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ATIVIDADES DIDÁTICAS USANDO A HANDS-ON-TEC NO ENSINO DE

CIÊNCIAS

Hercília Alves Pereira de CARVALHO1


Gisele Strieder PHILIPPSEN2
Érika Castro VASQUES3
Marco Aurélio Reis SANTOS4
Valdir ROSA5

RESUMO

Neste trabalho apresentamos duas atividades didáticas desenvolvidas à luz da estratégia


didático-pedagógica intitulada “Hands-on-Tec” (HoT), a qual articula a Teoria da
Aprendizagem Significava (TAS), a Teoria de Resolução de Problemas (TRP) com a
utilização das Tecnologias Educacionais Móveis (TEM). O foco principal não é a tecnologia
em si, mas a aprendizagem do conteúdo que está sendo desenvolvido pelo professor. Neste
sentido, a Hands-on-Tec tem muito a contribuir como uma estratégia didático-pedagógica a
ser incorporada nas propostas metodológicas para o ensino de Ciências da Natureza e
Matemática, por proporcionar ao professor novas possibilidades para fomentar a construção
do conhecimento pelo aluno ao utilizar as TEM. As atividades foram realizadas com um
grupo de 53 alunos das séries iniciais da educação básica (4º e 5º ano do Centro Educacional
Lar São Francisco de Assis, na cidade de Jandaia do Sul, Paraná). A primeira versou sobre o
Sistema Solar, bem como o estudo dos movimentos realizados pelo planeta Terra e, a
segunda, sobre o sistema digestório e as funções realizadas por seus órgãos. Os resultados
obtidos indicam que a Hands-on-Tec foi de grande valia no estímulo à pesquisa e à motivação
dos alunos e, também, favoreceu o ensino e a aprendizagem de Ciências por contribuir na
compreensão significativa de conceitos científicos relacionados a fenômenos naturais
intrínsecos ao cotidiano dos alunos. Experiências educacionais desta natureza permitem ao
aluno expandir sua visão de mundo e culminam no desenvolvimento de habilidades
necessárias para a compreensão dos saberes científicos.

Palavras-chave: Hands-on-Tec. Sistema solar. Sistema digestório.

1
Professora na Universidade Federal do Paraná - UFPR / Jandaia do Sul. Professora colaborada no MNPEF -
polo UEM. Doutora em Física pela UEM. herciliaapc@gmail.com
2
Professora na Universidade Federal do Paraná - UFPR / Jandaia do Sul. Doutora em Ciências pela USP.
gistrieder@ufpr.br
3
Professora na Universidade Federal do Paraná - UFPR / Jandaia do Sul. Doutora em Engenharia de Alimentos
pela UFPR. erikacvas@yahoo.com.br
4
Professor na Universidade Federal do Paraná - UFPR / Jandaia do Sul. Doutor em Engenharia Mecânica pela
UNESP. marcoaurelioreis@yahoo.com.br
5
Professor na Universidade Federal do Paraná - UFPR / Jandaia do Sul. Doutor em Ciências da Educação pela
Universidade do Minho – Portugal. valdir.orientador@gmail.com

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Pedagog. Foco, Iturama (MG), v. 12, n. 7, p. 192-204, jan./jun. 2017
DIDACTIC ACTIVITIES USING THE METHOD HANDS-ON-TEC ON SCIENCE
TEACHING

ABSTRACT

In this paper, we present two educational activities developed in the light of "Hands-on-Tec"
(HoT), which articulates the Theory of Meaningful Learning (TML), the Problem Resolution
Theory (PRT) with the use of Mobile Educational Technologies (EMT). The main focus is
not technology itself, but the learning of the subject being developed by the teacher. In this
regard, the Hands-on-Tec has a lot to contribute as a didactic strategy to be incorporated into
the methodological proposals for the teaching of Natural Sciences and Mathematics, for
providing the teacher new possibilities to promote the construction of knowledge by the
student using the EMT. The activities were carried out with a group of 53 students from the
initial school Grades (4th – 5th Grade Students from Centro Educacional Lar São Francisco
de Assis, in the city of Jandaia do Sul, Paraná). The first one expounded on the Solar System
as well as the study of the movements performed by the Earth, and the second one on the
digestive system and the functions performed by its organs. The results indicate that the
Hands-on-Tec was very useful in stimulating research and motivating students, furthermore it
also benefited teaching and science learning by contributing in the meaningful comprehension
of scientific concepts related to natural phenomena that are intrinsic on the daily life of
students. Educational experiences of this nature, allows students to expand their world view
and culminate in the development of skills which are necessary for the understanding of
scientific knowledge.

Keywords: Hands-on-Tec. Solar system. Digestive system.

1 INTRODUÇÃO

“Há necessidade de sermos homens e mulheres do nosso tempo que empregam todos
os recursos disponíveis para dar o grande salto que nossa educação está a exigir” (FREIRE,
1995, p. 13). Incorporar as tecnologias à prática pedagógica não é questão de escolha, é fazer
a diferença numa escola tão carente de atrativos, muitas vezes obsoleta. Repensar como
ensinar e atualizar-se constantemente é tarefa diária daqueles que querem uma educação de
qualidade.

Ensinar e aprender estão sendo desafiados como nunca antes. Há informações


demais, múltiplas fontes, visões diferentes de mundo. Educar hoje é mais complexo
porque a sociedade também é mais complexa e também o são as competências
necessárias. As tecnologias começam a estar um pouco mais ao alcance do estudante
e do professor. Precisamos repensar todo o processo, reaprender a ensinar, a estar
com os alunos, a orientar atividades, a definir o que vale a pena fazer para aprender,
juntos ou separados (MORAN, 2000, p. 245).

A Hands-on-Tec (HoT - mãos na massa com as tecnologias móveis) tem como


objetivo favorecer a aprendizagem de Ciências Naturais e de Matemática por meio da
utilização das Tecnologias Educacionais Móveis (ROSA et al., 2013; SANTOS ROSA,

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ROSA, SALES, 2014). Essa técnica baseia-se nos princípios da Hands-on (Mãos na Massa)
em contíguo com a Aprendizagem Significativa e com a Teoria da Resolução. O foco
principal não é a tecnologia em si, mas a aprendizagem do conteúdo que está sendo
desenvolvido pelo professor. De acordo com Demo (2009), a tecnologia utilizada na educação
deve oportunizar ao aluno “aprender bem”, ou seja, deverá ser utilizada de forma que o ajude
a compreender a matéria de estudo.

As tecnologias, dentro de um projeto pedagógico inovador, facilitam o processo de


ensino-aprendizagem: sensibilizam para novos assuntos, trazem informações novas,
diminuem as rotinas, nos ligam com o mundo, com as outras escolas, aumentam a
interação (redes eletrônicas), permitem a personalização (adaptação ao ritmo de
trabalho de cada aluno) e se comunicam facilmente com o aluno, porque trazem para
a sala de aula as linguagens e os meios de comunicação do dia-a-dia (MORAN,
1994, p. 48).

Basicamente, as tecnologias devem ser inseridas para serem utilizadas como parceiros
intelectuais dos alunos para, com isso, possibilitar o pensamento crítico e a aprendizagem
significativa (JONASSEN, 2007) e, ao mesmo tempo, desenvolver o raciocínio e possibilitar
situações de resolução de problemas. Essa certamente é a razão mais nobre e irrefutável do
uso do computador na educação. […] (VALENTE, 2008, p. 139). Por isso,
independentemente do conteúdo ensinado ou da metodologia adotada, é necessário que
recursos da informática participem como meio facilitador, e não como fim. Neste sentido, a
HoT tem muito a contribuir como uma estratégia didático-pedagógica a ser incorporada nas
propostas metodológicas para o ensino de Ciências da Natureza e Matemática, por
proporcionar ao professor novas possibilidades para fomentar a construção do conhecimento
pelo aluno ao utilizar as TEM.

2 MÉTODO

O contexto da abordagem HoT, fundamentada na Teoria da Aprendizagem


Significativa, na Hands-on e na Teoria de Resolução de Problemas, possibilita ao professor
transpor barreiras da “transmissão” de conhecimento para assumir o papel de orientador (ou
mediador) do processo de aprendizagem na medida em que oportuniza ao aluno construir e
reconstruir seu conhecimento, realizar descobertas e compreender como a Ciência está
atrelada ao seu cotidiano. Assim, o esboço teórico de uma sequência didática para a realização
de cada atividade passa por três fases subsequentes: Quebrando a cabeça (Fase 1);
Problematizando e Contextualizando (Fase 2) e Momento de Pesquisa (Fase 3). Durante a

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realização de cada uma das fases, os alunos têm a oportunidade de utilizar as tecnologias
móveis de forma a contribuir com seu processo de aprendizagem.
Como apresentado por Santos Rosa e Rosa (2013), as fases são realizadas da seguinte
forma:
Fase 01: Inicialmente o professor apresenta a questão problema aos alunos,
convidando-os à reflexão em torno da questão exposta. Os alunos, organizados em pequenos
grupos, discutem as possíveis soluções para o problema e registram todas as ideias em um
editor de texto. Em seguida, procede-se à experimentação, na qual os alunos irão testar suas
ideias até conseguirem uma solução para o problema proposto. Ao procederem à
experimentação, os alunos realizam o registro fotográfico, de vídeo ou de voz dos materiais
utilizados e do experimento.
Fase 02: Terminada a primeira fase, o professor reúne todos os alunos em um grande
grupo e pede para que os grupos relatem o que pensaram antes do experimento, quais as
dificuldades que enfrentaram em sua realização e como conseguiram resolver o problema
proposto. É importante que o professor possibilite tempo para que os alunos exponham suas
ideias. Após as explicações dos grupos, o professor questiona se eles já perceberam em seu
cotidiano algo relacionado ao conceito abordado. Para finalizar, depois de explorar fortemente
os resultados iniciais alcançados pelo próprio aluno a partir da sua interação com o problema
proposto, o professor apresenta um vídeo ou artigo de jornal que relaciona os conceitos
estudados com o cotidiano e apresenta novos questionamentos relacionados aos conceitos
envolvidos.
Fase 03: Esta fase está dividida em duas etapas: pesquisa na internet e relatório
individual. É necessário que os alunos busquem compreender os conceitos relacionados à
questão problema, à utilização de equações (se for o caso), aos vídeos, imagens, simuladores e
outros recursos associados ao que foi estudado. O relatório individual consiste em uma
descrição das atividades realizadas pelos alunos, contemplando a pergunta problema, o
registro das hipóteses, os experimentos realizados e a solução do problema. Para finalizar, o
professor pode solicitar a apresentação em grupo, utilizando tecnologias digitais de
apresentação. Na elaboração da apresentação, os alunos podem utilizar editores de vídeos e de
imagens com o material adquirido na Fase 01, descrevendo o procedimento utilizado para a
obtenção da solução.

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2.1 Atividades desenvolvidas usando a HoT

Em função da necessidade de uma estratégia pedagógica para o uso da informática


apresentada pelos gestores do Centro Educacional Lar São Francisco de Assis, na cidade de
Jandaia do Sul, estabeleceu-se uma parceria para a elaboração de um currículo contemplando
o uso da HoT. Neste currículo foram propostas atividades dentro das grandes áreas Bem-estar
e Saúde, Biodiversidade, Astronomia, Matéria e Energia, sendo estabelecidos dois dias por
semana para o desenvolvimento das atividades com as crianças, sob a orientação das
professoras do Centro Educacional. O período de duração de cada atividade desenvolvida no
Centro Educacional São Francisco foi de um mês.
A primeira atividade foi realizada no período entre 2 e 25 de maio de 2016, com a
participação de 53 alunos do 4º e 5º ano. Como material auxiliar desta atividade foi usado
“Brincando com os planetas ao redor do Sol”6. Esta atividade foi desenvolvida seguindo as
três fases anteriormente descritas, que passaremos a descrever de acordo com o tema
específico da atividade:
Fase 01: A questão apresentada inicialmente aos alunos foi: Qual a posição da Terra
no Sistema Solar e quais os seus movimentos? A professora estabeleceu uma discussão para
levantamento do conhecimento dos alunos sobre o assunto, os quais registraram suas ideias.
Logo depois, os alunos assistiram a um vídeo sobre o Sistema Solar, o qual aborda também
informações relativas aos planetas, utilizando uma linguagem adequada à sua faixa etária. Na
sequência, os alunos foram orientados a realizar uma pesquisa utilizando um computador com
acesso à internet, buscando formas de representação dos movimentos da Terra. Em seguida,
os estudantes foram organizados em grupos e receberam materiais (papelão e bolas de isopor)
para a construção de uma maquete representando o Sistema Solar. Esta atividade permitiu-
lhes conhecer o posicionamento da Terra no Sistema Solar e propiciou a discussão a respeito
das características dos demais planetas. Concluída a atividade, a professora mostrou aos
alunos o fenômeno que dá origem ao dia e à noite e às estações do ano, utilizando uma
lâmpada e um globo terrestre.
Fase 02: Reunidos, os alunos relataram ao grande grupo o que aprenderam em relação
aos conceitos estudados no decorrer da atividade, a exemplo da força gravitacional,
movimentos de rotação e translação. Na discussão, novas questões foram levantadas pelos

6
Disponível em: http://handstec.org/?q=node/125

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alunos sobre os outros planetas: “Existe vida em Marte? Por que Saturno possui anéis? Quais
planetas possuem satélites?”.
Fase 03: Nesta fase os alunos foram orientados a pesquisar na internet assuntos
relacionados ao tema, a exemplo de lendas indígenas sobre a noite e o dia. Além disso, os
alunos produziram individualmente um relatório descrevendo a questão problema e os
conceitos relacionados ao tema identificados no decorrer de sua pesquisa.
A segunda atividade foi realizada no período entre 31 de agosto e 23 de setembro de
2016, com a participação do mesmo número de alunos.
Fase 01: A questão apresentada inicialmente aos alunos foi: Qual é o caminho que a
banana percorre no nosso corpo ao ser ingerida? Após, os alunos reunidos em grupos
desenharam como imaginavam onde a banana iria passar. Como feito na primeira atividade, a
professora e os alunos dialogaram sobre as ideias e suposições sobre o assunto abordado.
Nesta fase, ficou evidente que muitos alunos confundiam as funções de cada órgão e, após a
pesquisa, começaram a falar sobre os órgãos e sua função de maneira correta.
Fase 02: Nesta fase, foi apresentado um vídeo sobre endoscopia digestiva e novas
questões surgiram sobre as causas da azia e má digestão. Deste modo, os alunos foram
orientados a pesquisar na internet assuntos relacionados ao tema e a encontrar qual era o
verdadeiro caminho que um alimento faz no organismo ao ser ingerido.
Fase 03: Em seguida, os alunos acessaram links da internet com conteúdos interativos
relacionados ao sistema digestório. Alguns leram histórias com animação, outros preferiram
jogos e exercícios interativos online que relacionavam os órgãos com a sua função no
organismo como, por exemplo, o simulador Sistema Digestório, disponibilizado pela Editora
Ática e apresentado na Figura 01.

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Figura 01: Simulador Sistema Digestório7.

Fonte: Ática Educacional.

Nesse simulador, os alunos têm a possibilidade de ver corretamente o caminho por


onde o alimento “viaja” dentro do organismo, resolve vários tipos de exercícios como
cruzadinhas, ligue os pontos e questões de múltipla escolha. Ele ainda permite que o professor
possa imprimir os exercícios para serem resolvidos de forma tradicional.
Outros exercícios impressos também foram elaborados e utilizados para fixar ainda
mais o conhecimento adquirido nas etapas anteriores, como a atividade apresentada nas
Figuras 02 e 03, na qual os alunos deveriam ler a frase contendo todas as partes do sistema
digestório e, em seguida, encontrá-las no caça-palavras e relacioná-las no esquema ilustrativo
do sistema digestório.

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Disponível em: http://www.aticaeducacional.com.br/htdocs/atividades/sist_dig/atv1.htm

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Figura 2: Caça-palavras.

Fonte: Criador de caça-palavras8.

“A digestão da BANANA começa pela BOCA, onde a fruta é mastigada e triturada. Em


seguida passa pelo ESÔFAGO e caminha para o ESTÔMAGO. Os sais biliares do
FÍGADO participam da digestão. Finalmente, a banana passa pelo INTESTINO e o que não
foi transformado em nutrientes fica acumulado no RETO”.

Figura 3: Esquema do Sistema Circulatório.

9
Fonte: Educolorir .

8
Disponível em: http://www.lideranca.org/word/palavra.php
9
Disponível em: https://www.educolorir.com/

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As atividades foram aplicadas e monitoradas pelos professores, com o intuito de
identificar as dificuldades dos alunos e detectar que tipo de atividade seria mais atrativa aos
alunos. Ao final das atividades, os alunos produziram individualmente um relatório
descrevendo a questão problema e os conceitos relacionados ao tema no decorrer de sua
pesquisa.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante a execução das atividades, os alunos participaram ativamente dialogando,


pesquisando e construindo a maquete. O uso de TEM em ambas as atividades, dentro e fora
da sala de aula, mostrou-se um recurso parceiro dos alunos, despertando nos mesmos a
motivação para a pesquisa e para o trabalho em grupo, como indicam os seguintes relatos10:

Eu gostei muito desse trabalho pois algumas pessoas é ruim em ciências e dai acaba
aprendendo mais, a gente se enturmou mais né porque várias pessoas que não se
falavam muito começou a conversa com a outra, então isso foi muito bom,
interativo, divertido (Aluno_03).
Um ajudou o outro, assim todo mundo aprendeu. Se um ajudar o outro daí todo
mundo aprende sobre o sistema Solar. Daí todo mundo vai ajudando aquele que não
sabe. Vai aprender logo igual, eu fui aprendendo de um dia para outro (Aluno_12).

O uso de vídeos educativos, conjugado com a leitura de textos da internet durante as


fases da atividade, mostrou-se também de grande valia na compreensão de conceitos, como
mostra o relato de um dos alunos:

Quando eu vi os vídeos achei muito legal e agora acho muito mais. Eu não sabia
como se formava o dia e a noite e agora eu sei, não sabia o que era translação nem
rotação (Aluno_16).

Os conceitos mais elaborados, a exemplo do fenômeno que origina os dias e as noites


e do fenômeno que origina as estações do ano, foram retomados oportunamente, pois não
foram compreendidos inicialmente. Entretanto, a motivação para aprender proporcionada pela
estratégia didático-pedagógica é relevante, de forma que acreditamos que esta abordagem
deve ser considerada no ensino de Ciências. Neste contexto, Knuppe (2006) salienta que no
processo de ensino e aprendizagem, a motivação deve estar presente em todos os momentos.
Sem essa motivação é muito difícil que o aluno consiga se interessar pelo aprendizado. Ao
finalizar todas as etapas da primeira atividade, os alunos responderam 10 questões que
sintetizam as informações relevantes ao tema estudado (Quadro 01).

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Resposta transcrita de acordo com a escrita do aluno, sem correção ortográfica.

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Quadro 01: Questões apresentadas aos alunos após a realização da atividade.
SIM NÃO
01) A Terra está se
movendo?
02) A Terra se move ao
redor do Sol?
03) O Sol se move ao redor
da Terra?
04) Quais os movimentos da Terra?
05) Quais os planetas do sistema solar?
06) O que é translação?
07) O que é rotação?
08) Quais as estações do ano?
09) Como surgem as estações do ano?
10) Como surgem os dias e noites?
Fonte: Elaborado pelos autores.

Os resultados obtidos pelos alunos participantes da atividade nas questões


apresentadas no Quadro 01, em termos de percentual de acerto, são apresentados nas figuras 4
e 5.

Figura 4: Percentual de acerto nas questões 1, 2, 3, 4 e 5, apresentadas aos alunos após a realização da atividade.
P e rc e n tu a l (% )

100
A c e r to
80
A c e r to p a r c ia l
60 E rro

40

20

0
q u e s tã o 1
P e rc e n tu a l (% )

100
A c e r to
80
A c e r to p a r c ia l
60 E rro

40

20

0
q u e s tã o 2
P e rc e n tu a l (% )

100
A c e r to
80
A c e r to p a r c ia l
60 E rro

40

20

0
q u e s tã o 3
P e rc e n tu a l (% )

100
A c e r to
80
A c e r to p a r c ia l
60 E rro

40

20

0
q u e s tã o 4
P e rc e n tu a l (% )

100
A c e r to
80
A c e r to p a r c ia l
60 E rro

40

20

0
q u e s tã o 5

Fonte: Elaborada pelos autores.

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Figura 5: Percentual de acerto nas questões 6, 7, 8, 9 e 10, apresentadas aos alunos após a realização da
atividade.

P e rc e n tu a l (% )
100
A c e r to
80
A c e r to p a r c ia l
60 E rro

40

20

0
q u e s tã o 6

P e rc e n tu a l (% )
100
A c e r to
80
A c e r to p a r c ia l
60 E rro

40

20

0
q u e s tã o 7

P e rc e n tu a l (% )
100
A c e r to
80
A c e r to p a r c ia l
60 E rro

40

20

0
q u e s tã o 8
P e rc e n tu a l (% )

100
A c e r to
80
A c e r to p a r c ia l
60 E rro

40

20

0
q u e s tã o 9
P e rc e n tu a l (% )

100
A c e r to
80
A c e r to p a r c ia l
60 E rro

40

20

0
q u e s tã o 1 0

Fonte: Elaborada pelos autores.

É possível perceber que a taxa de acerto mostrou-se adequada para as questões 1, 2, 3,


4 e 8 (percentual de acerto superior a 60%), enquanto as questões 9 e 10 mostraram resultados
mais inquietantes (percentual de acerto inferior a 40%). As questões 9 e 10 relacionam-se
justamente aos conceitos que explicam a ocorrência dos dias e das noites, bem como a
ocorrência das estações do ano, conceitos estes que já haviam sido identificados pela
professora como de difícil compreensão por parte dos alunos. Assim, estes resultados indicam
a necessidade de um aprimoramento da sequência da atividade utilizada, no sentido de
prolongar o tempo destinado à pesquisa e à discussão dos conceitos identificados como sendo
mais críticos no processo de aprendizagem.
Em relação à atividade de aprendizagem do sistema digestório, notou-se muito
envolvimento dos alunos no uso dos recursos tecnológicos, com destaque aos celulares.
Observou-se que o comportamento dos alunos foi de extremo interesse quando começaram a
lidar com os jogos interativos. Por outro lado, foi possível observar que, no decorrer das
outras atividades, alguns alunos apresentaram dificuldades com a escrita, o que pôde ser
comprovado no relatório final apresentado por eles. Isto reforça a necessidade de atividades
que possibilitem aos mesmos o desenvolvimento desta habilidade.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As tecnologias digitais estão cada vez mais presentes nas salas de aula e apresentam-se
como um aliado extremamente importante na educação. Em consonância com os tempos
atuais, tornam as aulas mais atrativas, estimulam e facilitam a construção do pensamento
crítico. Notadamente, a portabilidade das tecnologias móveis favorece a aprendizagem
autônoma e colaborativa dentro e fora da sala de aula, haja vista a dinâmica que o seu uso
pode estabelecer entre os alunos, diante das situações de aprendizagem apresentadas pelos
professores. Porém, para resultados positivos na aprendizagem, é necessária a adoção de
estratégias didático-pedagógicas adequadas. Neste sentido, a Hands-on-Tec apresenta-se
como uma possibilidade para a inserção de recursos tecnológicos na área de ensino de
Ciências, por contribuir para que os alunos compreendam de forma significativa conceitos
científicos intrínsecos nos seus cotidianos. Ao relacionarem mais facilmente fatos cotidianos
com conhecimentos científicos, podem construir novos conhecimentos e habilidades para
lidar com questões para além das proposições em sala de aula.

REFERÊNCIAS

ÁTICA Educacional. Disponível em:


<http://www.aticaeducacional.com.br/htdocs/atividades/sist_dig/atv1.htm>. Acesso em: jul. 2016.

CRIADOR de caça-palavras. Disponível em: <http://www.lideranca.org/word/palavra.php>.


Acesso em: jul. 2016.

DEMO, P. Educação hoje: “novas” tecnologias, pressões e oportunidades. São Paulo: Atlas,
2009.

ESQUEMA do sistema digestório. Disponível em <https://www.educolorir.com/>. Acesso


em: jul. 2016.

FREIRE, P. A Educação na Cidade. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1995.

JONASSEN, D. H. Computadores, ferramentas cognitivas: desenvolver o pensamento


crítico nas escolas. Portugal: Porto Editora, 2007.

KNUPPE, L. Motivação e desmotivação: desafio para as professoras do Ensino


Fundamental. Educar, Curitiba, n. 27, p. 277-290, 2006.
MORAN, J. M. Interferências dos meios de comunicação no nosso conhecimento. Revista
Brasileira de Comunicação – INTERCOM, São Paulo, v. 17, n.2, p. 48, 1994.

______.; MASETTO, M.; BEHRENS, M. A. Novas tecnologias e mediação pedagógica. 12.


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Pedagog. Foco, Iturama (MG), v. 12, n. 7, p. 192-204, jan./jun. 2017
ROSA, V. et al. Hands-on-Tec: estratégia pedagógica e tecnologias móveis. In: Challenges
2013: Aprender a qualquer hora e em qualquer lugar, learning anytime anywhere. Braga:
Centro de Competência TIC do Instituto de Educação da Universidade do Minho, v.1, p. 581-
592, 2013.

SANTOS ROSA, S. dos, ROSA, V. Hands-on-Tec (HoT): Proposta de uma sequência


didática para o Ensino de Ciências Naturais e Matemática. Portal Educacional
Handstec.org. 2013. Disponível em http://www.handstec.org/. Acesso em: julho de 2016.

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professores da educação básica. Multimedia Journal of Research in Education, v. 1, p. 1-6,
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VALENTE, J. A. Por que o computador na educação? Brasília, DF: MEEC/SEED, 2008.

Recebido em: 30 de setembro de 2016


Aceito em: 31 de março de 2017

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