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I - Uso De Medidores Elétricos 5

transmitir sinais, onde o que importa é a


Experimento I. forma e o conteúdo do sinal elétrico e não a
USO DE MEDIDORES ELÉTRICOS. sua energia, como é o caso dos circuitos de
computadores, de aparelhos de comunica-
ção e de entretenimento (áudio/vídeo).
O nome “circuito” deriva, certamente, do
1. OBJETIVO. fato de que as montagens elétricas utilizam,
para o seu funcionamento adequado, a cir-
Criar e desenvolver habilidades para montar culação de correntes elétricas em seus com-
e analisar um circuito elétrico e operar com ponentes, estabelecidas através das interli-
fonte de alimentação, amperímetro, voltí- gações e caminhos fechados ou circuitos,
metro e ohmímetro. para a circulação de corrente elétrica.

2. INFORMAÇÕES PRELIMINARES. 2.1. OS MEDIDORES BÁSICOS.

2.1.1 O amperímetro.
Denomina-se genericamente de “circuito
elétrico”, qualquer montagem resultante da O amperímetro mede corrente elétrica, ou
interligação de componentes elétricos, tais melhor, mede a intensidade do fluxo de
como, fontes de energia elétrica (baterias, cargas elétricas passando através de um
pilhas, geradores), resistores, capacitores, condutor. O nome amperímetro deriva do
indutores, transformadores, componentes nome da unidade de corrente, o Ampère.
eletrônicos ativos (transistores, circuitos Assim, o termo “amperagem” é também
integrados, amplificadores) e passivos (dio- utilizado como sinônimo de corrente. Lem-
dos, LED’s ou “Light Emitting Diode”, bremo-nos de que um Ampère é igual a um
etc.). Coulomb de carga por segundo.
Assim, a instalação elétrica de um edifício Nesta experiência vamos nos familiarizar
ou de um automóvel constitui um circuito com medidores de dois tipos básicos: os
elétrico, bem como, toda a estrutura elétrica medidores analógicos e os medidores digi-
interna de computadores, de aparelhos de tais. Os medidores analógicos, mais tradi-
vídeo e som, aparelhos de comunicação e cionais, caracterizam-se por indicarem o
assemelhados. valor da grandeza medida através de uma
Os circuitos elétricos podem ser classifi- variação proporcional de uma outra grande-
cados em: za, porém, visível como, por exemplo, a
deflexão de um ponteiro. O medidor analó-
(a)Circuitos de potência, que têm a fina-
gico mais amplamente utilizado é o medi-
lidade de gerar, transmitir, transferir
dor de bobina móvel, também conhecido
ou converter energia elétrica com a
como galvanômetro de d’Arsonval (fig. 1).
menor perda possível, como no caso
Os medidores digitais dão os valores medi-
de circuitos para alimentar e acionar
dos em um mostrador numérico de 3, 4, 5,
motores elétricos, fornos elétricos (re-
ou até mais dígitos decimais. A vantagem
sistências para aquecimento), ilumi-
dos medidores analógicos é sua ergonomi-
nação elétrica, e etc.
cidade, isto é, a facilidade de visualizar
(b)Circuitos de sinal elétrico (ou eletrônico),
rapidamente, mesmo de longe, o valor a-
que têm a finalidade de gerar, tratar e

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proximado da grandeza medida em função nIBA. O torque de restituição exercido pe-


da posição do seu ponteiro. Por outro lado, las duas molas espirais é, no equilíbrio,
os medidores digitais permitem, em geral, igual ao torque eletromagnético acima, e é
realizar uma leitura mais precisa da grande- proporcional à deflexão angular produzida,
za medida, através de seu indicador numé- ou seja,
rico. nIBA = Kθ,
de onde resulta que
θ = (nAB/K)I
2.1.2 O galvanômetro de d’Arsonval.
o que significa que a deflexão θ do ponteiro
Também conhecido popularmente como é diretamente proporcional à corrente i. De
galvanômetro de bobina móvel, é, de longe, acordo com a expressão acima, a sensibili-
o medidor de corrente elétrica mais tradi- dade, isto é, a deflexão para uma dada cor-
cional e mais amplamente utilizado, razão rente de um galvanômetro de d’Arsonval é
pela qual passaremos a descrever o princí- tanto maior quanto maiores forem o campo
pio de seu funcionamento. Refira-se à figu- magnético do ímã, a área da bobina e o nú-
ra 1. mero de espiras da bobina, e quanto menor
for a constante elástica das molas espirais.
Uma bobina de várias espiras de um fio
muito fino enrolado sobre uma armadura de
alumínio é montada de forma a girar entre
os pólos de um ímã permanente. Duas finas
molas espirais servem, ao mesmo tempo,
para posicionar angularmente a bobina, e
para conduzir a corrente a ser medida, pro-
porcionando um circuito para a corrente
passar pela bobina. Um ponteiro preso à
bobina indica a corrente numa escala en-
quanto ela gira, movida pela ação da força
produzida pela interação entre a corrente na
bobina e o campo magnético do ímã perma-
nente. Uma peça cilíndrica de ferro doce é
colocada entre os pólos do ímã de forma a
que a bobina se mova dentro de um campo
magnético dirigido radialmente. De acordo
com a explanação dada no livro texto indi-
cado para leitura prévia, o torque sobre uma
espira da bobina pode ser calculado a partir
da força exercida sobre cada um dos dois
As características da bobina e das molas são
lados da bobina que se encontram mergu-
ditadas por considerações de robustez, pois,
lhados na região do campo magnético do
uma grande bobina suspensa através de
entreferro. O torque total é numericamente
molas fracas tornam o conjunto sujeito a
igual a IBA, onde “A” é a área compreen-
danos resultantes de vibrações mecânicas e
dida pelos lados da bobina. Para uma bobi-
pancadas. Também, não se pode aumentar
na de n espiras teríamos um torque total de
indefinidamente o número de espiras, pois,

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a resistência da bobina cresceria proporcio- Para se efetuar a medida da corrente que


nalmente, prejudicando o funcionamento do passa num determinado ramo de um circui-
galvanômetro. Quanto ao campo magnético, to, é preciso inserir o amperímetro naquele
fica-se limitado ao que se pode obter com ramo, de modo que a corrente passe através
os materiais de ímã permanente disponíveis. do amperímetro, sem que o circuito seja
Apesar dessas limitações práticas, os galva- perturbado. Como estaremos inserindo o
nômetros comuns apresentam deflexões de aparelho em série com o ramo, o amperí-
fundo-de-escala da ordem de 1 mA (um metro ideal seria aquele que apresentasse
miliampère = um milésimo de Ampère) ou, uma resistência nula ao circuito.
até 50 microampère (um microampère = um Na prática, deve-se considerar o efeito da
milionésimo de Ampère). Instrumentos es-
resistência do medidor sobre o circuito. Por
peciais de laboratório com montagem a exemplo, suponha que se deseja medir a
prova de choques são capazes de medir até corrente em R2 no circuito da figura 3, utili-
10 picoampères (picoampère = trilionésimo zando, para isso, um amperímetro com re-
de Ampère)! sistência interna Rm. Sem o amperímetro, a
Um galvanômetro de d’Arsonval é um am- corrente no circuito seria V/(R1+R2), mas
perímetro muito sensível. De posse de um com o amperímetro no circuito, a corrente
galvanômetro, pode-se medir valores de será V/(R1+R2+Rm). A menos que Rm seja
correntes maiores que o de fundo-de-escala desprezível em comparação com R1+R2, a
Im, conectando se em paralelo, um resistor medida será falseada pela própria presença
RS com valor adequado, como mostra a do amperímetro
figura 2. A esse resistor paralelo chamamos Os amperímetros comuns apresentam, nor-
“shunt”. Por exemplo, se a resistência shunt malmente, a possibilidade de selecionar
for de 1/9 da resistência interna do galva-
difrentes valores de fundo de escala, que,
nômetro, a nova corrente de fundo de escala no caso de instrumentos galvanométricos,
I, do amperímetro resultante, será dez vezes cor-respondem a diferentes valores de resis-
maior, pois, tência shunt. Uma precaução sempre reco-
I = Im + I S e Vm = ImRm = ISRS mendada ao se efetuar uma medição é; es-
colher inicialmente um fundo de escala
mais alto que o do valor presumível da
+
corrente que está sendo medida, e, de-
I pois, baixar adequadamente a escala, caso
seja necessário, para obter melhor resolu-
Im Rm Is ção. É evidente que a polaridade do ampe-
V Rs
A A
I
_
R1 R2
Figura 2. Para se construir um amperímetro a + -
partir de um galvanômetro, acrescenta-se-lhe
em paralelo um resistor de valor adequado a ε
que chamamos resistor “shunt”.
Figura 3. A resistência interna do am-
e resulta, perímetro tem o efeito de reduzir a
I = Im + ImRm/RS = Im(1 + Rm/RS). corrente no circuito.

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rímetro deve estar de acordo com a da cor- la, veja figura 4.


rente que está sendo medida.
Questão 1: No circuito abaixo, o amperí-
metro foi ligado de forma equivocada. Ex-
2.1.3 Voltímetro. plique o que acontecerá, caso a chave S seja
ligada.
Chamamos voltímetro o medidor de tensão
elétrica, ou potencial elétrico, e o seu nome
deriva de Volt, a unidade de tensão, donde
deriva também o termo “voltagem”, utiliza-
IL IA
do como sinônimo de tensão elétrica. Ob- S A
serve-se que o termo “potenciômetro” de- RL
signa um tipo especial de circuito elétrico + -
destinado a medir a diferença de potencial ε
elétrico e não é sinônimo de voltímetro,
Ligação errada! de amperímetro.
embora voltagem e potencial elétrico sejam
sinônimos. 2.1.4 Ohmímetro e Multímetro.
O tipo mais comum e tradicional de voltí-
metro é do tipo analógico, e baseia-se no Uma extensão simples do circuito do voltí-
galvanômetro de d’Arsonval. Para se cons- metro e amperímetro pode ser utilizada co-
truir um voltímetro a partir de um galva- mo ohmímetro, desde que se gradue a esca-
nômetro, basta conectar em série com ele la do galvanômetro diretamente em ohms,
um resistor de valor adequado. Por exem- como veremos adiante. O circuito da figura
plo, um galvanômetro com uma corrente de 5 a) mostra o seu esquema básico, que con-
fundo de escala Im e resistência interna (da siste de um galvanômetro ligado em série
bobina) de valor Rm apresentaria entre seus com uma bateria alcalina e um resistor ajus-
terminais uma tensão V = RmIm na condição tavel. O valor da resistência variável deve
de corrente máxima (fundo-de-escala). Se ser ajustada para que, colocando-se o ter-
ligarmos em série um resistor de resistência minais do aparelho em curto-circuito, tenha
Rs = 9Rm, a associação série resultante cor- - se no galvanômetro exatamente a corrente
responderia a uma voltagem de fundo-de- de fundo-de-escala. Nessa condição, a resis-
escala de 10RmIm constituindo-se assim, em tência total Rt do circuito (resistência do
um voltímetro de 10RmIm de fundo de esca- galvanômetro mais a resistência do resistor
ajustavel mais a resistência interna da bate-
ria) é igual ao valor da força eletromotriz ε
+ da bateria dividida pela corrente de fundo-
Is Rs de-escala do galvanômetro (fig. 5 b)).
Im Rm Se, agora, ligarmos uma resistência externa
V aos seus terminais (fig. 5 c)), a corrente no
V galvanômetro cairá, em função do valor
dessa resistência, já que ela é introduzida
_
em série no circuito, somando-se ao valor
Figura 4. Para se construir um voltímetro a
da resistência Rt, Por exemplo, se a resis-
partir de um galvanômetro conecta-se em
série uma resistência Rs de valor adequado. tência externa “desconhecida” for igual a
Rt, a corrente cairá para ε/2Rt, isto é, à me-

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metro, de voltímetro e de ohmímetro. É


constituído de um galvanômetro com esca-
Rv
las graduadas em Volt, Ampère e Ohm,
G Terminais
com diferentes valores de fundo-de-escala;
+ - uma chave seletora de função (voltímetro,
ε amperímetro ou ohmímetro) e uma chave
a) Esquema básico do ohmímetro. seletora de valor de fundo-de-escala. O apa-
relho Possui também um receptáculo para
alojar uma pilha, necessária para a medição
Rv de resistências.
G Rx = 0

+ -
ε 2.1.5 O voltímetro digital.
b) Ajuste de fundo de escala.

Durante a última década a medida digital


direta de voltagem e de outras grandezas
Rv elétricas tornou-se uma alternativa econo-
G micamente viável ao medidor analógico
Rx tradicional baseado no galvanômetro. Como
+ - o nome indica, “voltímetro digital” é um
ε
c) Medindo resistência desconhecida. instrumento destinado a medir voltagem
Figura. 5 Usando um galvânometro para me-
que apresenta o valor medido através de um
didas de resistências. mostrador numérico.
O funcionamento do voltímetro digital ba-
seia-se na chamada “conversão analógico-
digital” da grandeza medida, no caso, a
tade da corrente de fundo-de-escala. E as- voltagem. Essa conversão é chamada, tam-
sim por diante. Podemos, portanto, para bém, de “digitalização”, e eqüivale a medir
cada valor da resistência externa, marcar a a voltagem contando quantos pequenos
escala com o valor da própria resistência e incrementos unitários de voltagem são ne-
fazer uma leitura direta da resistência do cessários para igualar a tensão que está sen-
aparelho que estiver sendo medida, na pró- do medida. O resultado dessa contagem é,
pria escala do aparelho. então, mostrado através de mostradores
O ohmímetro só serve para medir resis- numéricos de diodos emissores de luz
tência de componentes que estejam des- (LED, “Light Emitting Diode”) ou de cris-
conectados de qualquer circuito, porque? tal líquido (LCD, “Liquid Crystal Dis-
Sugestão: Observe o princípio de funcio- play”).
namento do aparelho e as possibilidades de
caminhos para a corrente elétrica quando o
resistor estiver inserido no circuito.
a) A digitalização pelo método da dupla-
Um multímetro é um aparelho que reúne rampa.
num só instrumento as funções de amperí-

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VE2
VE2
VE1 VE1 t

Start Stop Mostrador


Relógio (Display)
Gerador de
corrente
constante S Contador
Start
Stop Circuito
Porta
Conversor Detetor de
tensão corrente S zero
VE C VC

Figura 6. O método de conversão por dupla-rampa. Para dois valores diferentes de tensão de
entrada teremos tempos de descarga diferentes, e proporcionais à tensão.

A representação digital de uma voltagem relógio eletrônico é um circuito que gera


analógica pode ser efetuada de diversas pulsos de alta freqüência a um ritmo cons-
maneiras. Um método comumente empre- tante bem determinado, e que também pro-
gado de digitalização consiste em converter duz pulsos a intervalos precisos múltiplos
a voltagem em incrementos discretos de predefinidos do período do sinal básico. Ao
carga e contando esses incrementos, como se acionar a chave S, também um contador
passaremos a descrever. É o chamado “mé- de pulsos inicia a contagem dos pulsos do
todo da dupla-rampa” (“dual-slope conver- relógio, até que o detetor de cruzamento-
sion”). A voltagem a ser medida é inicial- do-zero sinaliza o preciso instante em que a
mente convertida em uma corrente de inten- tensão do capacitor atinge a tensão nula,
sidade proporcional à voltagem por meio de determinando a interrupção da contagem de
um circuito eletrônico chamado “conversor pulsos de relógio pelo contador. Como essa
tensão-corrente”. Essa corrente carrega um descarga se fez a uma razão constante no
capacitor, durante um período de tempo tempo (a inclinação da rampa de descida
muito preciso, com uma carga proporcional constante), a contagem final indicada no
à tensão de entrada. (fig. 6). mostrador do contador é proporcional ao
Ao final do tempo de carga, um relógio valor da tensão do capacitor no início da
eletrônico interno inverte a chave S, fazen- descarga, que, por sua vez era propor-
do cessar a carga do capacitor e iniciar a cional à tensão na entrada que está sendo
descarga a uma razão constante determina- medida.
da pela fonte de corrente constante. O

Conversor Tensão Circuito


Contador Mostrador
Frequência Porta

Start Stop
Oscilador
Relógio

Figura 7. Voltímetro digital baseado em conversão voltagem-frequência.

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b) Digitalização pelo método da conver-


são tensão-frequência. IL IV
V
Rb RL
Um outro método muito utilizado de digita- + -
lizaçäo é baseado em um circuito que gera ε
pulsos a um ritmo proporcional à tensão
Figura 8. Medida de Voltagem.
aplicada na entrada, o chamado “conversor
tensão-frequência”. Sem entrar em maiores modo que a corrente na bobina não ultra-
detalhes, basta, neste esquema, contar os passe nunca o valor de fundo de escala do
pulsos à saída do conversor durante um galvanômetro, para evitar que se danifique.
período de tempo predeterminado. (fig. 7). Convém por isso, sempre começar a lei-
tura a partir de uma escala de tensão
mais alta que o valor presumido da ten-
c) Como efetuar medições de voltagem. são sendo medida, baixando-se, depois, o
Suponha que se deseje medir a voltagem seletor caso necessário.
aplicada à lâmpada pela bateria, como mos- É evidente que, também, a polaridade da
tra a figura 8. A resistência Rb representa a tensão medida deve estar de acordo com a
resistência interna da bateria. O voltímetro do voltímetro.
analógico ou digital deve ser ligado em
Atualmente muitos voltímetros digitais já
paralelo à lâmpada. Fica claro que um vol-
vêm com capacidade de seleção automática
tímetro ideal seria aquele que não afetaria o
de escala (“auto-ranging”), isto é, o valor de
funcionamento do circuito ao ser ligado a
fundo de escala é automaticamente selecio-
ele, isto é, um voltímetro que não drenasse
nada pelo circuito interno do voltímetro de
corrente alguma através de seus terminais
forma a permitir a melhor resolução na me-
por apresentar uma resistência interna (ou
dição, e sem provocar saturação. Além dis-
de entrada) infinita. Na prática, porém, os
so, muitos voltímetros já indicam a polari-
voltímetros sempre apresentam resistência
dade da tensão medida, aliviando o usuário
interna finita, o que resulta em medições
a preocupação de ligá-los com a polaridade
falseadas em maior ou menor grau. No caso
correta.
do exemplo da figura 8, para que a influên-
cia do voltímetro seja desprezível é neces- 2.1.6 Amperímetro digital.
sário que a sua resistência interna seja mui-
tas vezes maior que o valor das resistências
O amperímetro digital nada mais é que uma
Rb e RL em paralelo, isto é, basta, por e-
aplicação do voltímetro digital cuja descri-
xemplo, que Rb ou RL e não necessariamen-
ção foi vista nas seções anteriores. O es-
te as duas simultaneamente, seja muito me-
quema mais simples é o da figura 9 que
nor que a resistência do voltímetro. Deduza
mostra um voltímetro digital medindo indi-
isto, onde RL é a resistência da lâmpada.
retamente a corrente de entrada, através da
Um voltímetro comum apresenta, normal- medida da tensão que aparece num resistor
mente, um seletor que permite escolher de valor conhecido através do qual se fez
diferentes valores de fundo-de-escala. No passar a corrente a ser medida. Como a ten-
caso de voltímetros galvanométricos é im- são num resistor é proporcional à corrente
portante selecionar o fundo de escala de que a atravessa, sendo a constante de pro-
porcionalidade o próprio valor da resistên-

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cia, o fundo-de-escala do amperímetro as-


sim obtido pode ser estabelecido através da
escolha adequada dos valores da resistên- I0
IV≈ o
cia. Voltímetro
RX
Digital

IV≈ o
Fonte interna de corrente constante
I
Voltímetro
Figura 10. Para medir resistência com o vol-
Digital
100KΩ

tímetro digital, basta passar pela resistência


100Ω
1Ω

uma corrente de valor constante e conhecido


I
e medir a tensão com o voltímetro.

Figura 9. Princípio de funcionamento de um


amperímetro digital: Fazendo-se passar a 3. PARTE PRÁTICA.
corrente de entrada num resistor de valor co-
nhecido e, mede-se a tensão resultante com
3.1. MATERIAL NECESSÁRIO.
um voltímetro digital.

- Fonte de tensão cc, ajustável.


- Multímetro analógico.
- Multímetro digital.
2.1.7 Ohmimetro Digital. - Lâmpada de 6V e 150mA.
- Resistor de 10KΩ e potência = ?.
- Componentes variados: resistores, fios
Também o ohmímetro digital baseia-se nu-
de interligação e chave interruptora.
ma aplicação do voltímetro digital. Aliás,
tanto o amperímetro como o ohmímetro
digitais baseiam - se no voltímetro digital.
Quando as três funções são integradas num
3.2 PROCEDIMENTO.
só aparelho, esse vem a ser o multímetro
digital.
3.2.1 Familiarização Inicial com o Equi-
O multímetro digital, quando na configura- pamento.
ção para medida de resistência elétrica, liga
aos seus terminais externos uma fonte in- Antes de utilizar pela primeira vez qualquer
terna de corrente constante (fig. 10) que equipamento, habitue-se a estudá-lo rápida
injeta na resistência que está sendo medida, e metodicamente até conhecer suas caracte-
uma corrente de valor conhecido. O voltí- rísticas o suficiente para utilizá-lo de ma-
metro digital mede a tensão nos terminais neira segura, recorrendo sempre à leitura de
da resistência. Desta forma, R = V/I seu manual de operação em caso de dúvida.

Multímetro analógico.

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Observe atentamente o multímetro ano- zero até a tensão máxima. Anote, numa
tando os seguintes dados: tabela, as tensões medidas com os voltíme-
tros digital, analógico e o voltímetro da
• Marca, modelo e tipo de aparelho.
própria fonte. Compare e teça considera-
• Posições da chave seletora de funções
ções sobre a precisão de cada instrumento.
• Valores de fundo de escala como vol-
tímetro cc e ca. Questão 2: Houve coerência total entre as
• Valores de fundo de escala como am- medições efetuadas com os três tipos de
perímetro cc e ca. aparelhos? Que diferenças você pode ob-
• Identificação dos “bornes” de cone- servar?
xão, para fios com “ponta de prova”. Questão 3: Usualmente, as boas fontes de
tensão oferecem a possibilidade de limita-
Verifique a existência de um pequeno para- ção da corrente de saída de forma ajustavel.
fuso na face do galvanômetro, destinado ao Como, e para que utiliza-se esse recurso?
ajuste do zero. Faça o ajuste, cuidadosa- Leia sobre tal recurso no manual do apare-
mente. lho ou na última página do roteiro do expe-
rimento II, caso necessário.
Multímetro Digital.
3.2.2 MEDINDO TENSÃO E CORRENTE
Repita todos os itens realizados com o mul- CC E USANDO O OHMÍMETRO.
tímetro analógico, utilizando agora o mul-
tímetro digital . Anote. Meça com o ohmímetro digital a resistência
Verifique quais outras funções, além das do da lâmpada ( fora de qualquer circuito ).
multímetro analógico, este aparelho possui. Então, monte o circuito da figura 11 utili-
Caso sinta necessidade, consulte o manual zando como amperímetro o multímetro ana-
do aparelho. lógico, e, como voltímetro o multímetro
digital.
Fonte de tensão. Neste circuito e em todos que seguem, co-
loque em série com a fonte de tensão um
Anote, consultando o manual da fonte resistor de proteção. Tal medida de segu-
caso necessário:
• Marca, modelo e caracterização do ti- A
po de fonte.
IL IV
• Faixa de tensão capaz de fornecer. S V
• Identificação dos botões de controle, RL
dizendo para que serve cada um. + -
• Corrente máxima capaz de fornecer ε=0...30V
• Terminais de saída, explicando a fun- Figura 11. Medida indireta de resis-
ção do terminal “terra”. tência de uma lâmpada.

Utilizando os multímetros digital e analógi-


co, meça a tensão de saída da fonte aumen-
tando-a em incrementos de cerca de 5V, de rança garantirá que nem a tensão nem a
corrente, na lâmpada ou em qualquer dispo-

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14 Uso De Medidores Elétricos
A

sitivo a ser estudado, ultrapasse os valores IR IV


S
máximos especificados pelo fabricante para V
estes. No próximo experimento aprender- R=10kΩ
+ -
se-á como calcular o resistor de proteção,
no presente o técnico de laboratório ou o ε=0...30V
professor fornecerá o resistor de proteção Figura 12. Influência do voltimetro
adequado. na medida da resistência

Antes de ligar a chave, leve a tensão da


fonte a zero e certifique-se de que a tensão A discrepância se deve ao fato de que a
não danificará a lâmpada, isto é, se medidas corrente medida pelo amperímetro é, na
de segurança forma tomadas . Faça as me- verdade, a corrente do resistor mais a cor-
didas, de corrente e tensão através da lâm- rente no voltímetro (IA = IV + IR), que, no
pada, aumentando a tensão em incrementos caso, não é desprezível comparada com a
fixos até atingir a tensão nominal da lâmpa- do resistor. De fato, o voltímetro tem uma
da (6Volts), tensão máxima permitida, es- resistência finita.
pecificada pelo fabricante.
Para determinar corretamente a resistência,
Cuidado para não ultrapassar a tensão meça com o ohmímetro a resistência do
nominal. voltímetro na escala em que foi utilizada.
Calcule a resistência da lâmpada a partir Anote. Daí, calcule a corrente no voltímetro
dos valores de tensão e de corrente (IR = IA - IV) e, então, determine a resistên-
(RL=V/I) e faça uma tabela com os valores cia
de V, I e RL. Compare com o valor medi- R = VR/IR = VR /(IA - IV),
do diretamente com o ohmímetro. E ex-
que deverá coincidir com o valor medido
plique as diferenças notadas. Sugestão:
com o ohmímetro.
leia a seção 28-4 do livro texto de Halliday
& Resnick, 4ª Edição. O filamento da lâm- O objetivo da montagem da figura 13, bem
pada é de tungstênio. como o da figura 14, é observar o efeito da
resistência interna de um amperímetro ao
3.2.3. EFEITOS DA RESISTÊNCIA DO determinar-se a resistência de um compo-
VOLTÍMETRO E DO AMPERÍMETRO. nente a partir da medida de corrente e de
tensão aplicadas.
Monte o circuito da figura 13, meça a ten-
Confira com o ohmímetro digital o valor da
são e a corrente e, calculando a resistência a
resistência do resistor de 10KOhm. Anote.
partir desses valores, compare com o valor
Monte o circuito da figura 12, de configura- obtido com o ohmímetro. Explique os re-
ção idêntica à figura 11 do item anterior. sultados, comparando-os com os obtidos
Lembre-se do resistor de proteção. Será com a montagem anterior (figura 12). Lem-
necessário?. Meça a tensão V e a corrente I bre que o amperímetro não possui resistên-
no resistor de 10KOhm e calcule sua resis- cia interna nula, como seria desejável ide-
tência a partir da razão entre V e I. Com- almente, de modo que V = VA + VR.
pare, então, com o valor medido com o oh-
mímetro digital.

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I - Uso De Medidores Elétricos 15

quanto maior a resistência de um voltíme-


tro, mais preciso ele é.
S
Questão 5: Consulte os manuais dos mul-
A tímetros e compare os valores de resistência
interna na função de amperímetro de cor-
10kΩ V rente contínua em cada escala. Qual deles
apresenta limitações maiores? Quanto me-
+ - nor a resistência de um amperímetro, mais
ε=0...30V preciso ele é.
Figura 13. Configuração alternativa à figura 12

Monte o circuito da figura 14, meça a ten-


são e a corrente (para posteriores compa-
rações, procure estabelecer os mesmos
valores de tensão que no item 3.2.2). Cal-
cule a resistência da lâmpada a partir dessas O próximo experi-
leituras, e compare com os valores obtidos,
para a lâmpada, no item 3.2.2. Explique as mento trata da pro-
priedade dos cor-
pos de se opor à
passagem de cor-
S rente, isto é, da
A Resistência Elétri-
V
ca.
- RL
+
ε=0...30V
Figura 14. Influência do amperímetro na
determinação da resistência da lâmpada

possíveis diferenças.
Para concluir, responda as seguintes ques-
tões:
Questão 4: Consulte os manuais dos mul-
tímetros (digital e analógico) e compare os
valores de resistência de entrada na função
de voltímetro de corrente contínua em
cada escala. Qual deles apresenta maiores
limitações nas condições gerais do circuito
onde se está medindo a tensão? Note que

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16 Uso De Medidores Elétricos

Anotações:

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