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NATAL/RN
2009
MICHELLE PASCOAL MAIA
NATAL/RN
Catalogação da Publicação na Fonte.
Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA).
_________________________________________
Prof. Dr. João Bosco Araújo da Costa
Orientador
__________________________________________
Prof. Dr. João Emanuel Evangelista
Examinador
________________________________________
Prof. Dr. Carlos Alberto Nascimento de Andrade
Examinador
____________________________________________
Prof. Dr. Homero de Oliveira Costa
Examinador Suplente
Natal, 30 de março de 2009.
Aos meus pais por serem os responsáveis por parte do que sou, do que
represento e conquistei até hoje. A cumplicidade de mamãe e papai, as pessoas
humanas e íntegras que eles são. Ao exemplo que me deram.
Aos irmãos que a vida me deu e ao que ela me tirou. Em especial para a
irmã e amiga Vaninha, presente nos momentos mais difíceis.
Aos meus avôs e avós, pelos grandes homens e mulheres que foram e são.
Ao meu cunhado, a companheira de papai e ao companheiro da minha mãe, Jorge
Bambino, por tudo que fez e faz por mim.
Às minhas tias e tios, primos e primas. A tia Regina pela amizade e
colaboração na transcrição das entrevistas, a minha prima Viviane pela ajuda no
inglês e a minha madrinha e tia Bel por estar ao meu lado sempre que preciso de
um ombro amigo.
Ao Professor Dr. João Bosco de Araújo da Costa, nosso orientador.
Ressaltamos a sua dedicação, a valiosa contribuição e orientação, onde mesmo
diante de tantos compromissos e ocupações sempre nos atendeu, como também
ajudou com muita atenção e carinho.
A todos os professores que me ensinaram durante toda a minha vida
escolar e acadêmica. Aos professores da pós-graduação em Ciências Sociais.
Agradeço a João Emanuel Evangelista e Homero Costa, que deram a honra de
contribuir com o nosso trabalho na qualificação.
Aos militantes estudantis, dos anos 1980 na UFRN, que nos doaram com
muita gentileza e generosidade suas lembranças, sendo de fundamental
importância para resgatarmos parte da história do movimento estudantil em Natal:
Antenor Soares de Medeiros, Carlos Nascimento, Fernando Mineiro, Hugo Manso,
Maristela Pinheiro, Moisés Domingos Sobrinho, Aderbal Silva, Christian Lira de
Vasconcelos, Cipriano Vasconcelos, Fernando Santos, João Emanuel Evangelista
e Manasses Campos. Agradecemos, também, o material, de seus arquivos
particulares, que nos foi cedido para a pesquisa, pelos professores Carlos Alberto
Nascimento de Andrade e Cipriano de Vasconcelos.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES), por contemplar-me com uma bolsa de estudos, contribuindo para minha
dedicação à dissertação e conclusão do mestrado.
A todos da secretaria da pós-graduação, pela atenção sempre que precisei
de orientação. Aos colegas que fiz durante o mestrado. A Ivonete que me
hospedou em sua casa durante a minha ida a Mossoró. A Edilene, Nara, Eduardo,
Sabrina, Daline, Cida, Ozaías, Jussara, Aninha entre outros que me deram dicas,
trocaram informações e experiências.
Aos grandes amigos que me acompanham durante anos, sendo
companheiros e fazendo a diferença em minha vida: Adriana, Glácio, Flávio,
Késsia, Isa, Geórgia, Daniel, Mozart, Divaneide, Vanessa, Danielle, Gisele, Carlos,
Sheila, Cibelly, Caíze, Marcos, Paulinho, Lidiane, Aluízia, Hilanete, Henrique, entre
outros.
Obrigada, muito obrigada mesmo por de alguma forma fazerem parte da
minha caminhada!
RESUMO
INTRODUÇÃO
1
Utilizamos o conceito de regime autoritário de LINZ, que define que são “sistemas políticos
com pluralismo político limitado, não responsável, sem ideologia orientadora e elaborada, mas
com mentalidades distintas, sem mobilização política extensiva ou intensiva, exceto em alguns
pontos do seu desenvolvimento, e no qual um líder ou, ocasionalmente, um pequeno grupo
exerce o poder dentro de limites formalmente mal definidos, mas, na realidade; bem
previsíveis”. (LINZ, 1964, p. 255).
2
MARTINS FILHO apud ANDRADE, Carlos Alberto Nascimento. A organização política dos
estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (1974-1984). 1994, Natal. Tese de
Mestrado em Educação. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. p. 11.
14
3
Castells entende Movimento social como sistema de práticas sociais contraditórias, que
controvertem a ordem estabelecida a partir das contradições específicas da problemática
urbana. Sustenta que os movimentos urbanos se transformam em movimentos sociais na
medida em que logram converter-se em componentes de um movimento político que
controverte a ordem social (1976).
16
4
(POERNER, 1979.)
5
(MARTINS FILHO, 1987)
18
8
Uma série de medidas para limitar a participação política e abranger o poder coercitivo do
regime autoritário. A Lei de Segurança Nacional definia crimes contra a ordem política e social.
Sua principal finalidade era transferir para uma legislação especial os crimes contra a
segurança do Estado, submetendo-os a um regime mais rigoroso, com o abandono das
garantias processuais.
25
10
Ato Institucional número cinco, criado pelo governo militar em 13 de dezembro de 1968. Foi
um instrumento que deu ao regime poderes absolutos e cuja primeira conseqüência foi o
fechamento do Congresso Nacional por quase um ano.
27
11
O "milagre econômico" é a denominação dada à época de excepcional crescimento
econômico ocorrido durante a ditadura militar.
28
12
A OAB, assim como a Igreja católica apoiou o golpe militar de 1964. Essas instituições foram
deslocando-se para o campo da oposição a partir de processos próprios de disputa em seu
interior. A Igreja com o crescimento dos adeptos da pedagogia da Libertação; a OAB a partir da
liderança imprimida pelo Jurista Raimundo Faoro.
30
categoria, como também lhe atribui funções que se relacionam com as regras e
interesses que permeiam o todo social.
As correntes teóricas que trabalham com o conceito de juventude e
participação política constroem sua análise sobre o assunto partindo de duas
visões distintas. Uma delas aponta como característica própria da juventude à
rebeldia, participação e engajamento nas lutas sociais. De outro lado, parte dos
estudiosos enxerga na juventude apatia, individualismo, desinteresse pela
política e pelos problemas sociais. No entanto, percebemos que a existência de
uma juventude engajada, politizada e participativa não é uma realidade
constante em todos os espaços ocupados pelos jovens, como também a
rebeldia ou apatia não são características inatas da juventude, que existem
jovens de diferentes posturas na sociedade. Sobre esse assunto, segundo
Fraga e Iulianelli:
17
Recebeu o nome de emenda Dante de Oliveira o projeto de emenda constitucional
formulado pelo deputado federal Dante de Oliveira (PMDB-MT) em 1984, que tinha por objetivo
reinstaurar as eleições diretas para presidente da República no Brasil, uma vez que a tradição
democrática havia sido interrompida no país pelo golpe militar de 1964.
44
18
Inicialmente uma dissidência do PDS(Partido Democrático Social). O Partido da Frente Liberal foi
um partido político brasileiro fundado em 1985 em meio as articulações que elegeram Tancredo Neves
para a Presidência da República encerrando assim um ciclo de vinte e um anos de governos militares no
Brasil.
45
19
O Movimento de Cultura Popular (MCP) era ligado ao governo do Estado em Pernambuco e
trabalhou mais voltado para a alfabetização da população.
48
20
A Ação Popular (AP) reunia a juventude ligada a Igreja Católica, foi criada no início dos anos
sessenta, se organizando como um movimento de esquerda, fazendo uma aliança instável e
contraditória com o Partido Comunista, no âmbito do movimento estudantil. De acordo com
BERLINCK, Manoel Tosta. O Centro Popular de Cultura da UNE. p 116.
49
21
A luta pela participação dos estudantes nos órgãos de decisão das universidades na
proporção de um terço.
22
Sobre o CPC ver (MAIA, 2005)
50
culturais nos anos 1980. Através do rock, das letras das músicas, novas
reivindicações políticas expressavam os anseios da juventude.
As representações culturais significam umas das mais importantes
expressões do tempo em que estamos inseridos. Os conflitos sociais
existentes, os antagonismos, reações, práticas cotidianas, sentimentos
coletivos e vivências diferenciadas estão claramente representados na
dinâmica cultural, bem como no diálogo entre cultura e sociedade na história.
Percebemos que a cultura possui uma lógica própria. A produção
cultural tem uma dinâmica interna, agindo sem necessariamente estar
subordinada à economia, sendo, muitas vezes, parceira do capital. O valor da
cultura na sociedade não está diretamente relacionado ao seu valor
econômico, mas a influência que tem sobre as pessoas, determinando
comportamentos e ações nos diferentes espaços sociais.
A cultura deve ser pensada como um importante instrumento de
transformação ou mesmo de reprodução da lógica política, econômica e social
vigente em um determinado período na sociedade. Através das práticas
culturais são expressados sentimentos, valores, comportamentos, posturas
individuais e coletivas, enfim, em diversos momentos foi evidente a
demonstração feita por meio da cultura, dos conflitos e insatisfações sociais.
Para o desenvolvimento da história de um país temos que entender
como as manifestações artísticas e culturais podem informar, politizar, criar um
diálogo com diferentes camadas sociais. A música foi reflexo da inquietação da
juventude, da tentativa de se buscar novos caminhos. A partir do rock foram
trilhados horizontes inovadores, atingindo com suas letras críticas indivíduos de
várias regiões, despertando sentimentos, comportamentos e emoções.
As práticas culturais se consolidam como um elemento contestador
nesse período, construindo as novas formas de agir e pensar da sociedade,
sendo fundamental para o desenvolvimento social, inovando e interagindo com
as pessoas, levantando novas possibilidades de ação cotidiana através da
cultura.
O cenário cultural brasileiro nos anos 80 passou por mudanças
significativas a partir da urbanização crescente da população, de novos
hábitos, procedimentos e atitudes que mesclam novos e velhos valores. Os
meios de comunicação, a industrialização e globalização aparecem cada vez
58
24
Sobre esse assunto ver (ARAÚJO, 2000.)
60
Couto e Silva, que tinha como objetivo dar sustentação política ao governo. De
acordo com Andrade:
26
Ver (ANDRADE, 1996.)
63
jovem engenheiro de 33 anos, que era diretor de uma das grandes empreitadas
do estado, a Empresa Industrial Técnica (EIT), o que lhe assegurava a simpatia
e o apoio dos diversos grupos econômicos locais, ligados, sobretudo, a
agroindústria (fruticultura de exportação) e à indústria da construção civil. Ainda
conforme reflexão de Andrade:
Dessa forma, a renovação dos grupos no poder, no Rio Grande
do Norte, dava-se através de uma forma extremamente
retrógrada de fazer política-a prática do nepotismo. A
distribuição dos principais postos da política estadual era feita
com base na proximidade pessoal, nos laços afetivos e
familiares, o que pode parecer paradoxal para quem propõe
mudanças nas práticas políticas vigentes. Por trás de tudo
estava, no entanto, a preocupação de não deixar escapar do
comando de Tarcísio o projeto que lhe fora, anteriormente,
confiado pelos amigos do Planalto. (ANDRADE, 1996, p. 126).
28
Ver sobre o assunto (DOMINGOS SOBRINHO, 1988.)
66
29
(PATRÍCIO, 1992)
69
Observamos que no final dos anos 1970 e nos anos 1980 os estudantes
foram agentes participativos nas transformações ocorridas na sociedade. O
movimento estudantil representou os estudantes em várias lutas políticas,
manifestações sociais, culturais, saindo do espaço das salas de aula,
ocupando as ruas, levantando suas bandeiras em parceria com outros
movimentos sociais, atuando em momentos ímpares da história do Estado do
RN.
As questões específicas dos estudantes, em alguns momentos, ficaram
num plano secundário. Devido ao fato de existirem poucos movimentos sociais
urbanos na sociedade civil, como também do movimento estudantil ser um dos
71
31
Ver (SILVA, 1989)
73
33
As tendências políticas se dividiam a partir de sua concepção tática e
estratégica na sociedade e nos movimentos sociais. O PCB, o PC do B e o
MR8, que atuavam internamente no PMDB, tinham uma concepção etapista da
revolução brasileira. Esses grupos políticos entendiam que naquele momento
político processava-se a primeira etapa da revolução brasileira- a revolução
democrática nacional burguesa (ou nacional democrática burguesa, na visão
do MR8). No entanto, só após ser concluída a primeira etapa é que
passaríamos para a etapa socialista.
De outro lado estavam as organizações de esquerda que atuavam no
PT. Esses grupos tinham uma concepção do caráter socialista da revolução
brasileira. Eles procuravam romper com a visão etapista da revolução
brasileira. A democracia não era entendida como um “estágio” pré-socialista,
mas como elemento inseparável e intrínseco ao socialismo. Para essas
organizações internas ao PT a revolução brasileira necessita de sindicatos
fortes, de um partido político poderoso que trave a sua luta ideológica e
cultural, como também conquiste posições nas instituições do Estado.
Moisés Domingos34 presidiu a primeira gestão eleita diretamente
durante, ainda, o regime autoritário. No entanto, ele apontou alguns limites da
sua gestão naquele período:
33
Sobre esse assunto ver (SILVA, 1987.)
34
Moisés Domingos foi presidente do DCE em 1979. Filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT).
Atualmente é sociólogo e professor da UFRN.
35
(DOMINGOS SOBRINHO, 2008.) – Documento Sonoro
79
36
Antenor Soares de Medeiros foi do CA de Direito e do DCE nos 1980. Atualmente é
Advogado e Procurador do Estado. Membro do PC do B.
37
(MEDEIROS, 2008.) – Documento Sonoro
80
A maior parte dos grupos queria que com o fim do regime autoritário
ocorresse uma revolução, uma ruptura. O PCB entendia que o processo de
transição gradual e lenta, não terminaria numa revolução, mas num processo
de redemocratização.
A concepção de algumas correntes políticas, na época, é que a
revolução aconteceria em pouco tempo. Eram lidos e repetidos muitos livros,
documentos de Lênin. Falava-se muito em socialismo, em ter um país
socialista. Segundo reflexão de Moisés Domingos: “Nós falávamos muito em
revolução, em socialismo, mas nunca elaboramos o que era isso. Repetíamos
muito Lênin. Muitos documentos da esquerda eram documentos mecanicistas
sobre a realidade”.
A visão do PCB sobre o processo político da época era diferente dos
outros partidos de esquerda. Nesse sentido, a maioria dos partidos o
chamavam de reformista, pois ainda no período da luta armada contra o regime
autoritário o PCB formulou uma política que condenava a luta armada e o
enfrentamento direto com a ditadura como táticas de ação dos comunistas. Os
comunistas do PCB sempre desenvolveram políticas no sentido de favorecer a
organização do movimento de massas.
Isso significava, para o PCB, participar dos sindicatos, dos processos
eleitorais, das associações dos moradores, de mulheres, do movimento negro,
ou seja, do movimento cultural como o cineclube. A idéia que se tinha era de
fazer uma frente ampla contra o regime militar, incorporando à esquerda,
liberais e setores conservadores que tivessem algum interesse na
redemocratização do país. Segundo João Emanuel Evangelista:38
38
João Emanuel Evangelista foi presidente do DCE nos anos 1980. Era membro do PCB nesse
período. Atualmente é filiado ao PT. Sociólogo, Cientista Político e Professor da UFRN.
39
(EVANGELISTA, 2008.) – Documento Sonoro
81
43
Sobre o assunto ver (MAIA, 2003)
44
A portaria Ministerial no 62 de 05 de fevereiro de 1984, segundo relatório do pró-Reitor de
Assuntos Estudantis Jaime Mariz e 15 de fevereiro de 1984, de acordo com a Tese de Carlos
Alberto Nascimento de Andrade, sendo que não foi possível identificar a data correta. Esta
permitia que, de acordo com as disponibilidades orçamentárias de cada universidade, se
subsidiasse em até 70% o preço das refeições para os alunos considerados carentes.
45
Nesse período o DCE era presidido por Christian Lira, membro do PC do B. Nas Residências
Universitárias existia uma grande influência dos grupos ligados ao PT.
46
Os estudantes processados foram Hugo Manso Júnior, Hermínio Pereira de Melo, Fernando
Wanderley Vargas, Manoel Joseane Mafra de Carvalho, José Evangelista Fagundes, Fernando
Antônio S. dos Santos, Edmilson Lopes Júnior e Soraya Godeiro Massud.
83
A discussão era em torno dos projetos políticos que eram apresentados para o
país na época”.50
Em entrevista com o estudante e dirigente político da época, Hugo
Manso51:, este comentou sobre as eleições “Diretas” para o governo do Estado
em 1982. Lembrou que a votação se deu através de chapa, ou seja, o voto
tinha obrigação de ser em todo o partido, o voto era vinculado. Dessa forma,
partidos pequenos, como era o caso do PT, que ainda era novo, surgido em
1980, em comparação aos outros existentes e organizados há mais tempo,
inclusive formado por oligarquias conservadoras e herdeiras dos governos
militares, saiam prejudicados, onde também forças de esquerda, como o PC do
B, PCB e MR8, que atuavam no PMDB, eram levadas a votar e apoiar todos os
candidatos desse partido político.
Nessa efervescência que vivia o país, da retomada das lutas e
mobilizações populares, foi que os estudantes em conjunto com vários outros
segmentos da sociedade resolveram questionar a eleição através do colégio
eleitoral. Nesse instante de inquietação, a reivindicação se dava em torno das
eleições “Diretas” para presidente. Era questionada a participação popular nas
decisões políticas, principalmente na escolha do representante máximo do
país: o presidente da República. Segundo Costa:
50
(SANTOS, 2003.) – Documento Sonoro
51
Hugo Manso foi presidente do DCE nos anos 1980. Filiado ao PT. Atualmente é Engenheiro
Mecânico.
85
52
Ibid.
53
(VASCONCELOS, 2003.)- Documento Sonoro
54
1984.
86
Sobre as “Diretas Já”, Fernando Soares dos Santos, que fazia parte do
movimento estudantil na década de 80 comenta: “Aquele foi um movimento
importante, tem até uma marchinha que a gente cantava muito, questionava o
regime militar, que a gente chamava as pessoas para se preparar para
derrubar o regime militar, que a votação seria em abril!”.
55
Christian Lira de Vasconcelos foi presidente do DCE em 1984. Membro do PC do B.
Jornalista e Servidor Público.
56
(VASCONCELOS, 2003.)- Documento Sonoro
57
(SANTOS, 2003.)- Documento Sonoro
87
58
Garibaldi Filho pelo PMDB, Hugo Manso pelo PT, Miriam de Sousa pelo PTB, Wadson
Pinheiro pelo PDT e Vilma Maia pelo PDS.
59
Folha Acadêmica, Órgão Oficial do Diretório Central dos Estudantes, outubro de 1985.
60
Ibid.
88
Indo além nessa reflexão, Hall (2003) sugere que não há um sujeito
determinado (o povo) ao qual atrelar a cultura popular, mas o que conta é “a
capacidade de constituir classes e indivíduos enquanto força “popular” contra o
bloco de poder”. Compreendemos que “povo” não é uma categoria
homogênea. Existem vários grupos e interesses entre as diferentes culturas e
classes sociais que compõem o chamado “povo”.
Para Hall (2003), quando critica que no centro da linha que polariza o
90
coisas. “Cultura popular é a cultura que o povo faz no seu cotidiano e nas
condições em que ele a pode fazer”. (BOSI, 1997, p. 44).
A cultura se constrói fazendo. Nas práticas e costumes cotidianos a
cultura é produzida e reproduzida, criada e recriada. O objetivo, segundo Bosi
(1997) é analisar a Cultura como processo, cultura como trabalho, cultura como
ato- no –tempo: este é o fio da meada.
O autor entende a cultura como trabalho, ação constante, práticas
construídas socialmente. Comparando com outras formas de pensar a cultura,
o autor aponta que a cultura dos pobres seria um nada, eles precisariam obter
aqueles bens para serem cultos. O que é oposto à idéia de trabalho, porque,
nesta, todos têm acesso à cultura: não se trata mais de um problema de
classe, o ser humano será culto se ele trabalhar; e é a partir do trabalho que se
formará a cultura. É o processo e não a aquisição do objeto final que interessa.
Toda produção cultural humana é uma ação social. A cultura é
assimilada a partir de modelos sociais estabelecidos. As experiências artísticas
são manifestações culturais se entendermos a cultura como o lugar da
realização da expressão humana, em um processo de criação simbólica da
realidade, do tempo e espaço em que estamos inseridos. Através de processos
culturais específicos a sociedade vai sendo criada e recriada. A identidade
humana se constrói em sua prática cultural, afirmando que está dentro de um
contexto, de uma época, de um grupo e vida social.
Neste sentido, as mudanças na sociedade se darão a partir de uma nova
prática humana. A realidade pode ser aos poucos modificada por meio de
relações e interações sociais, repensando a cultura, os costumes, valores,
comportamentos, atingindo novos padrões, avançando numa perspectiva de
discutir as estratégias de dominação de um grupo sobre outro, alcançando
outras formas de organização através da dimensão e de um enfoque cultural.
61
(VASCONCELOS, 2008.) – Documento Sonoro.
93
62
Carlos Alberto Nascimento de Andrade fez parte do ME nos anos 1980. Membro do PC do B.
Atualmente é Professor Universitário.
94
65
Adebal Ferreira da Silva foi militante estudantil. Atualmente é Advogado e filiado ao Partido
dos Trabalhadores.
66
(SILVA, 2008.) – Documento Sonoro
67
Cipriano Maia de Vasconcelos fez parte do Movimento Estudantil no final dos anos 1970.
Atualmente é Médico e Professor Universitário. Membro do PT.
68
(VASCONCELOS, 2008.) - Documento Sonoro.
96
69
(SILVA, 2008) – Documento Sonoro
70
Manasses Campos foi militante estudantil nos anos 1980. Participou dos Festivais de Música
nos anos 1980. Atualmente é Jornalista, Cantor e Compositor. Filiado ao PT.
71
(CAMPOS, 2008)- Documento Sonoro
99
O cinema foi uma das expressões culturais de destaque nos anos 1980
no país e na cidade. O movimento estudantil organizava encontros que tinham
como objetivo assistir a filmes que geravam um debate intenso sobre assuntos
da vida social e dos problemas que afetavam a população.
Então, o cinema, o teatro, a música, sempre foram recursos muito fortes
dentro dessa tradição. Na cidade de Natal, foi desenvolvido um movimento
intenso dos cineclubes. O chamado cineclubismo era um movimento de
catalisação da sociedade natalense, dos jovens intelectuais, artistas natalenses
que faziam daqueles encontros momentos de discussão sobre os filmes que
73
eram apresentados num processo de politização. Maristela Pinheiro analisou
que:
72
O Cine Clube Tirol foi um projeto realizado por pessoas que, desejando ter acesso a obras
audiovisuais e apreciá-las de forma crítica, se organizaram para viabilizar sessões de cinema.
As pessoas escolhiam o filme que queriam ver e se organizavam para viabilizar uma
programação periódica de filmes. O cineclube é a forma mais democrática de relação público-
cinema. Teve início nos anos 1960, na cidade de Natal.
73
Maristela Pinheiro foi do Movimento estudantil nos anos 1980. Membro do PC do B e
Assistente Social.
100
74
(PINHEIRO, 2008.) – Documento Sonoro
75
Fernando Mineiro foi do Movimento Estudantil e Atualmente é Deputado Estadual pelo PT e
Professor.
76
(MINEIRO, 2008.) – Documento Sonoro
101
77
(MINEIRO, 2008.) – Documento Sonoro
78
(MEDEIROS, 2008) – Documento Sonoro
102
79
DCE-ESPECIAL- BALANÇO GERAL, novembro de 1980.
80
Boletim do DCE-UFRN, 1980.
103
81
(MINEIRO, 2008) – Documento Sonoro
82
(VASCONCELOS, 2008) – Documento Sonoro
104
Houve show com a banda Impacto Cinco, mesa- redonda com debates,
Cineclube DCE, apresentações de grupos teatrais, de dança, concurso de
poesia, grupo Caravana (música) e Aluá (Poesia), apresentações musicais com
Carlos e Lucinha Lira, entre outros. O primeiro festival quem ganhou foi o
cantor Vidger. Esse festival teve várias eliminatórias. O encerramento foi na
89
(MEDEIROS, 2008) – Documento Sonoro
90
(MANSO JÚNIOR, 2008.) – Documento Sonoro
91
Ver sobre o assunto o Boletim do DCE-UFRN, outubro, 1982.
92
Ver anexo I
108
93
(MEDEIROS, 2008)- Documento Sonoro
109
94
Ver Anexo VI
95
(MANSO JÚNIOR, 2008) – Documento Sonoro
110
Nós trouxemos Vital Farias. Acho que a primeira vez que Vital
Farias veio para Natal. Ele veio através do Centro Acadêmico
de Serviço Social. Nós trouxemos na intenção de levantar
98
(DOMINGOS SOBRINHO, 2008) – Documento Sonoro
99
Ver Anexo VII.
112
100
(PINHEIRO, 2008) – Documento Sonoro
101
(DOMINGOS SOBRINHO, 2008) – Documento Sonoro
113
102
Folha Acadêmica, Órgão Oficial do Diretório Central dos Estudantes, março de 1985. Ver
Anexo II.
103
Ibid.
104
Folha Acadêmica, Órgão Oficial do Diretório Central dos Estudantes, outubro de 1985.
114
105
ibid.
106
Folha Acadêmica. Órgão Oficial do Diretório Central dos Estudantes. Março de 1988.
107
Ver Anexo III e IV.
108
Folha Acadêmica. Órgão Oficial do Diretório Central dos Estudantes, junho de 1986.
115
109
Folha Acadêmica, Órgão Oficial do Diretório Central dos Estudantes, setembro de 1986.
110
Folha Acadêmica. Órgão Oficial do Diretório Central dos Estudantes. Março de 1988.
111
(VASCONCELOS, 2008) – Documento Sonoro
116
113
(EVANGELISTA, 2008) – Documento Sonoro
118
114
(VASCONCELOS, 2008) – Documento Sonoro
115
Folha Acadêmica, Órgão oficial do Diretório Central dos Estudantes, setembro de 1987.
119
116
(MANSO JÚNIOR, 2008) – Documento Sonoro
120
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
1 cassete (22 min.) (Ex- militante estudantil dos anos 1980, atual Procurador do
Estado.)
MELUCCI, A. Movimentos sociais e sociedade complexa. Cadernos do
Núcleo de Estudos e Pesquisa sobre Movimentos Sociais, PUC, no. 2
abr.1997.
MINEIRO, Fernando. Fernando Mineiro. [agosto 2008] Entrevistadora Michelle
Pascoal Maia. Natal/RN. 2008. 1 cassete (23 min.) (Ex- militante estudantil dos
anos 1980, atual Professor. Exerce o mandato de Deputado Estadual).
MOCELLIN, Renato. História crítica da Nação Brasileira. São Paulo: Editora
do Brasil S/A, 1987.
MORAES, Denis de. A esquerda e o golpe de 64: vinte e cinco anos
depois, as forças populares repensam seus mitos, sonhos e ilusões. Rio
de Janeiro: Espaço e Tempo, 2a ed., 1989.
O’ DONNELL, G. “Transição, continuidades e alguns paradoxos” e “Hiatos,
instituições e perspectivas democráticas” em REIS, F.W & O’ DONNELL, G.
(org.). A democracia no Brasil- dilemas e perspectivas. São Paulo, Editora
Vértice, 1988.
OLIVEIRA, José Alberto Saldanha de Oliveira. A mitologia estudantil: uma
abordagem sobre o Movimento Estudantil Alagoano. Maceió: Serjasa,
1994.
ORTIZ, Renato. Cultura brasileira e identidade nacional. São Paulo,
Brasiliense, 1985.
_____________. A moderna tradição brasileira. Cultura brasileira e
indústria cultural. 4ª Edição, São Paulo, Brasiliense, 1994.
PAIVA, Irene Alves. O dilema da “arte” de reivindicar. Dissertação de
mestrado. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal/RN, 1994.
PATRÍCIO, Adriana Cristina da Silva. Estudantes em Perspectiva:
Movimento Estudantil Secundarista no Rio Grande do Norte (1982-1992)
2003, Natal, Monografia - Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
__________ Militantes Estudantis e Cultura política no Rio Grande do
Norte(1960-1990). 2004, Natal, Monografia-Universidade Federal do Rio
Grande do Norte.
PELEGRINI, Sandra de Cássia Araújo. A UNE nos anos 60: utopias e
práticas políticas no Brasil. Londrina: Ed. da UEL, 1997.
131
ANEXOS
ANEXO I
134
ANEXO II
135
ANEXO III
136
ANEXO IV
137
ANEXO V
138
ANEXO VI
139
ANEXO VII
140