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MRO Lupion. VIII CIH.

2535 - 2542

O PERCURSO DA HISTÓRIA DAS SENSIBILIDADES


Doi: 10.4025/8cih.pphuem.3476

Marcia Regina de Oliveira Lupion, UEM

Resumo

Desde o final dos anos 1990 os estudos históricos passaram a


abordar de forma específica e fundamentada pesquisas marcadas pela
imaterialidade de seus objetos. Para iniciar um estudo sobre a religiosidade
católica maringaense optei pelo aporte teórico pertinente ao campo da
História das Sensibilidades cujo ponto inicial pode ser considerando a data
acima descrita. Nessa apresentação pretendo discorrer acerca do histórico
dessa teoria a partir do livro organizado por Sandra Jatahy Pesavento e
Frédérique Langue intitulado Sensibilidades na história: memórias singulares e
identidades sociais e do livro de Marina Haizenreder Ertzogue e Temis
Gomes Parente de título História e sensibilidade, de 2007 e 2006
respectivamente
Palavras Chave:
História das
Sensibilidades
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Desde o final dos anos 1990 os estabelecido seja ele político-institucional,


estudos históricos passaram a abordar de cultural, religioso ou os micros poderes
forma específica e fundamentada ricamente inseridos por Michel Foucault
pesquisas marcadas pela imaterialidade de em abordagens sobre a sociedade.
seus objetos. Não resta dúvida de que tais A vertente historiográfica
objetos e suas possibilidades de análise conhecida como História Cultural cujos
historiográfica são fruto da ampliação do
primeiros indícios datam de 1780 na
fazer histórico iniciada em 1929 na França Alemanha segundo Peter Burke (2008),
e que trouxe consigo uma revolução tornou-se em fins do século XX uma
também no conceito de fontes históricas. senhora madura e dona de seu próprio
No percurso de aproximadamente oitenta estatuto historiográfico. Traçou sua
anos que nos separa dos Annales e sua metodologia, seus aportes teóricos e
guinada na produção dos historiadores, deixou em aberto seus objetos de pesquisa
vimos essa produção sofrer alterações de tal forma que é quase impossível algum
paulatinas, quase tímidas desde que a École tema ou objeto que não possa ser
publicou trabalhos voltados para temas abordado sob seu manto. Estudar a
como a sociedade, economia e sedução, a solidão, a saudade, a identidade,
demografia, passando por uma geração – o medo, o amor, a dor, a culpa, a cultura,
brevíssima diga-se de passagem – de a dança, o ritual, as vestimentas, as
historiadores das mentalidades até instituições, um “até então desconhecido”
chegarmos aos dias atuais quando temos
e sua biografia, o trabalho, as religiões e as
na dimensão cultural o espaço mais amplo religiosidades, os discursos de viajantes, a
de possibilidade abordagem do tecido que
esperança, enfim o que é material e
forma a sociedade. imaterial e que diz respeito ao ser humano,
É certo lembrar que o ambiente tudo é passível de ser inserido na
cultural é somente um dentre outras abordagem cultural e efetivamente tem
possibilidades de estudos possíveis sido caso haja o desejo de fazer um
atualmente. Essas possibilidades, contudo, levantamento historiográfico sobre.
estão intrinsicamente ligadas a mudanças Generosa, a grande Senhora se
nos conceitos decorrentes daquela desdobrou para atender aos diversos
guinada de 1929 quando, por exemplo, o aspectos de sua realidade múltipla.
conceito de política passou a expressar
História das mulheres, história de gênero,
menos a participação institucionalizada de história das crianças, das crenças, dos
um indivíduo que a vinculação em lutas ritos, do cotidiano, do homem, do corpo,
diversas de pessoas consideradas comuns história dos sentimentos. Temas e objetos
pela historiografia tradicional em situações significativos, relevantes e includentes.
de interesses coletivos. Essa consideração Particularmente interessa discutir aqui o
acerca de pessoas comuns como sujeitos último tema/objeto citado que é a História
históricos é outro resultado decorrente do
dos sentimentos, também conhecida por
percurso historiográfico iniciado em 1929
História das Sensibilidades. Nada mais
e de relevância extrema para que estudos insólito que as emoções de um indivíduo
voltados para a cultura possam ser ou, o que é ainda mais difícil de
realizados uma vez que as ações humanas compreender, de uma coletividade. Mas é
passam a ser a tônica da compreensão da isso que a Histórica Cultural faz: abordar
relação entre as estruturas de poder os temas e objetos que em princípio não
estabelecido e os indivíduos ou parecem ser da ordem dos historiadores e
coletividades. Relação que nem sempre sim de terapeutas e psicólogos, mas, que
registrou o sucesso dos segundos sobre os
após pesquisados, mostram-se
primeiros, mas, que demonstra as plenamente capazes de explicar
tentativas, estratégias e ações destes para
determinados aspectos da sociedade.
ao menos negociar com o poder

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No caso da História das do Parque de Exposições Francisco Feio


Sensibilidades o que se tem é justamente a Ribeiro em comemoração aos 60 anos da
possibilidade de abordar algo para além do Arquidiocese e, além desses dados, temos
materialmente palpável, algo inserido na ainda que entre padres, bispos e diáconos
ordem das subjetividades. Buscar que por aqui estiveram ou que por aqui
compreender os motivos pelos quais faleceram a soma é de 68 religiosos sendo
determinadas ações foram praticadas e 15 falecidos dentre o arcebispo D. Jaime.
seus resultados individuais ou coletivos é Interessante notar que o padre Bernardo
uma das motivações que tal abordagem não consta na lista dos padres falecidos
carrega consigo. E, dada essa fato que foi por mim interrogado junto à
característica, a História que tem nas Cúria Metropolitana que, apesar de ter lido
emoções seu foco principal tornou-se, a a mensagem, não a respondeu. Ou seja, há
meu ver, o melhor veículo para muito sobre a história da igreja católica em
compreender alguns fatos relativos à Maringá e região que pode ser escrito
religiosidade católica praticada na cidade afinal, cada uma dessas paróquias é um
Maringá, Estado do Paraná, entre os anos microcosmos composto por biografias
de 1969 e 2000. Datas que coincidem com diversas não só relativas ao corpo
a presença do Padre Bernardo Alfonse institucionalizado, mas dos fiéis e sua
Cnudde no município e cuja prática experiência com o divino.
sacerdotal bastante peculiar mostrou-se
Nessa apresentação em especial
interessante do ponto de vista de uma
o foco será em discorrer acerca da
pesquisa acadêmica. produção historiográfica marcada pela
A escolha por uma biografia História das Sensibilidades uma vez que
específica, no caso a do Padre Bernardo, será com base nessa tendência que a
tem sua razão de ser marcada por dois pesquisa em Maringá será realizada. Duas
pontos. O primeiro está ligado ao fato de das obras sobre as quais pretendo assentar
conhecer a trajetória do Padre e sua prática minha discussão sobre a trajetória e a
e o segundo ponto é marcado pelo desejo teorização da História das Sensibilidades
de inserir na memória sobre o catolicismo são o livro organizado por Sandra Jatahy
maringaense traços de uma religiosidade Pesavento e Frédérique Langue intitulado
que vai além do elemento empreendedor Sensibilidades na história: memórias
sobre o qual se costuma assentar essa singulares e identidades sociais e do livro
memória e que tem no falecido bispo de Marina Haizenreder Ertzogue e Temis
Dom Jaime Luiz Coelho seu referencial Gomes Parente de título História e
maior. Afinal, a Arquidiocese de Maringá sensibilidade, de 2007 e 2006
conta hoje com oito regiões pastorais respectivamente.
distribuídas pelos munícipios de Sarandi Sobre os fundamentos da
com 7 paróquias; Paranacity com 5 História das Sensibilidades podemos
paróquias; Jandaia do Sul com dez
encontrá-los inscritos juntamente com a
paróquias; Castelo Branco com 5
História Cultural, não só a praticada a
paróquias e Maringá com o número de partir dos anos 1990, mas anteriormente a
trinta paróquias pertencentes a cinco das isso. Uma produção que passou por
oito regiões paroquiais diversas alterações conceituais e
(ARQUIDIOCESE, 2017) e certamente metodológicas além de contar com
sua história é bem mais extensa que a reforços em sua teoria até a atualidade.
descrita pelo caráter empreendedor Um desses reforços foi exatamente
daquele que é visto como seu maior estabelecer um campo de estudo
representante. Importante registrar que
específico para a história das emoções e
em 2017, de acordo com já citado site da dos sentimentos algo já introduzido com a
Arquidiocese de Maringá, 14 mil pessoas história das mentalidades nos anos 1960 e,
estiveram presentes na arena de eventos

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que sob severas críticas, acabou por não as obras que já discutem a questão das
florescer. Esse campo passou ser sensibilidades.
conhecido então como História das
Sensibilidades, cuja compreensão do Obras e autoras
conceito e teorização podem ser dados
pela citação abaixo retirada do artigo já O livro organizado por Sandra
citado de Sandra Pesavento: Jatahy Pesavento e Frédérique Langue no
ano de 2017 e intitulado Sensibilidades na
As sensibilidades são uma forma de história: memórias singulares e identidades
apreensão e de conhecimento do sociais foi publicado em Porto Alegre pela
mundo para além do conhecimento editora da Universidade Federal do Rio
científico, que não brota do racional
Grande do Sul, estado cuja história foi
ou das construções mentais mais
elaboradas. Na verdade, poderia se
amplamente abordada por Pesavento em
dizer que a esfera das sensibilidades seus trabalhos. Ao todo o livro é
se situa em um espaço anterior à composto por doze artigos, ou capítulos e
reflexão, na animalidade da uma entrevista. Os artigos presentes na
experiência humana, brotada do obra são de países caribenhos e latino-
corpo, como uma resposta ou americanos como Venezuela, México,
reação em face da realidade. Como Paraguai, Chile, Panamá e um deles é
forma de ser e estar no mundo, a norte-americano. Não há artigos
sensibilidade se traduz em brasileiros na coletânea e a obra é bilíngue
sensações e emoções, na reação português e espanhol.
quase imediata dos sentidos
afetados por fenômenos físicos ou Os temas abordados são a
psíquicos, uma vez em contato com desordem, a transgressão, os rumores ou
a realidade (PESAVENTO; boatos, memórias de guerra, injúria,
LANGUE, 2007, p. 10) aparência, discussão e maldição. Os dois
Será, pois, diante desse desafio capítulos iniciais trazem a teoria sobre a
que a pesquisa com a religiosidade católica qual se erigem as pesquisas em
maringaense dentre os anos 1970 e 2000 sensibilidades na História. O primeiro
se desdobrará. Sobre o imensurável, sobre deles, brevíssimo e mais uma apresentação
o não visível, mas cuja visibilidade que um capítulo em verdade, é do
pretendo captar nas fontes sobre o tema já historiador e crítico francês Serge
conhecidas e ou que ainda venham a ser. Gruzinski enquanto Sandra Jatahy
Pesavento apresenta o capítulo seguinte
Cabe aqui então, delimitar intitulado “Sensibilidades: escrita e leitura
também o espaço de trabalho do da alma”. Já Frédérique Langue, também
historiador das sensibilidades. Mariana organizadora da coletânea, expõe a
Ertzogue e Temis Parente são breves e temática a partir da pesquisa realizada na
pontuais em demonstrar esses limites ou Venezuela cujo título é “Una história
talvez sua ausência: silenciada (Venezuela). Desorden,
transgression y rumores bolivarianos del
O que é um historiador das
sensibilidades? Para Alain Corbin, o
siglo XVIII”.
historiador das sensibilidades toma Interessante nos determos na
como ponto de partida a maneira biografia das duas últimas pesquisadoras
como as pessoas se representam, em especial tendo em vista não somente
em distintos momentos da história, que são elas as coordenadoras da
cabendo-lhe interpretar a coerência,
coletânea, mas também pelo fato de que,
as conexões dessas representações
em seu universo (ERTZOGUE; enquanto uma escreve sobre a teoria da
PARENTE, 2006, p. 17). História das Sensibilidades, a outra
demonstra sua aplicação na prática.
Posto isso, tratemos de analisar Comecemos por Sandra Pesavento.

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Nascida em Porto Alegre no ano de 1946 Frédérique Langue é diretora de


e morta em 2009, Sandra Pesavento foi pesquisa do Instituto de História do
professora, historiadora e escritora Tempo Presente que é uma unidade do
brasileira. Professora titular do Centro Nacional de pesquisas de Paris,
Departamento de História da UFRGS, França (IHTP-CNRS) e, além dos temas
destacou-se como importante sensibilidades a pesquisadora é especialista
pesquisadora, inicialmente, em História em história social, cultural e política da
Econômica e, posteriormente, em Venezuela (séculos XVII-XXI), onde foi
História Cultural. Doutorou-se em professora universitária. Seu trabalho está
História pela USP em 1987 e realizou atualmente na história do tempo atual no
quatro pós doutoramentos em Paris: na mundo ibérico. E, além da obra aqui
École des Hautes Études en Sciences citada, é autora diversas outras obras cuja
Sociales de Paris (1990 e 1996-7), na temática são os estudos voltados para a
Université Paris Diderot Paris VII (1992- História da Venezuela desde a Conquista
3) e na Université de Paris IV (Paris- até o presente e também sua relação com
Sorbonne, 1995-6). Sua vasta produção a Espanha (IHTP, 2017).
pode ser comprovada pelo fato de ter 126
Em “História e Sensibilidade”
artigos e 51 livros publicados além de 85
editada no ano de 2006 pela editora
capítulos de livros e 35 textos em jornais e
brasiliense Paralelo, Mariana Haizenreder
revistas. Publicou 22 trabalhos em eventos
Ertzogue e Temis Gomes Parente
e anais, apresentou 95 trabalhos em
organizam um conjunto de 22 textos
eventos. Entre livros didáticos, textos
voltados para o estudo das sensibilidades.
disponíveis na internet, prefácios,
Mariana Ertzogue é graduada em História
apresentações etc, somam-se 44 trabalhos.
pela Pontifícia Universidade Católica do
Além disso, foi banca de inúmeras defesas
Rio Grande do Sul e mestre em História
de teses e dissertações, participou de
pela mesma universidade. Tem doutorado
comissões de avaliação da Capes dentre
em História Social pela Universidade de
outras inúmeras atividades dessa grande
São Paulo e atualmente é professora
pesquisadora. Desde o final de 2014, por
Associada nessa instituição. Além de
iniciativa dos filhos e esposo da
lecionar em diversos cursos e na pós-
historiadora gaúcha, suas obras foram
graduação, Mariana Ertzogue tem
digitalizadas integralmente e
experiência na área de História, com
disponibilizadas gratuitamente no sítio
ênfase em Métodos da História e História
oficial do Instituto Histórico Geográfico, Cultural com ênfase nos temas: gênero,
que atualmente também preserva seu
cultura e ambiente, memória, história das
acervo intelectual no qual constam sua
sensibilidades, imprensa literária.
biblioteca pessoal e materiais de mais de
40 anos de trabalho. Tendo iniciado sua Já Temis Gomes Parente2 possui
carreira como historiadora marxista graduação em História pela Universidade
Pesavento se destaca na atualidade por Federal do Piauí e mestrado e doutorado
seus trabalhos em História Cultural, tendo em História pela Universidade Federal de
recebido inclusive homenagens da Pernambuco. Atualmente é professora
ANPUH por sua produção1. associada III da Universidade Federal do
Tocantins dentre outras atribuições. Sua

1
Os dados aqui inseridos foram retirados dos ACERVO DE SANDRA JATAHY
acervos presentes nos sites SANDRA PESAVENTO. Disponível em
PESAVENTO. Disponível em <http://ihgrgs.org.br/#SandraPesavento>
<http://sandrapesavento.org/biografia.php> Acesso 06 set. 2017.
Acesso 06 set. 2017; 2 Os dados curriculares de Temis Gomes Parente
e Mariana H. Ertzogue foram acessados junto ao
Lattes de ambas as pesquisadoras.

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área de atuação está vinculada a História subjetivos. E, ao contrário da obra de


do Tocantins; História Regional; História Pesavento e Langue, todos os dezenove
e Gênero; História das Mulheres. História artigos que compõem a coletânea versam
Cultural. Gênero e Meio Ambiente. sobre o Brasil.
Na obra organizada pelas Nas tabelas que seguem
historiadoras citadas, temos uma divisão podemos visualizar cada um desses artigos
em três partes sendo que a obra é e as especificidades da abordagem que
introduzida também por três textos levaram a inclusão de cada um em uma das
intitulados Prefácio escrito por Alan três partes da coletânea.
Barbiero, a Apresentação escrita pelas
próprias organizadoras e a Introdução Tabela 1: Primeira Parte “Fragmentos”
cujo subtítulo é “o sussurro do tempo: Título do Subtítulo Autor(a)
ensaios sobre uma história cruzada das artigo
sensibilidades Brasil-França” da já citada As As múltiplas Antonio
seduções estações da Paulo
pesquisadora francesa Frédérique Langue.
do efêmero solidão e os Rezende
Nesses textos introdutórios, mais uma vez ea círculos do
temos, além dos dados naturais a qualquer construção tempo.
Prefácio e Apresentação de qualquer obra, da história:
a retomada dos aportes teóricos e obras Notas Marcos
significativas para o universo das sobre o Silva
mentalidades. Ao final dessa primeira “cotidiano
parte, o artigo de Frédérique Langue traça e vida
o perfil da História das Sensibilidades a privada na
partir de obras e autores franceses e um América
dos subtítulos de seu artigo explicita de portuguesa
forma clara e objetiva o que vem a ser ”
Ciência, Questões Antonio
historicidade dos temas e objetos
história e metodológica Torres
analisados sob a ótica da história do memória: s Montenegro
sensível. Diz o subtítulo: ‘A história das As A saudade Durval
sensibilidades como câmera subjetiva sombras como Muniz de
contra a cegueira da história’. Tudo muito do tempo: maneira de Albuquerqu
simples. A produção historiográfica viver e e Júnior
produzida para além do sensível por muito pensar o
tempo deixou ao abandono a tempo e a
responsabilidade de acolher as emoções história.
humanas cabendo agora, às sensibilidades,
fazer esse acolhimento. Tabela 2: Segunda Parte “As novas
personagens”
É assim, com base nessa Título do Subtítulo Autor(a)
responsabilidade, que nas três partes artigo
seguintes, diversos pesquisadores Identidade Dilemas de Ronaldo
publicaram na coletânea seus trabalhos de fragmentada: um cristão- Vainfas
pesquisa. É importante no entanto, novo no
perceber que cada um dos grupos de Recife
textos apresentados faz parte de uma holandês.
temática específica com objetos Na Razoes e Sandra
específicos. Recolhidos sob os temas contramão da sensibilidad Jatahy
Fragmentos; As novas personagens e vida: es dos filhos Pesavento
Fundadores da identidade, a divisão malditos de
Deus
proposta no livro demonstra quão amplos
(Antônio
e diversos podem ser os estudos Rasgado,

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Benjamim o Cristo: Império Rodrigues.


Degolador, esqueceu.
João Vozes do O negro e a Eduardo
Foguista). medo: sociedade Silva.
Autobiografia Reflexões Mário no pós-
, confissão, sobre uma Seligmann- Abolição e a
medo e voz dos Silva República.
testemunho: cárceres
brasileiros.
Vivos ou Uma Isabel
mortos, nós história Rosa Tabela 3: Terceira Parte “Fundadores de
chegaremos: sobre a Gritti. identidade”
esperança Título do Subtítulo Autor(a)
de artigo
imigrantes Afeições A aura antes Élio
italianos, euclidianas: do cânone Chaves
judeus e (1883-1902) Flores.
poloneses O sertanejo: Um pedaço de Márcia
no Rio Brasil na Regina
Grande do sensibilidade Capelari
Sul. de Alencar. Naxara.
Cartografia A arte de Elaine “Âncora de Poética e Maria
da viver no Cristina emoções”: música em Izilda S.
sensibilidade: campo do Deckmann Dolores Matos.
outro Fleck. Duran.
(Brasil,
séculos XVI
e XVII). Para finalizar, dos muitos pontos
Lembranças, Maria do passíveis de análise presentes nas tabelas,
ressentiment Espírito
focarei em apenas um deles que são os
os e história Santo Rosa
Cavalcante. objetos de estudos. Saudade, afeições,
Os Joana saudade, medo, vida noturna, esperança
sentimentos Maria são apenas alguns deles mas de
do Pedro. significância extrema para explicitar o
feminismo. campo das sensibilidades. Assim como os
No desenho Maria do rumores ou boatos, a transgressão, injúria
dos mundos Socorro de e as maldições estudas na obra organizada
plurais, o Souza por Pesavento e Langue, a coletânea de
mosaico de Araújo. História e sensibilidades pretende retratar,
vidas citando aqui Alan Barbiero na
singulares. apresentação da obra, “um grande afresco
Sentimentos Temis
cubista, com múltiplos pontos de fuga, a
e Gomes
ressentiment Parente.
retratar novas personagens que revelam
os de Eva, uma história nem sempre feliz, mas em
uma mulher todo o tempo bela” (BARBEIRO, 2006,
de vida livre. p. 16).
Sobre A vida Mariana
manchas de noturna nos Haizenrede Referências
vinho, botequins r Ertzogue.
perfumes e de Porto ARQUIDIOCESE DE MARINGÁ. Disponível
bocas Alegre. em <http://arquidiocesedemaringa.org.br>
pintadas: Acesso 05 set. 2017.
De que vale Os heróis Marcelo BARBEIRO, Alan. Prefácio. In: ERTZOGUE,
este hábito de que o Santos M. H.; PARENTE, T. G. História e

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sensibilidade. Brasília: Paralelo 15, 2006. p. 11- SANDRA PESAVENTO. Disponível em


16. <http://sandrapesavento.org/biografia.php>
Acesso 06 set. 2017.
BURKE, Peter. O que é história cultural? 2. ed. Rev.
Ampl. Rio de Janeiro: Zahar, 2008. PESAVENTO, Sandra Jatay; LANGUE,
Frédérique. (Orgs.). Sensibilidades na história:
ERTZOGUE, Mariana Haizenreder; PARENTE,
memórias singulares e identidades sociais.
Temis Gomes. História e sensibilidade.
Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2007.
Brasília: Paralelo 15, 2006.
ACERVO DE SANDRA JATAHY
INSTITUT D’HISTOIRE DU TEMPS
PESAVENTO. Disponível em
PRÉSENTS. Frédérique Langue. Disponível em
<http://ihgrgs.org.br/#SandraPesavento>
<http://www.ihtp.cnrs.fr/users/frederique-
Acesso 06 set. 2017.
langue> Acesso 06 set. 2017.

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