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Referência:

COSTA, Camilla. Quem foi Joaquim Pereira Marinho, o traficante de escravos que
virou estátua na capital mais negra do Brasil. Terra, 12/06/2020. Disponível em:
https://www.terra.com.br/noticias/brasil/quem-foi-joaquim-pereira-marinho-o-
traficante-de-escravos-que-virou-estatua-na-capital-mais-negra-do-
brasil,18c9e8b941f5a4cda879af65249c71e2u267i2us.html Acessado em: 07/08/2020.

Raylla Aquino de Almeida, 18/09/2020.

Natureza do texto: Um texto jornalístico sobre os recentes acontecimentos de


derrubadas das estátuas de pessoas, o que gerou vários movimentos antirracistas em
diferentes países do mundo. A reportagem foi publicada no site Terra e aborda questões
personalidades que trabalhavam com vendas de escravos no período colonial que
viraram estátuas colocadas em lugares centrais dos países colonizados.

Tese central: O texto traz debates sobre monumentos que homenageiam personagens
históricos em lugares como praças públicas nos centros das cidades, mas que trazem
marcas de violência e escravidão. Como, por exemplo, a estátua de Joaquim Pereira
Marinho, um dos principais traficantes de escravizados, que está inserido na história do
tráfico de escravos vindos para o território da Bahia, precisamente em Salvador.

Autor: Camilla Costa

Camilla Costa se formou em Comunicação e estudos de mídia na Universidade


Federal da Bahia. Também realizou um curso digital de jornalismo em serviço público
no ICFJ. Camilla fez o 25º Curso Abril de Jornalismo da Editora Abril, cursou na
ESPM sobre Imprensa na Escola com o tema “Um mundo em crise: a correlação entre
economia, política e guerra" e “Relações Internacionais para Jornalistas". Camilla
também cursou tipografia na Oficina Tipográfica São Paulo (OTSP), ilustração editorial
na Escola Panamericana.

A jornalista recebeu o Prêmio Abril de Jornalismo 2012 como melhor matéria de


comportamento. Ela recebeu, também, o Prêmio Abril de Jornalismo de 2013 na
categoria de melhor matéria de ciência. Foi repórter freelance na Revista
Superinteressante e na Revista Veja. Atualmente, trabalha na BBC Global News Brasil.

Estrutura do texto:

1. Presença de monumentos que foram derrubados em alguns países da Europa


e nos Estados Unidos, após a onda de movimentos contra situações de
racismo na sociedade contemporânea.
2. Biografia de Joaquim Pereira Marinho, contando, a partir de relatos de a
partir de relatos de historiadores, pontos contraditórios do seu papel social na
sociedade.
3. Outros exemplos de homenagens a figuras que tiveram um passado racista e
escravagista.
4. Reflexões sobre como proceder diante dessas estátuas históricas,
apresentando os pontos de vistas de órgãos púbicos destinados à preservação
da história, especialmente no território baiano.

Interlocução: Para compor uma perspectiva histórica desses monumentos, podemos ver
no texto a participação de outros olhares para o assunto a partir de entrevistas com
historiadores que pensam a respeito do tema. Por exemplo, o historiador Moreno
Pacheco, professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), o historiador Carlos da
Silva Jr., professor da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), doutorando em
História da África pela Universidade de Hull e a professora Ana Lúcia Araújo,
professora da Universidade Howard, nos Estados Unidos e especialista na história
transnacional da escravidão, que escreveu sobre o traficante português. Além de ideias
de escritores baianos que ajudam a trazer novos olhares e pontos de vista a cerca do
assunto.

Trechos relevantes:

3º Parágrafo: “A estátua do português Joaquim Pereira Marinho, que fica diante


do hospital Santa Izabel, no Largo de Nazaré, na capital baiana, é um exemplo de como
país ainda lida com a memória da escravidão, de acordo com um grupo de historiadores
que decidiu mapear as homenagens do tipo na cidade”.

4º Parágrafo: “Aqui nós sequer temos ideia dos monumentos a figuras do


passado que têm conexões com a opressão de negros, de indígenas ou a movimentos de
emancipação política que temos nas cidades. De tempos em tempos temos esse debate
entre os colegas, especialmente quando a discussão explode em outros países, como
aconteceu nos Estados Unidos em 2017 e agora na Inglaterra”, disse à BBC News Brasil
o historiador Moreno Pacheco, professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba).

18º Parágrafo: “O elemento em comum entre todos esses traficantes é que eles
eram filantropos. Durante a vida eles se empenhavam em construir a imagem de pessoas
caridosas. E conseguiram, porque vemos que, no decorrer dos anos, a participação deles
no comércio de humanos foi sendo apagada justamente para ficar a memória das
benfeitorias,” diz Ana Lúcia Araújo.

19º Parágrafo: “Vemos isso até nas estátuas, tanto de Marinho quanto de
Colston. Ambos são apresentados acompanhados de crianças, ou em postura
benevolente. Isso é diferente do que ocorre nos EUA, por exemplo, onde a maioria dos
monumentos aos ex-donos de escravos projetam mais poder, são mais viris. Eles
aparecem cavalgando, empunhando armas.”

40º Parágrafo: “Além disso, não é preciso necessariamente remover todas as


estátuas. É possível encontrar soluções diferentes para homenagens e monumentos
diferentes. Seja adicionar explicações nas placas, seja colocá-las em museus. Mas é
importante falarmos sobre isso. Devemos continuar celebrando essas pessoas como
antes?”

41º Parágrafo: Para Pacheco, da Ufba, as estátuas também continuam


funcionando como objetos de memória coletiva quando são retiradas do lugar de
homenagens. Apenas "não do jeito que a pessoa que as patrocinou pretendia".

43º Parágrafo: "Eu entendo a preocupação com manter esses monumentos


como reflexão sobre o passado. Por isso que saídas como a de levar a estátua para um
museu são interessantes. Ali é possível mostrar a história completa daquela figura e
refletir sobre sua memória. Se tivéssemos um museu da escravidão na Bahia, por
exemplo, que até hoje não existe, a estátua de Pereira Coutinho poderia estar lá,
mostrando inclusive que a cidade já celebrou essa pessoa, e um dia escolheu deixar de
celebrar."

Importância para o Núcleo de Memória: A discussão sobre a história das pessoas que
são homenageadas e postas suas estátuas nos centros das cidades, pode ser pertinentes
para o contexto de homenagens à figuras e personagens do ambiente acadêmico da
PUC-Rio. Ao ler a reportagem, podemos ver exemplos práticos de casos que não
valorizam a história do Brasil, segundo a exposição das informações divulgadas sobre a
biografia das pessoas homenageadas. Portanto, essa leitura pode gerar nas pessoas que
se dedicam à preservação e manutenção da história, sobretudo de um ambiente
acadêmico, a necessidade de pesquisa e avaliação para escolher pessoas que fizeram
parte da história a serem homenageadas.

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