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LEI Nº 9.

478, de 6 de agosto de 1997

Dispõe sobre a política energética nacional, as atividades relativas ao monopólio do


petróleo, institui o Conselho Nacional de Política Energética e a Agência Nacional do
Petróleo e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Faço saber que o Congresso Nacional aprova e eu sanciono a seguinte Lei:

CAPÍTULO I

Dos Princípios e Objetivos da Política Energética Nacional

Art. 1° As políticas nacionais para o aproveitamento racional das fontes de energia


visarão aos seguintes objetivos:

I - preservar o interesse nacional;

II - promover o desenvolvimento, ampliar o mercado de trabalho e valorizar os recursos


energéticos;

III - proteger os interesses do consumidor quanto a preço, qualidade e oferta dos


produtos;

IV - proteger o meio ambiente e promover a conservação de energia;

V - garantir o fornecimento de derivados de petróleo em todo o território nacional, nos


termos do § 2° do art. 177 da Constituição Federal;

VI - incrementar, em bases econômicas, a utilização do gás natural;

VII - identificar as soluções mais adequadas para o suprimento de energia elétrica nas
diversas regiões do País;

VIII - utilizar fontes alternativas de energia, mediante o aproveitamento econômico dos


insumos disponíveis e das tecnologias aplicáveis;

IX - promover a livre concorrência;

X - atrair investimentos na produção de energia;

XI - ampliar a competitividade do País no mercado internacional.

CAPITULO II

Do Conselho Nacional de Política Energética

Art. 2° Fica criado o Conselho Nacional de Política Energética - CNPE, vinculado à


Presidência da República e presidido pelo Ministro de Estado de Minas e Energia, com
a atribuição de propor ao Presidente da República políticas nacionais e medidas
específicas destinadas a:

I - promover o aproveitamento racional dos recursos energéticos do País, em


conformidade com os princípios enumerados no capítulo anterior e com o disposto na
legislação aplicável;

II - assegurar, em função das características regionais, o suprimento de insumos


energéticos às áreas mais remotas ou de difícil acesso do País, submetendo as medidas
específicas ao Congresso Nacional, quando implicarem criação de subsídios;

III - rever periodicamente as matrizes energéticas aplicadas às diversas regiões do País,


considerando as fontes convencionais e alternativas e as tecnologias disponíveis;

IV - estabelecer diretrizes para programas específicos, como os de uso do gás natural,


do álcool, do carvão e da energia termonuclear;

V - estabelecer diretrizes para a importação e exportação, de maneira a atender as


necessidades de consumo interno de petróleo e seus derivados, gás natural e
condensado, e assegurar o adequado funcionamento do Sistema Nacional de Estoques
de Combustíveis e o cumprimento do Plano Anual de Estoques Estratégicos de
Combustíveis, de que trata o art. 4° da Lei n° 8.176, de 8 de fevereiro de 1991.

§ 1° Para o exercício de suas atribuições, o CNPE contará com o apoio técnico dos
órgãos reguladores do setor energético.

§ 2° O CNPE será regulamentado por decreto do Presidente da República, que


determinará sua composição e a forma de seu funcionamento.
Doença holandesa
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Doença holandesa, (ou Dutch disease) é um conceito econômico que tenta explicar a
aparente relação entre a exploração de recursos naturais e o declínio do setor
manufatureiro. A teoria prega que um aumento de receita decorrente da exportação de
recursos naturais irá desindustrializar uma nação devido à valorização cambial, que
torna o setor manufatureiro menos competitivo aos produtos externos. É, porém, muito
difícil dizer com exatidão que a doença holandesa é a causa do declínio do setor
manufatureiro porque existem muitos outros fatores econômicos a se levar em
consideração. Embora seja mais comumente usado em referência à descoberta de
recursos naturais, pode também se referir a "qualquer desenvolvimento que resulte em
um grande fluxo de entrada de moeda estrangeira, incluindo aumentos repentinos de
preços dos recursos naturais, assistência internacional ou volumosos investimentos
estrangeiros. Chama-se assim porque durante os anos 60, houve uma escalada dos
preços do gás que aumentou substancialmente as receitas de exportação da Holanda e
valorizou o florim(moeda da época), o excesso de exportações de gás derrubaram as
exportações dos demais produtos por falta de competividade nos anos 70.

[editar] O Modelo Principal


O modelo econômico clássico que descreve a Doença Holandesa foi desenvolvido pelo
economista W. Max Corden e J. Peter Neary em 1982. No modelo, existe um setor onde
não há troca de bens (incluindo serviços) e dois setores de troca de bens: o setor em
expansão e o setor estagnado. O setor em expansão é, normalmente, de extração de
petróleo ou gás natural, mas pode ser também de mineração de ouro, cobre, diamante ou
bauxita, ou de lavoura, como café ou cacau. O setor estagnado geralmente é o
produtivo, mas também pode ser o de agricultura.

Um recurso abundante afetará a economia de duas maneiras:

1- O efeito de migração de recursos, onde o recurso abundante irá demandar mais mão-
de-obra, o que fará com que a produção se desloque para o setor em expansão e fuja do
setor estagnado. Este movimento de mão-de-obra do setor estagnado para o setor
florescente é chamado de desindustrialização direta. Este efeito pode, entretanto, ser
insignificante visto que os setores de hidrocarbonetos e minerais geralmente empregam
poucas pessoas.

2- O efeito de gasto, que acontece em decorrêcia da receita extra gerada pelo recurso
abundante. Isto aumenta a demanda por mão-de-obra no setor onde não há troca de
bens, retirando trabalhadores do setor estagnado. Esta migração do setor estagnado para
o setor onde não há troca de bens é chamada desindustrialização indireta. Como
resultado do aumento da demanda por bens não comercializáveis, o preço dessas
mercadorias aumentará. No entanto, os preços do setor onde há troca de bens são
estabelecidos internacionalmente e, por isso, eles não podem mudar. Haverá então um
aumento da taxa de câmbio real.
ouro negro
A maldição do petróleo
Está todo mundo feliz com a descoberta de reservas gigantes de
petróleo no Brasil. Acontece que, quase sempre, achar petróleo é
uma péssima notícia
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Por Denis Russo Burgierman
Revista Superinteressante - 07/2008

O único jeito de evitarmos que surrupiem a grana é abrirmos todas as janelas.


Precisamos que cada funcionário do governo tenha obrigação de prestar contas do que
faz. Precisamos de organizações independentes destinadas a investigar gastos públicos.
Precisamos de uma imprensa menos gritona e mais vigilante e racional. Precisamos que
cada órgão do governo tenha como uma de suas funções fiscalizar um outro órgão do
governo. Precisamos que o orçamento seja claro, transparente e público. O saldo da
conta do dinheiro do petróleo, por exemplo, tem que poder ser acessado online por
qualquer brasileiro. Se fizermos tudo isso, o petróleo não só deixará de ser uma
maldição como resolverá a maioria dos problemas do Brasil. Está aí a Noruega, 3a
exportadora de petróleo e 2o maior índice de desenvolvimento humano do mundo, para
provar que é possível. Mas, se não fizermos a lição de casa... Hmm, a coisa vai feder.

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O presidente Lula comemorou a imensa descoberta de petróleo ano passado dizendo que “Deus é
brasileiro”. Antes de celebrar, talvez ele devesse ouvir a opinião do venezuelano Juan Pablo Pérez
Alfonso (1903-1979), fundador da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Para ele,
petróleo não é indício da mão de Deus, mas sim do intestino do demo. Juan Pablo costumava dizer que
petróleo é o “excremento do diabo”.

Ele sabia do que estava falando, já que viu sua Venezuela erodir suas instituições democráticas e se
perder em corrupção. É assim na maioria dos grandes exportadores de petróleo. Quase todos são
ditaduras intermináveis, como o Iraque de Saddam e a monarquia saudita. Eles crescem menos que seus
vizinhos sem petróleo e seus problemas sociais levam mais tempo para ser resolvidos. Vários são países
devastados por guerras civis. Mesmo as democracias do óleo tendem a ser pouco democráticas. Veja o
México, onde um mesmo partido, o PRI, ficou no poder por mais de 70 anos. Dos 20 maiores
exportadores de petróleo do mundo, 16 são ditaduras. E outros dois – México e Venezuela – são
democracias com instituições fracas. A maioria está nos últimos lugares do mundo em desenvolvimento
humano, e entre os primeiros em desigualdade e endividamento. É nesse clube que o Brasil está prestes
a entrar. Será que devíamos mesmo estar comemorando? E será que tem algum jeito de escapar da
“maldição do petróleo”?

Por que petróleo faz tão mal? Como é que uma das mercadorias mais valorizadas do mundo pode gerar
pobreza, guerra e autoritarismo? Nos últimos anos, economistas e cientistas políticos encontraram uma
série de explicações.

A primeira: petróleo enfraquece a economia. Ele custa tão caro que uma cachoeira de dólares entra no
país. Com muitos dólares em caixa, a moeda nacional se valoriza. Resultado, fica barato importar
produtos estrangeiros e caro produzir – aí a indústria nacional definha. Só que o preço do petróleo é uma
montanha-russa. Em 1990, o barril custava mais de US$ 40. Meses depois, caiu para menos de US$ 20.
Enquanto este texto era escrito, um barril custava US$ 135. Essas altas e baixas destroem qualquer um.
O preço sobe, o país se alaga de dólares e as indústrias fecham. O preço cai, secam os dólares, o país
se endivida e não tem indústria para ajudar.

A segunda: petróleo distancia os políticos do povo. A maioria dos grandes exportadores de petróleo nem
cobra impostos da população. Não precisam. Têm dólar sobrando. Os governos não prestam contas a
ninguém, roubam descaradamente, torram dinheiro público e a sociedade civil é fraca, desestruturada.

A terceira: petróleo torna a política mais burra. A maioria dos países exportadores não tem um projeto de
desenvolvimento, apenas grupos rivais brigando pelo poder – e pelo acesso ao poço de dinheiro. Quando
chegam lá, gastam que nem loucos, sem planejamento, para não deixar nada para os rivais.

Quer dizer então que nos ferramos? Não. Num certo sentido, o Brasil deu sorte de virar exportador justo
agora, quando estudiosos estão desvendando os mecanismos da maldição e inventando antídotos. Outra
sorte é que o nosso petróleo está enterrado bem fundo, e vai demorar para começar a jorrar. Ou seja, dá
tempo de nos prepararmos. Só que devemos trabalhar já, antes de o petróleo começar a ser vendido.
Veja o que precisamos fazer:

1. Ter um projeto de país. Está na hora de governo, oposição e sociedade civil discutirem que tipo de
país nós queremos. Claro que não vamos concordar em tudo, mas dá para alcançar alguns consensos.
Por exemplo: o de que precisamos de educação básica decente, de infra-estrutura, de um sistema de
saúde, de pesquisa científica, de proteção ao ambiente. O papel da imprensa é discutir essas questões e
informar a sociedade, para que todo mundo possa participar. Com todo mundo de acordo com esse
projeto, podemos planejar a longo prazo o uso do dinheiro do óleo – e cada governo novo tem a
obrigação de continuar o que o anterior começou.

2. Proteger a economia. Quando o dinheiro vier, nos encheremos de dólares. Precisamos evitar que
essa dinheirama inunde a economia e supervalorize o real. O ideal é colocar tudo numa conta separada,
que precisa ser vigiada de perto pela oposição e pela sociedade civil, para que ninguém tire dela mais do
que o permitido. O governo só pode sacar até um certo limite, e deixar o resto guardadinho para os
nossos netos. Se o preço do petróleo cair, pode sacar um pouquinho mais para evitar depressão na
economia. Se subir, é hora de guardar para tempos bicudos. E tudo o que o governo sacar tem que ser
usado para colocar em prática o projeto de país descrito no item 1. Nada de aumentar a gastança do
governo.

O único jeito de evitarmos que surrupiem a grana é abrirmos todas as


3. Transparência.
janelas. Precisamos que cada funcionário do governo tenha obrigação de prestar contas
do que faz. Precisamos de organizações independentes destinadas a investigar gastos
públicos. Precisamos de uma imprensa menos gritona e mais vigilante e racional.
Precisamos que cada órgão do governo tenha como uma de suas funções fiscalizar um
outro órgão do governo. Precisamos que o orçamento seja claro, transparente e público.
O saldo da conta do dinheiro do petróleo, por exemplo, tem que poder ser acessado
online por qualquer brasileiro. Se fizermos tudo isso, o petróleo não só deixará de ser
uma maldição como resolverá a maioria dos problemas do Brasil. Está aí a Noruega, 3a
exportadora de petróleo e 2o maior índice de desenvolvimento humano do mundo, para
provar que é possível. Mas, se não fizermos a lição de casa... Hmm, a coisa vai feder.

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