Você está na página 1de 35

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI -

UFSJ
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA - DEPEL
COORDENAÇÃO DE ENGENHARIA ELÉTRICA - COELE

LUCAS DA SILVA CUNHA

SOFTWARE DE ANÁLISE DE VIBRAÇÕES DE MÁQUINAS ROTATIVAS UTILIZANDO


LABVIEW

Trabalho Final de Curso de graduação submetido à


Universidade Federal de São João del-Rei como
requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel
em Engenharia Elétrica.

Orientador: Prof. Paulo César Monteiro Lamim Filho

São João del-Rei – MG


Novembro de 2020
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por todas as oportunidades, à minha família e amigos pelo
apoio e incentivo nas horas mais difíceis. Gratulo ao meu amigo Gabriel Vieira Barbosa pela parceria
na criação do software abordado nesse trabalho, onde esteve presente e teve participação igualitária em
todos os processos da criação do mesmo. Agracio o professor Jorge Nei Brito pela disponibilização de
equipamentos presentes no Laboratório de Sistemas Dinâmicos e esclarecimentos mediante à área de
análise de vibrações. Obrigado ao professor Paulo César Monteiro Lamim Filho por sua orientação nesse
trabalho e disponibilidade nos momentos de necessidade.
RESUMO

A análise de vibração vem sendo uma importante ferramenta no que diz respeito a predição de
defeitos e falhas em máquinas rotativas. O presente trabalho relata a criação e desenvolvimento de um
software de análise de vibrações de máquinas rotativas, sendo mostrado as possibilidades do
desenvolvimento utilizando programação gráfica G na plataforma LabVIEW. Para verificar a
veracidade do processamento do software desenvolvido, foi realizado testes em uma bancada junto a
um software de análises de vibrações consolidado no mercado, o @ptitude Analyst.

Palavras-chave: LabVIEW, manutenção, preditiva, software, vibração.


SUMÁRIO

LISTA DE SÍMBOLOS E SIGLAS ......................................................................................... 5


LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................. 6
LISTA DE TABELAS ............................................................................................................ 8
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 9
1.1 Considerações Iniciais ................................................................................................ 9
1.2 Objetivos Geral e Específicos .....................................................................................10
1.3 Estrutura do Trabalho ................................................................................................10
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................11
2.1 Transformada Rápida de Fourier .................................................................................11
2.2 Transformada de Hilbert ............................................................................................11
2.3 Janela Hann ou Hanning ............................................................................................12
2.4 Análise de Falha em Máquinas Rotativas .....................................................................13
2.5 Software LabVIEW ...................................................................................................13
3 METODOLOGIA ..........................................................................................................14
3.1 Hardware .................................................................................................................14
3.1.1 Sensor ............................................................................................................15
3.1.2 Sistemas de aquisição de dados ..........................................................................15
3.2 Estrutura do Software ................................................................................................16
3.3 Desenvolvimento do Software ....................................................................................17
3.3.1 Menu Principal ................................................................................................17
3.3.2 Árvore de Máquina ..........................................................................................18
3.3.3 Máquina..........................................................................................................18
3.3.4 Aquisição ........................................................................................................21
3.3.5 Nuvem ............................................................................................................22
3.3.6 Processamento (SubVI) ....................................................................................23
3.3.7 Análise Manual ................................................................................................24
3.3.8 Configurações .................................................................................................24
3.3.9 Importação de Coletas ......................................................................................25
3.4 Testes em Bancada ....................................................................................................26
3.4.1 Bancada ..........................................................................................................26
3.4.2 Pontos de coleta ...............................................................................................27
4 RESULTADOS ..............................................................................................................28
4.1.1 Multilog IMx-S | Software @ptitude Analyst .......................................................28
4.1.2 NI usb 6259 | Software proposto por esse trabalho ...............................................29
4.1.3 Multilog IMx-S | Software proposto por esse trabalho ..........................................30
5 CONCLUSÕES ..............................................................................................................34
6 PROPOSTAS DE TRABALHOS FUTUROS ..................................................................34
7 REFERÊNCIAS .............................................................................................................35
LISTA DE SÍMBOLOS E SIGLAS

• LabVIEW – Laboratório instrumentado virtual de engenharia (Laboratory Virtual Instrument


Engineering Workbench)
• FFT – Transformada Rápida de Fourier
• DFT – Transformada Discreta de Fourier
• IHM – Interface Humano-Máquina
• VIs – Instrumentos Virtuais
• DAQ – Sistema de Aquisição de Dados
• SKF – Svenska KullagerFabriken
• USB – Porta Serial Universal (Universal Serial Bus)
• FTF – Frequência da Gaiola
• BSF – Frequência do Elemento Rolante
• BPFO – Frequência da Pista Externa
• BPFI – Frequência da Pista Interno
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Relação do sinal no domínio do tempo e no domínio da frequência. Autor: NTiAudio (2020),
editada...................................................................................................................................11
Figura 2 – Procedimento para análise de envelope usando a ‘‘Transformação de Hilbert’’ Autor: Robert
B.Randall. ..............................................................................................................................12
Figura 3 – Função de Hann (esquerda), e sua resposta em frequência (à direita) Autor: Olli Niemitalo
.............................................................................................................................................13
Figura 4 – Exemplo de janelas de programação e interface do LabVIEW. ......................................14
Figura 5 – Bibliotecas de programação G do LabVIEW. ..............................................................14
Figura 6 – Acelerômetro Industrial SKF CMSS2200 com fixação magnética .................................15
Figura 7 – SKF IMx-S 16 ........................................................................................................16
Figura 8 – Ni usb 6259 ............................................................................................................16
Figura 9 – Condicionador para acelerômetros .............................................................................16
Figura 10 – Diagrama da relação entre os módulos do Software ...................................................17
Figura 11 – Menu Principal do Software de análise de vibrações ..................................................18
Figura 12 – Árvore de Máquinas ...............................................................................................18
Figura 13 – Interface de registro de motor elétrico ......................................................................19
Figura 14 – Interface de registro de mancal ................................................................................20
Figura 15 – Registro de novo mancal no banco de dados .............................................................20
Figura 16 – Informações de nova aquisição ................................................................................22
Figura 17 – Progresso de aquisições em andamento ....................................................................22
Figura 18 – Download e Upload de nuvem.................................................................................23
Figura 19 – Diagrama de processamento do sinal ........................................................................24
Figura 20 – Interface para análise de vibrações ...........................................................................24
Figura 21 – Interface de Configurações .....................................................................................25
Figura 22 – VI solicitando arquivo a ser importado .....................................................................25
Figura 23 – VI solicitando aquisições a serem convertidas ...........................................................26
Figura 24 – Bancada didática ...................................................................................................27
Figura 25 – Pontos de coleta ................................................................................................27
Figura 26 – Gráfico no tempo no Software @ptitude Analyst coletado pelo Multilog IMx-S. ...........28
Figura 27 – Gráfico do espectro da velocidade no Software @ptitude Analyst coletado pelo Multilog
IMx-S. ...................................................................................................................................28
Figura 28 – Gráfico do espectro do envelope no Software @ptitude Analyst coletado pelo Multilog IMx-
S. ..........................................................................................................................................28
Figura 29 – Gráfico do tempo no Software proposto por esse trabalho coletado pelo NI usb 6259. ....29
Figura 30 – Gráfico do espectro da velocidade no Software proposto por esse trabalho coletado pelo NI
usb 6259. ...............................................................................................................................29
Figura 31 – Gráfico do espectro do envelope no Software proposto por esse trabalho coletado pelo NI
usb 6259. ...............................................................................................................................29
Figura 32 – Gráfico do tempo no Software proposto por esse trabalho coletado pelo Multilog IMx-S.
.............................................................................................................................................30
Figura 33 – Gráfico do espectro da velocidade no Software proposto por esse trabalho coletado pelo
Multilog IMx-S. .....................................................................................................................30
Figura 34 – Curva de Distribuição Gaussiana das Amplitudes do espectro de velocidade .................31
Figura 35 – Curva de Distribuição Gaussiana das Frequências do espectro de velocidade ................31
Figura 36 – Gráfico do espectro do envelope no Software proposto por esse trabalho coletado pelo
Multilog IMx-S. .....................................................................................................................32
Figura 37 – Curva de Distribuição Gaussiana das Amplitudes do espectro de envelope ...................32
Figura 38 – Curva de Distribuição Gaussiana das Frequências do espectro de envelope ...................32
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Organização de registro de dados de novos mancais ....................................................19


Tabela 2 – Organização de registro de dados de novos motores elétricos indutivos .........................19
Tabela 3 – Organização dos dados de uma aquisição ...................................................................21
Tabela 4 – Estatísticas do espectro de velocidade ........................................................................31
Tabela 5 – Estatísticas do espectro de envelope ..........................................................................33
1 INTRODUÇÃO

1.1 Considerações Iniciais

Segundo Singiresu Rao (2008), qualquer movimento que se repita após um intervalo de tempo
é denominado vibração ou oscilação. O balançar de um pêndulo e o movimento de uma corda dedilhada
são exemplos típicos de vibração. A teoria de vibração trata do estudo de movimentos oscilatórios de
corpos e as forças associadas a eles.
Em sistemas mecânicos como equipamentos industriais, a vibração mecânica pode elevar a
temperatura do equipamento, desgastar prematuramente os mancais, rolamentos e sistemas engrenados,
causar rupturas e empenamentos em eixos, falhar a vedação e selagem e gerar afrouxamentos ou quebras
de parafusos de fixação, além de ruídos.
Para que diversos setores industriais acompanhem de forma competitiva no cenário industrial,
o investimento em tecnologias que aumente a eficiência de processos se faz necessário a cada vez mais.
A manutenção é o setor que está presente em qualquer indústria, no qual é responsável por manter em
ótimas condições o funcionamento de todas as máquinas presentes. A manutenção preditiva consiste em
analisar e acompanhar a saúde de maquinas e equipamentos, assim podendo prever futuras falhas e
planejar o melhor momento de reparo.
Na manutenção preditiva, a análise de vibrações demonstrou ser de alta importância e eficiência
na detecção de falhas, a qual identifica defeitos de natureza mecânica e o nível de intensidade se
apresentam. Sendo executada enquanto a máquina está em funcionamento, a análise de vibrações não
necessita da interrupção do funcionamento de uma linha de produção, e sendo realizada periodicamente,
pode monitorar o desenvolvimento de defeitos indicando quando se apresentará uma falha. Sem um bom
sistema de análise de vibrações os equipamentos rotativos de uma planta industrial estão sujeitos a
avarias críticas e inesperadas, resultando na interrupção do funcionamento de equipamentos em horários
não planejados, provocando em casos mais graves, uma parada na linha de produção.
Para a realização da análise de vibrações, necessita-se de sensores capazes de transforma a
vibração mecânica em sinais elétricos, sensores esses chamados de acelerômetros. Existem
acelerômetros de vários tipos, entre eles, o acelerômetro piezoelétrico é amplamente utilizado em
indústrias e laboratórios de pesquisa, seu funcionamento é baseado a qualidade especial de alguns
cristais que quando comprimidos produzem uma diferença de potencial, assim pode ser usado para
traduzir ondas mecânicas em sinais elétricos. Após esses sinais serem produzidos pelo sensor, são
enviados a um sistema, o qual filtra o sinal analógico e o converte em um sinal digital, e finalmente ser
lido por um software que o processa.
Este trabalho é sobre o desenvolvimento de um software de análise de vibração em máquinas
rotativas, construído de maneira modular para facilitar a implementação de futuras melhorias. Seu
desenvolvimento é realizado pela plataforma de programação gráfica LabVIEW, a qual permite a
criação da interface paralelamente à programação gráfica G. Criado para o ambiente da engenharia, o

9
LabVIEW proporciona incontáveis possibilidades quanto a evolução do software e com a sua
programação em blocos, possui em sua biblioteca centenas de funções pertinentes à análise de vibrações.

1.2 Objetivos Geral e Específicos

O presente trabalho tem por objetivo o desenvolvimento do software de análise de vibrações de


máquinas rotativas com o foco em atender tanto, usuários com conhecimentos aprofundados, quanto,
usuários com conhecimentos superficiais do assunto, onde o próprio software apresenta uma interface
amigável e intuitiva.
Os objetivos específicos são:
• Organizar o software de maneira modular para facilitar novas implementações.
• Implementar módulos de aquisições singulares e múltiplas, criação e edição de novas máquinas,
processamento de sinais coletados, exposição dos sinais processados para o domínio da
frequência, compartilhamento online em nuvens, configurações e importação de dados de
programa de terceiros.
• Realizar testes em bancada didática.
• Comparar o processamento de dados do software exposto por esse trabalho com o @ptitude
Analyse, o qual é consolidado na área.

1.3 Estrutura do Trabalho

No capítulo 1 deste trabalho contêm a contextualização do tema, justificativas


para o mesmo e seus objetivos.
No capítulo 2 contêm toda a revisão bibliográfica e fundamentação de todas as teorias usadas
no presente trabalho.
Por sua vez o capítulo 3 apresenta a metodologia usada no desenvolvimento do software, junto
a construção de todos os módulos e a descrição do teste realizado em uma bancada didática.
No capítulo 4 estão dispostos os resultados obtidos ao comparar o software do trabalho com
outro já fundamentado no mercado.
O capítulo 5 apresenta as conclusões mediante aos resultados.
No capítulo 6 são expostas propostas de trabalhos futuros.
Ocapítulo 7 dispõe as referências bibliográficas utilizadas ao longo deste trabalho.

10
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Transformada Rápida de Fourier

Na prática a FFT converte uma função que está no domínio do tempo para o domínio da
frequência, separando os harmônicos presentes no sinal, dessa forma é possível detectar as respectivas
frequências e amplitudes desses harmônicos bem como a frequência dominante, SPAMMER (2009).
A Transformada Rápida de Fourier (FFT) é um algoritmo utilizado para calcular a Transformada
Discreta de Fourier (DFT), a qual é a soma de amostras temporais ponderadas pelo operador unitário de
rotação angular (𝑒 −𝑗𝜔𝑇 ) da mesma ordem n da respectiva amostra. A FFT utiliza a periodicidade de
senos, possibilitando a redução significativa da quantidade dos cálculos necessários para realizar a DFT.
Seu funcionamento se dá por meio da divisão das informações da série a ser transformada em séries a
cada vez menores. A Equação (2.1) demonstra a FFT a partir da DFT, onde o número de cálculos é
reduzido de 2N² para N.
𝑁−1 𝑁−1
𝑖2𝜋𝑘𝑛
𝐹𝑛 = ∑ 𝑓𝑘 𝑒 − 𝑁 = ∑ 𝑓𝑘 𝑊 𝑘𝑛 , 𝑛 = 0, … , 𝑁 − 1 (2.1)
𝑘=0 𝑘=0

Neste trabalho a FFT será utilizada para a conversão do sinal de vibração que está no domínio
do tempo para o domínio da frequência, separando os diferentes harmônicos presentes no sinal,
possibilitando identificar as amplitudes de cada frequência. Esta conversão será de suma importância
para a análise de vibração em maquinas rotativas, onde irregularidades refletem em variações da
amplitude em determinadas frequências. A representação do mesmo sinal nos dois domínios pode ser
observada na Figura 1.

Figura 1 – Relação do sinal no domínio do tempo e no domínio da frequência. Autor: NTiAudio (2020), editada

2.2 Transformada de Hilbert

Criada pelo matemático alemão David Hilbert, a Transformada de Hilbert é usada em diversas
aplicações, tanto em análises de vibrações em motores e rolamentos, quanto modulação e demodulação
de sinais em sistemas de comunicação, processamento e codificação de imagens, eletro medicina e

11
análise de sinais sismológicos. Essa transformada pode compreendida como a relação entre as partes
real e imaginaria de uma função de transferência, podendo ser utilizada para demodulação em amplitude
dentro da aplicação da técnica do envelope. Definida pela Equação (2.2).
+∞ 𝑥
1 (𝜏)
ℎ(𝑡) = 𝐻[𝑋(𝑡) ] = ∙∫ ∙ 𝑑𝜏 (2.2)
𝜋 −∞ 𝑡 − 𝜏
Para aplicações práticas em análise de vibrações, utiliza-se a Técnica de Envelope a qual
consiste em aplicar a FFT no sinal e identificar uma faixa para demodulação, após isso, posicionar essa
faixa para o ponto zero e dobrar o comprimento do vetor, depois aplicar a Transformada Inversa de
Fourier e por último retificar o sinal, no domínio do tempo, efetuando a raiz quadrada da multiplicação
do sinal pelo seu complexo conjugado, obtendo-se o módulo. Esso processo pode ser visualizado na
Figura 2.

Figura 2 – Procedimento para análise de envelope usando a ‘‘Transformação de Hilbert’’ Autor: Robert B.Randall.

2.3 Janela Hann ou Hanning

Segundo Randall (1987), a função de Hanning é considerada como sendo formada pela
limitação do comprimento de um cosseno contínuo elevado pela multiplicação por uma janela retangular
de comprimento igual a um período. A convolução dos dois espectros resulta em três funções sen (x/x)
sobrepostas, onde a central tem o dobro da escala das outras duas. O deslocamento das duas funções
menores é tal que seus lóbulos laterais estão fora de fase com os lóbulos laterais da função principal e
quase os cancelam. A situação geral é que um lóbulo lateral de ordem "n" é neutralizado pela soma de
dois lóbulos laterais (um de ordem "n + 1", o outro de ordem "n-1") em meia escala. Será apreciado que
quanto maior a ordem "n", mais completo é o cancelamento e, portanto, mais rápida a taxa de queda dos
lóbulos laterais resultantes.
Utilizada em processamento de sinais digitais para selecionar um subconjunto de uma série de
amostras, a fim de realizar uma transformada de Fourier. Sua vantagem é o seu baixo aliasing, porém

12
perde ligeiramente a resolução. A Janela Hanning pode ser vista junto à sua resposta no domínio da
frequência na Figura 3.

Figura 3 – Função de Hann (esquerda), e sua resposta em frequência (à direita) Autor: Olli Niemitalo

2.4 Análise de Falha em Máquinas Rotativas

Cada máquina composta por peças mecânicas emite sinais vibracionais gerados por cada
elemento. A junção dos sinais de cada elemento mecânico do sistema forma um complexo de frequências
que caracterizam o sistema. Máquinas rotativas, quando em condições normais, possuem vibrações
características, o que é chamado de assinatura vibracional. Durante a fabricação, transporte, instalação
e em pleno funcionamento, máquinas podem sofrer desgastes, folgas, trincas ou outros defeitos que
alteram seu funcionamento, os quais produzirão uma resposta em uma ou mais frequências especificas,
frequências essas que alcançarão uma amplitude que indicará a gravidade do defeito.

2.5 Software LabVIEW

O LabVIEW é um software de desenvolvimento utilizado por engenheiros no desenvolvimento


de sistemas customizados de teste, medição e controle em um ambiente de programação gráfica
(NATIONAL INSTRUMENTS, 2020). Baseado na linguagem de programação gráfica G, o LabVIEW
desenvolve Instrumentos Virtuais (VIs) com um conceito de fluxo de dados entre cada bloco, sendo
dividido em duas janelas, uma para programação gráfica em blocos e a outra para interface homem-
máquina (IHM), conforme mostra a Figura 4, onde à esquerda encontra-se a janela de programação e à
direita a janela de interface.

13
Figura 4 – Exemplo de janelas de programação e interface do LabVIEW.

Em sua biblioteca de programação em G, o LabVIEW possui diversas funcionalidades de


aquisição, processamento de sinais, estruturas de programação, cálculos matemáticos, arquivos
executáveis, entre outras funções voltadas para a área de engenharia, mostrado na Figura 5.

Figura 5 – Bibliotecas de programação G do LabVIEW.

3 METODOLOGIA

3.1 Hardware

Para a realização da análise de vibrações, é necessário a utilização de equipamentos que


transportam e convergem as ondas mecânicas geradas pelas maquinas rotativas em sinais elétricos
digitais, os quais serão lidos e analisados pelo Software. Esse conjunto de equipamentos formam o que
é conhecido como o Hardware do sistema, nesse caso composto pelo sensor que que converge o sinal

14
mecânico em elétrico, o condicionador que processa o sinal analógico e o Sistema de Aquisição de
Dados (DAQ).

3.1.1 Sensor
O sensor de vibração utilizado em testes é o acelerômetro industrial CMSS2200 da SKF, ele
converge a aceleração gravitacional em tensão com uma sensibilidade de 100mV/g. Para a fixação do
sensor nos equipamentos, é utilizada uma base magnética, a qual promove uma medição com maior
mobilidade. Segue a imagem do sensor com a fixação magnética na Figura 6.

Figura 6 – Acelerômetro Industrial SKF CMSS2200 com fixação magnética

3.1.2 Sistemas de aquisição de dados


Os sensores Acelerômetros Industriais operam sendo alimentados com uma tensão de 18 a
30Vcc e necessitam que seja por uma fonte sem ruídos, além de que após convertidos em sinais elétricos,
os mesmos necessitam de filtros passa-baixos analógicos e conversores analógico-digitais. Para
viabilizar todo esse processamento, utiliza-se de unidades de medição que condicionam e processam
esses sinais para assim se comunicar com o Software. Neste trabalho serão utilizados dois sistemas de
aquisição de dados (DAQ), o Multilog IMx-S 16 é um sistema de medição de dados comercializado pela
empresa SKF, o qual é capaz de se comunicar diretamente entre acelerômetros e o software já
consolidado no mercado @ptitude Analyst, o Multilog IMx-S 16 pode ser visualizado na Figura 7. O
segundo DAQ utilizado neste trabalho é o sistema distribuído pela National Instruments, o Ni usb 6259,
que pode ser visto na Figura 8. Este sistema é capaz de converter os sinais analógicos em digitais, porém
não fornece os níveis de tensão necessários para a operação do acelerómetro industrial, por isso será
utilizado em conjunto com um condicionador para acelerômetros que, por sua vez, alimentará o sensor
e filtrará o sinal com um filtro passa-baixo ajustado para 2000Hz, esse condicionador para acelerômetros
é representado pela Figura 9.

15
Figura 7 – SKF IMx-S 16

Figura 8 – Ni usb 6259

Figura 9 – Condicionador para acelerômetros

3.2 Estrutura do Software

O desenvolvimento deste software de análise de vibrações foi realizado de maneira modular,


assim cada parte do software é separada por sua função. Dessa forma, é possível programar separando
cada função, o que facilita a implementação de novas funções ou a retirada de funções desnecessárias
para certas aplicações, por exemplo uma versão do software onde não possui função de aquisição de

16
sinais serve para um computador sem acesso a uma placa de aquisição, isso evitaria a instalação de
drivers e arquivos, reduzindo significativamente o tamanho do Software e o processamento.
O software de análise de vibrações foi separado em nove VIs, sendo oito deles com IHM e um
para processamentos repetitivos, assim chamado SubVI. A disposição da interação entre cada modulo
perante a VI do Menu Principal, como também a integração das SubVIs e o fluxo da transferência dos
arquivos de dados, podem ser observados na Figura 10.

Figura 10 – Diagrama da relação entre os módulos do Software

Como visto anteriormente na Figura 10, a disposição dos módulos e SubVIs são:
Módulos:
• Menu Principal
• Árvore de Máquina
• Aquisição
• Nuvem
• Análise Manual
• Configurações
• Importar
SubVIs:
• Processamento

3.3 Desenvolvimento do Software

3.3.1 Menu Principal


O Menu Principal é o VI responsável por gerenciar a interação das informações em todo o
software. Além de criar e organizar todo o banco de dados, o Menu Principal é a primeira tela que
aparecerá com a inicialização do software, nele apresenta todas as funções, assim o software organiza a
estrutura do banco de dados no formato: Árvore de Máquina > Máquina > Aquisições.
Construído de maneira simples e objetiva, o Menu Principal facilita ao usuário no manuseio e
simplifica o processo de criar bancos de dados, aquisição de sinais, análise de dados e geração de
relatórios. Na Figura 11, pode-se observar a interface inicial do software, o Menu Principal.

17
Figura 11 – Menu Principal do Software de análise de vibrações

3.3.2 Árvore de Máquina


Esta VI é responsável por criar uma pasta dentro do banco de dados onde um conjunto de
Máquinas situadas no mesmo local ou no mesmo processo estejam juntos. A pasta criada por esta VI é
localizada em uma parta chamada DATABASE localizada no diretório do software. Sua interface,
apresentada na Figura 12, solicita ao usuário o nome que deseja para um novo conjunto de máquinas.

Figura 12 – Árvore de Máquinas

3.3.3 Máquina
Dependendo de qual máquina será analisada, a mesma será composta por diferentes elementos
mecânicos, sendo assim, alterando a análise de falha que deve ser realizada para aquela máquina. Na VI
de registro de máquina, o usuário poderá escolher entre mancais e três tipos de motores elétricos, sendo
eles indutivo, corrente continua e síncrono. Para cada tipo de máquina, a interface se apresenta de
maneira distinta, assim o usuário terá uma clara visão das informações necessárias para o registro na
nova máquina. Registro esses que serão armazenados em um arquivo de texto que acompanhará a pasta
que organizará as aquisições de cada máquina. Nas Tabelas 1 e 2 se encontram, respectivamente, a
organização dos dados de registro de novos mancais e novos motores elétricos (neste caso o motor
elétrico indutivo).

18
Tabela 1 – Organização de registro de dados de novos mancais

Mancal
Linha\Coluna 0 1 2 3 4 5
Nome da Tipo de
0
máquina máquina
Rolamento
1
FTF BSF BPFO BPFI Marca Modelo
Velocidade
2
Nominal [RPM]

Tabela 2 – Organização de registro de dados de novos motores elétricos indutivos

Motor Elétrico “Motor Indutivo"


Linha\Coluna 0 1 2 3 4 5
Tipo de
Nome da Tipo de
0 motor
máquina máquina
elétrico
Rolamento Lado oposto do acoplamento
1
FTF BSF BPFO BPFI Marca Modelo
Rolamento Lado do acoplamento
2
FTF BSF BPFO BPFI Marca Modelo
Tensão
Velocidade Frequência de Número de Número de Potência
3 Nominal
Nominal [RPM] Linha [Hz] Polos Barras [kW]
[V]

Para o registro de novas máquinas, a VI recebe de entrada do Menu Principal o local onde serão
salvos o registro e a nova pasta, e um comando indicando se a VI criará um novo registro ou editará um
registro já criado anteriormente. Nas Figuras 13 e 14 mostram, respectivamente, a interface da VI de
registro de mancais e motores elétricos.

Figura 13 – Interface de registro de motor elétrico

19
Figura 14 – Interface de registro de mancal

Pôde-se identificar nas Figuras 13 e 14 que o software oferece ao usuário uma lista de
rolamentos de diferentes marcas e modelos, isso se deve ao fato de o software possuir um banco de
dados com as frequências características de falhas em rolamentos. Caso o usuário possua um rolamento
não constado na lista, o mesmo tem a opção de adicionar um novo no banco de dados inserindo as
informações de dimensionamento do mesmo. A função de adição de novos enrolamentos é mostrada na
Figura 15.

Figura 15 – Registro de novo mancal no banco de dados

Nesta parte da VI, usuário insere as informações de construção do rolamento e o software calcula
as frequências características de falhas daquele rolamento, frequências essas expostas nas Equações
(3.1), (3.2), (3.3) e (3.4),onde d = diâmetro do elemento rolante (mm); D = diâmetro primitivo do
rolamento (mm); N = número de elementos rolantes; β = ângulo de contato do rolamento; 𝑓0 =
frequência de rotação do eixo (Hz):

20
Frequência do elemento rolante (BSF):

𝑑 𝑑 2
𝑓𝑏𝑎𝑙𝑙 = 𝑓 (1 − ( ) cos 2 𝛽) (3.1)
2𝐷 0 𝐷

Frequência da pista interna (BPFI):


𝑁 𝑑
𝑓𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑛𝑎 = 𝑓0 (1 + cos2 𝛽) (3.2)
2 𝐷
Frequência da gaiola (FTF):
𝑁 𝑑
𝑓𝑔𝑎𝑖𝑜𝑙𝑎 = 𝑓0 (1 − cos 2 𝛽) (3.3)
2 𝐷
Frequência da pista externa (BPFO):
𝑁 𝑑
𝑓𝑒𝑥𝑡𝑒𝑟𝑛𝑎 = 𝑓0 (1 − cos2 𝛽) (3.4)
2 𝐷

3.3.4 Aquisição
A aquisição de dados desenvolvida nesse software utiliza a função NI DAQmx presente na
biblioteca de funções do LabVIEW, ela permite a comunicação do software com placas de aquisições
da NATIONAL INSTRUMENTS por intermédio da porta USB do computador. A VI de aquisição tem
por função coletar, realizar um pré-processamento e armazenar os dados obtidos pela placa de aquisição.
No domínio do tempo, o a placa de aquisição coleta o sinal de tensão [V], o qual é convertido para g
(aceleração gravitacional) e salvo junto às informações da respectiva coleta, isso em um arquivo de texto
com o seu formato descrito pela Tabela 3.

Tabela 3 – Organização dos dados de uma aquisição

Aquisição
Linha\Coluna 0 1 2 ... 2(n-1)+1 2(n-1)+2
Tempo de
0
coleta [s]
Posição do
1
sensor
Sentido do
2 Vetor de Vetor de
sensor Vetor de Vetor de
dados de dados de
3 Data/Hora tempo [s] ... tempo [s]
vibração [g] vibração [g]
Número de (Média 1) (Média n)
4 (Média 1) (Média n)
médias (n)
...
Número de
pontos de
coleta

Ao ser selecionado no Menu Principal, a VI de aquisição irá requisitar ao usuário a localização


do ponto de coleta e o sentido da posição do sensor. De maneira ilustrativa, a interface mostrará a posição
e o sentido escolhido pelo usuário, desta forma, o mesmo pode verificar se o posicionamento do sensor

21
confere com a imagem indicada pelo software, além disso, a VI oferece a possibilidade de programar
mais de uma coleta e o intervalo de tempo entre cada. A interface inicial da VI de aquisição, onde é
inserido as informações da aquisição, pode ser visualizado na Figura 16.

Figura 16 – Informações de nova aquisição

Após iniciada a aquisição, a Interface da aquisição é alterada para um indicador de progresso,


nele o usuário visualizará o tempo restante da atual aquisição e quantas aquisições foram realizadas,
caso o usuário requisitou múltiplas aquisições. A janela de progresso é mostrada pela Figura 17.

Figura 17 – Progresso de aquisições em andamento

3.3.5 Nuvem
A comunicação entre computadores dentro de um complexo industrial é de suma importância,
por esse motivo a VI Nuvem foi implementada. Nesta VI tem dois modos, o de Download de um drive
e o de Upload no mesmo drive, sendo assim, o usuário poderá realizar Backups na nuvem de sua
preferência. Para o funcionamento desta função, o computador local deverá conter a instalação de uma

22
pasta de arquivos compartilhada com um drive, assim o software comunicará diretamente com a mesma
podendo realizar transferências de bancos de dados entre computadores logados na mesma conta do
drive. Na Figura 18 podem ser vistas as opções de Download e Upload de uma nuvem.

Figura 18 – Download e Upload de nuvem

3.3.6 Processamento (SubVI)


O processamento de sinal coletado no tempo é de suma importância para a análise de vibração,
conforme foi dito anteriormente, a análise de vibrações de maquinas rotativas é realizada no domínio da
frequência, por isso a SubVI de processamento foi desenvolvida. Essa SubVI condiciona sinal
inicialmente no domino do tempo para o domínio da frequência, dentro do domínio da frequência o sinal
em aceleração gravitacional [g] é transformado para aceleração [mm/s²], velocidade [mm/s],
deslocamento [mm] e envelope [Eg].
Para converter o sinal de aceleração gravitacional(g) para aceleração(a), o mesmo é multiplicado
pela constante gravitacional da Terra, segundo (3.1).
𝑎 = 𝑔 ∗ 9,80665 (3.5)

Após o sinal ser convertido para aceleração(a), ele é integrado para obter a velocidade(v), visto
em (3.2).

𝑣 = ∫ 𝑎 ∗ 𝑑𝑡 (3.6)

Por sua vez, a velocidade(v) é integrada para obter o deslocamento(d), conforme (3.3).

𝑑 = ∫ 𝑣 ∗ 𝑑𝑡 (3.7)

Para certas análises, tais como em rolamentos, é necessário se obter o Envelope (GE), para isso,
a aceleração gravitacional(g) é passada pela Transformada Rápida de Hilbert, o qual demodulariza o
sinal. Após todos os cálculos, a aceleração, velocidade, deslocamento e o envelope passam por um filtro
passa-faixa, de 5 a 1000 Hz no envelope e 5 a 2000 Hz nos demais. Após isso, os sinais passam pela

23
Transformada Rápida de Fourier e Janela Hanning. A SubVI de Processamento pode ser demonstrada
pelo diagrama de blocos visualizado na Figura 19.

Figura 19 – Diagrama de processamento do sinal

3.3.7 Análise Manual


É nesta parte do software onde todos os sinais processados pela VI de processamento é exposto
em gráficos para que o usuário possa realizar a análise em todos os tipos de gráficos necessários para a
análise de vibração em máquinas rotativas. Na VI de Análise, o usuário pode selecionar qual tipo de
gráfico irá aparecer na tela, juntamente com o sinal da aquisição no domínio do tempo[s], tem aceleração
[mm/s²], velocidade [mm/s], deslocamento [mm] e envelope [Eg] no domínio da frequência [Hz].
Foi integrado à esta VI, funções para investigar o sinal de forma a facilitar a análise de vibração,
tais como controle de zoom e controle de cursor seguido por outros cursores para identificar harmônicos,
com um total de dez harmônicos. Na Figura 20 pode ser visto a Interface da VI de análise de vibrações.

Figura 20 – Interface para análise de vibrações

3.3.8 Configurações
A VI de Configurações foi desenvolvida para reunir todas as preferências do usuário em outras
VIs, é nela que o usuário configura as opções da aquisição, informações do sensor acelerômetro
utilizado, a localização da pasta compartilhada do drive, o local em que deseja salvar os relatórios e o
acesso a VI de importação de dados do @ptitude, vista no subitem 3.2.11. Sempre que iniciado, a VI lê

24
as configurações salvas anteriormente, isso porque cada modificação é atualizada e salva imediatamente
e um arquivo presente no diretório do Software. A seguir, na Figura 21, a interface das VI de
Configurações.

Figura 21 – Interface de Configurações

3.3.9 Importação de Coletas


Para a transferência de conversão de dados de origem de softwares terceiros, esta VI foi
desenvolvida para intermediar a comunicação entre este Software e o @ptitude Analyst, desenvolvido
e comercializado pela empresa SKF (Svenska KullagerFabriken). A VI lê o banco de dados exportado
pelo @ptitude analyst, nomeado "Export_Time.csv", após a leitura do arquivo, as aquisições presentes
são selecionadas e o usuário especifica a posição em que o sensor se encontrava na respectiva aquisição,
em seguida é convertido para o formato do Software, aceleração gravitacional [g] no domínio do tempo,
visto na Tabela 3. A seguir, nas Figuras 22 e 23, observasse VI solicitando, respectivamente, o local do
arquivo a ser importado e as aquisições que serão convertidas.

Figura 22 – VI solicitando arquivo a ser importado

25
Figura 23 – VI solicitando aquisições a serem convertidas

3.4 Testes em Bancada

Para avaliar a veracidade do processamento do sinal realizado pelo software de análise de


vibrações, as aquisições serão separadas em três combinações de DAQs e Softwares. Primeiramente as
aquisições do o Sistema DAQ SKF Multilog IMx-S 16 sendo processadas pelo Software @ptitude
Analyst para se obter uma referência de comparação com o software deste trabalho. Após isso, serão
expostas as aquisições do DAQ NI usb 6259 sendo processada pelo Software de análise de vibração,
para comparar a coleta e o processamento dos sinais realizados pelo software deste trabalho. E por
último, serão mostradas as aquisições importadas do @ptitude Analyst e processadas pelo Software de
análises de vibrações, com o intuito de isolar possíveis avarias de hardware e analisar somente o
processamento do sinal.

3.4.1 Bancada
A bancada utilizada nos testes é composta por um motor de indução trifásico de 1/8CV,
alimentado por um inversor de frequência, este motor é acoplado a uma polia, o qual um rotaciona um
segundo eixo por meio de uma correia, fixado por dois mancais. No outro lado deste segundo eixo é
acoplado um disco de balanceamento. Bancadas assim, são necessárias para a realização de estudos
práticos de análises de vibração, pois possuem em seu sistema diversos elementos mecânicos girantes
que geram excitações em inúmeras frequências. A foto da bancada didática pode ser visualizada na
Figura 24.

26
Figura 24 – Bancada didática

3.4.2 Pontos de coleta


Para a realização de aquisições são selecionados pontos de coleta na nas máquinas a serem
analisadas, a escolha desses pontos é a critério do operador, o qual seleciona o local de acordo com a
análise que julgar pertinente. Localizados sobre os rolamentos das máquinas, o sensor pode ser
posicionado em três pontos na bancada didática, sendo eles no mancal ao lado do disco de
balanceamento, no mancal ao lado da polia e no motor no lado oposto ao acoplamento, pontos esses
observados na Figura 25, onde estão enumerados na ordem citada anteriormente.

Figura 25 – Pontos de coleta

Na execução dos testes, foram realizadas coletas nos três pontos de coletas, nos sentidos
horizontal, vertical e axial. Por motivos de representatividade, foi selecionado o ponto de coleta 2,
mancal ao lado da polia, posicionado no sentido vertical para a realização das comparações presentes
no capítulo 4 deste trabalho.

27
4 RESULTADOS

4.1.1 Multilog IMx-S | Software @ptitude Analyst


Para se verificar a veracidade do software desenvolvido, foi utilizado o Multilog IMx-S como
referência para o processo de coleta e processamento do sinal analógico e o Software @ptitude Analyst
para servir como base de comparação nos quesitos de processamento do sinal do domínio do tempo para
o domínio da frequência, convertendo assim o sinal para os espectros de velocidade e envelope, os quais
são de suma importância para análises de falhas de máquinas rotativas. A seguir podem serem
observados o sinal do tempo coletado e os espectros de velocidade e envelope, respectivamente, nas
Figuras 26, 27 e 28.

Figura 26 – Gráfico no tempo no Software @ptitude Analyst coletado pelo Multilog IMx-S.

Figura 27 – Gráfico do espectro da velocidade no Software @ptitude Analyst coletado pelo Multilog IMx-S.

Figura 28 – Gráfico do espectro do envelope no Software @ptitude Analyst coletado pelo Multilog IMx-S.

28
4.1.2 NI usb 6259 | Software proposto por esse trabalho
Neste subitem está presente coletas realizadas pelo sistema DAQ NI usb 6259 junto ao
condicionados de sinais para acelerômetros, e seu processamento foi realizado pelo software proposto
nesse trabalho, nas Figuras 29, 30 e 31 expõem, respetivamente, os gráficos do tempo e espectros da
velocidade e envelope gerados pelo Software de análise de vibrações em máquinas rotativas.

Figura 29 – Gráfico do tempo no Software proposto por esse trabalho coletado pelo NI usb 6259.

Figura 30 – Gráfico do espectro da velocidade no Software proposto por esse trabalho coletado pelo NI usb 6259.

Figura 31 – Gráfico do espectro do envelope no Software proposto por esse trabalho coletado pelo NI usb 6259.

Ao analisar visualmente os gráficos acima e compara-los aos gerados pelo Software @ptitude
Analyst, pode-se perceber a disparidade nítida entre os resultados. Normalmente, esperasse um grau de
variação entre as aquisições por serem realizadas em diferentes horários, pois sinais de vibração variam
constantemente, porém, além do gráfico do tempo, Figura 29, estar nitidamente diferente do da Figura
26, percebesse que o sinal do espectro da velocidade, mostrado na Figura 30, apresenta excesso de ruídos
em frequências abaixo de 100Hz, o que inviabiliza a execução de uma análise de vibração. Esses tipos

29
de ruídos podem ser gerados por más condições dos cabos entre o sensor e o condicionador para
acelerômetros, ou até mesmo pelo próprio condicionador apresentar defeitos.

4.1.3 Multilog IMx-S | Software proposto por esse trabalho


Para se isolar as avarias do sistema de aquisição de dados anterior, foi utilizada a VI de
importação de aquisições, descrita no Subitem 3.3.9, para transferir as aquisições geradas pelo Multilog
IMx-S e obter uma comparação do processamento do Software de Análise de Vibrações em Máquinas
rotativas. Em seguida, pode se observar o sinal do tempo importado e os espectros de velocidade e
envelope processados pelo Software deste trabalho, respectivamente, nas Figuras 32, 33 e 34.

Figura 32 – Gráfico do tempo no Software proposto por esse trabalho coletado pelo Multilog IMx-S.

Como o sinal do tempo é somente transferido, não sendo submetido a qualquer tipo de
processamento, é claramente idêntico ao gráfico do tempo mostrado no Software @ptitude Analyst,
mostrado na Figura 26. Assim, não necessitando de qualquer análise estatística para se comparar os
sinais.

Figura 33 – Gráfico do espectro da velocidade no Software proposto por esse trabalho coletado pelo Multilog IMx-S.

Para comparação do processamento do sinal realizado pelo Software deste trabalho, foi
construída as curvas de distribuição Gaussiana das amplitudes e frequências dos espectros de velocidade
gerados pelos Softwares @ptitude Analyst e o deste trabalho. Para a realização desta comparação, foram
utilizados 1503 pontos na construção das curvas. Curvas essas, expostas nas Figuras 34 e 35.

30
Curva de Distribuição Gaussiana da Amplitude
2,5
2
1,5
1
0,5
0
-0,56853 -0,36853 -0,16853 0,03147 0,23147 0,43147 0,63147 0,83147
Aptitude Analyst Software TCC

Figura 34 – Curva de Distribuição Gaussiana das Amplitudes do espectro de velocidade

Curva de Distribuição Gaussiana da Frequência


0,0015

0,001

0,0005

0
-786,735 -286,735 213,265 713,265 1213,265 1713,265
Aptitude Analyst Software TCC

Figura 35 – Curva de Distribuição Gaussiana das Frequências do espectro de velocidade

Tabela 4 – Estatísticas do espectro de velocidade

Amplitude Frequência
Software @ptitude Software Software @ptitude Software
Variação (%) Variação (%)
Analyst TCC Analyst TCC
Média 0,1577 0,1530 3,00% 701,6928 677,0042 3,518%
Desvio
0,1816 0,1705 6,09% 344,4923 365,9349 6,224%
Padrão

Analisando os dados da Tabela 4 e as curvas de distribuição Gaussiana das amplitudes e


frequências presentes nas Figuras 34 e 35, não foram identificadas discrepâncias significativas entre os
espectros de velocidade processados pelos dois softwares, além disso, foram comparadas as frequências
características de falhas em máquinas rotativas e não apresentaram divergências expressivas nas
amplitudes.

31
Figura 36 – Gráfico do espectro do envelope no Software proposto por esse trabalho coletado pelo Multilog IMx-S.

O mesmo procedimento comparativo foi realizado entre os espectros de envelope processados


pelos Softwares @ptitude Analyst e o deste trabalho, utilizando também 1503 pontos na construção das
curvas. As curvas de distribuição Gaussiana das amplitudes e frequências dos espectros de envelope
podem ser vistas nas Figuras 37 e 38.

Curva de Distribuição Gaussiana da Amplitude


1,5

0,5

0
-1,08868 -0,58868 -0,08868 0,41132 0,91132 1,41132
Aptitude Analyst Software TCC

Figura 37 – Curva de Distribuição Gaussiana das Amplitudes do espectro de envelope

Curva de Distribuição Gaussiana da Frequência


0,0015

0,001

0,0005

0
-734,768 -234,768 265,232 765,232 1265,232 1765,232
Aptitude Analyst Software TCC

Figura 38 – Curva de Distribuição Gaussiana das Frequências do espectro de envelope

32
Tabela 5 – Estatísticas do espectro de envelope

Amplitude Frequência
Software Software Variação Software Software
Variação (%)
@ptitude Analyst TCC (%) @ptitude Analyst TCC
Média 0,1858 0,1783 4,02% 524,0448 496,5829 5,240%
Desvio
0,3186 0,2878 9,67% 314,7032 291,2099 7,465%
Padrão

Analisando os dados da Tabela 5 e as curvas de distribuição Gaussiana das amplitudes e


frequências presentes nas Figuras 37 e 38, foram identificadas discrepâncias nos espectros de envelope
superiores às analisadas nos processamentos dos espectros de velocidade, essa variação é esperada por
razão dos sinais apresentados serem coletados em diferentes intervalos de tempo, pois o Software
@ptitude Analyst não utiliza o sinal coletado no mesmo intervalo de tempo no processamento dos
espectros de velocidade e envelope. As frequências características de falhas em máquinas rotativas
foram comparadas, e assim como no espectro de velocidade, não apresentaram divergências
consideráveis nas amplitudes.

33
5 CONCLUSÕES

A partir do presente trabalho e da comparação à um software pago já consolidado no mercado,


o software de análise de vibrações em máquinas rotativas proposto nesse trabalho apresentou variações
inferiores a 10% entre as médias e desvios padrões dos espectros de velocidade e envelope, além disso,
similaridade nas amplitudes em frequências determinísticas de falhas. O software proposto neste
trabalho mostrou resultados satisfatórios em questão de processamento de sinais, exibindo ausência de
discrepâncias significativas, assim é possível concluir a total viabilidade da utilização do mesmo em
análises de falhas em máquinas rotativas.
Os resultados das coletas realizadas pelo sistema DAQ NI usb 6259 não foram possíveis serem
avaliados, por falta de outro condicionador para acelerômetros a veracidade da qualidade da VI de
aquisição de dados não pôde ser devidamente estudada.
Com uma interface amigável, o software possui diversas funções que auxiliam o usuário em sua
análise, permite o transporte de dados em nuvem, a importação de aquisições do @ptitude Analyst e a
programação de diversas aquisições em intervalos de tempo selecionados pelo usuário e construído de
maneira modular, o software auxilia a implementação de novas funções, assim facilitando a
continuidade de seu desenvolvimento.

6 PROPOSTAS DE TRABALHOS FUTUROS

Como sugestões de trabalhos futuros, recomenda-se:


• Acrescentar novos tipos de máquinas rotativas, tais como redutores, engrenagens, transmissão
por correia, polias, entre outros.
• Adicionar outros tipos de análises, tais como análise de corrente, análises térmicas, ultrassom,
entre outras.
• Implementação de pós-processamento para identificação de falhas em máquinas rotativas,
podendo ser realizado por Lógica Fuzzy ou Machine Learning.
• Desenvolvimento da uma VI de geração de relatórios, os quais indicam sugestões de
procedimentos a serem realizados de acordo com os resultados do pós-processamento citado no
tópico anterior.

34
7 REFERÊNCIAS

[1] Í. C. d. S. Olivera, “Projeto De Uma Bancada Experimental Para Análise De Vibrações


Veiculares,” Trabalho Final de Curso - FGA, Brasília DF, 2015.

[2] L. Daudt, “Antares,” 02 06 2020. [Online]. Available:


https://www.antaresacoplamentos.com.br/blog/como-reduzir-vibracao-mecanica/.
[Acesso em 03 11 2020].

[3] NTi Audio, “Transformação rápida de Fourier FFT - Noções básicas,” 17 fevereiro 2017.
[Online]. Available: https://www.nti-audio.com/pt/suporte/saber-como/transformacao-
rapida-de-fourier-fft. [Acesso em 02 Novembro 2020].

[4] F. J. Harris, “On the use of windows for harmonic analysis with the discrete Fourier
transform,” Proceedings of the IEEE, vol. 66, nº 1, pp. 51-83, 1978.

[5] “Manual - SKF Multilog On-Line System IMx-S,” Abril 2018. [Online]. Available:
https://www.skf.com/binaries/pub12/Images/0901d196805b1699-IMx-S-User-
Manual_320877s0_UM-EN_tcm_12-285057.pdf. [Acesso em Outubro 2020].

[6] “SKF Vibration Sensors Catalog,” Maio 2018. [Online]. Available:


https://www.skf.com/binaries/pub12/Images/0901d196804926fe-11604_16-EN-
Vibration-Sensor-Catalogue---OK_tcm_12-267858.pdf. [Acesso em 10 Outubro 2020].

[7] National Instruments, [Online]. Available: https://www.ni.com/pt-


br/innovations/videos/10/taking-a-measurement-with-your-computer--.html. [Acesso em
07 Agosto 2020].

[8] National Instruments, [Online]. Available: https://www.ni.com/pt-


br/support/documentation/supplemental/06/learn-10-functions-in-ni-daqmx-and-handle-
80-percent-of-your-dat.html. [Acesso em 07 Agosto 2020].

[9] S. S. Rao, Vibrações Mecânicas, Pearson Universidades, 2008.

[10] F. R. Spamer, Técnicas Preditivas de Manutenção de Máquinas Rotativas, Rio de


Janeiro: Trabalho Final de Curso - UFRJ, 2009.

[11] R. M. K. Silva, “BANCADA DIDÁTICA PARA MANUTENÇÃO PREDITIVA UTILIZANDO


ANÁLISE DE VIBRAÇÕES,” Trabalho Final de Curso - UFRN, Natal - RN, 2018.

[12] R. B. Randall, Frequency Analysis, Califórnia: Brüel & Kjaer, 1987.

35

Você também pode gostar