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Tabelionato Figueiredo

Ivanildo de Figueiredo Andrade de Oliveira Filho


República Federativa do Brasil Tabelião Público
Professor da Faculdade de Direito do Recife - UFPE
ESTADO DE PERNAMBUCO
8º OFÍCIO DE NOTAS DO RECIFE

Manual de
inventário e partilha
extrajudicial

Recife, 2018
Tabelionato Figueiredo
Manual de Inventário e Partilha Extrajudicial

Manual de inventário e partilha


extrajudicial

Sumário

Página
1. Apresentação............................................................................................... 03
2. Características e requisitos do inventário extrajudicial................................ 04
3. Assistência do advogado............................................................................. 09
4. Documentos para comprovação de propriedade......................................... 10
5. Imposto de transmissão causa mortis.......................................................... 11
6. Aceitação e renúncia de herança................................................................. 13
7. Cessão de direitos hereditários.................................................................... 16
8. Direito de representação.............................................................................. 19
9. Etapas para lavratura de inventário extrajudicial......................................... 21
10. Custas e despesas do inventário extrajudicial........................................... 23
11. Registro do inventário no cartório de imóveis e outros órgãos.................. 24
12. Legislação aplicável................................................................................... 25
13. Perguntas e respostas............................................................................... 27
14. Modelos...................................................................................................... 29

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Manual de Inventário e Partilha Extrajudicial

1 - Apresentação

Com a morte da pessoa natural, surgem inúmeras dúvidas a respeito dos


trâmites legais a serem seguidos para partilha de bens entre os herdeiros e liquidação
de dívidas deixadas pelo falecido. O que fazer em um momento como esse? A partir do
falecimento do indivíduo, diz-se que está "aberta a sucessão", isto é, o administrador
provisório - aquele que está em posse e na administração dos bens do inventário - ou
as outras pessoas legitimadas pelo Art. 617 do Código de Processo Civil de 2015,
podem - e devem - requerer a abertura do inventário do falecido. Esse requerimento
deve ocorrer dentro de 60 (sessenta) dias, a contar da abertura da sucessão. Caso
contrário, haverá a possibilidade de cobrança de multa fiscal.

Portanto, em que consiste o inventário? Inventário é a descrição enumerada,


registrada, detalhada e minuciosa do patrimônio, dos bens e das coisas deixadas pela
pessoa falecida, para que se possa proceder à liquidação dos bens e à partilha do
acervo hereditário entre seus herdeiros e sucessores. Através do inventário, portanto,
faz-se a identificação dos sucessores, da herança, das eventuais dívidas e das
obrigações deixadas pelo falecido, para futura partilha ou adjudicação do resultado aos
herdeiros.

Com o surgimento da Lei 11.441, de 2007, tornou-se facultativo o inventário


judicial, havendo a possibilidade do inventário ser extrajudicial, isto é, extinguiu-se a
obrigatoriedade da intervenção do juiz, desde que observados os requisitos legais, os
quais serão explicitados ao longo deste sintético guia. Portanto, possibilita-se a
realização do inventário por Escritura Pública, de forma que pode ser feito em
Tabelionato de Notas.

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2 – Características e requisitos do inventário extrajudicial

Para realizar-se um inventário extrajudicial são necessários o preenchimento de


requisitos e a apresentação de documentos específicos, que atestem a condição de
herdeiros e identifique os bens integrantes do espólio.

2.1) Requisitos para a realização de um inventário extrajudicial:

a) Todos os herdeiros devem ser capazes;

A capacidade aqui referida é a capacidade de exercício, isto é, a aptidão para


praticar pessoalmente os atos da vida civil, exercendo seus direitos, praticando atos
jurídicos. Essa capacidade deve ser verificada no momento da assinatura da escritura,
da celebração do negócio jurídico.

Aqueles que não possuem capacidade de exercício - quer por limitações


orgânicas ou psicológicas -, são considerados "incapazes". Existindo herdeiro incapaz,
é vedada a utilização do inventário extrajudicial, sendo obrigatório o inventário ser
judicial.

b) Deve haver uma concordância de todos quanto à divisão dos bens


inventariados;

Caso haja litígio, conflito quanto à divisão dos bens inventariados, existirá a
necessidade de se passar para as vias judiciais.

c) O falecido não pode ter deixado testamento;

Antes de considerar tal requisito, devemos nos questionar: o que seria um


testamento? É um ato personalíssimo, unilateral, solene e revogável (pode ser
revogado por outro testamento) pelo qual alguém dispõe no todo ou em parte de seu
patrimônio para depois de sua morte. Em caso de existência de testamento, a utilização
da via judicial é obrigatória, segundo o art. 610 do Código de Processo Civil.

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Havendo testamento, efetua-se a sua abertura e seu cumprimento, conforme a


forma de testamento deixada pelo falecido. O testamento pode ser ordinário (cujas
subdivisões são: público, particular e cerrado) ou especial - que são criados tendo em
vista situações de emergência e são provisórios (cujas subdivisões são: militar,
marítimo ou aeronáutico).
Em caso de testamento cerrado, público ou especial, após a morte do testador, o
testamento deve ser apresentado ao juiz que o mandará registrar, arquivar e cumprir,
caso não haja vício externo que o torne suspeito de nulidade ou falsidade (Código de
Processo Civil de 2015, arts. 735 a 737).

Existe uma exceção, contudo, a essa regra da existência de testamento: a


utilização da via extrajudicial será possível caso o testamento deixado pelo falecido não
possua conteúdo patrimonial (ex: testamento que reconhece um filho ou perdoa o
indigno).

d) Presença necessária de advogado.

As partes devem estar assistidas por advogado comum ou advogados de cada


uma delas ou defensor público, cuja qualificação e assinatura constarão do ato notarial.
Estas assinaturas, vale ressaltar, são imprescindíveis para a validação do negócio
jurídico, pois é solenidade essencial. Quando ausente, gera a nulidade absoluta do
negócio jurídico.

Além do exposto, cabe a realização de outras ressalvas:

- O inventário e partilha não são atos do tabelião, mas sim dos próprios herdeiros e
interessados. Diferentemente do juiz, que processa o inventário, profere a sentença e
decide sobre a partilha, o tabelião não decide sobre o inventário e a partilha, apenas
verifica o cumprimento das exigências legais, qualifica e formaliza juridicamente a
vontade das partes.

- Existe a possibilidade, vale ressaltar, de livre escolha do Tabelião de Notas para


abertura do inventário, independentemente de sua localização, bem como do domicílio
do falecido ou da localização dos bens a serem inventariados. Portanto, em qualquer

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caso de inventário extrajudicial, sempre será possível que o mesmo seja realizado no
Tabelionato de Notas.

- Finalmente, tratando-se de bens imóveis que permanecem em nome do falecido, o


inventário extrajudicial, por si, não realiza a transferência do bem: ainda se faz
necessário regularizar a situação perante o Registro de Imóveis.

2.2) Documentos que devem ser apresentados:

Herdeiros e Cônjuge supérstite


a) Cópia da cédula de identidade (RG) e CPF;
b) Cópia da certidão de casamento (se casado, separado, divorciado ou viúvo);
c) Pacto antenupcial, se houver;
d) Cópia da certidão de óbito com firma reconhecida no original do oficial que a
expediu (se viúvo);
e) Informar endereço, telefone e e-mail;
f) Informar profissão.

Autor da herança ou falecido


a) Cópia da cédula de identidade (RG) e CPF;
b) Cópia da certidão de casamento (se casado, separado ou divorciado);
c) Pacto antenupcial, se houver;
d) Cópia da certidão de óbito;
e) Certidão comprobatória da inexistência de testamento expedida pelo Sistema
CENSEC do Colégio Notarial do Brasil;
f) Certidão negativa conjunta da Receita Federal e PGFN;
g) Certidão de feitos ajuizados (distribuição Cível, executivos fiscais, federal,
trabalhista e criminal);
h) Certidão da Central de Indisponibilidade de bens;
i) Certidão negativa de execuções trabalhistas.

Bens Imóveis – Urbano


a) Certidão de matrícula ou transcrição atualizada;
b) Declaração de quitação de condomínio assinada pelo síndico;
c) Certidão negativa de IPTU sobre os imóveis;
d) Certidão de terreno de marinha dos imóveis, se houver;

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e) Valor atribuído ao imóvel para efeitos fiscais.

Bens Imóveis – Rural


a) Certidão de matrícula ou transcrição atualizada;
b) Certidão de regularidade fiscal do ITR do imóvel emitida pela Secretaria da
Receita Federal;
c) CCIR - Certificado de Cadastro de Imóvel Rural;
d) DITR - Declaração do Imposto sobre a Propriedade Rural;
e) Valor atribuído ao imóvel para efeitos fiscais.

Bens Móveis
a) Documentos que comprovem o domínio e preço de bens móveis, se houver;
b) Extrato bancário da data do óbito;
c) Automóvel - avaliação pela FIPE e cópia autenticada do documento de
propriedade;
d) Móveis que adornam os imóveis - valor atribuído pelas partes;

Sociedades comerciais ou simples


a) Cartão de cadastro do CNPJ;
b) Cópia autenticada do contrato ou estatuto social e última alteração;
c) Certidão simplificada da Junta Comercial ou de Cartório de Registro de Pessoas
Jurídicas
d) Balanço patrimonial anual da empresa assinada pelo contador.

Advogado
a) Cópia da carteira profissional – OAB e CPF;
b) Informar estado civil;
c) Informar endereço profissional, telefone e e-mail;
d) Requerimento com as primeiras declarações assinado pelo advogado e por
todos os herdeiros solicitando a lavratura da escritura de inventário e partilha no
cartório;
e) Minuta com as primeiras declarações e proposta de partilha dos bens e
indicação do inventariante;
f) Procuração atualizada, se não for inserida no termo de abertura.

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É possível a emissão das certidões através da Internet no seguintes sites:

http://www.receita.fazenda.gov.br (Tributos Federais)


http://www.censec.org.br (Central de Testamentos)
http://efisco.sefaz.pe.gov.br (Tributos Estaduais - Pernambuco)
http://www.recife.pe.gov.br (Imóveis – IPTU – Recife)
http://www.spu.planejamento.gov.br (Certidão de situação de Ocupação/Aforamento –
Imóveis).

i) Certificado de Cadastro de Imóvel Rural (CCIR) se houver imóvel rural a ser


partilhado; A obtenção da CCIR é possível através do site do INCRA, vide o passo a
passo:

1) www.incra.gov.br >>> 2) "Serviços" >>> 3) CCIR >>> 4) "Clique aqui para a emissão
de Certificado de Cadastro de Imóvel Rural (CCIR)"

j) Certidão de inexistência de testamento, onde houver Cartório específico em que vá


ser realizado o registro, o que poderá ser suprido por declaração das partes no corpo
da Escritura;

k) Procuração com poderes específicos para os interessados que não puderem


comparecer pessoalmente ao Tabelionato de Notas;

Além do exposto, cabe a realização de outra ressalva: conforme o art. 23 da


Resolução 35/2007 do CNJ, "Os documentos apresentados no ato da lavratura da
escritura devem ser originais ou em cópias autenticadas, salvo as identidades das
partes, que sempre serão originais".

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3 - Assistência do advogado

A presença do advogado ou defensor público é requisito indispensável à


realização do inventário extrajudicial, sendo exigido que na lavratura das escrituras
constem seus respectivos nomes e registros na OAB.

O tabelião não pode indicar advogados, assim como não pode manter
advogados de plantão no tabelionato à espera de inventários. Ao cidadão que não
possui condições financeiras de constituir procurador, deve ser indicada a Defensoria
Pública ou em último caso, a Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil.

As partes podem ser representadas por um único advogado ou cada uma delas
pode ser acompanhada por seu próprio representante. Caso haja algum herdeiro que
seja advogado, este pode atuar em causa própria.

Não há a exigência do instrumento de procuração, sendo necessário apenas que


todos os advogados firmem a escritura. Porém, em caso de procuração para que o
herdeiro seja representado no inventário, esta deve ser realizada através de escritura
pública com poderes especiais. Se não realizado desta forma, algum interessado pode
sugerir a nulidade do ato por vias judiciais, comprovando em juízo a ausência do
instrumento processual.

4 - Documentos para comprovação de propriedade

Os documentos necessários à comprovação da titularidade dos bens devem ser


apresentados no ato de lavratura da escritura, na forma original ou em forma de cópia
autenticada.

Para os bens imóveis se faz necessário apresentar certidão de propriedade e


direitos a eles relativos.

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Em caso de imóveis urbanos, são necessários os seguintes documentos:

a) Certidão de ônus expedida pelo Cartório de Registro de Imóveis;

b) Cadastro Imobiliário na Prefeitura ou carnê de IPTU;

c) Certidão negativa de tributos municipais incidentes sobre imóveis;

d) Declaração de quitação de débitos condominiais;

Em caso de imóveis rurais, são necessários os seguintes documentos:

a) Certidão de ônus expedida pelo Cartório de Registro de Imóveis;

b) Cópia autenticada da declaração de ITR dos últimos 5 (cinco) anos ou Certidão


Negativa de Débitos de Imóvel Rural emitida pela Secretaria da Receita Federal –
Ministério da Fazenda;

c) CCIR – Certificado de Cadastro de Imóvel Rural expedido pelo INCRA;

Para os bens móveis, documentos necessários à comprovação da titularidade, se


houver, serão:

- Documento de veículos, extratos bancários, certidão da junta comercial ou do cartório


de registro civil de pessoas jurídicas, notas fiscais de bens, jóias e outros.

Com a assinatura da escritura, são produzidos automaticamente os efeitos do


inventário, independentemente de homologação judicial. Portanto, para realizar a
transferência dos bens para o nome dos herdeiros é necessário apresentar a escritura
do inventário para registro, nos respectivos locais competentes, a depender dos tipos
de bens. Por exemplo: Cartório de Registro de Imóveis (bens imóveis), no DETRAN
(veículos), no Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas ou na Junta Comercial
(sociedades), nos Bancos (contas bancárias).

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5 - Imposto de transmissão causa mortis

O ITCMD (Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação de quaisquer


Bens ou Direitos) ou ICD, como é denominado em Pernambuco, é um Imposto Estadual
devido por toda pessoa física ou jurídica que receber bens (móveis ou imóveis) ou
direitos como herança (em virtude da morte do antigo proprietário) ou como doação.

Compete ao Senado Federal estabelecer as alíquotas máximas do ICD


(Constituição Federal, art. 155). Por meio da Resolução nº 09/1992, o Senado fixou em
8% (oito por cento) a alíquota máxima do tributo.

Quando a transmissão é de bens imóveis e respectivos direitos, o ICD compete


ao Estado da situação do bem ou ao Distrito Federal. Assim, se um imóvel está
localizado em Pernambuco e tem sua propriedade transferida em virtude de sucessão
causa mortis, não importa onde foi processado o inventário ou arrolamento ou onde
estão domiciliados doador e donatário, o ICD pertencerá ao Estado de Pernambuco.

Quando a transmissão, decorrente de sucessão causa mortis, é de bens móveis,


títulos e créditos, o ICD compete ao Estado (ou Distrito Federal) em que se processar o
inventário ou arrolamento. Se alguém falece e tem seu inventário processado em São
Paulo, a este Estado caberá o ICD, mesmo que relativo a bens móveis localizados em
Pernambuco.

Segundo o art. 35 do Código Tributário Nacional, nas transmissões causa mortis


ocorrem tantos fatos geradores distintos quantos sejam os herdeiros, isto é, cada
herdeiro deverá recolher o ICD. A base de cálculo da alíquota será o valor de mercado
dos bens ou direitos objeto da transmissão. Esse valor será levantado segundo
estimativa fiscal realizada pelo Auditor Fiscal do Tesouro Estadual.

Para recolher o ICD no Recife, em Jaboatão dos Guararapes ou em Olinda, o


contribuinte deverá formalizar o pedido de lançamento do ICD através do
preenchimento de formulário próprio que deverá ser entregue na Unidade de Controle

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do ICD/UICD, localizada na Av. Dantas Barreto, nº 1186, 16º andar, Bairro São José,
Recife, CEP 50020-904.

As alíquotas do ICD são fixadas livremente pelos Estados, respeitando o limite


máximo de 8% (oito por cento) fixado pelo Senado Federal. Em Pernambuco, nos
casos de transmissão causa mortis a alíquota será aquela vigente na data do óbito:

Data do óbito Alíquota


Até 1982 2%
De 1983 até 1996 4%
De 1997 a 2000 Tabela Progressiva
De 2001 em diante 5%

Tabela progressiva (aplicável de 1997 a 2000):


Valor total dos bens Parentesco
1º grau 2º e 3º graus
Até R$ 16.650,00 4% 6%
De R$ 16.651,00 a R$ 82350,00 6% 8%
Maior que R$ 82.351, 00 8% 8%

A partir da Lei 15.601, de 30/09/2015, as alíquotas do ICD em Pernambuco passaram a


ser as seguintes:

Valor do quinhão ou da doação Alíquota do ICD


até R$ 200.000,00 2%
acima de R$ 200.000,00 até R$ 300.000,00 4%
acima de R$ 300.000,00 até R$ 400.000,00 6%
acima de R$ 400.000,00 8%

O imposto poderá ser pago à vista com uma redução de 10% (dez por cento)
sobre o valor imposto, ou poderá ser parcelado em até 06 (seis) parcelas, sem direito a
desconto. Se o contribuinte dentro do prazo de recolhimento do tributo (30 dias da
ciência da notificação de lançamento do ITCMD), não efetuar o pagamento, o crédito
tributário será inscrito na Dívida Ativa do Estado acrescido de uma multa de 5% (cinco
por cento).

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Nos casos de inventário ou arrolamento que não for aberto dentro do prazo de
60 (sessenta dias) do óbito, o imposto será calculado com acréscimo de multa
equivalente a 1% (um por cento) do valor do imposto.

6 - Aceitação e renúncia de herança

Determina a lei que, aceita a herança, torna-se definitiva a sua transmissão ao


herdeiro, a partir da abertura da sucessão. Caso o herdeiro renuncie à herança, não
ocorre a transmissão (Código Civil, art. 1804).

A aceitação da herança é o ato pelo qual o herdeiro confirma seu desejo de


receber a herança, sem que seja necessária a concordância de terceiros. Mesmo
havendo a transmissão aos herdeiros no momento em que ocorreu o falecimento e a
abertura da sucessão, faz-se precisa a aceitação, que funciona como mera
confirmação. Antes da aceitação existe uma situação provisória na qual ainda é
possível que ocorra a recusa, já que o herdeiro não é obrigado a aceitar a herança. De
acordo com o Art. 1808 do Código Civil, não é possível a aceitação ou renúncia parcial
do quinhão.

São consideradas possíveis duas formas de aceitação:

a) Expressa: é aquela que se faz por declaração escrita, podendo o escrito


ser público ou particular. Não sendo possível a aceitação verbal.
b) Tácita: é aquela pela qual o herdeiro pratica atos que indicam a aceitação.
Em síntese, atos definitivos de administração do espólio ou dos bens do
falecido. Como, por exemplo, o pagamento dos tributos do imóvel e a
contratação de funcionários para a conservação. Atos oficiosos, como o
funeral do finado, os meramente conservatórios, ou os de administração e
guarda provisória não se caracterizam como aceitação tácita (Código Civil,
art. 1805). São apenas simples favores à pessoa do morto e aos herdeiros
ou soluções de problemas urgentes.

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A aceitação é dada como presumida caso o herdeiro não se manifeste,


permaneça em silêncio. Nesses termos, o interessado na declaração de aceitação do
herdeiro poderá, vinte dias após aberta a sucessão, requerer ao juiz prazo de até trinta
dias para o herdeiro se pronunciar.

Conforme consta no Art. 1809 do Código Civil, caso o herdeiro faleça antes de
ter aceitado a herança expressa ou tacitamente, direito de aceitar a herança se
transfere aos seus herdeiros.

Se aceita a herança por um dos herdeiros e recusada por outro, o quinhão


recusado volta ao monte e se partilha entre os demais herdeiros que aceitaram a
herança.

Na renúncia, ato pelo qual o herdeiro recusa a herança, não é criado qualquer
direito ao renunciante, pois se considera que ele nunca foi herdeiro. A renúncia à
herança não pode ocorrer antes da abertura da sucessão, isto é, antes da morte de seu
autor.

Os efeitos da renúncia são retroativos à data de abertura da sucessão. Os


herdeiros do renunciante, portanto, não herdam por representação, porque a renúncia
significa que o renunciante nunca foi herdeiro. Como decorrência lógica, não se pode
transmitir algo que nunca se teve primeiramente.

São considerados dois tipos de renúncia:

a) Abdicativa: quando o declarante simplesmente diz que não aceita a


herança, que será devolvida ao monte hereditário, visando à partilha entre
os demais herdeiros.
b) Translativa: quando o herdeiro recebe a herança e a transfere a certa
pessoa. Também chamada de renúncia in favorem, necessita da
aceitação prévia da herança para que depois haja a transferência, por isso
não é considerada uma renúncia, mas sim uma cessão de direitos, que
será explicada no próximo tópico.

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A grande diferença entre os dois tipos de renúncia é que se realmente for


abdicativa, haverá apenas a incidência do ICD (Imposto de Transmissão Causa Mortis
e Doação), sem que seja necessária a incidência de impostos inter vivos. O que não
quer dizer que o herdeiro renunciante terá que pagar algum imposto quando fizer a
renúncia, quem pagará o ICD será os outros herdeiros. O herdeiro renunciante não
pagará nada, pois é tratado como se herdeiro não fosse.

Para renunciar à herança, o declarante deve fazê-lo por escritura pública ou


termo judicial, sendo nula a renúncia por instrumento particular (Código Civil, art. 1806).
A lei não permite a renúncia tácita, mas apenas a expressa.

Caso o herdeiro prejudique os seus credores, renunciando à herança, eles


poderão, com autorização judicial, aceitar a herança em nome do renunciante. O
credor, no entanto, não se torna herdeiro ou representante do herdeiro, pois após
pagas as dívidas, o remanescente não pertencerá ao credor nem ao renunciante. A
habilitação dos credores no inventário deve ser feita no prazo de 30 (trinta) dias
seguintes ao conhecimento da renúncia.

Entende-se que a renúncia da herança necessita, para sua validade, da


concordância do cônjuge de bens, exceto se o casamento se der sob o regime da
separação absoluta (Resolução nº 35/2007 do CNJ, art. 17).

Tanto a renúncia quanto a aceitação da herança são irrevogáveis, salvo em


casos de vícios do consentimento, como a coação, a violência, o dolo e o erro (Código
Civil, art. 1812). Não se pode aceitar ou renunciar a herança sob condição ou termo,
isto é, os efeitos da aceitação e da renúncia não poderão estar subordinados a um
evento futuro, seja incerto (condição) ou certo (termo) (Código Civil, art. 1808).

7 - Cessão de direitos hereditários

O herdeiro pode, se assim desejar, ceder a sua herança total ou parcialmente.


Cessão não é renúncia. Na renúncia, é como se o herdeiro não tivesse recebido a

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herança, ele recusa a herança, abre mão da herança. Já na cessão, o herdeiro


transfere a herança que recebeu a uma outra pessoa (um beneficiário).

Essa cessão pode ser gratuita, ou seja, o herdeiro vai ceder os direitos
hereditários para o beneficiário sem receber nada em troca, e pode ser onerosa, o
herdeiro pode negociar com outras pessoas os seus direitos hereditários. Ele pode
“vender” os seus direitos hereditários, pode ceder esses direitos em troca de dinheiro,
algum bem ou algum valor. O herdeiro pode alienar esses direitos, pode negociá-los
com outrem.

Se a cessão for gratuita, o herdeiro pode ceder os direitos hereditários para


qualquer pessoa. Agora, se a cessão for onerosa, ele primeiro terá que oferecer a
cessão aos outros herdeiros com o mesmo preço e com iguais condições de
pagamento (este é o direito de preferência). Somente se nenhum dos outros herdeiros
aceitar as condições oferecidas pelo herdeiro cedente (aquele que quer ceder o seu
quinhão) é que ele vai poder oferecê-la a outra pessoa que seja estranha à sucessão
(Código Civil, art. 1.794). Ou seja, somente se nenhum dos herdeiros quiser a cessão
nas condições oferecidas, é que o herdeiro cedente poderá oferecer para alguém que
não seja herdeiro.

Em relação aos impostos a serem pagos, na cessão existe uma dupla tributação:
um tributo vai incidir na transmissão que se deu do “de cujus” para o herdeiro (Imposto
causa mortis) e outro tributo vai incidir na cessão dos direitos sucessórios do herdeiro
para o terceiro (Imposto inter vivos). Se a cessão foi gratuita, incidirá duas vezes o ICD
(Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação), pois a primeira incidência do ICD é
por causa da transmissão causa mortis (do de cujus para o herdeiro) e a segunda
incidência é por causa da cessão que, por ter sido gratuita, será considerada uma
doação. Agora, se a cessão for onerosa, irá incidir o ICD por causa da transmissão
causa mortis e depois irá incidir o ITBI (Imposto sobre Transmissão inter vivos de bens
imóveis e Direitos a ele relativos) por causa da transferência onerosa dos direitos
hereditários do herdeiro para o terceiro.

Caso o herdeiro não ofereça o seu quinhão aos demais e aliene diretamente os
seus direitos sucessórios a um estranho à sucessão, sem, portanto, respeitar o direito
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de preferência, qualquer dos herdeiros pode, no prazo de 180 dias, depositar o valor e
ter para si a herança cedida. Caso mais de um herdeiro esteja interessado na herança
cedida, o quinhão hereditário vai ser dividido entre eles, na proporção das respectivas
quotas hereditárias (Código Civil, art. 1.795).

A cessão pode ser feita desde o início do inventário até a partilha de bens. Caso
a partilha já tenha ocorrido, os bens já são dos herdeiros e qualquer herdeiro poderá
transferir os seus bens a terceiros através da venda ou da doação. É importante
destacar que, depois de feita a cessão, o beneficiário não se tornará herdeiro, ele vai
ter os direitos hereditários do herdeiro, ou seja, ele vai poder receber o quinhão que
caberia ao herdeiro que lhe cedeu os seus direitos, mas isto não o colocará na posição
de herdeiro.

A cessão de direitos sucessórios deve ser realizada através de escritura pública.


O herdeiro pode ceder todo o quinhão hereditário que tem direito ou uma parte dele,
mas não poderá ceder bens determinados. Não é possível individualizar os bens a
serem transmitidos. (Código Civil, art. 1.793 § 2o). Enquanto a herança for indivisa (não
tiver sido feita a partilha de bens e divido qual bem cabe a cada herdeiro), na cessão
não se pode discriminar as coisas que pretende alienar, não se pode dizer quais são os
bens do inventário que a cessão abrange, salvo por autorização judicial (Código Civil,
art. 1.793, § 3º).

Na cessão, o herdeiro não está transmitindo bens e sim direitos hereditários. Por
exemplo, temos um inventário em que os bens do espólio são um carro e um imóvel
(um apartamento). Nós temos dois herdeiros desse inventário e o falecido era solteiro,
não deixou viúva meeira, os herdeiros são Paulo e Pedro. Antes da partilha, Paulo não
pode alienar, doar e nem ceder direitos hereditários referentes, especificamente, ao
carro e nem ao imóvel. Ele não pode alegar que tem direito a um dos bens. O que
Paulo pode fazer é ceder, gratuita ou onerosamente, o quinhão hereditário dele. E o
que é o quinhão dele? Nesse caso, como só temos dois herdeiros, o quinhão de Paulo
é 50% do espólio (que é composto por um carro e por um imóvel). Na cessão de
direitos hereditários não se pode vender bens determinados porque até a partilha ser
finalizada não está decidido se Paulo irá ficar com o carro ou se será Pedro que ficará
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com o bem. Pode ser que Paulo fique com o imóvel, pode ser que Pedro fique, não tem
como saber. Até a partilha não se sabe quem ficará com o quê.

A cessão de direitos sucessórios só vai abranger os direitos do quinhão


hereditário que o herdeiro tinha no momento em que se concretizou o negócio. Caso,
supervenientemente (depois de feita a cessão), o herdeiro que cedeu seu quinhão,
adquira direitos em decorrência de substituição (Código Civil, arts. 1.947 a 1.960) ou de
direito de acrescer (Código Civil, arts. 1.941 a 1.946), a cessão que ele fez não vai ter
abrangido tais direitos, salvo se, no próprio instrumento de cessão, as partes
estabelecerem o contrário. (Código Civil, art. 1.793 § 1º).

Com exceção de o casamento ser o de regime de separação total de bens


(Código Civil, art. 1.687), caso o herdeiro que queira ceder o seu quinhão hereditário
seja casado ou conviva em união estável, ele necessitará da concordância do seu
cônjuge ou companheiro para realizar a cessão.

O cônjuge ou o companheiro do falecido, apesar de não serem herdeiros e sim


meeiros, podem ceder sua meação.

O herdeiro menor de idade não pode ceder o seu quinhão hereditário, mesmo
com a anuência dos seus pais. Só será possível a cessão dos direitos hereditários de
um menor de idade se ele obtiver uma autorização judicial para este fim. É também
proibida a celebração de contrato de cessão de direitos hereditários que tratar de
herança de pessoa viva (Código Civil, art. 426).

Por fim, se o falecido tiver feito um testamento e nele estiver contido a “cláusula
de inalienabilidade à herança”, o herdeiro não vai poder realizar a cessão, ele só
poderá renunciar.

8 – Direito de representação

Quando há a morte de um herdeiro antes da abertura da sucessão são os seus


descendentes que irão sucedê-lo em todos os direitos, irão receber a herança no lugar
18
Tabelionato Figueiredo
Manual de Inventário e Partilha Extrajudicial

dele. Importante frisar que os descendentes, portanto, herdam na qualidade de


representantes do herdeiro pré-morto e não por direito próprio. Também podemos dizer
que há o fenômeno da representação quando o herdeiro se tornar indigno ou for
deserdado da herança (Código Civil, arts. 1.814 a 1.818 e 1.961 a 1.965).

Os representantes só herdam o que caberia ao herdeiro pré-morto, se vivo fosse.


Em outras palavras, o seu quinhão é dividido igualmente entre os que representam.
(Código Civil, arts. 1.854 e 1.855). Agora, para que seja considerado herdeiro por
representação, o descendente do herdeiro pré-morto precisa ser pessoa já nascida ou
concebida no momento da abertura da sucessão (Código Civil, art. 1.798).

O herdeiro por representação comparece em nome do ascendente, ele não é


herdeiro direto e sim sucessor do herdeiro direto (que é o herdeiro que faleceu),
portanto, por ser descendente do herdeiro pré-morto, diz-se que ele herda por estirpe.
Na partilha de bens, os quinhões são divididos em tantas porções quantas são os
herdeiros diretos (herança por cabeça), só que, no caso de um herdeiro direto falecer,
considera-se que há uma estirpe e dentro de cada estirpe se subdivide o quinhão do
herdeiro falecido pelo número de seus descendentes.

No caso de herança por representação, considera-se que ocorreu uma única


transmissão da herança. O falecido transmite diretamente a herança aos descendentes
do herdeiro que faleceu, portanto só incidirá um imposto causa mortis e não dois.

Se ocorrer renúncia do herdeiro direto, os seus descendentes não poderão


herdar o quinhão que lhe cabia por representação, pois se tem que entender que,
quando renuncia, o herdeiro direto abriu mão da herança, portanto, é tratado como se
herdeiro não mais fosse, pois o renunciante fica fora da sucessão.

Agora, caso ocorra a hipótese de existirem mais de um herdeiro por


representação de um ascendente em comum, caso um deles renuncie, a parte que lhe
cabia não retornará para a herança do inventariado (autor da herança), ela ficará para
os outros herdeiros por representação, os que não renunciaram.

Caso uma pessoa renuncie a herança que tinha direito a receber de outra
pessoa (um filho renuncia a herança do pai, por exemplo), isto não significa que esse
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Tabelionato Figueiredo
Manual de Inventário e Partilha Extrajudicial

herdeiro que renunciou não poderá representar o falecido se, posteriormente, ele for
herdeiro de outra pessoa (seu avô, por exemplo). Ou seja, se um filho renuncia a
herança que tinha direito a receber de seu pai, ele ainda poderá ser herdeiro por
representação no inventário de seu avô (caso o avô venha a falecer posteriormente)
para receber a parte que lhe caiba dentro do quinhão que pertenceria ao seu pai
(Código Civil, art. 1.856). Isto se dá porque, no exemplo mencionado, o filho foi
renunciante na sucessão do pai, entretanto não foi renunciante na sucessão do avô.

Entre os ascendentes, não há o que se falar de direito de representação.


Também não há direito de representação quanto ao cônjuge sobrevivente e nem
quanto ao companheiro na união estável. Por exemplo, a esposa não pode herdar por
representação o quinhão hereditário que caberia ao falecido marido no inventário do
sogro. Por fim, não é possível existir direito de representação nos casos de sucessão
testamentária em que o beneficiado por testamento falece antes do testador.

O direito de representação pode ocorrer também em relação aos irmãos do


falecido. Na hipótese de os irmãos do de cujus serem chamados à sucessão, se um
deles for pré-morto, os seus filhos (sobrinhos do falecido) representarão o pai na
sucessão do tio (Código Civil, 1.853).

9 - Etapas para lavratura de inventário extrajudicial

A possibilidade de realizar o inventário e a partilha por via extrajudicial é uma


oportunidade bastante conveniente, tendo em vista a celeridade que confere ao
processo.

Há, contudo, o devido procedimento para sua realização.

ETAPA PROCEDIMENTO
1 - Requerimento Apenas podem requisitar a realização extrajudicial do
inventário os herdeiros, o cônjuge supérstite (viúvo ou viúva)
e os cessionários de direitos hereditários. Logo, devem esses
ser auxiliados por advogado responsável pela condução do
processo junto ao Tabelionato de Notas.

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Tabelionato Figueiredo
Manual de Inventário e Partilha Extrajudicial

2 - Requisitos É necessário, em princípio, para que se possa iniciar o


processo administrativo, que sejam cumpridos os requisitos
objetivos e subjetivos: Partes maiores e capazes; consenso
entre as partes; não existência de testamento; assistência de
Advogado.
3 – Documentos Cumpridos os requisitos para abertura do processo, o
advogado deve comparecer ao Tabelionato de Notas,
portando os documentos exigidos no art. 22 da Resolução
CNJ 35/2007.
4 – Esboço da Após a entrega da documentação pelo advogado, segue o
partilha esboço da partilha, um dos documentos necessários para
iniciar o processo e de responsabilidade do advogado, que
servirá de base para a Secretaria da Fazenda do Estado
realizar o lançamento do ICD.
5 – Avaliação fiscal e Com a análise da minuta da escritura de inventário e partilha
pagamento do ICD e pela Fazenda Estadual, e aprovação pelos sucessores e
custas herdeiros, deve-se efetuar o pagamento do ICD e dos
emolumentos do cartório para assim ser providenciada a
lavratura de escritura de inventário e partilha extrajudicial.
6 – Assinatura da Na data agendada, os herdeiros e sucessores, juntamente
escritura com o advogado, comparecem ao Tabelionato de Notas
para a assinatura da Escritura de Inventário.
7 – Qualificação das Devem estar presentes no Tabelionato de Notas todos os
partes e dos interessados ou seus representantes, portando os
procuradores documentos de identidade e a procuração pública, se houver,
e o advogado, que pode ser comum a todas as partes, para a
assinatura da Escritura de Inventário.
8 – Emissão do O Tabelionato de Notas deve, após a assinatura da
traslado da escritura escritura, extrair um traslado que, caso haja bens imóveis no
inventário, deverá ser registrado junto ao Cartório de Registro
Imobiliários (RGI), para que se efetue a transferência da
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Tabelionato Figueiredo
Manual de Inventário e Partilha Extrajudicial

propriedade.
9 – Bens imóveis Nos casos em que houver bens registrados em cartórios
situados em diversos, deve-se apresentar o referido traslado em cada um
jurisdição diversa deles, a fim de que haja a transferências de todas as
propriedades para os herdeiros.
10 – Bens móveis No caso de haverem bens móveis inventariados, passíveis
também de registro, deve o herdeiro levar ao órgão
responsável pelo registro o traslado, a fim de que lhe sejam
também transferidas as propriedades desses.

10 – Custas e despesas do inventário extrajudicial

No que concerne aos custos para realização do processo, cabe dividi-los em três
partes: o valor a ser pago para lavratura da escritura de inventário; os honorários
advocaPaulos (tendo em vista que é previsto na Lei número 11.441/2007, a assistência
necessária de advogado às partes); e os custos para emissão de documentação
necessária, discriminada no ponto 2-B (Instrumentos para a realização do Inventário
extrajudicial – Sobre os documentos a serem apresentados), para iniciar o processo.

O valor a ser pago para lavratura de escritura de inventário extrajudicial e artilha


é variável de acordo com a quantidade de bens a inventariar e o valor da respectiva
avaliação fiscal para efeito de recolhimento do Imposto Causa Mortis e Doação – ICD.

Para cada bem inventariado, o valor da transmissão por herança ou doação


poderá variar de R$ 159,68 a R$ 4.756,16, além da Taxa de Prestação de Serviços
Notariais e Registrais do Tribunal de Justiça do Estado (TSNR), variável de 0,2% a
0,3% do valor declarado de cada bem.

Quanto aos honorários advocaPaulos, a OAB-PE estabelece que, caso o


advogado seja único para todos envolvidos no inventário, será de 2% a 5% sobre o
valor do monte-mor (valor total do inventário), respeitando o valor mínimo de
R$1.000,00. Caso, no entanto, o advogado seja representante exclusivamente de uma
das partes, o valor estabelecido é de 2% a 5% sobre o valor que couber à parte,

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Tabelionato Figueiredo
Manual de Inventário e Partilha Extrajudicial

respeitando também o mínimo de R$1.000,00. Vale lembrar que se as pessoas não


puderem arcar com os custos advocatícios, devem se dirigir à Defensoria Pública e
realizar o Inventário Extrajudicial com a assistência de um Defensor Público.

Cabe ainda ressaltar quanto emissão da documentação necessária para iniciar o


processo de inventário, que nenhum deles é atrelado necessariamente a custo algum,
uma vez que podem ser utilizados, no processo, os respectivos documentos originais.
Não obstante, há custos específicos para remissão desses documentos em caso de
perdas. Quanto às certidões negativas de tributos municipais, estaduais e federais em
nome do espólio, bem como quanto a Certidão de Transferência de situação de
Ocupação/Aforamento, é imprescindível pontuar que são gratuitas e podem ser
emitidas via internet nos sites da Prefeitura do Recife (para os municipais)1, da
Secretaria de Estado de Fazenda de Pernambuco (para os estaduais) 2, da Receita
Federal (para os federais)3 e da Secretaria de Patrimônio da União (para a Certidão de
situação de Ocupação/Aforamento)4.

11 – Registro do inventário no cartório de imóveis e outros órgãos

Após o cumprimento de todas as condições necessárias, será expedida uma


escritura pública, na qual deverá constar a qualificação dos herdeiros, a descrição dos
bens partilhados, e a assinatura das partes. É necessário enfatizar que essa escritura
não depende de homologação do juiz e que de acordo com a Lei 11.441 de 2007, dá
legitimidade para constituir o registro de imóveis.

Posteriormente à lavratura da escritura pública, o inventariante deverá se dirigir


ao órgão competente para que haja o registro perante a este órgão e que seja efetivada
a transferência do bem.

No caso de o bem ser imóvel, por exemplo, é imprescindível que os herdeiros se


dirijam ao Cartório de Imóveis, em posse da escritura e documentos pessoais, para

1 http://www.recife.pe.gov.br/pr/secfinancas/
2 www.sefaz.pe.gov.br
3 http://www.receita.fazenda.gov.br/grupo2/certidoes.htm
4 www.spu.planejamento.gov.br

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Tabelionato Figueiredo
Manual de Inventário e Partilha Extrajudicial

realizar o registro junto a este órgão, de forma que sejam efetivamente transferidos os
direitos reais sobre o referido bem, passando a ser o autor o novo titular e proprietário.
De modo a proporcionar a celeridade do procedimento no Cartório de Imóveis, é
necessário que a escritura pública apresentada esteja inserida dentro dos trâmites
legais, tendo como fundamento a Leis de Registros Públicos (6.015/1973), a qual regula
o registro do imóvel quando este é partilhado a partir de inventário extrajudicial.

Além disso, deverá haver averbação nos demais órgãos públicos competentes,
como a Prefeitura Municipal, para a transferência do cadastro de contribuinte do
Imposto Predial e Território Urbano. Assim, o carnet do referido imposto será emitido
em nome do novo proprietário. Independente dessa averbação, o adquirente
responderá pelo IPTU desde a emissão da nova escritura. Destaca-se que se o imóvel
for edificado em terreno da marinha, o autor também deverá fazer a averbação da
transferência na Secretária do Patrimônio da União no prazo de 30 (trinta) dias a partir
da emissão do registro. Caso não o faça, pagará uma multa de 0,5% (meio por cento)
ao ano sobre o valor que o imóvel for avaliado e terá seu nome inscrito nos cadastro de
Dívida Ativa da União.

Já no caso de o bem inventariado ser alguma quantia retida em bancos ou bens


retidos em cofre, o autor poderá se dirigir para o banco correspondente munido apenas
da escritura pública e dos seus documentos pessoais para poder liberar o valor e o
respectivo objeto. Apenas com apresentação desses documentos o autor será
considerado o novo proprietário e poderá legitimar sua ação.

No que se refere aos bens móveis, deve-se analisar se estes são regidos por
alguma entidade, na qual precisem ter seu registro modificado. Os automóveis, por
exemplo, são regulados pelo DETRAN e se o autor do inventário quiser legitimar a
mudança de propriedade, deve se dirigir a este órgão competente e estar munido da
escritura pública para efetuá-lo.

Ainda é necessário destacar que quando o objeto da partilha se tratar de direitos


autorais, os quais devem ser regulados no Cartório de Registros Públicos, também só
poderá fazer a alteração de propriedade em caso de inventário extrajudicial se estiver
em posse da referida escritura.
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Tabelionato Figueiredo
Manual de Inventário e Partilha Extrajudicial

12 – Legislação aplicável

Como foi dito anteriormente, esse método extrajudicial se tornou possível a partir
da Lei 11.441/2007, que buscou facilitar o procedimento do inventário permitindo uma
maior celeridade na transmissão dos bens, já que é realizado em tabelionato de notas.
Além disso, viu-se nesse procedimento administrativo a possibilidade de partilha de
bens a partir de um consenso entre os herdeiros, se estes forem maiores e capazes.
De acordo com esta lei, é imprescindível que todos os herdeiros estejam assistidos por
advogado, comum ou não, de acordo com a preferência das partes. Ainda é permitida a
escolha do tabelião de notas que fará a lavratura da escritura pública pelos herdeiros.

Os prazos estabelecidos para a abertura e conclusão do inventário extrajudicial


são os mesmos que o judicial, estabelecidos no art. 983 do CPC, quais sejam 60
(sessenta dias) para a abertura e 12 (doze) meses para encerramento do
procedimento, a contar a partir do início do inventário.

De modo a facilitar o procedimento, ao término do inventário extrajudicial, será


emitida uma escritura pública, a qual não depende de homologação judicial e é título
hábil para o registro imobiliário, para a transferência de bens e direitos, bem como para
promoção de todos os atos necessários à materialização das transferências de bens e
levantamento de valores.

No que se refere aos custos, toma-se como base a Lei nº 10.169/2000, a qual
determina que para aplicar os valores dos emolumentos, deverá ser levada em conta a
natureza pública e o caráter social dos serviços de registro, sendo atendidas as regras
do art. 2º da referida lei.

Ainda dispõe a Lei 11.441/2007 que se houver necessidade, ocorrerá, a


nomeação de um (ou alguns) herdeiro(s), na escritura pública, com os mesmos poderes
de um inventariante, para representação do espólio no cumprimento de obrigações
ativas ou passivas pendentes (como por exemplo, o levantamento de FGTS, de

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Tabelionato Figueiredo
Manual de Inventário e Partilha Extrajudicial

restituição de IR ou de valores depositados em bancos ou comparecimento para a


lavratura de outras escrituras. Uma vez que há consenso das partes, não há a
necessidade de se seguir a “ordem de nomeação” do art. 617 do CPC de 2015.

Considera-se possível que herdeiros que não possuam os requisitos estabelecidos


pela Lei 11.441/2007, de ser maior e capaz na época do óbito, mas que atinjam essas
condições até o momento da propositura de abertura do inventário, possam ingressar
com o inventário extrajudicial. Ainda é admitida a aplicação da referida lei se o óbito
tiver ocorrido antes da vigência da mesma, desde que o inventário tenha sido proposto
depois que esta passou a vigorar.

Em síntese, o objetivo da Lei 11.441/2007 foi desafogar o judiciário de ações onde


não existem litígios, oferecendo a possibilidade de serem resolvidas pela via
administrativa ou extrajudicial, resguardando os mesmo efeitos que seriam fornecidos
caso a ação tramitasse em juízo.

Dúvidas frequentes: perguntas e respostas

O que é inventário e partilha?

O inventário é o documento pelo qual se faz a apuração do patrimônio deixado por uma
pessoa falecida. A partilha decorre do inventário: é a divisão do patrimônio da pessoa
falecida entre seus herdeiros e cônjuge, se houver.

Qual a finalidade do inventário?

O inventário e a partilha servem para dividir a herança da pessoa falecida entre seu
cônjuge e herdeiros.

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Tabelionato Figueiredo
Manual de Inventário e Partilha Extrajudicial

Quem deve comparecer?

O herdeiros e o cônjuge viúvo, se houver, deverão comparecer ao cartório,


acompanhados por advogado, que será o assistente das partes.

Quais são os pressupostos para realizar o inventário e a partilha?

Primeiro: Falecimento de uma pessoa que tenha ou não deixado bens;


Segundo: Que os herdeiros sejam maiores, capazes e estejam de comum acordo
quanto à divisão dos bens.

Qual o prazo para a abertura do inventário?

O inventário deve ser aberto no prazo de 60 (sessenta) dias do falecimento da pessoa,


mas esse prazo, em Pernambuco, deve ser o do protocolo do pedido de lançamento do
Imposto Mortis Causa e Doação (ICD) na Secretaria da Fazenda, e não a data do
protocolo do processo no cartório, sob pena de pagamento de multa.

O que é inventário negativo?

Inventário negativo é admissível quando o viúvo ou os herdeiros necessitam fazer prova


de alguma circunstância, como quando o viúvo deseja contrair novo matrimônio e não
deseja a incidência do art. 1.641, I, afastando a causa suspensiva, ou deseja encerrar a
inscrição do CPF do de cujus junto a Receita Federal, ou quando o herdeiro deseja
limitar a sua responsabilidade à força da herança.

O que é nomeação de inventariante?

Previamente à escritura de inventário e partilha, é possível a lavratura de termo de


abertura e de nomeação de inventariante para eleger uma pessoa para representar o
espólio, com poderes de inventariante, perante entes públicos ou privados, bem como
para o cumprimento de obrigações pendentes deixadas pelo falecido.

O que é sobrepartilha?

É uma nova partilha oriunda de bens remanescentes, sonegados ou descobertos após


a partilha do inventário. Ainda que o inventário fora feito na via judicial, é admissível a
sobrepartilha por escritura pública.

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Tabelionato Figueiredo
Manual de Inventário e Partilha Extrajudicial

Modelos

Modelo Termo de Abertura de Inventário Extrajudicial

ESCRITURA PÚBLICA DE TERMO DE ABERTURA


DE INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL DO ESPÓLIO DE
(XXXXXXXX), NA FORMA ABAIXO.

Por este Termo de Abertura de Inventário


Extrajudicial e Representação de Espólio, æData_lav2>, nesta Cidade do Recife,
Capital do Estado de Pernambuco, neste 8º Tabelionato de Notas do Recife, com sede
na Avenida Herculano Bandeira, nº 563, no bairro do Pina, perante mim, Ivanildo de
Figueiredo Andrade de Oliveira Filho, Tabelião Público, compareceu, como Requerente
(QUALIFICAÇÃO DO REQUERENTE); comparece ao presente ato notarial, como
patrono comum das partes, em atendimento ao previsto no § 2º do art. 982, parágrafo
único, do Código de Processo Civil, o advogado (QUALIFICAÇÃO DO ADVOGADO), na
qualidade de assistente, e que ao final subscreve esta pública escritura, ficando
dispensada a transcrição do instrumento de procuração; os presentes reconhecidos
como os próprios pelo Tabelião Público, conforme os documentos apresentados,
pessoas maiores e juridicamente capazes, do que dou fé. E, perante mim, Tabelião,
pelos Requerentes foi declarado que, em virtude do falecimento de (NOME DO
FALECIDO), que em vida era (NACIONALIDADE), (ESTADO CIVIL), (PROFISSÃO),
nascido em (DATA DE NASCIMENTO), na cidade de (CIDADE DE NASCIMENTO), no
Estado de (ESTADO DE NASCIMENTO), sendo filho de (NOME DO PAI) de (NOME
DA MÃE), cujo falecimento ocorreu no dia (DATA DO ÓBITO) , conforme faz prova a
Certidão de Óbito expedida pelo Cartório da (NUMERO CARTORIO) Circunscrição do
Registro Civil da Cidade de(CIDADE DO CARTÓRIO), sob o registro de nº(NUMERO
REGISTRO ÓBITO), do Livro nº (NUMERO LIVRO), às folhas (FOLHAS DO LIVRO),
sendo do estado civil de(ESTADO CIVIL DO FALECIDO), casado com (NOME DO
CONJUGE OU CONVIVENTE) pelo regime da (REGIME DE CASAMENTO), deixando
(NUMERO DE FILHOS OU HERDEIROS), de nome (NOME DOS FILHOS), todos
maiores e capazes, vêm solicitar a abertura de inventário extrajudicial, nos termos do
art. 982 do Código de Processo Civil, com a redação da Lei nº 11.441, de 04/01/2007, e
de acordo com os procedimentos da Resolução nº 35, de 24/04/2007 do Conselho
Nacional de Justiça - CNJ, que deverá ser processado nos termos seguintes. 1) Os
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Tabelionato Figueiredo
Manual de Inventário e Partilha Extrajudicial

Requerentes estão de acordo com a realização do inventário pela via extrajudicial, não
existindo conflito ou litígio para a partilha amigável dos bens deixados pelo falecido; 2)
Para fins de representação do espólio, de acordo com o previsto no art. 3º da
Resolução CNJ nº 35/2007, os herdeiros nomeiam a (NOME DO INVENTARIANTE),
com os mesmos poderes de inventariante previstos no art. 617 do Código de Processo
Civil de 2015, especialmente para representar o espólio ativa e passivamente, em juízo
ou fora dele, administrar o espólio, prestar as primeiras e últimas declarações, exibir em
cartório, a qualquer tempo, para exame das partes, os documentos relativos ao espólio
e prestar contas de sua gestão; 3) No processamento do inventário pela via extrajudicial
deverão ser partilhados bens móveis e imóveis, conforme a seguir discriminados:
(RELAÇÃO DOS BENS QUE SERÃO INVENTARIADOS); 4) Os herdeiros e o cônjuge
supérstite, de comum acordo, autorizam o Inventariante a proceder ao levantamento de
informações e valores perante bancos e instituições financeiras, especialmente perante
o banco (BANCO, AGÊNCIA E CONTA CORRENTE), inclusive para fins de pagamento
de despesas do espólio com tributos, custas e manutenção de bens móveis e imóveis,
ficando equiparado o presente termo de abertura de inventário extrajudicial como
autorização ou alvará judicial, para todos os fins e efeitos legais, conforme previsto no
art. 3º da Resolução CNJ nº 35/2007. 5) A escritura de inventário e partilha deverá ser
celebrada em comum acordo entre os herdeiros após o recolhimento do Imposto de
Transmissão Mortis Causa e Doação - ICD. Com a lavratura da presente escritura, fica
oficialmente aberto o inventário extrajudicial, para efeitos do art. 983 do Código de
Processo Civil. E assim, por estarem justas e acordadas, as partes me pediram que
fosse lavrada a presente Escritura Pública, que consideram boa, firme e valiosa,
obrigando-se por si, seus herdeiros e sucessores a cumpri-la tal como nela se contém e
declara, e que depois de lida e considerada em tudo conforme, aceitam, outorgam e
assinam. Valor dos emolumentos líquidos de acordo com a tabela da Lei nº
12.978/2005: (___). Valor do Fundo Especial de Registro Civil: (___). Valor da Taxa de
Prestação de Serviços Notariais e Registrais do Tribunal de Justiça do Estado de
Pernambuco - TSNR: (___); Valor total: R$ (___); Recolhido através da Guia do
Sistema de Arrecadação das Serventias Extrajudiciais - SICASE, nº (GUIA SICASE),
em data de (DATA RECOLHIMENTO), no Banco (NOME DO BANCO) ; Certifico que
foram observadas todas as exigências prescritas pelo art. 215 do Código Civil de 2002,
ficando dispensadas as testemunhas a teor do § 5º do referido dispositivo legal. Eu,
_________________ Ivanildo de Figueiredo Andrade de Oliveira Filho, Tabelião titular
do Cartório do 8º Ofício de Notas do Recife, a lavrei e assino. Recife, æData_lav3>.
Selo digital de fiscalização: (NUMERO SELO DIGITAL). Consulte autenticidade em
www.tjpe.jus.br/selodigital.

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Tabelionato Figueiredo
Manual de Inventário e Partilha Extrajudicial

Modelo escritura de inventário e partilha

ESCRITURA PÚBLICA DE INVENTÁRIO


EXTRAJUDICIAL E PARTILHA CONSENSUAL DOS
BENS DE (XXXXXXXX), NA FORMA ABAIXO.

Por esta Escritura Pública de Inventário


Extrajudicial e Partilha Consensual, aos (......) dias do mês de (xxxxxxx) do ano 2018,
nesta cidade do Recife, Capital do Estado de Pernambuco, neste Tabelionato do 8º
Ofício de Notas, situado na Avenida Herculano Bandeira, nº 563, no bairro do Pina,
perante mim, Ivanildo de Figueiredo Andrade de Oliveira Filho, Tabelião Público,
compareceram as partes entre si justas e acordadas, a saber, (QUALIFICAÇÃO DA
VIÚVA E HERDEIROS); comparece ao presente ato notarial, em atendimento ao
previsto no art. 610, § 2º do Código de Processo Civil de 2015, o advogado (NOME E
QUALIFICAÇÃO DO ADVOGADO), na qualidade de assistente, e que ao final
subscreve esta pública escritura, ficando dispensada a transcrição do instrumento de
procuração.os presentes reconhecidos como os próprios por mim, Tabelião Público,
conforme os documentos que me foram apresentados, pessoas maiores e
juridicamente capazes, do que dou fé; E, perante mim, Tabelião Público, pelos
outorgantes e reciprocamente outorgados, me foi declarado que, nos termos do previsto
e autorizado pela Lei nº 11.441, de 04.01.2007 e de acordo com os procedimentos da
Resolução nº 35/2007 do Conselho Nacional de Justiça, decidiram realizar perante este
Tabelionato o inventário extrajudicial e a partilha consensual dos bens deixados por
(NOME DO INVENTARIADO), de acordo com as especificações, estipulações e
condições enunciadas a seguir: 1) DA QUALIFICAÇÃO DO INVENTARIADO – A
presente escritura pública tem como finalidade realizar o inventário extrajudicial e a
partilha consensual dos bens deixados por (NOME E QUALIFICAÇÃO DO
INVENTARIADO), nascido em (XX.XX.XXXX), na cidade de (XXXXXXX), no Estado de
(XXXXXXX), filho de (XXXXXXXXXX) e de (XXXXXXXX), cujo falecimento ocorreu no
dia (XX.XX.XXXX), conforme faz prova a Certidão de Óbito expedida pelo Cartório da
(XX) Circunscrição do Registro Civil da Cidade de (XXXXXX), sob o registro de nº
(XXXXX), do Livro nº (XXXX), às folhas (XXX), deixando bens a inventariar e partilhar.
2) DA VIÚVA E HERDEIROS NECESSÁRIOS - O falecido e inventariado era casado
em únicas núpcias, sob o regime da (XXXXXXXX) com (XXXXXXXXX), acima
qualificada, razão pela qual é sua meeira; HERDEIROS: de seu casamento com
(XXXXXXXX), o falecido teve (XX) filhos (XXXXXXXXXXXXXX), que são seus únicos
herdeiros. 3) DA NOMEAÇÃO DE INVENTARIANTE: Os herdeiros nomeiam
inventariante do espólio de (XXXXXXXXXXXXX), a viúva meeira (XXXXXXXXXXXX),

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Tabelionato Figueiredo
Manual de Inventário e Partilha Extrajudicial

nos termos do art. 617 do Código de Processo Civil de 2015, conferindo-lhe todos os
poderes que se fizerem necessários para representar o espólio em juízo ou fora dele,
podendo praticar todos os atos de administração dos bens que possam eventualmente
estar fora deste inventário e que serão objeto de futura sobrepartilha, nomear advogado
em nome do espólio, ingressar em juízo, ativa ou passivamente, podendo enfim praticar
todos os atos que se fizerem necessários à defesa do espólio e do cumprimento de
suas eventuais obrigações formais, tais como outorga de escrituras de imóveis já
vendidos e quitados. 4) DAS CONDIÇÕES DO INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL – O
falecido (XXXXXXX) não deixou testamento, conforme demonstrado pelas certidões
negativas expedidas pelos Tabelionatos de Notas desta cidade de Recife, e assim foi
reconhecido e declarado pelo viúvo meeiro e por todos os herdeiros presentes a este
ato, assim como não existem interessados incapazes como herdeiros. 5) DOS BENS
A PARTILHAR - 5.1.- DOS BENS IMÓVEIS: O falecido e a viúva possuíam, por
ocasião da abertura da sucessão, os seguintes bens imóveis: 5.1) BENS IMÓVEIS:
(DESCRIÇÃO DE CADA BEM IMÓVEL E VALOR DE AVALIAÇÃO); 5.2) BENS
MÓVEIS: (DESCRIÇÃO DE CADA BEM MÓVEL E VALOR DE AVALIAÇÃO). 6) DO
VALOR TOTAL E CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO DOS BENS – As partes atribuem ao
patrimônio comum do casal o valor total de R$ (VALOR DO PATRIMÔNIO COMUM),
adotando como critério de determinação desse valor (CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO). 7)
DAS DÍVIDAS - O falecido devia, na ocasião da abertura de sua sucessão, a a
importância de (XXXXX) aos seguintes credores, valor esse que deverá ser abatido do
monte. 8) DA PARTILHA DOS BENS - O total líquido dos bens e haveres do espólio
monta em (XXXXXXXXXX) e o total dos débitos, em (XXXXXXX) resultando em um
saldo de (XXXXXXXX), que será partilhado da seguinte forma: 8.1) à viuva meeira
caberá uma quota parte ideal de metade do patrimônio líquido, correspondente ao valor
de R$ (XXXXXXX); 8.2) A cada um dos três filhos (XXXXXXX) caberá uma quota parte
de (XX) do patrimônio líquido, correspondente ao valor de R$ (XXXXXX), para cada um.
9) DO PAGAMENTO DOS QUINHÕES - 9.1) a viúva meeira (XXXXXXXX) receberá
em pagamento de seu quinhão os seguintes bens: (XXXXXXXXXXXXXX); 9.2) O
herdeiro (XXXXXXX) receberá uma (XX) parte representado pelos bens (XXXXXXX);
9.3) O herdeiro (XXXXXXX) receberá uma (XX) parte representado pelos bens
(XXXXXXX); 9.4) O herdeiro (XXXXXXX) receberá uma (XX) parte representado pelos
bens (XXXXXXX). 10) DOS HONORÁRIOS ADVOCAPAULOS – Fica acordado que as
despesas com os honorários do advogado presente a este ato serão repartidas
igualmente pelas partes. 11) DAS DESPESAS COM A LAVRATURA DA ESCRITURA
– As despesas com os emolumentos e taxas para a lavratura da presente escritura
pública serão também igualmente divididas entre as partes. 12) DECLARAÇÕES
FINAIS - As partes declaram que os imóveis ora partilhados se encontram livres e
desembaraçados de quaisquer ônus, dívidas, tributos de quaisquer naturezas e débito
condominial e que não existem feitos ajuizados fundados em ações reais ou pessoais
reipersecutórias que afetem os bens e direitos partilhados; As partes declaram, ainda,
que não são empregadores rurais ou urbanos e não estão sujeitas às prescrições da lei
previdenciária em vigor; as partes requerem e autorizam os Oficiais dos Registros
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Tabelionato Figueiredo
Manual de Inventário e Partilha Extrajudicial

Imobiliários competentes a praticar todos os atos que se fizerem necessários ao


registro da presente. DAS CERTIDÕES E DOCUMENTOS APRESENTADOS –
Certifico que foram apresentados e ficam arquivados nestas Notas os seguintes
documentos: a) certidão de e propriedade dos imóveis; b) certificado de propriedade
dos veículos; c) extratos bancários das contas bancárias; d) Certidão negativa de
tributos municipais de todos os imóveis aqui partilhados. e) Certidão Negativa de
Débitos da Receita Federal; f) Comprovante de recolhimento do ICD emitido pela
Secretaria da Fazenda Estadual relativo aos imóveis objeto da partilha. g) Recolhida a
Taxa de Serviços Notariais e Registrais – TSNR no valor de (VALOR DA TSNR). E
assim, por estarem justas e acordadas, as partes me pediram que fosse lavrada a
presente Escritura Pública, que consideram boa, firme e valiosa, obrigando-se por si,
seus herdeiros e sucessores a cumpri-la tal como nela se contém e declara, e que
depois de lida e considerada em tudo conforme, aceitam, outorgam e assinam. Valor
dos emolumentos líquidos de acordo com a tabela da Lei nº 12.978/2005: (___). Valor
do Fundo Especial de Registro Civil: (___). Valor da Taxa de Prestação de Serviços
Notariais e Registrais do Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco - TSNR: (___);
Valor total: R$ (___); Recolhido através da Guia do Sistema de Arrecadação das
Serventias Extrajudiciais - SICASE, nº (GUIA SICASE), em data de (DATA
RECOLHIMENTO), no Banco (NOME DO BANCO) ; Certifico que foram observadas
todas as exigências prescritas pelo art. 215 do Código Civil de 2002, ficando
dispensadas as testemunhas a teor do § 5º do referido dispositivo legal. Eu,
_________________ Ivanildo de Figueiredo Andrade de Oliveira Filho, Tabelião titular
do Cartório do 8º Ofício de Notas do Recife, a lavrei e assino. Recife, æData_lav3>.
Selo digital de fiscalização: (NUMERO SELO DIGITAL). Consulte autenticidade em
www.tjpe.jus.br/selodigital.

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Tabelionato Figueiredo
Manual de Inventário e Partilha Extrajudicial

Modelo de procuração para representação de herdeiro em inventário

INSTRUMENTO DE PROCURAÇÃO PÚBLICA QUE FAZ


¿NOME_DO_OUTORGANTE>, NA FORMA ABAIXO.

Por este instrumento de Procuração Pública,


æData_lav2>, nesta Cidade do Recife, Capital do Estado de Pernambuco, neste
Tabelionato do 8º Ofício de Notas do Recife, com sede na Avenida Herculano Bandeira,
nº 563, no bairro do Pina, perante mim, Ivanildo de Figueiredo Andrade de Oliveira
Filho, Tabelião Público, compareceu como Outorgante,
¿QUALIFICACAO_DO_OUTORGANTE> ; o presente reconhecido como o próprio pelo
Tabelião Público, conforme os documentos apresentados, pessoa maior e juridicamente
capaz, do que dou fé; E, neste Tabelionato, pelo Outorgante foi declarado que, para os
efeitos do disposto no art. 653 do Código Civil de 2002, nomeia e constitui como
bastante procurador (QUALIFICACAO DO OUTORGADO), a quem confere poderes
específicos para assinar, formalizar ou celebrar, por instrumento público, para os fins e
de acordo com os procedimentos da Lei 11.441/2007 e da Resolução nº 35/2007 do
Conselho Nacional de Justiça, escritura de inventário extrajudicial consensual dos bens
deixados em virtude do falecimento de (NOME DO FALECIDO), que em vida era
brasileiro (QUALIFICAÇÃO DO FALECIDO), cujo óbito ocorreu no dia (DATA DO
ÓBITO), conforme faz prova da Certidão de Óbito emitida pelo Cartório (CARTÓRIO DE
REGISTRO CIVIL DO ÓBITO), no Livro (XX), às folhas (XXX), sob o número de registro
(XXXXX) podendo, para esse fim, nomear inventariante dos bens, assinar termos de
primeiras declarações e proposta de partilha, renunciar a herança, assinar escritura de
partilha, recolher tributos incidentes, receber importâncias, emitir recibo e dar quitação;
concordar ou não com cálculos, avaliações, colação de herdeiros e partilha; aceitar e
assinar partilha de bens; dar e aceitar recibos e quitações; confessar e receber
citações; transmitir domínio e todos os direitos de ação e posse sobre bens
inventariados, podendo, inclusive, constituir advogados com poderes da cláusula Ad e
Extra Judicia e os mais necessários perante qualquer Instância, Foro ou Tribunal, em
Juízo ou fora dele, representando perante Cartórios de Notas, de Registro Civil e de
Registro Imobiliário; prestar primeiras e últimas declarações; requerer, alegar e assinar
o que for preciso; requerer e retirar certidões, guias, alvarás diversos e demais
autorizações; juntar, apresentar e retirar documentos; pagar taxas, impostos, custas,
prestações, emolumentos e demais tributos fiscais e despesas que incidam ou venham
a incidir em nome do outorgante; promover registros, averbações, re-ratificações, enfim,
praticar todos os demais atos necessários ao bom e fiel cumprimento do presente
mandato, inclusive substabelecer. E assim, em fé da verdade, o disse e outorgou,
estando de acordo com o que foi requerido, razão pela qual foi lavrada a presente
Procuração Pública, que depois de lida e considerada conforme, o Outorgante assina,
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Tabelionato Figueiredo
Manual de Inventário e Partilha Extrajudicial

perante mim, Tabelião Público. Valor dos emolumentos líquidos de acordo com a tabela
da Lei nº 12.978/2005: R$ (____). Valor do Fundo Especial de Registro Civil: R$
(____). Valor da Taxa de Serviços Notariais e Registrais - TSNR: R$ (____); Valor
Total: R$ (____). Eu, _________________ , Escrevente Notarial a lavrei, e eu,
_________________ Ivanildo de Figueiredo Andrade de Oliveira Filho, Tabelião Público
titular do Cartório do 8º Ofício de Notas do Recife, subscrevo e assino. Recife, de
janeiro de 2018. Selo digital de fiscalização: (NUMERO SELO DIGITAL). Consulte
autenticidade em www.tjpe.jus.br/selodigital.

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