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Flavia Bianchini Brahman Ananda
Flavia Bianchini Brahman Ananda
Flávia Bianchini
Especialista em Yoga - UNIBEM
BIANCHINI, Flávia. Brahman é Ãnanda. Mestranda em Ciências das Religiões - UFPB
E-mail: flaviabianchini@gmaiLcom
Pp. 101-125, in: GNERRE, Maria Lúcia
Abaurre; POSSEBON, Fabrício (orgs.). Introdução
Cultura oriental: língua, filosofia e crença.
A compreensão do pensamento filosófico indiano
VoI. 2. João Pessoa: Editora da UFPB, 2012. apresenta grandes dificuldades. O presente texto apresenta o
conceito de Ãnanda (Bem-Aventurança, Felicidade, Beatitude)
e sua relação com Brahman (o Absoluto, Realidade Última,
Consciência Suprema). Essas são duas concepções espirituais
discutidas nas Upanishads " - uma coletanea de escrituras
indianas - também chamadas coletivamente de Vedanta ou o
fim do Veda, uma denominação que sugere que elas contêm a
essência dos ensinamentos vêdicos (RADAKRISHNAM, 1989,
vol. 1, p. 137). Veremos adiante, no texto, estas informações de
modo mais sistematizado.
Algumas das Upanishads afirmam que Brahman é Sat-
Chit-Ãnanda (Verdade Absoluta, Conhecimento ou
Consciência Absoluta, Felicidade ou Bem-Aventurança
Absoluta). Não pretendo analisar Brahman em relação à sua
manifestação enquanto Sat ou Chit - Verdade e Consciência -
sendo o presente texto uma análise de Ãnanda enquanto
Felicidade Pura, como atributo de Brahman e como essência do
próprio Brahman; e é assim que constataremos a relação
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Brahman não é algo que possa ser analisado, medido e o estudo de Ãnanda, citadas na obra de Colonel Jacob:
comprovado cientificamente, sendo fruto da experiência Kaivalya e Paramahansa (JACOB, 1999, p. 185-186). Outra
relativa a cada um. Podemos ver que muitos dos filósofos fonte utilizada para localizar Upanishads em que o conceito de
assumem que o mundo é multiplicidade redutível a uma Ãnanda aparece foi o comentário de Shankaracharya sobre a
realidade singular e primordial, que se revela em si mesma sob Brihadaranyaka Upanishad, em que cita também trechos
diferentes formas. Embora Brahman seja impessoal, pode relevantes da Taittiriya e da Chandogya Upanishad
também se manifestar sob forma pessoal, como o Senhor (SHANKARACARYA, 1950, p. 567-568).
(Ishvara): Os textos das Upanishads utilizadas foram extraídos da
obra 112 Upanishads: Sanskrit Texts with English Translation
o Brahman supremo ou Ãnanda, ao nível (BIMALI, JOSHI, TRIVEDI, 2006). Também foram
da Vijfiana ou autoconsciência, toma-se o consultadas outras traduções contidas nas obras: A Tradição do
Ishvara pessoal com uma limitação Yoga de Georg Feuerstein (1998), Mundaka Upanishad de
voluntária. Deus ou o Eu é o fundamento Roberto de A. Martins (2008), The Principal Upanishads de
da unidade, e a matéria ou não-Eu se toma
Sarvepalle Radhakrishnan (2009).
o princípio da pluralidade
(RADHAKRISHNAN, 2006, pág. 169).
Ãnanda e Brahman nas Upanishads
Fontes de estudo
A palavra Ãnanda é utilizada na linguagem usual para
designar prazer; mas em algumas Upanishads encontramos a
Concluímos aqui as considerações feitas por alguns
palavra Ãnanda = Bem-Aventurança usada como um epíteto de
pesquisadores a respeito de Ãnanda e Brahman, e passaremos
Brahman na expressão "Ele soube que a Bem-Aventurança é
agora ao estudo das próprias Upanishads, especificamente às
Brahman" (Taittiriya 1I.6), "conhecendo a Bem-Aventurança
passagens em que aparecem as concepções de Brahman
de Brahman" (Taittiriya 1I.7), "Esta é a Suprema Bem-
~ssociado ou identificado a Ãnanda, correlação de Brahman e
Aventurança" (Chandogya IV.3.32) (SHANKARACARYA,
Atman e demais correlações que se façam necessárias para
melhor entendimento do tema proposto. 1950, p. 563).
Em outras Upanishads encontramos: "Conhecimento,
Paul Deussen estabeleceu sua análise de Brahman como
Bem-A venturança, Brahman, a suprema meta daquele que
Ãnanda a partir das seguintes Upanishads: Brihadaranyaka,
distribui as riquezas, bem como daquele que realizou Brahman
Kaushitaki, Maitrayani, Tejobindo, Mahanarayana, Taittiriya,
e vive nele" (Brihadaranyaka 1II.9.28). "Aquilo que é infinito é
Mundaka, Chandogya. Embora tenha apontado a identidade de
apenas felicidade. Não há felicidade em qualquer coisa finita.
Brahman com Ãnanda, concentrou-se principalmente em partes
Apenas o infinito é felicidade" (Chandogya VII.23.1). Em
das Upanishads que associam Ãnanda com o Prana, com o
outras partes da Taittiriya-Upanishad também temos:
Desejo, com o Anandamayakosha - aspectos que não serão
discutido aqui (DEUSSEN, 1966, pp. 140-146).
Se alguém conhece o conhecimento de
Além das Upanishads já citadas na obra de Deussen, Brahman, e se não errar nisso, ele
encontramos também outras duas Upanishads importantes para
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abandona todos os pecados no corpo e nascimento, como também de quem é
desfruta totalmente de todas as coisas versado nos Vedas, sem pecado e livre de
agradáveis. Este [o cognitivo] é realmente desejo. Esta alegria dos deuses por
o Eu incorporado do precedente [o mental). nascimento multiplicada cem vezes faz
Comparado com este corpo cognitivo, há uma unidade da alegria no mundo de
um outro Eu interno constituído pela Bem- Prajapati (Viraj), bem como aquele que é
Aventurança. (Taittiriya lI.5.1) versado nos Vedas, sem pecado e livre de
desejo. Esta alegria no mundo de Prajapati
A Taittiriya-Upanishad ensina que existem graus de multiplicada cem vezes faz uma unidade da
felicidade, que vão desde a simples alegria ou prazer de uma alegria no mundo de Brahman
vida próspera sobre a terra até a suprema Bem-Aventurança do (Hiranyagarbha), bem como de quem é
versado nos Vedas, sem pecado e livre de
próprio Absoluto. O Absoluto não é um estado de aridez, mas
desejo. Esta, de fato, é a felicidade
uma felicidade superconsciente que transcende toda descrição
suprema. Este é o estado de Brahman.
(FEUERSTEIN, 1998, p. 179). Também a Brihadaranyaka
(Brihadaranyaka IV.3.33)
Upanishad revela a evolução de Ãnanda de uma felicidade
limitada até o nível infinito de Bem-Aventurança. Vejamos a
Vemos aqui como o conceito do Ãnanda mais elevado
descrição da própria Upanishad:
se desprende de todos os atributos de prazer ou sensualidade. O
Ãnanda é um estado em que a pessoa está completa, onde nada
Aquele que é perfeito de corpo e próspero
falta, onde não há dualidades ou perturbações. Martins comenta
entre os homens, o dirigente dos outros, e
sobre essa passagem da Brihadaranyaka Upanishad que:
mais ricamente fornecido com todos os
prazeres humanos, representa a maior
alegria [ãnanda] entre os homens. Esta A Upanishad faz então uma comparação
alegria humana multiplicada cem vezes faz entre vários tipos de Ãnanda. O mais
elevado Ãnanda de nivel humano é aquele
uma unidade da alegria para os
antepassados [manes] que ganharam o de um homem saudável, rico, que domina
mundo deles. A alegria desses os outros e que desfruta de todos os
antepassados que ganharam aquele mundo, deleites. Mas acima deste Ãnanda de nível
multiplicada cem vezes, faz uma unidade humano, há outros mais elevados, e a
da alegria no mundo dos gandharvas. Esta Upanishad descreve o Ãnanda dos espíritos
alegria do mundo dos gandharvas dos antepassados, dos Gandharvas, dos
multiplicada cem vezes faz uma unidade da Devas que se tomaram Devas por seu
alegria para os deuses pela ação - aqueles esforço, dos Devas que nasceram Devas,
que alcançaram a sua divindade através de até chegar ao Ãnanda do mundo de
suas ações. Esta alegria dos deuses pela Brahman, que é igual ao Ãnanda de uma
ação, multiplicada por cem vezes faz uma pessoa versada nos Vedas, que não comete
unidade da alegria para os deuses por faltas e que não é dominada pelo desejo.
Este é o Ãnanda mais elevado.
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(Brihadaranyaka IV.3.33) (MARTINS, por não conseguir atingi-lo (Taittiriya
2008, p. 90) IIA.I).
Em várias Upanishads encontramos diversas alusões à Na citação acima, Taittiriya 11.1.1, quando no texto se
natureza do Brahman infinito associado ao conceito de Ãnanda faz referência à localização de Brahman no espaço supremo no
por meio de várias concepções, como podemos ver nas coração, tem início a associação (a principio indireta) de
seguintes passagens: Brahman com o Ãtman, e veremos esta associação com mais
.clareza no decorrer deste texto. O Ãtman só é realmente
(Aquele que é) impensável, imanifesto, de conhecido por aqueles que atingiram este estado de Ãnanda
formas infinitas, o bom, o pacífico, imortal, (MARTINS, 2008, p. 86). "Aqueles que discernem vêem pelo
a origem dos mundos, sem começo, meio, e conhecimento superior o Ãtman que brilha, toda a felicidade e
fim, o único, que tudo permeia, imortalidade" (Mundaka II.8) (RADHAKRISHNAN, 2006, p.
Consciência, Bem-A venturança, o informe 165). As Upanishads descrevem as vivências da pessoa que
e maravilhoso (Kaivalya 6).
atinge a união com Brahman, enfatizando o aspecto da Bem-
Toma-se (transparente) como a água, uno,
A venturança:
a testemunha, e sem um segundo. Este é o
estado de Brahman, ó Imperador. Assim
Assim, aqueles que atingiram Atman, [...]
Yajfiavalkya instruiu Janaka: Esta é a sua
Percebendo o Brahman Eterno, ele próprio
realização suprema, esta é a sua suprema
vive nele, com a consciência "Eu sou Ele",
glória, este é seu mais elevado mundo, esta
Eu sou Aquele que está sempre calmo,
é a sua felicidade suprema. De uma
imutável, indiviso, que tem a essência do
partícula desta felicidade vivem os outros
conhecimento-Bem-A venturança. Isso,
seres (Brihadaranyaka IV.3.32).
somente, é a minha verdadeira natureza.
O conhecedor de Brahman atinge o mais
(Paramahamsa 2)
elevado. Aqui está um verso pronunciando
Percebendo, "Eu sou esse Brahman que é o
esse mesmo fato: Brahman é verdade,
uno infmito Conhecimento-Bem-
conhecimento, e infinito. Aquele que
Aventurança", ele chega ao fim de seus
conhece aquele Brahman como existente
desejos, na verdade, ele chega ao fim de
no intelecto, alojado no espaço supremo no
seus desejos. (Paramahamsa 4).
coração, desfruta de todas as coisas
Aquele que conhece o Ãnanda de Brahman
desejáveis simultaneamente, identificado
não teme coisa alguma. Realmente, ele não
com o Brahman que tudo sabe (Taittiriya
II.1.I). é atormentado pelo pensamento: "Por que
não fiz o bem? Por que fiz o mal?" Aquele
Uma pessoa não fica submetida ao medo
que conhece isto, liberta-se. Ele se liberta
em qualquer momento se ela conhece a
de ambos, conhecendo isto. (Taittiriya II.9)
felicidade que é Brahman, do qual as
O homem iluminado não tem medo de
palavras, junto com a mente, se afastam,
nada depois de vrvenciar a Bem-
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Aventurança de Brahman, aquele que as manifesto. Aquele Brahman criou a si
palavras não conseguem atingir e que próprio por si mesmo. Por isso, é chamado
assim se voltam para a mente. (Taittiriya de auto-criador. Aquele que é conhecido
lI.9.l). como o auto-criador é, na verdade, a fonte
de alegria, porque a pessoa se toma feliz
Na Mundaka-Upanishad é dito que o "Ãtman reside no por entrar em contato com essa fonte de
fmnamento, na cidade de Brahma" [...] "reside no alimento, na alegria. Quem, de fato, irá inalar, e quem
intimidade do coração. Conhecendo-o os sábios contemplam o irá expirar, se esta Bem-Aventurança não
estiver lá no espaço supremo [dentro do
brilho do imortal que tem a aparência de Ãnanda" (Mundaka
coração]. (Taittiriya lI.7.l)
11.2.7) (MARTINS, 2008, p. 86). Ãtman surge em algumas
Novamente quando ele adormece
passagens da Mundaka-Upanishad, na Brhadaranyaka- profundamente - quando não percebe nada
Upanishad e na Taittirya-Upanishad, associado ao coração, - ele volta ao longo dos 72.000 nervos
sendo este sua morada. "[ ...] assim como o coração é a sede chamado hita, que se estendem do coração
única de todo conhecimento, assim como as mãos são a sede para o pericárdio (corpo inteiro), e
única de todos os atos, assim como os órgãos genitais são a permanece no corpo. Como um bebê, ou
sede única de todo prazer (Ãnanda) [...] assim é este [Si um imperador, ou um nobre Brahman
Mesmo]" (Brihadaranyaka 2.4.11-12; FEUERSTEIN, 1998, p. vivem, tendo atingido o auge da felicidade,
175). O coração é a morada, o espaço interno, a morada de assim ele permanece. (Brihadaranyaka
Brahman, do Si Mesmo. Essas descrições mostram que o lI. 1.19)
conhecimento de Brahman não é apresentado como um
resultado obtido a partir da especulação filosófica e sim a partir Além de ser feita essa associação de Brahman com a
de vivências internas. Vejamos também estas outras passagens: essência íntima do seres (Ãtman), de ser declarada a sua
morada no coração, na passagem acima da Brihadaranyaka é
Ele compreendeu a Bem-Aventurança introduzida mais uma concepção. Tanto nesta Upanishad como
como Brahman; pois a partir da Bern- na Kaiva1ya propõe-se que no estado de sono profundo o
Aventurança, de fato, todos esses seres se individuo pode alcançar a experiência de dissolução e união
originam. Tendo nascido, eles são com Brahman e desse modo se fundir na Bem-Aventurança.
sustentados pela Bem-Aventurança, eles se
movem em direção e se fundem na Bern- No estado de sonho o Jiva sente prazer e
Aventurança. Este conhecimento dor em uma esfera de existência criada por
vivenciado por Bhrigu e transmitido por sua própria Maya ou ignorância. Durante o
Varuna (começa a partir do alimento e) estado de sono profundo, quando tudo está
termina na suprema (Bem-Aventurança), dissolvido [em seu estado causal], ele é
estabelecida na cavidade do coração. dominado por Tamas ou não-manifestação
(Taittiriya III.6.l) e passa a existir em sua forma de Bem-
No começo tudo isso era apenas o não- Aventurança. (Kaivalya 13).
manifesto (Brahman). A partir daí, surgiu o
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Novamente, por sua conexão com as ações geração, revelando-se na essência do próprio Eu, conforme
realizadas em nascimentos anteriores, esse descreve a Kaushitaki Upanishad:
mesmo Jiva retoma ao estado de sonhos,
ou ao estado desperto. O ser que se diverte Prazer, Bem-Aventurança e procriação são
nas três cidades [os três estados: desperto, os seus elementos objetivos
sonhando, sono profundo] - dele brotou correlacionados externos. (Kaushitaki
toda a diversidade. Ele é o substrato, a I1I.5).
Bem-Aventurança, a consciência Com o órgão gerador, montado sobre a
indivisível, em quem as próprias três consciência, obtém-se prazer, Bern-
cidades se dissolvem. (Kaivalya 14). Aventurança e procriação (Kaushitaki
I1I.6).
Corno vimos em vanas partes, nas diferentes Porque em verdade, sem a consciência o
Upanishads supracitadas, Brahman pode ser atingido pelo órgão gerador tornaria conhecida qualquer
conhecimento, pela vivência, pelo conhecimento de Ãtman, Bem-Aventurança, qualquer prazer ou
pelo coração, pelo sono profundo e agora veremos que também procriação, em absoluto. "Minha mente
pode ser atingido pela inteligência ou pelo sacrifício, e assim a estava em outro lugar" diz uma pessoa, "Eu
Bem-A venturança é alcançada. não reconheci a Bem-Aventurança, o
prazer e a procriação". (Kaushitaki I1I.7).
Esse Brahman é alcançado através do
poder da inteligência. Aquela Bern- Porém, a mesma Upanishad ultrapassa, em seguida, este
Aventurança é atingida através do poder da nível inferior de prazer:
inteligência. A Bem-Aventurança, que é de
fato Brahman é alcançada através do poder Deve-se conquistar o conhecimento puro
da inteligência (Mahanarayana XXXIX -1). da unidade de Brahman e Ãtman. [... ] O
Esse Brahman é alcançado através do prazer, a delícia e a procriação não são o
poder do sacrificio. Aquela Bern- que se deve procurar conhecer, deve-se
Aventurança é atingida através do poder do conhecer aquele que discerne, discernir o
sacrifício. A Bem-A venturança, que é de prazer, a delícia e a procriação. [...] Este
fato Brahman, é alcançada através do poder sopro vital, verdadeiramente, é o Eu da
do sacrifício. (Mahanarayana XXXX -1) inteligência: é a felicidade [ãnanda], sem
idade, imortal. Ele não se torna maior pela
Em várias passagens das Upanishads, Brahman também boa ação, nem de fato menor pela ação má.
foi descrito como criador de si mesmo e de tudo, dele emanam [...] Ele é o protetor do mundo, ele é o
e nascem todas as criaturas e por ele são mantidos, e, sendo soberano do mundo, ele é o Senhor de
todos. "Ele é meu Eu" - isto deve ser
assim ele também está relacionado diretamente com a vida,
conhecido. "Ele é meu Eu" - isto deve ser
com o poder gerador; desse modo, a Bem-Aventurança, como
conhecido. (Kaushitaki I1I.8)
dito antes, surge nas escrituras também associada ao prazer e à
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Embora acima em algumas partes da Kaushitaki Upanishad BIBLIOGRAFIA
se faça referência ao prazer e bem-aventurança relacionados à
procriação, o mesmo texto termina por indicar que se deve BIMALI, O. N.; JOSHI, K. L.; TRIVEDI, Bindiya (eds.). 112
"conquistar o conhecimento puro da unidade de Brahman e Upanishads: Sanskrit Text with English Translation.
Ãtman", que se deve "conhecer aquele que discerne" para que Delhi: Parimal, 2006. 2 vols.
de fato se alcance Ãnanda e assim se alcance o Eu mais interno BUITENEM, J. A. B. van. Ãnanda, or all desires fulfilled.
que nas Upanishads é revelado como sendo o Ãtman. History of Religions, 19 (1):. 27-36, 1979.
DEUSSEN, Paul. The philosophy of the Upanishads. New
CONSIDERAÇÕES FINAIS Y ork: Dover, 1966.
DEUSSEN, Paul. Sixty Upanishads of the Veda. Delhi: Motilal
o presente texto descreveu o significado da palavra Barnarsidass 1990.2 vols.
Ãnanda, sua evolução na literatura Vêdica e seu íntimo FEUERSTEIN, Georg. A tradição do Yoga. São Paulo:
relacionamento com Brahman. Fez-se necessário também, dada Pensamento, 1998.
a complexidade do tema abordado, contextualizar a natureza JACOB, Colonel G. A. A eoneordanee to the principal
dos textos utilizados, no caso, as Upanishads. Upanisads and Bhagavadgita. Delhi: Motilal
Por meio dos estudos de diferentes pesquisadores e suas Banarsidass, 1999.
respectivas orientações filosóficas, foi possível evidenciarmos MARTINS, Roberto de A.. Mundaka Upanishad. Rio de
diferentes posturas em relação à natureza condicionada e Janeiro: Corifeu, 2008.
incondicionada de Brahman e à possibilidade ou não de MONIER- WILLIAMS, Monier. A Sanskrit-English dietionary.
descrevê-lo. Vimos que as diferentes posições filosóficas sobre Oxford: Clarendon Press, 1979.
a possibilidade de se associar ou não Brahman com Ãnanda, OLIVELLE, Patrick. Orgasmic rapture and divine ecstasy. The
não impediram o desenvolvimento deste texto, visto que nas semantic history of ãnanda. Pp. 75-99, in: OLIVELLE,
próprias Upanishads foi possível encontrar passagens em que Patrick. Colleeted essays 1: texts and society.
tal associação se dá. Explorations in aneient lndian eulture and religion.
Nas Upanishads são descritos diferentes tipos ou níveis Firenze: Firenze University Press, 2008.
de Ãnanda, permitindo revelar que ela assim permeia todos os RADHAKRISHNAN, Sarvepalle. lndian philosophy. Delhi:
níveis, do mais grosseiro na forma da felicidade sentida pela Oxford University Press, 2006. 2 vols.
riqueza ou pelo prazer, até o nível mais sutil, no qual a RADHAKRISHNAN, Sarvepalle. The principal Upanishads.
felicidade é alcançada na união com a Realidade Última. Desse Delhi: Harper Collins, 2009.
modo, assim como Brahman, Ãnanda tudo permeia. São assim SHANKARACHARY A. The Brhadaranyaka Upanisad.
unidos, um só, na sua própria essência. Himalayas: Advaita Ashrama, 1950.
ZIMMER, Heinrich. Filosofias da Índia. São Paulo: Palas
Athena, 2003.
VIVEKANANDA, Swami. Vedanta Philosophy. Calcutta:
Ramakrishna Math, 1982.
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