
der e descobrir como distribuir as aplicações de sua carteira, conforme
seu perfil, tornando-a uma carteira única, com as qualidades que to-
dos desejamos: segura, balanceada e muito rentável.

Partimos do princípio que você não alocará 100% de seus investimen-


tos do “R” de RICA em títulos públicos para fins de especulação, por
diversos motivos:

→→ Podemos cometer equívocos de avaliações. Aquilo que parecia um


índice

fundo de Selic mostra depois que não era (as pessoas podem achar
que determinado nível é o máximo, mas ainda haver elevações);
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

87
parte prática
→→ Imprevisibilidades de conjuntura: crises econômicas, guerras, escân-
dalos de corrupção, os quais podem levar a um aumento repentino
de taxas de contratação e perdas para investidores posicionados
em títulos públicos. Nesses momentos, é bom ter reserva em títulos
privados, não sujeitas a especulação, para sacar, se for o caso, e em
parte, para investir no Tesouro.

→→ Imprevisibilidades da vida. Como os títulos do Tesouro estão sujeitos


a variações, pode coincidir de por um caso fortuito você precise de
dinheiro, mas não seja um bom momento para sacá-lo de aplicações
especulativas.

→→ Grandes oportunidades. A qualquer momento podem surgir grandes


oportunidades de negócio. Para aproveitá-las, é necessário liquidez.

Enfim, por mil motivos que aqui pudéssemos elencar, é aconselhável


equilibrar as carteiras e diversificar os riscos.
índice

Quanto aos títulos privados, lembramos que existem LC, LCI, LCA e
CDB totalmente prefixados, ainda que o seu banco não os ofereça
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

88
parte prática
(outros bancos oferecem) para períodos anteriores a quedas de juros
e posfixados para períodos anteriores a elevações.

No início de um ciclo de aperto monetário (alta de Selic), posicione-se


100% em títulos privados com remuneração percentual do DI (ou Tse-
lic, dependendo do volume de sua carteira, se muito baixo ou muito
alto) e evite as fortes desvalorizações dos Tipca, que ocorrem nesses
momentos.

Como veremos adiante, em uma estratégia ainda mais avançada, é pos-


sível adquirir DI1 futuro para ampliar os ganhos nessas ocasiões. Com
relativamente baixo risco.

No início de um ciclo de afrouxamento monetário, posicione a parte


com a qual não desejar especular (cerca de 20% do alocado em renda
fixa e Tesouro) em papéis privados totalmente prefixados (X% ao ano)
para períodos de cerca de 3 anos.
índice

Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

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parte prática
{{Alavancando ganhos com DI futuro
Você deve estar se perguntando: tudo bem, a estratégia alavanca
meus ganhos na queda das taxas de contratação. Mas e na fase em
que as taxas de juros estiverem subindo, ganharei somente a rentabili-
dade de um posfixado? Em princípio, sim.

Porém, se você quiser alavancar seus ganhos no movimento de alta,


basta adquirir (de preferência um lote mínimo) de DI1 para alavancar
os ganhos.

{{O que é e como negociá-lo

Não precisamos repetir aqui a definição do DI de 1 dia já que está dis-


ponível em qualquer site da internet. Não temos como reinventar seu
significado. Resumidamente, compra-se ou vende-se a TAXA MÉDIA do
DI até um determinado vencimento.
índice

Informações completas sobre o que é esse contrato:

Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25 http://www.bmf.com.br/bmfbovespa/pages/contratos1/Financeiros/PDF/

90
parte prática
DIfuturo.pdf

http://br.advfn.com/investimentos/futuros/di-depositos-interfinanceiros

http://ynvestimentos.com.br/2013/11/contrato-futuro-de-di/

O que é importante saber:

→→ A maioria das corretoras pede um aditivo de contrato para você ne-


gociar na BMF. Os ativos serão negociados por seu home broker.

→→ Após enviar o aditivo, para negociar, disponibilize os valores na conta


corrente da corretora e solicite a chamada “inclusão de margem”.

→→ Adicione os códigos do DI ao seu HB: O código é formado pelo prefixo


do DI de um dia “DI1” + mês do vencimento (letra) + ano (2 dígitos).
Exemplo: DI1F25, DI1G17, etc.
Mês Letra Mês Letra Mês Letra
Jan F Mai K Set U
Fev G Jun M Out V
índice

Mar H Jul N Nov X


Abr J Ago Q Dez Z
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

91
parte prática
→→ Todos os dias será lançado o chamado Ajuste Diário de posição, seu
ganho ou perda será decorrente do somatório desses ao longo do
tempo. Não há uma liquidação física do contrato no vencimento
(como em outros contratos futuros). Se você levar o papel até lá, sua
posição será automaticamente zerada no último dia. Em resumo, é
muito simples operá-lo.

→→ Se você acha que as taxas subirão, deve comprar o DI futuro (pois


quem compra taxa fica vendido em PU) e quem acha que as taxas
cairão deve vender o DI futuro (pois ficará comprado em PU). PU é o
valor do contrato descontado pela taxa, assim, quanto maior a taxa,
menor o PU (lembra-se de nossa fórmula de matemática financeira,
com o fator de acumulação, ou fator de atualização?).

→→ Lote mínimo: 5 contratos de R$ 100.000,00. Não se assuste, com uma


margem de 2 ou 3 mil reais você pode negociar o contrato (opera-se
índice

alavancado). Porém, ao contrário das opções de ações, não há risco


de os R$ 100.000,00 virarem pó (embora sua margem possa ser toda

Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25


corroída ao longo do tempo, se o mercado for contra sua expectati-

92
parte prática
va).

{{Como operar o DI futuro?

Minha indicação principal é fazer a análise fundamentalista. Ela te dirá,


de verdade, se estamos próximos do topo ou do fundo e isso te dará
tranquilidade para fazer a análise técnica subsidiária, se quiser.

Sugerimos que você monte uma posição sempre de 1 lote apenas, me-
nor risco possível, e que tente mantê-la por todo o movimento de alta
ou baixa (evitando a negociação de day-trades).

Porém, como se trata de um papel alavancado, é obrigatório que você


estabeleça o chamado STOP LOSS.

STOP LOSS é obrigatório para quem trabalha com ativos


índice

alavancados, como Dólar e DI futuro!

Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

93
parte prática
estratégias de
curva de juros
Conforme você verá também na parte teórica deste curso, a curva de
juros é determinada por diversos fatores.

Os mais importante, sem dúvida, são os fatores econômicos internos.


Porém, a eles são somados:

→→ Fatores políticos;

→→ Fatores econômicos internacionais;

→→ Nível da taxa de juros no exterior (se elevada lá fora, deve haver ele-
vação interna, para evitar a fuga de capital);

Se, por um lado, não é possível dizer que o governo estipula as taxas a
seu bel prazer (pois as taxas são negociadas com os chamados primary
índice

dealers), por outro lado, dizer que o mercado estabelece as taxas é, da


mesma forma, ingenuidade.

Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25 As taxas são estipuladas em um embate entre esses dois agentes (go-
94
parte prática
verno e mercado), levando-se em consideração que o governo tem,
sim, uma grande força nesse ato da determinação.

Não dizemos isso somente porque o governo, por meio do COPOM,


estabelece a Selic Meta (que o DI futuro e as taxas de contratação dos
títulos tendem a seguir), mas também por outros fatores, como a pos-
sibilidade de o governo controlar a oferta de títulos. O coordenador da
dívida pública, certa vez, foi aos jornais e anunciou que, no mês se-
guinte, o Tesouro reduziria a oferta de títulos. Esse tipo de atitude tem
reflexo nas taxas de contratação (no caso, leva a uma queda, pois há a
mesma quantidade de agentes querendo adquirir e menos títulos para
serem vendidos).

Citaremos aqui diversas variáveis econômicas para que delas se tenha


conhecimento, mas elaboraremos um gráfico simplificado, para subsi-
diar rápidas tomadas de decisões.
índice

Lembramos que esse gráfico é um gráfico dos fundamentos econômi-


cos. É com base nesses mesmos dados que levantaremos aqui que o
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25 chamado “mercado” (somatório de todos os agentes financeiros) traça
95
parte prática
suas estratégias para juros e renda fixa.

Na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BMF), é negociado o chamado DI1


(DI de um dia), que é o contrato de juros em que “se prevê“ a taxa de
juros até certo dia, no futuro. Os agentes que pactuam essas taxas
têm, como base as informações que aqui exporemos, bem como as si-
nalizações que o governo dá sobre o nível de taxa de juros que preten-
de executar. Por isso, o que faremos é uma análise de fundamentos.

Há aqueles que operam nesse mercado apenas por meio de análises


gráficas do DI1. Porém, como insetos atraídos pelas lâmpadas, esses
“especialistas” muitas vezes prevêem quedas ou altas de juros que
nunca aconteceram.

A análise gráfica serve, tão somente, como instrumento de confirma-


ção do cenário conjuntural que você previamente traçou, com base nos
dados fundamentalistas. Não tome suas decisões somente pelo gráfico,
índice

mas você pode usá-lo como um confirmador de sua estratégia. Afinal, é


essencial saber o que os outros também estão pensando (os outros, no
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25 caso, refere-se ao mercado e aos próprios colegas, na área de debates).
96
parte prática
É verdade que, se as análises se confirmam (fundamentalista e grafis-
ta), o investidor se sentirá mais confiante para executar sua estratégia.

Apresentamos agora links para fontes oficiais de dados econômicos,


de onde você poderá rapidamente extrair informações importantes.

Recomendamos que você crie uma Pasta de Favoritos em seu navega-


dor especificamente para monitoramento da economia. A essa pasta
de favoritos você poderá adicionar, por exemplo, links que citamos em
outros módulos e recomendamos acesso periódico a essas páginas,
para que você reavalie seus investimentos.

Lembre-se também que no site do Tesouro você poderá sempre baixar


as planilhas com os históricos de preços e taxas dos títulos, bem como
diversas estatísticas interessantes. Vamos a algumas fontes:
índice

Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

97
parte prática
Fontes de
informações {{Mídia
Já dissemos, mas não cansamos de repetir: use a mídia a seu favor.

Os jornalistas (mesmo os especializados) têm alguma ideia de especu-


lação com títulos públicos? Não, mas não importa.

Toda véspera de reunião do Copom há uma tagarelice na mídia. Re-


pórteres buscam economistas para saber se a Selic permanece, sobe,
ou desce. Assista ao jornal ou navegue na internet na véspera e no dia
da reunião do Copom e saberá as previsões.

Ainda que a decisão surpreenda o mercado, os títulos não costumam


cair 10% em um dia só (mas em poucos dias, sim), ao contrário do que
ocorre em mercado de ações, por exemplo, de maneira que há tempo
para refazer as posições.
índice

Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

98
parte prática
{{Bacen
Tudo que falta de transparência nas obras públicas e no Congresso,
sobra nos dados econômicos.

Desde os acordos com o FMI o governo brasileiro se obrigou a publicar


indicadores no padrão FMI.

Aproveite-se disso. A página do Bacen para o PEDD é atualizada diaria-


mente: http://www.bcb.gov.br/pec/sdds/port/sddsp.htm

Achou pouco? Quer dados de desemprego, inflação, PIB e outros tabe-


lados para você baixar e usar em planilhas? Quer montar gráficos com-
parativos online? Quer tudo isso de graça? Acesse:

Sites que mais usamos para extrair dados, sempre:


https://www3.bcb.gov.br/sgspub
http://www.bcb.gov.br/?ATACOPOM
índice

http://www.bcb.gov.br/?RI
http://www.bcb.gov.br/?SERIEBALPAG
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parte prática
{{Fipe
Nem só de veículos vive a Fipe. O site da fundação tem boletins econô-
micos mensais e muita informação.

Quer uma dica? Troque a leitura diária de cadernos econômicos de


jornais mal escritos pela leitura mensal ou trimestral de publicações
relevantes. Você vai ganhar tempo, qualidade de vida e informações
mais importantes.

http://www2.fipe.org.br/pt-br/home

{{Ibge
Facilidade na navegação não é o forte do IBGE. O Instituto tem mui-
ta informação e até quer passá-las a nós. Porém, cria sites mal feitos,
índice

sem mapas. É necessário paciência para encontrar alguma coisa lá.

http://seriesestatisticas.ibge.gov.br/
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

100
parte prática
Análise
fundamentalista {{Principais variáveis econômicas
Há algumas informações econômicas que são fundamentais para se
seguir, elas são:

• Selic: A Meta Selic é o indicador básico dos juros na economia. A


Selic serve de referência para os agentes financeiros contratarem
operações entre si e formarem o DI, tanto presente, como futuro.
Como veremos adiante, os movimentos das taxas de contratação
dos títulos mistos (Tipca) são muito similares aos do DI futuro;

• Inflação: O IGPM e o IPCA, separados e em conjunto, dão o retrato


da inflação no país. A inflação é uma das duas grandes variáveis que
levam à determinação da taxa Selic;
índice

• PIB: O nível de atividade econômica é o grande contraponto da infla-


ção na determinação da taxa de juros. Afinal, ninguém quer inflação
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25 alta, mas também ninguém quer recessão o tempo todo.
101
parte prática
As três variáveis que citamos são os fundamentos econômicos da aná-
lise do cenário dos títulos públicos.

Na verdade, há um relacionamento intrínseco entre PIB e inflação (com


certa defasagem), pois a elevação do PIB costuma puxar a alta da inflação
(principalmente quando a “indústria” - as máquinas - ou a mão-de-obra
atingem sua capacidade máxima de produção) e a baixa no PIB reduz a in-
flação, pois os agentes não conseguem repassar para seu preço a pressão
inflacionária que sentem nos insumos, reduzindo sua própria margem.

A variável gráfica que também pode ser analisada, por quem assim o
desejar é o DI1, o DI futuro. A curva do DI futuro reflete, justamente, a
expectativa do mercado para a trajetória da Selic.

Embora a Selic possa não seguir essa expectativa, o DI futuro reflete o


somatório das opiniões dos agentes econômicos a respeito da Selic e
pode servir como uma referência gráfica para quem estiver inseguro
índice

de sua análise econômica.

Vejamos, um por um, cada fundamento econômico.


Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

102
parte prática
{{Meta Selic

O gráfico da Meta Selic é um um bom indicador das tendências de cur-


to e de longo prazo da taxa no país. Pelo gráfico a seguir, podemos ver
a tendência de longo prazo da redução da taxa, devido a vários fato-
res, como o crescimento do país, o avanço na infraestrutura, a diminui-
ção da percepção de risco, etc. Como o Brasil é um grande exportador
de commodities, o crescimento da exportação de minério, soja, açúcar
e carnes levou o país a um outro patamar durante os anos 2000. Essas
questões serão abordadas na parte teórica e a influência delas não é
vista no curto prazo (não interferindo em nossas estratégias), mas so-
mente no longo prazo.

http://www.bcb.gov.br/?COPOMJUROS
A selic que usamos em nossos gráficos, vem daqui:
http://portaldefinancas.com/selic1415.htm
índice

Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

103
parte prática
Meta Selic
30,00

25,00

20,00

15,00

10,00

5,00

-
índice

3
2

5
t-0

t-0

n-0

n-0

v -0

v -1

r-1

r-1

r-1
v -0

v -0

z -0

z -0
Ou

Ou

Ma

Ma

Ab
Ja

Ja

Fe

Fe
No

No

De

De

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104
parte prática
{{Ipca e Igpm

Junto com as informações do PIB, os indicadores de inflação são as


variáveis mais importantes a influenciar a curva de juros.

Os governantes brasileiros, atuais e futuros, não terão condições polí-


ticas de governar com hiperinflação, como ocorreu no passado brasi-
leiro. A estabilidade econômica é um “bem” que o brasileiro adquiriu,
com muito custo, e do qual não abrirá mão.

Dessa maneira, pressupomos que o governo agirá para combater a in-


flação. A tempo, ou mesmo a destempo (como ocorreu recentemente),
mas agirá.

Além disso, a política monetária é um instrumentos de controle da


inflação mais rápido de ser usado do que a política fiscal, que muitas
vezes depende de negociações e votações no Congresso, confronto
com setores da sociedade, etc. A política monetária, com a elevação
índice

dos juros, por exemplo, executa-se muito mais rápido.

Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

105
parte prática
http://www.sidra.ibge.gov.br/snipc/tabelaIPCA.asp?o=3&i=P
http://www.portalbrasil.net/igpm.htm

30

25

20

15

ipca x Igpm
10

5
índice

0
/02

/03

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/05

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/07

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/09

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/12

/12

/13
12

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02

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04

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01

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02

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04

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-5
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106
parte prática
{{Pib

No site do IBGE você pode acessar trimestralmente as Contas Nacio-


nais.

Baixe as tabelas completas no formato .zip e abra. Há várias informa-


ções, de vários setores em bases acumuladas ou com diversas referên-
cias.

O dado que mais nos interessa é a seqüência do PIB no “Acumulado


em 4 trimestres” (12 meses). Elaborado o gráfico com apenas esse va-
lor, teremos uma idéia da força atual da economia e do futuro da selic.

P.S.: as demais informações, inclusive por setores, são importantes


para análise de câmbio e ações, mas esses são outros assuntos.
índice

Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

107
parte prática
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/pib/de-
faultcnt.shtm

PIB
10,0

8,0

6,0

4,0

2,0

0,0
.IV

.IV

.IV

.IV

.IV

.IV

.IV

.IV

.IV

.IV

.IV

.IV

.IV

.IV

.IV

.IV

.IV
índice

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00

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12
19

19

19

19

20

20

20

20

20

20

20

20

20

20

20

20

20
-2,0

-4,0

Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

108
parte prática
{{Anomalias: Brasil no final de 2014

No final de 2014 e durante 2015, o Brasil presenciou retração econô-


mica com elevação da inflação. É possível? Sim.

A inflação é medida em vários produtos, alguns sob o regime de preços


livres e outros, sob preços estipulados pelo governo, preços adminis-
trados. Dentre os administrados estão: energia elétrica, combustíveis.

Além disso, se o governo mantém uma taxa de câmbio artificialmente


valorizada ou desvalorizada, reduz a inflação ou eleva o PIB, respecti-
vamente, também artificialmente. Quando o câmbio se ajusta, a infla-
ção é afetada.

O Brasil havia congelado os preços administrados por vários anos,


segurando a inflação. Ao chegar a um nível insustentável, teve que
reajustar tais preços, liberando um tsunami de inflação, que, no caso,
independe da força da atividade econômica.
índice

Tais preços afetam toda a cadeia produtiva, que busca repassá-los à


frente, levando a uma persistência temporal da inflação.
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109
parte prática
{{Fatores indiretos

Fatores como o desemprego, afetam as variáveis aqui mencionadas


e, por consequência, afetam indiretamente as taxas de contratação. O
desemprego caiu de 12% em 2002 em “linha reta” para 5,5% em 2013
(o que já pode ser considerado pleno emprego), significando uma
pressão muito forte sobre salários (escassez de mão de obra), princi-
palmente no setor de serviços. Essa é uma das pressões inflacionárias
que pode ser acompanhada por sites como o IBGE ou SGS do Bacen.

Agora que já temos os dados fundamentalistas, é hora de analisá-los.


índice

Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

110
parte prática
{{como as taxas são determinadas?
Chegou a hora de descobrirmos como as taxas de contratação do Te-
souro são determinadas, pois, entendendo esse mecanismo, domina-
remos o segredo da alta rentabilidade no Tesouro Direto.

Na primeira vesão do ebook, após quase dez anos de uma equipe


econômica de linha desenvolvimentista, e julgando que haveria mais
quatro anos dessa política, para simplificar, decidimos não apresentar
a diferença de conduta da autoridade monetária, caso uma equipe de
linha liberal monetarista sucedesse a anterior.

Na área de debates, ressalvamos que, caso a então oposição chegasse


ao poder, deveríamos haver uma mudança na política econômica.

Não foi pelas urnas, mas a política econômica mudou. A partir de en-
tão, esse ebook passa a incorporar o entendimento das duas linhas
índice

econômicas para que, qualquer que seja o governo, você possa “prever
o futuro”.

Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25 Prever? Sim, prever. Entenda que, quanto mais previsível um mercado,
111
parte prática
maior a segurança para nele se ganhar dinheiro.

Se o dólar estiver próximo a uma taxa balanceada, fica difícil de pre-


ver seu futuro movimento. Quanto mais afastado do necessário para
um equilíbrio econômico, maior será a pressão para que ele s ajuste e
maior será a previsibilidade de que esse ajuste ocorra. Por isso o mer-
cado de câmbio é, em geral, considerado “perigoso”. Porque, em tem-
pos sem desajustes, não se sabe bem que rumo ele pode tomar. Isso
também ocorre no mercado de ações.

Porém, o mercado de juros leva uma enorme vantagem sobre os de-


mais: ele é relativamente previsível e essa previsibilidade é a nossa
chance de gerar altos lucros com baixo risco.

Mesmo assim há risco? Claro que há. Quem já nos acompanha há mais
tempo sabe que uma mudança nas taxas de juros da Rússia, dos EUA,
ou de qualquer grande potência, bem como instabilidades políticas
índice

nacionais (uma denúncia de corrupção) podem, do dia para a noite,


alterar drasticamente a direção dos juros no curto prazo.
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

112
parte prática
O alento é que, mantidas as condições econômicas (inflação e PIB, ba-
sicamente), os juros retomarão sua tragetória.

{{As duas visões: questão de prioridade

Resumidamente, e direto ao ponto, tudo se resume a uma questão de


prioridade.

Para a equipe econômica desenvolvimentista, a prioridade é o nível de


atividade econômica. Essa equipe aumentará os juros para conter a
inflação, mas reduzirá tão logo o PIB comece a cair, já prevendo que,
a queda do PIB, por si só (como você verá na parte teórica), será capaz
de trazer a inflação para um patamar inferior.

Para a equipe econômica liberal, a prioridade é a inflação, a estabilida-


de econômica. Essa equipe ignorará o PIB, ou tentará incentivá-lo com
medidas que não sejam pela redução dos juros. Assim, essa equipe
índice

tende a seguir a inflação, sendo que os juros serão os menores possí-


veis desde que a inflação esteja dentro da meta.
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

113
parte prática
Como diferença clara, podemos ver que a linha desenvolvimentista
tolera uma certa inflação, desde que o PIB esteja crescendo.

Percebeu a diferença no contexto dos dois “desde que”?

Pontos positivos (metas):

• Desenvolvimentistas: crescimento do PIB

• Liberais: controle da inflação

Pontos negativos (efeitos colaterais):

• Desenvolvimentistas: Tolerantes com a inflação

• Liberais: Tolerantes com a recessão.

O lado bom é que ninguém quer ser tachado de incoerente. Uma equi-
índice

pe de uma linha, o será até que seja trocada por outra equipe. Um
ministro, um presidente do Bacen não muda de postura durante um
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

114
parte prática
mandato (geralmente, não mudam por toda a vida!).

Como saberei o posicionamento da atual equipe econômica?

Fácil, estará na mídia, estará em nossa área de debates. Em geral, a


menos que sejam um completo desconhecido, assim que nomeado, e
antes de assumir o cargo, todos já sabem a postura do Ministro da Fa-
zenda e do presidente do Banco Central. Expressões como combate à
inflação mostrarão uma propensão ao aumento dos juros, expressões
como alavancar o desenvolvimento, mostrarão uma propensão a uma
redução dos juros.

{{Comportamento econômico em gráficos


Acompanhando os gráficos que elaboramos, você verá como havia
certa previsão das taxas de juros durante os desenvolvimentistas e,
índice

posteriormente, mostraremos como esse comportamento se alterou


(peloa troca de prioridades), com uma equipe liberal. O importante é
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

115
parte prática
que, em ambos os casos, há grande previsibilidade das atitudes.

Os gráficos fundamentalistas que traçamos em nossa estratégia são,


basicamente, dois. Podendo ser reunidos em apenas um, caso a pes-
soa não ache visualmente complicado lidar com um gráfico com várias
curvas.

Os gráficos são:

PIB x Selic

Inflação x Selic
índice

Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

116
parte prática
A diferença está na análise dos gráficos:

Os desenvolvimentistas olharão prioritariamente o gráfico PIB x


Selic e, secundariamente, o gráfico Inflação x Selic.

Os liberais olharão prioritariamente o gráfico Inflação x Selic e, secun-


dariamente, o gráfico PIB x Selic.

Tenha isso em mente e você estará preparado para qualquer governo.


Incluindo a abordagem de das duas linhas de pensamento, acabamos
aumentando um pouco a complexidade do material, porém esse ma-
terial se tornou uma fonte válida para qualquer cenário.
índice

Vejamos então os tão falados gráficos:

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ID ENTIAL
NF
O

C
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OP SEC
T
C
{{PIB X Selic
O
NF
IDE
NTIAL

16,00%

14,00%

12,00%

10,00%

8,00%

6,00%

4,00%

2,00%

0,00%
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04

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-2,00%
índice

Selic PIB
-4,00%

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118
parte prática
Falar para comprar os prefixados antes da queda da Selic é fácil, difícil
é saber quando se dá esse momento na prática.

Então veja como o gráfico PIB x Selic foi uma sensacional fonte de in-
formação (e ainda é!) , ou melhor, a mais potente arma na elaboração
de uma estratégia de Tesouro Direto durante os desenvolvimentistas:

A curva da Selic é uma curva similar à do PIB, mas defasada!

O que isso significa? Significa que, ao traçar a curva do PIB, você sabe-
rá de antemão o destino da Selic!

Se a curva do PIB fizer uma inversão (estava subindo e passou a des-


cer, ou o contrário), você estará um passo à frente do mercado para
saber que a Selic também inverterá a sua tendência.

Tudo bem que, como você verá, as informações do PIB são publicadas
com certo atraso, mas todo o mercado tem acesso a elas na mesma
época e, além disso, você verá que o acompanhamento do PIB é um
índice

forte indicador dos movimentos da Selic.

Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

119
parte prática
Como traçar o gráfico?

Se o PIB é trimestral e a Selic é diária, como traço o gráfico com am-


bos? Minha solução é consolidar os gráficos em uma base mensal:

→→ Selic: Copiar a Selic mensal do Portal de Finanças (http://www.portal-


definancas.com/selic1415.htm).

→→ Quanto ao PIB, na tabela do IBGE, procure pelo “Acumulado 4 trimes-


tres” e copie a coluna. Agora, para fazer a variação mensal, faça uma
“interpolação linear” dos dados trimestrais. Basicamente consiste em
calcular o nível do trimestre atual menos o do trimestre anterior e
dividir essa diferença por 3 (3 meses). Esse valor é multiplicado por
1 se for o 1º mês do trimestre, ou 2, se for o 2º mês (no terceiro, não
precisa, é o dado do IBGE) e somado ao valor do trimestre anterior.
Em anexo segue a planilha com a interpolação linear.

PS.: A planilha do curso tem esse gráfico e, além disso, sabemos da


índice

existência de um tópico no fórum onde alunos compartilham a plani-


lha atualizada, evitando a necessidade de retrabalho por cada um.
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

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ID ENTIAL
NF
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C
R E T parte prática
OP SEC
T
C
{{Inflação x Selic
O
NF
IDE
NTIAL

16,00%

14,00%

12,00%

10,00%

8,00%

6,00%

4,00%

2,00%

0,00%
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/11

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/13
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04

08

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04

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04

08
-2,00%
índice

IPCA Selic IGPM


-4,00%

Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

121
parte prática
Considere que a medida da inflação pelo IGPM é uma medida rápida e
a medida pelo IPCA é uma medida lenta. A amplitude do IGPM é maior
e ele é mais adiantado, ao passo que o IPCA é de menor amplitude e
retardado.

Dito isso, veja como, no gráfico, quando a linha vermelha do IGPM


acelera de baixo para cima, em direção à linha azul do IPCA, é necessá-
16,00%
rio elevar a Selic para conter a inflação. Por outro lado, quando a linha
14,00%
vermelha “embica” para baixo, segue-se um movimen-
12,00%
to de redução da Selic.
10,00%
Lembre-se que tudo isso ocorreu durante a época dos
8,00% desenvolvimentistas. Ou seja, ambos os gráficos, PIB x
6,00% Selic e Inflação x Selic, são úteis para qualquer que seja
4,00% a equipe econômica. A diferença é de prioridades.
2,00% Veja, então, como, após a linha amarela que traçamos,
índice

0,00% a Selic deveria ser imediatamente elevada para con-


ter a inflação, mas não o foi. Essa é a tolerância com a
/08

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-2,00%

IPCA Selic- cpf:


Cahio Eiras - cahioseabra@live.com IGPM
073.097.416-25 inflação que os desenvolvimentistas têm, mas os libe-
-4,00%

122
parte prática
rais, não.

Agora veja o que ocorreu depois da troca de mentalidade (veja que,


com a chegada das eleições de 2014, a equipe econômica anterior teve
que adotar um comportamento contraditório com suas opiniões, o
que tornou impossível sua continuidade).

Perceba que após a linha cinza vertical, o


PIB cai, ao passo que a Selic se eleva, de-
monstrando uma mudança de postura da
autoridade monetária.

Por que? Por causa do movimento inflacio-


nário que veremos no gráfico a seguir.

Após ler a parte teórica, você perguntará:


mas a queda do PIB não puxa uma queda
da inflação? Sim. O problema, no caso, foi
índice

uma anomalia, causada por uma inflação


artificialmente retida nos preços adminis-
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

123
parte prática
trados por vários anos. O governo “liberou” toda essa inflação de uma
só vez após a eleição de 2014. Depois do ajuste dessa inflação, o mer-
cado retornará à sua normalidade.

Veja, nesse gráfico, que o momen-


to em que a Selic começou a subir
ao passo que o PIB caía não foi
uma “obra do acaso”, ou algo des-
propositado. A elevaçã da Selic foi
uma medida de combate da infla-
ção, medida pelo IPCA, conforme
a linha verde do gráfico.

Conclusão: com os liberais, a prio-


ridade é o combate à inflação. A
Selic cairá, mas passará a seguir o
índice

gráfico do IPCA, não o do PIB, prio-


ritariamente. O PIB sim, mas em

Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25


segundo lugar.

124
parte prática
Análise Grafista
Acabamos de ver o núcleo de nossa estratégia de curva de juros: de-
tectar quando a Selic subirá e quando cairá. Isso é importante porque
devemos comprar títulos prefixados/mistos com taxas de contratação
estiverem altas e devemos vendê-los quando estiverem baixas.

A pergunta que se faz é: mas as taxas de contratação dos títulos sempre


seguem a Selic?

A resposta é sim, mas não de uma maneira exata.

Em uma análise de ambiente econômico, o que veremos é que as taxas de


contratação altas ocorrem concomitantemente com as taxas altas de Se-
lic. Porém, as curvas não coincidem plenamente, podendo o pico das
taxas de contratação ocorrer um pouco antes do pico da Selic.

Mas isso não é um problema, pois se você comprar os prefixados/mis-


índice

tos durante o “platô” de alta da Selic, você terá ótimos ganhos com a
queda. Realizando o lucro com a venda no “platô” de baixa.

Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25 As técnicas que abordaremos de agora em diante visam a elevar ainda
125
parte prática
mais a nossa rentabilidade, mas são opcionais, já que o acompanha-
mento somente com base nos gráficos já passados é suficiente para se
conseguir uma elevada rentabilidade no Tesouro Direto.

Nesse fluxograma a seguir, mostramos como as taxas dos títulos do


Tesouro são influenciadas.

De uma maneira indireta, as taxas são influenciadas por, praticamente,


toda variável macroeconômica, como as taxas de desemprego.

Taxas de desemprego (fator indireto) muito baixas levam a uma pres-


são inflacionária (fator direto), que, por sua vez, determina a taxa Selic.

Títulos como o Tselic são o espelho direto da Selic e, portanto, sua aná-
lise finda por aí.

fatores fatores Selic, títulos (DI e DI Mistos e


índice

indiretos diretos pós e pré futuro)* prefixados

Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

126
parte prática
Porém, a Selic estipulada pelo COPOM influencia a expectativa de juros
futuros (negociado na BMF), os quais, por sua vez, refletem nas taxas
de contratação dos títulos mistos e prefixados.

Assim, as taxas dos títulos mistos e prefixados são formadas por um


“jogo” entre o governo e o mercado, em que o governo sinaliza com
frequência o que pretende executar e o mercado digere esses sinais,
tornando as curvas de DI futuro essa interpretação feita pelo mercado.

O mercado determina as taxas de juros? Claro que não, os agentes do


mercado não querem correr o risco de atuar fora de sincronia com o
governo, pois quem o fizer terá prejuízo. O mercado quer “adivinhar” o
que está na mente do governo e, com isso, obter lucros (lembre-se que
a previsibilidade é o nosso trunfo).

Por outro lado, o governo também não age sozinho, pois tem que ofer-
tar seus títulos em leilões para os chamados primary dealers e esses
índice

têm que adquiri-los. Essa aquisição não se dá sem a vontade desses.

Assim, o governo “estipula” as taxas de juros, mas não trancados em


Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

127
parte prática
uma torre e isolados do resto do mundo.

Há muitos estudos sobre uma inversão de lógica no Brasil, pois aqui o


DI futuro influi os títulos do Tesouro, em vez de o contrário.

(http://www.anpec.org.br/encontro/2013/files_I/i8-4006919ee-
1fb740fc02e92acdf7c7737.doc)

Questionados se o DI futuro serviria para a previsão das taxas de con-


tratação dos títulos públicos, na primeira versão desse ebook, dizía-
mos que não, pois os movimentos das taxas de contratação dos títulos
mistos e os movimentos do DI futuro tendiam a ser coincidentes, não
havendo razão maior para acompanhar a curva do DI futuro, em vez
de acompanhar as taxas de contratação dos títulos públicos.

Mudamos de ideia por alguns fatores:

→→ Os gráficos de DI1 estão disponíveis em vários sites, como o ADVFN,


na ferramenta APLIGRAF, no DOTSTOCK. Inclusive com a funcionali-
índice

dade de análise gráfica, para quem quiser. Já os gráficos dos títulos


do Tesouro têm de ser traçados pelo usuário ou estão disponíveis em
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

128
parte prática
menos sites, como o DOTSTOCK e o TDIRETO. Nenhum desses dois
permite a análise gráfica, pelo interessado.

→→ Colegas do curso perceberam que, em um mesmo dia, se os juros


futuros estiverem em alta, a segunda taxa ofertada pelo Tesouro (o
Tesouro apresenta uma taxa de manhã, altera na hora do almoço e
tem outra no fim da tarde) vem melhor que a primeira da manhã. Se
estiverem em baixa, a segunda virá menor. Assim, dentro de um dia,
pode ser vantajoso aguardar a próxima taxa ou comprar logo, saben-
do-se qual o comportamento do DI futuro naquele dia.

Desse modo, passamos a ver utilidade no uso do DI futuro, pois ele dá


mais agilidade para o acompanhamento das taxas praticadas no Te-
souro.

Porém, lembre-se sempre que: as taxas de DI Futuro (o chamado DI


de um dia) refletem a opinião geral dos agentes econômicos privados
índice

(empresas exportadoras, importadoras, investidores e bancos) sobre a


taxa futura do DI, que seguirá a Selic, que, por sua vez, é determinada
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25 pela autoridade monetária com um olho na inflação e o outro no PIB.
129
parte prática
O mercado dispõe das mesmas informações de que dispomos. Ao
contrário da Bolsa de Valores, o mercado não sabe o IPCA, o IGPM ou
o PIB por informação privilegiada (embora haja as chamadas expecta-
tivas do mercado). Enfim, o DI futuro reflete a soma das opiniões sobre
os mesmos indicadores que utilizamos em nossa estratégia.

Assim, tome muito cuidado ao interpretar os gráficos de DI futuro, pois


quem analisa somente “gráficos” pode ter a impressão de que os juros
chegarão a 20%, por exemplo, quando, na verdade, é quase impossível
que os juros cheguem a tanto.

Dicas para quem quiser usar gráficos:

→→ Use o gráfico somente para confirmar uma análise fundamentalista


já realizada. Nunca tome suas decisões somente pelo gráfico.

→→ Evite fazer trades curtos, aproveitando oscilações de curtíssimo pra-


zo. O Tesouro Direto não foi feito para isso, você perderá toda a ren-
índice

tabilidade no IOF, no spread de compra e venda e no IR regressivo na


maior alíquota. Se quiser fazer trades, faça no DI1.
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

130
parte prática
Façamos uma análise de exemplo do DI futuro (dados do Dotstock):
índice

Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

131
parte prática
Veja na tabela que há uma previsão do mercado, elaborada no início
de maio de 2015, de que os juros Selic/DI subirão até o primeiro tri-
mestre de 2016 e, a partir daí, começarão a cair.

Essa é a primeira análise que se pode fazer dos números do DI futuro.


Não significa que isso se concretizará, pois a cada divulgação de PIB e
de dados inflacionários (IPCA e IGPM), as expectativas do mercado são
refeitas.

De qualquer forma, a primeira conclusão dos dados do DI futuro de 09


de maio de 2015 é que havia um ambiente de compra de títulos duran-
te todo o ano de 2015.*

* Lembrando que, apesar de essa análise ser “datada”, você pode fazê-la
a qualquer momento por conta própria, com os dados do momento em
que analisa.

Não é necessário enviar um email para nosso contato informando que o


índice

ebook está desatualizado porque os dados aqui apresentados já se alte-


raram há vários meses, ou anos. Eles se alteram a cada minuto!
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

132
parte prática
DI1F17
índice

Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

133
parte prática
No início de 2014, indicamos a compra de títulos mistos, veja no gráfi-
co anterior como o DI caiu daí em diante, aumentando nossa rentabili-
dade.

No dia 19/09/2014, todos os alunos do nosso curso receberam por


email nosso aviso de venda dos títulos mistos e mudança para posi-
ção em títulos posfixados (só lembrando: não somos obrigados a fazer
isso, o curso não promete esses avisos. Mesmo assim, comunicamos o
quê estamos fazendo e comentamos na área de debates, para auxiliar
os alunos).

No final de janeiro começamos a indicar compra moderada dos títulos


mistos e, entre os dias 11 e 13 de março de 2015, indicamos comprar
toda a carteira de Tipca 2035. Veja, no gráfico anterior, que a data cor-
responde ao pico relativo das taxas de DI futuro.

Veja, também, que, conforme a análise técnica, ainda não seria o mo-
índice

mento adequado de compra de títulos mistos (ou, a venda de longo


prazo do DI1F25), já que o ativo continua em seu canal de alta. A que-
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25 da do DI1F25 a partir da data que informamos, é uma correção dentro
134
parte prática
do canal de alta e o analista técnico somente venderia o DI1F25 com a
intenção de recomprá-lo quando estivesse chegando na parte inferior
do canal de alta, o que ocorreu em meados de abril (um mês depois do
ponto que informamos).

Porém, nossa posição é de longo prazo e somente deveríamos adquiri-


-los no “ponto máximo” da curva.

Por que, então, adquirimos títulos “precocemente”, antes que a análise


técnica apontasse uma reversão de tendência?

Porque nosso curso é baseado em análise fundamentalista, mais do


que em análise técnica. A segunda poderá servir somente, e tão so-
mente, para confirmar o que já interpretamos dos fundamentos.

Além disso, ao contrário do que todos imaginam, no gráfico do Tip-


ca 2035 (abaixo), percebe-se que, apesar de o DI1F25 em meados de
maio estar levemente superior aos picos do final de dez/14 e de fev/15
índice

(antes do grande pico de março) (retas horizontais no gráfico abaixo),


o Tipca 2035 não avançou da mesma maneira, fez um topo relativo em
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

135
parte prática
6,10%, em níveis bem menores que naqueles meses, quando o DI1F25
estava no mesmo ní-
vel (gráfico do DI acim)
que o de fins de abr/15,
demonstrando que os tí-
tulos não seguem 100%
o DI e demonstrando
falta de força na alta
dos títulos especulativos
e do próprio DI futuro
(que o mercado estima
com base nos movimen-
tos do próprio governo).
Ou seja, o gráfico do DI
futuro, assim como o
índice

gráfico da Selic são ape-


nas indicadores.
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

136
parte prática
Quando lançamos esse curso e afirmamos que a estratégia gerava
uma média de 24% em 4 anos anteriores a 2014, muita gente nos
questionou para que apresentássemos “provas”.

Porém, com o curso publicado e com avisos de compra e venda enviados


para nossos alunos, eles perceberam o teor da estratégia e vários, assim
como nós, obtiveram em 2014 rentabilidade na faixa de 30% (pergunte na
área de debates ou no fórum!).

Sabemos que aqui apresentamos vários termos técnicos, difíceis para


aqueles não tão chegados a economia.

Mas:

1. A prática não é tão complicada assim;

2. Nós e vários alunos (aos quais agradeço publicamente, verdadeiros


gênios!) atuantes em nossa área de debates, avisamos sempre o que
índice

estamos fazendo, para que o iniciante possa dar seus primeiros pas-
sos.
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137
resumo da estratégia
1. Atualize as planilhas (caso não as encontre atualizadas em nosso
fórum) e avalie em que ponto da curva é o presente (se fase de alta
da Selic, baixa ou platô alto/platô baixo).

2. Veja, em nossa área de debates/fórum se a atual equipe econômica


tem como prioridade o PIB (desenvolvimentistas) ou a inflação (libe-
rais). Isso determinará a prioridade entre nossos dois gráficos prin-
cipais, o “PIB x Selic” e o “Inflação x Selic”.

3. Diante da situação, determine seus percentuais de alocação inicial.


Sugestões:

• Selic no pico ou platô de alta: 20% renda fixa prefixada para 2 ou 3


anos (para vencer no próximo pico dos juros - entre um pico de alta
e outro, em condições normais, leva-se entre 2 e 3 anos, segundo
levantamos para os últimos 15 anos), 15% em renda fixa de alta li-
quidez (para ser usada na aquisição de ativos “I”, “C” ou “A”, se surgir
índice

oportunidade - pode ser o Tselic) e 65% em Tipca 2035 ou o mais


especulativo do momento.
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138
resumo da estratégia
• Início do platô de alta e início do platô de baixa: adquirir parte da
carteira em títulos mistos não especulativos (os mais curtos), para
se aproveitar da alta da inflação na componente não especulativa
do título (eventuais aumentos da taxa de contratação não afeta-
rão significativamente a rentabilidade, já que o título é curto!). Essa
estratégia é ainda mais interessante no período de setembro a abril,
quando o IPCA tem suas maiores altas sazonais. Quando o platô de
baixa estiver acabando, migre para posfixados. Quando o platô de
alta estiver acabando, migre para os mistos especulativos.

• Selic no fundo ou platô de baixa: prioridade em títulos posfixados e


Tselic, para garantirmos que não teremos uma rentabilidade negati-
va na fase de alta, mas positiva. Para alavancar a rentabilidade, você
pode adquirir DI1 para um período futuro (quanto mais longe, mais
especulativo também), de até dois anos, o que elevará exponencial-
mente seu ganho na fase de alta.
índice

4. Relaxe! Vemos que alguns alunos em nossa área de debates que

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simplesmente não relaxam, buscando todos os dias uma movimen-

139
resumo da estratégia
tação, adrenalina, a maior taxa possível do movimento de alta. Isso
é inútil e gerará um stress enorme para obter uma rentabilidade
apenas um pouco maior. Não é esse o núcleo da estratégia! As di-
cas de acompanhamento do DI futuro são somente para aqueles que
querem se debruçar mais sobre o assunto, não são obrigatórias (lem-
bre-se que esse curso é lido por centenas de pessoas e cada uma
tem seu perfil). É possível, inclusive, obter alta rentabilidade “sem
olhar as taxas de contratação”, basta fazer o que exporemos agora.

5. ESTRATÉGIA PARA QUEM INVESTE TODO MÊS UM POUQUINHO: Se


você investe todo mês uma quantia, não dá para fazer cálculos mi-
rabolantes a todo momento, isso tomaria o seu precioso tempo. Em
vez disso, faça a a análise de 5 minutos (que é mais a essência desse
curso): veja se estamos em uma fase de juros altos (platô) ou juros
caindo, se sim, adquira prefixados, se estivermos em uma fase de
juros baixos (platô) venda os prefixados para garantir a rentabilida-
índice

de especulativa. Se a fase de elevação de Selic, adquiria posfixados.


Voilá! Você garantiu alta rentabilidade e baixo empenho!
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

140
resumo da estratégia
Topo Selic = (topo inflação ou topo PIB) Aplicação
65% Tipca 2035 ou o mais especulativo
20% Renda Fixa prefixada 2 ou 3 anos máx. rent.
15% Renda Fixa alta liquidez para oportunidades

Fase de Selic baixando Continua comprando títulos especulativos

Selic atinge fundo ou próximo dele Importante: vender os títulos especulativos

Início platô de juros Aplicação Início platô de juros Aplicação


com inflação subindo com inflação caindo
55% Renda fixa posfixada ou Tselic 65% Renda fixa posfixada ou Tselic
25% Título misto curto (aproveitar inflação) 20% Renda Fixa prefixada 2/3 anos máx.rent.
20% Renda Fixa prefixada 2/3 anos máx.rent. 15% Renda Fixa alta liquidez p/ oportunidade

Fase de Selic subindo Aplicação


78% Renda fixa posfixada ou Tselic
índice

20% RF pré 2/3 anos (contratada pico anterior)


2% Compra DI Futuro (opcional, alavancagem!)

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141
parte teórica

O que são juros?


Juros representam a remuneração pelo uso de um bem de terceiro
(moeda) por um período. Sua existência parte do pressuposto de que
é mais vantajoso deter dinheiro agora do que no futuro e que abrir
mão da moeda no presente gera um aborrecimento, uma limitação à
liberdade do proprietário da moeda, que deve ser compensada.

Retirando a variável tempo (derivada da função montante de juros), te-


mos a taxa de juros, que, basicamente, é composta por duas parcelas:

→→ A compensação acima mencionada;

→→ Um acréscimo referente ao risco do inadimplemento do tomador.

Quando o risco é próximo de zero, a taxa de juros se aproxima da


compensação pela cessão do uso imediato da moeda. Sendo maior o
índice

risco, acresce-se um valor a título de “seguro” contra a quebra do to-


mador.
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142
parte Teórica
Determinação da
taxa de juros {{Fator Risco
A variável “risco” é medida por fatores como a capacidade financeira
do tomador e sua disposição a pagar suas dívidas, voluntária ou com-
pulsoriamente.

No caso de Estados Nacionais, a disposição em pagar dívidas é repre-


sentada pelo histórico do país (moratórias, v.g., contam negativamen-
te) e a capacidade financeira é dada pela relação entre o estoque de
dívida daquele país e seu PIB, ou melhor, e a receita total do governo
(que é percentual do PIB). O nível de gastos do governo influencia esse
risco, pois haverá superávit capaz de servir à dívida se as receitas me-
nos os gastos governamentais forem bastante positivos, ou haverá
déficit se as receitas menos os gastos forem pouco positivos, insufi-
cientes para o pagamento do serviço da dívida (serviço da dívida é o
índice

montante de juros a ser pago em determinado ano).

Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

143
parte Teórica
* A explicação de superavit e deficit foi simplificada, porém, a fórmula
completa para esse cálculo consta das Contas Nacionais publicadas
pelo IBGE, como se verá no devido momento.

{{Fator compensação pelo uso


A variável “compensação pelo uso imediato da moeda” quase nunca é
abordada em livros de economia, pelo menos nos tradicionais, pois é
considerada auto-explicativa.

Pois bem, não é auto-explicativa e uma boa compreensão desse fator


tanto matemática quanto financeiramente pode ajudar na identifica-
ção de tendências de longo prazo da economia, sejam elas visíveis no
curto/médio prazo, ou não.

Uma correlação fácil de perceber, de antemão, emerge da comparação


da taxa de juros praticada em países de alto PIB/per capita (PIB dividi-
índice

do por número de habitantes) com a taxa de juros em países menos


integrados: em geral, as taxas de juros de países como EUA, Alemanha,
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

144
parte Teórica
são muito inferiores às taxas de países como Brasil, Peru, China.

Erra quem atribui essa diferença somente à componente risco da taxa


de juros.

A compensação pelo uso imediato da moeda embute uma crença,


que pode se concretizar, ou não, no crescimento de um país (se a ex-
pectativa de crescimento de um país é grande, os atores econômicos
preferirão alocar seu dinheiro em ativos de risco atrelados ao nível
econômico (ações de companhias, por exemplo) a alocá-lo em títulos
públicos.

Porém, e isso não é dito nos livros, o pressuposto de expansão econô-


micas a taxas constantes é bastante irracional, como veremos agora.

{{Força de queda no longo prazo


Você já parou para pensar por que a Índia, a China, o Peru conseguem
índice

crescer a 10% a.a.?

Isso se dá porque a base comparativa anterior é baixa, ou seja, se um


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145
parte Teórica
país tem renda per capita de 1.000 e cresce para 2.000, houve um au-
mento percentual de 100%, ao passo que se um país que possui renda
per capita de 20.000 tiver o mesmo aumento, este será de 5%.

Assim, a base comparativa anterior do PIB dos EUA, em termos per


capita, é muito superior à da Índia, de maneira que o crescimento
percentual da economia que se pode esperar dos EUA é infinitamente
inferior.

Quanto maior for o estoque de capital de um país (estoque de capital é


o capital que esse país acumulou ao longo de sua história, está expres-
so em infra-estrutura em geral, rodovias, pontes, bem como prédios,
etc.), maior a dificuldade física (limitações de volume de matérias-pri-
ma, de mão-de-obra, etc.) em se manter um incremento percentual no
patamar anterior.

Muitos podem alegar que um incremento no PIB de países como os


índice

EUA ainda é possível de ser visto. Correto, em parte. Primeiro, é impos-


sível ver os EUA crescendo a taxas de países em desenvolvimento.
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146
parte Teórica
Ocorre que um dos fatores que sustenta um incremento no PIB dos
EUA é a transferência de rendas (adiante veremos o Balanço de Paga-
mentos de um país), por meio da qual os países onde se localizam as
filiais remetem o lucro por elas auferido aos países das matrizes das
corporações multinacionais. Em outras palavras, o crescimento de pa-
íses como EUA e Alemanha é totalmente dependente de suas relações
com o exterior, e não mais de produção local.

Enfim, a menos que haja uma guerra interna, ou que as máquinas,


rodovias e prédios sejam considerados obsoletos e necessitem ser
reconstruídos, a tendência é que a remuneração do capital empregado
na produção seja cada vez menor em termos percentuais (ROI - return
on investment). Lembramos que a guerra ou os fatores acima não são
benéficos, pois causam primeiro o prejuízo, a destruição, para depois
causarem o crescimento.
índice

E o que o juros tem a ver com o crescimento de uma economia? Ex-


plicamos: quanto menor o ROI potencial em uma economia, menor a

Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25


compensação a ser paga ao detentor de riquezas para que ele a em-

147
parte Teórica
preste a alguém no presente. Se a pessoa não tem como investir o seu
dinheiro e multiplicar seu capital, ela terá de aceitar um juro menor
para abrir mão desse capital no presente.

Assim, há uma tendência de queda da taxa de juros no longo prazo, o


que torna interessantes os títulos pré-fixados, total ou parcialmente.
Embora, como veremos adiante, haja tendências em sentido contrário.

Títulos totalmente prefixados são os Tpre e Tprej e títulos mistos são


os Tipca e Tipcaj, por exemplo.

A base desta teoria é antes física e matemática do que histórica, se


bem que a história recente do Brasil a tem comprovado.

No caso brasileiro, tal tendência de queda da taxa será ainda mais


forte do que nos demais países, uma vez que nossa taxa de juros real
sempre figura entre as maiores do mundo.

A alta taxa de juros relativa no Brasil não tem suporte em falta de esto-
índice

que de capital, mas antes em um histórico de inflação, levando a infla-


ção inercial, e em uma incrível propensão à inflação por questões de
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148
parte Teórica
demanda (incluindo maus hábitos de consumidores e governantes).

No longo prazo, porém, a taxa de juros brasileira deve, compulsoria-


mente, cair, tanto pela falta em geral de motivo, quanto pelo aumento
crônico do estoque de dívida, o que tornaria impraticável ao governo,
dentro do orçamento (ou seja, sem deficit e, por conseqüência, novos
financiamentos) continuar pagando taxas exorbitantes.

{{Forças de alta
Apesar do que já falamos até agora, lembramos que existem outras
forças atuantes em sentido contrário ao acima mencionado.

{{Oscilações

Em primeiro lugar, a taxa de juros oscila, ou seja, ela não se movimen-


índice

ta na forma de uma reta, mas na forma de uma senoide. Dessa manei-


ra, é importante procurar adquirir os títulos nos pontos superiores da
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149
parte Teórica
curva, e não, em seus fundos.

{{Aumento de risco

Além disso, não podemos incorrer no mesmo erro que a maioria


(aqueles que consideram a taxa de juros apenas em função do risco)
e ver apenas uma componente da taxa. Como dissemos acima, a taxa
de juros é a soma do risco de inadimplemento mais a remuneração da
compensação.

Logo, temos que analisar a tendência do risco Brasil, pois esse também
influenciará a remuneração dos juros reais.

Para monitorar o risco, deve-se acompanhar a evolução da dívida bru-


ta e da dívida líquida em relação ao PIB do país ao longo do tempo. O
mercado também costuma basear-se nas agências de ratings (ainda
que as classificações destas empresas sejam totalmente enviesadas).
índice

Se o percentual dívida/PIB estiver aumentando, estará havendo um


aumento de risco; se estiver diminuindo, o risco estará diminuindo. Se
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

150
parte Teórica
o próprio PIB cair, como ocorreu na Grécia, isso também eleva o risco,
já que a receita dos governos é um percentual do PIB.

Esse risco de crédito de que tratamos leva a um consequente risco


para os títulos prefixados, total ou parcialmente, uma vez que a ten-
dência dos juros é aumentar quando o tomador tem sua capacidade
financeira comprometida.

Esse risco aos títulos pré-fixados também pode ser expresso em ter-
mos de inflação possível acima da imaginável agora.

Isso se explica porque, atualmente, a dívida brasileira é basicamente


interna, ou seja, mensurada em reais, o que praticamente torna im-
possível a moratória, mas, por outro lado, torna possível uma inflação
galopante diante de impressão de moeda pelo Tesouro para pagar as
dívidas.

Essa é uma diferença fundamental entre os países com dívida interna


índice

e os países com dívida externa (há também, claro, países credores in-
ternacionais, como a China): o fato de o país deter, ou não, o controle
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

151
parte Teórica
sobre a emissão da moeda em que está expressa sua dívida.

Assim, nações como Grécia, Espanha, Itália, Portugal, têm dívida exter-
na e correm risco de default, pois podem não ser capazes de angariar
Euros suficientes para o pagamento de suas obrigações.

Por outro lado, países como EUA e Brasil têm débitos em moeda lo-
cal, podendo ordenar a impressão de moeda para pagar a dívida, de
maneira que o risco de calote é praticamente zero (no caso dos EUA,
como o teto da dívida tem que ser aprovado pelo Congresso, há um
certo risco político de moratória).

Por isso a celeuma de calote pelos EUA não tem fundo financeiro, é
questão meramente política (só darão o calote se quiserem). Os EUA
tem aumentado a quantidade de moeda em circulação, imprimindo
novos dólares para pagar suas dívidas e levando uma enxurrada de
dinheiro barato com o QE3 (Quantitative Easing 3) ao redor do mundo.
índice

Tal fato tem levado um impulso inflacionário outros países, inclusive


ao Brasil.
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

152
parte Teórica
A impressão de moeda, todavia, tem seu efeito colateral, a saber, a
inflação (pois o produto, medido pela quantidade de bens e serviços
produzidos pelo país, é o mesmo, mas passa a ser adquirido por um
mercado com maior quantidade de moeda em circulação, o que ape-
nas fará os preços se equilibrarem para um patamar superior).

Assim, os títulos pré-fixados correm maior risco que os pós-fixados se


o ambiente tender a super-inflação.

Os títulos totalmente prefixados correm o grande risco, obviamente,


podendo ter rendimento real negativo pois a inflação pode, em tese
ser, inclusive, superior ao rendimento nominal.

Ao passo que os títulos mistos (parcialmente prefixados) correm um


risco pequeno, muito difícil de seu rendimento se tornar negativo,
embora, quanto maior a inflação, maior o percentual de incidência do
imposto de renda sobre a remuneração extra pré-fixada e, conseqüen-
índice

temente, menor a rentabilidade real.

Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

153
parte Teórica
Exemplificando:

Inflação zero + 6% de remuneração pré-fixada = 6%.

Menos 15% de I.R. longo prazo leva a rentabilidade real e nominal de


5,1%.

Inflação 14% + 6% de remuneração pré-fixada = 20%.

Menos 15% de I.R. longo prazo leva a rentabilidade nominal de 17%,


mas rentabilidade real de apenas 3% (metade da rentabilidade nominal
pré-fixada).

Cenário de rendimento real negativo em NTN-B:

6% remuneração pré-fixada + inflação de 50% = 56%

Menos 15% de I.R. longo prazo leva a rentabilidade nominal a 47,6%, de


maneira que a rentabilidade real seria negativa em 2,4% (se deduzida a
inflação).
índice

Assim, as inferências do tópico anterior a respeito de serem vantajosos


títulos prefixados devem ser reavaliadas diante do cenário econômico
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25 e da disposição política dos diversos governos.
154
parte Teórica
Logo, ainda que tendamos a crer que os títulos parcialmente pré-
-fixados sejam, no longo prazo, a melhor alternativa de investimento
(para quem não desejar operar a volatilidade dos juros no curto/médio
prazo), por conciliarem baixo risco e retorno acima da média da econo-
mia, ainda assim, temos que ressalvar a existência de risco.

Não vemos, todavia, o risco como algo ruim. Pelo contrário, o objetivo
deste curso é justamente preparar o investidor para detectar movi-
mentos esperados no curto/médio prazo na curva de juros de maneira
a obter retornos no longo prazo muito superiores.

{{Força dos serviços inúteis

A economia moderna gira em torno de algumas premissas básicas.

Uma delas é a de que a moeda é o meio universal de troca e mensura-


ção de valor. Ou seja, praticamente qualquer bem pode ter seu valor
índice

expresso em moeda (e todo bem no mercado o tem) e considera-se


que, uma vez expresso o valor em moeda, o valor de tal bem é imedia-
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25 tamente comparável a todos os demais bens disponíveis no mercado).
155
parte Teórica
Assim, suponhamos um país de fronteiras fechadas em que oitenta
porcento da população gaste boa parte de seus ganhos comprando
sabão, água e canudos exclusivamente para fazer bolhas de sabão. Su-
ponhamos que houvesse campeonatos de bolhas de sabão, locutores,
mídia enviando repórteres para todos os lados a cobrir as novidades
da bolha de sabão.

Possivelmente, como boa parte dos esforços (energia consumida) des-


te país são voltados para algo em que não vemos utilidade, se um de
nós fizesse uma viagem a tal país, certamente acharia o povo atrasado
em áreas que julgamos essenciais, considerando que o estado da téc-
nica fosse o mesmo entre todos os países.

Porém, se tal país existisse com fronteiras abertas, toda essa inutilida-
de teria valores expressos em moeda intercambiável.

Nesse segundo contexto, a obsessão por bolhas de sabão influenciará


índice

diretamente o câmbio deste país, tornando-o mais desvalorizado.

Porém, suponhamos que os demais países do mundo descubram a


Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

156
parte Teórica
alegria de fazer bolhas de sabão e, por todo o lado, as pessoas saiam
lançando suas borbolhas ao ar. E mais, para aprender a fazer a bolha
perfeita, os demais países do mundo pagam consultorias milionárias
aos experts do país inventor da moda, além de pagar mais caro pelo
sabão vindo daquele país, por suas qualidades excepcionais na produ-
ção de bolha.

Nesse último caso, tudo inverte de figura.

Na economia capitalista, o valor de qualquer bem ou serviço é dado


pela disposição do mercado de absorvê-lo, ou seja, pela demanda. As-
sim, deixa de existir qualquer valor intrínseco às coisas.

Se a produção de bolhas de sabão está totalmente integrada à econo-


mia mundial, sua produção e consumo interferem diretamente tanto
no PIB dos países, quanto nos saldos do balanço comercial e de servi-
ços (diferença entre o que o país exporta e o que importa).
índice

Assim, novas escolas de bolhas de sabão, consultorias e demais servi-


ços movimentam a economia e geram riqueza, financeiramente falan-
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

157
parte Teórica
do.

Lembrando que, mesmo no primeiro exemplo, da economia fechada,


a produção de bolhas de sabão já interferia no PIB do país, já que era
trocada por moeda no mercado local.

Em resumo, queremos demonstrar que a invenção de serviços inúteis,


quaisquer que sejam, principalmente se passíveis de importação/ex-
portação, é capaz de influenciar as variáveis agregadas das economias
nacionais, podendo, inclusive, interferir na taxa de crescimento e, por
conseqüência, na taxa de juros de equilíbrio em um país.

Dessa forma, o fator inovação inútil (cada um que substitua a expres-


são pelo que bem entender: vídeo-games, campeonatos desportivos,
mídias sociais, etc.) pode e é capaz de manter um nível crescente de
demanda agregada (demanda agregada é o conjunto de toda a procu-
ra por bens em uma economia, trataremos disso melhor no capítulo
índice

sobre Contas Nacionais), o que pressiona a taxa de juros de equilíbrio


a níveis superiores (deslocando a chamada curva IS para a direita, con-
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25 forme também veremos adiante).
158
parte Teórica
Concluindo, a capacidade de “inovar” é um fator capaz de manter a
taxa de crescimento e, portanto, a taxa de juros (artificialmente?) a ní-
veis elevados, contrariando a tendência que mencionamos, de queda.

Há que se pesar todas as forças e ver quais as mais fortes em determi-


nado momento. Ressaltamos que, por se tratarem de setores econô-
micos que “giram no ar”, em um ambiente de crise crônica, com res-
trições orçamentárias persistentes do ponto de vista das famílias, tais
setores tendem a ser comprimidos ou até eliminados em alguns casos.

Porém, a tendência dos serviços inúteis (ou, em outras palavras, de


necessidades artificialmente criadas) segue forte e “segurando” o nível
de crescimento de economias e o nível das taxas de juros.

{{Integração de novos mercados

A tendência à redução da rentabilidade percentual do capital também


índice

é reversível momentaneamente com a integração econômica de novos


mercados à economia globalizada mundial.
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

159
parte Teórica
Recentemente foram integrados à economia capitalista mundial os
países do leste europeu, Rússia e China.

Com o processo de integração dessas enormes populações ao siste-


ma, foi gerada uma enorme demanda por novos bens e serviços, o
que levou a economias exportadoras de commodities (como o Brasil)
a crescerem a reboque de tais países. Esse tipo de expansão por des-
cobertas de novas fronteiras é capaz de inverter (enquanto durarem) a
tendência de queda da rentabilidade.

Já pensou em investir na África? As grandes multis brasileiras já


estão lá. Marcopolo no Egito e várias empreiteiras por todo o continen-
te.

Porém, à medida que essas grandes economias vão se tornando cada


índice

vez mais niveladas ao conjunto do sistema, diminui a capacidade mar-


ginal de expansão.

Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25 No caso interno brasileiro, ainda se poderá buscar a integração das
160
parte Teórica
populações amazônicas (quanto aos grandes bolsões de miséria do sul
e sudeste, isso não ocorre na mesma proporção), buscando-se manter
a taxa de crescimento (e, por conseguinte, a taxa de juros).

No nível mundial, os países centrais, inclusive os Brics já voltam seus


olhos para o mercado africano, a última grande fronteira do mundo
para a globalização total.

Esse fenômeno da integração leva, necessariamente a uma alta do


produto por diversos fatores. Entre eles, destaca-se o fator de que,
em economias tradicionais e fechadas, as famílias produzem, em casa,
grande percentual dos bens e serviços que são necessários à manu-
tenção da vida.

As famílias têm suas hortas, lavam roupas em casa, produzem móveis


artesanalmente, reparam as roupas danificadas.

À medida que ocorre a integração capitalista da economia, tais servi-


índice

ços passam a ser oferecidos e demandados no mercado. Assim, a co-


mida é comprada no supermercado, os móveis são comprados e são
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

161
parte Teórica
contratadas faxineiras e costureiras.

Enquanto fora do mercado (entre família e vizinhos), tais bens e produ-


tos não são levados em conta no cálculo do PIB, são irrelevantes para
a economia. Já no segundo caso, há circulação de moeda e os mesmos
bens e serviços passam a integrar o PIB.

Esse processo de substituição, ainda que não leve imediatamente a


um patamar superior de qualidade de vida, gera, por si, uma expansão
econômica, trazendo tais bens e serviços a serem geridos pelas leis do
mercado. Inclusive, gera-se oportunidade de agentes econômicos (in-
clusive estrangeiros) de se inserirem nessas esferas da manutenção da
vida antes controladas de maneira familiar e no círculo local.

Somando essa apropriação pelo mercado de novas esferas da vida à


mencionada pequena base de comparação (pois o estoque de capital é
baixo em tais comunidades), temos altas taxas de crescimento nessas
índice

regiões.

De maneira que, embora esse material seja dedicado a uma análise do


Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

162
parte Teórica
mercado de juros, fica a dica àqueles que têm interesse de investimen-
to em imóveis: investir em imóveis de menor valor e em locais mais
remotos é investimento mais seguro que nos grandes centros.

Lembramos que, assim como no nível internacional, no nível interno


também ocorrem transferências de renda, de maneira que as empre-
sas que lucram nas regiões mais remotas possuem sede, muitas vezes,
nas regiões centrais, ocasionando um envio de recursos que pode sus-
tentar a expansão econômica (mais frágil) dos grandes centros por um
determinado tempo.

De qualquer forma, reiteramos que as melhores oportunidades de


investimento estarão sempre em regiões ainda em processo de inte-
gração.
índice

Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

163
parte Teórica
Dinâmica no curto
e médio prazo Na primeira parte do curso, abordamos os grandes fatores que in-
fluenciam as taxas de juros. Começamos pela grande tendência econô-
mica de longo prazo, seguida pelas outras fortes tendências contrárias.

A partir desse ponto, passaremos a abordar os instrumentos necessá-


rios à compreensão de curso prazo dos movimentos nas taxas de ju-
ros. Serão abordados conceitos e relações que o investidor deve com-
preender para poder movimentar-se com a flexibilidade necessária
para garantir os retornos mais elevados do que o simples comprador
de títulos públicos.

{{Preço e lei da oferta e procura


Em economia, é pressuposto que em um mercado aberto, o preço de
um bem será determinado em razão direta da sua procura (ou de-
índice

manda) e indireta de sua oferta. O ponto de encontro entre a curva da


demanda e a da oferta dá o ponto de equilíbrio, que é o preço de mer-
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

164
parte Teórica
cado de determinado bem.

Aumentos na demanda e aumentos na oferta fazem com que o preço


de determinado bem se mova e se ajuste novamente voltando ao equi-
líbrio em outro ponto da curva.

Além disso, o pressuposto da eficiência do mercado leva a que o preço


desse determinado produto, como é expresso em moeda (meio uni-
versal de troca) demonstra a sua utilidade em comparação a todos os
demais produtos existentes no mercado.

{{Contas Nacionais
A contabilidade nacional analisa volumes agregados da economia
(agregado significa a soma geral, de todos os setores) e gira em torno
de conceitos básicos, a saber: produto, consumo, renda, poupança, in-
vestimento, absorção e despesa. As relações e os conceitos aqui apre-
índice

sentados serão essenciais para o entendimento das políticas fiscais e


monetárias adotadas pelos governos.
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165
parte Teórica
PRODUTO é a soma de tudo que é produzido (bens e serviços) no país
em um determinado tempo.

CONSUMO são todos os bens e serviços absorvidos pelos indivíduos e


pelo governo.

RENDA é a remuneração dos fatores de produção (capital e trabalho) e


compreendem os salários, os lucros, bem como juros e aluguéis.

POUPANÇA é a renda não consumida (lucros não distribuídos das em-


presas também são poupança).

INVESTIMENTO é o acréscimo no estoque de capital, dada pela forma-


ção bruta de capital fixo (FBCF) e a variação nos estoques das empre-
sas menos a obsolescência.

DESPESA são os possíveis destinos do produto, sendo o consumo mais


o investimento (mais o saldo da balança comercial, considerando-se as
transações com o exterior).
índice

GASTOS do governo são os gastos com salários de funcionários públi-

Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25


cos e com compras (não inclui os gastos de capital, que são investi-

166
parte Teórica
mentos).

PIB = { Consumo + Investimentos + Consumo do Governo + (Exportações


– Importações) }

As equações que aqui expomos são simplificadas ao máximo, con-


siderando às vezes sim, às vezes não, a existência dos agentes governo
e exterior.

A chamada Conta Corrente do governo é composta por:

Seus créditos:

{ Impostos diretos + indiretos + Outras Receitas (lucros em empresas, por


exemplo) }

Seus débitos:
índice

{ Consumo do Governo, Subsídios, Transferências, Poupança do Gover-


no }

Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

167
parte Teórica
Seremos bastante sintéticos nesse tópico. Caso o investidor tenha
interesse de se aprofundar no tema, pode buscar bibliografia sobre
o tema “Macroeconomia” (citaremos alguma ao final) ou fazer uma
busca sobre Contas Nacionais na internet. É um tema importantíssimo
para a compreensão mais abrangente da situação econômica do país.

Identidades Fundamentais das Contas Nacionais

{ PRODUTO = RENDA = DESPESA }

{ POUPANÇA = INVESTIMENTO }

Poupanças (privada + do governo + externa) = investimento (do governo


+ privado).*

* A parte que toca ao exterior é mais visível no chamado Balanço de


Pagamentos, que abaixo apresentaremos. De uma maneira menos explí-
índice

cita, ela também encontra-se nos agregados nacionais.

Como todo produto sofre alguma destinação, PRODUTO é igual à DES-


Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25 PESA por definição direta. A igualdade do PRODUTO com a RENDA
168
parte Teórica
deriva do fato de que, em cada etapa da produção, o valor adicionado
é remuneração de algum fator de produção (lembrando que são incluí-
dos os impostos e as rendas do exterior).

A igualdade POUPANÇA e INVESTIMENTO decorre da definição de


POUPANÇA = RENDA - CONSUMO e de que RENDA = DESPESA = CON-
SUMO + INVESTIMENTO.

P = R - C => R = P + C e R = C + I => R = I + C, logo, I = P

Isso na economia fechada, pois na aberta o investimento é a soma da


poupança interna à externa (consideram-se poupança externa os em-
préstimos de estrangeiros).

O PIB pode ser medido de três maneiras diferentes, mas com mesmo
resultado: sob a ótica do produto, da renda ou da despesa.

O Deficit Público será o total de investimentos do governo menos o seu


saldo em conta corrente (suas receitas menos seus gastos).
índice

Ao analisar as Contas Nacionais de um país e, principalmente, a sua


evolução no tempo, o investidor deve ser capaz de perceber as rela-
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

169
parte Teórica
ções entre as diversas variáveis, estimando como alterações pontuais
causam impacto nos demais agrega-
350000
dos.
300000 PIB
Os agentes capazes de alterar os
250000 Consumo das Famílias
agregados são as famílias e as em-
200000
Consumo da APU presas (em seu conjunto), o governo
150000 isoladamente, e os clientes e forne-
Formação Bruta de Capital
100000 Fixo cedores estrangeiros.
Exportação
50
50000
PIB
40
Importação
0
Consumo das Famílias
1996.IV
1997.IV
1998.IV
1999.IV
2000.IV
2001.IV
2002.IV
2003.IV
2004.IV
2005.IV
2006.IV
2007.IV
2008.IV
2009.IV
2010.IV
2011.IV
2012.IV

30

Consumo da APU
20
(Acima) Gráfico Contas nacionais a
10 Formação Bruta de
valores de 1995 (retirada a inflação). Capital Fixo

0 Exportação
índice

2007.I
2007.III
2008.I
2008.III
2009.I
2009.III
2010.I
2010.III
2011.I
2011.III
2012.I
2012.III
2013.I
-10 Importação
(Direita) Gráfico Variação de volume %
-20
Cahio Eiras em relação
- cahioseabra@live.com ao073.097.416-25
- cpf: trimestre do ano anterior
170
parte Teórica
{{Balanço de Pagamentos
O balanço de pagamentos aponta as relações do país com o exterior.
É formado por:

1 - Transações correntes

1.1- BALANÇA COMERCIAL

1.2 - BALANÇO DE SERVIÇOS E RENDAS

1.3 - TRANSFERÊNCIAS UNILATERAIS

BALANÇO DE TRANSAÇÕES CORRENTES = (1.1+1.2+1.3)

2 - Conta Capital e Financeira

2.1 - CONTA CAPITAL

2.2 - CONTA FINANCEIRA

2.3 - DERIVATIVOS
índice

2.4 - OUTROS INVESTIMENTOS

BALANÇO DE CAPITAIS AUTÔNOMOS (2)


Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

171
parte Teórica
3 - ERROS E OMISSÕES

4 - RESULTADO DA BALANÇA = (SOMA DOS ANTERIORES)

5 - CONTA DE CAPITAIS COMPENSATÓRIOS

CÁLCULOS:

1.1- BALANÇA COMERCIAL

{ EXPORTAÇÕES - IMPORTAÇÕES DE BENS }

1.2 - BALANÇO DE SERVIÇOS e rendas

{ (EXPORTAÇÕES - IMPORTAÇÕES DE SERVIÇOS) + (SALDO DO TURISMO)


+ (RENDAS DE CAPITAL RECEBIDAS - ENVIADAS. EX.: LUCROS) + SERV.
GOV. + DIVERSOS }

1.3 - TRANSFERÊNCIAS UNILATERAIS

{ DONATIVOS SEM CONTRAPRESTAÇÃO }


índice

Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25 BALANÇO DE TRANSAÇÕES CORRENTES = { 1.1+1.2+1.3 } = SOMA DOS

172
parte Teórica
ANTERIORES, SE POSITIVO, O PAÍS VENDEU MAIS DO QUE COMPROU

2.1 - CONTA CAPITAL

{ INVESTIMENTOS DIRETOS LÍQUIDOS (OS QUE ENTRAM - OS QUE SAEM)


}

2.2 - CONTA FINANCEIRA

{ CRÉDITOS EXTERNOS LÍQUIDOS RECEBIDOS }

2.3 - DERIVATIVOS

{ATIVOS X PASSIVOS}

2.4 - OUTROS INVESTIMENTOS

3 - ERROS E OMISSÕES

4 - SALDO BALANÇO DE PAGAMENTOS

{ SOMA DOS ANTERIORES } = SE POSITIVO AS ENTRADAS DE DIVISAS FO-


índice

RAM MAIORES QUE AS SAÍDAS NO MERCADO OFICIAL DE CÂMBIO

Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

173
parte Teórica
5 - BALANÇO CAPITAIS COMPENSATÓRIOS

{ EMPRÉSTIMOS DE REGULARIZAÇÃO PELO FMI + VARIAÇÃO DAS RESER-


VAS INTERNACIONAIS. }

O balanço de capitais compensatórios anulará o saldo do Balanço de


Pagamentos. Se o saldo do balanço de pagamentos for positivo, have-
rá pagamento de empréstimos ou aumento das reservas.

Por que o Balanço de Pagamentos é importante?

Em primeiro lugar, para se detectar movimentos insustentáveis na eco-


nomia que terão de ser regularizados no futuro mediante, dentre ou-
tras coisas, variações no câmbio e/ou na taxa de juros, influenciando o
nosso assunto aqui abordado.

Considerando que a soma final do BP sempre será zero (em um re-


gime de câmbio flutuante), se um país vive em deficit na balança das
transações correntes (4) ou se o superavit está diminuindo em tendên-
índice

cia firme, uma das situações abaixo estará ocorrendo:

→→ Primeira opção: Ou está recebendo muito investimento estrangeiro


Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

174
parte Teórica
(5),

→→ Segunda opção: Ou suas reservas internacionais estão se exaurindo


(8).

→→ Terceira opção: Está todos os dias no FMI pedindo recursos e cami-


nhará para a quebra se não tomar atitudes.

O Balanço de Pagamentos (BP) deve ser usado em complemento às


informações das Contas Nacionais (CN). O item (5), balanço de capitais
autônomos, inclui a poupança estrangeira que está complementando
a poupança insuficiente nacional para financiar os investimentos que
são feitos (pelo governo e pelo setor privado).

Desta maneira, como o PIB é uma função de diversos agregados que


levam em conta as transações com o exterior, as CN devem ser anali-
sadas em conjunto com o BP.

Um rápido olhar sobre o BP brasileiro demonstra que a balança co-


índice

mercial, que era muito positiva e com resultado crescente até 2006,
inverteu de sinal e tem decaído desde então, demonstrando uma pos-
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

175
parte Teórica
sível sobrevalorização do câmbio brasileiro.

As linhas de “Importações” e “Serviços e Rendas” são negativas porque


representam saídas de divisas. A Balança comercial é a soma das ex-
portações com as importações (que têm sinal negativo).

Percebe-se que os serviços e rendas são desfavoráveis ao país, o que


Gráfico tendências no BP indica que o Brasil importa serviços especializados (muito mais do que
50000
Brasileiro (US$ milhões)
exporta), o mesmo ocorrendo com as
40000
remessas de lucros de filiais para ma-
30000
trizes, sendo que há mais filiais no Bra-
20000
sil do que matrizes (de multinacionais).
10000
Para recompor o superavit na balança
0 comercial, é provável que haja uma
*_I

*_I

*_I

*_I

*_I

*_I

*_I
_I

_I

_I

_I

_I

_I

_I

desvalorização cambial, mas esse é as-


00

01

02

03

04

05

06

07

08

09

10

11

12

-10000 13
20

20

20

20

20

20

20

20

20

20

20

20

20

20

sunto para o “C” da Carteira RICA. Adi-


-20000
índice

ção: houve a desvalorização cambial


-30000
que prevíamos e lucramos muito!
Balança comercial Serviços e Rendas Conta Financeira RESULTADO DO
(FOB) BALANÇO
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176
parte Teórica
{{Políticas fiscal, monetária e modelo IS/LM
Agora veremos a importância das Contas Nacionais e outros conceitos
para a compreensão dos movimentos da taxa de juros.

Basicamente, a variação na taxa de juros influenciará diversos agrega-


dos da economia (e vice-versa), e, por consequência, o chamado Pro-
duto (PIB ou PNB, dependendo do movimento das rendas líquidas com
o exterior).

Assim, as tendências dos agregados, em conjunto com outras informa-


ções, são boas referências para o investidor desse ponto em diante.

Basicamente, há o chamado PIB potencial de um país para um deter-


minado momento, e um chamado PIB real, um pouco diferente do
primeiro. Essas diferenças levam a desemprego (superior ao natural),
inflação e outros custos sociais que, embora afirmem os economistas
índice

clássicos serem tais distúrbios rapidamente equacionados pelo merca-


do (retornando-se ao equilíbrio), a prática demonstra o contrário, com

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pesados períodos de recessão e longo e penoso desemprego durante

177
parte Teórica
as correções. De maneira que os governos se utilizam de políticas fis-
cais e políticas monetárias para tentar aproximar o PIB real do poten-
cial e manter o nível de atividade econômica em constante aumento
(ou com arrefecimentos mais suaves nos períodos de ajuste).

O modelo mais aceito e utilizado para o equacionamento de toda a


complexidade envolvida nessas questões é o chamado IS-LM, no qual:

→→ o eixo das ordenadas (eixo vertical) representa a taxa de juros;

→→ o eixo das abscissas o Produto (eixo horizontal), ou Demanda Agrega-


da (procura total por bens em um país);

→→ a curva IS representa os pontos de equilíbrio entre taxa de juros e


Produto (=Demanda) no mercado de produtos; e

→→ a curva LM os pontos de equilíbrio entre taxa de juros e Produto no


mercado monetário.

O cruzamento entre as curvas IS e LM dá o ponto de equilíbrio entre a


índice

taxa de juros e o Produto de uma determinada economia.

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Vamos explicar melhor cada curva.

178
parte Teórica
{{Curva IS

A chamada curva IS (investimento-poupança) demonstra a relação, já


intuitiva para os investidores, de que uma redução na taxa de juros
corresponde a um aumento na Demanda Agregada de um país (por
via de maiores investimentos e consumo). Ao passo que o movimento
contrário incentiva os poupadores e refreia o movimento de expansão
econômica.

Fazendo uma relação com as Contas Nacionais, e adiantando o tópico


de Política Fiscal, temos que um aumento nos gastos do governo será
capaz de deslocar a curva IS para a direita.

Com a chamada política fiscal, o governo pode, por exemplo, aumen-


tar ou retrair seus gastos e investimentos. Como Produto = Consumo +
Investimentos, haverá um impulso para o aumento do produto (mes-
mo que isso gere endividamento do governo, no caso de ele ser defici-
índice

tário).

Diz-se que esse tipo de política “desloca” a curva IS para a direita (repa-
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

179
parte Teórica
re que, portanto, a nova taxa de juros de equilíbrio será em um ponto
mais alto tanto de juros, quanto de Produto).

Fatores capazes de deslocar a curva IS para a direita:

→→ Aumento dos gastos do governo;

→→ Redução de tributos;

→→ Aumento da renda disponível futura;

→→ Aumento da produtividade Marginal esperada do Capital;

→→ O aumento de tributos, redução de gastos, etc. têm o efeito inverso,


reduzindo a demanda agregada e movendo a curva IS para a esquer-
da.

Demonstrações matemáticas da Curva IS no Youtube:


http://www.youtube.com/watch?v=pkouyvR5n78
http://www.youtube.com/watch?v=GdVq_l174D8
http://www.youtube.com/watch?v=o-nml9p0dCU
índice

http://www.youtube.com/watch?v=MPgmK3FN3nE

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180
parte Teórica

Taxa de Juros
5

2 IS´

1
IS

0
índice

. . _ Produto
Demanda Agregada

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181
parte Teórica
{{Mercado monetário e curva LM

Os atores econômicos têm interesse em deter moeda, basicamente,


por três motivos:

→→ Para uso em suas transações cotidianas (como pagamentos de obri-


gações);

→→ Por precaução;

→→ Por especulação (ou seja, preferem a liquidez para aplicarem no in-


vestimento mais rentável quando surgir uma oportunidade).

Um maior nível econômico (maior PIB = maior renda = maior despesa)


exige uma quantidade maior de moeda disponível para transações
correntes (ocorrem mais pagamentos na economia, há mais “giro”).
Assim, a demanda por moeda aumenta conforme o aumento do PIB.

Ressaltamos que, em economia, considerando a existência de agentes


índice

bancários e não bancários, há vários conceitos de moeda, normalmen-


te denominadas M1, M2, M3, etc., de acordo com seu grau de disponi-
bilidade/liquidez do ativo monetário. Diz-se que um agente do sistema
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

182
parte Teórica
financeiro está “criando” ou “destruindo” moeda quando a recolhe do
mercado, ou a injeta em circulação.

A moeda em circulação e os depósitos à vista são denominados comu-


mente como M1, também chamado de “oferta monetária”.

A “oferta monetária” se diferencia da “base monetária”, uma vez que


esta inclui as reservas bancárias. Já M2, M3 são ativos menos líquidos,
como depósitos a prazo, títulos com vencimento diferido.

Também é conceito importante o chamado multiplicador monetário.


Muitas pessoas não sabem, mas se todos os correntistas se dirigirem
ao mesmo tempo aos bancos e tentarem sacar o dinheiro que tem
depositado, não haverá suficiente. Isso ocorre porque o Banco Central
exige que o banco mantenha guardado somente um pequeno percen-
tual dos valores depositados. A maior parte ele pode re-emprestar.
Considerando que os recursos tomados provavelmente serão deposi-
índice

tados novamente (por quem os tomou ou por outrem), o mesmo di-


nheiro (lastro) existirá, na forma virtual, multiplicado diversas vezes em
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25 circulação.
183
parte Teórica
Se fosse provável esse saque sincronizado de todos os correntistas, o
chamado depósito compulsório seria de 100%, para evitar essa falta de
lastro. Na prática, porém, é apenas um percentual muito baixo, que é
alterado pelo BC quando quer aumentar a oferta monetária (diminui
o compulsório) ou reduzi-la (aumenta o compulsório). Isso é política
monetária.

POLÍTICA MONETÁRIA

Com a política monetária, o governo altera a taxa de juros ou a quan-


tidade de moeda em circulação para buscar atingir seus objetivos de
aumento ou redução da demanda agregada. Em geral, o governo atua
da seguinte maneira:

→→ Operações de open market: comprando e vendendo instrumentos


financeiros (aqui estão as compras e vendas do Tesouro Direto);
índice

→→ Alteração da taxa de redesconto (quando a autoridade monetária


empresta diretamente a bancos privados – o banco “desconta” um
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

184
parte Teórica
título);

→→ Operações de câmbio;

A ideia da política monetária é a de influenciar o nível da demanda


agregada por meio dessas operações que expandem ou comprimem a
6
quantidade de moeda em circulação.

5
LM’

Taxa de Juros
4
LM

1
índice

IS
0
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25 . Demanda Agregada
. _ Produto
185
parte Teórica
No gráfico vemos uma política monetária de aumento de juros, o que
leva a um Produto menor e pode aliviar pressões inflacionárias caso
haja inflação de excesso de demanda.

Se o juros maior está associado a um Produto menor, por que a LM


possui inclinação ascendente? De maneira simplificada, mas mais
intuitiva, uma taxa maior de juros reduz a demanda por moeda, ao
passo que uma Demanda Agregada maior aumenta a demanda de
moeda (lembrar que é necessário deter moeda para os cumprimentos
das obrigações). Como a reta LM demonstra a taxa de equilíbrio entre
oferta e demanda no mercado monetário, a redução de demanda por
moeda dada pelo aumento da taxa de juros terá de ser compensada
por um aumento de demanda agregada (que tende a aumentar a de-
manda de moeda).

Caso Prático: análise de políticas monetária e fiscal.


índice

Suponhamos que o nível de desemprego esteja subindo e a atividade


econômica esteja decaindo (crescimento do PIB próximo a zero ou
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25 negativo).
186
parte Teórica
O governo poderá se utilizar de diversas políticas para tentar manter a
atividade econômica, pode exercer política fiscal, monetária, ou, o mais
comum, ambas.

O governo pode aumentar seus investimentos, por exemplo, cons-


truindo mais infra-estrutura (estradas), tentando gerar empregos e
mais demanda agregada. Essa é Política fiscal.

O governo também pode reduzir o compulsório (“quantidade de las-


tro que os bancos devem ter para os empréstimos que oferecem”), na
expectativa de que os bancos emprestem mais dinheiro às pessoas
e elas invistam ou gastem, aumentando a demanda agregada. Essa é
Política Monetária. (Lembrar que esta política não deu certo em vários
países em 2008, quando o medo do calote fez os bancos não empres-
tassem o dinheiro extra que tinham à disposição, invalidando, nesses
contextos específicos a tentativa de política monetária pelos governos).
índice

Retornando ao exemplo, para elevar a atividade, é bem provável que a


taxa Selic sofra uma queda, que persistirá até que o nível de emprego
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25 e de crescimento do PIB retornem ao aceitável.
187
parte Teórica
Se o nível de emprego retornar ao equilíbrio e a política fiscal de gas-
tos excessivos continuar, o efeito mais provável será o de inflação por
excesso de demanda.

Na proposta de Keynes, a ideia era de que o governo gastasse mais


nos momentos de retração econômica e poupasse nos momentos de
prosperidade, reduzindo a força dos ciclos. Ocorre que a maioria dos
países não conhece mais esse momento de poupança, sendo deficitá-
rios em todos os momentos dos ciclos econômicos.

Os casos reais, portanto, são sempre mais complexos do que a simples


teoria.

ANÁLISE DO FIM DE 2013, CASO VOCÊ LEIA ESSE MATERIAL APÓS ESSE
PERÍODO, TOMAR APENAS COMO “ANÁLISE HISTÓRICA”:

Em meados de 2012, o governo brasileiro detectou um desaquecimen-


to iminente e brusco da economia nacional. Como política monetária,
índice

o governo reduziu a Selic de 12% a 7,5% em questão de meses, o ritmo


mais rápido de mudança dos últimos tempos, trazendo surpresa ao
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

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parte Teórica
mercado, que ainda não tinha dados suficientes (como o governo) para
saber que esse desaquecimento estava em curso. Além disso, o Bacen
aumentou o número de meses para concessão de financiamentos pe-
los bancos a consumidores.

O governo também reduziu tributos (diversas desonerações), o que


representa política fiscal expansionista.

Porém, ocorreu uma situação em que o nível de desemprego da eco-


nomia ainda continuava em um patamar muito baixo, perto de pisos
históricos, de maneira que praticamente não havia reajuste no merca-
do de empregos a ser feito (aumento da demanda agregada para au-
mentar o nível de emprego).

Esse baixíssimo desemprego tem levado, inclusive, a uma inflação crô-


nica (persistente), embora não a níveis escandalosos, dada a dificulda-
de das empresas de controlarem o aumento do custo de mão-de-obra.
índice

Por razões que ele próprio deixou de monitorar, o governo viu-se dian-
te de diversos dilemas.
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

189
parte Teórica
O aumento real e inflacionário do custo da mão-de-obra tem levado
a queda nas exportações (perda da competitividade por aumento de
custo) e um aumento das importações (devido ao maior poder de com-
pra dos brasileiros no exterior).

Como o Brasil atua no mercado internacional como um grande ex-


portador de bens (pois precisa do saldo positivo na Balança comercial
para compensar o deficit no movimento das rendas, v.g.) a queda das
exportações causou uma diminuição na demanda agregada que só
podia ser revertida com uma desvalorização cambial.

Assim, o governo, em um cenário já inflacionário, teve que desvalorizar


o câmbio (ou deixar que ele se desvalorizasse) para tentar manter o
nível de demanda agregada da economia (e evitar o delta PIB negati-
vo), mesmo pagando o preço de aumentar a pressão inflacionária com
o aumento do dólar.
índice

No fim de 2013, o governo encontra-se nesse ciclo de elevação da taxa


Selic, na tentativa de conter a inflação, embora a economia não tenha
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25 ainda dado sinais de recuperação persistente. Este cenário pode, na
190
parte Teórica
pior das hipóteses, levar a uma brusca e forte queda no PIB, fazendo
o ajuste que o governo tem postergado. Na mais provável das opções,
o governo tentará deixar tudo como está até as eleições de 2014. Na
melhor das hipóteses, o resultado do 2TRI já aponta uma pequena re-
tomada na FBCF e os índices de inflação têm caído.

Para domar a inflação de verdade, seriam necessárias medidas reces-


sivas (preferencialmente de política fiscal), corte de obras supérfluas,
por exemplo, ainda que levassem a um desemprego temporário e a
um reajustamento do equilíbrio das forças de produção. Porém, isso,
por impopular, não deve se concretizar, de maneira que o cenário de-
verá permanecer inflacionário até aquele horizonte, pelo menos.

Assim, nos parece que o governo aumenta a taxa de juros “a contra


gosto” e conviverá com um nível elevado de inflação no curto prazo.

Se elevar demais os juros para conter a inflação, corre o risco de bre-


índice

car de vez o PIB, que ainda não deu sinal de força.

Nesse momento, o investidor não tem à sua disposição ainda dados


Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25

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parte Teórica
consistentes para prever no médio prazo o movimento das taxas de ju-
ros. Os resultados do 3TRI devem mostrar se há, ou não, uma reversão
do quadro ruim para um quadro de melhora temporária.

Isso não significa que não seja possível operar juros no curto prazo,
mas aumenta consideravelmente o risco. Dessa maneira, é aconselhá-
vel, até pelo menos o resultado do PIB 3TRI de 2013 a manutenção, a
par dos títulos do tesouro, de títulos de dívida privada (como LCI, CDB,
etc.) que, por não estarem sujeitos a especulação, não correm o risco
de rápida desvalorização.

Uma carteira de renda fixa nesse momento pode se dividir em três


partes, sendo metade de NTN-B (pois o pior momento já passou para
esse titulo, Tipca 2035) e metade dividida entre um quarto de LTN (ou
NTN-F, atuais Tpre e Tprej), e outro quarto de títulos privados (há LCI´s
pré-fixadas acima de 13% aa.).
índice

Descrição da posição: Caso, a Selic volte a cair ao longo de 2014 (se o


PIB vier fraco e a inflação ceder, isso é possível), as posições em LTN
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25 e NTN-B ofereceriam retornos especulativos. Quanto à possibilidade
192
parte Teórica
de rendimento negativo em NTN-B e LTN nos próximos meses, essa é
baixa, uma vez que a fase forte do ajuste da Selic já passou.

Comentário em 2015: A análise estava correta e a posição mon-


tada foi vencedora, como vimos na parte prática! Parabéns
para nós!

{{Mercado de emprego e Trade-off com inflação


Como o mercado funciona sob a lei da oferta e da procura, à medida
que os fatores conjunturais (crescimento econômico) levam ao ple-
no emprego da força de trabalho (população economicamente ativa),
devido à escassez crônica de trabalhadores, começa a haver inflação
gerada justamente pela falta de novos trabalhadores. Enfim, os em-
índice

pregadores entram em um sistema de leilão pela força de trabalho, o


que leva ao aumento da renda apenas em termos nominais (não real,

Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25


pois a produção não pode aumentar por falta de mais trabalhadores, a

193
parte Teórica
menos que haja ganhos de produtividade), uma vez que o trabalhador
com mais moeda gastará mais dinheiro, mas para comprar os mes-
mos produtos, já que o aumento na oferta de produtos não consegue
acompanhar o ritmo.

É algo parecido com o que acontece quando a capacidade produtiva


da indústria está em 100%. Não há como produzir mais, logo, mais de-
manda levaria somente a aumento de preço. Da mesma forma, mais
demanda por trabalhadores em situação de pleno emprego não tem
como empregar mais, levando somente a inflação.

Lembramos que o chamado pleno emprego corresponde a uma taxa


de desemprego diferente de zero e que varia conforme a situação eco-
nômica de cada país.

A taxa de desemprego será sempre diferente de zero por causa de


fatores como a chamada fricção (empresas fecham em algum lugar,
índice

empresas abrem em outro, levando tempo para os trabalhadores se


realocarem) e por causa do nível cada vez maior de instrução reque-
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25 rido para os novos postos de trabalho (e a educação em nenhum país
194
parte Teórica
do mundo consegue acompanhar o ritmo desse aumento de exigência,
muito menos a brasileira).

Em 2013, com taxa de desemprego perto de seu mínimo histórico,


o Brasil viveu uma situação de pleno emprego, o que leva a inflação
estrutural do setor de serviços e a uma inflação menos do que propor-
cional no setor de bens, uma vez que há a concorrência de produtos
estrangeiros (substituição do produto nacional pelo importado) e, con-
seqüentemente, um achatamento nas margens das empresas do setor
de produção de bens em geral (de consumo, de capital, etc.).

Essa pressão inflacionária causada pelo pleno emprego pode ser redu-
zida tanto mediante política fiscal (redução de gastos ou investimentos
públicos, redução das desonerações tributárias), quanto por política
monetária (aumento na taxa básica de juros, aumento do depósito
compulsório dos bancos, estabelecimento de limites mais curtos para
índice

os prazos de financiamentos).

Assim, no médio prazo, isso impulsiona a taxa básica de juros para


Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25 cima, reduzindo a atratividade dos títulos pré-fixados.
195
parte Teórica
Há que se considerar, também, o cenário oposto, a possibilidade de
um reajustamento brusco das forças produtivas (recessão), gerando
desemprego, o que levaria a uma redução da taxa básica (aumentando
a atratividade dos prefixados) com o intuito de reaquecer a economia
em um primeiro momento, e depois um movimento progressivo de
aumento.

Essa é a chamada teoria do Trade-off entre inflação e desemprego, que


significa que um país não consegue se livrar dos dois males ao mesmo
tempo (tem
14
que conviver com uma dessas duas situações).

12
Desemprego
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4
índice

0
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parte Teórica
{{Tábua de variáveis e movimentos

Política fiscal antirecessiva


Exemplos de medidas:
* Aumento no consumo do governo;
* Desonerações tributárias;
Resultado direto: Desloca Curva IS para cima e para a direita. Política
deve ser usada somente até eliminar o desemprego (embora o gover-
no brasileiro esteja mantendo-a mesmo em época de pleno empre-
go).
Resultado indireto: Pode levar governo a déficit em conta corrente,
fazendo-o aumentar sua dívida.

Política monetária antirecessiva


Exemplos de medidas:
* Compra títulos no mercado aberto;
índice

* Diminuição de taxa de redesconto;


* Diminuição do compulsório;
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25 Resultado: Desloca a curva LM para baixo e para a direita.

197
parte Teórica
Determinantes da demanda por moeda
Aumento em Faz demanda por moeda Motivo
Nível de preço Aumentar proporcional- Dobrar nível de preço duplica necessidade de dinheiro para
mente transações
Renda Aumentar menos que Mais renda, maior necessidade de liquidez para transações
proporcionalmente
Taxa de juros Cair Aplicações mais atrativas fazem M1 (moeda em circulação) cair
Inflação esperada Cair As pessoas não querem manter M1 em mãos
Risco de investi- Aumentar Função especulativa da moeda toma papel principal nessa situa-
mentos ção
Liquidez de ativos Cair Moeda fica menos atraente se aplicações podem ser resgatadas
alternativos de imediato

Efeito da inflação esperada na cuva LM Expansão Fiscal Expansão Monetária


Se a população espera uma maior infla- Câmbio fixo Câmbio Câmbio fixo Câmbio
flutuante flutuante
ção, a demanda por moeda (M1) diminui, Renda + = = +
pois as pessoas não pretenderão manter Reservas + = - =
índice

moeda em mãos. Saldo Balança - - = +


Comercial
Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25 Legenda (+ aumento)(- retração)(= não muda)
198
parte Teórica
Comportamento cíclico das variáveis macro
Variável Direção Momento
Produção industrial Pró-cíclica Coincidente
Consumo das famílias Pró-cíclica Coincidente
Investimento das empresas Pró-cíclica Coincidente
Invest. residencial Pró-cíclica Antecedente
Invest. em mercadorias Pró-cíclica Antecedente
Compras do governo Pró-cíclica -
Emprego Pró-cíclica Coincidente
Desemprego Contra-cíclico Coincidente
Oferta de moeda Pró-cíclica Antecedente
Inflação Pró-cíclica Retardado
Preços das ações Pró-cíclica Antecedente
Taxas de juros (nominais) Pró-cíclica Retardado

Melhora na Balança comercial (exportações - importações)


índice

Vias: Desvalorização cambial ou aumento da produtividade do país.


Desloca a curva IS para direita, pois aumenta a demanda de produtos

Cahio Eiras - cahioseabra@live.com - cpf: 073.097.416-25 por parte do exterior.

199
parte Teórica
Livros sobre
Macroeconomia

VICECONTI, Paulo E. V; NEVES, Silverio das. Introdução à economia.


8.ed. São Paulo: Frase, 2007. 622 p. (mais didático).

SACHS, Jeffrey; LARRAIN B., Felipe. Macroeconomia. Sao Paulo: Makron,


c2000 904p.

ABEL, Andrew B.; BERNANKE, Ben S; CROUSHORE, Dean. Macroecono-


mia. 6.ed. São Paulo: Pearson, 2008. 457 p. (livro do ex-pres. do FED.
Mas realidade americana diferente da nossa).
índice

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